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1 AVALIAÇAO PLANOS PROGRAMAS E PROJETOS EM SAÚDE PÚBLICA 1 Sumário AVALIAÇÃO DE PLANOS,PROGRAMAS E PROJETOS EM SAÚDE PÚBLICA ................................................................. Erro! Indicador não definido. AVALIAÇÃO: IMPORTÂNCIA E CONSTRUÇÃO ............................................ 3 AVALIAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA ................................................................ 6 AVALIAÇAO DAS POLÍTICAS PUBLICAS ...................................................... 8 AVALIAÇAO NA FORMULAÇAO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS ............. 11 DESAFIOS .................................................................................................... 13 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 15 file:///D:/apostila%201%20FACULMINAS%202.docx%23_Toc24011124 file:///D:/apostila%201%20FACULMINAS%202.docx%23_Toc24011124 2 NOSSA HISTÓRIA A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 AVALIAÇÃO: IMPORTÂNCIA E CONSTRUÇÃO Começamos com uma pequena reflexão sobre avaliação de Políticas de Saúde em nossa atual conjuntura, buscamos o melhor em conceito para uma boa apresentação e melhor entendimento. Nosso principal eixo de construção e argumentação será o de apresentar alguns aspectos teóricos e metodológicos do campo da avaliação, e, mais especificamente, das políticas e programas de saúde, para situar de onde estamos falando. Conceituando a importância nesta discussão, a avaliação valoriza o debate e a participação dos diferentes atores nos processos avaliativos. consideramos a construção da avaliação como algo dinâmico, que extrapola o âmbito governamental e as regras formais e que se consolida em ações e práticas no âmbito da organização dos serviços de saúde. A avaliação está presente em vários contesto, seja pessoal ou institucionais, estamos ligados ao processo avaliativo e não damos conta disso. A realidade que lidamos com processos que visam resultados, que devem alcançar objetivos e controle de conhecimentos e outros. E, em razão deles, nos organizamos socialmente, o que se constituiu na trajetória histórica da humanidade. Reconhecer este aspecto é um primeiro passo na construção de uma avaliação que considere os sujeitos que participam dos processos. Sua trajetória moderna da avaliação sistemática das intervenções sociais começa no século XVIII, na Grã-Bretanha e na França com as novas correntes ideológicas e filosóficas que serviram de arrimo ao pensamento científico moderno acarretando assim a multiplicação e o refinamento dos métodos de pesquisa social e a implementação de transformações sociais, políticas, econômicas e culturais Contextualizando a avaliação emerge como um mecanismo que visava acompanhar as políticas públicas implementadas e equacionar os problemas sociais existentes (Worthen, Sanders e Fritzpatrick, 2004; Figueiró, Frias e Navarro, 2010). Sendo assim, a avaliação consolidou-se como uma prática de intervenção política do Estado, nos sistemas, serviços, programas e projetos político-sociais, e definiu-se também como um campo de conhecimento, com a busca de aportes científicos que 4 lhe dessem sustentação e credibilidade. E, nos últimos tempos, o campo se expandiu e passou por muitas transformações, incorporando influências dos distintos campos do saber, como as ciências sociais, a economia, a pesquisa clínica e epidemiológica e o direito. Com isso, se configurou em seu âmbito um conjunto diverso de tendências e abordagens norteadoras. A história moderna da avaliação sistemática das intervenções sociais começa no século XVIII, na Grã-Bretanha e na França com as novas correntes ideológicas e filosóficas que serviram de arrimo ao pensamento científico moderno acarretando assim a multiplicação e o refinamento dos métodos de pesquisa social e a implementação de transformações sociais, políticas, econômicas e culturais (Dubois, Champagne e Bilodeau, 2011). No entanto, a avaliação se instituiu como uma prática e estratégia de governos no período após a Grande Depressão nos Estados Unidos até a Segunda Grande Guerra Mundial. Nesse contexto a avaliação emerge como um mecanismo que visava acompanhar as políticas públicas implementadas e equacionar os problemas sociais existentes (Worthen, Sanders e Fritzpatrick, 2004; Figueiró, Frias e Navarro, 2010). Assim, a avaliação consolidou-se como uma prática de intervenção política do Estado, nos sistemas, serviços, programas