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Síndromes Febris Homem, 20 anos, solteiro, procura atendimento no PS solicitando atestado médico por conta de quadro febril que o fez faltar ao trabalho. Se queixa também de calafrios, prostração, mialgia, anorexia e cefaleia. Não usa nenhuma medicação, não tem dor para urinar, nem escarro produtivo. Nível de consciência preservado, sem rigidez de nuca. Síndrome febril não é doença que dá febre, é a febre e a outras manifestações que decorrem da própria febre. Importante sempre pensar em infecção. É uma febre sem foco infeccioso aparente (ex: nesse caso foi investigado SU, SR, SNC). A doença será desvendada no curso da doença; A febre referida teve início há 24h, com temperaturas elevadas (média de 39º) e veio acompanhada de dor retro-orbital, dor abdominal acentuada e persistente, além de discreto prurido cutâneo. Procurou atendimento médico, sendo orientado a voltar para casa pelo bom estado geral que apresentava. Exames laboratoriais: Leucopenia com atipia linfocitária. Síndromes febris “puras” · Arborivoses: qualquer virose transmitira por artrópodes. · Vetor: fêmea do Aedes aegypti · Consegue transmitir ao mesmo tempo dengue, chikungunya e zika. · Período de incubação: para as três, vai de 3-15 dias. Dengue “febre quebra ossos com dor retro-orbitária” · É uma doença febril aguda de origem viral; · Agente etiológico da família flavivírus; composto por RNA. · Sorotipos: 1, 2, 3, 4 e 5 (o 5 não existe no Brasil); Ao entrar em contato com algum sorotipo o indivíduo fica protegido permanentemente contra o sorotipo específico, podendo contrair os demais. Além disso, infecção sequencial pode aumentar o risco de formas graves; Pode levar a sepse viral. O risco é maior a partir da segunda infecção. · Suspeita de dengue – contato a cerca de 15 dias com local que tenha transmissão do vírus; Manifestações clínicas: Amplo espectro de manifestações · Caso suspeito de dengue; para tratar, basta a suspeita. · Dengue com sinais de alarme; ou seja, avisa que vai agravar. · Dengue grave; 1. Caso suspeito: Critério obrigatório: Febre (de 2 até 7 dias. Obs: não existe dengue crônica) + ≥ 2 manifestações: · Mialgia intensa/excruciante. Dengue tem afinidade pelo SME – “febre quebra ossos”; · Dor retro-orbital; dor muscular atrás dos olhos, a simples mobilização pode provocar dor. · Artralgia; · Exantema (surge 2º ao 4º dia após manifestação febril); · Petéquias (sangramento cutâneo) – pode surgir espontaneamente ou mediante prova do laço; · Vômitos; · Leucopenia as custas de neutropneia, mas que não indica gravidade e linfocitose; · Melhora da febre 3º - 4º dias na maioria das pessoas. Mas a forma grave começa a se anunciar quando a febre baixa. 2. Dengue com sinais de alarme: · Definição – suspeita de dengue + ≥ 1 sinal de alarme; · Fisiopatologia – sepse viral (chuva de citocinas) atacando os vasos sanguíneos (vira uma peneira e permite o extravasamento plasmático) e as plaquetas: relação com os sinais de alarme; · Extravasamento plasmático – sinais de alarme: · Hemoconcentração: aumento do hematócrito; · Lipotímia (hipotensão postural – obrigatório investigar com paciente em duas posições, ao menos de pé e sentado); · Derrames – ascite, derrame pleural e pericárdico, como resultado da organização do plasma nas serosas. · Disfunção orgânica leve devido a perfusão diminuída – isquemia – como consequência do vaso lesado – sinais de alarme: · Dor abdominal contínua/à palpação; pela isquemia · Vômitos persistentes/incoercíveis; vísceras mal perfundidas, perde a peristalse · Hepatomegalia >2cm do RCD; · Letargia/irritabilidade – hipoperfusão; · Plaquetopenia – sinal de alarme: · Sangramento de mucosas; sangramento de pele faz parte do quadro suspeito. Sinal de alarme = internação; Leucopenia não é sinal de alarme; 3. Dengue grave: · Definição – suspeita de dengue + ≥1 de gravidade: · Extravasamento plasmático grave · Os 3 Ps: pressão, pulso e periferia. · Diminuição da PA: PAS 90 PAD: 60 ou menos. ou PA convergente – diferença entre PAS e PAD < 20 mmHg. Ou seja, se aproximam muito. · Pulso fino e rápido. Pulso filiforme · Periferia: TEC > 2segundos, extremidades frias: Principal causa de morte; · Disfunção orgânica grave encefalite, miocardite, hepatite. São as ites. · Sangramento grave: hemorragia digestiva, SNC. Ameaça a vida do paciente. Diagnóstico Sorologia: ao ter contato pela primeira vez, não tem RI contra. Ou seja, não adianta fazer sorologia nos primeiros dias. · Até o 5º dia (viremia) · Isolamento viral (muito cara, não se faz no dia a dia). · Antígeno NS1 (melhor até o 3º dia, mas pode estar positivo até o 5); · Após soroconversão (a partir do 6º dia) · Sorologia ELISA procurando IgM, marcando infecção aguda; Quando solicitar exames (importante saber quando pedir, dado que não precisa de confirmação para começar a tratar, basta a suspeita) · Em epidemia para grupos C e D · Sem epidemia – todos os casos suspeitos, importante inclusive para notificação; Prova