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PSIQUIATRIA Carolina Ferreira -As síndromes ansiosas são ordenadas inicialmente em 2 grandes grupos: 1. quadros em que a ansiedade é constante e permanente (ansiedade generalizada, livre e flutuante) 2. quadros em que há crises de ansiedade abruptas e + ou – intensas são as chamadas crises de pânico, que podem configurar, se ocorrerem de modo repetitivo, o transtorno de pânico -A ansiedade é definida como uma sensação vaga e difusa, desagradável, de apreensão ou tensão expectante, que se acompanha de diversas manifestações físicas, tais como dispneia, taquicardia, tensão muscular, sudorese e tremor. Distingue-se do medo por ñ estar ligada a um objeto ou situação específica -A ansiedade representa um estado afetivo normal, que é bastante útil, pois faz c/ que o indivíduo fique atento a um perigo iminente e tome as medidas adequadas p/ lidar c/ a situação. Pode se tornar patológica em determinadas condições: quando é excessiva, quando leva a um sofrimento subjetivo intenso, ou quando causa algum prejuízo significativo nas atividades sócio- ocupacionais ou na saúde física - Na síndrome de ansiedade há basicamente uma exaltação afetiva, mas, além da afetividade, outras funções psíquicas podem se alterar como: labilidade da atenção; hipomnésia anterógrada (alteração da memória); ↓da latência da resposta (linguagem); aceleração do curso do pensamento; insônia inicial ou intermediária; ↑ ou ↓do apetite; ↑da sede e impulsividade (conação) e hipercinesia (psicomotricidade) -Etiologia: abstinência de nicotina, benzodiazepínicos ou opioides; intoxicação por cafeína, simpaticomiméticos ou estimulantes; hipertireoidismo; hipoxia; hipoglicemia; epilepsia do lobo temporal; e isquemia cerebral -Fatores de risco: sexo feminino; baixa escolaridade; história familiar de depressão; abuso sexual na infância; nº de experiências traumáticas até os 21 anos; ambiente familiar conturbado e baixa autoestima -Epidemiologia: a relação homem:mulher é de cerca de 1:1, é + comum na adolescência, entre adultos jovens, pessoas divorciadas, desempregados e pessoas de baixa condição econômica -Fisiopatologia: a ansiedade é caracterizada por períodos distintos de medo intenso que podem variar de vários ataques durante um dia a apenas poucos ataques durante 1 ano. Os principais sistemas de neurotransmissores implicados são os da norepinefrina, da serotonina e do GABA -Diagnóstico diferencial: TOC, transtorno afetivo bipolar, depressão, TEPT, transtorno alimentar, uso de substâncias, transtornos de personalidade (principalmente evitativa) e esquizofrenia; hipertireoidismo, feocromocitoma, doenças cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio, taquicardia atrial paroxística, prolapso de valva mitral), doença respiratórias (asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, TEPT), doença de Menière e doenças neurológicas (acidente vascular cerebral, encefalite). -Tratamento: só deve ser tratada quando for prejudicial, ou seja, quando atrapalha o funcionamento ou a qualidade de vida do pct. Aconselhamento e informação podem resolver ou melhorar o quadro, sem necessidade de outras intervenções. Deve continuar por pelo menos 6 a 24 meses após a remissão dos sintomas. O tto + eficaz é a combinação das 2 da psicoterapia+farmacoterapia -Tratamento ñ farmacológico: a terapia psicológica + bem estudada e c/ melhores resultados nos transtornos de ansiedade é a terapia cognitivo-comportamental (TCC) -Tratamento farmacológico: as medicações escolhidas são as c/ virtude do < perfil de efeitos colaterais, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) são as 1º escolha. Os tricíclicos e os inibidores da monoaminoxidase (IMAO), em geral, são usados como medicações de 2º linha ou para casos refratários. Os benzodiazepínicos devem ser usados por cerca de 2 a 4 semanas, em associação c/ os antidepressivos, c/ posterior retirada gradual TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA(TAG) -Pessoas que parecem ansiosas com tudo, entretanto, têm a probabilidade de serem classificadas c/ transtorno de ansiedade generalizada. Este é definido como ansiedade e preocupação excessivas c/ vários eventos ou atividades na > parte dos dias durante um período de pelo menos 6 meses -Epidemiologia: é uma condição comum; a proporção de mulheres p/ homens c/ o transtorno é de aproximadamente 2 p/ 1. A prevalência ao longo da vida é próxima de 5%. O transtorno, em geral, começa no fim da adolescência ou início da vida adulta, embora seja comum ver casos em adultos + velhos -Características clínicas: pessoa vive angustiada, tensa, preocupada, nervosa ou irritada. São frequentes sintomas como insônia, dificuldade em relaxar, angústia constante, irritabilidade e dificuldade em concentrar-se. Fica preocupado c/ os problemas, como as dívidas que tem a pagar ou os compromissos a cumprir. Mantém o pensamento predominantemente no futuro e, em geral, de maneira reverberante. Pode apresentar alteração do sono (sendo + comum a insônia inicial) e do apetite, sensação ruim, medo exacerbado, dificuldade de relaxar e de se concentrar -Sintomas somáticos comuns: como opressão torácica, cefaleia, dores musculares, epigastralgia, taquicardia, formigamento, sudorese e tremores -Prognóstico: apenas um terço dos pacientes c/ TAG generalizada procura tratamento psiquiátrico. Muitos vão a clínicos gerais, internistas, cardiologistas, pneumologistas ou gastrenterologistas, procurando tratamento para os componentes somáticos do transtorno. É uma condição crônica que pode durar a vida toda. PSIQUIATRIA Carolina Ferreira -Tratamento: o + eficaz é o que combina psicoterapia, farmacoterapia e abordagens de apoio. Ele pode durar um período significativo, dependendo do profissional envolvido, seja um clínico, um psiquiatra, seja o médico da família ou outro especialista. -Psicoterapia: as principais abordagens terapêuticas ao TAG são a cognitivo-comportamental, a de apoio e a orientada ao insight. -Tratamento farmacológico: as 3 principais opções de medicamentos a serem consideradas p/ o tto desse transtorno são os benzodiazepínicos, os ISRSs, a buspirona e a venlafaxina. Outros agentes que podem ser úteis são os tricíclicos (imipramina), os anti-histamínicos e os antagonistas β- adrenérgicos (propranolol). Embora o tratamento medicamentoso do TAG seja, às vezes, considerado uma intervenção de 6 a 12 meses, alguma evidência indica que ele deve ser a longo prazo, talvez por toda a vida. Cerca de 25% dos pacientes têm uma recaída no 1º mês após a interrupção do tto, e 60 a 80% a têm ao longo do ano seguinte. → Benzodiazepínicos: são os medicamentos de escolha no TAG. Cerca de 25 a 30% de todos os pcts deixam de responder, e pode ocorrer tolerância e dependência. O tto p/ a maioria das condições de ansiedade dura de 2 a 6 semanas, seguidas por 1 a 2 semanas de redução gradativa da utilização do medicamento antes de sua interrupção. O erro clínico + comum no tto c/ esses fármacos é continuá-lo por tempo indefinido. P/ o tto da ansiedade, é habitual começar administrando o medicamento no extremo + baixo da variação terapêutica e a dose p/ atingir a resposta terapêutica. A utilização de um benzodiazepínico c/ uma meia-vida intermediária (8 a 15 horas) pode evitar alguns efeitos adversos associados aos agentes c/ meias-vidas mais longas, e a utilização de doses divididas evita o desenvolvimento de efeitos adversos associados a picos elevados dos níveis plasmáticos. → Buspirona: é um agonista parcial dos receptores 5-HT1A e pode ser + eficaz em 60 a 80% dos pcts c/ TAG. A > desvantagem da buspirona é que seus efeitos levam de 2 a 3 semanasp/ se tornarem evidentes, em contraste c/ os efeitos ansiolíticos quase imediatos dos benzodiazepínicos. Uma abordagem é iniciar o uso de ambos os grupos ao mesmo tempo e, então, reduzir de forma gradual a utilização dos