e projetos político-sociais, e definiu-se também como um campo de conhecimento, com a busca de aportes científicos que lhe dessem sustentação e credibilidade. E, nos últimos tempos, o campo se expandiu e passou por muitas transformações, incorporando influências dos distintos campos do saber, como as ciências sociais, a economia, a pesquisa clínica e epidemiológica e o direito. Com isso, se configurou em seu âmbito um conjunto diverso de tendências e abordagens norteadoras. Em qualquer estudo de avaliação haverá a necessidade de explicitação clara dos critérios e parâmetros utilizados para a emissão do julgamento ao considerarem que a avaliação corresponde “à identificação, esclarecimento e aplicação de critérios defensáveis para determinar o valor ou mérito, a qualidade, a utilidade, a eficácia ou a importância do objeto a ser avaliado em relação a esses critérios”. 5 E o que varia entre as gerações é a posição do avaliador diante da avaliação, o uso preferencial da avaliação, o modo de entender e produzir os parâmetros e critérios e o envolvimento ou não de atores na construção de processos avaliativo. Dependendo das escolhas vemos prevalecer a posição do avaliador como juiz, a afirmação de critérios universais de julgamento, reforçando uma visão de ciência como a busca da realidade e verdade absoluta, não possibilitando o reconhecimento da diferença e a perspectiva dos atores envolvidos. Por outro lado, verificamos abordagens construtivistas (Almeida, 2006) onde há uma preocupação de incorporação dos atores interessados na definição dos parâmetros e uma abertura maior para outras perspectivas e visões sobre a realidade possibilitando quebrar com a ideia de uma verdade absoluta e um padrão único e universal de avaliação. A avaliação em saúde no Brasil, constituiu-se como objeto de interesse em vários momentos históricos, seja no interior da Saúde Pública institucionalizada, seja nos momentos que antecederam imediatamente a implementação do controle. O estímulo à utilização de práticas avaliativas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a partir da declaração de Alma-Ata encontrou eco tardiamente no país devido a dois fatores interdependentes: sendo assim, ascaracterísticas do Estado autoritário, vigente no início dos anos 1980, avesso a submeter suas incipientes políticas sociais à avaliação ou a qualquer outro tipo de análise , e, por outro lado, a sociedade brasileira estava longe de reivindicar responsabilidade e transparência nas políticas públicas de seus programas e serviços. Na contracorrente, no final dos anos 1980 e início dos 1990, contribuíram, para o ingresso da temática da avaliação na agenda sanitária brasileira, as políticas de valorização do planejamento em saúde e as políticas voltadas para a unificação e descentralização do sistema de saúde, como as Ações Integradas de Saúde (AIS) e os Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS) Essa contínua expansão e relativa autonomização do espaço da avaliação em saúde faz emergir questões sobre a sua constituição no interior do setor saúde no Brasil. Afinal, como e por que determinados agentes e instituições intervieram nesse processo? Como e por que foi estruturado o espaço da avaliação em saúde no Brasil, configurando o perfil atual. 6 AVALIAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA A avaliação em saúde tem se expandido de maneira progressiva ao longo das últimas décadas, tanto como disciplina teórico-metodológica, quanto como um campo de práticas, racionalmente orientadas, de sujeitos interessados em transformar uma dada situação em saúde na direção de outra mais desejável, considerando um conjunto de princípios e valores ético-políticos. A literatura que aborda o desenvolvimento das políticas públicas tem, cada vez mais, afastando-se de modelos analíticos que pressupõem a avaliação como uma etapa de um processo linear, no qual tem a responsabilidade de indicar, ao final da implementação de uma dada política, o sucesso ou fracasso, seja do seu todo ou de partes que a compõe. Ou seja, cada vez torna mais patente que o emprego da avaliação deve ocorrer desde a montagem da agenda (entrada de problemas no rol de preocupação de governos), passando pelo processo de formulação das alternativas viáveis que podem contribuir para a resolução dos problemas identificados, pelo processo de tomada de decisão das alternativas apresentadas e pela implementação das políticas eleitas pelos agentes públicos. Em