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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE – MACAÉ DEPARTAMENTO DE DIREITO DE MACAÉ CURSO DE DIREITO Disciplina: Direito Administrativo Professor: Camilo Carneiro Alunos: Alexia Cardoso Mendonça, Carlos Eduardo Famadas Isabella Proença Soares, João Pedro Costa Aquino Mariana Valente Maia, Maria Eduarda Gomes Ferreira, Simon Lopes da Silva e Thamires Costa Oliveira Organização Administrativa: Para o direito, o Estado é pessoa jurídica territorial soberana, regida pelo direito público. A organização administrativa define a estruturação do Estado, ou seja, como se organizam os entes (pessoas jurídicas, órgãos e entidades) que vão desempenhar a função administrativa. Nesse sentido, a organização administrativa divide o Estado em três setores: 1º setor, representado pelo Estado (órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta), 2º setor representado pelo mercado e pela livre iniciativa (empresários, concessionárias e permissionárias do serviço público) e o 3º setor que são as paraestatais (antigamente chamadas de organizações não governamentais - ONG’s, mas atualmente definidas como OS, OSCIP e OSC). Ainda há doutrinadores que falam no 4º setor, que seria representante da economia informal, como no caso de particulares que atuam no mercado de maneira informal. 1º Setor (Administração Pública Direta e Indireta): 1. Centralização Administrativa 1.1. Conceito Forma de organização e atuação administrativa na qual o Estado executa suas tarefas diretamente, por meio dos órgãos e agentes integrantes da Administração Direta. Nesse caso, a execução da atividade ou a prestação do serviço é feita de forma direta e imediata. Como exemplo da centralização administrativa, é possível observar nos casos em que temos um município X que possui um hospital municipal, que possuiu um médico que é funcionário do município, concursado, que presta serviço para a população, ou seja, todos, no caso em tela integram a Administração Pública Direta, e ela encontra previsão legal no artigo 4º, I, do Decreto nº 200/67. 2. Descentralização Administrativa 2.1. Conceito Forma de organização e atuação administrativa na qual o Estado desempenha suas atribuições por meio de outras pessoas. Sob essa ótica, é a distribuição de competências de uma para outra pessoa, física ou jurídica. Nesse caso, a execução da atividade ou a prestação do serviço é feita de forma indireta e imediata. Como exemplo da descentralização administrativa, é possível observar nos casos em que temos o Estado transferindo à uma pessoa jurídica de direito público ou privado, a titularidade e execução de um serviço público ou atividade econômica para que ele(a) seja explorado(a), ou seja, como ocorre com a Petrobras, que detém o monopólio estatal do petróleo brasileiro, e também no caso do INSS, que é responsável pelo serviço previdenciário no âmbito do Estado brasileiro. Salienta-se que a Administração Pública Indireta encontra previsão legal no artigo 4º, II, do Decreto lei nº 200/67. 2.2. Formas de descentralização Sobre as formas de descentralização que serão apresentadas a seguir, insta ressaltar que não há hierarquia entre elas; e ainda salienta-se que entre a administração direta e indireta há vinculação, não subordinação. 2.2.1. Outorga A outorga é a descentralização por serviços. Nesse caso, o Poder Público cria uma pessoa jurídica e a ela atribui a titularidade e a execução de serviço público. Ocorre mediante lei, ou seja, pressupõe obrigatoriamente a edição de uma lei que institua a entidade, ou autorize sua criação. Há duas características importantes da outorga: a transferência por meio da lei, conforme o art. 37 da CF, uma vez que na outorga a lei cria a entidade pessoa jurídica de direito público (autarquia ou fundação pública de direito público) ou a lei autoriza a criação da entidade pessoa jurídica de direito privado (fundação pública de direito privado, empresa pública ou entidade de economia mista); e ainda, como segunda característica o fato de que o ente político perde a disponibilidade do serviço e para retomá-lo, dependerá de lei. 2.2.2. Delegação É a descentralização por colaboração. Nesse caso, o Poder Público atribui a uma pessoa jurídica de direito privado a execução de serviço público. Ocorre mediante contrato ou ato unilateral. A delegação possui duas espécies: por contrato, que é efetivada por prazo determinado e que tem duas modalidades (por concessão ou permissão), conforme art. 175 da CF; e por ato administrativo, que em regra, não há prazo certo em razão da precariedade, que há possibilidade de revogação a qualquer tempo e que é feita na modalidade autorização de serviço público (CF, art.21 XI e XII). Insta observar que a transferência não é da prestação, mas sim da exploração de determinado serviço público. 