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Sequestrada pelo Mafioso - Evilane Oliveira

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Prévia do material em texto

Copyright © 2022 Evilane Oliveira
 
SEQUESTRADA PELO MAFIOSO
1ª Edição
 
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e acontecimentos que aqui serão
descritos são produto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Esta obra segue as
regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. É proibido o armazenamento
e/ou a reprodução de qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios, sem
o consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido pela lei nº. 9.610. /98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
 
Todos os direitos reservados.
 
Edição Digital | Criado no Brasil.
 
 
Epígrafe
Dedicatória
Nota da autora
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Epílogo
Capítulo extra
 
 
“É o tipo de chama que você não vê até queimar
E dói até te comer vivo
Muda você para sempre em um piscar de olhos
E não é algo que simplesmente desaparece durante a noite
É algo que fica para o resto de sua vida”
 
When You Lose Someone | Nina Nesbitt
 
 
Para você que ama um mocinho sombrio e cruel nos livros e o evita
fortemente na vida real.
Sequestrada pelo Mafioso é um livro ÚNICO, que surgiu da série
Renascidos em Sangue. Não é necessário ler a série para ler o livro. #SPM é
um dark romance e aborda temas como violência, sequestro e drogas. Contém
cenas de consentimento duvidoso e que podem causar gatilhos. Se você não
gosta do assunto ou é sensível, NÃO LEIA!
Se decidir seguir, boa leitura!
 
Viver anos preso igual a um leão em um circo e servindo de
entretenimento enquanto morremos por dentro, me ensinou duas coisas. Primeira,
não posso confiar em ninguém e, segunda, eu deveria ter dado mais valor e
atenção à minha família.
Yerík Dimidov era um homem bondoso, que cuidava da mãe e dos dois
irmãos mais novos, porém, ele nunca os colocou como prioridade. Festas,
bebidas e drogas, sim. E isso os levou dele. Seus erros.
A família Kireyev comandava o sul da Rússia, com o apoio do Don da
Bratva. Fui imprudente. Fiz dívidas que não dei a mínima para quitar, e quando
um anjo apareceu em minha vida, descobri tarde demais que ela era o demônio.
Rosie era filha do homem que me manteve enjaulado por quase uma década na
Dinamarca. Seduzido pela ruiva, fiz minhas malas e fui de boa vontade até ela,
encontrá-la, viver uma loucura.
Isso foi a minha ruína.
Vivi como um bicho por anos preso em uma cela, apenas esperando
minha vez de lutar.
Ser o leão do circo.
Enquanto Rosie assistia de camarote à espera de uma chance para entrar
em minha calça outra vez. Nunca permiti. Ela era o lixo que eu descartava na
rua, a poeira que sujava minhas botas. Eu a odiava pelo que me fez. Pelo que
causou.
Não paguei à Bratva. Não protegi meus irmãos, e é por isso que eles não
estavam mais aqui.
— Yerík, sinto muito. — Dario me olhou, com os ombros caídos.
Não havia sobrado ninguém. Meus irmãos, mortos. Minha mãe, morta.
Por minha culpa.
Pelas mãos do miserável do Kireyev.
— Foi logo que sumiu. — Meu primo tentou me explicar enquanto me
virava, ainda com uma sacola nas mãos e saía da casa onde uma vez foi meu lar.
Hoje era apenas poeira e o sinônimo da minha perda.
— Eu te levo ao cemitério...
— Não. Eu não vou lá.
Não até matar Kireyev. Arrancar dele o coração podre que bate em seu
peito.
— Yerík...
— Obrigado por me receber, vou... — Fechei a boca, tentando pensar.
Eu vou para onde?
— Deve ser uma barra estar aqui sem eles, eu entendo. Olha, tenho um
apartamento a alguns minutos daqui que está vago. Fique nele por quanto tempo
quiser.
Ponderei apenas um segundo. Eu não podia escolher muito. Não tinha
nada. Estava sozinho no mundo, sem lar.
— Obrigado, Dario. — Acenei para o meu primo, que piscou os olhos
azuis e afastou o cabelo preto. — Diga a Anya que mandei um abraço.
— Direi.
Assim que Dario me deixou no local, tomei um banho e me deitei na
cama macia. Não sabia a última vez que me senti tão confortável. Peguei o
notebook da mesa e tentei ligar, assim que abri o navegador comecei a minha
procura.
Kireyev não era burro, tinham poucas coisas dele no lugar, mas o
principal aparecia. Sua família. Em uma foto tirada em uma sala luxuosa, havia
ele e sua esposa, Yelena. Ao lado, três filhos – duas meninas e seu herdeiro.
Todos eram parecidos com os pais. O garoto e uma delas tinham cabelo preto,
como o infeliz, e uma das meninas era ruiva. Красный/krasnyy. Vermelha. Essa
tinha olhos grandes e azuis. Ela sorria na imagem, abraçando a outra, mais nova.
Meus olhos bateram no nome na matéria e suspirei ao ver que era
recente.
Família Kireyev se reunirá para a celebração do aniversário de
dezoito anos de Dasha Kireyev. A herdeira de uma fortuna milionária já
decidiu o local - счастливая ночь.
Dasha Kireyev.
Meu sangue esquentou e sorri.
— Te peguei, krasnyy.
 
Eu odiava que tocassem em meu cabelo, e minha mãe tinha a mania
irritante de fazer isso quando estava nervosa, ou com medo do meu pai. Não era
apenas em mim, podia ser qualquer ser humano que tivesse fios longos o
bastante.
— Dasha, por favor. — Ela tremia levemente.
Toquei suas mãos, afastando-as do meu cabelo e apertando-as para
acalmá-la.
Era horrível ver o quanto ela sempre parecia nervosa. Mamãe se casou
aos dezoito anos, depois de um acordo entre as famílias da Bratva. Ela,
obviamente, não queria se casar com o homem moreno e frio que conheceu ainda
criança, mas nenhuma de nós tinha escolha.
— Ele não está aqui.
Minhas palavras a fizeram engolir com força e puxar as mãos. Alisando a
saia azul clara, ela sorriu, disfarçando.
— Ora, não fale besteiras.
— Você sempre faz isso quando está com medo — murmurei, me virando
para longe dela. — Meu pai te bate?
— Dasha, como você...
— É óbvio que bate. Esse tanto de maquiagem... — Triste, suspirei e
respirei fundo em seguida.
Mamãe me olhou pelo espelho e desviou o rosto perfeito para a paisagem
da janela.
— Vou me casar, mãe. Não se preocupe. Não haverá mais um adiamento.
Adiei meu casamento três vezes. As circunstâncias fizeram a Bratva
adiar. Meu pai poderia ter me matado nas três vezes, mas fingiu que eu era
insignificante e seguiu a vida.
— Não faça tolices, por favor — ela implorou, se aproximando de novo.
— Dasha...
— Eu sei, mamãe. Não se preocupe.
Ela acenou e segurou o colar de pérolas que descansava em seu pescoço.
Era lindo e ela nunca o tirava. Lembro-me que disse a Sarah que havia sido
presente da sua mãe. Ela e vovô morreram há dois anos.
— Você realmente não quer que eu faça um penteado? — Mamãe sorriu
mais calma e neguei.
— Gosto do meu cabelo assim. — Sorri para suavizar minha recusa.
— Tudo bem, mas coloque isso aqui. — Ela pegou uma tiara com
diamantes de uma caixa quadrada.
— Meu Deus, ela é linda — afirmei, encantada e com os olhos
arregalados.
— É um presente meu e da sua irmã. — Mamãe riu.
— Obrigada. Eu amei!
Peguei a tiara dos seus dedos e coloquei em meu cabelo. Ele era longo e
ondulado, um pouco volumoso, mas eu gostava. Meu vestido tinha uma cauda
imensa, com aplicações de renda que estavam me deixando com coceira.
— O.k., seu pai está te esperando na igreja. Seja simpática, tudo bem? —
ela pediu assim que me ergui. Mamãe parou ao meu lado e tocou meu cabelo. Me
obriguei a não estremecer. — Você está linda! Dimitri tem sorte por tê-la como
esposa.
Dimitri era um idiota. Um babão do papai que era ambicioso o suficiente
para se casar com a filha do chefe apenas para agradá-lo.
— Obrigada, mamãe.
Ela me abraçou e senti seu perfume doce de baunilha. Eu amava seu
cheiro desde que era apenas uma criança. Ela saiu do quarto depois de murmurar
o quanto me amava. A porta voltou a ser aberta e sorri ao ver Sarah. Elaera
mais nova que eu oito anos. Tinha apenas dez, e era muito inteligente.
— Ei, criança. — Abri meus braços e ela correu para mim, me
envolvendo.
— Mamãe disse que não vai mais morar aqui. — Seus olhinhos se
encheram de lágrimas.
— Lembra que fizemos as malas ontem? — Toquei a sua bochecha. —
Eu te expliquei que a Barbie mora com o Ken, não com a Chelsea. Porém elas
sempre estão juntas. — murmurei suavemente.
— Verdade. — Sarah fungou devagar. — Elas sempre brincam juntas.
— Exatamente. Sempre virei ver você, Sarah.
Ela sorriu e acenou, me abraçando mais uma vez. Mamãe gritou por nós e
suspirei ao me erguer. Sarah me seguiu e me ajudou com o vestido.
Assim que desci, vi meu irmão mais velho, Andrei, ao lado da mamãe.
Ele me levaria para a igreja. Ele me olhou por um segundo e sorriu. Andrei não
morava mais conosco. Ele havia se casado com Aslin, eles se amavam mesmo
nas circunstâncias do casamento. Seu celular tocou e ele pediu licença.
— Vamos, Andrei vai levar você antes que se atrase.
— Mãe, surgiu um imprevisto. Não vou conseguir. Sergey vai levá-la. —
Meu irmão apareceu com o celular na mão. — Te vejo no altar, Dasha. Se
comporte, tá?
Eu sorri e acenei. Me despedi da mamãe e Sarah com abraços longos,
então saí para a igreja. Sergey era motorista da família há anos, um homem
bondoso perdido no meio da Bratva. Ele vivia nos fundos da nossa mansão.
— Dasha, seja uma boa garota. Esse Dimitri não merece você, mas seu
pai sabe o que é melhor para a família dele.
Eu sorri, olhando para a paisagem. Nós morávamos em Rostov, uma
cidade no sul da Rússia, que era quente no verão e frio demais no inverno.
Estávamos em uma transição das temporadas, então não precisava ainda de
casacos.
— Ficarei bem, Sergey. — Sorri, pondo a mão em seu ombro.
O trajeto até a igreja não era longo, mas de alguma forma parecia menor
enquanto os segundos passavam. Respirei fundo e ouvi Sergey resmungar. Franzi
as sobrancelhas ao sentir o carro parar. Estávamos em uma área pouco
movimentada. Morava em uma mansão no meio do nada e a igreja ficava na
cidade, centro de tudo. Aqui era exatamente o meio do caminho.
— Sergey, o que... — Parei de falar quando olhei para a frente. Não
havia nada, mas eu podia ouvir os pneus sendo esvaziados.
— Eu vou sair e ver que diabos aconteceu...
Ele abriu a porta do carro e o perdi de vista. Meu coração bombeou
rápido quando segundos viraram minutos. Abri a porta para perguntar o motivo
da demora e fiquei boquiaberta quando, ao sair do carro, olhei para trás,
procurando Sergey. Havia um homem de pé, a dois metros do carro. Ele era alto,
ombros largos, mas seu rosto estava escondido sob uma balaclava.
Então, havia Sergey. Meu motorista, amigo há anos, estava aos seus pés,
me olhando sem vida.
Oh meu Deus! Meu estômago esfriou e arrepios se alastraram pela minha
pele. O medo cegou minhas ações, a tristeza pelo homem no chão me fez soltar
um soluço.
Sem pensar, agarrei a saia do meu vestido, me virei e comecei a correr.
A estrada era aberta demais e eu conseguia ouvir os passos do homem
encapuzado contra o asfalto. Olhei para a mata e entrei. Meus sapatos não eram
tão altos quanto mamãe queria, por isso a corrida não me deu muito trabalho.
Porém o cansaço sim. Meu coração batia descompassado e as lágrimas
se amontoavam em minhas bochechas. Pela lógica, seria de medo, mas não.
Eram por Sergey.
O que esse homem queria?
— Estou bem atrás de você, krasnyy.
Oh Jesus!
Me virei a tempo de vê-lo caminhando calmamente, como se soubesse
que iria me pegar. Virei de volta, decidida a mostrar a ele que eu não seria pega.
Ele não me mataria, como fez com Sergey.
Mas não esperei por uma parede de tijolos diante de mim. Braços
capturaram os meus e outro homem, também alto, me encarou sob a balaclava.
Ele tinha olhos azuis e não havia vida ali.
— Me solte! — gritei, engasgando com o choro. — Por favor, meu pai...
ele vai pagar...
— Ah, ele vai. — A voz anterior soou.
Eu virei o rosto, vendo o homem da estrada.
— Por favor, posso lhe dar dinheiro. Essa tiara é cravejada de
diamante...
— Pare de falar — o que me segurava murmurou em inglês,
completamente calmo, então o obedeci. — Vamos embora.
Eu estava pronta para gritar, mas o outro homem me agarrou e seu amigo
rasgou um pedaço de fita adesiva, colocou sobre meus lábios e prendeu minhas
mãos, passando fita em meus pulsos. Quando o que matou Sergey me jogou sobre
o ombro, senti lágrimas encherem meus olhos. Eu seria morta.
Tentei imaginar Sarah e me arrependi, pois mais lágrimas chegaram. Elas
deslizavam pela minha testa, molhando meu cabelo.
— Deveríamos colocá-la para dormir — o outro falou enquanto
caminhavam.
— E ela perder a diversão? Nem fodendo.
Estremeci com suas palavras pronunciadas em inglês. Que diversão?
Não esperei muito tempo para descobrir. Carros pararam na estrada e ele
se virou na direção. Tentei me mexer para olhar e isso o fez estapear minha
bunda. Gritei, porque sua mão era pesada, e mesmo sob o tecido do vestido,
senti minha pele arder.
— Isso é bom. Venha assistir, krasnyy.
Ele me puxou rosnando em russo e deslizei em seus braços. Arregalei os
olhos assim que vi Andrei e mais homens. Meu irmão tropeçou em algo e caiu.
Isso o salvou. Tiros começaram a soar e meu raptor me apertou contra si.
— Olhe seu noivo morrendo, krasnyy.
O quê?
Cacei Dimitri por todos os lados e o encontrei caindo contra uma árvore.
O sangue descia pelo seu rosto e peito. Fechei os olhos, assistindo a mais uma
pessoa morrer.
Me remexi em seus braços e o homem riu. Abri as pálpebras e vi Andrei
rastejando, salvo das balas, enquanto os tiros continuavam. Graças a Deus.
— Vamos.
Ele me jogou sobre o ombro novamente e andou, enquanto as lágrimas
continuavam rolando pela minha testa. Meu estômago rodou quando saímos da
floresta e ele me colocou no chão. Havia um helicóptero ali. Quis implorar
novamente, mas ele me puxou e me enfiou na aeronave.
— Se preparem. — O outro subiu para pilotar e meu raptor pegou um
pano, o embebedou em algo e se virou para mim.
— Bons sonhos, krasnyy.
Sua mão pressionou o tecido contra meu nariz e lutei, prendendo a
respiração, mas logo precisei de ar e isso foi minha ruína.
A escuridão me deu boas-vindas e adormeci.
 
