Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO PROCESSUAL PENAL I CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL É um instrumento através do qual o direito penal se torna eficaz, aplicável a um sujeito, uma ferramenta a serviço do Estado, utilizada para punir, bem como uma ferramenta de garantias do acusado que determina os limites do Estado. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS Historicamente, há, como regra, três sistemas regentes do processo penal: A) INQUISITIVO; B) ACUSATÓRIO; C) MISTO. INQUISITIVO É caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce, também, a função de acusador; a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates orais, predominando procedimentos exclusivamente escritos; os julgadores não estão sujeitos à recusa; o procedimento é sigiloso; há ausência de contraditório e a defesa é meramente decorativa. ACUSATÓRIO Possui nítida separação entre o órgão acusador e o julgador; há liberdade de acusação, reconhecido o direito ao ofendido e a qualquer cidadão; predomina a liberdade de defesa e a isonomia entre as partes no processo; vigora a publicidade do procedimento; o contraditório está presente; existe a possibilidade de recusa do julgador; há livre sistema de produção de provas; predomina maior participação popular na justiça penal e a liberdade do réu é a regra. MISTO Surgido após a Revolução Francesa, uniu as virtudes dos dois anteriores, caracterizando-se pela divisão do processo em duas grandes fases: a instrução preliminar, com os elementos do sistema inquisitivo, e a fase de julgamento, com a predominância do sistema acusatório. SISTEMA PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO O sistema adotado no Brasil era o misto; hoje, após a reforma realizada pela Lei 13.964/2019, é o acusatório mitigado (Definição de Guilherme Nucci). JUSTIÇA RETRIBUTIVA X JUTIÇA RESTAURATIVA a) o crime é ato contra a sociedade, representada pelo Estado; a) o crime é ato contra a comunidade, contra a vítima e contra o próprio autor; b) o interesse na punição é público; b) o interesse em punir ou reparar é das pessoas envolvidas no caso; c) a responsabilidade do agente é individual; c) há responsabilidade social pelo ocorrido; d) há o uso estritamente dogmático do direito penal; d) predomina o uso alternativo e crítico do direito penal; e) utilizase de procedimentos formais e rígidos; e) existem procedimentos informais e flexíveis; f) predomina a indisponibilidade da ação penal; f) predomina a disponibilidade da ação penal; g) a concentração do foco punitivo volta-se ao infrator; g) há uma concentração de foco conciliador; h) há o predomínio de penas privativas de liberdade; h) existe o predomínio da reparação do dano causado ou da prestação de serviços comunitários; i) existem penas cruéis e humilhantes; i) as penas são proporcionais e humanizadas; j) consagra-se a pouca assistência à vítima; j) o foco de assistência é voltado à vítima; k) a comunicação do infrator é feita somente por meio do advogado. k) a comunicação do infrator pode ser feita diretamente ao Estado ou à vítima. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL Os princípios no Processo Penal possuem tanto aplicação interpretativa da norma, quanto aplicação direta. JUIZ INDEPENDENTE E IMPARCIAL: O juiz é independente tanto do ponto de vista interno do poder judiciário quanto do ponto de vista externo relativo aos demais poderes, tendo suas prerrogativas positivadas pelo artigo 95, caput da CF. A independência é condição para a imparcialidade, que é fundamental para proferir um julgamento. Sendo assim, a Constituição prevê vedações para os juízes (art. 95, par. ún.) e CPP, impedimentos (art. 252), incompatibilidades (art.253) e suspeições (art. 254). PRINCÍPIOS DO JUIZ NATURAL: Visa assegurar um julgador imparcial, evitando manipulações arbitrárias na escolha dele: Neste sentido, há o art. 5º, XXXVII, CF que trata sobre a vedação de tribunais de exceção; Também, há o inciso LIII, deste mesmo artigo da CF que trata do direito de ser processado e julgado pela autoridade competente predeterminada por lei. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: Súm. 704/STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ: Art. 399, § 2º, CPP - O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: Art. 5º, XXXIII, CF (direito de receber informações de seu interesse particular ou interesse coletivo); Art. 5º, LX, CF - defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (restrição da publicidade). PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO IGUALDADE DAS PARTES OU DA PARIDADE DE ARMAS: Art. 5º, LV, CF - “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”; Está ligado a dialética processual, em que ambas as partes fiscalizam os atos da outra, oportunizando uma outra visão a respeito de um fato, elemento ou testemunho levado aos autos. Assim, o contraditório gera o direito de participação de ambas as partes em relação aos atos praticados no processo. Todavia, importante referir que a participação só será suficiente se ocorrer em pé de igualdade: PARIDADE DE ARMAS. O contraditório efetivo só ocorre quando ambas as partes participam da própria formação da prova. Contraditório do réu delatado, Art. 4º, § 10-A, Lei 12.850/13: “Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou”. