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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS CESA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO PROFESSOR DOUTOR: ALEXANDRE ANTONIO BRUNO DA SILVA CAROLINE XAVIER VALDIVINO FORTALEZA - CE 2 QUESTÃO 01 A empresa pública Delta, após o devido procedimento licitatório, celebrou contrato com o poder público municipal para a prestação de serviço público de transporte de estudantes. Devido a posterior aumento da carga tributária, provocado pela elevação, em 10%, dos percentuais a serem recolhidos a título de contribuição previdenciária, a empresa, para tentar suprir a despesa decorrente do aludido recolhimento, postulou à prefeitura a revisão dos valores do contrato. A autoridade administrativa encaminhou o pedido à sua assessoria jurídica, para parecer acerca da viabilidade da pretensão. Em face da situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada, se a pretensão da empresa encontra amparo no ordenamento jurídico nacional. Em seu texto, aborde: a) Contratos administrativos b) Cláusulas exorbitantes c) Alea econômica e álea administrativa d) Direito de equilíbrio dos contratos no âmbito civil e com administração pública e) A empresa pode parar os seus serviços até conseguir a majoração pretendida? Como se trata de um contrato administrativo, o contratado, no caso a empresa Delta tem o direito de que seja mantido o equilíbrio econômico-financeiro do ajuste, assim considerada a relação que se estabelece, no momento da celebração, entre o encargo assumido pelo contratado e a prestação monetária assumida pela administração. Desse modo, na apresentação de sua proposta no procedimento licitatório, a empresa Delta pautou-se pelo contexto presente. A alteração desse cenário, decorrente de medida geral, que seria o aumento da contribuição, não relacionada diretamente ao contrato, mas que nele repercute, provoca o desequilíbrio econômico-financeiro em prejuízo do contratado, o que merece a proteção da lei. É o que a doutrina denomina de fato do príncipe. Por essência, o fato do príncipe é uma ação necessariamente imprevista, formalmente regular, mas que indiretamente afeta o equilíbrio econômico de contratos 3 celebrados entre o Estado e particulares. Para ilustrar, o Poder Público pode criar um novo tributo, deixando um contrato preexistente celebrado entre um particular e um município, por exemplo, excessivamente oneroso ao particular, como é no caso do contrato da Empresa Delta com o Poder Público Municipal. Esse fato do príncipe, portanto, pode abalar o equilíbrio econômico do contrato, que poderá sofrer uma revisão. No tocante às cláusulas exorbitantes, as mesas são cláusulas comuns em contratos administrativos, mas que seriam consideradas ilícitas em contratos entre particulares, pois são prerrogativas da Administração Pública, colocando-a em posição superior à outra parte. Em outras palavras, as cláusulas exorbitantes são benefícios que a Administração possui sobre o particular e que se justificam na supremacia do interesse público sobre o privado (MAZZA, 2012). Neste caso em que estamos estudando, o contrato é entre uma empresa pública e um órgão público. São as cláusulas que se referem a: alteração unilateral; rescisão unilateral; fiscalização; aplicação de sanções; ocupação provisória de bens, pessoal e serviços; exigências de garantias pela Administração; restrições à oposição, pelo contratado, da exceção do contrato não cumprido (quando a Administração pode exigir que o contratado cumpra a sua parte no contrato sem que ela própria tenha cumprido a sua). Nesse sentido, o art. 65, II, d, da Lei n.º 8.666/1993 admite que: “os contratos sejam alterados, com as devidas justificativas, no caso de acordo das partes, para o restabelecimento da relação pactuada inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração do serviço, "objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de superveniência de fatos imprevisíveis ou previsíveis, porém, de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, que configura álea econômica extraordinária e extracontratual." (BRASIL, 1993, p. online) Ademais, este mesmo artigo vai dizer que é expresso ao consignar que quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados, implicará a revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso. O município pode, portanto, com fundamento no referido preceito legal, reajustar o contrato para recompor o equilíbrio econômico-financeiro, de modo a garantir a execução do contrato originário. 4 Uma característica que nos cabe citar sobre os contratos administrativos seria o da sua mutabilidade, que decorre de determinadas cláusulas exorbitantes, ou seja, das que conferem à Administração o poder de, unilateralmente, alterar as cláusulas regulamentares ou rescindir o contrato antes do prazo estabelecido, por motivo de interesse público. A mutabilidade pode decorrer também de outras situações, que dão abertura à aplicação das teorias do fato do príncipe e da imprevisão. Como já foi mencionado acima acerca do fato do príncipe, vamos aqui apenas resumir o da imprevisão, a Teoria da Imprevisão é o nome adotado, nos dias atuais, para a cláusula rebus sic stantibus. Essa cláusula era vista como inserta nos contratos de duração e nos de execução diferida, as partes acordam um contrato para que o comportamento ocorra em