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Prévia do material em texto

César Evangelista Fernandes Bressanin
Kamila Gusatti Dias 
Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida
(Organizadores)
Editora Ilustração
Cruz Alta – Brasil
2022
INSTITUIÇÕES ESCOLARES
HISTÓRIA, MEMÓRIA E NARRATIVAS
Volume 1
Responsável pela catalogação: Fernanda Ribeiro Paz - CRB 10/ 1720
2022
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora Ilustração
Todos os direitos desta edição reservados pela Editora Ilustração
Rua Coronel Martins 194, Bairro São Miguel, Cruz Alta, CEP 98025-057
E-mail: eilustracao@gmail.com
www.editorailustracao.com.br
Copyright © Editora Ilustração
Editor-Chefe: Fábio César Junges
Capa: Vone Petson Pereira Branquinho
Revisão: Os autores
CATALOGAÇÃO NA FONTE
I59 Instituições escolares [recurso eletrônico] : história, memória e
narrativas / organizadores: César Evangelista Fernandes 
Bressanin, Kamila Gusatti Dias, Maria Zeneide Carneiro 
Magalhães Almeida. - Cruz Alta : Ilustração, 2022.
v. 1.
ISBN 978-85-92890-45-2
DOI 10.46550/978-85-92890-45-2
 
1. Educação - História. 2. Instituições escolares - História.
3. Formação de professores. 4. Práticas docentes. I. Bressanin, 
César Evangelista Fernandes (org.). II. Dias, Kamila Gusatti (org.). 
III. Almeida, Maria Zeneide Carneiro Magalhães (org.). 
 
 CDU: 37(091)
Conselho Editorial
Drª. Berenice Beatriz Rossner Wbatuba URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Dr. Charley Teixeira Chaves PUC Minas, Belo Horizonte, MG, Brasil
Dr. Douglas Verbicaro Soares UFRR, Boa Vista, RR, Brasil
Dr. Eder John Scheid UZH, Zurique, Suíça
Dr. Fernando de Oliveira Leão IFBA, Santo Antônio de Jesus, BA, Brasil
Dr. Glaucio Bezerra Brandão UFRN, Natal, RN, Brasil
Dr. Gonzalo Salerno UNCA, Catamarca, Argentina
Drª. Helena Maria Ferreira UFLA, Lavras, MG, Brasil
Dr. Henrique A. Rodrigues de Paula Lana UNA, Belo Horizonte, MG, Brasil
Dr. Jenerton Arlan Schütz UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil
Dr. Jorge Luis Ordelin Font CIESS, Cidade do México, México
Dr. Luiz Augusto Passos UFMT, Cuiabá, MT, Brasil
Dr. Manuel Becerra Ramirez UNAM, Cidade do México, México
Dr. Marcio Doro USJT, São Paulo, SP, Brasil
Dr. Marcio Flávio Ruaro IFPR, Palmas, PR, Brasil
Dr. Marco Antônio Franco do Amaral IFTM, Ituiutaba, MG, Brasil
Drª. Marta Carolina Gimenez Pereira UFBA, Salvador, BA, Brasil
Drª. Mércia Cardoso de Souza ESEMEC, Fortaleza, CE, Brasil
Dr. Milton César Gerhardt URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Dr. Muriel Figueredo Franco UZH, Zurique, Suíça
Dr. Ramon de Freitas Santos IFTO, Araguaína, TO, Brasil
Dr. Rafael J. Pérez Miranda UAM, Cidade do México, México
Dr. Regilson Maciel Borges UFLA, Lavras, MG, Brasil
Dr. Ricardo Luis dos Santos IFRS, Vacaria, RS, Brasil
Dr. Rivetla Edipo Araujo Cruz UFPA, Belém, PA, Brasil
Drª. Rosângela Angelin URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Drª. Salete Oro Boff IMED, Passo Fundo, RS, Brasil
Drª. Vanessa Rocha Ferreira CESUPA, Belém, PA, Brasil
Dr. Vantoir Roberto Brancher IFFAR, Santa Maria, RS, Brasil
Drª. Waldimeiry Corrêa da Silva ULOYOLA, Sevilha, Espanha
Este livro foi avaliado e aprovado por pareceristas ad hoc.
SUMÁRIO
PREFÁCIO ..........................................................................................13
Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro 
APRESENTAÇÃO .............................................................................19
César Evangelista Fernandes Bressanin 
Kamila Gussatti Dias 
Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida 
Capítulo 1 - HISTÓRIAS DAS ESCOLAS E CONSTRUÇÃO DE 
IDENTIDADES ................................................................................25
Libania Xavier 
Livia de Fátima Conceição 
Fernanda Monteiro 
Capítulo 2 - A ESCOLA NORMAL DO BRÁS: CULTURA 
MATERIAL E CULTURA EMPÍRICA (SÃO PAULO, 1913-1924) ...39
Wiara Rosa Rios Alcântara 
Capítulo 3 - O ENSINO PRIMÁRIO PICOENSE: MEMÓRIAS DE 
PROFESSORAS DO GRUPO ESCOLAR COELHO RODRIGUES 
EM PICOS/PI (1960-1970) ................................................................55
Danila da Silva Nascimento Gomes 
Capítulo 4 - ESCOLA TERRITORIAL DE 1º GRAU PAULO DE 
ASSIS RIBEIRO: EM MEIO A MATA, NASCE UMA ESCOLA .......73
Flaviana Faustino da Silva 
Elizabeth Figueiredo de Sá 
Dálete Cristiane Silva Heitor de Albuquerque 
Capítulo 5 - UMA HISTÓRIA DE FORMAÇÃO DOCENTE NO 
BRASIL: DA FACULDADE ADVENTISTA DE EDUCAÇÃO 
(FAED) AO CURSO DE PEDAGOGIA DO CENTRO 
UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO (UNASP) .......89
Giza Guimarães Pereira Sales 
Rosane Michelli de Castro 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
Capítulo 6 - A PRODUÇÃO DE IMPRESSOS ESCOLARES NO 
GINÁSIO DOM BOSCO: LEITURAS SOBRE O PERIÓDICO O 
GINÁSIO (1935-1945) ......................................................................103
Jéssica Lima Urbieta 
Loren Katiuscia Paiva da Silva 
CAPÍTULO 7 - HISTÓRIA, MEMÓRIA, CELEBRAÇÕES E 
TRADIÇÃO: O JEITO SEI DE SER ................................................119
Luana Tainah Alexandre Braz 
Magda Sarat 
Capítulo 8 - ENTRE POAIAS E GOTEIRAS: UM ESTUDO 
SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR 
DESEMBARGADOR CANÊDO .....................................................137
Luciano Dias Nunes 
Thaís Reis de Assis 
Capítulo 9 - INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS: UMA PERSPECTIVA 
HISTÓRICA MODERNA NA EUROPA E O SEU REFLEXO NO 
BRASIL..............................................................................................153
Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida 
Marliane Dias Silva 
Maria Edimaci Teixeira Barbosa Leite 
Capítulo 10 - NOTÍCIAS HISTÓRICAS DA ESCOLA NO 
SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR ................................167
Paulo de Tarso Vellanes 
Capítulo 11 - PRIMEIRA UNIVERSIDADE DO CENTRO-OESTE: 
BREVE HISTÓRICO .......................................................................185
Sonia Maria Zanezi Peres 
Gleison Peralta Peres 
Lucia Helena Rincón Afonso 
Capítulo 12 - A ESCOLA ESTADUAL JOSÉ GARCIA LEAL 
(PARANAÍBA – MS): SINAIS E LEMBRANÇAS DE UMA 
DIRETORA ESCOLAR ....................................................................195
Adriana Ribeiro de Brito e Silva 
Ademilson Batista Paes 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
Capítulo 13 - OS NEOPENTENCOSTAIS E AS FINALIDADES 
EDUCACIONAIS NAS ESCOLAS PUBLICAS BRASILEIRA ........209
Edmar Moreira Alves 
Capítulo 14 - OS CATECISMOS PROTESTANTES INSERIDOS NO 
CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO DO SÉCULO XIX 223
Josué dos Santos Alves 
Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento 
Jorge Carvalho do Nascimento 
Capítulo 15 - AS PRIMEIRAS ESCOLAS PROTESTANTES EM 
GOIÁS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................241
Tamiris Alves Muniz 
Sauloéber Tarsio de Souza 
Capítulo 16 - ESCOLA OTONIEL MOTA: GÊNESE E 
FUNCIONAMENTO DE UMA INSTITUIÇÃO PROTESTANTE 
EM RIO VERDE – GO (1958 - 1990) .............................................259
Kamila Gusatti Dias 
Capítulo 17 - QUE HISTÓRIA É ESSA? O CENTRO DE 
TREINAMENTO DE PROFESSORES EM INHUMAS NO 
CONTEXTO DA DITADURA MILITAR (1962-1988) ..................275
Gleidson de Oliveira Moreira 
Capítulo 18 - O GRÊMIO LITERÁRIO PORTUGUÊS NO 
OITOCENTOS: INSTITUIÇÃO EDUCATIVA, MEMÓRIA E 
CULTURA EM BELÉM-PA..............................................................289
Maria José da Silva Corrêa Boulhosa 
Mário Allan da Silva Lopes 
Capítulo 19 - ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL E O ENSINO 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA RELAÇÃO ENTRE TEMPO E 
ESPAÇO ............................................................................................303
Ângela Roberta Felipe Campos 
Daniele Gonçalves Lisbôa Gross 
Jackson Carlos da Silva 
José Maria Baldino 
12 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
Capítulo 20 - NEOLIBERALISMO, NOVO NEOLIBERALISMO E 
EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS NO ÂMBITO ESCOLAR .............319
Adma Palmira Jaime Noleto 
Cláudia Valente Cavalcante 
Capítulo 21 - AS RELAÇÕES ENTRE ESTÁGIO CURRICULAR 
SUPERVISIONADO E RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA À LUZ DAS 
NORMATIVASQUE OS REGEM ..................................................333
Andressa Freitas Lopes 
Wesllen Martins Lopes 
Fernando Primitivo Romero Bordin 
Capítulo 22 - REFLEXÕES DO TRABALHO DO PROFESSOR E O 
ESTRESSE OCUPACIONAL ..........................................................347
Ayer Barsanulfo Franco 
Alexsandro Silva Mateus 
Verônica Daniela Gomes 
Capítulo 23 - CRIANDO E RECRIANDO MÉTODOS VISUAIS: 
A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO DA CRIANÇA COM 
SURDEZ ...........................................................................................361
Junior César Ferreira de Castro 
Thays Borges de Lima Goveia 
Capítulo 24 - A DISTÂNCIA ENTRE A ESCOLA QUE TEMOS E A 
ESCOLA QUE QUEREMOS ...........................................................379
Silena da Fonseca Pimentel Paizan 
PREFÁCIO
Honra-me imensamente prefaciar a coletânea intitulada, Instituições Escolares: história, memória e narrativas, pois me 
coloco na postura de quem tem o privilégio de aprender e anunciar a 
alegria do aprendido, bem como divulgar novas descobertas e anúncios de 
pesquisas sobre instituições escolares. Vale ressaltar que a iniciativa de se 
publicar estudos sobre instituições escolares vem demonstrando a vitalidade 
do campo da história da educação brasileira, o que estimula novas pesquisas 
em perspectiva histórica. Assim, essa obra constitui-se como uma relevante 
iniciativa de seus organizadores, que reuniram exímios autores os quais 
realizaram análises de diversos objetos, o que contribuiu sobremaneira para 
os interessados em conhecer a história da educação brasileira.
