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OPERAÇÕES UNITÁRIAS I Cap. 11 Filtração Profs. Tania Klein e Ricardo A. Medronho medronho@eq.ufrj.br 11.1. Introdução Filtração é a operação unitária de separação de partículas sólidas de um fluido (líquido ou gás) com o auxílio de uma barreira porosa, conhecida como meio filtrante. Neste capítulo trataremos apenas da filtração de suspensões sólido- líquido e estas podem ser de dois tipos: em profundidade (a) ou em superfície (b). 11. Filtração Alimentação Água em contracorrente para limpeza (fluidização) Brita Água filtrada Brita Filtração em Profundidade Em filtrações em profundidade, a colmatação (entupimento progressivo) do meio filtrante é desejável, pois indica que o filtro está funcionando. A filtração em profundidade nada mais é do que o escoamento em um meio poroso com porosidade e permeabilidade decrescentes com o tempo de filtração. Neste capítulo, trataremos apenas da filtração em superfície. Em filtrações em superfície, a colmatação tanto da torta quanto do meio filtrante não é desejável. Entretanto, alguns sólidos tendem a colmatar a própria torta ou o meio filtrante, como, por exemplo, células em geral e alguns produtos alimentícios com tendência a inchar na presença de água. Nestes casos, acrescenta-se à suspensão partículas que facilitam a filtração, são os chamados auxiliares de filtração Filtração em Profundidade Auxiliares de Filtração Terra Diatomácea, diatomita, Kieselguhr ou terra infusória: Esqueletos de diátomos, que são algas unicelulares, cujo esqueleto é constituído por ~90% de sílica Este é o auxiliar de filtração mais empregado industrialmente (uso > 90%). Por exemplo, na indústria de alimentos e de bioprocessos, ele é empregado na filtração de sucos, cervejas e vinhos. Auxiliares de Filtração Terra Diatomácea, diatomita, Kieselguhr ou terra infusória Torta de terra diatomácea: Auxiliares de Filtração Terra Diatomácea, diatomita, Kieselguhr ou terra infusória Separação de esferas de látex com auxílio de terra diatomácea Auxiliares de Filtração Perlita: Rocha perlítica expandida (~2/3 de Al2O3 e 1/3 de SiO2) Auxiliares de Filtração Celulose Filtração com Pré-Capa e “Body Feed” Pré-CapaBody Feed Meio Filtrante Torta Se só a torta colmata ⇒ usar o auxiliar de filtração como body feed Se só o meio filtrante colmata ⇒ usar o auxiliar de filtração como pré-capa Se os dois colmatam ⇒ usar body feed e pré-capa - Partículas brancas: auxiliar de filtração - Partículas negras: partículas a serem filtradas 11.2. Filtração com Formação de Torta Compressível – Deformação Plana A filtração em superfície com formação de torta compressível é um problema muito complexo pois envolve escoamento transiente e de contorno móvel em um meio poroso (torta) anisotrópico. Usaremos, então algumas simplificações à teoria da filtração. TEORIA SIMPLIFICADA DA FILTRAÇÃO Hipóteses: – Escoamento darcyano, 1-D, de fluido newtoniano incompressível; – A velocidade q do fluido independe da posição na torta; – São desprezíveis os termos de aceleração, campo e 𝑑𝑖𝑣 𝜏 e – As propriedades da torta dependem da pressão nos sólidos: 𝜀 = 𝜀 𝑃𝑠 𝑒 𝑘 = 𝑘 𝑃𝑠 Onde 𝑃𝑠 = 𝑃 𝑙, 𝑡 − 𝑃 𝑥, 𝑡 = 𝑃𝑙 − 𝑃 = pressão nos sólidos e Pl e P são a pressão na cabeça da torta e em um ponto qualquer da torta, respectivamente. 