outro momento. No caso de fatos imprevisíveis, que dificultem a situação, à parte que se sentir lesada poderá solicitar a revisão judicial das cláusulas do contrato. Portanto, obrigações sucessivas ou dependentes do futuro. A cláusula era presumida e obrigava o cumprimento da permanência do estado do contrato contemporâneo à época em que ele foi celebrado. Uma vez alterada a situação da parte, devido a uma situação imprevisível, essa poderia se desvincular da sua obrigação, mediante autorização do Estado-Juiz De acordo com Capitant, a cláusula rebus sic stantibus: “é a cláusula considerada subentendida nos contratos permanentes, segundo o qual uma convenção só permanece em vigor enquanto o estado de coisas existente no momento em que haja sido estabelecida não tenha sido objeto de modificações essenciais”. O assunto tem que ser analisado sob dois aspectos: o das circunstâncias que fazem mutável o contrato administrativo e o da consequência dessa mutabilidade, que é o direito do contratado à manutenção de equilíbrio econômico-financeiro. Tal equilíbrio ou equação econômico-financeira é a relação que se estabelece, no momento da celebração do contrato, entre o encargo assumido pelo contratado e a contraprestação assegurada pela Administração. Prefere-se falar em contraprestação assegurada e não devida pela Administração, porque nem sempre é ela que paga; em determinados contratos, é o usuário do serviço público que paga a prestação devida, por meio de tarifa; é o que ocorre nos contratos de concessão de serviço público. Na realidade, todos os contratos, sejam eles públicos ou privados, supõem a existência de um equilíbrio financeiro que, conforme demonstrado por Gaspar Ariño Ortiz, costuma ser visto sob dois aspectos: o da equivalência material das prestações, ou seja, a equivalência objetiva, atendendo à valoração econômica das contraprestações e invocando em sua defesa um ideal de justiça comutativa; e o da equivalência subjetiva, atendendo ao valor subjetivo que para cada uma das partes tem a prestação da outra. Nos contratos entre particulares,nem sempre a equivalência material corresponde à equivalência subjetiva, sendo comum esta prevalecer sobre aquela. Assim, autoriza o princípio da autonomia da vontade. Estabelecida essa equivalência no momento em que se firma o contrato, ela só poderá ser alterada por novo acordo entre as partes. 5 Nos contratos administrativos e nos contratos em geral de que participa a Administração, não existe a mesma autonomia da vontade do lado da Administração Pública; ela tem que buscar sempre que possível a equivalência material, já que não tem a livre disponibilidade do interesse público. Além disso, é mais difícil fazer, no momento do contrato, uma previsão adequada do equilíbrio, uma vez que os acordos administrativos em geral envolvem muitos riscos decorrentes de várias circunstâncias, como a longa duração, o volume grande de gastos públicos, a natureza da atividade, que exige muitas vezes mão de obra especializada, a complexidade da execução, etc. O próprio interesse público que à Administração compete defender não é estável, exigindo eventuais alterações do contrato para ampliar ou reduzir o seu objeto ou incorporar novas técnicas de execução. Tudo isso faz com que o equilíbrio do contrato administrativo seja essencialmente dinâmico; ele pode romper-se muito mais facilmente do que no direito privado. É por causa desses elementos de insegurança que se elaborou toda uma teoria do equilíbrio econômico do contrato administrativo. Podemos apontar aqui dois tipos de áleas ou riscos que o particular enfrenta quando contrata. Álea administrativa, que abrange três modalidades: a primeira seria uma decorrente do poder de alteração unilateral do contrato administrativo, para atendimento do interesse público; por ela responde a Administração, incumbindo-lhe a obrigação de restabelecer o equilíbrio voluntariamente rompido; A outra seria ao chamado fato do príncipe, que seria um ato de autoridade, não diretamente relacionado com o contrato, mas que repercute indiretamente sobre ele; nesse caso, a Administração também responde pelo restabelecimento do equilíbrio rompido; e a terceira constitui o fato da Administração, entendido como “toda conduta ou comportamento desta que torne impossível, para o contratante particular, a execução do contrato”; ou, de forma mais completa, é “toda ação ou omissão do Poder Público que, incidindo direta e especificamente sobre o contrato, retarda, agrava ou impede a sua execução”. A outra Álea que abordaremos seria a Álea econômica, que corresponde a circunstâncias externas ao contrato, estranhas à vontade das partes, imprevisíveis, excepcionais, inevitáveis, que causam desequilíbrio muito grande no contrato, dando lugar à aplicação da teoria da imprevisão; a Administração Pública, em regra, responde pela recomposição do equilíbrio econômico-financeiro. Entende-se que, seja nas áleas administrativas, seja áleas econômicas, o contratado tem direito à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, por força do artigo 37, XXI, da Constituição, que exige, nos processos de licitação para obras, serviços, compras e alienações, sejam mantidas “as condições efetivas da proposta”. Além disso, a mesma ideia resulta da Lei nº 8.666/93 (artigo 65, inciso II, e §§ 5º e 6º) e da Lei nº 8.987/95 (artigo 9º e parágrafos), em