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ESTUDO DIRIGIDO III - Unidade 2 – Organização da Administração Pública; Unidade 5 – Responsabilidade Civil do Estado (AV2 – 5 pontos) 1) De acordo com a compreensão da doutrina, a Eletrobrás, uma sociedade de economia mista, teria finalidade lucrativa? Explique. (1,5 pontos) A Eletrobrás, sociedade de economia mista, tem como finalidade principal o interesse público, não sendo necessariamente voltada para a busca de lucro. Como sociedade de economia mista, a Eletrobrás é uma empresa que possui capital tanto público quanto privado, com participação majoritária do Estado. Seu objetivo principal é atuar no setor de energia elétrica, promovendo o planejamento, a implantação e a operação de projetos e infraestruturas relacionadas à geração, transmissão e distribuição de energia. Ao contrário das empresas privadas cujo principal objetivo é a maximização dos lucros para seus acionistas, as sociedades de economia mista têm outra identidade, buscando equilibrar o interesse público com a necessidade de uma gestão eficiente e sustentável. Essas empresas podem ser criadas para exercer atividades de interesse público, como fornecimento de serviços essenciais, infraestrutura, desenvolvimento econômico, entre outros. No caso exposto no comando da questão, a Eletrobrás é fundamental para o setor elétrico do Brasil, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país, garantindo o suprimento de energia elétrica e promovendo a expansão e modernização do sistema elétrico nacional. Seu foco principal é a prestação de serviços de qualidade, a expansão do acesso à energia e o desenvolvimento de projetos de caráter sustentável, considerando aspectos ambientais e sociais em seu planejamento e operação. É importante ressaltar que, embora a Eletrobrás não tenha como objetivo principal a obtenção de lucros, isso não significa que ela não busque eficiência econômica em suas atividades. A empresa deve operar de forma a garantir seu equilíbrio financeiro e ser capaz de realizar investimentos para cumprir seus objetivos e obrigações conforme o melhor interesse da coletividade. 2) Apresente a natureza jurídica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Senai, e explique se ele deve ou não realizar concurso para a contratação de professores. Explique. (1,5 pontos) O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) é uma entidade civil de direito privado, de natureza jurídica de serviço social autônomo, conforme Decreto-Lei n.º 4.048/1942, artigo 2º. Os chamados Serviços Sociais Autônomos (formados pelo Sistema “S”) são avaliados por Hely Lopes Meirelles em sua obra Direito administrativo brasileiro (2000, p. 346) como “todos aqueles instituídos por Lei, com personalidade de Direito Privado, para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais”. Convém mencionar, outrossim, que o Senai é uma instituição voltada para a educação profissional e tecnológica, tendo como objetivo principal promover a qualificação e formação de trabalhadores para a indústria. Ele atua em parceria com empresas e setores industriais, oferecendo cursos, programas e serviços voltados para o desenvolvimento de competências técnicas e tecnológicas. Apesar de ter sua atuação voltada para o interesse público, o Senai é uma entidade privada e possui autonomia administrativa e financeira. Ele é mantido pelas contribuições compulsórias das empresas industriais, conforme previsto na Constituição Federal, que estabelece a obrigatoriedade das empresas destinarem uma parcela de sua receita para o financiamento dos serviços sociais autônomos, entre eles o Senai. Dessa forma, o Senai exerce suas atividades com independência em relação ao Estado, mas em consonância com as políticas públicas voltadas para a educação profissional e tecnológica. A entidade tem a responsabilidade de desenvolver e executar programas educacionais, fomentar a pesquisa aplicada e prestar serviços especializados para o setor industrial. Portanto, o Senai é uma entidade de direito privado, classificada como serviço social autônomo, que tem como finalidade promover a formação profissional e tecnológica de trabalhadores para a indústria. Ele opera com autonomia administrativa e financeira, financiado pelas contribuições compulsórias das empresas industriais. Quanto à contratação de professores pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) não segue