 
O local em que eu estava não parecia minha cama, na verdade, era longe
da maciez dos lençóis brancos. Me virei tentando engolir, mas minha garganta
doeu. Onde mamãe estava? Jesus, por que a casa estava tão fria?
Abri meus olhos lentamente e pisquei ao não encarar o lustre elegante no
teto. O que... então tudo veio. Meu casamento, Sergey morto na estrada, o homem
encapuzado me jogando por cima do ombro. A morte de Dimitri.
Me sentei rápido, mas não fui para a frente. Meu pescoço foi puxado e
arregalei os olhos enquanto ouvia o barulho de corrente. Agarrei minha garganta
com as mãos ainda presas pela fita e fiquei em pânico ao sentir o couro grosso.
Olhei para o lado e respirei fundo ao ver a corrente grossa presa à parede. Me
sentei, deixando as mãos caírem em meu colo e olhei ao redor. Não havia
janelas, nenhuma saída a não ser a lareira acessa. Ela me esquentava, mas não o
suficiente. Eu estava longe dela.
A cama debaixo de mim era pequena, de solteiro, mas o colchão não era
dos piores.
Engoli novamente, morrendo de sede. Eu ainda vestia meu vestido de
casamento. O branco impecável, agora tinha manchas de lama e rasgos.
Bati minhas mãos juntas na parede, chamando quem quer que fosse. Parti
para cima, batendo na cabeceira de madeira, fazendo mais barulho.
Minha boca sedenta ficou eufórica ao ouvir barulho enquanto meu corpo
me dizia para não chamar.
Assim que ouvi a fechadura respirei fundo, tremendo, então a porta foi
aberta e o mesmo homem da estrada estava diante de mim.
Eu sabia que o demônio andava na terra entre nós, mas nunca imaginei
ficar cara a cara com ele.
 