matéria de concessão e permissão de serviços públicos. Em consequência, a solução tem sido a mesma em qualquer das teorias (fato do príncipe, fato da Administração e imprevisão); inclusive é a solução adotada também para as hipóteses de http://www.jusbrasil.com.br/topicos/2186546/artigo-37-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711282/inciso-xxi-do-artigo-37-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033819/lei-de-concessoes-lei-8987-95 6 caso fortuito e força maior (artigo 78, XVII, combinado com artigo 79, I, da Lei nº 8.666/93). Em todos os casos, a Administração Pública responde sozinha pela recomposição do equilíbrio econômico-financeiro. A invocação das teorias serve apenas para fins de enquadramento jurídico e fundamentação para a revisão das cláusulas financeiras do contrato. Nos contratos de parceria público-privada (concessão patrocinada e concessão administrativa), regidos pela Lei nº 11.079, de 30-12-04, adota-se solução diversa, uma vez que é prevista a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária (artigo 5º, III). Por fim, tendo ciência de todo o exposto, sabemos que a empresa não pode parar os seus serviços até que a tratativa seja resolvida, pois o artigo 80 da Lei nº 8.666/93 prevê como cláusula exorbitante determinadas prerrogativas que tem por objetivo assegurar a continuidade da execução do contrato, sendo esses um dos princípios da Administração Pública, o da Continuidade. Sempre que a paralisação de certo contrato possa ocasionar prejuízo ao interesse público e ao andamento do serviço público essencial; trata-se, aplica-se então do princípio da continuidade do serviço público. Essas Medidas, que somente são possíveis no caso de rescisão unilateral, são as seguintes: “I – assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato próprio da Administração; II – ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V do artigo 58 desta Lei; III – execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração e dos valores das multas e indenizações a ela devidos; IV – retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração”. No direito administrativo o particular não pode interromper a execução do contrato socorrendo-se da exceptio non adimpleti contractus (exceção do contrato não cumprido), quando a outra parte descumpre o contrato (artigo 477 do Código Civil). Isso decorre dos princípios da continuidade do serviço público e da supremacia do interesse público sobre o particular; em regra, o que ele deve fazer é requerer, administrativa ou judicialmente, a rescisão do contrato e pagamento de perdas e danos, dando continuidade à sua execução, até que obtenha ordem da autoridade competente (administrativa ou judicial) para paralisá-lo. Note-se que a Lei nº 8.666/93 só prevê a possibilidade da rescisão unilateral por parte da Administração (art. 79, I); em nenhum dispositivo confere tal direito ao contratado. O rigor desse entendimento tem sido abrandado pela doutrina e jurisprudência, quando a “inadimplência do poder público impeça de fato e diretamente a execução do serviço ou da obra”; http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11298624/artigo-78-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11297969/inciso-xvii-do-artigo-78-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11297864/artigo-79-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11297810/inciso-i-do-artigo-79-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/96990/lei-11079-04 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11297354/artigo-80-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10701690/artigo-477-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-937 além disso, torna-se injustificável quando o contrato não tenha por objeto a execução de serviço público, porque não se aplica, então, o princípio da continuidade. Permanece, no entanto, o fato de que a lei não prevê rescisão unilateral pelo particular; de modo que este, paralisando, por sua conta, a execução do contrato, corre o risco de arcar com as consequências do inadimplemento, se não aceita, em juízo, a exceção do contratado não cumprido. O abrandamento também foi feito pela Lei nº 8.666/93, que no artigo 78, incisos XV e XVI, prevê hipóteses em que, por fato da Administração, o contratado pode suspender a execução do contrato. REFERÊNCIAS JUSBRASIL. JUSBRASIL: Características dos Contratos Administrativos, 2018. Disponível em: https://gustavofavareto.jusbrasil.com.br/artigos/327240520/caracteristicas-dos- contratos-administrativos Di Pietro, Maria Sylvia Zanella – Direito Administrativo - 28ª edição – São Paulo: Atlas, 2015. FIUS. FIUS: A Teoria do Fato do Príncipe, 2020. Disponível em: https://www.fius.com.br/a- teoria-do-fato-do-principe/ BORGES, Nelson. A teoria da imprevisão no Direito Civil e no Processo Civil: com referência ao CC de 16 e ao NCC. São Paulo: Ed. Malheiros, 2002. QUESTÃO 02 Durante uma reunião em que se discutia a aplicação à empresa ÔMICRON LTDA de penalidade de impedimento de licitar — que fora sugerida em parecer elaborado por um advogado público —, a proprietária da empresa, Corona, com a intenção de atingir a honra do referido servidor público, acusou-o falsamente de estar utilizando seu cargo para beneficiar a sua concorrente, a empresa ALPHA S.A., já que, com a aplicação da penalidade sugerida, a empresa ALPHA