A noção de instituições escolares se firmou como eixo estruturante 
conceitual fértil à pesquisa acadêmica. Prova isso o volume expressivo de 
estudos que biografam escolas (específicas) como instituição e seus agentes 
como sujeitos que justificam sua existência social e funcional. Com efeito, a 
existência de instituições educacionais tem sido mote para os estudos, pois 
tendem a tratar da criação, das formas e dos tempos de funcionamento, 
às vezes de sua extinção. Desse enfoque, tem sido possível derivar 
compreensões sistemáticas mais amplas, tais como as transformações que 
atravessam sociedades e comunidades, que se refletiriam — e se refletem 
— nas escolas públicas e privadas das quais as populações se valem 
para escolarizar sua prole. Têm sido caracterizados valores e tradições 
que permeiam os processos, os movimentos, as práticas e as mudanças 
associadas à consolidação de sociedades, economias e culturas etc.
Permeiam as instituições escolares quesitos como o lugar da escola, 
sua arquitetura, seu mobiliário, registros documentais da ação docente, 
administrativa e funcional, impressões e ações da população em relação 
às escolas etc. Sobretudo, a compreensão sistemática da constituição e do 
funcionamento das instituições escolares toca na formação e evolução de 
movimentos, processos e lutas sociais de dado tempo e lugar em que se 
instituiu dada escola. Além disso, a proposição de compreender forças 
subjacentes ao movimento de estruturar e fazer funcionar uma escola tem 
levado ao diálogo e à colaboração interdisciplinar, assim como a grupos 
sociais variados, tais como professores, pais de alunos e demais membros 
14 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
da comunidade escolar.
Em pesquisas mais pioneiras, as instituições escolares se fortaleceram 
como campo de pesquisa, em especial, dos estudos histórico-educacionais; 
a ponto de — parafraseando Jacques Le Goff — renovarem abordagens, 
problemas, objetos e métodos; procedimentos e técnicas de pesquisa; 
a ponto de ampliarem o rol de fontes para estudar a história da escola 
brasileira. Na esteira de estudiosos como Justino Magalhães, Dermeval 
Saviani, José Claudinei Lombardi, José Luís Sanfelice, Diana Vidal, Rosa 
Fátima Souza, Ester Buffa e Paulo Nosella, José Carlos Souza Araujo, 
Carlos Henrique Carvalho, Décio Gatti Júnior, Geraldo Inácio Filho, 
Wenceslau Gonçalves Neto, Eliane Marta Teixeira Lopes, Ana Maria de 
Oliveira Galvão, Luciano M. Faria Filho, para ficar em alguns exemplos. 
Assim, a partir de meados dos 1980, tem sido possível compreender 
o passado da educação no Brasil não só segundo seus marcos legais (lei de 
1827, Constituição de 1890, reformas da educação, Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional de 1961 e 1996, a Reforma de 1971 que 
institui o 1° e o 2° Graus e afins). Sobretudo após o começo deste milênio, 
o passado da escola brasileira tem se aberto a uma leitura que, longe de 
desconsiderar a legislação, descortinou processos, ações, reações, práticas, 
conquistas e outros elementos afins à educação escolar no Brasil que 
ficaram ao largo dos estudos feitos no século passado. Caso já exemplar 
é o conceito de grupo escolar como instituição cuja história revela sua 
influência no sistema educacional atual, como nos tempos e espaços, 
no currículo e no programa, na administração escolar... A seriação é um 
exemplo de herança desse modelo escolar. Ou seja, foi no grupo escolar 
que se iniciou o processo de ensino e aprendizagem como movimento 
gradativo-ascendente, em que se vai de um grau básico a um grau superior, 
ano a ano e segundo o desempenho e a frequência. Também derivou do 
grupo escolar o modelo de escola pública: seja a escola estadual ou a escola 
municipal, nomenclaturas substituintes. 
Em que pese a predominância dos usos históricos da categoria, 
instituição escolar, esta tem sido empregada, também, em outras áreas 
de estudo sobre a educação no Brasil. Exemplos incluem abordagens de 
feição sociológica, como as que investigam as relações entre docência e 
identidade da mulher, entre escola e violência, dentre outros; também 
podem ser citadas as abordagens pedagógicas, como no caso dos saberes 
docentes, das práticas pedagógicas, de métodos e técnicas pedagógicas, 
da formação continuada e outros; além das abordagens críticas das 
políticas público-educacionais: origens, interesses, ações, aplicações, 
 15
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
consequências... A categoria instituição escolar se presta a essas searas de 
produção de conhecimentos sobre a educação porque é, sobretudo, uma 
realidade institucional. Reduzida às suas funções primárias, a escola existe 
em função dos alunos e dos professores. Retire-se uma parte da equação, 
e a escola perderá muito de seu significado como instituição social e como 
materialidade. 
Contudo, essas partes essenciais à escola não são, necessariamente, 
fundamentais para que esta possa existir. Ao lado dos corpos discente e 
docente, um sem-número de agentes de outras instituições, inclusive 
políticas, atua para estruturar e fazer funcionar o sistema educacional. Dito 
de outro modo, a categoria, instituição escolar, se projeta em um horizonte 
pleno de possibilidades para se estudar processos educacionais sejam quais 
forem. Se o passado das instituições escolares suscitou mais o interesse de 
pesquisadoras e pesquisadores, não se pode dizer que seu presente não se 
destaque no rol de temas associáveis a elas. Mais que as escolas isoladas, 
mais que a sua reunião nos grupos escolares, mais que a Escola Normal, 
passou a interessar à pesquisa uma diversidade de instituições escolares e de 
temas afeitos. Prova disso está nesta obra, ora prefaciada. 
Do ponto de vista da abordagem sistemática das instituições 
escolares, a obra apresenta estudos afins a uma reflexão filosófica — como 
em texto sobre a distância entre a escola que existe e a escola ideal e em 
texto sobre tempos e lugares da educação física na escola de tempo integral; 
estudos afins a uma epistemologia histórica — como em um texto relativo 
à história das escolas e construção de identidades e em outro referente 
ao reflexo, no Brasil, de estudos acerca de instituições educacionais da 
Europa moderna; estudos afins à materialidade — com em texto sobre 
escola Normal e cultura empírica; estudos afins às relações entre educaçãoe política — como em texto sobre influências do neoliberalismo na escola; 
enfim, estudos afins à metodologia do processo de ensino e aprendizagem 
— vide textos sobre o emprego de tecnologias digitais de informação e 
comunicação no nível fundamental e sobre alfabetização de criança surda 
com recursos didáticos visuais.
Tendo em vista o âmbito dos problemas e objetos, destacam-se: as 
relações entre educação e religião; os fins da educação pública; as tensões 
entre docência e estresse ocupacional docente; a aplicação de métodos; 
a adequação da escola às demandas da sociedade; o efeito das políticas 
públicas na escola; e outros. Tais elementos se desdobram, sobretudo, 
em estudos do campo da história da educação; mas incluem trabalhos 
situáveis na sociologia da educação, como no caso de saberes e práticas 
16 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
profissionais docentes e da tipologia escolar (escolas religiosas). É nítida 
a força das instituições escolares nos estudos histórico-educacionais no 
desdobramento de áreas temáticas e objetos. 
As relações entre história e memória aparecem em quatro estudos, 
onde se projetam a recordação de professora e diretora, assim como a 
memória construída por grêmios, por celebrações e pela tradição. Cara 
à história, a categoria, gênese, se destaca em número de estudos: são seis. 