do laço: (é uma ferramenta, todo paciente com dengue sem manifestação de hemorragia espontânea, já que tenta precipitar hemorragia de pele) · Não serve para dar diagnóstico; serve para avaliar fragilidade capilar, pois quanto maior, maior a chance de fazer graves extravasamentos plasmáticos. · Execução: · Média da PA: (PAS + PAD)/2; · Insuflar o manguito até a média da PA – em crianças durante 3 minutos e em adultos durante 5 minutos; · Ao final dos 3 ou 5 minutos, desenhar quadro com 2,5 cm de lado no local com maior concentração de petéquias; · Positiva: · Criança ≥10 · Adulto ≥20; Tratamento: Sintomáticos: · Paracetamol/dipirona · A analgesia não pode ser feita com AINES/AAS – medicações que interferem na função plaquetária. Antiplaquetárias; Suporte (a depender do grupo); a principal causa de morte é choque hipovolêmico. A (tem dengue e mais nada) B (serve para reclassificar o paciente para grupo A ou C) C D Não é B, C, D Sangramento de pele (espontâneo ou a prova do laço) Risco social Comorbidade/Gravidez Basta um sinal de alarme Basta um sinal de gravidade Ambulatorial Hemograma (é o que guia a conduta subsequente, avaliação do hematócrito) Enfermaria UTI 60 ml/kg/dia VO. 1/3 solução de reidratação oral e 2/3 de líquidos. Até 48h afebril. Período que os sinais de agravamento podem surgir. = grupo A enquanto aguarda o Ht. Fase de expansão: 20ml/kg IV em 2h. Até 3x, reavalia a cada infusão. 20/ml/kg em 20minutos. Até 3x, reavalia a cada infusão. Em 48h ou caso apareçam sinais de alarme: reavaliação Ht normal: reclassificado para grupo A. Ht aumentado: reclassificado para grupo C. Melhorou: 25/ml/kg 6h. Não melhorou: Grupo D Melhorou: Grupo C e faz conduta desde fase de expansão. Não melhorou: nora/albumina B de blood (sangramento e hemograma) e B (barrigudinha) e comorBidade. Chikungunya “aqueles que se dobram” · Agente etiológico: gênero alphavirus da família togaviridae; · Vetor: Aedes aegypti Pode ser arrastada, no primeiro momento é o vírus que causa os sintomas, após 10 dias, mesmo sem vírus, pode apresentar sintomatologia. Pode se prolongar muito mais que a dengue. Pode se cronificar. Não é letal, mas leva a importante morbidade. Chikungunya Fase Clínica Diagnóstico Conduta Aguda 3-10 dias Fruto da viremia “Febre articular” Artralgia/artrite/ simétrica, bilateral e distal. Se assemelham a AR, pode ter edema e eritema da articulação. Sorologia + PCR (vírus circulando entre 3-10, ~10 dias). Linfopenia Repouso (tem potencial de alterar o curso da doença) Analgesia/crioterapia: (gelo de 8/8h nas articulações acometidas) Refratários: opioides Não prescrever AINE/AAS Fisioterapia Subaguda Até 3 meses Fruto do processo imunológico Artralgia (pode manter a dor ou voltar) Sorologia (não tem mais vírus circulante p/ fazer PCR) Mesmo arsenal, mas pode associar anti-inflamatórios: o melhor de todos é a prednisona. Crônica >3 meses Fruto do processo imunológico Dor/deformidade Mulheres, >45 anos, artopatia prévia Sorologia (não tem mais víruscirculante para fazer PCR) Hidroxicloroquina como 1ª escolha ou MTX (pode prevenir ou imunomodular a deformação) Diagnóstico Síndromes febris “puras” Diferencial Dengue Chikungunya Zika Febre Alta >38º Ausente ou baixa Até 38º Rash Menos frequente: 2 – 4dias Mais frequente: 1 – 2 dias “Dica” Mialgia e dor retro-orbitária Dor/inflamação articular Rash (que pode vir com ou sem prurido, o qual quando presente é extremamente pruriginoso) + conjuntivite não purulenta Prova Mais letal (choque hipovolêmico por extravasamento plasmático) Mais mórbida (artropatia deformante) Síndrome congênita Transmissão sexual (única) Zika · Por ser da mesma família do vírus da dengue, pode ocorrer reação cruzada; · Pode desenvolver a síndrome de Guillain-Barré; Alex Lima, Iasmyn Paixão 3 Febre Amarela · Agente etiológico: flavivírus; · Transmissão em 2 contextos: · Ciclo silvestre – vetor/reservatório -> Haemagogus -> o hospedeiro será o macaco (epizootias) OBS.: a morte de macacos pode indicar presença de vírus na região // o ser humano entra por acaso nesse ciclo se tornando hospedeiro acidental; · Ciclo urbano – vetor -> A. aegypti // hospedeiro – humano // ausento no Brasil desde 1942; Quadro clínico: · Leve (90%): · Febre; · Sinal de Faget – dissociação entre febre e frequência cardíaca (o normal é que com aumento da temperatura a FC também aumente, isso pode não acontecer febre amarela) // febre tifoide também pode causar sinal de Faget; · Grave (10%) – lesão hepática e renal -> tríade clássica: · Icterícia: aumento de BD / transaminases (AST/TGO geralmente maior que ALT/TGP, pois no rim também tem libração de AST/TGO); · Hematêmese (fígado responsável por produção de fatores de coagulação); · Oligúria (lesão renal); · Letalidade da forma grave -> 50%; Diagnóstico: · Até 5º dia (período de viremia) – isolamento viral, caro não vale a pena; · Após soroconversão (a partir do 6º dia) – sorologia ELISA IgM; Tratamento: · Suporte;
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