 
— Você pegou a garota errada — Villain berrou no meio da cabana onde
havíamos chegado há poucos minutos.
— O quê? — perguntei, semicerrando os olhos.
Meu melhor amigo se jogou no sofá e me encarou.— A garota da foto tinha cabelo vermelho. Você está vendo algum fio
vermelho na cabeça dela? — ele grunhiu, acenando para a porta que levava ao
local onde Dasha estava.
— Ela pode ter pintado. Hoje era o casamento, você sabe disso.
Planejamos essa merda juntos! — resmunguei, me movendo até a poltrona macia.
Estava fazendo um frio do caralho. Sabia que aqui era longe o bastante
para ninguém vir, por isso não liguei para o frio. Agora eu ligava.
— Estou indo. Silk deve querer comer meu fígado uma hora dessa.
Acenei, porque eu sabia. Sua esposa podia ser um grande pé no saco
quando queria.
— Não conte a ela onde estou — falei alto, me erguendo.
— Se ela quisesse saber, ela já saberia. Não por mim, óbvio!
Eu odiava admitir, mas sim. A peste parecia ser do FBI quando queria algo.
— Dê água a ela daqui a cinco minutos. Não queremos que ela morra de
sede e fome.
— Eu sei, Villain — grunhi, irritado por suas demandas idiotas.
Eu sabia fazer a porra do meu trabalho.
— Volto daqui a uma semana.
Eu acenei e ele sumiu pela porta. Coloquei mais lenha na lareira e me
sentei, segurando uma garrafa pequena de água. Fechei meus olhos, relembrando
o dia que cheguei à minha casa. Nada. Ninguém. Somente uma construção vazia.
Segurei o colar onde havia uma cruz e encarei o fogo crepitando.
— Minha vingança começou, mamãe. Vou fazê-lo pagar. Eu juro!
Olhei para a porta, quase podendo sentir o cheiro dela novamente. Pura,
intocada, a princesa da Bratva. Aquela que vou quebrar, pedaço por pedaço, até
o dia em que a jogarei de volta aos pés do pai. Então, o matarei.
Sem dúvida, sem pressa. Apenas saborearei a morte dele pelas minhas
mãos.
Nesse dia, poderei morrer feliz.
A batida soou repetidamente até eu me erguer. Peguei uma garrafa de
água, sanduíches que preparei e andei em direção a Dasha. Assim que abri a
porta, a vi na cama. Rígida, olhos da cor do céu me encarando de volta, medo
tão límpido quanto a água do oceano.
Me aproximei lentamente, coloquei a água na mesa ao lado da cama e
puxei a fita da sua boca.
— Onde estou? — ela gritou, mas a maneira que se contraiu me disse que
isso lhe causava dor. — O que é isso aqui? — Ela agarrou a coleira e quase
sorri.
Dasha falava em nossa língua natal, eu gostava disso.
— Beba. — Peguei a garrafa e a aproximei da sua boca. Dasha empurrou
as mãos para o lado e a garrafa rolou, então a peguei antes que desperdiçasse
toda a água.
— Eu quero ir para... ah meu Deus! — Seu grito ensandecia o monstro.
Agarrei seu rosto com força e apertei, sentindo seus dentes pela pele fina
das bochechas. Me aproximei, até ficar com os olhos bem perto.
— Vou deixar você sem água por dois dias se ousar fazer isso
novamente. — Pontuei as palavras e ela acenou freneticamente. — Não tem
ninguém a milhares de quilômetros. Quando pensar em fugir, lembre-se disso. Eu
vou caçar você e encontrá-la. E então — soltei seu rosto e me ergui — , vou
foder você na neve. Com o gelo congelando todo seu corpo.
Ela arregalou os olhos com medo, e fui energizado. Peguei a água e
entreguei em suas mãos. Ainda estavam presas e continuariam pelos próximos
dias. Ela precisava aprender a se virar para levar à boca.
Ela não era uma herdeira da máfia aqui, era minha refém.
Dasha deu dois goles e continuou me olhando, o medo em seus olhos me
alimentando.
— Agora coma. — Peguei o sanduíche e coloquei em suas mãos.
Dasha engoliu em seco, mas agarrou o alimento. Ela comia como um
passarinho, pequenas mordidas, devagar. Quando terminou, limpou a boca com
os dedos.
Eu me virei, peguei a fita adesiva e me ajoelhei na cama. Rasguei um
pedaço de fita e empurrei sobre seus lábios, sob seus olhos atentos. Ela me
observou me afastar, e quando tranquei a porta, quase pude ouvir seu suspiro de
alívio.
Quando cheguei à sala, andei para a poltrona e me sentei. Comi minha
própria comida e depois de assistir a um jogo de futebol, fui para o quarto.
Assim que caí na cama, apaguei.
Queria que minha mente tivesse feito o mesmo.
Aduke falou em meu ouvido em sua língua coisas que eu não entendia.
Seu rosto era pacífico, coisa difícil de se ver aqui. Ela colocou a mão sobre
meu peito e desenhou formas aleatórias.
— Se um dia sairmos daqui, quero morar com você. Nós três.
Sua filha e nós.
— Você promete? — perguntei, divertido, porque era raro vê-la fazer
planos para o futuro.
— Prometo, Yerík.
Mentiras.
Eu fechei meus olhos, ouvindo as árvores balançarem com o vento.
Estava frio e tinha amanhecido. Me ergui, peguei mais lenha e aqueci a casa.
Coloquei ovos para fritar e me apoiei no balcão, assistindo à neve cair.
As tranças do seu cabelo entraram em minha mente, sua pele preta suada
brilhando contra o meu corpo, enquanto a fodia uma e outra vez na noite que
saímos do círculo. Do inferno onde a conheci.
Eu confiei nela e me apaixonei perdidamente. Se me perguntarem hoje se
ainda a amo, eu poderia responder que sim.
Eu a amava. Amava seu corpo, seu sorriso e a forma que sua boceta me
recebia tão bem.
Porra, Aduke era minha assim que pus meus olhos sobre ela.
Porém viver em uma cela fazia você imaginar coisas, e uma delas era que
o futuro era como nos filmes, final feliz e etecetera. Não era.
Descobri isso com suas ligações para me pedir que eu esquecesse minha
vingança.
Não. Eu jamais iria esquecer minha vingança.
Nem por ela, nem por ninguém.
Então, ela se foi e nunca mais soube dela.
Preparei um prato com ovos, torrada e bacon para Dasha e fui até seu
quarto. Abri a porta e a vi com os olhos fechados. Coloquei o café e o prato na
mesa.
Se Prince visse como ela ainda estava, me mataria, com certeza. Ele foi
contra a coleira que coloquei em seu pescoço, disse uma e outra vez que eu
deveria soltá-la. Tirar as fitas dos pulsos e da boca. Mantê-la em um quarto
escuro era o suficiente.
Era?
Eu estava amando ver sua boca fechada e seus pulsos amarrados,
enquanto usava uma coleira.
Dasha se remexeu e seus olhos se abriram. Assim que me viu, se
empurrou contra a cabeceira. Me aproximei e apoiei um joelho na cama,
puxando sua fita. Peguei minha faca e Dasha gritou.
Sem me mexer, eu rasguei a fita em seus pulsos, abri sua coleira e ela
ficou livre.
— Se erga. Você precisa de um banho.
— Não... — Ela começou a negar, então a peguei pelo braço. — Por
favor...
— Faz três dias desde que a peguei. Você está fedendo a peixe podre —
grunhi, irritado. — Tire esse vestido estúpido e entre no banheiro.
— Não vou ficar nua na sua frente! — ela gritou, com os olhos
arregalados.
— Você pode guardar a sua dignidade, tirar sua roupa e ir, ou posso
rasgar o tecido do seu corpo e enfiar você na neve. O que escolhe?
Dasha piscou, a determinação quebrando.
— Se vire.
— Por que diabos eu faria isso? — rosnei, soltando-a.
Dasha engoliu em seco e suspirou. Ela se virou e eu vi os milhares de
botões ali. Peguei os dois lados e os puxei, arrebentando um por um. A garota
gritou, assustada.
— Não tenho o dia todo — resmunguei quando ela segurou o tecido
contra os seios.
Quando suas mãos caíram, ela soltou o tecido e ele se amontoou no chão
limpo. Ela estava com uma lingerie branca e meia-calça também. Evitei olhar
para as curvas do seu corpo. Ela era uma maldita criança, por Deus.
— Entre no banheiro — mandei.
Ela se moveu rápido e fechou a porta assim que entrou. Eu sabia que ela
não tinha como escapar, as janelas foram fechadas. Todas elas.
Dasha levou seu tempo no banheiro, quando saiu estava tremendo. A água
era quente, mas os segundos fora dela fizeram-na ficar com os lábios roxos. Ela
estava com sua lingerie. Peguei uma das mudas de roupas que comprei e joguei
nela. Dasha a pegou rapidamente. Ela colocou a calça moletom, meias quentes e
um moletom com capuz. Era quente o suficiente.
— Seu café. — Apontei para onde o prato descansava.
Ela o pegou junto ao café que ainda saía fumaça.
Dasha se sentou sobre o tapete do quarto diante da lareira. Ela amassou
seu cabelo molhado dentro de uma toalha. Agora ela cheirava aos produtos de
higiene que Lake obrigou Villain a trazer.
Eu a esperei terminar de comer. Assim quebebeu o último gole, me
aproximei, peguei seu braço e a coloquei de volta na cama.
— Não vou tentar nada... isso... por favor, não coloque isso. — Ela
apontou para a coleira em minhas mãos. — Essa fita dói em meus pulsos
também...
— Você ainda não sabe o que é dor, krasnyy, mas logo vai saber.
Dasha engoliu em seco, mas não falou mais nada. Apenas me viu prender
seus braços, agora sem fita, apenas a corda, e colocar sua coleira.
Me ergui, peguei as coisas e comecei a sair do quarto. Dasha não fez
mais nenhum ruído, então peguei seu vestido e comecei a sair. Porém, me
lembrei do seu corpo estremecendo, longe da lareira. Segui até ela e puxei a
cama para perto do fogo. Não tanto a ponto de ela tentar causar um incêndio,
apenas o suficiente para aquecê-la. Troquei a corrente da coleira por uma maior
e a prendi novamente.
— Não seja uma espertinha, krasnyy. Vou matar você antes que pense
que conseguiu algo.
Quando cheguei à sala, me sentei e tomei meu café da manhã. O telefone
por satélite começou a tocar e eu o peguei, sabendo que era Prince. Assim que
atendi, soube que não era ele.
— Ela comeu? Tomou banho? Está fazendo um frio dos infernos. Você
está mantendo-a aquecida?
Lake Caralho Trevisan.
— Onde Prince está? — questionei calmamente, me sentando e ligando a
tevê.
— Não interessa. Você pode me dizer se ela está aquecida o suficiente?
— Não é da sua maldita conta. Talvez, Villain reforce isso para você
quando eu o avisar.
Ela ficou em silêncio. Ela conhecia o próprio marido.
— Não ligue novamente.
Desliguei, jogando o telefone e estalando meu pescoço.
Dasha estava aquecida o suficiente. Escolhi uma cabana boa o suficiente.
Não tinha aquecedor próprio, mas as lareiras faziam um bom trabalho. Ela
estava com muito mais conforto do que eu na Dinamarca. Dasha estava no lucro.
Eu sabia que ela não enxergava assim. A princesa da máfia, criada com
pessoas a servindo, estava presa em um quarto escuro e frio. A garota ia quebrar
antes dos dois meses que a manteria ali.
O celular tocou novamente e eu o peguei.
— Eles ainda não descobriram que foi você — Prince falou com firmeza,
eu sabia que estava fora de casa.
— Bom. Vamos seguir com o combinado.
— Tem certeza? Cara, ela é filha de um dos homens de confiança do Igor.
Vamos declarar guerra contra a Bratva. Você tem noção dessa merda?
Meu melhor amigo nunca era razão quando o que ele queria estava em
jogo, mas quando era outra pessoa, ele gostava de ser sensato. Foda-se.
— Se eles tivessem matado a sua família você recuaria?
Seu silêncio me disse o suficiente. Villain amava os Trevisan à sua
maneira. Ele jamais deixaria a pessoa que tivesse os matado sair impune.
— Eu me banharia no sangue deles.
— Já escolhi o roupão.
 
