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O epítome da influência do PowerPoint talvez seja a apropriação lexical do nome comercial do software – 'Microsoft PowerPoint®' – no discurso das disciplinas. Na Linguística Aplicada, por exemplo, 'um powerpoint' é comumente usado como abreviação para os gêneros produzidos com seu auxílio (Rojo e Schneuwly, 2006). Pode ser um fenômeno comum nomear atividades facilitadas por computador para o software que as habilita (Witte, 2007). Do ponto de vista da análise de gênero, no entanto, as convenções sociais de rotulagem podem fornecer um ponto de partida perspicaz para o mapeamento e descrição de mudanças genéricas, como 21 programas mais recentemente – por exemplo Mediator® e Prezi® – o PowerPoint ganhou popularidade indiscutível após sua estreia comercial em 1987. Está sempre presente em ambientes acadêmicos (Babb e Ross, 2009; Griffin et al., 2009; Lidon e Aparicio Terrasa, 2008; Susskind, 2008; Gregory, 2007; Apperson et al., 2006; Bartsch e Cobern, 2003; Jones, 2003; Downing e Garmon, 2002; Mantei, 2000; Szabo e Hastings, 2000; Ahmed, 1998; Anderson e Sommer , 1997; Pence, 1997), incluindo apresentações orientadas por pesquisas (Savoy et al., 2009; Knoblauch, 2008; Rojo e Schneuwly, 2006; Tardy, 2005). As apresentações suportadas pelo PowerPoint tornaram-se um evento importante para criar e compartilhar conhecimento científico dentro e entre disciplinas. Por exemplo, no início dos anos 2000, mais de 95% das apresentações científicas eram assistidas por PowerPoint e 30 milhões eram produzidas diariamente (Laporte et al., 2002). Apesar do surgimento de outras apresentações semelhantes 1 O programa de computador que hoje dificilmente pode ser dissociado da Microsoft deriva de um produto chamado Presenter® – gráficos de apresentação para projeções aéreas – inventado em 1984 por Robert Gaskins e Dennis Austin como o primeiro programa de computador pessoal dirigido à criação de slides de apresentação (Gaskins, 1984; Stevenson, 2003). A mudança para “PowerPoint” ocorreu em 1987, por ocasião de sua compra pela Microsoft. Embora se dirigisse geralmente a “pessoas que fazem apresentações para outras” (idem, ibid.), era usado principalmente em apresentações de vendas para clientes e apresentações de projetos para pares ou supervisores (Gaskins, 1984; Stevenson, 2003). 1 1.1 Relevância do estudo 1 Capítulo 1: Introdução Machine Translated by Google 2 A pesquisa empírica sobre o uso do PowerPoint em ambientes acadêmicos compreende dois grupos principais. O primeiro é um número substancial de estudos de orientação cognitiva sobre os efeitos pedagógicos do uso do PowerPoint sobre as preferências dos alunos, retenção de informações e notas (por exemplo, Savoy et al., 2009; Griffin et al., 2009; Gregory, 2007; Apperson et al., 2006; Susskind, 2008), a maioria avalia palestras assistidas por slideware em comparação com aquelas auxiliadas por recursos convencionais, como transparências ou anotações no quadro-negro. argumentado por Miller (2011). Assim, além das questões técnicas, há pouca dúvida de que as formas como as pessoas planejam, constroem, encenam e interpretam apresentações acadêmicas foram influenciadas pela tecnologia de edição e gerenciamento de slides do PowerPoint (Warschauwer e Grimes, 2007; Swales, 2005[2004]; Myers, 2000). A literatura existente concentra-se nas vantagens (Byrne, 2003; Atkinson, 2009) e limitações (Creed, 1997; Tufte, 2003a; 2003b; Jones, 2003) do software para apresentações seguidas de um número expressivo de publicações prescritivas e orientadas tecnologicamente e não baseado em evidências. Como regra geral, tais publicações variam de dicas e técnicas populares (por exemplo, Costa, 2001) a comentários pessoais sobre os prós e contras do PowerPoint para apresentações (por exemplo, Anderson e Sommer, 1997; Atkins-Sayre et al., 1998; Amare, 2006; Butler e