cada uma dessas etapas, conteúdos produzidos por avaliações devem ser mobilizados para subsidiar melhores escolhas por parte dos atores envolvidos, seja qual for o momento em que se encontra o desenvolvimento da política pública3. Para Patton, a avaliação possui três objetivos primários, quais sejam: (a) julgar os resultados produzidos por uma ação, programa ou política; (b) contribuir para o seu desenvolvimento; (c) apoiar a construção de conhecimento a respeito do fenômeno avaliado. Portanto, para além desses objetivos, é importante destacar o caráter político- simbólico das iniciativas avaliativas. Para o autor, as avaliações, além de suportar as ações de planejamento e identificação de problemas que precisam ser enfrentados pelos agentes públicos, possuem um forte caráter político. 7 Elas preenchem importantes lacunas de informação a respeito dos resultados alcançados pela ação do poder público, sobre a alocação (ou realocação) dos recursos oriundos dos tributos e conferem legitimidade a ação política e burocrática. Ou seja, o uso instrumental na qual as avaliações tradicionalmente são mobilizadas, é importante destacar seu elemento democratizado, na medida em que se apresenta como importante dispositivo de amplificação da responsividade do Estado ante as demandas da sociedade. A análise da produção de conhecimento em Planejamento e Gestão na saúde e suas relações com as políticas deste mesmo setor no Brasil, no período de 1974 a 2000, demonstra o surgimento da temática do Planejamento como objeto de investigação no período compreendido entre 1980-1986 e, por sua vez, a avaliação de processos emergiu entre 1990-2000 1. Para os autores, a “...avaliação ainda não se destacaria como um momento específico, começando a apresentar sinais nas duas últimas fases. A fase de avaliação corresponde a um momento da política que se dedica aos resultados obtidos pela política implementada em contraposição às propostas...” 10 (p. 29). Avaliar eficiência, eficácia e efetividade das estruturas, processos e resultados relacionados ao risco, a vulnerabilidades, ao acesso e à satisfação dos cidadãos torna-se ferramenta central na apropriação do planejamento para o aperfeiçoamento do Sistema. O PNASS originou-se do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares (Pnash), desenvolvido a partir de 1998. Em 2004, o Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas – DRAC/ SAS/MS, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS), ampliou o escopo do Pnash, possibilitando a avaliação da totalidade dos 23 estabelecimentos de atenção especializada e dando origem ao PNASS (BRASIL, 2015a). De maneira geral, o PNASS visa avaliar todos os estabelecimentos de atenção especializada em saúde, ambulatoriais e hospitalares, contemplados com aporte financeiro proveniente de programas, 8 políticas e incentivos do Ministério da Saúde. As seguintes dimensões são avaliadas (BRASIL, 2015b): Estrutura. Processo. Resultado. Produção do cuidado. Gerenciamento de risco. Satisfação dos usuários em relação ao atendimento recebido A importância das questões políticas, éticas e epistemológicas envolvendo Avaliação e Planejamento é relevante , mas vem sendo abordada de maneira circunscrita ao interior de cada uma delas, tanto no Planejamento quanto na Avaliação, carecendo de análises que considerem justamente as interações entre ambas. Nesse sentido, constitui objeto do presente estudo analisar as implicações da significativa ampliação do interesse pela temática da Avaliação em Saúde nos últimos anos - evidenciado pelo maior volume de publicações indexadas da mesma - sobre o Planejamento em Saúde. Constitui nosso pressuposto que a expansão da Avaliação se faz em detrimento do Planejamento, em contexto de disputa pela capacidade em influenciar a gestão pública no setor Saúde. AVALIAÇAO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS A avaliação de políticas públicas é observada com maior profundidade, atravessando diversas definições conferidas pela literatura. Destaca-se a identificação de três fases da avaliação desde a década de 1960 até os dias atuais. A posição do avaliador, os critérios e estruturação, possibilidade de aplicação de reavaliações, assim como o surgimento de novos problemas que se impõem ao contexto democrático-participativo brasileiro. Segundo Faria (2003), em seus primórdios, as políticas públicas eram consideradas quase exclusivamente outputs do sistema político, o que o Termo cunhado por Jobert e Muller, 