benzodiazepínicos até a retirada, após 2 a 3 semanas, momento em que a buspirona deve ter atingido seus efeitos máximos. Alguns estudos relataram, ainda, que o tratamento combinado pode ser + eficaz do que cada medicamento isoladamente. A buspirona ñ é um tto eficaz p/ a abstinência de benzodiazepínicos. → Venlafaxina: é eficaz no tratamento de insônia, má concentração, inquietação, irritabilidade e tensão muscular excessiva associadas c/ o TAG. É um inibidor seletivo da recaptação de serotonina(ISRSs). A desvantagem > dos ISRSs, sobretudo da fluoxetina , é que eles podem a ansiedade de forma transitória e causar estados agitados. Por essa razão, os ISRSs sertralina, citalopram ou paroxetina são escolhas melhores p/ pacientes c/ transtorno de alta ansiedade. É razoável iniciar o tto c/ sertralina, citalopram ou paroxetina em associação c/ um benzodiazepínico e, então, reduzir gradualmente o uso do benzodiazapínico após 2 a 3 semanas. SÍNDROME DO PÂNICO (TRANSTORNO DE PÂNICO) -A manifestação central do transtorno de pânico é o ataque de pânico, um conjunto de manifestações de ansiedade c/ início súbito, rico em sintomas físicos e c/ duração limitada no tempo, em torno de 10 min. Um ataque de pânico é um período súbito de intenso medo ou apreensão que pode durar de min a horas -Epidemiologia: mulheres têm 3 vezes + probabilidade de serem afetadas do que os homens, costuma surgir na idade adulta jovem – a idade média de apresentação é em torno dos 25 anos –, mas tanto transtorno de pânico como agorafobia podem se desenvolver em qualquer idade -Um ataque de pânico é caracterizado pelo surgimento de medo intenso ou desconforto intenso que atinge um pico em minutos e pode surgir de um estado calmo ou ansioso, c/ pelo menos 4 dos seguintes sintomas: palpitações; sudorese; tremores; respiração curta ou sensação de sufocamento; sensação de asfixia; dor ou desconforto torácico; parestesias (sensação de anestesia ou formigamento) ; medo de perder o controle ou enlouquecer e medo de morrer -Sintomas típicos: sensação de sufocação, de morte iminente, taquicardia, tonteiras, sudorese, tremores, sensação de perda do controle ou de “ficar louco”, alterações gastrointestinais. Em decorrência da intensa descarga do SNA, é comum sintomas como taquicardia, dispneia, taquipneia, sudorese, tremores, náuseas ou formigamentos acompanharem as crises de pânico. Também é comum o relato de sensação iminente de morte e de perda de controle PSIQUIATRIA Carolina Ferreira -As crises de ansiedade surgem sem desencadeador aparente e atingem seu pico em 5 a 10 min, geralmente c/ remissão em - de 1 h. No entanto, após a crise, a pessoa pode permanecer c/ graves sintomas ansiosos por + tempo. Assim, ela passa a evitar comportamentos que se relacionem c/ a crise e se mantém c/ medo de apresentar novos episódios -Os 1º ataques de pânico costumam vir sem qualquer aviso, de modo totalmente inesperado. Depois podem surgir a partir de um nível > de ansiedade, a ansiedade antecipatória, ou serem precipitados pelo contato c/ algum tipo de situação. -O transtorno de pânico inicia c/ os ataques e costuma progredir p/ um quadro de agorafobia, no qual o paciente passa a evitar determinadas situações ou locais por causa do medo de sofrer um ataque.Os pacientes frequentemente associam os sintomas à possibilidade de estarem sofrendo um infarto ou enlouquecendo. Pode surgir desrealização (sensação de que o ambiente, antes familiar, parece estranho) e/ou despersonalização (sensação da cabeça ficar leve, do corpo flutuar, de estranhar a si mesmo) -Diagnóstico diferencial: anemia; angina; ICC; hipertensão; infarto do miocárdio; asma; embolia pulmonar; epilepsia; enxaqueca; tumor neurológico; doença de Addison; síndrome de Cushing; diabetes; hipertireoidismo; hipoparatireoidismo; hipoglicemia; feocromocitoma; intoxicação por drogas; abstinência de drogas; anafilaxia; deficiência de B12; LES; uremia; intoxicação por metais