 
O frio era implacável. E só por isso eu sabia que não estava em Rostov.
O homem havia me trazido para outro lugar. Uma cidade longe o bastante para o
tempo ser agressivo a ponto de fazer meus dentes baterem uns contra os outros.
Ele me trouxe comida por dois dias seguidos depois daquele café da
manhã. Não me forçou mais a tomar banho, mas perguntava se eu queria. O frio
não me deixou dizer que sim. Só fiz xixi e voltei para a cama.
— Ei! — gritei para a porta, apertada.
Ele já deveria ter vindo me dar comida e me deixar ir ao banheiro. Eu
não sabia que horas eram, mas sabia que era hora do café da manhã.
— Ei! — berrei mais alto, incomodada com o couro da coleira estúpida.
Ouvi passos e me acalmei. Algo no homem alto me deixava totalmente
amedrontada. Sua voz era como aço, eu estremecia a cada palavra que deixava
seus lábios.
Assim que a porta foi aberta, me encolhi. Ele ainda usava a balaclava.
Sempre que entrava no quarto estava com ela. Eu queria ver seu rosto. Não sabia
por que, apenas queria muito. E isso era ridículo.
— Vamos andar hoje.
O quê?
Ele se aproximou pegou minhas mãos e cortou as camadas de fita que me
prendiam, então abriu a coleira que vi que tinha uma chave depois de muito
tentar abri-la.
— Para onde vamos? — perguntei baixo enquanto ele me puxava para
fora da cama.
Meu sequestrador me puxou para o banheiro e me soltou.
— Faça suas necessidades. Não tome banho. Seu café está na mesa. Não
me teste. Vou rasgar sua garganta antes que coloque os pés para fora desse
quarto.
Acenei rapidamente e entrei no banheiro. Fechei a porta, desci minha
calça moletom e me sentei no vaso. Fiz xixi rápido e me lavei bem com o
sabonete íntimo que havia ali, quando terminei parei diante do espelho. Eu
poderia quebrá-lo... talvez, esconder e usar no momento certo...
Não. Ele disse que estávamos longe. Se eu conseguisse sair, morreria no
frio.
Não importa, Dasha. Você precisa tentar.
Ele ia ouvir.
Balancei a cabeça. Não faria isso. Não queria morrer, nem pelas mãos
dele e nem de frio. Lavei meu rosto, usei a escova que estava no banheiro e
limpei minha boca. Prendi meu cabelo e saí, encontrando o homem de pé, me
encarando.
Comi diante da lareira, quando terminei ele me puxou para ficar de pé.
— Vista isto.
O meu vestido de noiva estava em suas mãos. O encarei, franzindo as
sobrancelhas, mas ele me ignorou e empurrou o tecido contra mim. Peguei-o e
vesti. O frio bateu em minhas costas nuas. Os botões haviam sumido.
— Vamos.
Ele enfiou um saco de pano em minha cabeça e me puxou. Tropecei em
meus pés com pantufas grossas. Percebi a escada enquanto andávamos e fiquei
rígida. Ele estava me mantendo em um porão. Filho da puta.
Ele me sentou no que parecia um sofá e amarrou minhas mãos mais uma
vez. Pulei quando senti sua mão pegar meu pé. Ele tirou as pantufas e enfiou uma
bota que parecia muito pesada e quente.
— Como eu disse, vamos dar uma volta.
— Qual é o seu nome? — perguntei, engolindo em seco.
Ele me ignorou enquanto me erguia. Nós andamos para fora e senti a neve
sob as botas. Era tão macia. Suspirei, sentindo o cheiro ameno e frio.
— Meu pai pagou o resgate? — perguntei, aflita.
Eu estava indo para a casa? Meu peito se encheu de esperança.
— Não pedi resgate.
O quê? Fiquei completamente rígida e parei de andar. Ele puxou meu
braço, mas consegui lutar contra. Infelizmente, ele era mil vezes mais forte que
eu. Quando tornou a puxar meu braço, minhas costas foram empurradas contra a
lataria de um carro.
— Pare de gracinha.
— O que você quer, se não o resgate? — perguntei, tremendo e
inconformada. Como ele não queria resgate?
— Nada.
Não, não, não.
— Como assim nada? O que estou fazendo aqui? — Minha voz quebrou.
— Oh, krasnyy... você não vai mais voltar para o rio de merda que é sua
família. — Suas palavras e a voz tão próxima do meu ouvido me fizeram surtar.
— Me deixe ir embora! — implorei, com os olhos cheios de lágrimas.
— Vá. — Ele me soltou e puxou o saco.
Pisquei rapidamente, me acostumando com a claridade. Olhei ao redor e,
pela primeira vez, vi seu rosto. Ele era branco, tinha cabelo escuro e olhos
pretos. Era como olhar para a escuridão. Se ela fosse alguém, seria ele.
— Corra, krasnyy. — Ele acenou para o lado, então vi a floresta coberta
com neve.
Não esperei que ele falasse novamente. Eu corri, rápido. Enfiando meus
pés na neve, tropeçando nas árvores e pedras. Eu não ouvia seus passos, por isso
olhei sobre o ombro. Quando fiz isso, caí e molhei completamente meu vestido.
Ele não estava em lugar nenhum. Me sentei e olhei ao redor, mas tudo
parecia igual. Onde ele estava? Me ergui e puxei as saias do vestido. Ergui-as e
estremeci ao ver sangue sujar o tecido. Algo havia sido cortado, mas estava
dormente por causa do gelo. Não sentia nada.
Andei por muito tempo, mas não aparecia nada. Uma casa, qualquer
coisa, era simplesmente uma floresta inacabável. Não tinha fim.
Me sentei na neve e fechei meus olhos, sentindo o frio me agarrar.
Comecei a tremer depois de vinte minutos naquela posição. Meus ombros se
remexiam, meus dentes batiam uns nos outros e sabia que seria como o
sequestrador havia falado, eu morreria ali. No frio, congelada.
— Ah, krasnyy. Diga oi para o seu pai. — A voz ecoou.
Eu abri meus olhos. Meu sequestrador estava diante de mim, apoiado em
uma árvorecom o celular me gravando nas mãos. Meu coração doeu e deixei
mais lágrimas caírem. Funguei, esgotada, mas ele só sorriu.
Eu nunca vi alguém parecer tão bem dentro da própria pele insana.
Ele se aproximou ainda segurando o celular, se agachou e segurou meu
rosto com uma mão.
— Eu disse que te pegaria. Sempre vou te pegar.
Parecia uma promessa e ela me fez estremecer muito mais que o gelo ao
redor.
— Eu posso andar — falei quando ele me jogou sobre o ombro e
começou a voltar para o cativeiro.
O medo estava enraizado dentro de cada célula do meu corpo, mas, de
alguma maneira, estava aliviada por voltar para o meu quarto quente. O que
estava falando? Lágrimas se acumularam em meus olhos mais uma vez. Eu estava
confusa, irritada, amedrontada e muito triste. Funguei tentando não fazer barulho
e fechando meus olhos.
Ele me ignorou, depois de alguns minutos chegamos à cabana. Ele me
colocou no chão e arrancou o vestido molhado do meu corpo, me deixando
apenas de lingerie, então me arrastou para o porão e estremeci ao sentir sua mão
apertar meu braço.
Suas mãos começaram a puxar meu sutiã encharcado, mas o impedi,
prendendo o tecido com meus braços.
— Pare.
— Cala a boca. — Ele puxou sua faca e cortou as alças finas. Antes que
pudesse estragar completamente a peça, eu a abri. Meus seios ficaram nus e os
cobri com as mãos. — Entre.
Comecei a negar, mas parei. Eu precisava de um banho. Entrei no
cubículo e ele ligou o chuveiro no quente. Minha pele dormente foi acordando
enquanto ainda cobria meus peitos. Ele pegou xampu e jogou em meu cabelo,
mexendo para lá e para cá.
Por que ele estava fazendo isso?
Ele não precisava me ajudar a tomar banho. Eu sabia como fazer.
A água com xampu deslizou pelo meu corpo quando ele me enxaguou.
Gemi quando senti algo arder. Assim que olhei para baixo, vi o corte na minha
coxa do tamanho do meu dedo.
— Tire a calcinha.
— Não vou ficar nua na sua frente — falei de maneira firme.
Ele franziu as sobrancelhas.
— Não quero você, krasnyy. Gosto de mulheres experientes, e aposto
que você não sabe nem como chupar meu pau.
Minhas bochechas coraram com suas palavras vulgares. Ele respirou
fundo, desligou o chuveiro e jogou a toalha em mim.
— Se seque. Voltarei para amarrá-la assim que me limpar.
Eu acenei, mesmo sem querer obedecê-lo. Assim que ele saiu, retirei
minha calcinha e me limpei dos resquícios de xampu. Me sequei e saí,
procurando minha roupa. Não era a mesma. Agora tinha um moletom preto e uma
calça da mesma cor. Vesti tudo rápido e me olhei no espelho enquanto penteava o
cabelo.
Assim que saí, me sentei diante da lareira. O fogo ainda crepitava forte e
logo o tremor e lábios roxos foram embora. Puxei minha calça para ver o
ferimento. O sangue parou de sair, mas seguia ardendo.
Olhei ao redor do quarto e respirei fundo. Não era péssimo, mas queria
saber por que havia um quarto no porão. Principalmente, com banheiro.
Poderia ser pior, pensei ao ver a cama confortável, os lençóis grossos e
o banheiro limpo.
Ele retornou sem camisa, então desviei o olhar e encarei o fogo.
— Sente-se na cama.
Eu fiz o que ele queria. Ele puxou meu pé e observei, confusa, ele passar
pomada em meu ferimento. Depois, colou um curativo. Engoli em seco e olhei
para o fogo novamente.
— Junte suas mãos e se aproxime da cabeceira.
Me movi e evitei encará-lo. Suas palavras dizendo que não queria
resgate me atacaram. Abri a boca querendo falar, mas a fechei.
— Fale, krasnyy.
Eu odiava ouvi-lo me chamar assim.
— O que queria dizer com não pedir resgate? — perguntei, impulsionada
por ele.
O homem colocou a coleira em meu pescoço e deixou a corrente bem
mais longa que da última vez.
— Não quero dinheiro. — Ele se afastou e pegou o prato onde havia
comida e o copo vazio, então se virou e inclinou a cabeça. — Quero vingança.
Um arrepio deslizou por todo meu corpo. Ele não precisava me dizer que
eu era a peça central da sua vingança.
Dias depois, eu estava tremendo dos pés à cabeça. Acho que fazia mais
de uma semana que estava presa, na rotina de sempre. Café da manhã, xixi e
banho. Almoço, xixi. Jantar, dormir.
Hoje, no entanto, eu não estava bem. Sabia disso. Sentia isso.
O frio parecia mil vezes pior do que nos últimos dias. Puxei o edredom e
gemi. O que diabos havia comigo?
— Ei! — gritei tão alto quanto conseguia, o que era pouco. — Por favor!
Era madrugada e ele devia estar dormindo, jamais me escutaria aqui
embaixo. Saí de debaixo das cobertas e andei até a porta. A corrente maior não
foi um empecilho, o que fiquei grata. Bati na madeira com força várias vezes até
ouvir seus passos.
Me afastei e respirei fundo. Quando a porta foi aberta, engoli em seco ao
vê-lo só de cueca. Sua barriga era lisa e com gominhos, e seus braços eram
grossos. Tudo coberto por tatuagens. Fechei os olhos e perdi o equilíbrio,
caindo, porém, não senti o chão.
Ele me agarrou e me puxou contra seu corpo. Ele era quente. Muito
quente. Por isso me deixei relaxar em seu peito.
— Frio, muito frio... — gemi baixo e ele me pegou nos braços.
Senti a cama e o vi pegar a minha perna. Ele retirou o curativo e
praguejou. Eu não conseguia ver, mas pela sua expressão, certamente estava
ruim.
— Eu não... meu Deus que frio — reclamei, tremendo.
Ele me pegou nos braços novamente. Não vi o caminho, minhas
pálpebras estavam pesadas e estava muito cansada.
— Abra a boca. — Sua voz estalou e respirei fundo.
Abri meus lábios e ele me fez engolir um comprimido com ajuda da água.
Senti o colchão nas minhas costas e percebi que estava em outro cômodo. Era
mais quente.
— Você está com febre. Logo vai baixar.
Eu me acomodei em seu peito quente. Deus, era tão bom. O homem ficou
em silêncio e eu deixei a escuridão me engolir. Porém, antes disso, o senti se
deitar ao meu lado. Enrosquei minhas pernas nas dele, sem nem entender
realmente o que estava fazendo. Eu só queria me aquecer.
Ele era como uma bola de fogo e eu queria isso. Seu fogo, seu ardor, sua
quentura.
Eu queria que o frio passasse. Completamente.
 
