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1 ESCOLA VERA CRUZ 1ª Série - Andrea e Claudia 1º Semestre – 2005 L.Portuguesa PROJETO FÁBULAS RESP. Andréa Felix Dias Dez 2005 O gênero Fábulas foi uma escolha coletiva de nosso grupo série para o início de trabalho com Língua Portuguesa em todas as 1as séries. Compartilhamos, portanto, o trabalho inicial de construção das justificativas e conteúdos eleitos para o trabalho. Também escolhemos a modalidade didática “projeto”, deixando para cada grupo-classe a escolha do produto final e para cada professora a definição das atividades dentro do percurso de conteúdos que definimos assim hierarquizados. JUSTIFICATIVA As Fábulas têm como aspectos principais um enredo curto que quase sempre tem bichos como personagens e uma frase final que dá uma lição para o leitor pensar. É a chamada “moral da história”. Este gênero nos pareceu interessante para o início do trabalho de Português na 1a série devido a diversos aspectos: 1. É um gênero de tipo narrativo, já conhecido pelos alunos, e apreciado em momentos de leitura feita pelo professor nas séries anteriores (todos os grupos da 1a série de 2005 tiveram algum contato com fábulas no final do semestre no pré); 2. São histórias curtas, portanto, possibilitam a leitura e a reescrita autônoma por parte dos alunos; 3. As fábulas são atraentes para as crianças desta faixa etária por serem divertidas, possuírem animais como personagens, enredos simples e leituras não cansativas. Ainda observamos uma identificação das crianças com os comportamentos humanos que aparecem representados. Atitudes como uso da esperteza, disputas entre fortes e fracos, etc são próximos das vivências infantis. 2 OBJETIVOS 1. Ampliar o repertório de fábulas conhecidas; 2. Ouvir fábulas lidas ou contadas pelo professor e pelos colegas. 3. Participar de leituras compartilhadas; 4. Ler algumas fábulas com autonomia; 5. Apreciar fábulas bem escritas; 6. Interpretar histórias e, com a mediação do professor, observar: a função do discurso, as relações entre a situação apresentada e o ensinamento moral, características narrativas do gênero (presença de narrador, personagens, situação problema, desfecho/tempo e espaço); 7. Reconhecer algumas características típicas do gênero Fábula como: a brevidade, animais como personagens e o ensinamento moral; 8. Observar que as fábulas podem ser escritas na forma de prosa ou verso; 9. Interpretar a função da linguagem figurada nas fábulas e nos ensinamentos morais; 10. Reconhecer os ditados populares (provérbios) que aparecem no final dos textos e observar sua relação e utilização como síntese dos ensinamentos da fábula; 11. Observar e estudar os recursos lingüísticos e composicionais do gênero que fazem das fábulas histórias breves como: indefinição de tempo e lugar, organização de várias idéias em cada frase; utilização dos conhecimentos prévios do leitor/ouvinte sobre o “saber comum” a respeito de cada animal; 12. Observar as características dos títulos da fábulas (apresentação dos personagens, indefinição da trama, presença de substantivos comuns e não próprios – trabalho com letra maiúscula –, predominância de artigos + conjunção E – trabalho com segmentação) 13. Recontar fábulas coletivamente; 14. Reescrever e revisar fábulas coletivamente; 15. Reescrever e revisar as fábulas individualmente, utilizando-se dos conhecimentos prévios adquiridos; 16. Definido com o grupo um produto final, no início do projeto, outros objetivos serão buscados dependendo desta escolha (específica de cada classe); 3 CONTEÚDOS • Personagens típicas: São utilizadas nas fábulas personagens animais com características humanas próprias do senso comum (raposa esperta, tartaruga lenta mas persistente). Tal procedimento “economiza” a descrição dos personagens das histórias, que quase sempre são apresentados no próprio título. • Ensinamento moral: A frase que o contador coloca no final da história, ou em destaque ou na fala final de algum personagem é um conselho, como os provérbios ou ditados populares. Podem ainda ser de caráter crítico ou uma gozação. • Brevidade (Característica composicional): O texto é curto porque não descreve personagens, nem tempo ou lugar para que o leitor chegue rapidamente à moral da história ou ensinamento. Na construção do texto também são utilizadas frases que contêm várias idéias. Por exemplo: “Um veado, fugindo de caçadores, chegou à entrada de um antro onde estava um leão.” Recursos lingüísticos e composicionais que são utilizados para garantir as características anteriores: • Apresentação recortada de apenas uma situação problema que encaminha-se rapidamente para um desfecho: A fábula apresenta sempre um ou, no máximo, dois acontecimentos, com uma tensão, isto é, um problema. Tipos de conflitos comuns nas fábulas são: o disputa entre personagens com características opostas (feio/bonito; inteligente/burro; esperto/ingênuo) o Alguém querer enganar outro para conseguir algo o Personagem faz algo que prejudica a ele mesmo o Relações de poder: mais forte e mais fraco • Indeterminação de tempo e lugar: Observar que nas fábulas o tempo e o lugar são em geral indeterminados, com isso o autor dizia que seus ensinamentos eram eternos. • Presença de discurso direto (vozes dos animais)/ Recursos lingüísticos (pontuação): Pode- se observar os momentos da história onde há um narrador, as falas dos personagens em diálogos e a forma como esses diálogos são pontuados. • Elementos coesivos: Nas apreciações pode-se identificar os recursos utilizados pelos autores para dar coesão ao texto (pontuação, não repetição de palavras, sinônimos, conectivos lógico- temporais e de causa-conseqüência, etc). Nas proposições de atividades de escrita e de revisão apontar soluções para que o texto ganhe mais sentido por meio dos recursos de coesão conhecidos. 4 NOSSA CLASSE Particularmente minha opção por fábulas para o início da primeira série justifica-se, além da adequação à faixa etária e ao momento de aprendizagem da língua que os alunos em geral apresentam neste momento, também pela qualidade dos textos alcançada por todos os meus alunos da classe do ano passado. Para este planejamento utilizei a seqüência de atividades vivida em 2004. Parti da avaliação que fiz sobre o projeto, alterei a ordem de algumas atividades e elegi para repetir aquelas que considerei produtivas em função das modificações que apareceram nos textos dos alunos, e as que foram mais apreciadas por eles. Ainda acrescentei modificações procurando otimizar a apreensão dos conteúdos pelos alunos e adicionar os novos conteúdos e objetivos trazidos pela Márcia. PLANEJAMENTO 1 Leitura permanente de fábulas pelo professor uma vez por semana com interpretação oral dos conteúdos, relação com o ensinamento moral, apreciação das ilustrações, dos comportamentos dos personagens, situações problema etc. Livro escolhido: Fábulas de Esopo – Companhia das Letrinhas, lido na seqüência. 2 Atividades diagnósticas de leitura e escrita: Leitura de “O cão e a carne” em letra maiúscula observando a compreensão dos alunos do conteúdo da história. Reescrita de “A tartaruga e a Lebre” – versão que aparece em “Livro das virtudes para crianças” escolhida por ser a mais curta que encontramos e bem próxima da versão mais conhecida pelos alunos. 3 Leitura de fábulas em classe e/ou lição de casa, uma vez por semana; 4 Definição do produto do projeto. 5 Pesquisa sobre ditados populares: lição de casa, discussão em classe sobre sua relação com as fábulas. Cartaz com os ditados preferidos, discussão de seus significados. Releitura dos ensinamentos morais das fábulas já lidas durante a primeira série observando quais apresentam ditados populares. 6 Análise do índice do livro “Fábulas de Esopo” da Companhia das Letrinhas que estamos lendo nas atividades permanentes para levantamento de hipóteses sobre as fábulase como são os títulos das fábulas. Comparar oralmente com títulos de outros tipos de texto, chamar atenção dos alunos para as “palavras pequenas” (artigos e conjunções). Registrar em cartaz as descobertas feitas. 7 Pesquisa sobre letra maiúscula em aula de ortografia. 8 Pesquisa sobre os personagens das fábulas: observando ausência de nomes próprios, pouca adjetivação, características humanas, uso de estereótipos. Intervenções: Quais atitudes dos personagens animais das fábulas que já lemos parecem com as das pessoas? 5 Lista de características de personalidade dos seres humanos, coletiva, na lousa. Na seqüência, em duplas, alunos farão lista associando uma das características da lousa com animais típicos de fábulas. 9 Socializar as listas para criar um cartaz comum; o objetivo é que os alunos percebam que os autores utilizavam-se do senso comum para economizar descrições. Intervenções: O que aparece mais associado a cada animal? Por que será que os autores das fábulas utilizam-se do recurso de apresentar animais humanizados com características estereotipadas? 10 Lição de casa: ficha da fábula “A cegonha e a raposa” comparando comportamentos humanos e animais. 11 Biblioteca de fábulas sobre situação problema: os alunos irão ler fábulas livremente nos livros, tentando procurar em cada história quantos acontecimentos aparecem. Socializar as descobertas apontando para a questão do objetivo deste tipo de texto – ensinar. Portanto: um problema com desfecho rápido. 12 Trabalho com compreensão e coesão textual: terminar “O galo, o gato e o ratinho” 13 Interpretação por escrito de “Água e areia” com correção coletiva 14 Discussão sobre a indeterminação nas fábulas de tempo e lugar. Será lido para o grupo o início de uma notícia do dia anterior, o início de um conto e o início de uma fábula. Intervenção: Perguntar para a classe se há diferenças nos começos dos três textos. Depois caracterizar cada começo na lousa. 