pesados e distúrbios eletrolíticos -Curso: o transtorno de pânico em geral é crônico, ainda que seu curso seja variável tanto entre pacientes como em um único paciente. As pessoas podem tentar manter os ataques de pânico em segredo e, assim, preocupam seus familiares e amigos c/ as mudanças inexplicáveis no comportamento. A frequência e a gravidade dos ataques podem oscilar. Eles podem ocorrer várias vezes por dia ou menos de uma vez por mês. A ingestão excessiva de cafeína ou nicotina pode exacerbar os sintomas -Tratamento: os + eficazes são a farmacoterapia e a terapia cognitivo-comportamental. Alprazolam e paroxetina são os 2 medicamentos aprovados pela FDA p/ o tto do transtorno de pânico. *Antidepressivos Tricíclicos: imipramina * Inibidores da Recaptação de Serotonina(IRSs): a sertralina e a paroxetina *Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSNs): a venlafaxina *Benzodiazepínicos de Alta Potência: alprazolam AGORAFOBIAS -Agorafobia refere-se a um medo ou uma ansiedade em relação a lugares dos quais a fuga possa ser difícil. É possível que seja a + incapacitante das fobias, porque pode interferir de maneira significativa na capacidade de uma pessoa funcionar no trabalho e em situações sociais fora de casa -Diagnóstico: os critérios diagnósticos do DSM-5 p/ agorafobia estipulam um medo ou uma ansiedade acentuados em relação a pelo menos uma situação de 2 ou + de 5 grupos de situações: (1) utilizar transporte público (p. ex., ônibus, trem, carros, aviões), (2) estar em um espaço aberto (p. ex., parque, shopping center, estacionamento), (3) estar em um espaço fechado (lojas, elevadores, cinemas), (4) estar no meio de uma multidão ou ficar em pé em uma fila, ou (5) ficar sozinho fora de casa. O medo ou a ansiedade devem ser persistentes e durar pelo menos 6 meses -Características clínicas: indivíduos c/ agorafobia evitam de forma rígida situações nas quais seria difícil obter ajuda. Eles preferem estar acompanhados por um amigo ou familiar em ruas movimentadas, lojas superlotadas, espaços fechados (túneis, elevadores) e veículos fechados (metrô, ônibus, aviões). Podem insistir em ser acompanhados toda vez que saem de casa. O comportamento pode resultar em conflito conjugal, que pode ser mal diagnosticado como o problema principal -Diagnóstico diferencial: transtorno depressivo maior, esquizofrenia, transtorno da personalidade paranoide, transtorno da personalidade esquiva e transtorno da personalidade dependente. -Tratamento: → Benzodiazepínicos: apresentam início de ação + rápido contra pânico. Alprazolam e lorazepam são os + frequentemente prescritos. O clonazepam também demonstrou ser eficaz. Os efeitos colaterais são tontura e sedação leves. Ñ devem ser utilizados em combinação c/ álcool, porque podem intensificar seus efeitos → ISRSs: são considerados os de 1º linha, ajudam a reduzir ou prevenir recaídas de várias formas de ansiedade, incluindo agorafoba. As principais vantagens dos antidepressivos ISRSs incluem seu melhor perfil de segurança na superdosagem e carga de efeitos colaterais + tolerável. Os efeitos colaterais comuns da maioria dos ISRSs são distúrbio do sono, sedação, vertigem, náusea e diarreia → Medicamentos tricíclicos: clomipramina e imipramina são os + eficazes no tratamento desses transtornos. As dosagens devem ser elevadas gradual e lentamente p/ evitar estimulação excessiva (síndrome de “nervosismo → Psicoterapia FOBIA ESPECÍFICA -O termo fobia refere-se a um medo excessivo de objeto, circunstância ou situação específicos. A fobia específica é um medo intenso e persistente de um objeto ou deuma situação PSIQUIATRIA Carolina Ferreira -Epidemiologia: é o transtorno + comum entre as mulheres e o 2º + comum entre os homens, atrás apenas dos transtornos relacionados a substâncias. Sua prevalência em 6 meses é de 5 a 10 por 100 pessoas. Características clínicas: as fobias são caracterizadas pelo desencadeamento de ansiedade grave quando