2.2.3. Territorial É a descentralização geográfica. A partir dela, fala-se em Territórios Federais que são entidade local, geograficamente delimitada, dotada de personalidade jurídica própria, de direito público, com capacidade administrativa genérica. É o que chama-se de autarquia territorial ou geográfica (CF, art 18 e CF, art. 33). As características dessa forma de descentralização são: os Territórios Federais são personalidades jurídicas de direito público, possuem capacidade de auto-administração, possuem delimitação geográfica, têm capacidade administrativa direta (atuação em diversas áreas do setor público) e o se sujeitam ao controle pelo poder central. 3. Desconcentração administrativa 3.1. Conceito Técnica administrativa de distribuição interna de competências de uma pessoa jurídica. É a repartição de funções entre vários órgãos despersonalizados, sem quebra de hierarquia. A desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa jurídica. Como exemplo, há o caso em que a União distribui competências entre diversos órgãos de sua própria estrutura, como os ministérios. Nesse caso, a execução da atividade ou a prestação do serviço é feita de forma direta e imediata. 3.2. Órgãos Nesse sentido, insta ressaltar a definição de órgãos. Órgão é uma unidade de atuação integrante da estrutura da administração direta ou indireta, que não possui personalidade jurídica, conforme o artigo 1º da lei nº 9.784/99. São centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, por meio de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. Existem teorias que surgiram para explicar as relações do Estado (pessoa jurídica) com seus agentes. A partir disso temos a Teoria do órgão, que é a adotada pela doutrina e jurisprudência. Para ela, a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio de órgãos, de forma que, quando os agentes que os compõem manifestam a sua vontade, é como se o próprio Estado o fizesse. Nessa teoria considera-se o princípio da imputação volitiva, ou seja, a vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída aos órgãos que a compõem, sendo estes compostos de agentes. Na prática isso justifica a validade dos atos praticados por funcionário de fato (pessoapratica ato estando irregularmente investida no cargo, mas com aparência de legalidade). Ademais, os órgãos podem ser classificados. Quanto à sua estrutura: em simples (quando constituídos por um só centro de competência) e compostos (quando há uma desconcentração interna, ou seja, quando reúnem em sua estrutura diversos órgãos, como por exemplo Ministérios e Secretarias); quanto à sua atuação funcional: em singular (monocrático - decisões são atribuídas de um único agente) e colegiado (atuam e decidem mediante manifestação conjunta de seus membros); quanto à posição estatal: independentes (quando originários da Constituição Federal, representam os Poderes do Estado e possuem como características serem órgãos primários, que não possuem subordinação hierárquica ou funcional, e serem sujeitos apenas aos controles constitucionais de um Poder sobre o outro), autônomos (quando eles são subordinados aos chefes dos órgãos independentes, exercendo funções precípuas de planejamento, supervisão, coordenação e controle de atividades, como no caso de Ministérios, Secretarias de Estado e da Advocacia-Geral da União; essa autonomia é financeira, administrativa e operacional), superiores (quando são sujeitos à subordinação e controle hierárquico; detém poder de direção, controle, decisão e comando, mas não gozam de autonomia financeira, administrativa e operacional, como por exemplo no caso da Secretaria do Tesouro Nacional (STN)) e subalternos (que exercem atribuições de mera execução). Em relação à capacidade processual dos órgãos públicos, é possível observar que em regra, um órgão não possui capacidade processual, pois, de acordo com o artigo 70 do CPC, quem possui capacidade processual é a pessoa jurídica que o órgão integra, uma vez que o órgão é repartição interna da organização do Estado. Portanto, ele é criado para exercer apenas o direito do Estado, não dele. Todavia, excepcionalmente é possível admitir capacidade processual quando se tratar de órgão de cúpula e a ação seja proposta na defesa dos interesses institucionais, como por exemplo no caso da Câmara de Vereadores propor uma ação que aborda direitos da própria Câmara dos Vereadores. 4. Entidades em Espécie 4.1. Autarquia 4.1.1. Conceito Pessoas jurídicas de direito público de capacidade exclusivamente administrativa. De acordo com o art. 5, I, do decreto lei nº 200/67, uma autarquia é um serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa, financeira descentralizada. Elas surgem a partir da descentralização administrativa por outorga (por serviços, funcional ou técnica). Como exemplo há o Banco Central, a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e o Ibama. 