15 Coesão e pontuação das fábulas (ficha): Com os alunos organizados em duplas, observaremos no retroprojetor a fábula “A raposa e o leão” na versão original e em outra na qual as idéias foram separadas em frases curtas. Farei uma leitura para os alunos dos dois textos discutindo seu significado, para perceberem que se trata da mesma história. Depois solicitar as diferenças entre os dois textos. Intervenções possíveis: Marcar e contar os pontos finais Observar a repetição da palavra Raposa 16 Falas dos personagens: leitura de duas fábulas, uma com aspas e outra com travessão. Observar os momentos em que os personagens falam nas histórias marcando com caneta marca-texto. Apontar para os alunos este tipo de sinal de pontuação. ---------------- a partir deste ponto visando o produto do projeto ------------------------------------ 17 Reescrita coletiva de uma fábula utilizando os conhecimentos adquiridos 18 Revisão coletiva 19 Reescrita individual 20 Construção de tabela para revisão 21 Revisão de fábula do colega 6 22 Reorganização do seu próprio texto. REGISTRO DAS ATIVIDADES DADAS 1 - Leituras permanentes: Nas atividades de leitura permanente do professor, estou lendo uma vez por semana o livro “Fábulas de Esopo” da Companhia das Letrinhas. Este livro tem um bom repertório de fábulas, em versões curtas que me parecem mais próximas do original e com ilustrações de diversas épocas e artistas. Fomos fazendo sempre reflexões sobre os textos lidos. A princípio, o objetivo destas reflexões foi garantir a compreensão do texto e favorecer uma apreciação ampla de cada história. Porém já imaginava que na medida em que o repertório dos alunos fosse aumentando, haveria, como houve no ano anterior, oportunidade de apontar para detalhes específicos do gênero como o tamanho do texto, a resolução rápida de uma situação problema, a pontuação das falas das personagens etc. Logo nas primeiras leituras, alguns alunos já demonstraram conhecer o gênero e falaram das fábulas como histórias sempre curtas, com animais como personagens e intenção de ensinar – moral da história. As discussões sobre o significado dos textos acabaram desembocando, muitas vezes, em uma busca da relação entre a história narrada e a moral da história ou o ensinamento proposto. Durante a leitura da fábula “A queixa do pavão”, que interessou particularmente o grupo, os alunos falaram das pessoas que “se acham”. Um dos alunos, Tiago, comenta: “o pavão é ‘tipo’ eu!”, referindo-se ao seu comportamento convencido sempre apontado por nós professoras. Já aparecem referências a ditados populares em muitas destas discussões, por exemplo, para explicar a fábula “A gralha vaidosa” uma aluna, Manu B., usa o ditado “cada macaco no seu galho”. Em outro momento, quando conversávamos sobre o modo de participar das rodas esperando a vez para falar, a mesma aluna diz outro ditado “quando um burro fala o outro abaixa a orelha”. Aproveitei todas estas situações para nomear este outro gênero, ditados populares, já que este seria nossa primeira intervenção para ajudar na compreensão do gênero fábulas. 2 – Reescrita de “A tartaruga e a lebre”: foi uma atividade para o diagnóstico de escrita. Esta fábula foi escolhida por ser muito conhecida, o que facilitaria o processo de produção, não precisariam pensar muito sobre os conteúdos, o que realmente aconteceu. Li o texto (utilizei a versão desta fábula que está em “O Livro das virtudes para crianças” - a mais curta que encontrei) fiz uma recontagem coletiva e coloquei na lousa os pontos principais da história. Tudo para facilitar o processo de escrita, já que há no grupo crianças que ainda não estão totalmente alfabetizadas. Para grande parte do grupo (18 de meus 24 alunos) foi uma atividade fácil e tranqüila, terminaram o texto em uma aula. Quando cada aluno terminava de escrever, lia para uma das professoras sua produção. Com isso pretendíamos garantir a legibilidade dos textos e a coerência. Outros seis alunos precisaram de mais uma aula para terminar, sendo que 4 deles (Carla, Vítor, Mateus e Marco) não conseguiram nem mesmo com esta segunda aula pois ainda não estão com a escrita totalmente alfabética (Mateus estava em hipótese silábica). Os textos apresentaram-se muito bem estruturados, curtos, com todas as partes da história na ordem correta – estrutura garantida graças à grande exploração que fizemos antes da escrita. Porém, em muitos deles, ocorreram: repetição de palavras, aglutinações (e com isso palavras em que faltavam letras) e falta de pontuação. Alguns exemplos destas primeiras produções: Flávia U DIA A LEBRE ITAVA CAÇUANDO DA TATARUGA BRAVA APOTOUMA CORIDA A RAOZA É U GUIS A TATARUGA RATEJAVA A LEBRE QOREU NA FETE E AI LBRE PARO PARA DURMIU A TATARUGA QONTINUOU QUADU ACODO A TATARUGA ITAVA PACUNA LIA DE CHEGADA. 7 DIVAGAR CEPRE VAI LOGI Gabriela EM ALGUM LUGAR UMA LEBRE CASSUAVA DE UMA TARTARUGA COM A INTENSÃO DE DISER QUE ELA É LÉRDA COM RAIVA A TARTARUGA DISAFIOL A LEBRE PARA UMA CORRIDA A LEBRE SE ACHANDO A TAU ASSEITOU O DISAFIO PROPOSTO AS DUAS COMVIDARÂM A RAPOSA PARA SER JUIZA EMSSEGUIDA A TARTARUGA COMESSOL A RASTEJAR LOGO DEPOIS A LEBRE PASSOU NA FRENTE VEMDO QUE IA GANHAR FACIL RESOUVEL TIRAR UMA SONECA QUANDO ACORDOU VIU QUE A TARTARUGA TINHA GANHO. MORAL: DIVAGAR VAI LONGE Fernando A LEBRE ETAVA CASUNHDO DA TARTAUGA A TARTARUGA FICOSHATIADA A TARTARUGA DEZAFIO A LEBRE A LEBRE LARU(FALOU) QE A SE TO E:COLERE A RAPOZA FOI ECOLIDA PO SU A SABEDOIH E COMESO: ACORIDA A TARTARUGA CO MESO A SIRATEJA E: A LEBRE TAPASO A: TARTARUGA E A LEBRE CIACHNDO DEU COXLO A LEBRE ACODO A TARTARUGA ETEVA IPERADO A LEBRE NA LINHA DE CEHADO MOOAR DOVAGAR VELOGI 3 – Leitura da fábula “O cão e a carne”: Também com a intenção de fazer um diagnóstico das técnicas de leitura e compreensão classe, utilizamos o texto todo em letra maiúscula. Dez alunos tiveram uma leitura fluente e com compreensão total do texto, 8 leram por palavrase destes, dois não conseguiram recuperar a compreensão da história; outros 6 alunos leram de modo silabado decifrando as palavras sem conseguir compreender o texto (exceto uma aluna, Suzana que leu de modo silabado mas compreendeu o texto). 4 – Leitura e interpretação de fábulas (repertório): Seguimos lendo Fábulas ao longo de todo o projeto. Toda semana líamos para eles no momento de atividade permanente de leitura (uma vez por semana) e os alunos também leram sozinhos e discutiram outras fábulas como “O leão e o ratinho” (pasta textos 1 – ficha 519). Enquanto isso, trabalhávamos nas produções escritas com atividades de reflexão sobre o sistema de escrita (sílabas complexas, segmentação) para finalizar o processo de alfabetização e iniciar o trabalho com ortografia. 5 – Conversa sobre o projeto: Apresentei fábulas como nosso assunto de Língua Portuguesa, um tipo de texto que nós estudaríamos, junto com as outras primeiras séries e que poderíamos escolher um produto para estes estudos. Então, fizemos um cartaz com as coisas que eles já sabiam sobre as fábulas: FÁBULAS: • NA MAIORIA DAS FÁBULAS OS PERSONAGENS SÃO ANIMAIS • SÃO CURTAS • ENSINAM ALGUMA COISA • MUITAS HISTÓRIAS TERMINAM COM UMA MORAL • SÃO ENGRAÇADAS • OS PERSONAGENS SÃO QUASE PESSOAS (HUMANIZADOS) Após este momento, discutimos qual seria o produto do nosso projeto. Surgiram várias idéias, inclusive de fazer um teatro sobre as fábulas, pois estavam empolgados com as aulas de jogo dramático, ou escrever uma fábula que ensine sobre a água, nosso projeto de Ciências, mas fui “cortando as asinhas” deles. Apontei que este produto tinha que ter uma parte escrita, todos precisariam escrever uma fábula, revisar e corrigir; também não poderia ser um teatro porque este é outro tipo de texto que eles não conhecem e seria difícil após tudo isso, ainda transformar a fábula escrita em uma peça. Também apontei a necessidade de terminarmos o assunto até o final do semestre, antes da Festa Junina. 8 Então, uma aluna (Gabriela) lembrou-se da confecção de prendas para a festa junina e sugeriu que fizéssemos um livro de fábulas como prenda. Mostrei o livro que fiz com meus alunos do ano passado e eles adoraram, mas pediram para que tivesse ilustração. Ficou decidido que o produto de nosso projeto seria um livro de fábulas, ilustrado em preto e branco, para prenda da festa junina. 