Você perdeu a cabeça.
Dasha estava queimando em febre e no quarto onde estava não era
aquecido o suficiente. Eu não ia deixá-la morrer lá. Fechei meus olhos ao sentir
suas pernas nuas e macias. Jesus Cristo. Ela parecia completamente pura e
indefesa. Odiei sentir meu pau endurecer. Porra, ela era uma criança!
Tentei fechar meus olhos e dormir, mas já estava quase amanhecendo e
logo teria que me levantar.
Ouvi passos do lado de fora e soltei Dasha, que já havia adormecido. Me
ergui e abri a gaveta, pegando minhas duas pistolas. Tirei o silenciador do fundo
e coloquei na ponta. Não queria acordar Dasha com tiros.
Me movi para a porta e saí em direção à sala, então me apoiei na parede
olhando pela janela e semicerrei os olhos. Havia um carro que eu não conhecia
ali. Enfiei minhas armas na calça e vesti uma blusa, peguei meu casaco e abri a
porta.
— Olá! — um homem gritou quando surgiu por trás do carro. — Jesus,
não sabia que morava alguém tão afastado da cidade. — Ele era loiro e sorria ao
falar.
— O que você quer?
Ele riu e passou as mãos na calça.
— Me aquecer. O aquecedor parou de funcionar, pensei em parar e me
aquecer na cabana. Peço desculpas, achei que estava abandonada.
— Não está. Vá embora — ordenei, olhando-o com seriedade.
— Tudo bem, cara... — Ele parou de falar e olhou sobre o meu ombro.
Não precisei me virar para saber que Dasha estava de pé, atrás de mim.
— Vá embora. Agora! — falei baixo e concentrado.
— Ela é sua irmã? — Sua pergunta enviou fúria pelas minhas veias.
— Não é da sua conta. Saia.
Ouvi Dasha se movimentar, então me virei e segurei o seu braço,
puxando-a para mim.
— Desculpa, desculpa. — Ele se virou, quando pegou o celular, eu
soube.
Empurrei Dasha e peguei minha arma, mirei em seu ombro e quando
apertei o gatilho ele caiu.
— Oh meu Deus! — Dasha gritou e corri até o corpo.
Enfiei meus dedos na ferida dele e o ouvi gritar.
— Ele te mandou para a morte — falei, inclinando a cabeça. — Eu estou
feliz de te recepcionar.
— Cara, que diabos? — ele gritou, parecendoassustado, mas eu sabia.
A maneira como o corpo dela se retesou e amoleceu quando a puxei
contra mim. Os olhos dele, que de alguma forma pareciam mais leves quando a
viu, denunciaram.
— Te vejo no inferno.
Encostei minha arma em seu olho e atirei. Em segundos, sua cabeça
explodiu e o sangue banhou meu corpo. Enfiei a mão em seu bolso e peguei o
celular do filho da puta.
Me virei depois de me erguer e vi Dasha completamente pálida e
trêmula, com os olhos arregalados e a boca entreaberta. Chocada.
— Entre, agora!
Ela estremeceu fechando os olhos, mas logo fez o que mandei. Fechei a
porta com todas as trancas e a encarei no meio da sala, enrolada nas minhas
cobertas, ainda tremendo.
— Quem ele era? — perguntei, me movendo em sua direção.
Ela ficou parada, sem reagir. Agarrei seu rosto, manchando de sangue sua
pele branca como a neve.
— Eu fiz a porra de uma pergunta, Dasha!
— Não sei. — Ela engoliu em seco, balançando a cabeça.
— Não minta para mim! — Me aproximei mais. — O sangue dele está
por seu rosto neste momento. Quem era o cara? — gritei, furioso.
Talvez eu estivesse com mais raiva de mim do que dela. Houve uma
brecha, alguém descobriu onde estávamos.
— Ele é um soldado do meu pai.
Suas palavras assentaram o ódio nas minhas veias.
— Você saiu do quarto com a permissão de quem? — grunhi, apertando
seu braço, querendo matá-la. — Eu deixei você sair?
— Não, não... eu só...
— Só o que, porra? — Empurrei-a até a parede e agarrei seu pescoço
fino. Apenas uma pressão e eu o quebraria.
— Não vi você e fiquei assustada... — Dasha falou rápido e lágrimas
encheram seus olhos. — Desculpa. Desculpa.
O terror era visto por todo seu rosto. Ela tremia sob minhas mãos. Deus,
eu amei a sensação.
— Você é minha — pausei, amando o sabor que essas palavras enviaram
ao meu corpo — prisioneira — concluí, limpando minha mente. — Você faz o
que quero, quando eu quero.
— Tá. — Ela acenou, respirando rápido. — Tá. Desculpa.
A soltei e fui em direção à cozinha, enquanto ela me seguia com os olhos.
Deixei a água cair em minhas mãos, e depois de limpas lavei meus braços e
rosto. Puxei minha blusa arruinada e limpei meu peito.
— Sua febre baixou. Desça, tome um banho e me espere na cama.
Dasha continuou parada.
— Você tem algum problema de audição? — perguntei, frustrado.
Ela correu para a porta que levava até seu quarto.
Fechei meus olhos, sentindo a água em minha pele. Droga, eu precisava
de um banho.
Andei até a porta dela e tranquei. Assim que me virei, fui para o banheiro
do meu quarto. Liguei o chuveiro e me apoiei na parede, meu pau dolorido pediu
minha mão e o agarrei, mas minha cabeça estúpida e depravada ficou imaginando
a boceta de Dasha. Eu só podia estar doente.
Terminei meu banho e me vesti. Assim que desci a escada para o quarto
de Dasha, a vi na cama, sentada e com o cabelo solto. Ela era diferente de tudo
que já coloquei os olhos.
Seu cabelo castanho-claro era ondulado, volumoso e longo. Seu rosto
parecia um coração, ela tinha o nariz arrebitado e a ponta era redonda. Porra,
seus olhos eram tão cinza que pareciam as nuvens antes de uma tempestade.
— Junte as mãos. — Me aproximei e ela não se mexeu.
— Não vou fugir. Vi que estava certo, eu morreria de frio. — Sua voz
soou nervosa. — Não precisa me amarrar...
— Você acha que sou idiota? Na sua primeira oportunidade, você vai
pegar algo que possa me machucar tempo suficiente para chegar ao meu carro e
fugir.
— Não, eu não...
— Você não o que, krasnyy? — Me inclinei, segurando seu queixo. —
Você não fugiria se tivesse a oportunidade?
Ela engoliu em seco e seus olhos foram dos meus até a minha boca e
depois voltaram. A soltei antes que eu fizesse algo que me arrependeria.
— Junte as mãos, Dasha.
Ela me obedeceu dessa vez. Amarrei a corda em volta dos seus pulsos e
peguei seu comprimido. Ela o arrancou dos meus dedos e o colocou na boca
sozinha, então peguei a água e a entreguei. Quando terminou, tirei o copo da sua
mão e me afastei.
— Durma.
Me virei e saí, trancando a porta ao passar.
— Por que diabos tem sangue lá fora? — Prince gritou assim que entrou
na cabana, algumas horas mais tarde.
Eu peguei minha mochila e o encarei.
— Um veio até aqui — murmurei, pegando meu casaco.
— Porra, sério? — Prince ficou rígido.
— Sim, ele a viu e eu o matei.
— Como ele a viu se ela estava na porra do porão? Ele entrou na casa?
Porra, suas perguntas estavam me dando dor de cabeça.
— A tirei de lá. Ela estava com febre.
— E você a colocou onde? — Meu melhor amigo semicerrou os olhos,
desconfiado.
— Você tem quantos anos? Pelo amor de Deus.
— No seu quarto? Cara, não toque nessa garota. — Seu tom ficou
irritantemente baixo e perigoso.
Eu o conhecia bem o suficiente para saber que havia alguma merda o
incomodando.
— Não vou tocar nela. Pelo amor de Deus, tenho dezoito anos a mais que
a pirralha.
— Eu sei, eu sei. — Ele passou a mão pelo cabelo preto. — Você
enterrou o filho da puta?
— Sim, a alguns quilômetros pra baixo. O carro dele está escondido na
mata. — Respirei fundo e caminhei até ele. — Volto amanhã cedo. Ela está
amarrada, tenha cuidado quando a soltar para tomar banho pela manhã.
— O.k.
— E ela precisa tomar o remédio se a febre persistir.
— Será que foi um resfriado?
— Não, ela tem um corte na perna que estava infeccionado.
Droga, isso precisava ser feito hoje ainda. Soltei minha mochila.
— Vou falar com ela.
— Pra quê? — Prince tocou meu ombro.
— Já volto.
Me soltei dele e desci a escada, assim que abri a porta, Dasha se sentou
na cama.
— E a febre? — perguntei, me aproximando.
— Cedeu.
Acenei e peguei a caixa de primeiros socorros que deixei em cima da
cômoda. Me sentei na cama e puxei seu pé, depois limpei o ferimento com água
oxigenada, ouvindo seus gemidos de dor. Assim que ficou limpo, coloquei a
pomada e soltei sua perna, então Dasha suspirou.
— Você precisa passar a pomada mais tarde. Antes de dormir. Vou deixar
a caixa aqui.
— Você... você vai sair? — Sua voz quebrou e ela ficou rígida. — Vou
ficar sozinha? Mas como...
— Vou e você não vai ficar sozinha. Meu colega ficará aqui...
— Não! — Dasha gritou se aproximando e começou a balançar a cabeça.
— Não, por favor, não quero ficar com outra pessoa. E se ele me fizer mal?
Ela me queria aqui. Eu não estava fazendo mal a ela?
— Se comporte e nada vai acontecer.
— Por favor... — Dasha piscou os cílios longos.
Eu fiquei tentado a tocar seu cabelo, afastá-lo do seu rosto.
— Limpe sua ferida. Seja uma boa garota e você vai ficar bem. —
Comecei a me erguer, mas ela segurou minha mão com uma força surpreendente.
— Quando volta? — Sua voz ficou urgente.
— Não é da sua conta, Dasha. Pare de fazer perguntas.
Ela desviou os olhos e me ergui, então andei para a porta e fui embora,
sem olhar para trás.
Assim que cheguei a Kemi, quase três horas depois, vi Finley de pé no
balcão empurrando duas cervejas para um cliente. Ainda era cedo, por isso
comecei a arrumar o bar para receber os clientes. Quando finalizei, me
aproximei dela.
Finley era bonita e jovem demais. Como Dasha.
— Ei, como foi com seu primo? — Ela sorriu e eu me apoiei no balcão.
— Está sendo o.k. Volto amanhã. Só vim dar uma olhada em como tudo
está por aqui.
— Bem, Prince está se saindo bem, mas precisou viajar, o que você já
deve saber.
Eu sorri e acenei.
— Não se preocupe, Finley. Está tudo bem entre nós. Não sinto falta da
cara feia dele, se quer saber. — Isso a fez rir.
Mais clientes chegaram e fui para o escritório. Não me surpreendi ao ver
Lake sentada em minha cadeira. Ela vinha muito aqui. Seu centro comunitário
ainda não tinha sido aberto, por isso ela tentava se ocupar aqui.
— Ei. — Acenei para seu cumprimento. — Já deixou meu marido com
sua prisioneira?
— Sim, ele chegou ótimo lá, se quer saber — resmunguei, alfinetando-a.
— Ele acabou de me falar. — Ela balançou o telefone. — A menina
estava com febre...
— De novo? — perguntei rápido e senti meu estômago revirar. Porra,
Yerík.
— Sim, não quer levar Finley até lá? Ela é quase uma médica.
Sim, ela era. Finley estava cursando medicinahá anos. Logo, ela sairia
do bar.
— Não. Ela vai ficar bem. Ligue para o Prince.
Lake acenou e discou o número. Assim que ele atendeu, ela o avisou que
queria falar e me passou.
— E aí?
— Dasha está com febre de novo? — perguntei, me movendo para longe
da sua esposa abelhuda.
— Sim, ela limpou a ferida novamente. Ficou dura igual pedra quando
entrei no quarto. Preferi não me aproximar. Mas quando Lake ligou, ouvi
gemidos. Ela estava delirando.
Droga, droga, droga.
— O que devo fazer?
— Não sei. Ela está no seu quarto. Compre a porra de um aquecedor.
O.k. O.k.
— Lake me disse para levar Finley.
— Silk perdeu o juízo? Finley vai morrer quando souber que você
sequestrou alguém. — ele grunhiu. Eu sabia que ele estava certo.
— Posso falar com Dasha. Para ela não dizer nada...
— Finley vai viajar três horas para o meio do nada e não vai estranhar?
— Porra, me dê alguma ideia! Não vou deixar a garota morrer.
Me virei e vi Lake de pé, muito perto. Fofoqueira.
— Diga a Finley que ela é reclusa. Alguma merda assim. — Prince
suspirou. — Que não sai de casa e que é sua prima.
— Porra, que dor de cabeça.
— Pois é.
— Passe para a Dasha.
— Eu acho que ela está dormindo, mas vou conferir. — Ele parou de
falar e eu soube que estava indo até ela.
— Não diga meu nome a ela.
Prince disse o.k. e logo o ouvi murmurando algo sobre o telefone.
— Oi. — Sua voz soou baixa.
— Sou eu. Vou levar uma médica até você. Se ousar tentar pedir ajuda,
ou fugir do roteiro que vou criar, mato vocês duas. Ouviu, Dasha?
— Venha para casa, por favor.
Porra.
 