as formalidades tradicionais de concurso público, regido pela Lei nº 8.112/1990, que estabelece as normas gerais para a contratação de servidores públicos. Como entidade de direito privado, possui autonomia para definir os critérios e processos seletivos para a contratação de seu quadro de professores. Em regra, o processo seletivo do Senai envolve análise curricular, entrevistas, provas práticas e didáticas, além da verificação de experiência e formação adequada para o cargo pleiteado. Embora não seja um concurso público nos moldes tradicionais, o processo seletivo do Senai deve ser pautado por princípios de transparência, igualdade de oportunidades, mérito e qualificação profissional. O objetivo é selecionar profissionais qualificados e capacitados para atuar no ensino profissionalizante e tecnológico oferecido pela instituição. Portanto, a contratação de professores pelo Senai segue um processo seletivo próprio e específico, com critérios estabelecidos pela própria instituição, com base em suas necessidades. 3) Uma Organização Social (OS) se enquadra na esfera da responsabilidade objetiva? Ou esse tipo de entidade teria responsabilidade subjetiva: (1,0 pontos) Sim. Uma Organização Social (OS) pode ser responsabilizada objetivamente na esfera civil. A responsabilidade objetiva é aquela em que não é necessário comprovar a existência de culpa ou dolo por parte da instituição para que seja responsabilizada por danos causados a terceiros. A Lei nº 9.637/1998, que dispõe sobre a qualificação de entidades como Organizações Sociais, prevê em seu artigo 5º que as OSs são responsáveis pelos danos causados por seus agentes a terceiros, conforme o Código Civil Brasileiro de 2002. Isso significa que, em caso de ocorrência de danos causados por ação ou omissão de um agente da Organização Social, ela pode ser responsabilizada pelos prejuízos causados, independentemente de culpa, como forma de garantir a proteção dos direitos dos indivíduos e a reparação dos danos sofridos. No entanto, é importante destacar que, mesmo diante da responsabilidade objetiva, a OS ainda pode se defender apresentando excludentes de responsabilidade, como caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima. É necessário observar também que a responsabilidade objetiva não se aplica a todas as situações, pois há atividades desempenhadas pelas OSs que podem envolver a responsabilidade subjetiva, na qual é necessário comprovar a existência de culpa ou dolo por parte da instituição para que ela seja responsabilizada. 4) Qual a posição apresentada pela doutrina com relação a responsabilidade civil do Estado por omissão. Seria uma responsabilidade objetiva ou subjetiva? Explique. (1,0 pontos) A doutrina apresenta diferentes posicionamentos em relação à responsabilidade civil do Estado por omissão, ou seja, quando o Estado deixa de agir e, por consequência, causa danos a terceiros. Não há um consenso absoluto, mas é comum encontrar a defesa de que essa responsabilidade seja objetiva. A responsabilidade civil objetiva do Estado por omissão é baseada no entendimento de que o Estado possui o dever de agir em determinadas situações para proteger os direitos e interesses dos cidadãos. Assim, quando o Estado se omite e por decorrência dessa omissão causar danos a terceiros, deverá este ser responsabilizado independentemente da comprovaçãode culpa. A fundamentação para essa responsabilidade objetiva pode ser encontrada em princípios constitucionais, como o da igualdade, da dignidade da pessoa humana e da eficiência administrativa, bem como em normas específicas do ordenamento jurídico pátrio. No entanto, é importante destacar que mesmo no contexto da responsabilidade objetiva por omissão, alguns requisitos devem ser atendidos para que a responsabilidade seja configurada. É necessário demonstrar que a omissão do Estado causou um dano, que houve nexo causal entre a omissão e o dano, além de comprovar que a omissão ocorreu em uma situação em que o Estado tinha o dever legal de agir. Por outro lado, convém destacar que há correntes doutrinárias que sustentam a responsabilidade civil do Estado por omissão como sendo subjetiva, ou seja, dependente da comprovação de culpa. Segundo essa corrente doutrinária, é necessário demonstrar que o Estado agiu com negligência, imprudência ou imperícia, deixando de cumprir seu dever legal de agir.
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