6 – Pesquisa sobre ditados populares: Nas aulas seguintes, fizemos uma pesquisa sobre ditados populares relacionando com a moral das histórias. Os alunos voltaram com as lições de casa muito felizes em descobrir que seus pais, avós, empregadas sabiam muitos ditados para eles escreverem (uma aluna, Mônica, trouxe duas páginas frente e verso com ditados, outra, Adriana, trouxe além da lição, um pedaço de papel de pão no qual a avó escreveu um ditado para ela). Tivemos duas aulas coletivas nas quais cada aluno lia seu ditado popular preferido para colocarmos em um cartaz e discutir seu significado. Alguns exemplos dos ditados populares preferidos: ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA QUEM TUDO QUER NADA TEM QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO NEM TUDO QUE RELUZ É OURO CACHORRO PICADO POR COBRA TEM MEDO DE LINGÜIÇA CASA DE FERREIRO ESPETO DE PAU GATO ESCALDADO TEM MEDO DE ÁGUA FRIA NÃO COLOQUE O CARRO NA FRENTE DOS BOIS. Para explicar “Em casa de ferreiro espeto de pau” Gabriela utilizou-se de outro ditado “Santo de casa não faz milagre”. E também contou que já conhecia muito “estes ditados” porque quando não arruma o quarto ouve da mãe “defunto só balança porque lhe carregam a rede” coisa que os outros alunos não entenderam e suscitou muita discussão. A compreensão dos alunos dos ditados populares exigiu, além da abstração do sentido figurado das palavras, conhecimentos prévios de coisas antigas como carro de boi ou o trabalho de um ferreiro. Foram aulas muito divertidas e os alunos se interessaram muito pelo assunto (tanto quanto a professora – os ditados populares são um universo muito rico, diverso e colorido). Nas leituras seguintes, tanto as feitas por nós professoras nas atividades permanentes, como as que os alunos faziam na aula de leitura, as discussões sobre o ensinamento moral ou mesmo a compreensão da história passava por uma relação com os ditados populares. Os ditados ajudaram a entender o que as fábulas queriam ensinar, ampliando o significado da moral de cada história lida. 7 – Leitura e interpretação de fábulas (continuando a formar o repertório): Em função de um trabalho específico das aulas de Matemática, passamos a realizar as atividades de leitura em classe das fábulas pelos alunos com a classe dividida (metade em aula de matemática comigo e outra metade lendo e discutindo as fábulas com a Claudia, professora auxiliar). Claudia registrou portanto as próximas três atividades de leitura e interpretação. Em “A reunião geral dos ratos” (textos 1 - 529) fizeram a interpretação oral do texto (foi tranqüila) contando muitos casos pertinentes. Claudia perguntou se havia algum ditado popular que combinava com aquela fábula e uma aluna, Mônica, disse “Cão que ladra não morde”. Na aula seguinte, fizeram a leitura e interpretação por escrito de “Água e areia” (textos 1 - 502-503) (antecipei a aula 13 do planejamento) que foi também tranqüila e de fácil compreensão para todo o grupo. Por fim leram, “O leão e o mosquito” (textos 1 - 518), nesta fábula a compreensão não foi imediata, pois foi mais complicado entender quem “é o menor e pior dos inimigos” de que fala a moral da história: o mosquito ou a aranha? Foi uma discussão interessante, especialmente pela ampliação de valores; um aluno, por exemplo, comentou que “Não é porque alguém é pequeno que é sempre bonzinho, ou porque alguém é grande que é sempre mal”. Discutiram ainda que o mosquito desrespeitou o leão que não estava fazendo mal nenhum para ele. 9 Acabaram compreendendo, mas não foi fácil, precisaram juntar muitas idéias para chegar a uma conclusão sobre esta fábula. Fizeram também nesta aula leituras em voz alta. 8 – Características dos personagens: Havíamos planejado na seqüência a análise do índice do livro “Fábulas de Esopo” para um trabalho com os títulos, mas como ainda não havíamos estudado as letras maiúsculas e estávamos começando a explorar o tema letra - sílabas – palavras nas aulas de ortografia, preferi modificar o planejamento e fizemos antes a análise sobre as características dos personagens das fábulas: animais humanizados.1 Prevendo uma certa dificuldade em atribuir características psicológicas aos animais das fábulas (fato ocorrido com os alunos no ano anterior), iniciei a atividade solicitando aos alunos uma lista de características das pessoas. Fiz a ressalva de que não poderiam ser “coisas físicas” ou da aparência. Como também estamos trabalhando sobre Virtudes em rodas de discussão sobre atitudes e problemas nas relações entre eles, foi muito fácil para estes alunos falar sobre o tema. Os itens abaixo surgiram como resposta à pergunta “como uma pessoa pode ser?” corajosa tímida esperta egoísta medroso malandro persistente gentil sério bem humorado burro teimoso generoso calma agitado distraído “se achando” sábio alegre triste Em seguida, fizemos uma lista de animais que normalmente aparecem nas fábulas e, em duplas, os alunos deveriam atribuir a eles qualidades humanas como as que listamos na lousa. Foi uma atividade fácil para a maioria, pois mesmo a dificuldade em escrever as palavras foi minimizada pela lista na lousa, podiam copiar. Ao final da aula, cada dupla leu suas produções, observamos as coincidências e expliquei que este é mais um dos motivos que fazem das fábulas histórias curtas; os autores partem do “senso comum”, ou seja, o que todo mundo pensa sobre determinados animais e assim não descrevem os personagens. Exemplos: Tiago e Simone RAPOSA: ESPERTA, MALANDRA, VAI ENGANAR TODO MUNDO CORUJA: SABEDORIA, ATENTACOBRA: TRAIÇOEIRA, SABIDA LEÃO: FORTE, PERIGOSO RATO: ESPERTINHO, EXIBIDO LEBRE: APRESSADA, BOAZINHA TARTARUGA: LENTA, BURRA Adriana e Cristina RAPOSA: BRAVA, NÃO É GENTIL CORUJA: ESPERTA, INTELIGENTE TARTARUGA: PREGUIÇOSA Fernando e Patrícia RATOS: FAZEM PLANOS, PENSAM RAPOSA: ESPERTA, ENGANA OS ANIMAIS 1 Neste período ocorreram paralelamente produções escritas para a reunião de pais e escritas de resenhas para os livros lidos na biblioteca circulante. No projeto de fábulas, o foco ficou em leitura e reflexões sobre o gênero. 10 LEÃO: CONVENCIDO, SEMPRE SE ACHA MAIS FORTE QUE OS OUTROS, ACHA QUE PODE MANDAR SÓ PORQUE É O REI DAS SELVAS CORUJA: SABIDA, FAZ AS COISAS CERTAS, SABE O QUE É PARA FAZER E O QUE É ERRADO LEBRE: É MUITO CONVENCIDA QUE É A MAIS RÁPIDA DOS ANIMAIS TARTARUGA: QUANDO FALAM QUE ELA É LERDA FICA FURIOSA COBRA: SEMPRE ESTÁ ENGANANDO FALANDO QUE QUER CONVIDAR PARA O ALMOÇO. Como lição de casa, levaram uma ficha (textos 1 - 527) que compara comportamentos usuais dos animais e dos animais humanizados nas fábulas (10). Não foi possível fazer o cartaz que havíamos planejado (9) pois aconteceram: um feriado, a reunião de pais, a montagem de um terrário em Ciências e uma saída para um passeio à Sabesp. Quando tivemos novamente aula de português achei que o assunto já estava distante, além disso seria uma outra aula de reflexão sobre um conteúdo que me pareceu bem assimilado pelo grupo naquela aula. 9 – Escrita do final de uma fábula (individual): Como já fazia muito tempo que os alunos não realizavam uma produção escrita individual, antecipei a atividade 12 do planejamento e trabalhamos uma ficha onde teriam que terminar a fábula “O galo, o gato e o ratinho” (textos 1 - 513B). Nesta ficha é importante que os alunos compreendam muito bem o início da história para escrever o final com competência. No ano passado, muitos alunos resolveram a questão escrevendo falas onde a mãe do ratinho dizia: “Filho, o gato é perigoso!” sem perceber que isso não ajudaria o ratinho pois ele não sabia o nome dos animais que viu. Prevendo a mesma dificuldade, fiz uma intervenção após minha leitura do texto para os alunos: perguntei se eles achavam que a mãe poderia dizer para o ratinho “Tome cuidado com o gato.” Com isso, as produções não tiveram o mesmo problema dos meus alunos no ano anterior e cada aluno deste ano procurou uma solução particular para a questão de como ensinar ao ratinho que as aparências enganam, sem usar as palavras gato e galo. Os resultados foram muito bons. Mas novamente parte dos alunos precisou de ajuda e outros de mais de uma aula para terminar, em função da falta de fluência na leitura e escrita. Com isso, não foi possível uma troca das respostas como fiz no ano anterior no final da mesma aula. Exemplos das respostas: Carla MEU FILHO A QUELE A NIMAU QUE VOSE A CHOU QUEELE É LEGAU E BONITO E OQUE VOSE A CHOU QUE É RA UMONRRO FOI ENGANASÃO Mateus (com ajuda mas evoluindo para hipótese alfabética!) AQEE ANIMA QE VOCE CODO (gostou) ELAPLICOZO (era perigoso) E CE CHAMA GATO Daniel FILHINHO VOCÊ SE ENGANOU O BICHO MARAVILHOSO ERA O MAIS PERIGOSO QUE SE CHAMA GATO E O QUE VOCÊ ACHOU MAU ERA BOM QUE SE CHAMA GALO Adriana NÃO SEI O QUE VOU FAZE COM VOCÊ ESES BIHOS SO 1 É PIGOSOS É A QUE LE QUE VOCÊ FALOU QUE ERA BONITO E QUE TEM UM RABO BONITO E ELE PODE TECOME E O OUTRO NÃO É PIRIGOSO Mônica 11 A MÃE RESPONDEU... FILHO ESSE BICHO APAVORANTE É O GALO E ESSE BICHO ELEGANTE É O GATO É A QUEM VOCÊ DEVE SE PREOCOPAR PORQUE ELE COME RATO TOME MAIS CUIDADO QUANDO SAI POR AI. 10 – Biblioteca de fábulas - uso das letras maiúsculas: A aula seguinte que havíamos planejado (6) seria uma análise dos títulos das fábulas e da falta de letras maiúsculas, já que os personagens não têm nomes próprios. Para isso, eu contava com conhecimentos adquiridos nas aulas de ortografia. Como o assunto ainda estava complicado nessa altura do semestre, modifiquei a atividade com a intenção de ampliar a pesquisa sobre as letras maiúsculas antes de olharmos somente para os títulos. Fizemos uma biblioteca de fábulas. Cada aluno pegou um livro e leu pelo menos uma fábula. Solicitei que procurassem as letras maiúsculas nos livros. Encontraram nos títulos, nas primeiras letras das histórias e nomes de adaptadores ou ilustradores dos livros. Reafirmaram e constataram por si mesmos as observações que já havíamos feito em aulas de ortografia. Então, visando a identificação da falta de nomes próprios nos personagens de fábulas, pedi que procurassem letras maiúsculas no meio dos textos. Assim que eles localizavam uma letra maiúscula eu perguntava: Essa letra está em um nome? ou Por que será que tem uma letra maiúscula neste lugar? A grande maioria percebeu que os personagens não tinham letras maiúsculas ou nomes próprios e discutimos que o motivo dos autores usarem personagens assim é novamente dizer que as histórias (e portanto seus ensinamentos) valem para qualquer “raposa” ou “leão”. Alguns alunos perceberam também a pontuação que precedia as letras maiúsculas, mas não foi possível ampliar esta exploração; a maior parte do grupo nem estava conseguindo enxergar a existência dos sinais de pontuação - achei que seria assunto demais para aquele momento. 