seria a única no mercado nacional apta a fornecer o objeto do contrato. Redija um texto dissertativo a respeito da conduta de Corona, proprietária da empresa ÔMICRON. Em seu texto, aborde: a) o crime cometido por Corona b) o objeto jurídico tutelado pelo Código Penal com a tipificação do crime cometido e os requisitos para a configuração desse delito; c) a legitimação para a propositura da ação penal, considerando a doutrina e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Neste caso em questão temos a vertentes dos sujeitos presentes na situação, onde temos a pessoa que sofre a ação, entende-se que havia mais pessoas na reunião em questão, onde seria inferida uma penalidade a empresa ÔMICRON. A partir deste exposto já podemos observar que a proprietária da empresa acusou segundo a questão apresentada sem provas o servidor público, se fosse verdadeiro o que a sua superior estava deferindo http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11298624/artigo-78-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11298042/inciso-xv-do-artigo-78-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11298013/inciso-xvi-do-artigo-78-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993 https://gustavofavareto.jusbrasil.com.br/artigos/327240520/caracteristicas-dos-contratos-administrativos https://gustavofavareto.jusbrasil.com.br/artigos/327240520/caracteristicas-dos-contratos-administrativos https://www.fius.com.br/a-teoria-do-fato-do-principe/ https://www.fius.com.br/a-teoria-do-fato-do-principe/ 8 o mesmo poderia até ser acusado de Corrupção Passiva, que é um ilícito penal que só pode ser praticado por funcionário público. Está previsto no artigo 317 do Código Penal, inserido no capítulo que trata dos crimes praticados por funcionários públicos contra a administração. Segundo o artigo 327 do mesmo diploma legal, para o direito penal, são considerados funcionários públicos quem exerce cargo, emprego ou função pública, mesmo que temporariamente ou sem remuneração. O artigo descreve como conduta proibida o ato de usar o cargo público para solicitar ou receber vantagem indevida, no caso em questão de beneficiar sua concorrente ALPHA, em troca de algum ganho pessoal. Se caso isso prosseguisse bastava a solicitação para que o crime se configurasse que o servidor ainda poderia ser punido em caso de ceder, a pedido ou influência de terceiro, mesmo não recebendo vantagem. A pena prevista seria de 2 a 12 anos mais multa e poderia ser aumentada em até 1/3, caso se configurasse realmente que o funcionário público tenha praticado esse ato em benefício do particular. Sabendo que essa acusação foi proferida falsamente pela proprietária da empresa, com o único objetivo de ferir sua honra, iremos focar nisso pois será importante para a resolução da problemática. Tendo feito essa exposição acerca do caso de modo geral, iremos agora entender de maneira mais aprofundada as definições que temos nas leis e código penal para seguir serão abordados os conceitos penais para fundamentar e explanar de forma o crime cometido por Corona. Prosseguindo, a transgressão cometida pela dona da empresa ÔMICRON LTDA, se encaixa no crime de difamação, que por conceito podemos dizer que difamar alguém é tirar a boa fama ou o crédito, desacreditar publicamente atribuindo a alguém um fato específico negativo, neste caso se encaixa a acusação feita por Corona ao servidor. Para ocorrer o crime de difamação o fato atribuído não pode ser considerado crime, o fato seria a vantagem dada a empresa concorrente pelo funcionário difamado. O crime de difamação é explanado no Art. 139: Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. A pena para quem comete tal ato é de detenção, de três meses a um ano, e multa. De forma sucinta, tal delito corresponde a acusar alguém de um fato que seja ofensivo à sua dignidade e que fira a sua reputação, mesmo que esse fato da acusação não seja um crime. Nesse sentido não deve o fato imputado se incorporar de caráter criminoso; do contrário, seria o mesmo configurado como crime de calúnia, a acusação feita então não se trata de um crime previsto no Código Penal, mas sim uma infração disciplinar prevista na Lei 8.112/1990: Art. 117. que vai dizer que ao servidor é proibido valer-se 9 do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública. E para o sujeito ativo da ação, nesse caso a senhora Corona, ainda há um meio que pode recorrer para se isentar da pena e ele só poderá conseguir isso se retratar-se integralmente da difamação cometida, segundo o artigo 143 do Código Penal Brasileiro, no Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. É válido destacar que o fato imputado não necessariamente precisa ser falso, mas sim, ser levado a conhecimento público de terceiros e que por consequência afete a honra de outrem, porque o que é resguardado pela lei é a proteção da honra do indivíduo atacado. No entanto, não se trata do caso em questão, pois o texto destaca que a acusação foi falsa, mas ainda sim, a mesma fere a honra do ofendido. Além disso, é importante que a acusação seja detalhada, ou seja, é necessário que haja a descrição do fato ocorrido, de modo que estejam incluídos quem, quando, onde e como. Tendo consciência desse fato, é notório que a empresária Corona ao acusar o advogado público de estar tentando prejudicá-la para consequentemente favorecer a