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Marina Guerra - Odontologia | Facsete Odontopediatri� II Terapia Pulpar em Dentes Decíduos A terapia pulpar em dentes decíduos é a última alternativa para tentar recuperar o elemento. Em caso de falha, opta-se por extraí-lo. Ocorre, no geral, por duas situações clínicas: ↠ Cáries dentárias muito extensas e profundas. ↠ Traumatismos. → Ciclo Biológico dos Elementos Decíduos Alguns fatores do Ciclo Biológico precisam ser levados em consideração para a realização da TP. O primeiro deles é que a vida média de um dente decíduo é 8,3 anos desde a odontogênese. Rizólise ► Para a realização da terapia pulpar, o dente precisa de, pelo menos,⅔ de raiz. Somente⅓ dessa raiz pode ter sido reabsorvido. Se ultrapassar esse limite, indica-se exodontia. ► Importante levar em consideração os estágios de Nolla. ⤷ Quanto mais próximo do estágio 7 ou 8 melhor pois o dente permanente já está mais próximo de irromper na cavidade. ► Levar em consideração também a possibilidade de instalar um mantenedor de espaço caso a ruptura do permanente esteja mais distante. Rizólise Irregular ► Outra situação que você pode se deparar é essa, quando o permanente já está quase irrompendo, mas uma porção do dente ainda apresenta muita raiz devido a esse “desvio" de trajeto. ↓ Nesse caso dificulta também a terapia pulpar, sendo a exo a melhor opção. Marina Guerra - Odontologia | Facsete Rizólise de Anteriores ► Geralmente a trajetória de erupção dos anteriores, é por lingual do dente decíduo. ► Requer muito cuidado na terapia pulpar, para não inserir a lima mais do que o comprimento de trabalho e acabar atingindo o germe do dente permanente. → Anatomia dos Dentes Decíduos Temos características anatômicas da dentição decídua relevantes para a realização de TP. ► Menor espessura de esmalte e dentina em relação ao dente permanente. ► Maior volume pulpar em relação ao tamanho da coroa. ► Contornos pulpares proeminentes. ⤷ requerem maior cuidado na remoção de cáries interproximais. ► Maior número de canais intra radiculares na região de furca, o que gera uma dificuldade maior de instrumentação. ► Presença de foraminas acessórias. ► Anatomia complexa dos canais radiculares. ► Curvatura acentuada das raízes. ► Reabsorção irregular. ⤷ nos molares, acomete mais a região de furca. → Diagnóstico Pulpar É o resultado obtido pelo conjunto Anamnese + Exame Clínico + Exames Radiográficos + Exame Físico. Anamnese Geralmente, a QP está relacionada à dor. Logo, é necessário buscar informações sobre a dor. ⤷ local, intensidade, duração, estímulos, se impede ou não atividades diárias, se há agora ausência da dor após um pico. Marina Guerra - Odontologia | Facsete Obs.: se a dor for somente provocada, provavelmente trata-se de uma pulpite reversível. Exame Fisíco Extra Oral Atentar-se aos sinais de queda, a/incidentes e tumefações. As tumefações podem indicar algum tipo de infecção. Exame Intra Oral Buscar por: ► Fístulas. ► Alteração de cor da gengiva. ► Abscesso localizado. ► Tumefação. ► Lesão de cárie. ► Mobilidade. ► Fratura. ► Mudança de coloração dentária. Exames Complementares Na radiografia, observar: ► Extensão da lesão de cárie. ► Rarefação óssea na região de furca. ► Lesão periapical. ► Rompimento da cripta do sucessor permanente. ► Grau de rizólise no decíduo. ► Grau de rizogênese no permanente. → Situações Clínicas Em Caso de Vitalidade Pulpar 1) Hiperemia Pulpar Consiste numa ligeira inflamação da polpa na tentativa de se defender contra o agente agressor. Nesta fase da inflamação, chega à polpa excessiva quantidade de sangue. Características: ► Ausência de dor e sinais radiográficos. ► Se NÃO houver exposição pulpar, o tratamento se dá por capeamento pulpar indireto. ► Se HOUVER exposição pulpar, o tratamento se dá pelo capeamento pulpar direto. ↳ Exposição pequena, acidental, sem tecido cariado, pouco sangue. 