Os trabalhos tratam de escolas elementares públicas e escolas protestantes, 
catecismos e público neopentecostal; também enfocam instituições de 
ensino superior, como a primeira universidade do Centro-Oeste, e a 
formação docente ofertada em faculdade adventista. Com efeito, o tema 
da formação docente permeia outro texto de intenção histórica, um estudo 
sobre treinamento de professores. Encerra o conjunto de estudos históricos 
outra questão cara à história das instituições escolares: as relações entre 
educação e imprensa, que aparecem num texto sobre a produção de um 
jornal intraginasial, e noutro sobre a presença de uma escola no noticiário 
impresso.
Como coletânea que conjuga áreas distintas do rol de assuntos e 
temas da pesquisa em educação, o recorte temporal vai do presente ao 
passado, assim como da democracia à ditadura. Os olhares se voltam ao 
império – às origens do catecismo na escola do século XIX; às primeiras 
décadas da República – à cultura escolar entre 1913 e 1924; à ditadura 
Vargas – à imprensa escolar entre 1935 e 1945; à ditadura civil-militar – à 
formação docente entre 1962 e 1988; ao grupo escolar e suas professoras 
entre 1960 e 1970. Enfim, os olhares se voltam à escola independentemente 
do momento político – a uma instituição protestante entre 1958 e 1990: 
democracia-ditadura-Democracia. Assim como o recorte temporal 
atravessa a história política do país, o recorte espacial o faz. Os estudos 
cobrem de regiões de norte a sul, leste a oeste. São trabalhos afins à Bahia, 
ao Piauí, ao Pará e à Rondônia; a Minas Gerais e São Paulo; a Goiás e ao 
Mato Grosso do Sul; e outros. Enfim, convém destacar a preponderância 
das mulheres na produção de pesquisas sobre instituições escolares. Trinta 
e cinco autoras se desdobraram na produção de estudos em áreas distintas, 
enquanto os pesquisadores somaram dezoito. A discrepância parece ecoar 
a presença maior de mulheres em curso de Pedagogia e Normal Superior, o 
que redunda em um número maior de pesquisadoras e estudiosas. 
Neste livro, quem está familiarizado com a noção de instituição 
educacional (ou escolar) na pesquisa vai constatar a força e a amplitude 
de uma categoria conceitual; aos que vão se iniciar na compreensão de tal 
 17
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
categoria a partir da leitura deste livro, a obra oferece uma pesquisa valiosa 
com seu conjunto de estudos.
Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro
Docente da Universidade Federal de Uberlândia do Curso de 
Pedagogia do ICHPO e do Programa de Pós-Graduação em 
Educação, Linha de História e Historiografia da Educação
Coordenadora da Linha de História da Educação. 
Pesquisadora Produtividade 2 do CNPq 
Dra. em Educação pela USP –SP 
Pós-Doutorado em Psiquiatria Médica Neurologia pela USP –RP
Pós-Doutorado em Educação pela UNIUBE 
APRESENTAÇÃO 
É com grata satisfação que apresentamos à comunidade acadêmica a coletânea Instituições Escolares: história, memória e narrativas. 
Uma obra, organizada em dois volumes, fruto de muitas mãos, de muitas 
mentes, de trajetórias profissionais diferentes, de olhares distintos, de 
tessituras comprometidas com a pesquisa em educação, especialmente em 
História da Educação e, particularmente, sobre Instituições Escolares. 
 Os capítulos desse belo conjunto de textos seletos compartilham 
memórias, narrativas, práticas, experiências, espaços, lugares, tempos, 
confessionalidades, ideias, reflexões, saberes e possibilidades que engendram 
a História de tantas Instituições Escolares fincadas Brasil afora.
 O primeiro capítulo HISTÓRIAS DAS ESCOLAS 
E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES, de autoria de Libania Xavier, 
Livia de Fátima Conceição e Fernanda Monteiro apresenta reflexões e 
resultados do Projeto de Pesquisa e Extensão vinculado à Universidade 
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) intitulado Sua Escola tem História 
(SETH), desenvolvido ao longo de dois anos, cujo objetivo foi divulgar 
conhecimentos sobre a história das escolas do Rio de Janeiro. 
 O segundo capítulo A ESCOLA NORMAL DO BRÁS: 
CULTURA MATERIAL E CULTURA EMPÍRICA (SÃO PAULO, 
1913-1924) de Wiara Rosa Rios Alcântara analisa indícios de práticas e 
modelos pedagógicos em circulação na Escola Normal do Brás, na cidade 
de São Paulo. Por meio do estudo da materialidade da escola intenta-se 
compreender aspectos da cultura empírica e as propostas pedagógicas 
disseminadas pela Escola Normal nas décadas de 1910 e 1920 para a 
formação de professoras primárias. 
 No terceiro capítulo, Danila da Silva Nascimento Gomes apresenta 
o texto O ENSINO PRIMÁRIO PICOENSE: MEMÓRIAS DE 
PROFESSORAS DO GRUPO ESCOLAR COELHO RODRIGUES 
EM PICOS/PI (1960-1970), que tem como finalidade analisar 
experiências de professoras primárias do Grupo Escolar Coelho Rodrigues 
da cidade de Picos, estado do Piauí entre os anos de 1960 a 1970 por meio 
da metodologia da História Oral. O desdobramento do texto analisa como 
essas experiências docentes influenciaram na trajetória profisisonal destas 
professoras, desde a escolha pela carreira docente, a formação inicial, o 
20 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
processo de socialização e a construção identitária. 
 O quarto capítulo intitula-se ESCOLA TERRITORIAL DE 1º 
GRAU PAULO DE ASSIS RIBEIRO: EM MEIO A MATA, NASCE 
UMA ESCOLA é de autoria de Flaviana Faustino da Silva, Elizabeth 
Figueiredo de Sá e Dálete Cristiane Silva Heitor de Albuquerque. O texto 
tem por objetivo explorar aspectos da criação e do funcionamento da 
primeira escola de Colorado do Oeste, estado de Rondônia, nos anos de 
1970. Escola que nasceu em meio à mata para atender às necessidades 
educacionais de um lugar nascente. 
 O quinto capítulo de autoria de Giza Guimarães Pereira Sales e 
Rosane Michelli de Castro intitulado UMA HISTÓRIA DE FORMAÇÃO 
DOCENTE NO BRASIL: DA FACULDADE ADVENTISTA DE 
EDUCAÇÃO (FAED) AO CURSO DE PEDAGOGIA DO CENTRO 
UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO (UNASP), 
pautado nos pressupostos da História Cultural, a partir de uma análise 
historiográfica e documental, apresenta aspectos da formação docente a 
partir de uma instituição privada e confessional na zona sul de São Paulo. 
 No sexto capítulo encontra-se o texto A PRODUÇÃO DE 
IMPRESSOS ESCOLARES NO GINÁSIO DOM BOSCO: LEITURAS 
SOBRE O PERIÓDICO O GINÁSIO (1935-1945) de autoria de Jéssica 
Lima Urbieta e de Loren Katiuscia Paiva da Silva. O trabalho diz respeito 
às práticas empreendidas no Ginásio Dom Bosco, na cidade de Campo 
Grande, entre os anos de 1935 a 1945, na produção do periódico escolar 
intitulado O Ginásio. O texto resulta daaproximação à temática dos usos de 
impressos escolares na produção do conhecimento científico em pesquisas 
histórico-educacionais. 
 O sétimo capítulo assinado por Luana Tainah Alexandre 
Braz e Magda Sarat, HISTÓRIA, MEMÓRIA, CELEBRAÇÕES E 
TRADIÇÃO: O JEITO SEI DE SER, apresenta o resultado de uma 
pesquisa desenvolvida no mestrado em Educação da UFGD com o objetivo 
de retratar a história e memória da Escola Serviço de Educação Integral 
(SEI) e seus aspectos formativos entre os anos de 1980 e 1998. 
 No oitavo capítulo intitulado ENTRE POAIAS E GOTEIRAS: 
UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO DO GRUPO 
ESCOLAR DESEMBARGADOR CANÊDO, os autores Luciano Dias 
Nunes e Thaís Reis de Assis buscam compreender o processo de criação do 
Grupo Escolar Desembargador Canêdo (doravante DECA), no município 
de Muriaé, na Zona da Mata mineira a partir de pesquisas em diversos 
 21
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
documentos que abarcam o período de 1930 a 1946, como uma primeira 
contribuição sobre a história desta instituição escolar. 
 INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS: UMA PERSPECTIVA 
HISTÓRICA MODERNA NA EUROPA E O SEU REFLEXO NO 
BRASIL é o texto que compõe o nono capítulo da coletânea. De autoria 
de Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida, Marliane Dias Silva e 
Maria Edimaci Teixeira Barbosa Leite, o artigo tem como objetivo tecer 
proposições acerca das pesquisas sobre instituições educacionais no Brasil, 
enfatizando a influência europeia nos estudos teóricos sobre esta temática 
no território nacional. 
 O capítulo dez NOTÍCIAS HISTÓRICAS DA ESCOLA NO 
SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR, de autoria de Paulo 
de Tarso Vellanes é resultado de um substancial pesquisa bibliográfica e 
documental sobre o processo de escolarização da região soteropolitana 
conhecida como Subúrbio Ferroviário. 
 O capítulo onze PRIMEIRA UNIVERSIDADE DO CENTRO-
OESTE: BREVE HISTÓRICO assinado por Sonia Maria Zanezi Peres, 
Gleison Peralta Peres e Lucia Helena Rincón Afonso apresenta resultados 
da pesquisa sobre o ensino superior em Goiás, a partir da criação da 
Universidade Católica, atual Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 
como primeira instituição de ensino superior reconhecida da região centro-
oeste.