11 – Os títulos das fábulas: Finalmente fizemos a aula sobre os títulos das fábulas (originalmente aula 6 do planejamento) e para que a aula não ficasse apenas na análise, planejei que, dependendo das discussões, solicitaria que elas inventassem títulos de fábulas. Cada aluno recebeu um xerox do índice do livro “Fábulas de Esopo” da Companhia das Letrinhas2 e utilizando o episcópio projetei o mesmo índice para observarem. Um aluno, Antonio, comenta que todos os títulos começavam com uma vogal. Perguntei se era qualquer vogal e logo perceberam que só apareciam as vogais A e O. Em seguida, perguntei se eles sabiam dizer para que serviam estas palavras tão pequenas de apenas uma letra e por que elas apareciam tanto nos títulos das fábulas. Marcelo explicou “Este A ou este O é assim para dizer se é homem ou mulher, assim A tartaruga ou O tartaruga”. Muitos na classe estavam com as mãos levantadas e concordaram com o Marcelo, validei esta informação mesmo que o exemplo dele não tenha sido o melhor e continuamos discutindo. Gabriela notou que sempre depois deste A/O vem o personagem da fábula. Outro aluno observou a presença de AS/OS e a mesma Gabriela explica “É que esse S serve para a gente já ficar sabendo que tem mais de um daquele animal”. Continuei validando estas observações e contei para a classe que este S marca no final das palavras quando temos “mais de um” chama-se plural. Ainda descobriram que nos títulos das fábulas tinha quase sempre a palavra E no meio dos personagens e que ela serve “Para dizer que esta fábula vai ter outro personagem” (Ricardo). Fiquei muito satisfeita com todas as observações que os alunos puderam fazer sobre os artigos, o conectivo E e a estrutura dos títulos das fábulas. Para garantir que todos tinham compartilhado mesmo destes conhecimentos3 e continuar investindo na questão da segmentação (trabalho que vinha acontecendo em ortografia), pedi que eles inventassem individualmente títulos de fábulas para serem lidos por todos no episcópio. 2 O mesmo que tenho lido nos momentos de leitura permanente do professor 3 tenho muitos alunos que ficam “mudos” durante aulas coletivas 12 Talvez por ser tão fácil esta produção escrita ou pela emoção de colocar sua produção no aparelho, todos adoraram esta atividade, que serviu para realmente significar os artigos e sua separação dos substantivos – quase nenhum aluno aglutinou as palavras. Exemplos4: Rita O BUGI E AS FORMIGAS O GATO E A ARVORE A MENINA E O BURO O CAVALO E AS BOLACHAS A SEGONHA E A VACA O ESQUILO E A COBRAA SEGONHA E A ONÇA O CACHORO E O GATO O PIGUI E O URÇO POLAR Simone O MACACO E A GIRAFA O LEÃO E A GALINHA A TARTARUGA E O CAVALO O BOI E A SERPENTE O URSO E O ESQUILO O COLEHO E O GATO O PINGUIM E O PAPAI NOEL O ESQUILO E A NEVE O PEIXINHO E O TUBARÃO A PREGUIÇA E A ANTA Gustavo O GNU E A ÁGUIA O TUBARÃO E O GOLFINHO A PRIGUISA E A ONÇA A ONÇA BRIGUENTA O TUBARÃO QUE TEM MEDO DE PEIXE Flávia AUNSA E A TARTARUGA O MACACO E O SAPO O SAPO E AGIRAF OLOBO E A GARSA OBURRU E A RAPOZA Marco O LEÃO E O MACACO A LEBRE E O MOSQUITO A ONÇA E O LEÃO O CANGURU E O SAPO Ficaram muito animados e até pediram para depois inventarem as histórias para seus títulos. Apenas uma aluna, Mônica, criou títulos menos típicos como: “O cão que tinha medo de salsicha” ou “A gota que sabia que ia virar gelo”. O grupo não aceitou tanta criatividade dizendo que estes títulos combinavam mais com histórias infantis, ela corrigiu para “O cão e a salsicha” e “A gota e o gelo”. 12 – Discussão sobre situação problema e a indeterminação de tempo e espaço nas fábulas: Juntei dois momentos que havia planejado (11 e 14) em função do tempo do projeto; seriam outras duas aulas de análise e discussão, os alunos precisavam produzir. Fizemos então uma nova biblioteca de fábulas - cada aluno com um livro - pedi que lessem pelo menos uma fábula inteira e depois conversaríamos sobre o começo das histórias. 4 foi na mesma semana da visita ao Parque da Cantareira e os animais da Mata Atlântica fizeram parte da maioria dos títulos inventados 13 Iniciei a conversa lendo, como no ano anterior, o começo de um conto sobre animais5 e uma notícia. Perguntei quais diferenças eles notavam no começo destes três tipos de textos. Como no ano passado, um dos alunos, Gustavo, diz que na notícia vai logo dizendo quando e onde aconteceu aquilo. Validei sua observação mas perguntei se isto também não acontecia na história. Eles achavam que sim, pois na história dizia que era numa floresta e “há muito tempo atrás”. Inconformado, Gustavo disse que não “porque na notícia tem que ser o dia certinho”. Perguntei por que isso acontecia e eles não sabiam explicar. Então eu informei que as notícias só valem para um determinado dia e lugar específicos “ontem, 2 de maio, em São Paulo”, já as histórias falam de tempos passados e lugares menos determinados. Continuei perguntando: E as fábulas como começam? Observaram que nas fábulas a história já começava falando do “acontecimento”. Em algumas aparecia “um dia” ou “na floresta”, mas sem explicar muito. Então, expliquei aos alunos a intenção de eternidade das fábulas: não falam do quando nem de onde porque querem “valer” para qualquer dia em qualquer lugar. E retomando a questão da falta de letras maiúsculas (ou nomes próprios), as fábulas também valem para qualquer animal ou pessoa. Na seqüência, pedi que eles observassem na fábula que haviam lido quantos “acontecimentos” ou “problemas” havia na história. Para que entendessem a pergunta exemplifiquei com Branca de Neve: ela nasce e a mãe morre, depois morre o pai e ela fica com uma madrasta má, a madrasta fica com inveja da beleza dela e manda o caçador matar a Branca de Neve, ela foge e se esconde na casa dos anões etc. Cada aluno foi falando o que encontrou: uma corrida, uma briga, uma disputa por um queijo, uma visita à cidade e uma visita ao campo, etc. Observei com eles então que em cada fábula só aconteciam uma ou duas coisas e novamente o motivo era a intenção de ensinar, chegar logo na moral das histórias. Naquele mesmo dia, antes da aula sobre fábulas, havíamos feito roda de biblioteca. Toda semana tenho solicitado lições de casa sobre as leituras da biblioteca circulante, resenhas6, que são lidas para o grupo e as melhores vão para uma pasta de indicações literárias que temos na classe. Para ajudar a incrementar as resenhas escritas decidimos inventar uma “receita” de resenha. Com muita propriedade, os alunos foram levantando os elementos de uma boa resenha e escrevi em um cartaz para o mural. Receita de resenha: 1 - LETRA BONITA, PALAVRAS SEPARADAS E ESCRITAS NA LINHA 2- DAR SUA OPINIÃO 3- EXPLICAR A OPINIÃO (PORQUE GOSTOU OU NÃO GOSTOU DO LIVRO) 4- CONTAR DE QUE TIPO É O LIVRO (POESIA, VÁRIAS HISTÓRIAS OU SÓ UMA, INFORMAÇÕES, ETC) 5- CONTAR UM POUCO DA HISTÓRIA SEM REVELAR O FINAL 6- DEIXAR O LEITOR COM VONTADE DE LER 7- CONVIDAR O LEITOR PODE-SE MUDAR A ORDEM EM QUE SE ESCREVE O ITEM. Assim, ao final da aula, eles pediram para escrever também uma receita de fábula que ficou assim: Receita de fábula: • Escolha um assunto • Comece logo falando dele • Utilize como personagens animais parecidos com pessoas • Escreva no final uma moral que combine com a história • Não precisa explicar onde e nem quando a história acontece • Não enrole, tem que ser uma história curta 5 “O coelho na lua” em: Adler, Naomi Contos de animais do mundo todo – São Paulo, 2003, Martins fontes 6 Este tipo de texto, resenha, foi trabalhado no Pré 14 Achei esta “receita” menos interessante que a de resenhas, o que me mostrou o quanto eles realmente já estão muito apropriados do gênero de trabalho anterior e ainda não estão tão apropriados das fábulas. Novamente fiquei pensando que falta “colocar a mão na massa” e escrever. Mas agora, ao registrar, observei também que faltava na receita algo que indicasse uma compreensão dos alunos da intenção do texto, ou seja, a fábula como um ensinamento através de um exemplo, apesar deste aspecto ser o tempo todo abordado nas análises que fizemos dos elementos composicionais do texto. Precisava planejar algo para que avançassem nisso - naquele momento ainda não sabia exatamente o quê. 12- Pontuação e coesão: A idéia foi demonstrar como, nas fábulas, várias idéias são organizadas em uma mesma frase. Utilizei a ficha que criei sobre o assunto no ano passado (textos 1 - 528) com a fábula “A raposa e o leão” pontuada de duas maneiras diferentes. Eles leram primeiro sozinhos as duas versões, depois eu li os mesmos textos para eles em voz alta. Perguntei se era a mesma história, disseram que sim. Com os alunos organizados em duplas, coloquei no retroprojetor a fábula “A raposa e o leão” na versão original e naquela que refiz, separando as idéias em frases curtas. Depois solicitei que me apontassem as diferenças nos dois textos. Conforme eles faziam descobertas, fui problematizando: Lucas notou que um dos textos era mais curto e Tiago achou que isso acontecia porque no primeiro texto dizia mais coisas sobre a raposa. Listamos na lousa o que era dito sobre a raposa no texto 1 e depois no texto 2. Observaram que eram as mesmas coisas: jovem, nunca viu um leão, estava na floresta, viu um leão pela primeira vez. Então, notaram a repetição da palavra Raposa. Contamos quantas vezes a palavra aparecia em cada texto e perguntei por que isso acontecia, sem obter uma resposta. Uma aluna notou que também tinha mais pontos no texto 1. Contamos o número de pontos finais e eles observaram a coincidência: existem 8 