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Antibioticoterapia 1 Antibioticoterapia PREVALÊNCIA 3 Conceitos Bactérias GRAM parede espessa de peptideoglicano e ácido tecoico. Bactérias GRAM parede celular com uma camada fina de peptideoglicano. MIC/CIM menor concentração do antibiótico que inibe o crescimento bacteriano visível. Antibióticos: produtos capazes de destruir microorganismos ou de suprimir a sua multiplicação ou crescimento. Bactericidas: causam morte celular. Bacteriostáticos: diminuem a replicação. Para o antimicrobiano exercer sua atividade, precisa atingir a concentração ideal no local da infecção, ser capaz de atravessar, de forma passiva ou ativa, a parede celular, apresentar afinidade pelo sítio de ligação no interior da bactéria e permanecer tempo suficiente para exercer seu efeito inibitório. Antimicrobianos tempo-dependentes: tem sua ação regida pelo tempo de exposição das bactérias às suas concentrações séricas e teciduais, independente do nível sérico que atingem. Exemplos: vancomicina, beta-lactâmicos. Antimicrobianos dose-dependente: exibem propriedades de destruição de bactérias em função da concentração. Exemplos: aminoglicosídeos e fluoroquinolonas. Bactérias de Importância Clínica Cocos G aeróbios: Staphylococcus, Streptococcus e Enterococcus. Todos os estafilococos produzem catalase, que degrada H2O2 em O2 e H2O. O S. aureus é o principal estafilococo patogênico para o homem. Antibioticoterapia 2 Os estreptococos são catalase-negativo e os principais incluem o S. pyogenes IVAS, S. pneumoniae, grupo Viridans, S. agalactiae (trato genital de mulheres) Bacilos G aeróbios: Listeria sp e Nocardia sp. Cocos G aeróbios: meningococo e gonococo. Bacilos G anaeróbios: enterobactérias. Anaeróbios: Peptococcus, Peptostreptococcus, Clostridium, Bacteroides fragillis. Bacilos G aeróbios fermentadores: E. coli, Kleibsiella, Citrobacter, Serratia, Proteus, Salmonella. Bacilos G aeróbios não fermentadores: Acinetobacter, Pseudomonas, Burkholderia cepacea. Contraindicações de tratamento Abscessos de parede (drenar). Úlceras cutâneas crônicas. Bacteriúria assintomática (exceto grávidas e pré-procedimento urológico). Febre relacionada a CVP de curta permanência, sem sepse. Diarreias infecciosas. Flebites não purulentas. Tratamento Empírico É escolhido de acordo com os principais agentes que acometem o sítio e de acordo com a história do paciente. Boca: Peptococcus, Peptostreptococcus, Actinomyces, Streptococcus viridans. Pele e partes moles: S. aureus, S. pyogenes, S. epidemidis, Pasteurella (cão). Ossos e articulações: S. aureus, S. epidermidis, Streptococcus, N. gonorrhoeae. Abdome: E. coli, Proteus, Klebsiella, Enterococcus, Bacteroides sp. Antibioticoterapia 3 Trato urinário: E. coli, Proteus, Klebsiella, Enterococcus, S. saprophyticus. Trato respiratório superior: S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis, S. pyogenes. Trato respiratório inferior (comunitária): S. pneumoniae, H. influenzae, K. pneumoniae, Legionella pneumophila, Mycoplasma, Chlamydia. Trato respiratório (hospitalar): K. pneumoniae, Enterobacter sp., outras enterobactérias, Pseudomonas sp., S. aureus. Meningites: S. pneumoniae, N. meningitidis, H. influenzae, S. agalactiae, E. coli, Listeria. Classificação dos Antibióticos Inibidores da Síntese da Parede Celular (betalactâmicos) � Penicilinas Penicilinas naturais (benzilpenicilinas): G, cocos G e espiroquetas. A inflamação do tecido facilita a penetração da penicilina G em abscessos, ouvido médio, seios da face e ossos. Necessário ajuste da dose para RN e pacientes renais. Pode ser usada em gestantes e