4.1.2. Características Em relação às características das autarquias podemos enumerar as seguintes: a) Elas têm sua criação por lei específica (conforme o art. 37, XIX, CF). Salienta-se que com o início da vigência da lei, a autarquia adquire personalidade jurídica e está instituída. b) Possuem personalidade jurídica de direito público. Nesse sentido, por possuírem personalidade jurídica, são titulares de direitos e obrigações. Ademais, possuem regime jurídico de direito público em prerrogativas e sujeições. c) Possuem capacidade de autoadministração. Sob essa ótica, não possuem capacidade política, mas possuem capacidade administrativa. d) Conforme o princípio da especialização, cada autarquia é especializada na matéria que a lei lhe atribuiu e os serviços prestados requerem maior grau de especialização. Insta observar que essa característica não se aplica à autarquia geográfica ou territorial. e) Sujeição ao controle ou tutela: Sujeitas a controle da pessoa política que as criou, à qual são vinculadas. f) Possuem responsabilidade civil objetiva. g) O juízo competente para litígios comuns das autarquias federais é a Justiça Federal (art. 109, I, CF). h) Elas possuem imunidade tributária, ou seja, é vedada a instituição de impostos sobre patrimônio, renda e serviços das autarquias. i) Em relação aos dirigentes da autarquia: sua forma de investidura está prevista na lei ou no estatuto da autarquia; a competência para nomeação dos dirigentes é do chefe do Executivo (art. 84, XXV, CF), podendo ser exigida (na CF ou na lei) a aprovação prévia do Senado Federal (art. 84, XIV, CF); e ainda, sobre a exoneração dos dirigentes, não pode a lei estabelecer hipóteses de exigência de aprovação legislativa prévia, pois considera-se ofensa ao princípio da separação dos poderes (conforme posicionamento do STF). j) Não possuem caráter econômico. k) Somente podem contratar obedecendo a lei de licitações (conforme lei nº 8666/93). l) Impenhorabilidade e imprescritibilidade dos bens e alienabilidade condicionada dos bens. Nesse sentido, por serem bens públicos, seus bens não são penhoráveis para pagamentos de dívidas e não podem ser adquiridos por usucapião; e ainda, para que eles possam ser alienados, precisam passar por desafetação. m) Possuem patrimônio próprio e não é vedada a cobrança de taxas para exercício do poder de polícia ou prestação de serviços públicos inerentes às suas finalidades. n) Possuem alguns privilégios como: possuem prazos diferenciados (conforme artigo 183, CPC); possuem direito ao duplo grau de jurisdição obrigatório (consoante artigo 496, CPC); seus créditos são cobrados por meio de execução fiscal (Lei 6.830/80 – Lei de Execução Fiscal); seus débitos pagos por meio de precatórios (conforme artigo 100, CF). 4.1.3. Espécies As autarquias podem ser divididas em: autarquia comum, autarquia fundacional (fundação pública de direito público), autarquia territorial (divisão geográfica, com personalidade jurídica própria, criada para prestar serviços genéricos à sociedade; são os Territórios Federais), autarquia profissional (são os Conselhos de fiscalização de profissões, como o CREA; salienta-se que conforme entendimento do STF, a OAB é classificada como entidade sui generis, sendo assim um serviço público independente) e autarquia interfederativa (na forma de Associação pública (consórcios públicos, conforme art. 241, CF c/c art. 41, IV, CC); integra a administração indireta de mais de um ente federado). 4.1.3.1. Autarquias em regime especial Nesse sentido, podemos ainda observar as autarquias em regime especial. 4.1.3.1.1. Autarquias culturais Dentro desse grupo existem, primeiramente, as autarquias culturais (como no caso das universidades, onde os reitores são escolhidos pelo corpo docente e discente; dirigentes possuem mandato por prazo certo e ainda, as autarquias culturais possuem autonomia pedagógica, conforme artigo 207, CF). 