vezes a palavra raposa e 8 pontos finais, no segundo texto há 3 raposas e 3 pontos finais. Ou seja, no segundo texto, sem repetir tantas vezes a palavra raposa, o autor contou muitas coisas sobre ela antes de colocar o ponto final. Ainda é muito difícil para boa parte do grupo entender o que é pontuação. Precisei ajudar muitos alunos a enxergar os pontos, pois eles liam e liam os textos e não viam (Rita, Vanessa, Flávia, Marco, Adriana, Fernando). Mas a segunda parte da ficha, que traz informações em frases separadas para que os alunos a reescrevam em uma única frase, foi menos problemática para esta turma do que para a do ano passado. Tivemos inclusive respostas criativas e interessantes, novamente alguns alunos precisaram de ajuda ou de um tempo maior para terminar a atividade. Exemplos: Agora, vamos tentar reunirvárias informações em uma única frase. Para isso você pode acrescentar as palavras ou sinais de pontuação que achar necessários. a) Havia um leão b) O leão tinha feito muitas caçadas c) O leão estava cansado d) O leão dormia espichado embaixo da sombra de uma boa árvore Vítor HAVIA UM LEÃO TINHA FEITO MUITS CAÇADAS DRMIA DEBAXO DA AVORI André HAVIA UM LEÃO ELE TINHA FEITO MUITAS CAÇADAS E ESTAS CASADAS ESTAVA QUASADO E DORMIA EMBAIXO DE UMA ARVORE Gabriela HAVIA UM LEÃO QUE DISCANSAVA NA SOMBRA DE UMA BOA ARVORE ELE ESTAVA CANSADO POIS TINHA FEITO MUITAS CAÇADAS. Vanessa HAVIA UM LEÃO QUE ELI TINHA FEITO MUITAS CAÇADAS E ELI ESTAVA CANSADO, DORMIA ENBAICHO DA ARVORE. O resultado mais positivo nesta aula (em comparação com o ano anterior) se deve em parte porque minhas expectativas eram menores, fizemos apenas um exercício. Mas também acredito que 15 isto aconteceu porque a exploração que fizemos foi de um lado menos rica (nem notaram vírgulas ou travessão) e de outro mais focada: são ditas muitas coisas sobre a raposa sem repetir a palavra raposa. 13 – Reescrita coletiva: Em função do tempo, precisávamos terminar o projeto. Estávamos neste ponto com a maior parte das aulas planejadas já dadas, faltou uma aula de reflexão sobre o discurso direto e suas pontuações, travessão e aspas (16), embora o assunto já tivesse sido citado durante as leituras. Pela dificuldade do grupo em observar a ocorrência de sinais de pontuação, achei melhor explorar com calma esse assunto no próximo semestre. Neste projeto, utilizaríamos pontuação nos diálogos dos personagens na reescrita coletiva, chamando a atenção dos alunos. E ainda projetei focar pontuação nos momentos de revisão coletiva. Escolhemos para a reescrita coletiva (17) a fábula ”A raposa e a cegonha”, já conhecida e trabalhada anteriormente. Li uma vez o texto para o grupo e levantamos um rascunho num canto da lousa com os principais elementos da história. Em seguida, cada aluno foi dizendo um pedaço da história e eu escrevia na lousa. O resto da turma podia opinar o tempo todo se o texto estava bom, se faltou alguma coisa, se existia uma forma melhor de dizer tal parte etc. Na medida em que o texto era aprovado pelo grupo, uma aluna, Mônica, copiava no papel. Achei o resultado muito bom, ficou um texto quase sem nenhum problema estrutural, mas nossa copiadora, que é uma ótima aluna, não copiou justamente os sinais de pontuação e as mudanças de linha que fiz na lousa, dando-me a oportunidade que queria para abordar o assunto na revisão, porém antes desta revisão aconteceram muitos outros momentos... 14- Reescrita individual: Na semana seguinte, tivemos em aberto o tempo da aula de cursiva (meio grupo com as duas professoras) pois a esta altura do processo de treino dos movimentos, os alunos não estão mais precisando de atenção tão individualizada (para esta classe, foi muito tranqüilo aprender os movimentos da letra cursiva). Mesmo antes da revisão coletiva, achei que era uma boa oportunidade para começarem a escrever uma fábula inteira. Até porque a revisão do texto produzido coletivamente não parecia trazer, exceto pela questão da pontuação, maiores aprendizagens para o grupo. Ficamos (eu e a Claudia) em dúvida se usaríamos este momento para uma reescrita individual de um mesmo texto para toda a classe ou se já partiríamos para a escrita da história que iria compor o livro. Já estavam começando a aparecer escritas espontâneas de fábulas de autoria (vindas de casa ou feitas em momentos livres na escola – AD, recreio, horário da saída), que quando eu lia para a classe, eram muito apreciadas pelos alunos. Escritas de autoria: A GOTA E A TERRA VANESSA (em casa) UMA GOTA VIVIA CAUMAMENTE NA NUVEM QUANDO OUVE UMA TEMPESTADE E A GOTA CAIU NO EXATO MOMENTO QUE A GOTA CAIUA CHUVA PAROU MAS A GOTA CAIU NA TERRA E SEUS AMIGOS CAIRÃO NO ASFAUTO A GOTA FICOU EMPLORANDO PARA QUE A TERRA NÃO A SUGACE MAS A TERRA INSITIU E ACABOU SUGANDO MAS A TERRA ACHOU QUE A GOTA TINHA UM GOSTO ORRIVEHU MORAU NÃO QUEIRA MAS DO QUE VOCÊ PODE A MENINA E A ÁGUA PATRÍCIA (em AD) UM DIA UMA MENINA ESTAVA LAVANDO A MÃO PARA COMER E A MENINA ESQUESEU A TORNEIRA LIGADA E QUANDO A MENINA FOI ESCOVAR OS DENTES A AGUA ESTAVA ESCORENDO E A MENINA NÃO QUIS FEICHAR E NODIA SEGUINTE E NÃO TINHA AGUA MORAL: ÁGUA USE MAS NÃO ABUSE 16 A BALEIA E O CRIU GABRIELA (em casa) UMA BALEIA PASSEAVA PELO MAR QUANDO UM CRIU APARECEU. ELA FALOU: -HEI VOCÊ! VOU TE COMER.-O CRIU ACREDITANDO NA BALEIA E FUGIU VENDO QUE A BALEIA NÃO O PERSEGUIA VOLTOU. -VOCÊ NÃO VAI ME PERSEGUIR?-PERGUNTOU O CRIU. A BALEIA DISSE: -NÃO PORQUE? -ÔRAS EU SOU UM CRIU E VOCÊ Ê UMA BALEIA!. -DISSE O CRIU - NÃO ESTOU COM FOME -DISSE A BALEIA MORAL:CÃO QUE LATE NÃO MORDE A XICARA E OS DOIS HOMENS MARCELO (em casa) UM HOMEM TINHA UMA XÍCARA QUE ADORAVA MUITO. UM DIA VEIO UM AMIGO DELE EM SUA CASA E O HOMEM SEM QUERER POIS A XÍCARA NA MESA E O AMIGO DELE PEGOU A XÍCARA SEM O MAIOR CUIDADO E QUEBROU. MORAL: ÁS VEZES O QUE É PRECIOSO PARA UM NÃO TEM VALOR PARA OUTROS. Imaginando que muitos partiriam por este caminho (inventar uma fábula para nosso livro) fiquei preocupada em não conseguir observar no texto de todos o resultado das aprendizagens feitas durante o projeto, pois inventar uma história implicaria ainda outros desafios. Assim, optei por uma reescrita de um mesmo texto para todos. Com isso, pude fazer uma avaliação individual e também identificar outros pontos de trabalho para a revisão coletiva, já que o texto coletivo ficou com poucos problemas. Reescreveram “O corvo e o jarro” que é uma fábula bem curta e tem como moral o ditado popular mais conhecido e preferido pelo grupo “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Também foi um texto que fiz a reescrita no ano passado e foi muito fácil. Para o grupo deste ano achei que foi ainda mais fácil reescrever esta fábula. Li a história duas vezes, fizemos uma interpretação oral e em 10 minutos quase todos os alunos já tinham terminado a produção com sucesso, ou seja, textos completos sem grandes problemas de estrutura (inclusive com separação de palavras quase toda correta – no início do ano haviam 11 alunos aglutinando tudo na escrita). Os alunos com mais dificuldade usaram mais tempo (mesmo assim foram no máximo 30 minutos) e apenas três precisaram de uma ajuda direta do professor (Mateus, para retomar as palavras que tinha que escrever, Carla e Vítor somente para assegurarem-se de como se escrevia uma ou outra palavra e “apoio moral”). Quem terminava pedia para escrever mais! Então estes fizeram seus textos para o livro e podiam optar entre inventar uma fábula ou reescrever sua preferida – coloquei os livros de fábulas à disposição da classe e a Claudia lia para eles as fábulas que cada um escolhia para reescrever. Fiz uma avaliação da reescrita de “O corvo e o jarro” tabulando os pontos principais do texto, seguindo sugestões propostas em um curso que fiz com Maria José Nóbrega. Observei que não apareceram nos textos a repetição de palavras, mais comum nas histórias dos alunos do ano passado, por exemplo. Também apareceram na maioria dos textos os conectivos: então, depois, mas, até que, quando, de repente no lugar dos “aí” ou “daí” comuns em textos de 1a série. Somente uma aluna se arriscou a pontuar o texto. Tabela 1: Segmentação Geral Aglutina sem critério Aglutina palavras pequenas Separa demais Encadeamento André Criativo Ok 17 Caio Ok Fernando Desorganização no papel, apaga muito, erro em sílabas complexas X Ok Marco Trocas e omissões de letras Aglutina tudo Ok Marcelo Criativo, detalhista Ok Ricardo Coeso Ok Vítor Omissão de letras X X Ok Guilherme X Ok Tiago Ok Daniel Coeso Ok Gustavo Criativo Ok Lucas Desorganização no papel X Ok Mateus Faltam letras X X Ok com ajuda Carla Criativa X Ok Adriana Ok Gabriela Coesa,criativa X Repetição, ajuda Flávia Texto pobre X X Ok Rita X Ok Mônica Ok Simone Ok Vanessa Criativa, engraçada Ok Patrícia Desorganização no papel X Ok Cristina Ok Suzana Criativa, engraçada X Ok 18 Tabela 2 Elementos do texto Uso de conectivos sede Jarro alto Pouca água Quase desistência Surgir idéia Colocar pedra Colocar pedra de novo André Que, mas, até X X Tentou beber várias vezes X X Até conseguir beber Caio E X X X Fernando E, então X X X Marco Que, mas, até que X Bico era curto X X Marcelo e, que, mas, então, porque, Quando X Bico era curto X X X X X Ricardo E, mas, mais e mais X X Tentou de novo X X X Vítor E, então, porque X X X X X X Guilherme Que, então X X X Tiago E, então X X X X Daniel E, mas, até que X X Gustavo E, mas, então, de repente, até que X X X X X X Lucas E, que, mas X X X X Mateus e, então, porque X X X X Carla E daí, mas, porque X X X X X X X Adriana De tanto X X X X Gabriela E, então, Quando, até que X X X X X X Flávia Aí, e