não provoca efeitos lesivos para o feto, mas pode haver reação de hipersensibilidade. Penicilina G Benzatina: IM, G. Escolha para: sífilis, faringoamigdalite bacteriana e impetigo estreptocócico. Profilaxia de febre reumática! Droga de depósito, persiste por até 21 dias. Penicilina G cristalina: IV, G e espiroquetas. Escolha para: infecções mais graves; leptospirose grave, tratamento hospitalar de pneumonia em crianças, endocardite bacteriana, infecção por Neisseria meningitidis G. Indicada para neurossífilis e sífilis congênita com alterações clíncias e nos exames. Administração IV em soro (sem vitamina C, complexo B ou bicarbonato) necessária par infecções resistentes. Penicilina G procaína: IM, pouco usada na prática. Mesmas indicações da benzatina. Antibioticoterapia 4 Penicilinas resistentes às penicilases: incluem a meticilina, oxacilina e dicloxacilina. Ativas contra cocos e bacilos G, aeróbios e anaeróbios, mas não tem ação contra G. Não se acumula em pacientes renais. O principal uso é antibioticoterapia em infecções por S. aureus, os quais são divididos em sensíveis à meticilina MSSA oxacilina) e resistentes à meticilina MRSA vancomicina). Oxacilina: IV, S. aureus meticilina sensível. Infecções suspeitas: erisipela, celulite e outras doenças em que há possibilidade de disseminação hematológica (endocardite infecciosa) ou por contiguidade com a pele (meningite por uso de DVP. Aminopenicilinas: amplo espectro, cobrem G (menos eficazes que as penicilinas naturais), G, cocos e bacilos. Normalmente associadas a inibidores da beta-lactamase, como ácido clavulânico e sulbactam. São estáveis em meio ácido, podendo ser utilizadas VO. Amoxicilina: Usos: faringoamigdalite bacteriana, pneumonia comunitária, rinossinusite bacteriana e infecção por H. pylori. Ampicilina: associada, principalmente, com sulbactam, IV, 500 ou 1000mg. Usos: gastroenterite aguda bacteriana (cobre Shigella), pneumonia em crianças, endocardite infecciosa, pneumonia comunitária, infecções por Streptococcus do grupo B (canal de parto), corioamnionite e etc. Dose usual: 2g, IV, 4/4h. Carboxipenicilinas e ureidopenicilinas: Piperacilina-tazobactam Tazocin): G e G, em especial Proteus, Enterobacter e Pseudomonas aeruginosa, que, normalmente, apresentam resistência diante de outras penicilinas. Usos: infecções hospitalares e infecções com risco de Pseudomonas. Penicilinas de espectro ampliado de 3ª geração (antipseudomonas): Antibioticoterapia 5 Ticarcilina + clavulanato: indicada para combinação com aminoglicosídeo (atb usado principalmente no tratamento de pacientes com infecções graves causadas por bactérias G aeróbias). Inibidores de beta-lactamase: associados com penicilinas, ampliam o espectro em caso de bactérias produtoras de beta-lactamase. Amoxicilina-clavulanato. Principal indicação: Haemophilus influenzae produtor de beta- lactamases — otite, sinusite, pneumonia em crianças menores de 5 anos e idosos maiores de 65 anos. Não cobre Pseudomonas aeruginosa. Ampicilina-sulbactam. Principal indicação: infecção grave por Acinetobacter baumannii em UTI. Não cobre Pseudomonas aeruginosa. Ticarcilina-Clavulanato. Piperacilina-Tazobactam (tazocin). � Carbapenêmicos Geralmente usados para antibioticoterapia em infecções hospitalares. São drogas potentes de amplo espectro. Incluem meropenem, imipenem e ertapenem - todos cobrem anaeróbios e, com exceção do ertapenem, cobrem Pseudomonas. São drogas de escolha em infecções por bactérias produtoras de beta-lactamase de espectro estendido ESBL. Imipenem: associado com a cilastatina, para aumentar a meia-vida e biodisponibilidade. Atravessa a BHE (meningoencefalites) e a barreira fetoplacentária, com pouca passagem pelo leite materno. Espectro de ação: amplo espectro contra cocos e bacilos G, G e anaeróbios. Eficaz contra estreptococos, pneumococos, estafilococos oxacilina-sensíveis, hemófilos, gonococo, meningococo, E. coli, Klebsiella, Proteus, Morganella, Salmonella, Shigella e outras enterobactérias, Pseudomonas aeruginosa. Antibioticoterapia 6 Usos: infecções hospitalares, infecções com risco de Pseudomonas, infecções abdominais e pancreatite aguda necrotizante (escolha). Meropenem: BGN (principalmente Pseudomonas aeruginosa), anaeróbios, BGP (como Listeria monocytogenes). Espectro deação: amplo espectro contra cocos e BGN, BGP e anaeróbios. Eficaz contra estreptococos, pneumococos, estafilococos oxacilina-sensíveis, hemófilos, gonococo, meningococo, E. coli, Klebsiella, Proteus, Morganella, Salmonella, Shigella e outras enterobactérias, Pseudomonas aeruginosa. Usos: infecções hospitalares, infecções com risco de Pseudomonas, infecções abdominais e pancreatite aguda necrotizante (escolha). � Cefalosporinas Substituição às penicilinas em caso de resistência e alergia. Indicado para infecções graves com suspeita de bacteremia e profilaxia de cirurgias. 1ª Geração: G (exceto Enterococcus e estafilococo coagulase negativa; principalmente MSSA e poucos G (como E. coli, Proteus spp e Klebsiella pneumoniae). Indicações clássicas incluem ITU inferior (principalmente gestantes e crianças), infecções de pele em tratamento ambulatorial (cefalexina) ou hospitalar (cefalotina) e profilaxia de infecção de ferida cirúrgica (cefalotina ou cefazolina). Cefalexina: VO. Usos: profilaxia e tratamento de ITU em crianças e gestantes, além de infecções de pele não graves. Apresentação: comprimido de 500mg ou 1g; suspensão oral de 100mg/mL ou 250mg/5mL. Cefadroxila: VO. Apresentação: comprimido de 500mg; suspensão oral de 50mg/mL. Cefalônia: IV. Apresentação: 1g. Cefazolina: IV. Apresentação: 1g. Antibioticoterapia 7 2ª Geração: cobertura maior contra cocos G e cocos G, como o pneumococo. Cobrem H. influenzae e M. catarrhalis. Cefuroxima: Espectro de ação: mais ativo contra H. influenzae, M. catarrhalis e cocos G. Usos: ITU. Cefoxitina: IV. Apresentação: 1g. Espectro de ação: menos poder contra G e mais poder contra anaeróbios. Boa cobertura contra Bacteroides fragilis. Induz a produção de beta-lactamase. Usos: infecções abdominais, profilaxia de cirurgias abdominais e pélvicas. 3ª Geração: atravessam a BHE, sendo usados em meningites (exceto se por Listeria monocytogenes). Utilizadas para pneumonia bacteriana em tratamento hospitalar, tratamento empírico de meningite, tratamento hospitalar de ITU complicada e infecções intestinais (como peritonite bacteriana espontânea e abdome agudo inflamatório). Ceftriaxona: IV ou IM. Apresentação: 500mg ou 1g. Cefotaxima: IV. Apresentação: 500mg ou 1g. Ceftazidima: IV. Boa ação contra Pseudomonas. Apresentação: 1 ou 2g. 4ª Geração: ótima cobertura de G e G. Atua bem contra MSSA e tem boa ação contra Pseudomonas. Não tem boa cobertura contra enterococos. Bom uso em pacientes hospitalizados (inclusive sépticos) contra ITU, meningite e pneumonia. Droga de escolha em neutropenia febril. Cefepime: IV. Apresentação: 1 ou 2g. Antibioticoterapia 8 💡 Cefalosporinas de 3ª e 4ª geração são 1ª linha empírica para meningite. 