4.1.3.1.2. Agências reguladoras Em seguida, existem as agências reguladoras, que possuem alto grau de especialização técnica e que são regulamentadas pela Lei nº 13.848/19. Elas são autarquias sob regime especial, com a atribuição de exercer a regulação de serviços públicos econômicos (comerciais e industriais, como por exemplo a Anatel) e deatividades econômicas (ex: ANP). Existem ainda, aquelas que exercem a função de polícia administrativa, impondo limitações administrativas previstas em lei, fiscalizando, reprimindo e aplicando penalidades, como por exemplo a Anvisa, a ANA e a ANS. Insta observar que não há obrigatoriedade, expressa no ordenamento jurídico, de que as agências reguladoras se constituam na forma de autarquias. No entanto, devem, em razão da natureza da atividade que desempenham, ter personalidade jurídica de direito público. As agências reguladoras exercem função normativa (criando regulamentação sobre matéria de ordem técnica, com base nos parâmetros e nas diretrizes da lei), administrativa (realizando procedimento licitatórios para escolha de concessionário ou permissionário de serviço público; celebrando contratos de concessão e serviço público; praticando ato unilateral de outorga da autorização; fiscalizando a execução de atividades sob sua competência; e aplicando sanções administrativas) e quase-judicial (resolvendo conflitos afetos à área regulada na instância administrativa). Além disso, possuem autonomia decisória, administrativa e financeira, e estão sujeitas ao controle do Poder Legislativo (art. 49, X e art. 70, CF), do Poder Executivo (art. 87, I, CF) e do Poder Judiciário (art. 5, XXXV, CF). Insta ressaltar que as agências reguladoras têm seus dirigentes nomeados pelo Presidente para cumprir mandato por prazo certo, e ainda, que realizam licitação nas modalidades pregão e consulta (exclusiva). 4.1.3.1.3. Agências executivas De acordo com o artigo 51 da Lei 9.649/98, as agências executivas são autarquias/fundações que ganham um “status” de agência após a celebração de um contrato de gestão com o Ministério que a supervisiona, isso com o objetivo de melhorar sua eficiência (conforme art. 37, §8o, CF). Entretanto, há uma forte crítica ao referido dispositivo, uma vez que seria uma espécie de “premiação” para agências ineficientes com a concessão de benefícios. 4.2. Fundação Pública 4.2.1. Conceito É uma entidade que possui patrimônio dotado de personalidade jurídica de direito público ou de direito privado; e esse patrimônio é destinado, por lei, à prestação de atividades públicas na área social. Insta ressaltar que há atribuição de personalidade jurídica a determinado patrimônio, destinado a fim específico. Ademais, a área de atuação da fundação pública será determinada na lei complementar, conforme art. 37, XIX, CF. 4.2.2. Natureza jurídica Pode ser fundação pública de direito público ou fundação pública de direito privado. Se for de direito público, será criada por lei específica (conforme art. 37, XIX, CF) e terá seu regime-jurídico de direito público (submetendo-se às mesmas sujeições e prerrogativas que caracterizam o regime jurídico de direito público, sendo assim uma espécie do gênero autarquia, ou seja, uma fundação autárquica). Se for de direito privado, será criada por ato do Poder Público, mediante autorização de lei específica (conforme art. 37, XIX) e terá seu regime-jurídico híbrido, ou seja, terá um regime jurídico de direito privado com derrogações de normas de direito público. Como exemplo de incidências do direito público temos a prerrogativa de imunidade recíproca (CF, art. 150, parágrafo 2º), e o fato de que elas se sujeitam a licitação e concurso público. 4.3. Empresa Pública 4.3.1. Conceito Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo poder público mediante autorização em lei específica, sob qualquer forma jurídica e com capital exclusivamente público. 4.3.2. Criação Sua criação se dá por ato do poder público. Nesse passo, sua existência começará com a inscrição do ato constitutivo no registro competente, após autorização em lei específica (conforme art. 45, CC e art. 37, XIX, CF). Insta observar que para a criação de subsidiárias é necessária autorização legislativa para criação, conforme o art. 37, XX, CF. Entretanto, não precisa ser uma autorização específica, pode constar da própria lei que autorizou a instituição da estatal. 4.3.3 Regime jurídico Se ela explora atividade econômica terá regime jurídico de direito privado, derrogado somente no que dispõe a Constituição Federal (art. 173, parágrafo 1º, II, CF). Entretanto, se ela presta serviço público terá regime jurídico de direito público, derrogado pela Constituição Federal. 4.3.4. Traços distintos: Possuem como forma de organização qualquer das formas admitidas no Direito. Ademais, seu capital é exclusivamente público. Além disso, o foro processual da empresa pública federal é na Justiça Federal (exceto causas trabalhistas, conforme art. 109, I, CF). 4.3.5. Regime de pessoal Seus empregados têm o chamado emprego público; nesse sentido, os empregados públicos são regidos pela CLT e têm obrigatoriedade de fazer concurso público para conseguir exercer o cargo. 4.4. Sociedades de economia mista 4.4.1. Conceito Pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo poder público, mediante autorização em lei específica, sob a forma de sociedade anônima e com capitais públicos e privados. 