X X X Rita Que, então, assim X X X X Mônica E, que, mas, então, como X X X X Simone E, que, mas X X X Vanessa Que, mas, de repente X X X X X Patrícia E, que X X X Cristina e, que, quando, depois X X X X X Suzana E, que, mas, até que X X X X Fizeram textos bem curtos, todos com a idéia central da fábula garantida: corvo com sede, jarro com pouca água e a solução das pedras colocadas no fundo jarro para a água subir. Mas para que houvesse vínculo entre a história e a moral era necessário, neste texto, falar da sede do corvo, da quase desistência em beber a água e repetir a colocação das pedras uma a uma pois o ditado popular fala de algo que só acontece com muita paciência e persistência. Nos textos de 7 alunos aparecem todos esses elementos, outros 5 alunos lembraram-se de também escrever sobre a repetição final da colocação das pedras. Assim, escolhi como foco para a revisão coletiva a pontuação e o vínculo entre a moral e a história, ou seja, o texto de fábula é curto, porém deve conter informações suficientes para que o leitor possa entender o vínculo daquele acontecimento com a moral ou o ensinamento. Para a revisão coletiva iríamos trabalhar portanto: a reescrita coletiva para incluir a pontuação esquecida por nossa copista e duas reescritas da fábula “O corvo e o jarro”. Uma de Carla, pois apesar de suas dificuldades ela colocou todos os elementos da história. Seu texto precisa de revisão em palavras separadas indevidamente, algumas aglutinações e também há no seu texto muitos “daí”. E a outra reescrita que vamos revisar será a do Guilherme, pois ele foi o mais “curto e grosso” no texto: 19 15 - Replanejando: Tivemos que adiar em função de um temporal e do feriado (tivemos 6 faltas na classe e 4 alunos saíram mais cedo) a revisão coletiva. Mas o tempo urge! 14 alunos já produziram seus textos para o livro (na mesma aula da reescrita de “O corvo e o jarro”) e outros 5 já começaram suas histórias. Nestas produções observei problemas semelhantes aos que surgiram na reescrita, ou seja, embora estejam interessantes, faltam, em 6 delas (Marcelo, Gustavo, Suzana, Fernando, Guilherme e Vanessa), um desenvolvimento do texto de tal modo que as morais das histórias façam sentido. O texto de uma aluna, Simone, tem um problema oposto: está muito desenvolvido e assim perdeu a estrutura de fábula, mais parece um conto. Para estes casos, acho que a aula de revisão coletiva pode ajudar. Um dos textos está bem completo (Gabriela) e tivemos 2 reescritas de “O leão e o ratinho” (Tiago e Patrícia). Outras 4 produções (Mônica, Vítor, Caio e Daniel) usam morais da história sem muito sentido, sem a idéia de ensinamento moral. Neste caso, volto a pensar que falta uma aula para que ficasse mais clara a intenção deste tipo de texto: o ensinamento moral através de um exemplo. Lembrei-me da história que contei aos alunos do ano passado “Uma fábula sobre a fábula” como uma estratégia para isso e também acho que fez falta falar um pouco da biografia de Esopo e a relação das histórias que ele inventou com o que estava vivendo. Com tudo isso, replanejei as próximas aulas do seguinte modo: como começamos a semana com a aula de cursiva que está livre (duas professora para meio grupo) vou ler “Uma fábula sobre a fábula”, retomar oralmente a questão do ensinamento moral e lembrá-los que podem se inspirar nos ditados populares de nosso cartaz para os que quiserem inventar uma fábula. Durante a aula, vou colocar novamente os livros à disposição e os alunos vão terminar as produções para o livro e os que já terminaram farão as ilustrações. Infelizmente só depois faremos a revisão coletiva, e nessa aula pretendo construir com o grupo uma pauta de revisão para que possam observar estes pontos nos textos dos colegas (e talvez de seu próprio texto). 16 - Produções para o produto final – livro de fábulas – e intervenções sobre o propósito do gênero: Fizemos a aula para terminar ou ilustrar as produções, mas antes li a “Fábula sobre a fábula” e discuti com os alunos a questão do ensinamento das histórias. Foi, a princípio, difícil entender a simbologia do texto, pois eles estavam pensando que a verdade conseguiu entrar no palácio por parecer “rica” e não “enfeitada”. Aos poucos fomos nos aproximando do significado da história e chegaram a entender que as fábulas falam da verdade. Portanto, nas histórias que fossem inventar eles precisariam se preocupar com isso. Então, devolvi os textos para os alunos que já haviam terminado para que verificassem se havia ensinamento moral e para completar as idéias. Pedi que lessem e modificassem suas histórias caso fosse necessário (13 alunos). Os alunos que tinham mais de um texto escolheram o que iria para o livro e os que ainda não tinham escrito (11 alunos) construíram suas fábulas. Novamente foi uma aula muito produtiva e a maioria conseguiu terminar os textos e ainda fazer a ilustração (exceto por Marco e Carla). Observei as produções e novamente fiz uma avaliação dos resultados que confirmou minhas escolhas para a aula de revisão coletiva. A maioria dos textos é de autoria e o maior problema destes está no desenvolvimento da história, ou seja, explicar bem o “acontecimento” para que o leitor possa entender o vínculo deste com a moral da história escolhida. Há ainda morais da história que não combinam, ou que são muito fracas, mas a intervenção e a conversa sobre o “ensinamento verdadeiro” fez efeito e somente 3 textos têm problemas neste sentido. 17 - Revisão da reescrita coletiva – foco na pontuação e relação com a moral da história: Com o auxílio do datashow, colocamos o texto coletivo para organizar a pontuação. Houve certa dificuldade para a tarefa, no grupo havia alguns alunos mais sabidos dando muitos 20 palpites (Gabriela, Simone, Gustavo) e outros sem nenhuma idéia do que estava acontecendo (Mateus, Flávia, Vítor). Depois corrigimos as duas versões de “O corvo e o jarro”. Carla UM DIA UMCORVO ES TAVA QUASE MO RENDO DE SEDE QUANDO AVISTOU UM JARRO COM UM POUCO DE ÁGUA ELE TENTOU BEBER MAS NÃO CONSEGUIU PORQUE O JARRO É RA FUNDO E DAÍ O CORVO FOIEMBORA DAÍ SURGIU UMA IDÉIA BRILHANTE NO SEU CÉREBRO PEGOUUMA PEDRA E JOGOU NOJARRO SUBIU E JO GOUMAIS UMA E SUBIU UMPOUCO MAIS E JOGOU MAISU MA E SUBIU MAIS ATÉ CONSEGUIU BEBER ÁGUA MOLE PEDRA DURA TANTO BATE ATÉQUE FURA Guilherme UM CORVO ESTAVA COM MUITA SEDE E ACHOU UM JARRO E DESCOBRIU QUE TINHA ÁGUA DENTRO DELE SÓ QUE ESTAVA MUITO FUNDO ENTÃO JOGOU PEDRA PARA AGUA SUBIR E PODE BEBER. MORAL: ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA No texto de Carla foi tranqüilo para todos no grupo observar e corrigir erros de segmentação e também trocar os “e aí” por outros conectivos. Já acrescentar os elementos que faltaram no texto do Pedro foi um pouco maiscomplicado. Os alunos compreenderam a necessidade em completar a história para dar a idéia de paciência, mas novamente as sugestões centralizaram-se nos alunos sabidos. Acho que a essa altura eles já estavam cansados. Mesmo assim anunciei que na próxima aula fariam a revisão dos textos para o livro e pedi que me dissessem o que deveríamos observar nas revisões. Listamos, coletivamente, os seguintes pontos: ♦ pontuação ♦ mudou de linha e colocou travessão quando o personagem falou ♦ fala de coisas que as pessoas fazem ♦ explica bem ♦ um acontecimento, um assunto ♦ separação das palavras ♦ moral combina com a história ♦ repete as palavras ♦ são de coisas que existem ♦ tem ensinamento de verdade. Organizei estes aspectos levantados em uma ficha para a revisão separando as questões de organização do texto como segmentação, pontuação de outras questões que envolvem o desenvolvimento e compreensão da história como “moral combina com a história”. Observação sim não sugestões sinais de pontuação Mudou de linha e colocou travessão nas falas dos personagens separou as palavras Repetiu palavras Tem só um acontecimento Aparecem coisas reais São coisas que as pessoas fazem Está bem explicado Tem um ensinamento verdadeiro A moral da história está combinando 21 Nesta mesma tarde, um aluno (André) que faltou no dia da produção das histórias, fez seu texto e utilizou pela primeira vez (corretamente) os sinais de pontuação. Com isso pensamos, eu e a Claudia, que cada aluno precisa ter uma oportunidade de rever sua própria produção antes que ela seja revisada pelos colegas, pois achamos que pelo menos os sinais de pontuação e as segmentações erradas poderiam ser corrigidas pelo próprio autor. Como a produção do Antonio foi muito diferente das anteriores dele mesmo nestes aspectos, imaginamos que os outros alunos também poderiam ter “despertado” um olhar para estes aspectos (segmentação e pontuação). Eu fiz a correção ortográfica das palavras, achei que segmentação, pontuação e estrutura da história já eram aspectos mais que suficientes para revisarem. (também estamos precisando investir um pouco mais nas ilustrações, fizemos isso na aula de desenho – observaram as produções de todos, retomamos as técnicas de desenho em preto e branco e fizeram novas ilustrações). 