Yaffe, 2006; Burke, 2007; Slay et al., 2008). O segundo grupo envolve alguns estudos discursivos sobre a natureza e o papel do slide2 em apresentações acadêmicas (Dubois, 1980; Rowley-Jolivet, 2002; 2004), a projeção de disciplinaridade e individualidade em slides de PowerPoint (Tardy, 2005). Não necessariamente slides do PowerPoint. O artigo de Dubois (1980) foi publicado antes do lançamento do PowerPoint. Rowley-Jolivet (2002; 2004) refere-se apenas a “slides”. Como seus dados foram coletados no início da década de 1990, quando o software não era amplamente difundido fora da prática corporativa empresarial, os slides podem muito bem ter sido produzidos em transparências para retroprojetores ou slides de 35mm para projetores em carrossel. 22 No entanto, pouco se sabe sobre as formas como os recursos semióticos (ex. fala, gestos), particularmente aqueles possibilitados pela tecnologia PowerPoint (ex. verborreia, imagens, animação) são combinados e contribuem para a construção de apresentações que são valorizadas em contextos específicos. Machine Translated by Google e estudos de caso de gêneros acadêmicos assistidos por PowerPoint (Rojo e Schneuwly, 2006; Lidon e Aparicio-Terrasa, 2008). A fim de informar nossa compreensão de como os significados de pesquisa são feitos multimodalmente sob a influência da tecnologia PowerPoint, nesta tese investigo um conjunto de quatorze Apresentações de Pesquisa em PowerPoint (doravante PPRPs) no campo da Linguística Aplicada3 . Especificamente, procuro identificar em que medida e como os recursos habilitados pelo software são empregados e combinados com recursos convencionais de “conversas de pesquisa” (Swales, 2005[2004]) para alcançar a coesão nos PPRPs. Desta forma, espera-se que o estudo amplie o conhecimento existente no campo da alfabetização acadêmica e desenvolva novas ferramentas para a análise de gêneros multimodais. 23 1.2 Objetivo, contribuições e questões de pesquisa Ao selecionar este contexto disciplinar particular, pretendo trazer a minha própria prática e a da minha comunidade disciplinar para um maior nível de consciência e contribuir para o ensino de gêneros para fins acadêmicos (ver Chouliaraki e Fairclough, 1999, 22-24, para o aspecto reflexivo das práticas sociais). “os relatos tradicionais de gênero teriam pouco a dizer sobre se seus objetos de interesse estão sendo publicados em livros ou em encadernadores de folhas soltas ou como pôsteres (...) (…) Diferentes artefatos oferecem diferentes affordances para interagir com eles e essas affordances podem impactar as formas verbais e visuais sensatamente empregadas em qualquer gênero associado” (Bateman, 2008a, p. 11). A Linguística Aplicada é definida, segundo Moita-Lopes (2006) e colaboradores, como uma área de pesquisa transdisciplinar interessada em compreender questões relacionadas à linguagem em contextos aplicados. 3 Machine Translated by Google 24 2. Como os linguistas aplicados estabelecem a coesão entre os slides e a performance? Em que medida os significados construídos na performance pressupõem significados dos slides? Em que medida e comoo olhar do público se orienta para tais relações? (coesão entre slideshows e performance) Embora Bateman se concentre em documentos impressos, suas observações são perspicazes para o presente estudo. Em primeiro lugar, apontam para a necessidade de considerar os significados construídos nos slides do PowerPoint como um artefato. Em segundo lugar, considerando que diferentes artefatos possuem diferentes potenciais de significação, é importante compreender a dupla constituição dos PPRPs em componentes artefactualmente separados, ou seja, os slides e a performance. Com base nos insights anteriores, a pesquisa relatada em 3. Qual é o significado da tecnologia PowerPoint sobre as questões acima mencionadas? Como o trabalho semiótico é distribuído entre recursos e modos – em outras palavras, qual é sua “especialização funcional” (Halliday, 2009d[1975];Lemke, 1998; Kress, 2003) – em PPRPs? 