1ª GERAÇÃO 2ª GERAÇÃO 3ª GERAÇÃO 4ª GERAÇÃO Cefalexina Cefuroxima Ceftriaxona Cefepime Cefazolina Cefoxetina Cefotaxima Ceftazidima Inibidores da Síntese Proteica � Aminoglicosídeos - inibidores de 30S Possuem efeito bactericida concentração dependente e efeito pós- antimicrobiano. Abrange G e G aeróbios, além de micobactérias. A resistência não é comum durante o tratamento e pode ser administrado IV, IM, IT e por via tópica (neomicina) — a classe possui pequena absorção oral e não penetra no SNC.. A principal via de excreção é renal e os principais efeitos colaterais são a nefro e a ototoxicidade. Seus usos incluem: infecções graves por BGN aeróbios, infecções G selecionadas e infecções micobacterianas. Estreptomicina: Indicações: tratamento de enterobactérias e BGN (observar padrão de sensibilidade) e terapêutica combinada no tratamento de endocardites ou outras infecções graves por cocos G. Amicacina: Indicações: infecções graves por enterobactérias, bacilos G e terapia adjuvante (efeito sinérgico) no tratamento de endocardites por cocos G. Gentamicina: Indicações: semelhantes às da amicacina. � Macrolídeos - inibidores de 50S Claritromicina: derivado da eritromicina, com mecanismo e espectro semelhantes. Maior atividade contra estreptococos e estafilococos. Antibioticoterapia 9 Também tem atividade contra Haemophilus influenzae, Haemophilus ducreyi, Mycobacterium leprae, Mycobacterium avium-intracellulare e Toxoplasma gondii. Indicações: faringites, amigdalites, otites e sinusites purulentas. As pneumonias bacterianas típicas apresentam boa resposta. Azitromicina: melhor atividade contra bactérias G, porém menor eficácia contra cocos e bacilos G. BGN (como Klebsiella, Proteus, Citrobacter, Enterobacter, Serratia e Pseudomonas) são resistentes à azitromicina. Indicações: infecções respiratórias agudas (otites, sinusites, pneumonias), uretrites e cervicite por Chlamydia trachomatis, cancro mole e doença de Lyme. Vantagens: facilidade posológica e atenuação dos efeitos colaterais GI. Inibidores da DNA girase � Quinolonas Primeira geração: Ácido nalidíxico: bactericida contra bactérias G, sem atividade contra Pseudomonas aeruginosa. Concentração em vias urinárias elevadíssima. Indicações: infecções urinárias baixas por enterobactérias do TU. Pouco utilizada. Segunda geração: Norfloxacino: maior atividade contra BGN. Uso oral, com baixa taxa de absorção e nível sérico insuficiente para infecções sistêmicas. Excelente concentração em vias urinárias, justificando seu uso em infecções urinárias baixas. Espectro de ação: grande parte dos BGN entéricos (E. coli, Klebsiella spp, Salmonella spp, Yersinia spp, Morganella spp, Citrobacter spp, Haemophilus spp, Neisseria spp e Pseudomonas spp). Indicações: infecções urinárias baixas, profilaxia de infecções urinárias recidivantes, prostatites por E. coli e uretrite/cervicite por Neisseria gonorrheae. Antibioticoterapia 10 Ciprofloxacino: ação terapêutica sistêmica e ampliação do espectro para estafilococos. Boa distribuição, destacando-se a concentração em parênquima pulmonar, seios maxilares, amígdalas, linfonodos, pele, tecido subcutâneo, fígado, vias biliares, próstata e aparelho gênito- urinário. Indicações: infecções urinárias altas e baixas, salmoneloses (incluindo febre tifoide), shigueloses, osteomielites, infecções das vias biliares e respiratórias (Haemophilus e enterobactérias). Não apresenta atividade adequada contra estreptococos. Terceira geração: Levofloxacino: alta biodisponibilidade oral. Quinolona respiratória. Espectro de ação: G Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis), G (Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, E. coli, Salmonella spp, Shigella spp, Yersinia enterocolitica). Indicações: infecções respiratórias alta e baixa, infecções do trato urinário, gastrointestinal e das partes moles.
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