 No capítulo doze, Adriana Ribeiro de Brito e Silva e Ademilson 
Batista Paes apresentam o texto A ESCOLA ESTADUAL JOSÉ GARCIA 
LEAL (PARANAÍBA – MS): SINAIS E LEMBRANÇAS DE UMA 
DIRETORA ESCOLAR. A partir dos fragmentos de memórias de 
uma professora que atuou como diretora em uma das escolas públicas 
mais antigas da cidade de Paranaíba, interior do Mato Grosso do Sul, os 
pesquisadores apresentam dados de uma pesquisa de mestrado que tem 
como objeto memórias de ex-diretoras da rede pública estadual desta 
localidade, durante as décadas de 1970 e 1980. 
 O capítulo treze OS NEOPENTENCOSTAIS E AS 
FINALIDADES EDUCACIONAIS NAS ESCOLAS PUBLICAS 
BRASILEIRA é assinado por Edmar Moreira Alves. O texto aborda as 
concepções de finalidades educacionais da educação escolar na percepção dos 
religiosos evangélicos neopentecostais, analisando aspectos da repercussão 
dessas finalidades no sistema escolar, especialmente sob a contextualização 
do ensino religioso. 
22 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
 OS CATECISMOS PROTESTANTES INSERIDOS NO 
CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO DO SÉCULO XIX é o 
texto do capítulo catorze assinado por Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do 
Nascimento, Josué dos Santos Alves e Jorge Carvalho do Nascimento. O 
capítulo tem por objetivo identificar as práticas educacionais disseminadas 
no Brasil por missionários norte-americanos, tomando como ferramenta 
didático-pedagógica alguns catecismos protestantes que foram utilizados 
nas instituições de ensino, como as escolas dominicais e paroquiais, e nos 
seus templos de ensino bíblico, as Igrejas. 
 O capítulo quinze AS PRIMEIRAS ESCOLAS PROTESTANTES 
EM GOIÁS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, de autoria de 
Tamiris Alves Muniz e Sauloéber Tarciso de Souza, apresenta uma 
investigação de cunho bibliográfico que resultou no mapeamento da ação 
educacional protestante com a criação das primeiras escolas presbiterianas 
e interdenominacionais no estado de Goiás na primeira metade do século 
XX. 
 No capítulo dezesseis, Kamila Gusatti Dias apresenta o texto 
ESCOLA OTONIEL MOTA: GÊNESE E FUNCIONAMENTO DE 
UMA INSTITUIÇÃO PROTESTANTE EM RIO VERDE – GO (1958 
- 1990). A autora esboça, por meio de relatos orais, de uma pesquisa 
documental e bibliográfica, a história da Escola Otoniel Mota, instituição 
confessional presbiteriana da cidade de Rio Verde, no sudoeste goiano. 
 O capítulo dezessete QUE HISTÓRIA É ESSA? O CENTRO 
DE TREINAMENTO DE PROFESSORES EM INHUMAS NO 
CONTEXTO DA DITADURA MILITAR (1962-1988), que tem como 
autor Gleidson de Oliveira Moreira, apresenta o estudo e a pesquisa sobre 
as políticas de formação de professores estabelecidas a partir do acordo 
MEC/USAID durante a ditadura militar brasileira e sua aplicação no 
centro de treinamento de professoras primárias na cidade de Inhumas-
GO, a partir de pesquisas documentais e entrevistas. 
 O capítulo dezoito O GRÊMIO LITERÁRIO PORTUGUÊS 
NO OITOCENTOS: INSTITUIÇÃO EDUCATIVA, MEMÓRIA E 
CULTURA EM BELÉM-PA, assinado por Maria José da Silva Corrêa 
Boulhosa e Mário Allan da Silva Lopes investiga o processo de construção 
do grêmio Literário Português, no século XIX, na cidade de Belém do Pará 
e sua importância no contexto educacional da região amazônica, a partir 
de uma pesquisa bibliográfica-documental pautada nos pressupostos da 
História Cultural. 
 23
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
O capítulo dezenove ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL E 
O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA RELAÇÃO ENTRE 
TEMPO E ESPAÇO, que tem como autores, que tem como autores 
Ângela Roberta Felipe Campos, Daniele Gonçalves Lisbôa Gross, Jackson 
Carlos da Silva e José Maria Baldino, propõe reflexões, pautadas num 
estudo bibliográfico e na metodologia da análise de conteúdo, sobre a 
influência do tempo e do espaço no ensino da Educação Física nas escolas 
de tempo integral. 
O capítulo vinte NEOLIBERALISMO, NOVO 
NEOLIBERALISMO E EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS NO ÂMBITO 
ESCOLAR é assinado por Adma Palmira Jaime Noleto e por Cláudia 
Valente Cavalcante. O texto, de caráter crítico-reflexivo, trata sobre as 
origens do neoliberalismo e seus delineamentos no campo educacional, 
enfatizando os riscos da ideia de escola como empresa a fim de satisfazer 
funções meramente mercadológicas.
No capítulo vinte e um, os autores Andressa Freitas Lopes, Wesllen 
Martins Lopes e Fernando Primitivo Romero Bordin apresentam no texto AS 
RELAÇÕES ENTRE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO 
E RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA À LUZ DAS NORMATIVAS QUE 
OS REGEM, análises, discussões, contrastes e convergências entre o 
Estágio Curricular Supervisionado e a Residência Pedagógica a partir de 
uma pesquisa bibliográfica e documental. 
O capítulo vinte e dois REFLEXÕES DO TRABALHO DO 
PROFESSOR E O ESTRESSE OCUPACIONAL, de autoria de Ayer 
Barsanulfo Franco, Alexsandro Silva Mateus e Verônica Daniela Gomes 
enfatiza a temática urgente do adoecimento docente, em especial o estresse 
causado pela rotina e suas consequências. 
 No capítulo vinte e três, os pesquisadores Junior César Ferreira de 
Castro e Thays Borges de Lima Goveia apresentam o texto CRIANDO 
E RECRIANDO MÉTODOS VISUAIS: A ALFABETIZAÇÃO E O 
LETRAMENTO DA CRIANÇA COM SURDEZ. O capítulo propõe, 
a partir de um estudo bibliográfico, recursos metodológicos para a 
alfabetização e o letramento da criança surda e aspectos relevantes do perfil 
docente à adaptação de estratégias de ensino para este público. 
 No capítulo vinte e quatro, Silena da Fonseca Pimentel Paizan 
assina o ensaio A DISTÂNCIA ENTRE A ESCOLA QUE TEMOS E A 
ESCOLA QUE QUEREMOS. Neste capítulo, a autora faz pertinentes 
provocações como a aproximação do conceito de homem com o conceito 
24 
Instituições Escolares:História, Memória e Narrativas - Volume I
de cultura, a realidade da educação na atualidade, as mudanças curriculares 
propostas pela BNCC, a educação dialógica como princípio para a 
educação libertária, de maneira gradativa e contínua. 
 Esta publicação faz parte das atividades do Diretório/Grupo de 
Pesquisa “Educação, História, Memória e Cultura em diferentes espaços 
sociais”, parceiro do HISTEDBR, cadastrado junto à CAPES e vinculado 
ao Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade 
Católica de Goiás, onde atuamos como pesquisadores. O DGP EHMCES 
mantém uma linha de publicações sobre os objetos de estudos e de pesquisas 
que desenvolve por meio de seus participantes. 
Desejamos uma ótima leitura! Almejamos outros aprendizados, 
disseminação do conhecimento, incentivos para novas pesquisas e outras 
produções sobre Instituições Escolares. 
Saudações acadêmicas!
Dr. César Evangelista Fernandes Bressanin 
Dra. Kamila Gussatti Dias 
Dra. Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida 
(Organizadores)
Capítulo 1 
HISTÓRIAS DAS ESCOLAS E CONSTRUÇÃO 
DE IDENTIDADES 
Libania Xavier 
Livia de Fátima Conceição 
Fernanda Monteiro 
1 Introdução
O capítulo apresenta as reflexões desenvolvidas ao longo de dois anos de desenvolvimento do Projeto de Pesquisa e Extensão 
vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) intitulado 
Sua Escola tem História (SETH), cujo objetivo é divulgar conhecimentos 
sobre a história das escolas do Rio de Janeiro. Como professora e alunas do 
Curso de Pedagogia e do Curso de História, da UFRJ, pretendemos, neste 
capítulo, articular nossa participação nesse projeto a uma reflexão sobre o 
potencial da memória e da história na produção de sentidos sobre a escola 
e sobre a cidade, bem como na produção de nossas identidades pessoais 
e sociais. Entendemos que o conhecimento das histórias das instituições 
escolares nas quais nós passamos boa parte de nossas vidas, incluindo nesse 
processo, a memória afetiva que as envolvem, viabiliza a reflexão sobre as 
dinâmicas de construção das identidades subjetivas, que se articulam aos 
sentimentos de pertencimento a grupos sociais, instituições formativas e 
trajetórias pessoais.
Michel Pollak (1998) chama atenção para os processos de 
enquadramento da memória na configuração de uma história oficial, mas, 
também, lembra a existência dos esquecimentos e silêncios que funcionam 
como um modo de enquadrar a memória de certos acontecimentos, 
evitando falar de assuntos que possam gerar conflitos ou desconforto. No 
caso da história de nossas escolas, eles se encontram carregados de tensões, 
seja pelas disputas por aquilo que é visto por alguns como um poderoso 
aparelho ideológico, como pontuou a sociologia de L. Althusser (1970), 
seja em razão do potencial reprodutor e, simultaneamente transformador 
da realidade social contida nos processos educativos, como pontuaram 
Bourdieu (1992) e Paulo Freire (1967). Nesse sentido, consideramos que 
26 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
produzir novos conhecimentos e divulgar os conhecimentos já produzidos 
sobre as histórias das escolas do Rio de Janeiro constitui um ato de 
valorização do patrimônio educacional que pertence a todas as pessoas que 
se beneficiaram da formação escolar. Contribui, ainda, para a autorreflexão 
acerca de nossos processos formativos, tanto na esfera individual quanto na 
coletiva ou social.