4. Quais são as exigências impostas aos apresentadores e audiências em termos de literacias genéricas, disciplinares, de software e multimodais? Que implicações podemos extrair para informar as pedagogias acadêmicas de “multiletramentos” (New London Group, 1996; Cope e Kalantzis, 2000)? esta tese é guiada pelas seguintes questões de enquadramento: Sobre a noção de olhar, um esclarecimento deve ser feito. Olhar aqui vai além da mera direção para a qual o público está olhando, mas refere-se a como os significados são empacotados 1. Como os linguistas aplicados distribuem as informações na apresentação de slides e em que medida orientam o olhar de seu público quanto ao método de desenvolvimento adotado? (coesão na apresentação de slides) Machine Translated by Google perspectiva (Halliday, 2009b[1979]; 2009c; Halliday e Matthiessen, 1999; 2004; Martin, 1992) à análise multimodal do discurso (MDA). 'Funcional' porque a análise se preocupa com como as pessoas usam recursos semióticos e como os recursos semióticos variam de acordo com seu uso no contexto (cf. função na linguagem em Halliday, 2009b[1979]) e 'sistêmico' porque tenta descrever “o escolhas que estão disponíveis, a interconexão entre essas escolhas e as condições que afetam seu acesso” (Halliday, 2009d[1978], p. 262). Martin 1992), ou seja, sobre as relações de sentido acima do estrato lexicogramatical que dotam um texto de sua textura. Uma abordagem semântica do discurso (Martin, 1992) para textos vai “além dos recursos estruturais da gramática e considera relações discursivas que transcendem a estrutura gramatical” Um segundo esclarecimento deve ser feito em relação à natureza das questões de enquadramento. As questões 1 e 2 são as principais questões analíticas e cada uma será abordada em um capítulo específico: coesão nas apresentações de slides no Capítulo 4 e coesão entre a apresentação de slides e a performance no Capítulo 5. (Martin 2009b, p. 154-5). Tal abordagem foi considerada adequada para descrever a coesão entre unidades multimodais com limites menos convencionalmente reconhecidos, como os dos PPRPs. As questões 3 e 4 concentram-se nas implicações da pesquisa e, portanto, serão abordadas ao longo dos Capítulos 4 e 5, sempre que aplicável. em blocos relativamente palatáveis e até que ponto os apresentadores usam sinais para criar e cumprir expectativas em seu público em relação ao conteúdo e organização da apresentação (ver significados baseados em texto, Halliday e Matthiessen, 1999). 25 O estudo é orientado por um estudo funcional sistêmico (SF) O foco está na coesão (Halliday e Hasan, 1976; Portanto, olhar se refere à interpretação que os apresentadores fazem da atenção de seu público, não ao comportamento do público ou à percepção dos PPRPs (mais no Capítulo 4). Machine Translated by Google 4 A outra ferramenta principal de FC adaptada nesta tese é o sistema de táxis (Halliday e Matthiessen, 2004; Halliday, 2009c) que descreve o status de relativa interdependência entre duas orações em um complexo de orações. O potencial das unidades para formar complexos que se relacionam por interdependência é recontextualizado da gramática da oração ao discurso de um gênero multimodal para dar conta da interdependência semântica entre um slide e um trecho de performance. O novo sistema é apresentado e discutido no Capítulo 5, que se concentra na coesão entre apresentações de slides e desempenho. A análise do fluxo discursivo nas apresentações de slides é desenvolvida no Capítulo 4. Nele, descrevo um conjunto de recursos do PowerPoint que, conforme afirmo, influenciam a distribuição de informações e a sinalização de fases nas apresentações de slides de pesquisa. Dos significados potenciais obtidos na análise do software, passo para os significados instanciados, descrevendo