1987. avaliação de políticas públicas 531 rap – Rio de Janeiro 42(3):529-50, maio/jun. 2008 justificava considerando a atenção dos 9 investigadores ter se concentrado inicialmente nos inputs, isto é, nas demandas e articulações de interesse. Dessa forma, antes que a análise de políticas públicas fosse reconhecida como uma pequena área da política, os estudos recaíam nos processos de formação de políticas públicas, “o que parece refletir o status privilegiado que os processos decisórios sempre desfrutaram junto aos profissionais da área” (Faria, 2003:21) Neste contexto o melhor que possa entender a análise das políticas, Frey (2000) apresenta algumas categorias que têm conseguido relevância na literatura, com ênfase em policy cycle (ciclo político). O agir público pode ser dividido em fases parciais do processo político administrativo de resolução de problemas, que correspondem a uma sequência de elementos do processo. Comum a todas as propostas de divisõesdo ciclo político, são as fases da formulação, da implementação e do controle dos impactos das políticas (Frey, 2000). Na última fase do ciclo político, a avaliação de políticas e da correção de ação (Evolution), onde admiram os programas já implementados no que diz respeito aos seus impactos efetivos. Investigam-se os déficits de impacto e os efeitos colaterais indesejados para poder extrair consequências para ações e programas futuros. Nessa etapa, caso os objetivos do programa tenham sido atendidos, o ciclo político pode ser suspenso ou terminar, senão à iniciação de um novo ciclo, isto é, a uma nova fase de percepção e definição de problemas. “Com isso, a fase da avaliação é imprescindível para o desenvolvimento e a adaptação contínua das formas e instrumentos de ação pública” (Frey, 2000:229). Segundo Melo (1999), Arretche (2003) confirma que a área de políticas públicas no Brasil se caracteriza por uma baixa capacidade de acumulação de conhecimento, em função da proliferação horizontal de estudos de caso e da ausência de pesquisa. Souza (2003) diz que esse é o primeiro problema a ser superado pela área. 10 A solução, felizmente, tem avançado com a criação de fóruns específicos sobre políticas públicas em espaços acadêmicos, e com o advento da informatização de periódicos nacionais e internacionais. “Esses fóruns e instrumentos permitem-nos conhecer melhor e mais rapidamente a produção de nossos pares, embora não exista um periódico específico que abrigue exclusivamente a produção da área” (Souza, 2003:16). O Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da OCDE assinala que o propósito da avaliação é determinar a pertinência e alcance dos objetivos, a eficiência, efetividade, impacto e sustentabilidade do desenvolvimento. A avaliação deve proporcionar informação que seja crível e útil para permitir a incorporação da experiência adquirida no processo de tomada de decisão. A avaliação deve ser vista como um mecanismo de melhoria no processo de tomada de decisão, a fim de garantir melhores informações, sobre as quais eles possam fundamentar suas decisões e melhor prestar contas sobre as políticas públicas (Ala-Harja e Helgason, 2000). A avaliações podem ser um “problema” para os governantes, executores e gerentes de projetos porque os resultados podem causar constrangimentos públicos. As informações e resultados das avaliações podem ser usados pelo público e pela imprensa para criticar os governos, da mesma forma que, em caso de “boas notícias”, os governos podem usá-las para legitimar as próprias políticas, como ganho político etc. Como já descrito, a avaliação tem um papel de destaque nas reformas do setor público, assim como tem estado cada vez mais presente nos processos de análise das políticas públicas. Cabe destacar, contudo, que tal como no caso do movimento da nova administração pública, as avaliações de políticas passam atualmente por uma fase de críticas ao “gerencialismo” de suas concepções. Wiesner Duran (citado por Mokate, 2002:90) chama a avaliação de “proxy do mercado na administração pública”. Tal como apontado por Misoczky (2004), Faria (2005) reconhece a “hegemonia inconteste da perspectiva ‘gerencialista” nas discussões sobre políticas públicas (no geral) e avaliação de políticas (em específico). De acordo com o autor, a nova ênfase dada à avaliação de políticas públicas passa 11 quase que despercebida (pelo menos sem interesse acadêmico equivalente) pelas áreas de sociologia e ciência política, no sentido de se abrirem