Assim, tendo em vista as questões assinaladas nesta introdução, 
nós dividimos o capítulo em três seções: A primeira seção explica os 
objetivos e os modos de execução do Projeto que embasa as observações 
aqui apresentadas; a segunda analisa os conteúdos produzidos no 
desenvolvimento do referido projeto, configurados no site (http://
suaescolatemhistoria.com.br) e divulgados nas redes sociais; a terceira 
seção inquire os sentidos atribuídos às instituições escolares, tendo como 
base as memórias de alunos e as declarações de professores que compõem 
postadas no site. Nas Considerações finais, apontamos alguns resultados e 
os possíveis desdobramentos do projeto em tela.
2 Sua escola tem história: o projeto de extensão
O conhecimento da história da educação tem demonstrado que a 
escola pública é uma instituição potente para a construção de um modelo 
de educação e de sociedade democráticas. Essa ideia ganha centralidade 
redobrada diante dos ataques que a escola pública, os professores e a pesquisa 
científica vêm sofrendo nos dias atuais. Por isso, defender e divulgar a 
importância crucial das instituições escolares na vida social, política e 
cultural do país e do nosso estado é tarefa que requer a participação de 
todos e justifica uma detida reflexão sobre o papel histórico das instituições 
escolares.
Ainda que tenham assumido uma forma padrão – salas de aula 
com coletivo de alunos organizados por idade e nível de aprendizagem, 
repartição do tempo de acordo com o ensino de diferentes conhecimentos 
disciplinares, material próprio, dentre outras características –, cada escola 
possui uma História que a constitui, imprimindo-lhe uma identidade 
e uma cultura particulares. Porém, nem todos os alunos, professores e 
comunidade do entorno escolar conhecem essas histórias. 
Vale lembrar que, muitas vezes, essa história se constitui por meio 
de lutas pelo direito à educação; outras vezes, correspondem a políticas de 
expansão do ensino. Além disso, muitas escolas foram palco de experiências 
 27
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
pedagógicas inovadoras e inspiradoras que, com o tempo, foram esquecidas. 
O que importa dizer é que essas histórias – do prédio, do nome da escola, 
das experiências pedagógicas e das políticas e tensões sociais que marcam a 
sua história –, constituem um patrimônio memorialístico, historiográfico 
e material que pertence à comunidade escolar e ao seu entorno. Portanto, 
é crucial que esse patrimônio se torne, cada vez mais, conhecido e 
reconhecido.
Dar visibilidade a essas histórias é um meio de reforçar o direito à 
memória e ao reconhecimento do protagonismo dos sujeitos escolares em 
suas próprias histórias. Isso contribui para o fortalecimento das identidades 
pessoais e coletivas, ampliando a compreensão e a autorreflexão sobre o 
próprio protagonismo dos sujeitos escolares nas dinâmicas de configuração 
dos espaços – padronizados ou não – e das culturas escolares, estas sempre 
específicas, particulares.
O projeto – de pesquisa e extensão que reúne as autoras deste 
capítulo, se soma a um movimento virtuoso que vem sendo construído 
graças ao diálogo entre a História local, o ensino de História e a História 
da Educação (GONÇALVES, 2007; REZNIK, 2008; ABREU, 2017; 
CORREA, 2018; SANT’ANA, 2020; SANTOS, 2021). Em tempos 
de pandemia, marcados pela circulação de falsas informações e de ideias 
prejudiciais à saúde física e mental, reforça-se a importância do trabalho de 
socialização, informação racional e formação ética que a escola, por meio 
de seus professores, realiza sobre os alunos.
O título “sua escola tem história” sugere algo que nos parece natural 
e certo, mas na verdade, precisa ser reafirmado, pois nem sempre o que nos 
parece certo e natural é percebido em todas as suas dimensões. Em outras 
palavras, nem todos pararam para olhar para as escolas que frequentam 
ou frequentaram, bem como para aquelas que encontram pelo caminho, 
percebendo-as como um patrimônio material, cultural e simbólico. 
Com isso, pretendemos levar o estudante que participar desse 
projeto – desde o ensino fundamental e médio, até alunos de graduação e 
pós das instituições parceiras – a valorizar a preservação da memória e da 
história da educação, por meio da compreensão de experiências pedagógicas 
relevantes ocorridas no passado – distante e recente –; das lutas pelo direito 
à educação e das políticas educacionais que permeiam as histórias de nossas 
escolas, bem como do protagonismo de seus sujeitos.
 Por fim, ao produzirconteúdos para postar no site e divulgar 
nas redes sociais, pretendemos chamar a atenção do público, em geral, 
28 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
para a importância da instituição escolar no acesso aos códigos letrados 
e às informações científicas, tão centrais na vida contemporânea. 
Simultaneamente, visamos dar maior visibilidade ao conhecimento da 
história das escolas, tendo em vista que esse conhecimento atribui sentido 
ao seu trabalho de socialização, de disseminação dos conhecimentos 
científicos e de construção de cidadania.
O trabalho de pesquisa que alimenta o projeto de extensão voltado à 
divulgação dos conhecimentos sobre o patrimônio escolar / educacional do 
Rio de Janeiro tem como ponto de partida os levantamentos da produção 
acadêmica sobre a história das instituições escolares, dos professores e 
alunos das escolas do Rio de Janeiro. Além do levantamento de teses e 
dissertações, também são identificadas outras produções como catálogos, 
livros infantis e outras que abordam o tema. Por meio desse levantamento, 
podem ser gerados pequenos posts de informação; entrevistas ou 
simplesmente indicações de leitura.
Dito isto, vamos explicitar, na seção seguinte, como vem se dando 
o trabalho de organização do site e de divulgação de seus conteúdos.
3 Produção de conteúdos e estratégias de divulgação 
O surgimento de tecnologias digitais de informação e comunicação, 
bem como os constantes aprimoramentos destas, transformaram os modos 
como os seres humanos se relacionam entre si e também as atividades que 
realizam individualmente e coletivamente. À vista disso, Santos (2014, 
p.53) afirma que essas tecnologias estão possibilitando diversos mecanismos 
de processamento, armazenamento e circulação de informações, resultando 
em mudanças nos modos e meios de produção e de desenvolvimento 
em áreas que abrangem, desde clássicos processos de comunicação e, 
sociabilidade, até aqueles vinculado à educação e à aprendizagem.
Compreendendo as características culturais da sociedade 
contemporânea no ciberespaço e a possibilidade de alcançar diversas 
pessoas em um mesmo espaço, rompendo áreas geográficas, foi definido 
que o projeto de extensão Sua Escola Tem História seria fundamentado por 
atividades onlines registradas em um site, compondo um acervo digital de 
livre acesso a toda pessoa que dispusesse conexão com a internet. Desse 
modo, em 2020, ano no qual o projeto foi iniciado, foi criado o site que 
registra e disponibiliza os os conteúdos produzidos pelos extensionistas, 
sob a supervisão da coordenadora do projeto. 
 29
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
Ainda que parte dos objetivos do projeto seja narrar histórias de 
instituições escolares e preservar as memórias destes espaços e de quem por 
lá passou, existem inúmeras maneiras de realizar tais ações. A elaboração 
de todas as publicações seguem os respectivos critérios: limite de três 
parágrafos, linguagem simples e direta, informação relevante e sensível.
Por isso, para facilitar a busca dos visitantes virtuais no nosso 
acervo digital, o site conta com as seguintes divisões de categorias: Início: 
apresentação dos objetivos do projeto e da equipe que o compõe; Entrevistas: 
um espaço onde se encontram conversações entre os extensionistas e os 
sujeitos das escolas, especialmente os professores; A Escola na Cidade: onde 
estão reunidos os resultados de pesquisas acerca das relações históricas da 
expansão escolar com mudanças arquitetônicas, sociais e políticas na cidade 
do Rio de Janeiro e como estas se fazem ou não presentes atualmente; Indicaê. 
Este último é composto por recomendações feitas pelos extensionistas de 
materiais literários e audiovisuais que podem servir tanto ao usuário que 
deseja aprofundar-se nas pesquisas sobre temas pertinentes, quanto para 
professores que desejam refletir sobre determinadas temáticas que podem 
ser trabalhadas em sala de aula, contribuindo para a democratização dos 
conhecimentos escolares e acadêmicos; Memórias: espaço dedicado ao 
compartilhamento de lembranças de sujeitos que passaram por instituições 
escolares e também à postagem de informações sobre centros de memórias, 
como o Programa de Estudos e Documentação Educação e Sociedade 
-PROEDES/UFRJ; e Blog: área onde o visitante pode visualizar prévias de 
todas as postagens feitas no site, em geral.
O trabalho de pesquisa se remete aos levantamentos da produção 
acadêmica sobre a história das instituições escolares, dos professores e 
alunos das escolas do Rio de Janeiro, trabalho que, na chave das atividades 
de extensão, se mescla com entrevistas a professores (ver aba Entrevistas), 
com as lembranças de alunos sobre os tempos de escola (ver aba Memórias) 
e com os depoimentos dos próprios alunos de extensão (videos curtos 
reunidos no eixo Extensionistas falam). Por meio desse levantamento, 
podem ser gerados pequenos posts de informação; entrevistas e até mesmo 
indicações de leitura na aba chamada Indicaê. 