terceiros, no caso a empresa ALPHA S.A, acaba descrevendo toda a ocorrência desse fato e, portanto, é mais um fator que comprova a real ocorrência do crime de difamação. É importante destacar que o crime de difamação concede ao acusador uma maneira de se defender judicialmente, que é a exceção da verdade, que é um meio de defesa que se faculta ao acusadopor crime de calúnia ou de difamação de funcionário público, no exercício das funções, para provar o fato atribuído por ele à pessoa que se julga ofendida e o processou por isso. Ficando exclusivo esse incidente processual no caso de a imputação ser feita a um funcionário público no exercício de sua profissão, nesse caso, se o acusador conseguir comprovar que sua acusação é verídica, então o mesmo poderá ser absolvido da condenação por difamação. O objeto jurídico do delito é a honra objetiva. A honra objetiva é pressuposta elementar do dano moral às pessoas jurídicas. Aqui não se avaliam os atributos patrimoniais, mas sim, como alguns atos ilícitos tem o condão de afetar o modo pelo qual os entes coletivos são identificados, numa linguagem mais impessoal seria a forma como a pessoa é vista pela sociedade em que está inserida, sua fama, sua reputação para com as outras pessoas, e quando alguém ferir sua reputação diante dos outros pode acabar acarretando uma mancha em sua imagem diante dos outros em seu convívio. Poderia ser 10 classificado como crime comum, em Direito, crime comum (do latim delicta communia: "delitos comuns") são aqueles que não exige qualidade especial, seja ela do sujeito passivo ou do ativo, por exemplo, que pode ser praticado por qualquer pessoa contra qualquer pessoa. A ofensa pode ser praticada de várias formas, uma seria a ofensa real que pode ser feita de forma escrita, verbal ou gestual; a implícita que pode ser feita de modo que age implicitamente como o próprio nome já diz, mas ainda assim, é possível identificar para quem se refere e a indireta que atinge a honra de uma terceira pessoa; O tipo subjetivo é o dolo direto ou indireto eventual, ou seja, quando há a vontade e consciência de que a ação irá ofender a honra da vítima, sendo assim, nesse caso não se admite forma culposa. O crime de difamação é unissubsistente, ou seja, ela não admite uma tentativa, pois ocorre em de uma única vez. Prosseguindo, se o crime de difamação for cometido contra um servidor público durante suas atividades ou na presença de várias pessoas, a pena será acrescida em um terço. O artigo 141, parágrafo segundo e terceiro, vai dizer que, as penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. Dessa forma, levando em consideração a conduta da empresária, que acusou com falsas alegações um funcionário público durante o exercício de sua função e na presença de várias pessoas, é provável que se a vítima das acusações, no caso o advogado público, decidir processá-la por tal ofensa esteja diante da possibilidade de ter sua pena aumentada. No tocante o tópico legitimação para a propositura da ação penal, considerando a doutrina e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, podemos aqui destacar que de um modo geral a ação penal para crimes que ferem a honra é de natureza privada, ou seja, segundo o Art. 100, § 2º do CP - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. Nesse caso a vítima ou o seu representante poderá escolher se irá ou não prestar queixa. Porém na situação em questão o ofendido não era apenas um cidadão comum, mas sim um funcionário público, dessa forma há uma outra maneira de agir nesse caso e exclusivamente em situações que afetem a honra de um servidor público. Segundo a Súmula 714 do STF- É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Em sua definição, legitimidade concorrente, nada mais é do que a lei atribuir a 11 mais de uma pessoa a legitimidade. Tendo conhecimento disto e do que está previsto na Súmula 714 do STF, o servidor que foi vítima poderá escolher ele mesmo realizar a queixa ou então deixar que o Ministério Público o represente. No entanto, se o mesmo optar pela ação privada a possibilidade de ser representado pelo Ministério Público será excluída e vice-versa. O processo de difamação é de responsabilidade do Juizado Especial Criminal de acordo com o artigo 98, inciso I, da Constituição Federal, que diz: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; Em outro cenário, se o servidor público optar por seguir a ação privada a mesma poderá impetrar que a ação seja movida pela Advocacia Geral da União em camada federal de acordo com o artigo 22 da Lei 9.028/95: Art. 22. A Advocacia-Geral da União e os seus órgãos vinculados, nas respectivas áreas de atuação, ficam autorizados a representar judicialmente os titulares e os membros dos Poderes da República, das Instituições Federais referidas no Título IV, Capítulo IV, da Constituição, bem como os titulares dos Ministérios e demais órgãos da Presidência da República, de autarquias e fundações públicas federais, e de cargos de natureza especial, de direção e assessoramento superiores e daqueles efetivos, inclusive promovendo ação penal privada ou representando perante o Ministério Público, quando vítimas de crime, quanto a atos praticados no exercício de suas atribuições constitucionais, legais ou regulamentares, no interesse público, especialmente da União, suas respectivas autarquias e fundações, ou das Instituições