novos campos de pesquisa. Por outro lado, no campo da administração pública o tema é frequente e pode ser consultado, por exemplo, em periódicos nacionais como a Revista do Serviço Público e Revista de Administração Pública. Apesar disso, a escassez de estudos “pós-decisão” (Faria, 2003, 2005) pode ser explicada tanto pela frágil institucionalização da área no Brasil ,o que faz com que a análise de políticas públicas continue imersa nas questões analíticas tradicionalmente valorizadas pela ciência política, quanto pela “debilidade do campo de estudos da administração pública no país” (Faria, 2003:22). AVALIAÇAO NA FORMULAÇAO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS O principal eixo na construção e o ponto de vista será o de apresentar alguns aspectos teóricos e metodológicos do campo da avaliação em saúde, e, mais especificamente, das políticas e programas de saúde, contextualizando o ponto de partida em destaque e levantar questões a fim de trazer contribuições para o debate. A visão internacional, desde o período do pós segunda guerra mundial, a avaliação, enquanto um processo social formal e sistemático, configurou-se como um esforço de legitimação e institucionalização de uma prática consistente de julgamento do sucesso das políticas públicas implementadas para enfrentar os problemas sociais existentes, ou seja, no que se referia a prestação de contas (Worthen et al, 2004). Nessa conjuntura as pesquisas em políticas públicas se tornaram parte do interesse das atividades científicas, principalmente por serem direcionadas na regulação e no controle dos investimentos por parte do Estado. No Brasil é muito recente a definição de diretrizes que orientem a política de avaliação, o que reforça abordagens fragmentárias e conservadoras, como a quase completa dissociação dos processos avaliativos do sistema nacional de auditoria, tendência inversa à dos países desenvolvidos (Santos e Natal, 2005). Na perspectiva 12 dos programas de saúde, embora se observem algumas iniciativas de setores ou unidades de monitoramento e avaliação, espaços “estruturais” a serem privilegiados na institucionalização da avaliação, nota-se uma incapacidade organizacional e funcional que operam. Neste contexto, vimos que a década de 1990 testemunhou, nas democracias ocidentais de um modo geral, e na América Latina, em particular, “a busca de fortalecimento da ‟função avaliação “na gestão governamental” (Faria, 2005:97). Para Arretche (1998), a avaliação envolve necessariamente um julgamento, uma atribuição de um valor, uma medida de aprovação ou desaprovação a uma política ou programa público ou particular, e uma análise desta a partir de certa concepção de justiça (explícita ou implícita). Sendo assim, de acordo a autora, não existe possibilidade de que qualquer modalidade de avaliação ou análise de políticas públicas seja apenas instrumental, técnica ou neutra, pelo forte componente intrínseco a processos que envolve diferentes atores e interesses. Arretche (1998) ... “aponta que a avaliação envolve necessariamente um julgamento, uma atribuição de um valor, uma medida de aprovação ou desaprovação a uma política ou programa público ou particular, e uma análise desta a partir de certa concepção de justiça - explícita ou implícita.” Segundo a autora não existe possibilidade de que qualquer modalidade de avaliação ou análise de políticas públicas seja apenas instrumental, técnica ou neutra, pelo forte componente inerente a processos que envolve diferentes atores e interesses. O movimento de institucionalização do Monitoramento e Avaliação (M&A) como atividade governamental em prol da gestão pública, mais estritamente no setor saúde, teve forte influência de agências internacionais que vinculavam o apoio técnico financeiro de projetos a mecanismos de acompanhamento dos resultados. A ênfase dada, que ainda prevalece, é a da avaliação baseada em resultados. Este movimento iniciou com diferentes iniciativas nas três esferas de governo num contexto marcado pelo avanço dos processos de descentralização do sistema de saúde no Brasil, a 13 partir das mudanças desencadeadas com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). Contextualizando o atual processo da gestão do SUS, que tem como base o Pacto pela Saúde, como também aspectosteóricos e operacionais inerentes às práticas do monitoramento e avaliação. A abordagem relacionada à agenda estratégica destaca a criação de mecanismos que articulam a decisão político- institucional