as pessoas são expostas a situações ou objetos específicos ou mesmo quando antecipam a exposição às situações ou aos objetos. O principal achado no exame do estado mental é a presença de um medo irracional e egodistônico de uma situação, uma atividade ou um objeto específicos; os pacientes são capazes de descrever como evitam o contato c/ a fobia. C/ frequência, é encontrada depressão no exame do estado mental -Diagnóstico: requer o desenvolvimento de ansiedade intensa, mesmo a ponto de pânico, quando da exposição ao objeto temido. O DSM-5 inclui tipos distintos de fobia específica: tipo animal, tipo ambiente natural (tempestades), tipo sangue-injeção-ferimentos (agulhas), tipo situacional (carros, elevadores, aviões) e outro tipo (p/ fobias específicas que ñ se enquadram nos 4 tipos anteriores). O aspecto fundamental de cada tipo de fobia é que os sintomas de medo ocorrem apenas na presença de um objeto específico -Diagnóstico diferencial: uso de substâncias (alucinógenos e simpatomiméticos), tumores do SNC, doenças cerebrovasculares, esquizofrenia e TOC -Curso: exibe uma idade de início bimodal, c/ um pico na infância p/ fobia de animais, fobia de ambiente natural e fobia de sangue-injeção-ferimentos, e um pico no início da idade adulta p/ outras fobias, como a do tipo situacional. -Tratamento: o + estudado e + eficaz p/ as fobias provavelmente seja a terapia comportamental. Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos podem ser úteis no tratamento de fobia específica, em especial quando associada c/ ataques de pânico. A farmacoterapia (benzodiazepínicos), a psicoterapia ou a terapia combinada dirigida aos ataques também podem ser benéficas. TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL) -O transtorno de ansiedade social (fobia social) envolve o medo de situações sociais, incluindo aquelas que envolvem escrutínio ou contato c/ estranhos. -Epidemiologia: as mulheres são afetadas c/ + frequência do que os homens, a idade de pico de início p/ transtorno de ansiedade social é na adolescência, embora seja comum dos 5 aos 35 Anos -Características clínicas: as pessoas c/ transtorno de ansiedade social temem se embaraçar em situações sociais (reuniões sociais, apresentações orais, encontro com pessoas novas). Elas podem ter medos específicos de realizar determinadas atividades, como comer ou falar na frente dos outros, ou podem experimentar um medo vago e inespecífico de “embaraçar-se”. Em ambos os casos, o medo no transtorno de ansiedade social é do embaraço que pode ocorrer na situação, não da situação em si. -Diagnóstico diferencial: agorafobia, transtorno de pânico, transtorno da personalidade esquiva, transtorno depressivo maior e transtorno da personalidade esquizoide -Curso: tende a começar no fim da infância ou início da adolescência. -Tratamento: tanto a psicoterapia como a farmacoterapia são úteis no tratamento do transtorno de ansiedade social. Os medicamentos eficazes no tto do transtorno de ansiedade social incluem 1) ISRSs, 2) os benzodiazepínicos, 3) venlafaxina e 4) buspirona. A maioria dos médicos considera os ISRSs o tratamento de 1º linha p/ pacientes c/ formas de transtorno de ansiedade social + generalizada. Os benzodiazepínicos alprazolam e clonazepam também são eficazes nesse transtorno. FOBIAS -A síndrome fóbica representa uma forma especial de síndrome de ansiedade. Na síndrome fóbica, a ansiedade está relacionada c/ um objeto, atividade ou situação específica, e ñ é justificada pelo estímulo que a provocou (ou a reação é desproporcional a este); o paciente reconhece a sua reação como irracional ou exagerada e adota um comportamento de esquiva -Fobias simples: direcionadas a objetos ou locais específicos, como seringas, vidro, palhaços, animais, locais fechados, entre outros. PSIQUIATRIA Carolina Ferreira -Uma forma de fobia é a agorafobia, que consiste em um comportamento de esquiva em relação a lugares ou situações em que a