mencionadas, podendo, ainda, quanto aos mesmos atos, impetrar habeas corpus e mandado de segurança em defesa dos agentes públicos de que trata este artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.649, de 1998) (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001) Concluindo, é possível que a ação insensata praticada pela proprietária da empresa ÔMICRON LTDA, seja passível de punição e levando em consideração que fora praticado contra um funcionário público, a mesma poderá sofrer ações penais mais duras. E em relação à vítima, o mesmo tem o direito de prestar queixa-crime que seria a peça inicial da ação penal privada que é apresentada pela própria vítima ou seu representante legal, por meio de outro advogado, ou em causa própria, pois é lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal. Art. 104. O advogado não será admitido a 12 postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. A denúncia e a queixa-crime serão as peças iniciais da ação penal e seria plenamente resguardada pela justiça e até mesmo deixar que o Ministério Público o represente. Por fim, se o processo ocorrer, a proprietária Corona poderá entrar em acordo para resolver toda a situação, tendo a mesma que além de se retratar pelo delito cometido e corrigir publicamente seu erro contra o funcionário, a ré poderá se comprometer a pagar indenização pelos danos morais causados à vítima. Com isso, os autos ficariam suspensos até o cumprimento final do acordo entabulado. Se for o caso, as partes também podem se comprometer a tratarem-se com respeito mútuo, urbanidade e educação em todas as eventuais oportunidades em que porventura vierem a se encontrar, bem como a não entrarem em contato por nenhum meio de comunicação telefônica, telemática, eletrônica, pessoal ou virtual, comprometendo-se, ainda, a não postarem qualquer tipo de comentário em qualquer rede social ou afim que diga respeito à pessoa ou atividade profissional um do outro.REFERÊNCIAS JUSBRASIL. JUSBRASIL: Capítulo 18. Difamação (Art. 139) - Crimes Contra a Pessoa, 2021. Disponível em: Capítulo 18. Difamação (Art. 139) - Crimes Contra a Pessoa - Direito Penal - Vol. 2 - Ed. 2021 (jusbrasil.com.br) BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 5ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Para o STJ injúria é crime de racismo. Será? Disponível em https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/383442042/para-o-stj-injuria-e-crime-de- racismo-sera , acesso em 07.12.2021. JUSBRASIL. JUSBRASIL: Artigo 139 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940. Disponível em: Da Difamação - Artigo 139 do Código Penal (jusbrasil.com.br) QUESTÃO 03 André foi aluno de uma Universidade Federal. Excelente aluno, assim que saiu da Universidade foi convidado para trabalhar em uma grande empresa, ao mesmo tempo em que foi admitido em um curso de pós-graduação. Tudo corria bem, até que recebeu um telefonema. Um aviso de que deveria comparecer na Universidade. No encontro, soube que existia um problema na contratação do seu orientador de TCC. Ele havia fraudado os seus diplomas para ingressar como professor da Instituição e havia sido demitido. Todos os atos praticados estavam sendo revistos pela Reitoria. Analise a situação e aborde temas como: a) A possibilidade de revisão dos próprios atos pela administração. https://thomsonreuters.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/1198080900/capitulo-18-difamacao-art-139-crimes-contra-a-pessoa-direito-penal-vol-2-ed-2021#ftn.DTR.2021.537-n12 https://thomsonreuters.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/1198080900/capitulo-18-difamacao-art-139-crimes-contra-a-pessoa-direito-penal-vol-2-ed-2021#ftn.DTR.2021.537-n12 https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/383442042/para-o-stj-injuria-e-crime-de-racismo-sera https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/383442042/para-o-stj-injuria-e-crime-de-racismo-sera https://mariafgr.jusbrasil.com.br/artigos/177896242/da-difamacao-artigo-139-do-codigo-penal 13 b) É possível a aplicação da teoria da aparência na administração pública? (Opa! O que é teoria da aparência?) c) André poderia ser demitido da empresa com Justa Causa, já que não tem mais o diploma? d) André deveria abandonar o seu curso de pós-graduação? Para iniciarmos a apreciação deste caso, veremos de forma geral o que acontece quando alguém fralda diplomas, infelizmente isso é um caso bastante comum aqui no Brasil. Segundo o portal de notícias G1, no Espírito Santo, mais de 100 professores foram processados por usarem diplomas falsos. Os professores pertenciam à rede pública estadual de ensino no Espírito Santo, segundo a corregedoria da secretaria de estado de Educação (Sedu). O caso se complica mais quando é descoberto que até certificado de doutorado foi fraudado para aumentar o salário ou passar nos processos seletivos. No ano de 2015 houve em torno de 52 processos abertos e 4 demissões de professores. Em 2016, o número aumentou e neste foram 73 processos e 7 demissões. Os professores que usaram os diplomas fraudados terão que devolver os valores recebidos a mais pelo grau de graduação, pois documentos falsos dão ao professor uma mudança de nível, que aumenta o salário dele. O valor recebido indevidamente tem que ser devolvido. Segundo o corregedor da Sedu, Tarcísio Bobbio, as fraudes têm padrões e houve