2) Pulpite Reversível A pulpite reversível é causada pela evolução da cárie, mas nos casos em que a inflamação não necrosou vasos e nervos; portanto é possível reverter o quadro. Características: ► Dor provocada. ► Sem sinais radiográficos de lesão periapical. ► Quando não ocorre exposição, realizamos o capeamento pulpar indireto. ► Em caso onde haja exposição pulpar, o tratamento é a pulpotomia. ↳ Exposição extensa, presença de tecido cariado, sangramento vermelho vivo, textura normal da polpa (resistente ao corte) e fácil hemostasia. 2) Pulpite Irreversível Marina Guerra - Odontologia | Facsete A pulpite irreversível ocorre a partir de uma agressão microbiana aos tecidos dentários. Como resposta, células inflamatórias são enviadas para o local da agressão, ocorrendo vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, liberação de mediadores inflamatórios e o desenvolvimento de dor. Características: ► Dor espontânea. ► Sangue escuro opaco. ► Textura da polpa alterada. ► Difícil hemostasia. Único tratamento possível para pulpite irreversível é a PULPECTOMIA. Em Caso de Ausência de Vitalidade Pulpar 1) Necrose Pulpar É a morte da parte viva do dente que é chamada de polpa. Características: ► Fístula; abscesso. ► Ausência de sangramento. ► Presença ou não de rarefação óssea. ► Reabsorção da raiz alterada. O tratamento consiste na necropulpectomia. Marina Guerra - Odontologia | Facsete → Capeamento Pulpar Indireto Remoção parcial da dentina cariada e proteção do complexo dentino-pulpar com um material biocompatível. Indicações: ↠ Lesões de cárie profundas. ↠ Ausência de sintomatologia dolorosa. ↠ Ausências de sinais de alterações pulpares irreversíveis. ↠ Ausências de sinais radiográficos. ↠ Rizólise de até ⅓ da raiz. Contraindicações: ↠ Dor espontânea. ↠ Exposição pulpar. ↠ Lesão peri ou intra-radicular. ↠ Rizólise avançada. ❥ Material Utilizado ► Cimento de Hidróxido de Cálcio ► Cimento de Ionômero de Vidro ► Sistema adesivo ❥ Passo a Passo ► Detectar por radiografia, a proximidade da lesão com a polpa. ► Remoção do tecido cariado até a dentina semelhante à lascas na parede pulpar. ► Proteção pulpar com hidróxido de cálcio. ► Base com CIV e restauração com resina composta. → Capeamento Pulpar Direto Inserção de material biocompatível diretamente sobre uma exposição pulpar traumática ou ocorrida durante um procedimento operatório (hidróxido de cálcio). Indicações: ↠ Tratamento em até 24h pós trauma. ↠ Exposição mecânica acidental no fim do preparo cavitário. ↠ Sangramento de coloração normal. ↠ Facilidade de hemostasia. ↠ Ausências de sinais clínicos e radiográficos. Contraindicações: ↠ Dente com lesão cariosa. ↠ Rizólise avançada. ❥ Material Utilizado ► PA e cimento de Hidróxido de Cálcio ► MTA - Agregado de trióxido mineral Estes materiais causam uma desnaturação proteica superficial, induzem a liberação de TGF - ß, estimulação de células pulpares e formação de dentina reparadora. ❥ Passo a Passo ► Preparo e exposição pulpar (acidental) sob isolamento absoluto. ► Lavagem da cavidade com soro fisiológico. ► Secagem com pelota de algodão estéril. Marina Guerra - Odontologia | Facsete ► Colocação de pó ou pasta de hidróxido de cálcio ► Cimento de HC. ► Base com CIV e restauração com resina composta. → Pulpotomia Remoção da polpa coronária e tratamento do remanescente radicular com um medicamento que permita a manutenção do dente decíduo no arco até sua esfoliação natural. Indicações: ↠ Exposição pulpar por cárie ou trauma. ↠ Sangramento vermelho vivo. ↠ Facilidade de hemostasia. ↠ Resistência ao corte. Contraindicações: ↠ Dor espontânea. ↠ Dificuldade de hemostasia após amputação. ↠ Fístula ou abscesso dentoalveolar. ↠ Sensibilidade à percussão vertical e/ou mobilidade. ↠ Espessamento do ligamento periodontal. ↠ Presença de lesões inter-radiculares ou periapicais. ↠ Reabsorções internas. ↠ Reabsorções fisiológicas avançadas (<1/3 da raiz presente). ❥ Material Utilizado para medicação ► Hidróxido de Cálcio ► Glutaraldeído ► MTA ► Formocresol ❥ Passo a Passo ► Anestesia local. ► Isolamento absoluto. ► Remoção do tecidocariado com broca esférica. ► Lavagem da cavidade com soro fisiológico. ► Remoção do teto da câmara coronária – broca cilíndrica ou tronco cônica com ponta inativa. ► Amputação da polpa coronária. ► Irrigação com soro. ► Aplicação da pelota de algodão com pressão para hemostasia. ► Aplicação de medicamento. ► Proteção do medicamento com cimento de hidróxido de cálcio ou lâmina de guta-percha. ► Colocação de uma base de óxido de zinco e eugenol (câmara coronária). ► Selamento com material provisório – CIV. ► RX Final. ► Restauração definitiva. Técnica de Aplicação do HC ou MTA na entrada dos canais radiculares ► Em situações de exposição cariosa, gotejar Otosporim (corticóide e antibiótico) em um pote dappen e umedecer mecha de algodão esterilizada. ► Comprimir suavemente essa mecha em uma gaze esterilizada. ► Colocar a mecha na câmara pulpar, sobre os remanescentes pulpares. ► Sobre essa mecha, colocar outra mecha seca. Marina Guerra - Odontologia | Facsete ► Fazer o vedamento da cavidade com OZE. ► Após 48hrs, anestesiar, isolar, reabrir o dente, retirando as mechas de algodão. ► Colocar, sobre os remanescentes pulpares, o HC (pasta) e o Cimento de Hidróxido de Cálcio ou MTA. → Pulpectomia Remoção completa da polpa dental, PQM do SCR e obturação com pasta reabsorvível, com o objetivo de manter o espaço ou ainda reabilitar morfofuncionalmente. Sintomatologia: ↠ Dor intermitente ou persistente, aumentada pelo frio ou calor. ↠ Dor espontânea que não cessa com analgésicos. ↠ Sensibilidade à palpação e percussão; Aspectos clínicos: ↠ Fístula ou Abscesso. ↠ Escurecimento da coroa do dente. ↠ Possibilidade de Isolamento absoluto e restauração. Aspectos Radiográficos: ↠ Integridade da lâmina dura. ↠ 2/3 da raiz íntegra. ↠ Localização favorável do permanente. ↠ Lesões perirradiculares ou periapicais. ❥ Passo a Passo ► Odontometria (conhecer o comprimento do dente para correto PQM). ► Anestesia Local e Isolamento Absoluto. ► Remoção do tecido cariado e abertura coronária (brocas esféricas ou cilíndricas de ponta inativa) ► Irrigação e Aspiração. ► Preparo químico mecânico – Limas Kerr Limas: 30-35 (posteriores), 50-60 (anteriores) Soluções irrigadoras: Dakin (0,5%), Milton (1%) para polpas necrosadas. Soro fisiológico para polpas vivas Instrumentação: Máximo de 3 limas de acordo com a amplitude do canal Uso crescente de limas – todas no comprimento de trabalho Irrigação e aspiração a cada troca de lima ► Secagem dos canais ► Curativo de demora → Em casos de necrose pulpar associado a lesões perirradiculares. Cooperação da criança Presença de coleção purulenta Sangramento intracanal 30 dias – Pasta de hidróxido de cálcio ► Obturação do SCR Não há consenso sobre o material de obturação Óxido de zinco e eugenol - Utilizado por muitos anos; associado ao HC; Reabsorção lenta; Reação de corpo estranho. Hidróxido de cálcio - Antimicrobiano; Formação de dentina; Bons resultados clínicos; radiopaca, reabsorvível. Marina Guerra - Odontologia | Facsete Pastas à base de Iodofórmio - Excelentes resultados clínicos; rápida reabsorção; Antisséptico. Pasta Guedes-Pinto - Antisséptico; Antimicrobiano; Ação bacteriostática; Antinflamatório; Antibiótica. ► Após a remoção do curativo de demora, deve-se irrigar o canal com hipoclorito de sódio (0,5 ou 1%). ► Secar o canal com cones de papel absorventes esterilizados. ► Inserir a pasta obturadora nos canais radiculares com auxílio de lima do tipo Kerr – utilizar a lima cujo diâmetro foi a da primeira utilizada na instrumentação. ❥ Passo a Passo Após Obturação ► Limpeza da cavidade. ► Colocação de guta percha e cimento de hidróxido de cálcio. ► Restauração provisória. ► Radiografia final. ► Restauração definitiva. ► Proservar por 3, 6 meses ou anual. ► Regressão dos sintomas, reabsorção das estruturas, erupção do permanente.
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