 
Eu não sabia se minha febre me fez o imaginar diante de mim, ou se era
real. Uma coisa eu sabia, essa febre não era normal. Ela começou horas depois
que ele saiu. O seu cúmplice me deu remédio e me moveu para o quarto dele.
Não fazia ideia de que horas eram, mas além da febre, agora eu sentia dor.
— Ele vem amanhã, com a médica. Você precisa de um banho frio. Ficar
no chuveiro por um tempo. — Era o outro cara, o que falava inglês. A sua voz
me disse que ele era o que pilotou o helicóptero.
— Não. Tá muito frio.
— Sim, imagino.
Mas ele me obrigou mesmo assim. A água ardia na minha pele, minha
cabeça doía e algum lugar do meu corpo também, eu só não sabia onde
exatamente.
— Dasha, está tudo bem? — o cúmplice gritou e respondi de volta que
sim.
Ele não falou ou olhou para mim desde que chegou além do que era
realmente necessário.
— O.k., você precisa ficar bem. Sarah precisa de você de volta —
murmurei para mim mesma e abri mais o chuveiro. Gemi com a água batendo
contra meus ombros.
Assim que achei que era o bastante, me enxuguei. Vesti roupas dele e
trouxe o tecido para meu rosto. Seu cheiro era bom. Sabão, ar fresco e homem.
Afastei o tecido e me olhei no espelho. Pare com isso.
Eu estava relaxando na presença dele, ouvindo-o e querendo sua
presença. Não se faz isso com seu sequestrador. Nunca, Dasha.
Eu sabia. Porém ele tinha algo... algo que me fazia me sentir em casa.
Eu não sabia explicar. Ele era um desconhecido, um homem horrível que
me tirou do meu lar e me trouxe para o polo norte. Que me sequestrou por
vingança.
Penteei meu cabelo e saí do banheiro. O homem de cabelo escuro
acenou.
— Tome. — Ele empurrou dois comprimidos na minha mão e eu os
engoli. — Limpe sua ferida e passe pomada novamente.
— O.k.
Ele saiu e fiquei de pé no meio do quarto. Andei até um guarda-roupa
pequeno e o abri. Vi alguns camisas, casacos e calças de moletom grossas. Dele.
Peguei um casaco e o vesti.
Precisava pensar um pouco sobre ontem. Tiago era um dos soldados que
meu pai deixava cuidar da segurança da família. Não era lá um dos mais cruéis,
sempre foi simpático. Meu peito doeu ao me lembrar dele no chão.
Seus olhos continuaram iguais quando me viu e eu jamais conseguiria
fazer o mesmo. Arregalei os olhos, abri a boca, mas nada saiu. Se meu
sequestrador tivesse olhado para trás, veria meu rosto chocado.
Fechei os olhos quando ele voltou à minha mente. Sangue por todos os
lugares e em mim, depois que ele me tocou e encurralou. Tive que tomar banho
para tirar todo o sangue de Tiago.
Eu precisava pensar em uma maneira de sair dali. Uma que não me
matasse no processo.
Ele retornaria amanhã com uma médica. Talvez, ela pudesse me ajudar.
Se ousar tentar pedir ajuda, ou fugir do roteiro que vou criar, mato
vocês duas. Ouviu, Dasha?
Sua promessa voltou. Eu poderia arriscar se ele houvesse ameaçado
apenas a mim, mas ela? Eu não tinha tanta certeza.
Mas eu precisava pensar. E rápido.
Refiz meu curativo, gemendo com a ardência da água oxigenada. Era
horrível. Me deitei na cama e agarrei o edredom, encarei a parede e o cheiro
dele me rodeou novamente.
Pare com isso, Dasha!
Parei.
Eu precisava focar em sair daqui, voltar para casa, para mamãe e Sarah.
Passei a noite com febre e descobri o local da minha dor. Era na barriga.
Tentei olhar, mas não consegui, porque era na lateral. A médica poderia ver
direito. Ela estava aumentando com o passar das horas. Quando amanheceu, o
cúmplice dele chegou ao quarto.
— Merda. — Ele tocou minha testa e logo retirou a mão. Se ele não
tivesse feito isso, eu o empurraria. Bastava ele me tocando sem permissão.
— Preciso de água — pedi, suspirando.
A dor se tornou aguda e me curvei.
— Você está com dor?
Sim.
— Não — grunhi rapidamente. Se ele ousasse me tocar para ver minha
barriga, eu enlouqueceria.
— O.k. Vou pegar seus comprimidos e comida. Vá tomar um banho.
Fique na água por um tempo.
Assim que ele saiu, fiz o que ele pediu. A água tornou a dor pior, por isso
não fiquei tanto tempo. Não sabia que horas eram, se era de manhã ou já era o
almoço. Não parecia que eu dormi tanto.
— Oh meu Deus. — Me curvei na pia, agarrando o mármore.
A dor horrível retornou e eu só queria a médica diante de mim.
— Que horas ele chega? — perguntei ao cúmplice assim que ele voltou
ao quarto e eu estava vestida e embaixo das cobertas.
— Não sei. Hoje, só não sei que horas.
Ótimo.
Tomei remédios e voltei a me deitar. Comi forçando minha bile para
baixo, mas minutos depois tudo voltou. Vomitei no banheiro e o homem me
encarou, franzindo a testa.
— Ele chegou. — Suas palavras me enviaram calmaria. — Você está
grávida?
O quê? Encarei o homem, mas meus olhos focaram nele. De pé, atrás do
outro, com os olhos cravados em meu ventre.
— Então, você está grávida? — Sua pergunta me deixou tonta.
— Me deixe voltar para a cama.
Andei para fora e os dois abriram caminho. Ele parecia rígido sob o
casaco grosso e o gorro preto. Evitei encará-lo ao puxar as cobertas.
— Finley está pegando sua maleta. Vá ajudá-la — ele pediu ao
companheiro de sequestro, então ficamos sozinhos.
— Que horas são? — perguntei, nervosa.
— Você está grávida? — Ele se aproximou aos pés da cama e eu
sustentei seu olhar. — Você. Está. Grávida? — Desviei os olhos e gritei quando
sua mão puxou meu pé e eu caí de costas na cama. A dor aguda me fez gritar. —
Responda a porra da minha pergunta.
— Eu estava indo me casar quando me sequestrou, isso deveria
responder a sua pergunta! — gritei, com a respiração forçando meus pulmões.
— Você é virgem. Se guardou para o imbecil? — Ele riu levemente.
Senti meu colo e bochechas arderem.
— Fui criada muito bem. Jamais me deitaria com qualquer um.
Ele se ergueu e andou para a porta.
— Já volto, krasnyy.
Respirei aliviada assim que a porta se fechou, mas durou pouco. Ele
retornou e se inclinou sobre mim rapidamente.
— Meu roteiro. Você é minha prima. O marido a deixou sozinha e nunca
quis sair daqui. Me ligou ontem dizendo que estava com todos esses sintomas.
Eu pedi ao meu colega para vir porque estava próximo. Você me ouviu?
Sim, ele era esperto. Pensava em tudo.
— Sim.
— Ótimo. Se algo sair do planejado, não vou matar você. Matarei apenas
ela. Porque ela põe meu plano em risco, não você.
Eu engoli meu orgulho e acenei. Ele sabia onde doeria em mim. O que me
faria não agir. Em qual momento ele descobriu isso? Como foi que ele passou a
me conhecer tão bem, se nunca trocamos mais que poucas palavras?
Assim que fiquei sozinha, respireifundo. A dor voltou e suspirei. Merda.
O jeito que ele me puxou fez a barriga doer mais ainda.
— Oi Trish! — Finley, eu acho, entrou no quarto seguida por ele.
Trish? Sério?
— Oi! Tudo bem? — Sorri para ela, que parecia tão jovem quanto eu.
— Sim, então, como está?
— Febre frequente, dor abdominal, vômito — respondi com firmeza,
enquanto o via se mover até ficar na lateral, me vigiando.
— O.k. Sua dor é em qual local? — Ela sorriu, colocando luvas.
Eu o encarei e depois a olhei.
— Embaixo do meu seio, nas costelas.
— Você pode esperar lá fora? — Ela encarou meu sequestrador e lhe deu
um sorriso doce. Sua voz mudou com ele. Ficou amena, simpática demais. Eca.
— Não. Faça seu trabalho e finja que não estou aqui.
Idiota bruto.
Finley suspirou e me encarou.
— Preciso que retire a blusa. Pode ficar com o sutiã.
Qual? O que ele arrebentou? Sujo no porão. Engoli minha vergonha e
puxei a camisa. Tapei meus seios e ela acenou ao se aproximar. Evitei o encarar
enquanto meu colo ardia.
— Aqui. — Mostrei a ela e Finley suspirou.
— Tem um hematoma aqui. Grande.
O quê? Mas eu não me machuquei.
— Não me lembro de machucar — falei com sinceridade.
— Seu vômito pode estar relacionado a febre alta. Nosso corpo tende a
ter reações quando estamos em alta temperatura. Obviamente, a febre é por causa
do ferimento infeccionado e do hematoma. Pode estar havendo uma hemorragia
interna.
O quê? Encarei-o, mas ele apenas olhou para a Finley.
— Você precisa ir para o hospital, Trish...
— Ela não sai de casa. Eu disse a você. — A voz dele rompeu e ela o
olhou. — Faça o que precisa fazer.
— Mas, Trish, isso é perigoso...
— Fale a ela, Trish. — Ele me encarou, sério.
— Não posso. — Engoli em seco. — Meu marido pode voltar.
Finley respirou fundo, e quando tentou falar novamente, ele se moveu
para ficar atrás dela. Ele tocou a arma em sua calça e eu peguei a mão dela.
— Realmente não posso. Me ajude aqui.
Finley cuidou dos meus ferimentos enquanto ele continuava me olhando
como um falcão. Quando ela terminou, passou medicamentos e sorriu amável.
Finley era uma boa pessoa. Eu podia ver.
Adormeci assim que fiquei sozinha. Quando acordei, tudo estava escuro.
Me sentei na cama e suspirei ao sentir uma pontada na barriga. Era mil vezes
menos dolorosa que antes. A luz brilhava pela fresta da porta, as janelas estavam
fechadas, mas eu sabia que era noite.
Me ergui e fui ao banheiro. Liguei a luz e suspirei ao ver meu reflexo.
Meu cabelo estava para todos os lados, e meus lábios, ressecados. Lavei o rosto,
escovei meus fios e fiz xixi. Quando saí, me movi para a porta, então bati na
madeira para o chamar.
Quando apareceu, engoli em seco e dei um passo para trás.
— O que foi? — Ele deixou a porta aberta e saiu, indo para a cozinha.
Eu o segui cautelosamente e me sentei diante de uma mesa.
— Preciso de água — respondi sua pergunta.
— Aqui. — Ele pegou um copo, encheu com água e me entregou.
Agarrei o vidro imaginando mil maneiras de quebrá-lo e ferir esse
homem. Me ajude, Deus.
— Eu sei como é. — Sua voz me fez pular na cadeira. — Imaginar mil
maneiras, implorar por uma chance... não tem saída, krasnyy. Não para você.
Como ele sabia?
Ah, meu Deus, ele já esteve preso?
— O que ele fez? — perguntei, passando meu dedo pela borda do copo.
— Ele matou pessoas que eu amava.
Pisquei rapidamente ao sentir uma lufada de dor pelo meu corpo. Não era
nada físico como o hematoma. Era emocional. E como minha mãe já havia me
dito, a dor emocional é pior, para ela não tem remédio que age em segundos.
— Eu sinto muito.
— Não sinta. — Ele se inclinou sobre mim, tirando uma mecha rebelde
do meu rosto. — No final, ele vai sofrer e você... você vai me odiar tanto que
uma vida não será suficiente para apaziguar.
— O que você vai fazer comigo? — Minha voz tremeu, quebrada e
medrosa.
— A pergunta é, o que não vou fazer com você?
Meu corpo se arrepiou com as possibilidades por trás da sua frase. Ele
se afastou, com a sua máscara escura e fria, então pude respirar novamente.
— Coloquei um aquecedor no quarto. Vá para lá.
— Eu preciso dos comprimidos para dor.
— Estão ali. — Ele apontou para uma mesa pequena onde havia uma
sacola de farmácia, porém, do lado tinha uma arma.
Me ergui e andei até ela, tentando controlar minha respiração. Agarrei o
saco e depois a pistola. Tinha um silenciador na ponta. Papai nunca quis que eu
aprendesse sobre armas, mas Andrei sim. Ele me ensinou tudo.
Me virei e o encontrei de costas, mexendo em uma panela. Em segundos,
seu corpo ficou rígido. Sexto sentido ou apenas se lembrou onde estava sua
arma. Agarrei o cabo, mirando em suas costas largas.
— Krasnyy.
Sua voz. Deus, eu a odiava.
— Cadê as chaves do carro? — perguntei, rígida.
Ele se virou lentamente e inclinou a cabeça.
— Ali. — Apontou para o balcão perto dele. — Pegue, Dasha.
— Jogue para mim — grunhi, tremendo levemente.
Ele a jogou para mim. Agarrei-as e andei ainda mirando em seu peito.
Peguei seu casaco e as botas que usei quando ele me fez correr na neve apenas
para filmar e torturar meu pai. Assim que saí da casa, olhei ao redor, caçando o
carro. Corri até a lateral, mas ele também não estava.
— Droga! — grunhi e me virei, porém, antes, uma mão agarrou meu
pescoço e senti algo duro em minha coluna.
— Você achou que sairia tão fácil, krasnyy?
 