Com a determinação do espaço onde seriam publicadas e 
armazenadas as produções do projeto, restava-nos pensar em outro 
objetivo primordial: a divulgação destes trabalhos. Há quem pense que 
somente a escolha de um ambiente que conserve o que é produzido pelos 
extensionistas e coordenadores seja suficiente, e, de certa forma, é. No 
entanto, como desejamos especificamente alcançar tanto grupos presentes 
30 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
no meio acadêmico que possuem afinidade com temáticas como Memória, 
História, Patrimônio e Educação, quanto pessoas que conhecem ou não a 
importância das histórias e narrativas que permeiam as escolas, se amplia a 
relevância social e política do trabalho escolar e do trabalho com a memória 
e a história da educação. Por isso, na medida do possível, o projeto visa, 
também, articular uma rede de divulgação de informações sobre as 
atividades promovidas por seus participantes e também de centros, salas, 
espaços de memória e de preservação do patrimônio escolar/educacional, 
no estado do Rio de Janeiro.
Tendo em vista que, no Brasil, algumas das principais redes sociais 
utilizadas são o Facebook e Instagram, o nosso projeto de extensão decidiu 
presentificar-se nesses espaços marcados pela interatividade, a fim de 
divulgar as produções dos extensionistas de maneira acessível, estabelecendo 
um contato mais próximo aos públicos que desejamos alcançar. Dessa 
forma, foi essencial aprendermos as especificidades de cada rede social para 
que pudéssemos desenvolver atividades dinâmicas e que fizessem sentido 
em ambos os ambientes.
 Para tanto, tivemos que nos adaptar às linguagens específicas das 
redes citadas. É interessante ressaltarmos que desde a compra do Instagram, 
feita pelo Facebook, os dois aplicativos passaram a ter ferramentas muito 
similares, o que facilitou o nosso planejamento de posts a serem publicados. 
No entanto, buscamos sempre levar em conta as características das duas 
redes: a primeira, desde seu surgimento, é conhecida pela finalidade de 
compartilhar publicamente fotos e vídeos; já o Facebook, mais antigo que 
o Instagram, tornou-se popular por ter funcionalidades diversas como, 
por exemplo, criação de grupos e de eventos, compartilhamento de textos, 
notícias, arquivos, fotos e vídeos. 
Isto posto, passemos então para a apresentação das atividades onlines 
que desenvolvemos até agora, para depois falarmos sobre as projeções 
futuras e também das limitações que encontramos ao longo do tempo. 
Tanto a conta do Instagram quanto a página do projeto no Facebook 
já haviam sido criadas no ano de 2020, mas as postagens elaboradas 
propositalmente para esses espaços só se deram a partir de abril de 2021. 
A princípio, os posts eram feitos no feed e tratavam exclusivamente dos 
trabalhos armazenados e disponibilizados no site do projeto, divulgando-
os e convidando os seguidores a acessarem o sítio eletrônico.
Contudo,como havíamos mencionado anteriormente, a divulgação 
que nos propomos a realizar é a partir da conversação com os públicos, e, 
 31
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
consequentemente, apoiado nas linguagens e comportamentos que estes 
têm nas redes sociais já referidas. Assim sendo, no mês de maio foram 
lançados dois filtros, de autoria do projeto, no formato de quizzes que 
abordam temáticas relacionados ao nosso projeto, que podem ser usados 
no Instagram e Facebook pelos nossos seguidores atuais e vindouros.
O uso de filtros nos stories se popularizou de modo grandioso no 
Instagram e somente posteriormente esta função passou a ser disponibilizada 
nos stories do Facebook. O conteúdo desses filtros são diversos, indo 
desde alteração de cor nas imagens que as câmeras dos telefones celulares 
capturam até jogos de perguntas como quiz. Com isso, em nosso projeto, 
o desenvolvimento destes jogos interativos se deu segundo o desejo e 
objetivo que temos de aproximar as produções dos extensionistas com 
a sociedade virtual. Portanto, como veremos nas imagens a seguir, as 
perguntas presentes nos filtros fazem referência aos conteúdos já registrados 
e expostos em nosso acervo digital, como se pode verificar nas imagens dos 
filtros do projeto que estão disponíveis nas redes sociais.
Figura 1: Filtros do projeto que estão disponíveis nas redes sociais
Fonte: Perfil do projeto Sua Escola tem História no Instagram (2021).
32 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
Para além dos filtros, criamos também duas séries de vídeos 
intituladas de “Extensionistas Falam” e “Entrevistas” postadas na ferramenta 
IGTV, atualmente chamada de “Instagram TV”, e na ferramenta “Vídeo” 
no Facebook. Na primeira, os alunos envolvidos no projeto contam, 
brevemente, sobre as histórias/narrativas que eles escreveram; o porquê 
escolheram falar sobre determinado assunto, quais foram as dificuldades 
que enfrentaram e quais descobertas eles fizeram ao longo do processo de 
pesquisa e produção de conteúdos e configuração do mesmo no formato 
de post. Já a segunda é composta por gravações de entrevistas feitas pelos 
extensionistas com figuras que fazem parte de corpos escolares e que, de 
alguma forma, possuem aproximação com os temas do projeto.
Deste modo, além de permanecermos fazendo publicações que 
divulgam as produções presentes em nosso site, uma vez que o acesso ao 
acervo é o objetivo primordial, procuramos dinamizar as formas como 
essa publicização é realizada e como construímos relações com nossos 
públicos-seguidores. Os resultados que tivemos estão sendo positivos, 
principalmente no que diz respeito à participação daqueles que seguem os 
perfis do projeto. Tanto nos posts publicados no feed quanto por meio de 
mensagens privadas, nossos seguidores interagem conosco, relembrando 
memórias escolares, compartilhando seus testemunhos e também 
mencionando outros projetos que realizam atividades parecidas com as 
que fazemos.
Ainda assim, nossa maior dificuldade, até o momento, tem sido o 
baixo acesso ao site. Por isso, estamos planejando novas ações que seriam 
iniciadas em conjunto com os nossos seguidores nas redes sociais, que, por 
sua vez, podem promover melhor o site como, por exemplo, o “Projeto 
Memória”. Esta ação, a princípio, deverá ocorrer da seguinte forma: o 
perfil do projeto de extensão irá fazer chamadas no story, feed e reels – 
três grandes ferramentas do Instagram – e no feed e story do Facebook, 
convidando professores, alunos, ex-alunos, diretores e outras pessoas que 
fazem ou fizeram parte de comunidades educacionais para entrarem em 
contato conosco, a fim de partilharem memórias escolares, e, até mesmo, 
serem entrevistados.
Com isso, objetivamos estabelecer relações ainda mais próximas 
entre o projeto e os seguidores, além da possibilidade do “Projeto 
Memória” servir como um instrumento de incentivo, pois acreditamos 
que os depoentes irão desejar acessar o site para lerem e divulgarem 
suas contribuições. Objetivamos, assim, aproximar os conhecimentos 
produzidos na Universidade com aqueles provenientes do ambiente 
 33
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
escolar, assim como das memórias escolares do público, em geral. Por ora, 
estes são alguns dos nossos desafios e também de nossas ações propostas 
para superá-los. 
4 Sentidos da escola 
Visando cumprir um dos nossos principais objetivos com a criação 
do projeto de pesquisa e extensão, incluindo a organização do site, nós 
pretendemos, nesta seção, destacar as narrativas que emergiram, desse 
trabalho, sobre os sentidos das escolas. É indispensável reiterar a importância 
da compreensão de que toda escola tem uma história e seu conhecimento 
advém, também, das narrativas dos sujeitos que por lá passaram. Com 
isso, nosso trabalho buscou refletir, através das memórias e das experiências 
escolares, os diversos sentidos atribuídos à escola por meio das narrativas 
construídas por alunos, professores, familiares e funcionários, bem como 
aquelas que se constituem nos trabalhos acadêmicos sobre o tema.
Para melhor apreender os sentidos que emergiram entre as 
postagens do site, faremos um recorte, focalizando especificamente as 
categorias “Entrevistas” e “Memórias”, que compõem sua estrutura. Estas 
são formadas por diálogos com diversos profissionais da educação, alunos e 
ex-alunos, além de ser um espaço de compartilhamentos de lembranças. A 
constituição desse espaço se deu, principalmente, devido à necessidade de 
os principais sujeitos das escolas se expressarem, narrarem suas experiências 
que, muitas vezes, diferem das narrativas veiculadas na mídia e nos 
documentos governamentais sobre a Escola Pública. 
No período político atual, no Brasil, é preciso sempre afirmar o 
lugar da educação pública, diante de tantos ataques e atitudes negacionistas 
dirigidas aos conhecimentos escolares e acadêmicos, assim como ao trabalho 
de professores, pesquisadores, artistas e intelectuais, de modo geral. É 
necessário ter em mente que tais discursos não são novos e é inerente ao 
educador, e ao educador em formação, lutar contra essas adversidades. 
A possibilidade de veicular outros sentidos sobre as escolas, advindas 
dos sujeitos que a vivenciam é uma forma de reconfigurar e ressignificar 
o significado ímpar e crucial da escola na formação dos indivíduos e da 
sociedade.
Ao trabalhar com memórias e experiências escolares, não conhecemos 
somente a escola, mas também o local, as pessoas, a comunidade ao redor. 