fuga seria difícil ou embaraçosa, ou na qual o socorro poderia ñ ser disponível, o paciente evita passar por túneis ou pontes; andar de trem, metrô ou avião; estar no meio de uma multidão ou em uma fila. Em casos + graves, recusa-se a ficar sozinho ou não sai mais de casa. Quando o indivíduo se encontra em uma dessas situações temidas, apresenta uma sensação de profundo desamparo -Outra forma de fobia é a fobia social, que se caracteriza por um medo persistente, excessivo e incapacitante de agir de forma ridícula ou inadequada diante de outras pessoas. O indivíduo tem a expectativa de que será avaliado negativamente em situações sociais nas quais tenha que desempenhar alguma atividade, e teme ser humilhado ou demonstrar embaraço. A exposição a essas situações sociais produz uma reação imediata de ansiedade. Assim, essas situações sociais são invariavelmente evitadas. A situação + comumente temida por pacientes que sofrem de fobia social é a de falar em público -Em outros quadros fóbicos, a ansiedade pode estar relacionada com elementos da natureza, como tempestades, altura (acrofobia) ou água (medo de se afogar); animais; sangue, ferimentos ou injeção; ou ainda lugares fechados (claustrofobia) TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT) -Ocorre quando uma pessoa reage a uma experiência, na qual foi direta ou indiretamente envolvida, c/ medo e impotência, revivendo-a persistentemente, embora evite ativamente suas lembranças (incluindo pensamentos, sentimentos ou atividades) -As revivências se dão de diferentes formas, destacando-se na adolescência, as atuações impulsivas secundárias a ações fantasiadas de intervenção ou vingança e as reencenações. Assim, pode-se observar atuação sexual, abuso de drogas e delinquência -Fatores de vulnerabilidade: presença de trauma na infância; traços de transtornos de personalidade borderline, paranóide, dependente ou antissocial; rede social de suporte fragilizada; sexo feminino; comorbidades psiquiátricas; mudanças estressantes recentes; ingestão abusiva de álcool -Diagnóstico: é feito quando à exposição a um acontecimento que ameace a integridade ou a vida da criança, são observadas alterações importantes no seu comportamento, como inibição excessiva ou desinibição, agitação e reatividade emocional aumentada, hipervigilância, além de pensamentos obsessivos c/ conteúdo relacionado à vivência traumática -O paciente evita falar sobre o que aconteceu, pois isso lhe é muito doloroso, e essa atitude parece perpetuar os sintomas como em geral acontece com todos os transtornos ansiosos. Em crianças< , os temas relacionados ao trauma são expressados em brincadeiras repetitivas TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO -Obsessões são pensamentos, imagens, impulsos, que ocorrem de modo repetitivo, intrusivo, usualmente associados c/ ansiedade, que a pessoa ñ consegue controlar, apesar de reconhecer seu caráter anormal -Compulsões são atos ou comportamentos, recorrentes e repetitivos, que o paciente é forçado a realizar, sob pena de entrar em um estado de acentuada ansiedade -As compulsões costumam se elaborar em rituais c/ atos relacionados c/ limpeza, verificação, contagem. O paciente toma dez, trinta banhos por dia, de acordo com um esquema prédeterminado. Lava as mãos toda vez que se encosta a certo tipo de objeto. Conta as cadeiras de um cinema para se sentar, exatamenteem determinada posição. Certifica-se, inúmeras vezes, de que não deixou uma porta aberta. -As obsessões e as compulsões surgem ou tornam-se evidentes, no início da vida adulta. -Tendem a piorar c/ a evolução da doença e a ocupar uma parcela cada vez > do tempo do indivíduo -O grau de incapacitação é sempre considerável e pode atingir extremos quando o paciente torna-se virtualmente paralisado pelos sintomas, incapaz até de levar um garfo até a boca. TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO -É caracterizado por ansiedade excessiva