11. Filtração Queda de pressão na torta (DPc) Equação do movimento do fluido na torta: 𝜌 𝜀 𝜕 𝜕𝑡 Ԧ𝑞 𝜀 + 𝑔𝑟𝑎𝑑 Ԧ𝑞 𝜀 Ԧ𝑞 = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑃 + 𝑑𝑖𝑣 ԦԦ𝜏 − 𝑀 + 𝜌 Ԧ𝑔 0 = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑃 −𝑀 Porém: 𝑀 = 𝜇 𝑘 Ԧ𝑞 ∴ 𝑀 = − 𝜇 𝑘 𝑞 (escoamento Darcyano) 11. Filtração DPc DPm m Meio filtrante torta P1 P0 P Logo: d𝑃 d𝑥 = 𝜇 𝑘 𝑞 −d 𝑃 − 𝑃 = 𝜇 𝑘 𝑞 d𝑥 Porém, em dx tenho: d𝑚 = 𝜌𝑠 1 − 𝜀 𝐴d𝑥 Trocando dx por dm : −d 𝑃 − 𝑃 = 1 𝑘𝜌𝑠 1−𝜀 𝜇𝑞 𝐴 d𝑚 = 𝛼 𝜇𝑞 𝐴 d𝑚 Onde: α = 1 𝑘𝜌𝑠 1−𝜀 = resistividade local da torta Integrando de x = o até x = : −න 𝑃−𝑃0 𝑃−𝑃 d 𝑃 − 𝑃 𝛼 = 𝜇𝑞 𝐴 න 0 𝑚 d𝑚 ∴ 𝑃 − 𝑃0 𝛼 = 𝜇𝑞 𝐴 𝑚 Δ𝑃𝑐 = 𝛼 𝜇𝑞 𝐴 𝑚 Onde: 𝛼 = 𝑃−𝑃0 0 𝑃−𝑃0 d 𝑃−𝑃 𝛼 = resistividade média da torta m = massa de sólidos na torta 11. Filtração DPcDPm m Meio filtrante torta P1 P0 P Como P = cte. No item 1.3 do curso vimos 3 medidas de concentração de suspensões (Cv, Cw e Cw/v). Neste capítulo usaremos uma definição diferente para a concentração de sólidos em suspensão (C): 𝐶 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ∴ 𝐶 = 𝑚 𝜌𝑉+𝜌 𝜀 𝑉𝑡 Assumindo que: 𝑉 ⋙ 𝜀 𝑉𝑡 ⇒ 𝐶 ≅ 𝑚 𝜌𝑉 ⇒ 𝑚 ≅ 𝜌𝐶𝑉 Δ𝑃𝑐 = 𝛼 𝜇𝑞 𝐴 𝑚 ∴ Δ𝑃𝑐 = 𝛼 𝜇𝑞 𝐴 𝜌𝐶𝑉 Queda de pressão no meio filtrante (DPm): d𝑃 d𝑥 = 𝜇 𝑘𝑚 𝑞 ∴ න 𝑃0 𝑃1 d𝑃 = 𝜇 𝑘𝑚 𝑞 න 0 −𝑚 d𝑥 𝑃0 − 𝑃1 = 𝜇𝑞 𝑘𝑚 𝑚 ∴ Δ𝑃𝑚 = 𝑅𝑚𝜇𝑞 Onde: 𝑅𝑚 = 𝑚 𝑘𝑚 = resistência do meio poroso 11. Filtração DPcDPm m Meio filtrante torta P1 P0 P Queda de pressão total no filtro (DP): Δ𝑃 = Δ𝑃𝑐 + Δ𝑃𝑚 ∴ Δ𝑃 = 𝛼 𝜇𝑞 𝐴 𝜌𝐶𝑉 + 𝑅𝑚𝜇𝑞 Δ𝑃 = 𝜇𝑞 𝛼 𝜌𝐶𝑉 𝐴 + 𝑅𝑚 Porém: 𝑞 = 𝑄 𝐴 ⇒ 𝑞 = 1 𝐴 d𝑉 d𝑡 Δ𝑃 = 𝜇 𝐴 d𝑉 d𝑡 𝛼 𝜌𝐶𝑉 𝐴 + 𝑅𝑚 d𝑡 d𝑉 = 𝜇 𝐴Δ𝑃 𝛼 𝜌𝐶𝑉 𝐴 + 𝑅𝑚 𝛼 e 𝑅𝑚 são obtidos experimentalmente através de uma filtração em laboratório com um filtro piloto. 11. Filtração DPcDPm m Meio filtrante torta P1 P0 P Equação de trabalho da Filtração 11.3. Determinação Experimental de 𝛂 e Rm Vamos analisar a filtração a DP constante. Equação de trabalho da filtração: dt dV = μ AΔP α ρCV A + Rm ∴ න 0 𝑡 d𝑡 = μ AΔP α ρC A න 0 𝑉 𝑉 d𝑉 + μ𝑅𝑚 AΔP න 0 𝑉 d𝑉 t V = μ AΔP α ρC 2A V + Rm Para calcularmos α e Rm, mede-se experimentalmente a evolução de V com t: t V t/V --- --- --- --- --- --- --- --- --- 11. Filtração Para filtração a DP constante Determinação Experimental de <> e Rm 𝑡 𝑉 = 𝜇 𝛼 𝜌𝐶 2𝐴2Δ𝑃 𝑉 + 𝜇𝑅𝑚 𝐴Δ𝑃V t V QUADRO CHEIO V t V aPD bPD cPD ( )nPD= 0 PD log x log Fitração em tortas compressíveis a diferentes DP’s Relação entre <> e DP: DPa < DPb < DPc Tortas incompressíveis: n = 0 Tortas industriais: 0,2 < n < 0,8 𝛼 ≡ 𝐿 𝑀−1 (cm/g ou m/kg) 𝑅𝑚 ≡ 𝐿 −1 (cm-1 ou m-1) A ordem de grandeza de <>, em cm/g e Rm em cm-1 é 109 𝜇𝑅𝑚 𝐴Δ𝑃 𝜇 𝛼 𝜌𝐶 2𝐴2Δ𝑃
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