um caso onde todos os documentos apresentados, desde a graduação até o mestrado, eram falsos. Em um processo seletivo, quanto mais títulos o professor tiver, melhor será sua classificação e remuneração. O profissional recebe de acordo com seu nível de graduação. Bobbio explica que também existem situações onde o professor não sabe que o documento é falso. “Ele vai a instituição e faz o curso e não sabe que a instituição não é credenciada pelo MEC. Avaliamos se houve o uso de má fé ou boa fé. Se for de má fé o funcionário é demitido”, revelou. Depois que o certificado é verificado com a faculdade de origem, o processo vai para a Corregedoria da Sedu que intima o servidor. A pessoa responde primeiramente a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Durante a investigação, o profissional não é afastado do cargo. Depois que o PDA é encerrado, o processo é enviado para o Ministério Público Estadual. “Além de apresentar documentos falsos ser um ato ilícito administrativo, também é um ato ilícito penal. E quem for demitido fica impedido de fazer processo seletivo por cinco anos”, acrescentou. 14 O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), Gean Carlos Nunes de Jesus, disse que o sindicato apoia essa investigação e o direito das pessoas de se defenderem. “É uma questão lamentável e recorrente, como em qualquer categoria. É lamentável a postura de colegas que usam desse tipo de método (documentos falsos). O que não pode é a imagem de uma categoria, com mais de 80 mil professores no estado, ser maculada por um pequeno grupo de pessoas”, afirmou. A maioria dos diplomas investigados são de instituições privadas e de fora do estado. Em grande parte, são de pós-graduação lato sensu, mas também há diplomas de graduação, mestrado e doutorado Punição: O professor que for demitido fica impedido de ter emprego público por até cinco anos Devolução: Se for comprovado que o documento é falso, o servidor terá que devolver todo o valor recebido no período em que estava atuando apresentando o título. Entrando no caso do professor de André, o mesmo pode receber punições maiores que a demissão. A pena para quem for pego usando ou falsificando documentos públicos pode ficar até seis anos em reclusão e ter que pagar multa, de acordo com o Código Penal Brasileiro. A titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (Defa), Rhaiana Bremenkamp, conta como o crime se configura: “a pessoa que é enquadrada por apresentação de documento falso, segundo o Artigo 304 do Código Penal, também acaba incorrendo na mesma pena da pessoa que falsifica”, explica. De acordo com a delegada, a pena pode variar se o documento for público ou particular. Em caso de documentos privados, a pena é de reclusão, de um a cinco anos, e multa. Se for público, a pena sobe de dois a seis anos de reclusão e multa. Algumas faculdades não têm conhecimento que existem pessoas usando certificados falsos. E quando a denúncia chega na Defa descobrem o que está acontecendo. Existem casos de pessoas que pagaram, estudam e recebem um diploma, porém falso. Nesse caso ela é vítima pois acreditava que estava estudando em uma faculdade real e receberia um certificado verdadeiro. Professores e Designação Temporária (DT) do Espírito Santo recebem o salário dos quatro primeiros meses com o valor de quem tivesse feito apenas o curso superior. Isso acontece porque os seus certificados precisam passar por uma auditoria para confirmar que não são falsos. Se forem verdadeiros, o professor recebe o valor retroativo. 15 A tática da secretaria de estado de Educação (Sedu) tem como objetivo evitar que professores apresentem documentos falsos, recebam a mais pelos títulos e depois tenham que devolver o valor. Segundo o corregedor da Sedu, Tarcísio Bobbio, o método evita que a secretaria pague sem ter feito auditoria nos certificados apresentados. “Começamos a constatar que havia um volume expressivo de documentos que não estavam sendo reconhecidos pelas instituições de ensino”, contou. Quando o professor participa de um processo seletivo, ele apresenta os certificados à Sedu para serem analisados. A secretaria pesquisa a validade da documentação no site do Ministério da Educação (MEC) para saber se a instituição que emitiu o certificado é credenciada e se tem autorização para aquele curso. Em caso de desconformidade, a instituição de origem do documento é consultada. Para aumentar a segurança do processo, os funcionáriosda corregedoria também passam por treinamentos no MEC onde aprendem a reconhecer e a verificar documentos alterados ou falsificados. O crime é configurado tanto pelo uso, quanto pela falsificação de documentos. A pena pode variar de acordo com os agravantes A falsidade ou falsificação de documentos está prevista nos artigos 297 a 301 do Código Penal Brasileiro, Decreto de Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940. A pena para quem apresenta ou falsifica documentos públicos é de reclusão, de dois a seis anos, e multa. A fraude de documentos privados tem como pena reclusão, de um a cinco anos, e multa. A falsificação pode ser por documento público ou particular, reconhecimento de firma ou letra, certidão ou atestado ideologicamente, material de atestado ou certidão e/ou ideológica. O aluno citado no caso não estava ciente do caso de seu orientador, entretanto, as regras e normas das universidades são