 
Essa garota precisava de uma lição. E eu daria. Queria há muito tempo,
mas estava esperando-a melhorar. Não mais.
— Não há carros aqui. E você não vai a lugar algum. — Puxei mais seu
corpo contra o meu, empurrando minha arma em sua coluna. — Você é tão
esperta, krasnyy.
— Eu...
— Fique calada. Não quero ouvir a porra da sua voz — gritei e ela
estremeceu completamente. — Solte a arma, se vire e volte para a casa.
Ela acenou devagar e eu a soltei. Dasha andou para a casa, mas pela
sombra a vi se abaixar. Um sorriso apareceu em meu rosto. Porra, era uma
pedra? Peguei a arma e me virei a tempo de segurar seu braço, fazendo-a cair.
Eu a segui, cobrindo seu corpo e sentindo a neve espalhada por todo lugar.
Agarrei seu cabelo e puxei sem medir minha força. Se ela queria jogar,
porra, que os jogos começassem.
— O que eu te disse, Dasha? Se tentasse fugir? — perguntei próximo ao
seu rosto. Me inclinei, lambendo sua pulsação rápida. — Responda.
— Não... por favor, eu juro...
— Shiu. — Coloquei meu dedo sobre seus lábios. — Não jure, krasnyy.
É mentira. Sabe por quê?
Ela balançou a cabeça.
— Porque um prisioneiro é condicionado a tentar escapar. Sempre
estamos em busca de uma brecha — sussurrei lentamente. Ela respirou fundo,
empurrando seus peitos em minha direção. — Agora, me responda. O que jurei
fazer se você tentasse fugir?
Dasha fechou os olhos com força e os abriu segundos depois.
— Que me... — ela pausou, com as bochechas completamente vermelhas
— na neve.
— O que na neve, Dasha?
Ela engoliu em seco, lábios úmidos e grossos me enfeitiçando. Como
seria prová-los?
— Me tocar...
— Não, krasnyy. Fale a palavra. O que vou fazer com você agora? Aqui,
na neve?
— Não faça isso, por favor...
— Responda! — gritei, envolvendo minha mão em seu pescoço.
— Me foder!
Isso. Porra, meu pau implorava por isso. Por sua boceta intocada. Por
marcá-la com minhas mãos. Desejava fazê-la gozar tão forte que gritaria alto,
fazendo os pássaros nas árvores ouvirem e voarem assustados.
— Você quer isso? Meu pau profundamente enterrado dentro da sua
boceta? — perguntei baixo enquanto seus olhos estavam presos aos meus.
Assustados. — Quer que eu rompa seu hímen e foda você com tanta força, que
amanhã a dor nas suas costelas será imperceptível em relação ao meio das suas
coxas?
— Não faça isso...
— Você quer? Se eu tirar sua roupa agora, sua boceta estará pronta para
mim?
Ela balançou a cabeça, completamente aterrorizada.
— Eu não vou. Hoje. Mas alguma coisa me diz que em breve, sim.
Me ergui e a peguei pelo braço. Empurrei-a para a frente da casa e
entramos. Joguei Dasha no sofá e coloquei minhas armas na mesa de centro.
Girei uma em sua direção e ela engoliu em seco.
— Se você tocar nas minhas armas maisuma vez, nós vamos nos divertir
na neve.
Seus olhos estavam úmidos, ela estava a um passo de chorar. Eu não dei
a mínima. Dasha era minha até o dia que eu não a quisesse mais. Eu a faria
entender isso.
— Engula seus soluços. Vou te colocar na coleira, sem cama, sem
banhos. Só remédios e comida.
— Juro que não tocarei... não me prenda com aquilo de novo.
— Eu vou. Eu amo ver você presa como uma cadela.
Dasha engoliu em seco, nervosa.
— Agora vamos — ordenei e a segui para o quarto no porão.
Empurrei a cama para a ponta e a fiz se sentar no chão. Tremendo, Dasha
choramingou quando peguei a coleira. Me aproximei e coloquei em seu pescoço,
apertando enquanto assistia aos seus olhos se arregalarem.
— Respire. — Sorri, afrouxando e fechando rapidamente.
— Você estava sendo tratada como uma princesa, não mais, krasnyy.
Você vai ver como um cativeiro pode ser ruim a partir de agora.
Dasha fechou os olhos e virou o rosto.
Eu saí do quarto, deixando a lareira e o aquecedor ligados. Tranquei sua
porta e joguei a chave na parede, furioso.
Era difícil admitir, mas fui um imbecil deixando minhas armas tão
visíveis. O que eu estava pensando? Que ela seria dócil? Dasha tinha o rosto de
um anjo, parecia inofensiva, mas eu precisava me lembrar que ela era uma
prisioneira e eles sempre, em cada oportunidade, tentariam escapar.
Procurei todas as armas pela casa e as guardei. Assim que terminei,
tomei banho e me deitei no sofá, pensando no meu próximo passo. As coisas se
acalmariam agora, algumas semanas sem mandar notícias era o que determinei.
Eu só precisava sobreviver e não matar Dasha Kireyev. Esse seria o
grande desafio da minha vida.
— Você perdeu a língua? — grunhi para Dasha duas semanas depois.
Ela havia melhorado do hematoma, estava cem por cento. Aproximei sua
cama depois de cinco dias, mas a pentelha continuou dormindo no chão duro.
Seus banhos também voltaram ao normal depois de dois dias.
— Sua comida. Vá para o banheiro. O dia hoje será cheio.
Isso chamou a sua atenção. Rígida, Dasha me encarou.
— Vamos nos divertir, krasnyy.
Ela engoliu em seco e eu puxei seu braço. Enfiei-a no banheiro e peguei
as roupas que Prince trouxe dias atrás. Coloquei na cama depois de puxá-la até o
local que Dasha estava dormindo.
Assim que ela saiu, apontei para a roupa.
— Vista.
— Para quê? — Sua voz ecoou e ela ficou pálida.
— Faremos algumas fotos.
— Você não vai me fotografar com esses pedaços de pano. — Ela pegou
a lingerie com nojo.
— Não discuta comigo. Vista essa merda.
Dasha grunhiu baixo e voltou para o banheiro com os pedaços de tecido.
Me deitei na cama em seguida, colocando minhas mãos atrás da cabeça. Quando
a porta não abriu depois de quase quinze minutos, suspirei.
— Sai daí, krasnyy! — Meu grito ecoou pela cabana.
A porta se mexeu, quando se abriu, fiquei completamente parado. Um
caroço cresceu em minha garganta e meu pau começou a endurecer em uma
velocidade alarmante.
Dasha estava usando uma lingerie preta. A calcinha cobria sua boceta,
mas deixava pouco para a imaginação. Suas coxas eram grossas, seus quadris
não tão largos, mas a cintura lhe dava curvas. Subi meus olhos para seus seios e
quase gozei. O sutiã agarrava seus peitos e os empurrava para cima, e a
transparência me deixava ver seus mamilos.
Jesus Cristo.
Lembre-se, ela era uma garota. Não era sua para tomar.
Me ergui.
— Deite-se na cama. — Minha voz soou tão grossa quanto meu pau
naquele momento.
— Qual o seu nome?
O quê? Fiquei confuso por um segundo e a encarei. Dasha cruzou os
braços na frente do corpo, tentando esconder sua pele cremosa de mim.
— Por que você quer saber meu nome? — questionei, semicerrando os
olhos.
— Me diga seu nome e juro que farei o que quiser.
O que eu quiser? Porra, tantas ideias.
— Tem certeza, Dasha? Posso querer sua virgindade.
— Isso não. Jamais. — Ela me encarou chocada.
Meu pau ficou desanimado ao ouvi-la.
— Deite-se na cama, krasnyy, e eu te digo meu nome depois, quando
terminarmos.
Ela ponderou, mas fez o que pedi. Coloquei a coleira em seu pescoço
que cheirava a baunilha dos produtos que Lake comprou. Peguei a câmera na
bolsa e mirei nela. Dasha arregalou os olhos e ficou apavorada. Era isso que eu
queria.
Ela seminua e com medo.
— O que está fazendo? — Sua voz quebrou.
— Tirando algumas fotos para o seu pai.
Ela se sentou rápido, a coleira a fez parar abruptamente e o terror em seu
rosto foi ótimo. A câmera pegou isso e o seu corpo. Me aproximei, puxei seu
tornozelo e ela se deitou novamente, gritando no processo.
Toquei a parte interna da sua coxa, fotografando minha mão em sua pele.
A respiração dela ficou instável e eu apertei, subindo até pousar minha mão em
sua boceta coberta. Dasha ficou rígida, com a cabeça para o lado,
completamente envergonhada.
— Olhe para cá, Dasha. Agora. É uma ordem — gritei, vendo-a morder a
boca.
Empurrei suas coxas abertas e pressionei sua boceta com mais força. Ela
me encarou parecendo completamente envergonhada. Eu quis sorrir.
— Sorria para o seu pai.
— Não faça isso — ela implorou e eu brinquei com o elástico da
calcinha. Um dos meus dedos por dentro, sem tocar. — Por favor, não mande
para ele...
— Se eu não mandar, você me deixa ver? — perguntei, enfeitiçado.
Queria olhar, tocar também, mas isso talvez fosse demais para nós dois.
— Olhar? — Sua voz tremeu e acenei. — O.k.
Puxei o tecido imediatamente. Não havia muitos pelos, seus lábios eram
rosados e era pequeno demais. Meu pau jamais caberia ali. Suspirei ao ver a
umidade e constatei sua excitação.
— Você quer que eu toque, Dasha? — perguntei, implorando para que ela
dissesse que sim. Que queria, desejava isso.
— Não.
— Então, por que sua boceta está melada?
— Não sei, eu não sei. — Ela balançou a cabeça.
— Eu posso...
— Não! — Dasha gritou e soltei sua calcinha, cobrindo-a.
Meu pau doía como a morte. Eu só queria gozar, porra. Melar sua boceta,
apenas empurrar meu sêmen dentro dela até escorrer.
Me virei guardando a câmera e andei em direção à porta. Quando peguei
a maçaneta, respirei fundo.
— Me chamo Yerík.
Eu não consegui dormir por quatro noites seguidas. Meu pau estava me
matando, a cada oportunidade ele pensava na boceta dela, no gosto que teria. Eu
estava ficando louco. Completamente insano. Fechei meus olhos e apertei meu
pau, como andei fazendo mais vezes do que era anormal em um dia. Queria
pensar em outra mulher, em Aduke, mas quando fechava minhas pálpebras, havia
apenas Dasha.
Seus olhos, seu cabelo indomável, seu corpo, sua boceta intocada.
Eu precisava me afastar dali. Tirar alguns dias em Kemi era o mais
sensato. Conseguir algumas mulheres, me embebedar até cair. Dasha precisava
sair da minha cabeça.
Porque, por mais que eu quisesse devolver a filha de Vladimir quebrada,
sem a única coisa que a fazia pura, não podia tocar nela. Nunca.
Ela tinha o sangue Kireyev. Era filha do assassino da minha mãe e
irmãos.
Ela não era minha e nunca seria porque eu não a queria.
Desliguei a água quente e a gelada caiu sobre mim, esfriando meu pau e
minha cabeça. Odiava me sentir atraído por ela. Não conseguia acreditar que
realmente a desejava. Ela tinha dezoito anos. Era insano.
Ouvi batidas e saí do banheiro rapidamente, envolvendo uma toalha em
meu corpo. Assim que alcancei a sala, percebi que não era na porta da frente.
Era no quarto dela.
Me aproximei, desci a escada e abri a porta. Assim que ela apareceu,
engoli em seco.
Sentada na cama, presa em uma coleira e cabelo em todas as direções,
Dasha me encarou séria.
— Preciso ir ao banheiro.
Seus olhos deslizaram pelo meu corpo e pararam logo acima da toalha.
Ela engoliu em seco e virou o rosto. Pude ver o rubor crescendo por seu colo e
bochechas. Me aproximei prendendo a toalha e soltei sua coleira.
Me afastei e acenei para o banheiro. Ela engoliu em seco mais uma vez e
se ergueu ainda com a lingerie. A assisti andar até a porta antes de pegar as
roupas que ela havia descartado ontem. A garrafa de água que eu trazia estava
seca, por isso a peguei também.
— Meu colega vem ficar com você por algunsdias — avisei, pronto para
sair.
— O quê? — Ela se virou, com o rosto surpreso. — Não, eu não...
— Não o quê?
— Não confio nele. — Suas palavras eram legítimas, mas senti algo
remexer meu peito.
Villain Trevisan era a única pessoa no mundo que eu confiava a minha
vida de olhos fechados.
— Eu confio minha vida a ele. Você deveria.
— Nunca...
— Em quem você nunca deve confiar é em mim. — Dei um passo em sua
direção e agarrei seu rosto. — Eu não sou bom, me ensinaram a ser um monstro e
eu gostei. Tudo que você tem aqui, esse conforto — girei meu dedo no ar — foi
ele quem pensou.
— Por que você vai? — Ela piscou, focada em meus olhos.
— Porque, krasnyy — deslizei meu dedo sobre a sua bochecha,
passando pelo pescoço até o vale dos seus seios —, preciso foder alguém antes
que eu toque no que não é meu.
— Yerík.
Jesus Cristo.
Sua voz ecoando meu nome era a porra do paraíso.
— Não diga meu nome — rosnei, tenso e com o pau empurrando o tecido
da toalha — a não ser que eu esteja dentro de você.
 