18 – Três aulas de revisão: o próprio autor – colegas utilizando a pauta – autor com apoio da professora: Na primeira aula, os alunos revisaram seus próprios textos (digitados) mas não conseguiram modificar muito o que haviam escrito. A maioria tentou pontuar sua história (alguns com hipóteses de pontuações muito engraçadas, após cada palavra, por exemplo), corrigiram erros de segmentação (embora já houvesse poucos) e completaram uma ou outra idéia. Mas acho que isto se deve ao fato de que muitos dos textos já estavam muito bons neste ponto. Não havia mesmo muito a corrigir. A exceção fica por conta de uma aluna, Mônica, que é muito boa e havia feito uma fábula muito confusa, com uma moral esquisita e acontecimentos contraditórios. Ela leu seu texto e aflita nos pediu ajuda para mudar. Achou que aconteciam muitas coisas e a moral não estava combinando. Outra aluna, Gabriela, sugeriu outra moral para a história “A prática leva à perfeição” e com essa sugestão Mônica modificou a história retirando os acontecimentos em excesso e adequando o ensinamento moral. Textos de Mônica, primeira versão: O BUGIL E O SKATE MÔNICA UM BUGIL SEMPRE QUANDO CHEGAVA EM CASA ESCORREGAVA NO SKATE DO FILHO E FICAVA TODO MACHUCADO ENTÃO TODA NOITE ELE IA ATÉ O QUARTO DO FILHO E ESPLICAVA QUE NÃO PODIA ANDAR DE SKATE DENTRO DE CASA E AVISOU QUE QUERIA APRENDER A ANDAR DE SKATE E O FILHO FALOU — TABOM ENTÃO O DAÍ TRENOU BASTANTE QUE ACABOU CHEGANDO A SER O MELHOR SKATISTA DOS BUGIS MORAL: O AZAR CHEGA SORTE 2a versão após aula sobre ensinamento moral: O BUGIL E O SKATE MÔNICA (modificou só a moral) UM BUGIL SEMPRE QUANDO CHEGAVA EM CASA ESCORREGAVA NO SKATE DO FILHO E FICAVA TODO MACHUCADO ENTÃO TODA NOITE ELE IA ATÉ O QUARTO DO FILHO E ESPLICAVA QUE NÃO PODIA ANDAR DE SKATE DENTRO DE CASA E AVISOU QUE QUERIA APRENDER A ANDAR DE SKATE E O FILHO FALOU — TABOM ENTÃO O DAÍ TRENOU BASTANTE QUE ACABOU CHEGANDO A SER O MELHOR SKATISTA DOS BUGIS MORAL: A PRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO 3a versão, modificada na aula de revisão: O BUGIU E O SKATE MÔNICA 22 UM BUGIL SEMPRE QUANDO CHEGAVA EM CASA VIA O SKATE DO FILHO E FICAVA COM VONTADE DE ANDAR E NÃO CONSEGUIA E FICAVA TODO MACHUCADO. ENTÃO ELE FALOU: — FILHO, JÁ QUE VOCÊ É O MELHOR SKATISTA DE CASA E EU SEMPRE FICO COM VONTADE DE ANDAR VOCÊ ME ENSINA ELE FALOU — CLARO — TÁBOM ENTÃO O DAÍ TREINOU BASTANTE QUE ACABOU CHEGANDO A SER O MELHOR SKATISTA DOS BUGIS MORAL: A PRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO Após esta primeira revisão dos autores, acrescentei em todos os textos as modificações feitas e na aula seguinte cada texto foi lido e revisado por uma dupla de alunos (não mais pelo autor) com a pauta de revisão que criamos. Os alunos liam o texto e deviam marcar sim ou não para cada aspecto na tabela. Foi uma aula razoavelmente tranqüila. As duplas, quase homogêneas, trabalharam bem e contribuíram para a revisão dos textos principalmente “não entendendo muito bem” as histórias ou achando que a moral combinava “mais ou menos” com o texto. Foram capazes também de apontar um ou outro erro de segmentação que ainda havia nos textos. Para algumas histórias, como as de Guilherme, Rita e Patrícia, os revisores apontaram falhas na veracidade (“uma torneira aberta não acaba toda a água” ou “se quebrar a asa, não morre”). A pontuação permaneceu confusa, nem mesmo os diálogos puderam ser corrigidos, reconhecidos ou pontuados com autonomia pelas duplas; nós professoras interferimos neste aspecto e também nas sugestões para melhorar o encadeamento dos textos. Finalmente, a terceira e última revisão aconteceu novamente com o autor e uma das professoras, diretamente no computador. Líamos com o autor a pauta de revisão preenchida pelos colegas e alterávamos as questões apontadas. Alguns textos precisaram de novas observações feitas por nós, professoras (mesmo assim não corrigimos tudo, nas as pontuações, por exemplo, nos preocupamos em garantir a legibilidade do texto, mudanças de linha, praágreafos e a compreensão da idéia dos autores). Nos textos de Suzana e da Simone tivemos que intervir um pouco mais, pois elas saíram um pouco das características do gênero. Modificamos pouco os textos e fomos até onde era possível com cada aluno E o livro ficou pronto! Aspectos como a organização das páginas e a ordem dos textos, não puderam ser trabalhados com o grupo, faltou tempo. Eu mesma me encarreguei destas questões e organizei os dois livrinhos de maneira aleatória. Quando os livros chegaram da gráfica, cada aluno recebeu um exemplar de cada. Neste momento, me cobraram a falta de um índice (lógico, afinal tivemos até uma aula sobre isso!). Então, a lição de casa naquele dia foi escrever os índices dos livros em uma folha separada, corrigimos toda a ortografia e segmentação – afinal era uma cópia - e passaram a limpo, cada um em seus livrinhos, em uma providencial folha que ficou em branco. Produto final: O BRÓCOLIS E A BOCA GABRIELA UM BRÓCOLIS TINHA SIDO PEGO POR UM GARFO E CHEGOU A UMA BOCA. ELA ESTAVA MASTIGANDO O BRÓCOLIS COM TODA FORÇA E ELE DISSE: — VOCÊ NÃO DEIXA NINGUÉM EM PAZ? A BOCA RESPONDEU QUE ERA SEU DONO QUE A MANDAVA FAZER ISSO E QUE NÃO HAVIA OUTRO JEITO. MAL TERMINOU DE FALAR, ENGOLIU O BRÓCOLIS. ENTÃO CADA PEDACINHO DISSE: — VOCÊ VAI VER DONA BOCA! MAS NADA ACONTECEU COM A BOCA E COMO BOCA NÃO TEM OLHO ELA NÃO VIU NADA. MORAL: É DIFÍCIL REMAR CONTRA A MARÉ O VOVÔ E O PINTINHO GUILHERME 23 UM VOVÔ ESTAVA ANDANDO NO QUINTAL E VIU UM LINDO PINTINHO QUE TINHA QUEBRADO A ASA. O VOVÔ DISSE: — TADINHO DELE! ENTÃO O PINTINHO DISSE:— EU SOU MUITO PEQUENO PARA MORRER. E O VOVÔ FALOU: — MAS NÃO VAI MORRER. O VOVÔ ERA VELHO E MAIS SÁBIO E DISSE: — VOU ARRUMAR UM REMÉDIO PARA VOCÊ MEU AMIGO, VOU AJUDAR VOCÊ. O PINTINHO AGRADECEU E FALOU: — ESTOU COM FOME. MORAL: QUANTO MAIS VIVEMOS MAIS SABEMOS. O PEIXE E O TUBARÃO SUZANA O PEIXE ESTAVA NADANDO PELO MAR ATÉ QUE OLHOU PARA TRÁS. ELE FICOU TREMENDO ATÉ CLAC! O TUBARÃO COMEU O PEIXE. MAS ELE SE SALVOU DA FERA PORQUE ELE ENGASGOU E ENGOLIU SEM MASTIGAR. O PEIXE FICOU NA BARRIGA DO TUBARÃO, FEZ CÓCEGAS E O TUBARÃO ESPIRROU. O PEIXINHO APROVEITOU OS ESPIRROS, FOI NADANDO ATÉ SAIR PELA BOCA DO TUBARÃO DISTRAÍDO. MORAL: PEIXE ESPERTO ESCAPA DE TUBARÃO. O CABRITO OS LEÕES E OS GATOS GUSTAVO UM CABRITO ANDAVA EM UM CAMPO QUANDO ALGUNS LEÕES O ATACARAM. ELE CONSEGUIU ESCAPAR E ENTÃO UNS GATOS APARECERAM E O CABRITO FUGIU, MAS PENSOU “PORQUE ELES NÃO ME ATACARAM? ” MORAL: GATO ESCALDADO TEM MEDO DE ÁGUA FRIA. A GOTA E A TERRA VANESSA UMA GOTA VIVIA CALMAMENTE NA NUVEM QUANDO OUVE UMA TEMPESTADE E A ELA CAIU. NO EXATO MOMENTO QUE A GOTA CAIU A CHUVA PAROU. MAS CAIU NA TERRA E SEUS AMIGOS CAÍRAM NO ASFALTO. A GOTINHA FICOU IMPLORANDO PARA QUE A TERRA NÃO A SUGASSE MAS A TERRA INSISTIU E ACABOU SUGANDO. MAS A TERRA ACHOU QUE A GOTA TINHA UM GOSTO HORRÍVEL. MORAL: NÃO QUEIRA MAIS DO QUE VOCÊ PODE A MENINA E A ÁGUA PATRÍCIA UM DIA UMA MENINA ESTAVA LAVANDO A MÃO PARA COMER. A MENINA ESQUECEU A TORNEIRA LIGADA. QUANDO A ELA FOI ESCOVAR OS DENTES A ÁGUA ESTAVA ESCORRENDO E A MENINA NÃO QUIS FECHAR A TORNEIRA E NO DIA SEGUINTE NÃO TINHA ÁGUA EM SUA CASA. A MENINA DISSE PARA O PAI: — EU NÃO QUIS FECHAR A TORNEIRA E O PAI FALOU: — VOCÊ ESTÁ DE CASTIGO! MORAL: ÁGUA USE MAS NÃO ABUSE A MENINA E O PEIXE SIMONE 24 HAVIA UMA MENINA POBRE QUE IA PESCAR E QUANDO PEGAVA PEIXE SEMPRE DEVOLVIA PARA O RIO. UM DIA A MÃE FICOU TÃO BRAVA QUE DEIXOU ELA SEM COMER. A MENINA DECIDIU QUE DESTA VEZ IA LEVAR O PEIXE. ENTÃO ELA FALOU: — PEIXINHO NÃO TEM JEITO VOU TER QUE TE LEVAR. O PEIXINHO RESPONDEU: — VOCÊ FOI TÃO BOAZINHA COMIGO QUE EU VOU TE MOSTRAR UM TESOURO ESCONDIDO QUE VOCÊ VAI PODER COMPRAR O QUE VOCÊ QUISER MORAL: PROTEJA OS OUTROS QUE ELES TAMBÉM VÃO TE PROTEGER. O BUGIO E O SKATE MÔNICA O BUGIO PAI SEMPRE QUANDO CHEGAVA EM CASA VIA O SKATE DO FILHO E FICAVA COM VONTADE DE ANDAR E NÃO CONSEGUIA E FICAVA TODO MACHUCADO. ENTÃO ELE FALOU: — FILHO, JÁ QUE VOCÊ É O MELHOR SKATISTA DE CASA E EU SEMPRE FICO COM VONTADE DE ANDAR E NÃO SEI VOCÊ ME ENSINA? E ELE FALOU: — CLARO! EU ADORARIA. — TÁ BOM. ENTÃO O PAI TREINOU BASTANTE QUE ACABOU CHEGANDO A SER O MELHOR SKATISTA DOS BUGIOS. MORAL: A PRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO O MONSTRO E O COELHO LUCAS O COELHO ESTAVA COLHENDO CENOURAS. QUANDO ELE VOLTOU PARA A SUA CASA VIU QUE TINHA UM MONSTRO QUERENDO IRRITÁ-LO E CHAMOU O CACHORRO MAIS BRAVO DA VIZINHANÇA PARA ESPANTAR O MONSTRO. O CACHORRO FICOU ASSUSTADO E FUGIU. ENTÃO UM MOSQUITO FALOU QUE PODIA TENTAR AJUDAR E FICOU ZUMBINDO NA ORELHA DO MONSTRO QUE FICOU IRRITADO COM O MOSQUITO E FUGIU. MORAL: ÀS VEZES OS PEQUENOS FAZEM GRANDES COISAS A RAPOSA E O CORVO CRISTINA UMA RAPOSA ESTAVA ANDANDO E ENCONTROU UM CORVO QUE ESTAVA COM UM QUEIJO NO BICO. A RAPOSA FALOU: — MINHAS AMIGAS FALARAM QUE VOCÊ TEM UM CANTO LINDO QUE TAL CANTAR UM POUCO PARA MIM? O CORVO ABRIU O BICO FAZENDO SAIR UM BERRO TERRÍVEL E DEIXOU O QUEIJO CAIR. A RAPOZA FELIZ COMEU O QUEIJO E FALOU: — VOCÊ TEM UMA VOZ LINDA MAS SÓ NÃO TEM INTELIGÊNCIA. MORAL: NÃO ACREDITE EM QUEM ELOGIA MUITO O LEÃO E O MOSQUITO CAIO UM LEÃO FOI PICADO POR UM MOSQUITO. O LEÃO METEU UMA PATADA NO MOSQUITO MAS O LEÃO ACERTOU A SI-PRÓPRIO E O MOSQUITO FALOU: — SÓ PORQUE VOCÊ É O REI DOS ANIMAIS ISSO NÃO QUER DIZER QUE VOCÊ PODE GANHAR DE MIM. O MOSQUITO DEU UM MONTE DE PICADAS NELE. O MOSQUITO SAIU GRITANDO: — EU VENCI DO LEÃO!! ELE SAIU E ACABOU CAINDO EM UMA TEIA DE ARANHA E ELE FALOU: — É MEU FIM! MORAL: AS VEZES O MENOR DOS INIMIGOS É O MAIS TERRÍVEL. 