4.4.2. Criação Ato do Poder Público. Sua existência começará com a inscrição do ato constitutivo no registro competente, após autorização em lei específica, conforme art. 45, CC e art. 37, XIX, CF. Salienta-se que para a criação de subsidiárias é necessária autorização legislativa para criação, conforme o art. 37, XX, CF. Entretanto, não precisa ser uma autorização específica, pode constar da própria lei que autorizou a instituição da estatal. 4.4.3. Regime jurídico Se a sociedade de economia mista explora atividade econômica, terá regime jurídico de direito privado, derrogado somente no que dispõe a Constituição Federal (art. 173, parágrafo 1º, II, CF). Por outro lado, se ela presta serviço público terá regime jurídico de direito público, derrogado pela Constituição Federal. 4.4.4. Traços distintos As sociedades de economia mista serão sociedades anônimas (de capital aberto ou fechado). Além disso, seu capital pode ser público e privado e seu foro processual é na Justiça estadual. 4.4.5. Regime de pessoal Seus empregados têm o chamado emprego público; nesse sentido, os empregados públicos são regidos pela CLT e têm obrigatoriedade de fazer concurso público para conseguir exercer o cargo. 3º Setor: 1. Conceito O Terceiro Setor, ou paraestatais, são entidades privadas e sem fins lucrativos, as quais atuam ao lado do Estado, ou seja, não são entidades participantes da administração pública, seja direta ou indiretamente, mas sim particulares, as quais não visam o lucro, e atuam ao lado da Administração estatal. Sendo assim, apesar de não ter finalidade lucrativa, o terceiro setor recebe benefícios públicos e, com isso, são sujeitadas ao controle estatal de diversas maneiras, mas, em via de regra, pela administração pública direta e o Tribunal de Contas da União. 1.1. Entidades do Serviço Social Autônomo (SSA) Trata-se de entidade particular,a qual se encontra nos moldes apontados acima, a qual atua na capacitação, auxílio e suporte à determinadas categorias profissionais e sociais, como por exemplo, o Serviço Social do Comércio (SESC), que se auto define como criador de oportunidades para o desenvolvimento por meio da cultura, educação, saúde, esporte, lazer e assistência, principalmente aos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo; e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o qual forma profissionais em até 28 áreas da indústria nacional, por meio da capacitação. Ademais, essas entidades são vinculadas com o Estado através de Lei específica que autorize e regulamente suas atividades, e a partir do vínculo estatal, as SSA são sujeitas ao controle público ligado à administração direta e do tribunal de contas, nos moldes do artigo 71 da Constituição Federal brasileira, o qual garante que o tribunal de contas controlará as contas de todos os que atuam com dinheiro público. Por fim, essas entidades são escolhidas a partir de processo licitatório, entretanto, não são as licitações definidas pela Lei 8.666/93, mas sim processo licitatório específico e mais simplificado. Insta salientar, que esse processo, apesar de mais simples, tem o intuito de garantir as impessoalidades nas contratações. 1.2. Entidade de Apoio Essas entidades, constituídas pelas associações, cooperativas e fundações, trabalham ao lado de Hospitais e Universidades Públicas, de maneira que auxiliem em sua atuação. A título exemplificativo cabe citar a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão (FAPEX), a qual atua dentro do campo universitário, gerenciando projetos e apoiando a geração de conhecimento científico e tecnológico, porém controlada pela administração direta do estado e pelo tribunal de contas da União. Cabe ressaltar, que essas entidades passam também por processo licitatório simplificado, e são vinculadas ao Estado por meio de convênio, o qual prevê a transferência de verba orçamentária, bens e servidores públicos. 1.3. Organizações Sociais (OS) São entidades privadas, criadas por particulares, não possuem fins lucrativos, porém, como diferencial em relação às paraestatais apresentadas acima, essa atuam na área de prestação de serviços públicos não exclusivos do Estado, ou seja, aberto às iniciativas privadas, como saúde, educação, assistência social, entre outros. O Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL) é uma espécie de organização social, uma vez que auxilia na área de saúde, ou seja, não exclusiva do Estado. Essas organizações firmam vínculo com o poder público por meio de contrato de gestão e, além disso, não necessitam passar por processo licitatório, nos moldes do artigo 24, XXIV, Lei 8.666/93. Apesar de ser uma pauta polêmica e geradora de muitas críticas doutrinárias, o STF, por meio da ADI 1923, entendeu que a dispensa de licitação é constitucional. No mais, as organizações sociais recebem rubrica orçamentária específica, ou seja, não recebem verba destacada do orçamento “geral” de determinada área, mas sim, o seu orçamento específico, o que é muito mais contundente, uma vez que, só pode ser alterado por lei. Pode receber benefícios estatais como bens e servidores públicos. Por fim, cabe ressaltar que, apesar de não haver processo licitatório, o controle estatal é mais amplo, tendo em vista, que além da administração direta e o tribunal de contas, deve ser criado um conselho de administração, nos moldes da Lei 9.637/98, a qual obriga que haja a participação de servidores públicos dentro do conselho, para que possa imprimir uma gestão da administração pública dentro da organização, ter poder de voto e controle das atividades internas. 