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). No final de 2019, antes da supracitada modificação, o Supremo já havia decidido nesse sentido. A conceção de medidas cautelares (liminares) inaudita altera pars representam uma exceção ao princípio do contraditório, e não uma ofensa. Significa a efetivação do princípio da igualdade das partes, já que existe o perigo de a medida tornar-se ineficaz a final, colocando o requerente da cautelar em desvantagem relativamente à contraparte. A paridade das partes no processo implica na igualdade de armas, isto é, de instrumentos processuais para que possam valer os seus direitos e pretensões, não impedindo que posteriormente possa ser analisado, a concessão da liminar é apenas um adiamento temporal da efetivação do contraditório. No inquérito policial, não vige o princípio do contraditório. Investigação criminal é inquisitorial! INDUBIO PRO REO OU FAVOR REI OU PRINCÍPIO DO SOCORRO AO RÉU Por este princípio, na dúvida, absolve-se. Ônus da prova é de quem alega. Ao promotor interessa a água limpa, deve purificar a prova, fazer com que ela não enseje dúvidas. Regência do princípio da verdade real. À defesa, basta criar dúvida! PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA: A ampla defesa é formada pela defesa técnica e pessoal e pode ser exercida de modo positivo e negativo. Art. 5º, LV, CF e Art. 261, CPP - Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Súmula 523/STF: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. GARANTIA DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES: Art. 93, IX, CF - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (...) Este princípio propicia o exercício à ampla defesa. Também, este princípio é chamado de “PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO”. PRINCÍPIO DA VERDADE: A verdade processual ou verdade real. O processo é a reconstrução de um fato histórico, logo, tem limitações intransponíveis. Assim, a única verdade possívelde “aparecer” é a do que foi produzido no processo com os limites inerentes das interpretações. Fundamenta o princípio da inadmissibilidade de produção das provas obtidas por meios ilícitos. PRINCÍPIO DO ESTADO DE INOCÊNCIA: Art. 5º, LVII, CF: (...)ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Nesse sentido, o processo é um instrumento de garantia do cidadão. É uma regra de tratamento e de interpretação probatória (in dubio pro reo). PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DE PRODUÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS: Art. 5º, LVI, CF - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitosi PRINCÍPIO DO DIREITO DE PERMANECER CALADO: Nada mais é do que a modalidade de autodefesa passiva. Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO: Art. 5º, LXXVIII, CF - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação; Casos de prisão cautelar; Trancamento de Ações Penais e Inquéritos por excesso de prazo. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: Versa sobre o respeito ao processo para que se possa punir. Art. 5º, LIV, CF - LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. O Juiz criminal não tem a prerrogativa do cível, que pode mandar emendar. Ou seja, ou ele admite ou não admite a ação e dentre as causas de não admitir está a inépcia da inicial com base no art. 395 (inicial que não serve para o fim que se destina). A inicial para o processo penal é a denúncia ou a queixa-crime, esta deve acusar de tal forma que circunscreva o caso em uma moldura, a fim de assegurar o direito de defesa. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO: O Ministério Público (denúncia) ou o querelante (queixa-crime) irá descrever os fatos e, após, dará uma definição jurídica a estes fatos. O juiz está vinculado aos fatos descritos na denúncia, no momento da sentença, o juiz deverá guardar relação aos fatos narrados, não à definição jurídica. Neste sentido surgem dois institutos para preservar este princípio da correlação: emendatio libelli e mutatio libelli. A emendatio libelli está prevista no artigo 383 do CPP: “Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.” § 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. § 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.” Ou seja, se o juiz percebe que o MP incorreu em erro de definição jurídica o juiz apenas emendará a peça acusatória adequando o fato a classificação jurídica ou a definição jurídica adequada. Já o art 384 do CPP prevê o instituto da mutatio libelli, no qual surge um fato que não estava previsto na denúncia que altera a classificação/definição jurídica daquele fato inicial. Neste caso o Juiz não poderá condenar pela anterior definição jurídica pois não haveria relação do fato com a denúncia. Neste caso o juiz deverá dar vista ao MP, que deverá aditar a denúncia, fazendo integrar este novo fato a denúncia, entregue a defesa para se manifestar, se necessário for deverá proceder uma instrução com debates orais e só então o juiz poderá proferir uma sentença condenatória com base no aditamento da denúncia. Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. INQUÉRITO POLICIAL CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL: É um instrumento inquisitório, deve ser ESCRITO, SIGILOSO E NÃO OBRIGATÓRIO. Poderão ser requeridas diligências pelo ofendido ou por seu representante legal, mas serão julgadas pertinentes ou não pela autoridade (Delegado). Artigo 14 CPP. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos ELEMENTOS INFORMATIVOS colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Note-se que os elementos informativos não são provas, então não podem embasar sentença condenatória se não estiverem angariados de provas colhidas no processo. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL ESCRITO: ✔ Artigo 9º, CPP. ✔ Páginas rubricadas, caso datilografadas SIGILOSO: ✔ Sigilo necessário, Art. 20, CPP; ✔ Art. 7º, XIV, Lei 8906/94 (Estatuto/Advocacia) e Súmula Vinculante 14/STF. ✔ O advogado pode ter vista dos autos. Súmula Vinculante 14/STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. NÃO OBRIGATÓRIO/DISPENSÁVEL: ✔ Art. 12; 39, § 5º e 46, § 1º, do CPP. ✔ Mesmo não sendo obrigatório, ele acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. INDISPONÍVEL: ✔ Art. 17 CPP. Obs.: nas hipóteses de atipicidade formal o delegado não é obrigado a instaurar IP. No entanto, uma vez instaurado o IP o delegado não pode arquivar o IP, deverá encaminhar ao MP, que enviará ao Juiz. INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL As regras sobre o início do procedimento variam de acordo com o tipo de ação penal do crime investigado: I) AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA (ART. 5, CAPUT): Se o tipo se enquadrar em tipo penal tutelado pela ação penal pública incondicionada o inquérito poderá começar: a) de ofício pela autoridade policial (inc. I): através de Notícia-crime de qualquer do povo (art. 5, §3º) b) Requisição do MP (inc. II): vinculatória. c) Requisição do Juiz (inc. II): vinculatória. d) Requerimento do ofendido ou do seu representante (inc.II) ✔ Do despacho que indeferir o requerimento de abertura do IP, poderá recorrer ao “chefe de polícia” (art. 5, § 2º) ✔ Prisão em flagrante (art. 8) Depois que um IP é aberto ele não é fechado pelo delegado. II) AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA (ART. 5, § 4º): Se o tipo se enquadrar em tipo penal tutelado pela ação penal pública condicionada o inquérito poderá começar: a partir da representação do ofendido. III) AÇÃO PENAL PRIVADA (ART. 5º, §, 5º): Se o tipo se enquadrar em tipo penal tutelado pela ação penal privada, o inquérito poderá começar: a partir do requerimento do ofendido. OBS ¹: Ação penal de competência originária dos Tribunais É quando o processo penal inicia já em segundo grau - exemplo: crime cometido no exercício da função/em razão da função de um prefeito, começa no TJ ou TRF, de um governador, começa no STJ, por deputado federal, começa no STF. Para investigar, deve-se pedir autorização para tribunal, que deverá autorizar ou não a investigação. Neste caso, havendo a autorização, haverá um Ministro ou um Desembargador relator que será o responsável por controlar aquela investigação. OBS ²: Denúncia anônima = Notícia crime anônima. Não pode servir de base para instaurar inquérito policial. Pode autorizar a realização de atos de investigação? Art. 5º, § 3º (VPI - verificação de procedência da informação). O delegado irá verificar a procedência da denúncia antes. Não serve para oTribunal autorizar o início da investigação. Não serve para determinar meios de obtenção de prova. OBS³: Critérios de definição da atribuição do Delegado: Não se fala em competência (medida da jurisdição), mas atribuição para realizar determinada atividade. A atuação policial ocorrerá em determinada “circunscrição”. DELEGACIA ESPECIALIZADA: circunscrição com base na matéria DELEGACIA REGIONAL DE XXX: circunscrição com base no território. Nota-se que a violação dos critérios de atribuição não gera incompetência absoluta ou relativa. No caso de meios de obtenção de prova, por depender de autorização judicial, em caso de incompetência do juiz, haverá nulidade. Exemplo: Um delegado de novo Hamburgo apura crime ocorrido em São Leopoldo. No meio da investigação foi necessário requerer ao juiz um mandado de busca e apreensão. Se este pedido for enviado ao Juiz de Novo Hamburgo haverá incompetência do juiz, logo, nulidade. CUIDADO COM A LITERALIDADE DO ART. 4º CPP: A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. • Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. INVESTIGAÇÕES: Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; ❖ Note-se que a mera apreensão não depende, como regra, de autorização judicial. III - colher todas as provas (elementos) que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações (contradições); VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. RECONSTITUIÇÃO: É a reprodução simulada do fato ocorrido. Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta NÃO contrarie a moralidade ou a ordem pública. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO (ART. 21, CPP) Indiciado é o indivíduo que a investigação entende ser o culpado pelo ato criminoso. É uma decisão (despacho) do juiz que será provocado (requerimento), pela autoridade policial ou pelo MP, fundamentado no interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Esta incomunicabilidade não excederá de três dias e possui a limitação de que o advogado pode se comunicar, pessoal e reservadamente, com o seu cliente. ❖ Dispositivo não recepcionado pela Constituição VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO: Quando o IP serve de base para a denúncia ele servirá de base para a ação penal (CPP, art. 12). Os elementos de informação colhidos no inquérito policial não são prova em sentido estrito (não são produzidos em contraditório – CPP, art. 155, caput), mas podem ser valorados, se em concordância com as provas produzidas em juízo. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Prova pericial produzida no inquérito policial: PROVA CAUTELAR (exemplo: exame de corpo de delito). OBS: “Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, perícias e documentos são provas que não necessitam ser repetidas no curso da ação penal, podendo ser validamente utilizadas para a definição da culpa penal sem violação do art. 155 do Código de Processo Penal” (AgRg no REsp 1.522.716/SE, j. 20/03/2018). CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL: Prazo (art. 10, caput) – regra geral: se o investigado estiver solto: 30 dias, podendo ser prorrogado por pedido do Delegado de Polícia (por prazo a ser definido pelo Juiz) para diligências imprescindíveis à denúncia. Se o investigado estiver preso: 10 dias. Com as modificações do Pacote Anticrime, segundo o Art. 3-B, § 2º, se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias. • ATENÇÃO: A vigência do citado artigo está suspensa em razão de decisão do STF. PRAZOS ESPECIAIS: ✔ Lei de drogas, 11.343/06, Art. 51: 30 dias para o investigado preso e 90 dias para o investigado solto. Os prazos podem ser duplicados. ✔ Prisão Temporária nos crimes hediondos, Lei 8072/90: O inquérito poderá durar, enquanto transcorrer a prisão: 30 dias prorrogáveis por mais 30. SE OS PRAZOS NÃO FOREM RESPEITADOS: ✔ Investigado solto: não produz qualquer consequência; ✔ Investigado preso: a prisão torna-se ilegal, segundo Art. 3-B, §2º. • ATENÇÃO: A vigência do citado artigo está suspensa em razão de decisão do STF RELATÓRIO: É o meio pelo qual o IP é finalizado - Art. 10, §§ 1º e 2º, CPP. Não é necessário tipificar o delito, bem como a eventual tipificação não vincula o promotor. A autoridade pode indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. Remeter a juízo objetos e instrumentos do crime, Art. 11, CPP. A conclusão do relatório indicará o indiciamento ou arquivamento. INDICIAMENTO: ✔ Lei 12.830/2013 (investigação criminal), art. 2.º, §6.º: “O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.” ✔ Momento: Só pode ocorrer no inquérito e pelo Delegado de Polícia. ✔ Demais incumbências da autoridade policial: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão preventiva (pedido de prisão preventiva). INFO 907, Supremo - O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicia. DESTINO E ARQUIVAMENTO: ✔ Distribuição no Foro, salvo caso de prevenção. ✔ É recebido pelo Juiz, dando-se vista ao MP. ✔ O Promotor poderá: oferecer a denúncia; arquivar; requerer novas diligências. • ATENÇÃO, pois o MP somente poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial para novas diligências IMPRESCINDÍVEIS ao oferecimentoda denúncia A autoridade policial NÃO pode arquivar o inquérito, Art. 17, CPP. Conforme a redação do CPP antes do Pacote Anticrime, o arquivamento só será realizado pela autoridade judicial, mediante pedido do MP. Ainda, se o Juiz não concordar com o pedido de arquivamento, mandará os autos do inquérito para o Procurador Geral, que, se determinar pelo arquivamento deverá o Juiz obrigado a atender o pedido de arquivamento (Art. 28, CPP). *ATENÇÃO: Com as modificações introduzidas pela Lei 13.964/2019, relativas ao arquivamento do Inquérito Policial (Art. 28, CPP - Lei 13.964/2019), o arquivamento seria feito diretamente pelo MP, que após decidir pelo arquivamento, o promotor do caso, encaminharia os autos para instância superior, dentro do próprio Ministério Público, para homologação. O órgão superior do MP poderia: a) homologar; b) oferecer a denúncia; c) requisitar diligências; d) designar outro órgão do MP para o oferecimento da denúncia. Também, a vítima e a autoridade policial deveriam ser comunicados acerca da decisão Ministerial, abrindo a possibilidade para a vítima ou seu representante, caso não concordem com o arquivamento, poderiam interpor recurso – em até 30 dias do recebimento da comunicação -, para a instância superior do MP. No entanto, estão suspensas as normas referentes ao arquivamento (Art. 28, CPP - Lei 13.964/2019) por decisão do STF (Medida Cautelar na ADI 6305). A decisão de arquivamento do IP não transita em julgado: Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. DESARQUIVAMENTO: Basta a notícia de provas novas: Súm. 524/STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas Ocorre por decisão Ministerial, que irá requerer a execução de novas diligências à autoridade policial; A autoridade policial poderá representar, ao MP, pelo desarquivamento.
Compartilhar