em relação ao afastamento dos pais ou seus substitutos, ñ adequada ao nível de desenvolvimento, que persiste por, no mínimo, 4 semanas, causando sofrimento intenso e prejuízos significativos em diferentes áreas da vida da criança ou adolescente -As crianças ou adolescentes, quando estão sozinhas, temem que algo possa acontecer a si mesmo ou aos seus cuidadores, como acidentes, sequestro, assaltos ou doenças, que os afastem definitivamente destes. Como consequência, demonstram um comportamento de apego excessivo a seus cuidadores ñ permitindo o afastamento destes ou telefonando repetidamente p/ eles a fim de tranquilizar-se a respeito de suas fantasias -Em casa p/ dormir necessitam de companhia e resistem ao sono, que vivenciam como separação ou perda de controle. Recusa escolar secundária também é comum nesses pacientes -Quando a criança percebe que seus pais vão se ausentar ou o afastamento realmente ocorre, manifestações somáticas de ansiedade, tais como dor abdominal, dor de cabeça, náusea e vômitos são comuns. Crianças maiores podem manifestar sintomas cardiovasculares como palpitações, tontura e sensação de desmaio. Esses sintomas prejudicam a autonomia da criança, restringem a sua vida de relação e seus interesses, ocasionando um grande estresse pessoal e familiar. Sentem-se humilhadas e medrosas, resultando em baixa auto-estima e podendo evoluir p/ um transtorno do humor. TRANSTORNO DE ANSIEDADE DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA PSIQUIATRIA Carolina Ferreira -Muitas condições médicas estão associadas c/ ansiedade. Os sintomas podem incluir ataques de pânico, ansiedade generalizada e outros sinais de sofrimento. Em todos os casos, os sinais e sintomas serão devidos aos efeitos fisiológicos diretos da condição médica. -Etiologia: hipertireoidismo, hipotireoidismo, hipoparatireoidismo, deficiência de vitamina B12, feocromocitoma, arritmia cardíaca, hipoglicemia -Características clínicas: uma síndrome semelhante ao transtorno de pânico é o quadro clínico + comum, e uma síndrome semelhante a fobia é a ocorrência menos comum. Indivíduos que têm miocardiopatia podem apresentar a incidência + alta de transtorno de pânico secundário a uma condição médica geral. -Exames laboratoriais: hemograma completo, eletrólitos, glicose, nitrogênio da ureia sanguínea, creatinina, testes da função hepática, cálcio, magnésio, fósforo, testes da função tireoidiana e toxicologia urinária. Ocasionalmente, outros exames podem ser indicados, p/ excluir feocromocitoma (catecolaminas urinárias), um transtorno convulsivo (EEG), arritmia cardíaca (monitoramento por Holter) e doença pulmonar (oximetria, gases sanguíneos arteriais). As imagens cerebrais podem ser úteis p/ excluir transtorno desmielinizante, tumor, AVC ou hidrocefalia -Diagnóstico: requer a presença de sintomas de um transtorno de ansiedade causado por 1 ou + doenças clínicas. O DSM-5 sugere que os médicos especifiquem se o transtorno é caracterizado por sintomas de ansiedade generalizada ou por ataques de pânico. Os médicos devem suspeitar ainda + do dx quando a ansiedade crônica ou paroxística estiver associada c/ uma doença física conhecida por causar esses sintomas em alguns pacientes. -Tratamento: deve-se tratar a condição subjacente. Se o paciente também apresentar transtorno por uso de álcool ou de outras substâncias, este também deve ser tratado p/ obter o controle dos sintomas de transtorno de ansiedade. Técnicas de modificação comportamental, ansiolíticos e antidepressivos serotonérgicos têm sido as modalidades + eficazes de tratamento. TRANSTORNO DE ANSIEDADE INDUZIDO POR SUBSTÂNCIAS -Esse transtorno é o resultado direto de uma substância tóxica, incluindo drogas de abuso, medicamentos, venenos e álcool, entre outras. -Etiologia: anfetamina, a cocaína e a cafeína, LSD e MDMA e medicamentos -Diagnóstico: requer a presença de ansiedade ou de ataques de pânico proeminentes. As diretrizes do DSM-5 