1.4. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Tais organizações, com definição similar a da Organização Social, apesar de apresentar um rol mais amplo de atuação, também presta serviços em áreas não exclusivas do Estado. Insta ressaltar que, dentre as entidades privadas sem fins lucrativos que atuam ao lado do Estado, as cooperativas de trabalho, entidades religiosas, partidos políticos, sindicatos e organizações sindicais, não podem ser qualificadas como OSCIP. Além disso, por se tratar de uma organização sem finalidade lucrativa, não pode dividir lucros e dividendos entre dirigentes, porém, é possível que haja remuneração dos mesmos em caso de vínculo empregatício celetista e recebimento de salário fixo. Diferentemente das OS, o vínculo entre estado e organização é feito por meio de termo de parceria - o que configura um ato vinculado - não recebe orçamento específico, mas sim verba destacada do orçamento de determinada área, e não pode receber bens e servidores públicos. Além do controle do tribunal de contas e da administração pública direta, essas organizações precisam criar um conselho de administração, porém, diferentemente das OS, esse conselho não tem a obrigatoriedade da participação de servidores públicos. Anteriormente, a lei 1.978 vedava a participação de servidores públicos no conselho, porém atualmente, é permitida a participação. Por fim, cabe ressaltar que essas organizações passam por processo licitatório para que seja escolhida. 1.5. Organizações de Sociedade Civil (OSC) Definida também de maneira bem parecida com as Organizações Sociais e as OSCIP, as Organizações de Sociedade Civil atuam na prestação serviços públicos não exclusivos do Estado. Entretanto, é de suma importância entender que o vínculo que cria uma OSC pode ser feito de três maneiras. A primeira, é a celebração de termo de colaboração, sendo configurado por prestação de serviços a partir de um plano de trabalho organizado pela administração pública. Pode-se criar uma OSC também por meio de termo de fomento, e nesse caso, o plano citado anteriormente é elaborado pela organização, e não pela administração. Em terceiro lugar, pode-se celebrar um acordo de cooperação, porém nesse caso, pouco importa quem será o criado do plano de trabalho, pois o que é levado em consideração, é que não há transferência de recurso público. Essas organizações devem participar de um chamamento público, que nada mais é do que um procedimento feito pela administração pública para executar atividades ou projetos que tenham interesse público, conforme exposto na Lei 13.019/14. Além disso, submete-se a um tipo de controle diferente, uma vez que, além do controle da administração pública de do tribunal de contas, deve apresentar um relatório de execução do objeto, o que deve mostrar que as atividades e metas foram cumpridas, e um relatório financeiro, expondo os gastos e receitas. 2. Conclusão Tendo em vista o encimado, nota-se que o terceiro setor trata de entidades privadas sem fins lucrativos, que atuam ao lado do Estado, e que as mesmas podem ser subdivididas em cinco espécies, sendo elas Entidade de Serviço Social Autônomo (SSA), Entidade de Apoio, Organizações Sociais (OS), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público(OSCIP), e Organizações de Sociedade Civil (OSC). Dentro desse cenário, apesar de haver similaridades dentro de cada uma das espécies citadas, é de suma importância destacar que a principal diferença entre elas, e que se apresenta bastante em concursos públicos, de acordo com o Professor Matheus Carvalho, é o vínculo da entidade com o poder público, pois nota-se que as formas de vínculo não se repetem em nenhuma das opções apresentadas. Além disso, conclui-se que, na verdade, o terceiro setor não é definido tanto pelo público, quanto pelo privado, mas sim como um conjunto de entidades sem fins lucrativos, com autonomia e administração própria, e que tem como função principal atuar ao lado do Estado visando o melhoramento da sociedade civil.
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