 
Assim que ouvi um carro estacionar, me encolhi e fechei os olhos. Eu não
sabia o que havia de errado comigo, mas essa coisa no fundo do meu estômago
que surgia sempre que Yerík ficava por perto estava começando a me sufocar.
Yerík.
Eu nunca ouvi esse nome na minha vida, mas combinava com ele. Era
todo ele, na verdade. Forte, masculino e perigoso.
Quis puxar meu cabelo quando suspirei. Não deveria achar nada naquele
homem que me fizesse suspirar. Ele estava me mantendo presa em uma cabana,
no meio de uma floresta coberta de neve, com uma coleira no pescoço. O que
estava errado comigo?
Yerík não deveria estar em minha mente e muito menos em meus desejos
íntimos.
Fechei meus olhos quando a imagem dele entre minhas pernas surgiu. Sua
palma contra minha vagina em exposição. Minhas bochechas coraram mais uma
vez. Quando ele pediu para ver, algo lá me deixou fervendo. Não sabia explicar
o que era, mas tive vontade de fechar as coxas para aliviar.
— Jesus... — grunhi, sentindo aquele calor começar novamente ao
reviver a cena de ele afastando minha calcinha e olhando com uma fome
desesperada que me imobilizou.
Você deveria estar pensando no que ele vai fazer com as fotos que
tirou, Dasha.
Minha consciência gritou, mas ele disse que não mandaria para o meu pai
se eu o deixasse ver. Engoli em seco e minha mente mais uma vez revirou os
olhos.
Ele sequestrou você, por que diabos cumpriria uma promessa?
Eu não sabia, mas queria acreditar que ele não enviou nada. Afastei o
edredom e me sentei. Ele voltou ao quarto enquanto eu tomava banho e deixou
comida, não o vi mais depois da sua ordem. Não fale meu nome.
Por que eu não podia falar o nome dele? O que tinha de mais nisso?
Peguei a garrafa de água que ele encheu e dei alguns goles. Assim que me
satisfiz, coloquei-a na cômoda. Andei pelo quarto, pela primeira vez prestando
atenção em cada pedaço dele.
Era escuro, sem janela, o único lugar de onde que vinha ventilação era do
banheiro, mas a janelinha pequena que ficava na parte superior estava fechada
com madeira. A cama era confortável até certo ponto, mas os lençóis eram bem
macios. Ela ficava na parede em frente à porta, no meio do quarto. Havia um
guarda-roupa igual ao que tinha no quarto do Yerík e uma cômoda na lateral. Na
mesa onde ele sempre deixava minhas refeições, havia uma cadeira diante dela.
Ela ficava diante da cama, longe da lareira, por isso eu não comia lá.
A lareira ficava ao lado da porta do banheiro. Era linda e eu amava ficar
olhando as chamas crepitando ali.
Ouvi passos e fiquei rígida. Quando a porta foi aberta, uma garota
apareceu. Franzi as sobrancelhas e me afastei, porém, vi Yerík ao fundo, ao lado
do outro. Puxei as mangas do meu moletom e dei passos para trás.
— Oi. Meu nome é Lake.
Ela tinha cabelo preto e longo e olhos azuis. Sua beleza era tão
impressionante quanto a sua audácia ao entrar no quarto, como se fosse dona do
lugar.
— Você está bem, Dasha? — Seus olhos amoleceram ao me perguntar.
Olhei para Yerík e ele suspirou, encarando seu amigo depois.
— Silk... — ele chamou a garota enquanto Yerík o fulminava.
— Não precisa ter medo de mim. Só quero ter certeza de que você está
sendo bem tratada.
Um caroço cresceu, me impossibilitando de engolir.
— Você vai me tirar daqui? Me levar de volta para a casa? — perguntei,
encontrando minha voz.
A garota sorriu devagar e vi Yerík dar um passo em minha direção.
— Infelizmente, não.
— Foi o que pensei. Você é cúmplice deles — afirmei rápido e ela parou
de sorrir. — Você sabe o que é ser tirada de casa e enfiada no inferno?
— Não, mas eles sabem.
O quê? Olhei para os dois que só observavam como falcões.
— Não vou te tirar daqui, Dasha, mas quero que sua estadia seja
tranquila...
— Não queira. Eu nunca estarei tranquila enquanto estiver amarrada
numa cama, longe da minha família.
— Cadê suas cordas? — o outro homem perguntou, olhando para meus
pulsos.
Eu o ignorei. Yerík não colocou a coleira em mim novamente e eu queria
continuar assim.
— Preciso ir. Então, é melhor parar com a conversa — Yerík falou para
a garota. — Faça sua esposa se mexer, Villain.
O homem suspirou.
— Não fale como se eu não estivesse aqui — ela grunhiu rapidamente e
encarou seu marido. — Quero falar com ela. Sozinha.
— Nem fodendo — Yerík negou e pulei na cama, assustada.
— Olhe o que fez, você a assustou.
Ele ignorou a garota e a mim.
— Talvez, outro dia. — Villain pegou-a pela cintura e a fez o encarar. —
Não se meta nisso. Já falei. Dasha é dele.
Dasha é dele. Não, eu não era!
— Dele? — a garota rosnou e ele agarrou seu rosto, me fazendo
arregalar os olhos.
— Não é nosso assunto, Lake. Agora, vamos.
Ela respirou fundo e se soltou dele. Lake se virou, me olhou e suspirou.
— Como você pode ver, não sou muito bem-vinda aqui, mas voltarei.
Eu acenei e observei ela e Villain deixarem o quarto. Yerík permaneceu e
me encarou por segundos sem falar nada.
— Adeus — disse, tremendo. Ele entrou no quarto, batendo a porta atrás
dele.
— Sabe quando você vai sair do inferno e irá para a casa?
Sua voz enviou calafrios pelo meu corpo e segurei um gemido estúpido
que não sabia de onde havia surgido.
— Quando você tiver sua vingança — respondi assim que encontrei
minha língua.
— Você é minha vingança, krasnyy.
O quê? Abri a boca para questionar, mas ele pressionou o dedo contra
meus lábios.
— No dia que você voltar, vai desejar nunca ter saído da coleira que
prende você.
O que ele queria dizer com isso?
— Eu vou te quebrar, te arruinar, e quando acabar você ainda vai desejar
ser minha.
Eu fiquei rígida e me afastei das suas mãos, me arrastando na cama até
ficar contra a cabeceira. Yerík sorriu e mordeu o lábio olhando para o meu
corpo, então desviei os olhos.
— Nunca vou desejar ser sua — falei baixo, encarando a coleira caída
ao lado da cama.
Nunca iria querer ser de um homem que tinha me amarrado e me
prendido em um porão no fim do mundo. Nunca ia querer ser de Yerík, porque
ele era um monstro.
Um com o qual eu jamais poderia competir.
— Vamos ver, krasnyy.
Fechei meus olhos e abracei minhas coxas, ouvindo-o sair do quarto e
fechar a porta. Minha garganta fechou e senti as lágrimas chegarem com força.
Solucei e tapei meus lábios, tentando parar o barulho. Não adiantou.
Eu chorei por um longo tempo. Mesmo depois do carro partir, ainda
chorei.
E uma parte de mim sabia que uma parte dele estava certa. Eu o
desejava.
E isso nunca deveria ser concebível.
Eu só podia estar doente.
À noite, dormi rapidamente depois que Villain trouxe meu jantar, porém,
minha mente foi até onde Yerík disse que iria. Eu o imaginei com uma mulher,
suas mãos tocando o corpo dela com firmeza, sua boca na dela beijando-a. Meu
ventre se apertou e suspirei, abrindo os olhos e encarando a escuridão.
Minha mão deslizou pela barriga e senti o tecido grosso da calça e
depois o macio da minha calcinha. Abri minhas coxas e deslizei meus dedos
pelas dobras que estavam escorregadias. Fechei meus olhos ao pressionar meu
clitóris ou outra coisa, não fazia ideia, mas foi

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