Tais reflexões são um convite a explorar a nossa cidade, (re)descobrir 
34 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
histórias e memórias, além de refletir as complexas relações entre educação 
escolar, urbanização e construção nacional. Para tal, é necessária uma 
escuta sensível para/com as diferentes falas escolares. Ao compartilhar suas 
memórias o sujeito expõe-se, podemos ter vislumbres de sua infância ou 
de sua carreira, entender suas escolhas, perceber o dito e o não-dito. O 
ouvir e documentar em nosso site é uma metodologia fundamental para 
dar forma a essas compreensões, sempre respeitando as concepções que elas 
expressam.
Diante do exposto, ao observarmos os posts do site, é possível notar 
que as memórias de alunos, professores e outros sujeitos escolares se ligam 
ao afeto e às amizades e que transcorrem nos tempos e espaços escolares 
(FARIA FILHO E VIDAL, 2000). O espaço escolar se constitui, assim, 
como cenário físico e representação simbólica, como bem demonstrou 
Benito Escolano (2000). Por vezes, as narrativas dos sujeitos escolares 
descrevem esses espaços como refúgio, entretanto também os representam 
como local de luta e resistência estudantil, tal como vimos na postagem 
sobre o movimento de ocupação de escolas por estudantes, que marcou o 
cenário nacional, durante o ano de 2015 e 2016, como exposto nas imagens 
que se seguem. Em alguns momentos, as narrativasvêm permeadas de boas 
lembranças, outras vezes, destacam grande insatisfação.
Figura 2 - Cartazes feitos por estudantes que participaram da ocupação estudantil, em 
2016, no Colégio Pedro II 
Fonte: Acervo digital do projeto Sua Escola tem História (2021). Disponível em: 
<https://suaescolatemhistoria.com.br/?p=1114> e <https://suaescolatemhistoria.com.
br/?p=1024>.
É notável que a instituição escolar esteja presente em grande parte 
dos nossos anos, ainda mais quando retornamos a ela como profissionais. 
Não é possível simplesmente, perpassar por todos esses anos e não ter uma 
memória dos tempos de escola para compartilhar. Torna-se impossível 
não se ter criado para si um sentido sobre o tempo que passamos nessa 
 35
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
instituição tão disseminada e eivada de afetividade. Pela nossa análise, 
alunos, professores e demais funcionários veem a escola como um refúgio, 
um local onde cada um se constituiu como indivíduo e como cidadão, 
isto é, como ser social e político, conforme detalhamos em estudo anterior 
(XAVIER e CHAVES, 2018), com base em diversas referências teóricas. 
A esse respeito, o sociólogo francês, François Dubet (2006) observa 
que, assim como a Igreja, a Escola parece estar “fora do mundo”, constituindo 
um santuário ao abrigo das divisões da vida social. Logo, esta não é só um 
lugar de aprendizagem, mas, também, um espaço moral, (...) um ambiente 
que circunda o professor assim como os alunos. É forçoso assinalar que 
a escola não se encontra apartada da sociedade e, como sabemos, muitas 
vezes pode reproduzir as suas mazelas, reproduzindo práticas autoritárias 
e excludentes. Contudo, em suas origens históricas, a escola se estabeleceu 
como instituição ancorada em um conjunto de princípios éticos e morais 
que sustenta (e é sustentado) pelas formas republicana e democrática de 
organização social. Por isso, a escola se torna, também, podemos afirmar, 
um espaço potente, gerador de inclusão social, esperança individual e 
de mudança da realidade circundante. Conforme demonstramos em 
estudos anteriores (XAVIER, 2021 a e 2021 b), esse entendimento não 
vem sozinho, mas sim atrelado a uma forte atuação do corpo docente, que 
estimula a interação e o sentimento de pertencimento de seus alunos com 
o espaço físico e simbólico da escola, apesar de problemáticas como apoio 
insuficiente do Estado, precarização do ambiente escolar e intensificação 
ascendente do trabalho dos professores.
Nas entrevistas e memórias compartilhadas conosco, também se 
destaca a importância da atuação desses sujeitos na preservação das histórias 
de suas escolas. Muitos trabalhos são destacados por ex-alunos que retornam 
às suas escolas para para realizar a formação prática, se inserindo nas escolas 
de sua infância como futuros professores e, nessa posição, se dedicam 
a registrar, documentar e compartilhar suas histórias. O patrimônio 
educacional brasileiro, em destaque aqui o fluminense, é vastamente rico, 
porém com escassos registros. Muitos professores incentivam seus alunos 
e a sociedade ao redor das instituições a um processo de sensibilização e 
mobilização sobre a importância da memória e da escola e da história local. 
Muitos alunos passam anos em uma instituição escolar, simplesmente sem 
se perguntar e logo, sem conhecer, a história de seu prédio ou o porquê de 
seu nome.
Um sentido forte de emergiu de diversas falas é a escola como lugar 
de luta. Tanto professores quanto alunos surgem com histórias sobre a 
36 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
importância de sua formação crítica e plural, reconhecendo a contribuição 
de professores que os inspiraram a lutar pela educação e, muitas vezes, 
foram os motivos para sua escolha profissional. Outras memórias já nos 
registram a força do engajamento de alunos na política estudantil, como 
nas ocupações escolares em 2015 e 2016, nos mostrando que o espaço 
escolar é potencialmente, um espaço de luta por direitos.
5 Considerações Finais
Ao observarmos os posts publicados no site do Projeto SETH, 
percebemos que, entre as memórias de alunos sobressaem, em geral, 
as lembranças das amizades e das brincadeiras, bem como de alguns 
professores que despertaram afeto, admiração ou, até mesmo frustração. 
Mas aparecem, também, os registros de suas lutas políticas, como foi o 
caso do movimento de ocupação de escolas. O que essas memórias nos 
falam a respeito da condição de aluno? E as escolas, o que suas histórias nos 
dizem sobre o processo de formação e desenvolvimento da cidade em que 
vivemos? Em que medida, os posts sobre escolas dos mais diferentes locais 
do Rio de Janeiro exibem os conflitos, as desigualdades e os problemas 
que atingem a população fluminense? Em entrevistas e estudos postados 
no site, podemos observar algumas práticas e medidas que professores e 
gestores adotaram para contornar alguns desses conflitos. O que eles nos 
ensinam? Estas são algumas das questões que emergiram de uma avaliação 
dos resultados alcançados em dois anos de trabalho nesse projeto. 
Frente a tantas visões de escola, o que podemos concluir a respeito 
de sua contribuição para cada indivíduo e para a sociedade? Encerramos 
este capítulo convidando o leitor a responder a essa última questão, a partir 
de suas memórias e experiências escolares.
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https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/iberoamericana/article/view/39977
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Capítulo 2 
A ESCOLA NORMAL DO BRÁS: CULTURA 
MATERIAL E CULTURA EMPÍRICA (SÃO 
PAULO, 1913-1924)
Wiara Rosa Rios Alcântara1
1 Introdução
O objetivo deste texto é abordar, por meio do estudo da cultura material, indícios de práticas e modelos pedagógicos em 
circulação na Escola Normal do Brás, entre os anos de 1913 e 1924. Ou 
seja, por meio do estudo da materialidade da escola intenta-se compreender 
aspectos da cultura empírica, as propostas pedagógicas disseminadas pela 
Escola Normal nas décadas de 1910 e 1920 para a formação de professoras 
primárias. 
No período em estudo, a Escola Normal do Brás e a Escola Normal 
da Praça da República eram as únicas escolas normais oficiais da cidade de 
São Paulo uma vez que, com a unificação das escolas normais, por meio 
da Lei no 1750, de 8 de dezembro de 1920, a Escola Normal Primária e a 
Secundária da Capital foram reunidas numa mesma instituição.
Criada pela Lei n. 1.359 de 24 de dezembro de 1912 no governo de 
Francisco de Paula Rodrigues Oliveira, a Escola Normal do Brás, destinava-
se unicamente ao sexo feminino com a mesma organização, regime e 
funcionamento das outras existentes. Porém, a Normal só foi instalada no 
dia 31 de março de 1913, em prédio próprio à Avenida Rangel Pestana, 
419.
Sua criação é explicada pela grande demanda das moças por escola. 
Isso pode ser comprovado no elevado número de inscrições para exames 
de suficiência, no curso complementar e também no Normal. Conforme 
consta no “Livro do Jubileu da Escola Normal”, “o número de alunas 
matriculadas no curso normal aumenta extraordinariamente todos os 
anos. Em conseqüência dessa grande afluência, as classes, especialmente as 
1 Doutorado em educação pela Faculdade de Educação da USP Professora Adjunta – Universidade 
Federal de São Paulo. Agência de fomento: FAPESP. E-mail: wrr.alcantara@unifesp.br
40 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
de primeiro ano, têm sido desdobradas todos os anos”.
Foi em razão dessa crescente afluência de mulheres para as escolas 
de formação ao magistério primário que a escola foi criada, como assevera 
Tanuri (1979, p.127):
A destinação da Escola Normal do Brás apenas para o sexo feminino 
resultou do progressivo aumento da clientela feminina que buscava 
as escolas normais, candidatando-se aos exames de admissão. A 
desproporção entre o número de candidatos dos dois sexos desfavorecia 
o elemento feminino que via reduzidas suas possibilidades de ingresso, 
comparativamente às do sexo masculino. Enquanto todos os aprovados 
deste sexo logravam matrícula nas escolas normais, era freqüente a 
existência de candidatas excedentes que, embora aprovadas, não podiam 
ser matriculadas por falta de vagas. Na Capital, onde esse fenômeno 
era mais sensível, a criação de um estabelecimento exclusivamente 
feminino foi a medida adotada para propiciar aos dois sexos as mesmas 
oportunidades de preparação para o magistério.