se e como os apresentadores empregam o método de desenvolvimento preferido do software ou 'personalizam' (Microsoft) suas apresentações de slides para atender às necessidades disciplinares e genéricas. Portanto, no Capítulo 4, concentro-me na coesão nas apresentações de slides. Como indicado acima, em cada um dos planos coesivos, tento identificar os recursos de software que desempenham um papel na construção de laços coesivos e avaliar tanto sua “especialização funcional” (cf. Halliday, 2009e[1975]; Kress, 2008[2003] ]; Jewitt e Kress, 2008[2003]) e as demandas de alfabetização que impõem aos apresentadores de pesquisas e ao público. Para resolver esses problemas, utilizo duas ferramentas principais do MDA. Uma ferramenta é a estratificação social na produção de textos multimodais (Kress e van Leeuwen, 2001), segundo a qual “o sentido não é feito uma vez” (Id., p. 4), mas articulado em estratos. Cada estrato tem o potencial de agregar significados, principalmente em processos multifacetados de produção textual e http://office.microsoft.com/en-us/powerpoint-help/create-and-customize- a-slide master-HA010078011.aspx 26 Duas principais ferramentas de FC são adotadas e adaptadas ao MDA nesta tese: o sistema de periodicidade (Martin e Rose, 2007[2003]), que estende a análise de temas para níveis além da oração. 4 1.3 Visão geral da tese e outras contribuições Machine Translated by Google distribuição como em PPRPs (por exemplo, o design de slides e a distribuição de slides são estratos separados) (mais no Capítulo 2). A outra ferramenta de MDA adotada aqui foi desenvolvida por Djonov e van Leeuwen (2012) especificamente para descrever como o potencial de construção de significado do PowerPoint e as normas incorporadas no software tentam regular a implementação desse potencial por usuários em diferentes contextos. Com base na noção de marcação na linguagem, propõem que as funções do PowerPoint podem ser (des)marcadas dependendo: 1) do quão acessíveis tais funções são para os usuários através da interface do software (marcação sintagmática); e 2) se uma opção No Capítulo 2, reviso a base teórica geral que orienta esta investigação e descrevo brevemente as ferramentas analíticas existentes.A revisão das ferramentas é breve, pois elas serão elaboradas e adaptadas na análise (Capítulos 4 e 5). distingue-se de outro pela posse de uma propriedade adicional (por exemplo, um slide com fundo colorido não está marcado em relação está marcado em relação a um com layout em branco) (marcação paradigmática) (mais no Capítulo 2). No Capítulo 3, os Métodos, apresento um relato detalhado do meu objeto de estudo. Mais especificamente explico como cheguei ao rótulo PPRPs e o que isso implica em termos de gênero. Faço-o baseando-me principalmente em taxonomias desenvolvidas em ESP Genre Analysis (eg Shalom, 1993; Swales, 2005[2004]), uma vez que esta abordagem teórica tem uma tradição reconhecida no mapeamento do repertório de práticas comunicativas no contexto acadêmico. Após a descrição do corpus e delimitação dos dados, 27 Ao indicar algumas das maneiras pelas quais o software influencia a semiotização de uma prática discursiva, pretendo ir além do prescritivo (por exemplo, Costa, 2001; Cyphert, 2004; DuFrene e Lehman, 2004; Grant, 2010), bem como tecnicamente focado ( por exemplo, Downing e Garmon, 2002; Jones, 2003) descrições de apresentações em PowerPoint. Esperançosamente, esta análise SF-MDA de PPRPs será um passo para o “desenvolvimento de um programa de pesquisa para avançar nossa compreensão do PowerPoint como um sistema de inscrição” (Stoner, 2007, p. 354) que afeta avaliações de competência acadêmica ( Djonov e van Leeuwen, 2012). Machine Translated by Google relatar o processo de coleta de dados e explicar como foi realizada a análise dos dados. 28 Machine Translated by Google
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