estabelecem que os sintomas devem ter-se desenvolvido durante o uso de uma substância ou no período de 1 mês da cessação de seu uso. A estrutura do diagnóstico inclui a especificação (1) da substância (cocaína), (2) do estado durante o início (intoxicação) e (3) do padrão específico de sintomas (ataques de pânico). -Características clínicas: variam de acordo c/ a substância envolvida. Mesmo o uso infrequente de psicoestimulantes pode resultar em sintomas de transtorno de ansiedade em algumas pessoas. Comprometimentos cognitivos na compreensão, no cálculo e na memória podem estar associados c/ esses sintomas. Esses déficits cognitivos costumam ser reversíveis quando a utilização da substância é interrompida. Praticamente todos que bebem álcool, em pelo menos algumas ocasiões, utilizam-no p/ reduzir a ansiedade, c/ + frequência a ansiedade social. -Diagnóstico diferencial: transtornos de ansiedade primários; transtorno de ansiedade devido a uma condição médica geral; transtornos do humor; transtornos da personalidade e simulação -Curso: os efeitos ansiogênicos da maioria dos medicamentos são reversíveis. Quando a ansiedade ñ é revertida c/ a interrupção do medicamento, devem reconsiderar que a substância tenha causado dano cerebral irreversível. -Tratamento: é a remoção da substância que o esteja causando. Em seguida, deve-se buscar um tto alternativo se a substância era um medicamento indicado p/ fins terapêuticos, limitar a exposição do paciente se a substância foi introduzida por meio de exposição no ambiente ou tratar o transtorno relacionado a substâncias subjacente. Se os sintomas de ansiedade persistirem mesmo após a interrupção do uso da substância, pode ser apropriado o tratamento com as modalidades psicoterapêuticas ou farmacoterapêuticas adequadas. TRANSTORNO MISTO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO -Esse transtorno descreve pacientes c/ sintomas tanto de ansiedade quanto de depressão que ñ satisfazem os critérios diagnósticos p/ um transtorno de ansiedade e um transtorno do humor. A combinação de sintomas de ansiedade e depressão resulta em comprometimento funcional significativo p/ a pessoa afetada. -Epidemiologia: é comum a coexistência de transtorno depressivo maior e transtorno de pânico. Até 2/3 de todos os pacientes c/ sintomas depressivos apresentam sintomas de ansiedade proeminentes, e 1/3 pode satisfazer os critérios diagnósticos p/ transtorno de pânico. -Características clínica: combinam sintomas dos transtornos de ansiedade c/ alguns sintomas dos transtornos depressivos. Além disso, os sintomas de hiperatividade do SNA, como queixas gastrintestinais, são comuns e contribuem p/ a alta frequência c/ que os pacientes são vistos em clínicas médicas ambulatoriais. -Diagnóstico: os critérios diagnósticos requerem a presença de sintomas subsindrômicos tanto de ansiedade como de depressão e de alguns sintomas autonômicos, como tremor, palpitações, boca seca e a sensação de “reviravolta” no estômago. -Diagnóstico diferencial: transtornos de ansiedade e depressivos e transtornos da personalidade. -Curso: os pacientes parecem ter igual probabilidade de apresentar sintomas proeminentes de ansiedade, depressão ou uma mistura igual dos 2 sintomas no início. Durante o curso da doença, esses sintomas podem alternar-se em sua predominância -Tratamento: pode incluir medicamentosansiolíticos ou antidepressivos ou ambos. Entre os medicamentos ansiolíticos, indicam que o uso de triazolobenzodiazepínicos (alprazolam) pode ser indicado devido a sua eficácia no tto da depressão associada c/ PSIQUIATRIA Carolina Ferreira ansiedade. Um medicamento que afeta os receptores 5-HT1A, como a buspirona, também pode ser indicado. Quanto aos antidepressivos, a venlafaxina é um antidepressivo eficaz aprovado pela FDA p/ o tto de depressão, bem como p/ o TAG, sendo o medicamento de escolha no transtorno combinado.
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