como: a criação de incentivos financeiros; o desenvolvimento de mecanismos técnicos; estratégias organizacionais de qualificação das equipes gestores; a realização de estudos e pesquisa e a divulgação de informações estratégicas; processos estes pautados pela concepção de atender as especificidades da gestão nas suas diferentes esferas e tendo como base um amplo processo de cooperação envolvendo, além dos gestores, as instituições de ensino e pesquisa e as organizações internacionais. DESAFIOS Ao serem abordadas novas criações de práticas e ações políticas as quais operam novas ideias e recursos, atividades e mecanismos em cada contexto, os programas intersetoriais apresentam objetivos múltiplos, variáveis ao longo de tempo nos espaços sociais em que se inserem. Frequentemente, efeitos e resultados têm pouco ou nada a ver com os objetivos presentes oficialmente e acordados no início da concepção do programa. Novas arenas de concertação e significados são criadas e recriadas a partir das interações entre atores atuando em rede direta ou indiretamente nas intervenções. 14 Tal distinção enfatiza a importância da escolha do foco a ser avaliado, isto é, a escolha das dimensões a serem problematizadas deixando claro os limites das alternativas priorizadas. Torna-se assim imperativa uma visão original sobre metas, alcances e resultados dos programas e iniciativas a partir do estudo das conexões e interdependências entre os espaços sociais onde são implementadas as ações, também dos aspectos que favorecem ou dificultam as mudanças. Ou seja, é possível compreender os processos de implementação como resultados em si, os objetivos como expressão de relações conflituosas em contextos concretos de interação onde mudanças tendem a ser negociadas e o horizonte temporal da intervenção como algo mais flexível e menos determinado. Portanto, ao referir sobre avaliação de políticas ou programas, a maior dificuldade consiste em estabelecer o grau de efetividade em uma perspectiva comparativa entre o antes (ex-ante) e o depois (pós-facto), como também em mostrar que os resultados encontrados estão relacionados aos produtos ou serviços oferecidos. Entretanto, as modalidades de avaliação apoiam-se, não só em dados extraídos da realidade pela própria organização, como também em dados secundários disponíveis, como registros, recenseamentos, pesquisas, nos quais se podem obter informações adicionais de grande validade para a análise do antes e do depois da intervenção. Nessa perspectiva, pretende-se avaliar o sucesso ou fracasso em termos de uma efetiva mudança nas condições prévias da vida da população atingida pelo programa ou política. É precisamente na avaliação de efetividade que a distinção entre avaliação e análise se torna mais clara e relevante, devido à necessidade já mencionada de demonstrar que os resultados encontrados na realidade social estão causalmente relacionados àquela política ou programa particularmente. 15 REFERÊNCIAS ARRETCHE, Marta. Dossiê agenda de pesquisa em políticas públicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 18, n. 51, p. 7-9, fev. 2003. ALA-HARJA, Marjukka; HELGASON, Sigurdur. Em direção às melhores práticas de avaliação. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 51, n. 4, p. 5-59, out./dez. 2000. FARIA, Carlos Aurélio Pimenta de. A política da avaliação de políticas públicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 20, n. 59, p. 97-109, out. 2005. JOBERT, Bruno; MULLER, Pierre. L’Etat en action. Paris: PUF, 1987. (Worthen, Sanders e Fritzpatrick, 2004; Figueiró, Frias e Navarro, 2010) (Dubois, Champagne e Bilodeau, 2011) (Almeida, 2006) (Patton, 1997). Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS) Sistema Único de Saúde(SUS) SOUZA, Celina. “Estado do campo” da pesquisa em políticas públicas no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 18, n. 51, p. 15-20, fev. 2003. (Worthen, Sanders e Fritzpatrick, 2004; Contandriopoulos, 2006) Patton4 Avaliação e Controle de Sistemas – DRAC/ SAS/MS Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) FREY, Klaus. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da análise de políticas públicas no Brasil. Planejamento e Políticas Públicas, Brasília, n. 21, p. 211-259, jun. 2000. 16 Arretche, MTS. Tendências no estudo sobre avaliação. In: Rico EM (org) et ali. Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate. São Paulo, Cortez, 1998. p.29- 39.
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