Coaduna-se com essa observação Oscar Thompson (1918), quando 
ressalta o crescimento das matrículas nas escolas normais. Segundo ele, no 
ano de 1918, dos 3.423 alunos matriculados, 999 eram do sexo masculino 
e 2.424 do feminino. Diplomaram-se 856 professores, dos quais 223 são 
homens e 633 mulheres. Diante do quadro, o Diretor Geral da Instrução 
Pública, conclui: “É notavel o excesso de alumnas sobre alumnos, 
parecendo conveniente, pois, para o futuro, destinar algumas das Escolas 
Normaes exclusivamente ao sexo feminino, como já se fez com a do Braz, 
na Capital, continuando outras como mixtas” (Anuário do Ensino do 
Estado de São Paulo, 1918, p. 9).
Ele apresenta dois motivos para a transformação de algumas 
escolas normais em exclusivamente femininas. O primeiro motivo é que 
a educação de um maior número de moças traria vantagens para o ensino 
paulista, mas também seria um benefício para elas visto que “não teem no 
Estado outros estabelecimentos de ensino secundário para se educarem” 
(Anuário, 1918, p. 283).
Na passagem do século XIX ao XX, é notável o papel atribuído à 
escola normal para renovação do ensino. Para tanto, ela mesma foi renovada 
do ponto de vista da arquitetura, do corpo docente e da introdução de 
novos espaços, objetos, materiais escolares e pedagógicos. Logo, se as 
estruturas escolares indiciam os movimentos de renovação pedagógica, 
que passam pela formação docente, é por meio do estudo dessa estrutura, 
mais especificamente dos espaços e objetos da Escola Normal do Brás, 
que se pretende averiguar aspectos da cultura empírica da formação para 
 41
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
o magistério primário que ali se dava. Essa cultura empírica se constitui 
na convergência de ideias, práticas, reformas educativas, normas, dentre 
outros (ESCOLANO,2017). Assim, cabe indagar de que saberes e práticas 
de formação docente esses objetos e espaços podem ser indiciários.
Por meio da análise do Inventário de Bens da Escola Normal do Brás, 
dos anos de 1913 e 1924, problematizo saberes e práticas que circularam 
na Escola Normal do Brás. Longe de exprimir uma homogeneização de 
modelos ou falar de influências, o interesse reside em analisar, por meio 
da cultura material escolar, uma cultura empírica que na perspectiva de 
Escolano (2007; 2017), não está desconectada de outras culturas: “[...] 
uma que ensaiou interpretá-la e modelá-la com base nos saberes (cultura 
académica) e outra que intentou governá-la e controlá-la por meio dos 
dispositivos da burocracia (cultura política)” (Escolano Benito, 2017, 
p. 119).
Já Margarida Felgueiras (2005, p.94) defende que “estudar a 
educação hoje significa prestar atenção à densidade histórica do sistema 
educativo, nos contextos históricos de realização, expressos numa cultura 
material, que, simultaneamente, traduz as concepções de uma sociedade e 
manifesta as condições em que puderam ocorrer”.
O interior da escola e, sobretudo, da sala de aula é colocado em 
evidência nos estudos que se interessam pela materialidade desses espaços. 
Isso porque os objetos da escola “são eles mesmos, dispositivos visíveis 
da escola, por meio dos quais, uma coletividade foi educada e instruída” 
(ESCOLANO, 2007, p.21).
Como fontes, podem ser férteis no sentido de revelar as intenções 
de instituir e consolidar saberes e práticas entre os professores, professoras e 
alunas. Produzidos no contexto das práticas administrativas e pedagógicas, 
os inventários de bens “permitem não apenas a percepção dos conteúdos 
ensinados, a partir de uma análise dos enunciados e das respostas; mas 
o entendimento do conjunto de fazeres ativados no interior da escola” 
(VIDAL, 2005, p. 16). 
São inúmeras as possibilidades de se acercar à cultura material 
escolar como objeto de investigação. Por isso, é preciso pontuar os limites 
das fontes citadas para a pesquisa. Elas não permitem estudar os usos dos 
objetos ou a importância que eles recebiam no trabalho daquela escola, ou 
ainda, que relações os professores estabeleciam com os livros e materiais 
pedagógicos, mas são profícuas na investigação das orientações pedagógicas 
que os colocam em circulação, considerando que os propósitos originais 
42 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
não determinam os usos subsequentes. 
Com estas questões em mente, analiso os Inventários de bens dos 
anos de 1913 e 1924, intentando perceber os indícios de uma cultura 
empírica na formação das professoras primárias na Escola Normal do Brás. 
2 A escola, novos espaços e novos objetos
A materialidade da escola indicia muito mais que as condições 
de funcionamento das instituições de ensino. De acordo com Escolano 
(2007), o legado material é uma fonte essencial para o conhecimento do 
passado da escola em suas dimensões prática e discursiva; a história material 
da escola se constrói a partir dos objetos, os quais portam significados que 
devem ser decifrados pelos indícios que sugerem ao pesquisador; os objetos 
são também registros da cultura empírica das instituições educativas e, 
nesse sentido, sinalizam orientações pedagógicas subjacentes à formação e 
ao trabalho docente, como defende.
Examinados sempre em suas significações culturais, os objetos e as 
representações sobre eles não são autônomos e atemporais (ESCOLANO, 
2007). O aparecimento, o uso, a transformação e o desaparecimento 
desses objetos, são reveladores das práticas educacionais e suas mudanças 
(SOUZA, 2007), bem como das teorias pedagógicas que os põem em 
circulação. 
Possibilidades e concepções educativas, perspectivas de formação 
docente podem ser percebidas nos objetos, no mobiliário, nos recursos e 
materiais pedagógicos. A compreensão de escola republicana, pelo menos 
no discurso, não se limitava ao espaço da sala de aula.
[...] os edifícios deveriam ser amplos e iluminados, abrigando uma 
profusão inédita de novos materiais escolares, produtos industriais que 
condensavam os modernos usos pedagógicos de povos mais civilizados, 
propondo-se prescritivamente como suportes de rotinas inéditas nas 
salas de aula (CARVALHO, 2001, p. 139).
Diversos ambientes foram introduzidos na estrutura escolar, de 
modo que a presença e a configuração dos mesmos denotam projetos 
educativos e modelos de escolarização. A Escola Normal do Brás dispunha 
de espaços e equipamentos necessários para adequar-se ao projeto político 
modernizador republicano, e consequentemente, introduzir mudanças 
no ensino normal e primário. Na acepção de Escolano (2007) as fontes 
materiais da cultura da escola redirecionam a investigação histórica para 
as práticas escolares. Elas sinalizam de um lado, uma corrente pedagógica, 
 43
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
uma cultura empírico-prática; e de outro, são elas mesmas dispositivos 
visíveis da escola, por meio dos quais uma coletividade foi educada e 
instruída. Por essa via, os objetos da escola são fontes para elucidar os 
sentidos e as orientações pedagógicas que subjazem na cultura de que são 
portadores. 
Corrobora essas ideias Souza (2007, p.165), ao afirmar que “os 
artefatos materiais vinculam concepções pedagógicas, saberes, práticas e 
dimensões simbólicas do universo educacional constituindo um aspecto 
significativo da cultura escolar”. Logo, cabe o questionamento acerca dos 
materiais e recursos pedagógicos disponíveis na Escola Normal do Brás no 
período estudado. Interessa identificar tais recursos e, ao fazê-lo, perceber 
de que modo estão atrelados às inovações educacionais e, como corolário, 
às concepções de formação da professora primária. Em outras palavras, 
buscar a relação dos objetos com seus contextos de criação e uso, situando 
os materiais nos cenários de distintos lugares e tempos nos quais aquelas 
inovações se difundiram. 
Ainda que não se possam supor as práticas dos objetos, a presença 
deles informa sobre a concepção de escola, de bom professor e de professora 
primária, bem como as orientações pedagógicas naquele contexto. 
3 O inventário de 1913
O primeiro inventário é elaborado em 1913 quando a Escola 
Normal do Brás foi instalada. Em 1924, outro inventário é feito. 
Na década de 1910, quando foi elaborado o primeiro inventário da 
Escola, é notável a hegemonia da crença no método intuitivo enquanto 
“instrumento pedagógico capaz de reverter a ineficiência do ensino escolar” 
(VALDEMARIN, 1998, p. 67). De acordo com Vera Valdemarin (1998), 
a implantação do método intuitivo no ensino brasileiro, que remonta às 
últimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX, expressa 
a pretensão de adotar uma orientação pedagógica em conformidade com 
a renovação educacional em curso na Europa e nos Estados Unidos da 
América, cujos efeitos extrapolaram os limites da sala de aula em direção 
às transformações sociais. 
No caso paulista, a escola assume uma função essencial para o 
regime republicano na formação de “cidadãos que saibam ler, escrever, 
compreender e pensar” (VALDEMARIN, 1998, p.68). Nesse contexto, 
o analfabetismo aparece como problema por excelência das primeiras 
44 
Instituições Escolares: História, Memória e Narrativas - Volume I
décadas do século XX. Num primeiro momento, a arma proposta contra 
esse mal foi o ensino intuitivo e, num segundo momento, a Escola Nova.
Quanto ao método intuitivo, buscava intervir no caráter abstrato 
do ensino. Para VALDEMARIN (1998), seu princípio fundamental é a 
proposição de que a aprendizagem tem seu início nos sentidos, que operam 
sobre os dados do mundo para conhecê-lo e transformá-lo pelo trabalho 
e que a linguagem é a expressão deste conhecimento. Por isso, a criação 
de situações de aprendizagem em que o conhecimento não é meramente 
transmitido e memorizado, mas emerge no entendimento da criança

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