25 OS DOIS VIAJANTES E O URSO CARLA UM DIA DOIS VIAJANTES ESTAVAM PASSEANDO POR AÍ. QUANDO ENCONTRARAM UM URSO. UM DOS VIAJANTES SUBIU NA ÁRVORE E OUTRO, SABENDO QUE NÃO IA CONSEGUIR SE SALVAR, SE JOGOU NO CHÃO E SE FINGIU DE MORTO. O URSO CONVENCIDO QUE O HOMEM ESTAVA MORTO CHEIROU A ORELHA DO HOMEM E FOI EMBORA. O QUE ESTAVA NA ARVORE DESCEU DA ÁRVORE E FALOU: — O QUE O URSO ESTAVA COCHICHANDO NO SEU OUVIDO? — NADA SÓ FALOU PARA NÃO SAIR COM AMIGOS ASSIM NA HORA DO PERIGO. MORAL: A DESGRAÇA PÕE EM PROVA A SINCERIDADE DA AMIZADE. O PEIXINHO E A BALEIA FERNANDO UM PEIXINHO QUE NUNCA TINHA VISTO UMA BALEIA ENCONTROU UMA DELAS E DISSE: — COMO VOCÊ É TÃO GORDA? E A BALEIA DISSE: — EU GORDA, EU NÃO. O PEIXINHO DISSE: — EU TE DOU UM SEMANA PARA VOCÊ FICA MAIS MAGRA. A BALEIA COMEÇOU A FAZER REGIME, MAS NO FINAL DA SEMANA NÃO TINHA CONSEGUIDO NADA. FOI NA CASA DO PEIXINHO, E ELE DISSE: — VOCÊ NÃO CONSEGUIU. MORAL: NÃO TENTE SER O QUE VOCÊ NÃO É. O MACACO E A GIRAFA MARCELO UM MACACO ESTAVA PULANDO DE GALHO EM GALHO E SEM QUERER CAIU NA CABEÇA DE UMA GIRAFA. ELE FICOU IMPRESSIONADO COM O TAMANHO DELA. TANTO QUE QUERIA TER A MESMA ALTURA DA GIRAFA. ENTÃO SUBIU ATÉ O GALHO MAIS ALTO DA FLORESTA E CONSEGUIU. MAS QUANDO ELE FOI DESCER FICOU PRESO NO ALTO DA ÁRVORE. MORAL: SEJA SEMPRE VOCÊ MESMO. O GATO E A CABRA VÍTOR O GATO ESTAVA SE AFOGANDO E A CABRA RESOLVEU AJUDAR PORQUE ELA ERA AMIGA DELE. SÓ QUE O GATO NÃO QUIS AJUDA PORQUE ELE SÓ PENSAVA EM PEGAR OS PEIXES. OS PEIXES FUGIRAM E O GATO MORREU AFOGADO. MORAL: AMIGO É AMIGO. O PINGÜIM E SEU AMIGO DANIEL UM PINGÜIM ESTAVA CAMINHANDO, QUANDO, DE REPENTE: — AI, SOCORRO! O BLOCO DE GELO DESMONTOU. E PASSOU OUTRO PINGÜIM E FALOU: — SEGURA MINHA MÃO! ENTÃO O OUTRO PINGÜIM FALOU: — NÃO ENCHE! E FOI EMBORA NADANDO PARA PROCURAR UM GELO GRANDE. DEPOIS DE ALGUM TEMPO ELE FICOU CANSADO, POIS NÃO ENCONTROU NENHUM OUTRO GELO PARA SUBIR. E PENSOU "PORQUE EU NÃO PEGUEI A MÃO DAQUELE PINGÜIM". MORAL: QUEM TUDO QUER NADA TEM 26 O LEÃO E O RATINHO TIAGO UM LEÃO CANSADO DE TANTO CAÇAR DORMIA DEBAIXO DE UMA ÁRVORE. VEIO UMA FAMÍLIA DE RATOS QUE FICARAM PULANDO EM CIMA DELE. O LEÃO ACORDOU E TODOS OS RATOS ESCAPARAM MENOS UM. O RATO IMPLOROU E IMPLOROU TANTO QUE O LEÃO O SOLTOU. NUM OUTRO DIA, O LEÃO ESTAVA PASSEANDO E CAIU NUMA REDE E GRITOU TANTO QUE O RATO VEIO AJUDÁ-LO. O RATO ROEU A REDE E LIBERTOU O LEÃO MORAL PEQUENOS AMIGOS PODEM AJUDAR MUITO O SAPO E A ARANHA MATEUS A ARANHA ESTAVA FAZENDO O ALMOÇO. QUANDO, DE REPENTE, APARECE UM SAPO QUE ESTAVA PROCURANDO UM BICHO PARA COMER. A ARANHA ENTROU NO BURACO PARA FUGIR. ENTÃO O SAPO PÔS A LÍNGUA NO BURACO. A ARANHA JOGOU AREIA E O SAPO FICOU COM A LÍNGUA SUJA. MORAL: PENSE DUAS VEZES ANTES DE AGIR. O TIGRE DAS NEVES E O PINGÜIM MARCO UM PINGÜIM ESTAVA CAMINHANDO PELO POLO NORTE QUANDO ENCONTROU O TIGRE DAS NEVES. ELE FICOU COM MEDO E CAIU FORA. NA SEGUNDA VEZ FOI DIFERENTE, ENCONTROU O TIGRE E FICOU ESCONDIDO PARA VER O QUE ELE PODIA FAZER. NA TERCEIRA VEZ, FOI ATÉ O TIGRE E BATENDO NAS COSTAS DELE, FALOU: — E AI, GATÃO! MORAL: QUEM CONHECE ACABA FICANDO ABUSADO. O PINGÜIM E O URSO RITA UM DIA UM PINGÜIM ESTAVA LAVANDO ROUPA QUANDO O URSO O CHAMOU PARA NADAR. O PINGÜIM ESQUECEU DA ÁGUA LIGADA E ACEITOU, A ÁGUA FICOU ESCORRENDO. DEPOIS QUANDO VOLTOU O PINGÜIM ESTAVA COM SONO E NEM SE LEMBROU DE FECHAR A TORNEIRA. DE MANHÃ, FOI ESCOVAR OS DENTES E NÃO TINHA ÁGUA NA CASA DELE. MORAL: ÁGUA USE MAS NÃO ABUSE. A FAMÍLIA E A OUTRA FAMÍLIA FLÁVIA A FAMÍLIA DOS URSOS ESTAVA BRIGANDO COM A FAMÍLIA DE LEÕES. ELES BRIGAVAM PORQUE NÃO ERAM AMIGOS. ENTÃO UM FERIU O OUTRO E PODIAM MORRER. AS DUAS FAMÍLIAS FORAM NO HOSPITAL E NO HOSPITAL AS DUAS FAMÍLIAS AJUDARAMUMA A OUTRA. ASSIM FICARAM AMIGAS. MORAL: ALGUMAS FAMÍLIAS BRIGAM MAS PODE ACABAR BEM. O GAROTO E O LOBO ADRIANA UM MENINO MENTIROSO QUE CUIDAVA DE OVELHAS QUERIA PREGAR UMA PEÇA. E BRINCOU FALANDO: — OLHA O LOBO! OLHA O LOBO! OS MORADORES DA FAZENDA VIERAM PARA VER E ELES VIRAM QUE NÃO TINHA NADA E FORAM EMBORA. NO DIA SEGUINTE,VEIO UM LOBO DE VERDADE. O MENINO FALOU: — OLHA O LOBO! OLHA O LOBO! E OS MORADORES NÃO ACREDITARAM E O LOBO DEVOROU TODAS AS OVELHAS. 27 MORAL: MENTIRA TEM PERNA CURTA A ABELHA E O URSO DA CAVERNA ANDRÉ EM UMA COLMEIA, UMA ABELHA MUITO DESRESPEITOSA, QUERIA IR PARA A CAVERNA DO URSO PARA PEGAR MEL. MAS AS OUTRAS NÃO GOSTARAM DA IDÉIA. E UMA DELAS FALOU: — E SE ELE TE MATAR? — NÃO SE PREOCUPEM, VAI FICAR TUDO BEM. — RESPONDEU A ABELHA. ELA FOI E ESTAVA QUASE LÁ QUANDO O URSO VIU QUE A ABELHA ESTAVA INVADINDO SEU TERRITÓRIO E FALOU: — VOU TE MATAR, SUA INTOMETIDA! O URSO PEGOU A ABELHA E A MATOU. MORAL: QUEM TUDO QUER NADA TEM A RAPOSA E O CACHORRO RICARDO UMA RAPOSA ENCONTROU COM UM CACHORRO NA FLORESTA. O CACHORRO ESTAVA SEGURANDO UMA CARNE QUE A RAPOSA QUERIA MUITO. ELA DISSE: — ME DÁ UM POUQUINHO? — É CLARO QUE NÃO, EU TIVE MUITO TRABALHO PARA CONSEGUIR ESTA CARNE. A RAPOSA PENSOU, PENSOU, PENSOU E DISSE: — CACHORRO, VOCÊ QUER BRINCAR COMIGO DE ESCONDE-ESCONDE? — TÁ BOM, MAS VOCÊ CONTA — RESPONDEU O CACHORRO. A RAPOSA CONTOU ATÉ 10 ENQUANTO O CACHORRO SE ESCONDIA, COM A CARNE PORQUE ELE ESTAVA DESCONFIADO. — AGORA VOCÊ CONTA — DISSE O CACHORRO. BRINCARAM VÁRIAS VEZES. O CACHORRO COMEÇOU A RELAXAR E PEDIU PARA A RAPOSA: — VOCÊ PODE CUIDAR DA CARNE PARA MIM? A RAPOSA, QUE NÃO ERA BOBA NEM NADA, DISSE: — TUDO BEM, MAS EU VOU CONTAR ATÉ 100, ASSIM VOCÊ SE ESCONDE MELHOR. ASSIM QUE O CACHORRO SAIU A RAPOSA DEU NO PÉ MORAL: QUANDO A ESMOLA É MUITA O SANTO DESCONFIA. AVALIAÇÃO Novamente considero que fizemos um projeto muito bem sucedido, mais ainda do que no ano passado, pois os alunos deste ano pareciam sentir-se mais sabidos sobre fábulas. Feita a proposta: reescrever ou criar uma fábula para um livro, produto do projeto, 19 se propuseram a criar. Considero este fato por si um sucesso! As fábulas de autoria que começaram a vir de casa ou feitas e ilustradas em momentos livres na escola, o interesse em ler e ouvir fábulas lidas por mim (que novamente permaneceu até o final das atividades), enfim, tudo parece comprovar a adequação e o aproveitamento dos alunos deste assunto. As mudanças que fiz na ordem e expectativas das atividades também foram boas. Realmente uma vez compreendido o sentido figurado através dos ditados populares ficou mais fácil e gostoso ler as fábulas. Não acho que desviamos muito do assunto trazendo este outro gênero e os ditados cumpriram um papel importante, aproximando os alunos na questão do ensinamento moral (além de ter sido muito divertido). Também considero fundamental entender antes o que é uma característica psicológica para observar como são apresentados os animais nas fábulas. E gostei muito do trabalho com os títulos significando as palavras pequenas (A, E, O). Quanto à pontuação, é definitivamente assunto para o segundo semestre, bem como as letras maiúsculas. Posso considerar que minhas aulas sobre estes assuntos não foram mesmo as mais 28 adequadas, mas ainda que façamos uma aproximação mais cuidadosa destes conteúdos, acho que não é o momento. Talvez possamos, nas fábulas, mostrar a existência dos sinais de pontuação e letras maiúsculas. O assunto seria explorado apenas se surgir uma necessidade (e prontidão) no grupo. Vale planejar aulas sobre este tema com o próximo gênero estudado. Portanto, chego à seguinte seqüência de conteúdos: 1. diagnóstico: leitura (interpretação) e escrita 2. repertório e primeiras observações sobre o gênero (prosa e verso) 3. interpretações de histórias 4. ditados populares 5. personagens humanizados 6. títulos 7. localizar a existência de um problema por fábula 8. indeterminação de tempo e lugar 9. as várias idéias em uma mesma frase e não repetição de palavras Desta vez fizemos um processo de revisão muito cuidadoso. As várias etapas planejadas e as leituras das produções dos alunos feitas por mim e pela Claudia a cada momento nos propiciaram boas intervenções. Acho que os textos ficaram muito bons e espelham as possibilidades de criação de cada aluno neste gênero (que chegam a surpreender). Porém, novamente a pauta de revisão foi muito longa. Os alunos estavam apropriados do que deveriam corrigir, mas eram muitos assuntos diferentes para serem observados ao mesmo tempo, tarefa realmente complicada. Portanto, acho que deveríamos num próximo projeto propor mais reescritas com pequenas revisões ao longo do trabalho, mesmo que o texto revisado não seja o do produto final. Revisar é um procedimento que precisa ser mais treinado, observei que coletivamente por exemplo, eles estão muito craques em “trocar” conectivos porque já haviam feito isso no pré. Tal aspecto se reflete em suas produções, que têm muito menos “e aí” do que os textos de primeira série que costumava ler. Vítor André Gabriela Vanessa A GOTA E A TERRA A MENINA E A ÁGUA A BALEIA E O CRIU A XICARA E OS DOIS HOMENS Geral Segmentação X Carla UM DIA UMCORVO ES TAVA QUASE MO RENDO DE SEDE QUANDO AVISTOU UM JARRO COM UM POUCO DE ÁGUA ELE TENTOU BEBER MAS NÃO CONSEGUIU PORQUE O JARRO É RA FUNDO E DAÍ O CORVO FOIEMBORA DAÍ SURGIU UMA IDÉIA BRILHANTE NO SEU CÉREBRO PEGOUUMA PEDRA E JOGOU NOJARRO SUBIU E JO GOUMAIS UMA E SUBIU UMPOUCO MAIS E JOGOU MAISU MA E SUBIU MAIS ATÉ CONSEGUIU BEBER Guilherme O BUGIL E O SKATE O BUGIL E O SKATE O BUGIU E O SKATE O BRÓCOLIS E A BOCA O VOVÔ E O PINTINHO O PEIXE E O TUBARÃO SUZANA O CABRITO OS LEÕES E OS GATOS GUSTAVO A GOTA E A TERRA VANESSA A MENINA E A ÁGUA A MENINA E O PEIXE O BUGIO E O SKATE O MONSTRO E O COELHO A RAPOSA E O CORVO O LEÃO E O MOSQUITO UM DIA DOIS VIAJANTES ESTAVAM PASSEANDO POR AÍ. QUANDO ENCONTRARAM UM URSO. UM DOS VIAJANTES SUBIU NA ÁRVORE E OUTRO, SABENDO QUE NÃO IA CONSEGUIR SE SALVAR, SE JOGOU NO CHÃO E SE FINGIU DE MORTO. O URSO CONVENCIDO QUE O HOMEM ESTAVA MORTO CHEIROU A ORELHA DO HOMEM E FOI EMBORA. O QUE ESTAVA NA ARVORE DESCEU DA ÁRVORE E FALOU: — O QUE O URSO ESTAVA COCHICHANDO NO SEU OUVIDO? — NADA SÓ FALOU PARA NÃO SAIR COM AMIGOS ASSIM NA HORA DO PERIGO. O GATO E A CABRA VÍTOR O PINGÜIM E SEU AMIGO O LEÃO E O RATINHO O SAPO E A ARANHA O PINGÜIM E O URSO O GAROTO E O LOBO A ABELHA E O URSO DA CAVERNA
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