bem específicas e difíceis de serem contestados, todavia, tudo passa pelo direito individual de cada um, por isso é importante observar cada um desses, no caso da questão acima é necessário um aprofundamento maior. Os atos administrativos normativos, são aqueles que contêm um comando geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei. O objetivo imediato destes atos é explicitar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos administradores. Esses atos expressam em minúcia o mandamento abstrato da lei, e o fazem com a mesma normatividade da regra legislativa, embora sejam manifestações tipicamente administrativas. Esses atos, por serem gerais e abstratos, têm a mesma normatividade da 16 lei e a ela se equiparam para fins de controle judicial, mas quando, sob a aparência de norma, individualizam situações e impõem encargos específicos a administradores, são considerados de efeitos concretos e podem ser atacados e invalidados direta e imediatamente por via judicial comum, ou por mandado de segurança, se lesivos de direito individual líquido e certo Tendo ciência disto, a revisão da própria universidade sobre seus atos é possível, visto que em uma Universidade Federal, são atos administrativos normativos. Muitos casos aconteceram e continuam acontecendo no Brasil, como foi mostrado no caso que iniciamos este exposto, e isso causa danos irreparáveis a estudantes que tanto lutam por uma educação de qualidade e uma melhoria de vida através dos estudos, como é o caso de André que graças ao seu estudo conseguiu um bom emprego em uma empresa de renome, assim como ingressou na pós graduação e agora viu tudo isso ameaçado por um crime cometido por seu orientador. Para que as instituições sejam consideradas aptas para o ensino, antes de tudo deve-se, credenciar, autorizar e reconhecer os cursos que as mesmas desejam ofertar, isso é o que permitirá o funcionamento de Faculdades, Universidades e Centros Universitários, regulamentado pelo Decreto nº 9235/2017 nos seguintes termos: Art. 18. O início do funcionamento de uma IES privada será condicionado à edição prévia de ato de credenciamento pelo Ministério da Educação. § 1º O ato de credenciamento de IES será acompanhado do ato de autorização para a oferta de, no mínimo, um curso superior de graduação. (...) Art. 45. O reconhecimento e o registro de curso são condições necessárias à validade nacional dos diplomas. (...) Art. 46. A instituição protocolará pedido de reconhecimento de curso no período compreendido entre cinquenta por cento do prazo previsto para integralização de sua carga horária e setenta e cinco por cento desse prazo, observado o calendário definido pelo Ministério da Educação. 17 No tocante à teoria da aparência, é o nome que se dá ao procedimento de se reconhecer como verdadeira uma situação que apenas parece real. Decisões judiciais têm divergido quanto aos requisitos para se aplicar a teoria. A ideia de aparência se dá quando um fenômeno manifestante faz aparecer como real aquilo que é irreal, ou seja, quando há uma descoincidência absoluta entre o fenômeno manifestante e a realidade manifestada. Na aparência de direito ocorre a predominância da segurança jurídica sobre a certeza do direito, por isso, os terceiros de boa-fé, com base na aparência, podem ter em conta a exteriorização e ignorar a realidade oculta. Outro aspecto relevante da aparência de direito é o de que ela se restringe tão- somente aos casos para os quais só se possa aplicar o princípio geral da aparência: sempre que estivermos diante de situações para as quais o direito já tenha assegurado tutela específica, não estaremos diante de situações regidas pelos cânones da aparência de direito. Da análise do direito comparado, de sua doutrina e jurisprudência, reluz a ideia de que a proteção mais efetiva e assecuratória da aplicação da aparência de direito é aquela proporcionada pelo princípio geral da aparência de direito, abarcando todo o ordenamento jurídico, cuja aplicação às diversas situações fáticas a lei condiciona ao prudente arbítrio do juiz, sopesados a boa-fé de terceiros, a legitimidade do seu erro e as demais circunstâncias de cada caso. Em resumo, aplicando-se as ideias desenvolvidas em outros ordenamentos jurídicos e fundamentando-se a eficácia da aparência de direito na noção de erro legítimo, chega-se à conclusão de que o único critério capaz de efetivamente cumprir o escopo ontológico da teoria da aparência é o da sua equiparação a um princípio geral de direito, extensível a todo o ordenamento, mas sujeita sua aplicação ao prudente arbítrio judicial, atentando-se para as circunstâncias do caso, a boa-fé dos terceiros, a legitimidade do erro e as condições peculiares em que se encontram os agentes da relação jurídica. Para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a teoria da aparência pode ser aplicada em casos muito diversos: de relações de consumo a comunicações processuais, da solidariedade na responsabilidade civil à autorização para o ingresso da polícia em imóveis. Citando aqui o último exemplo, para o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, é válida a alienação de imóvel com restrição de venda efetivada por meio de pessoa com procuração, quando reconhecida a boa-fé dos terceiros adquirentes. 18 Segundo o relator, o tribunal local, a partir do exame dos elementos de prova e da interpretação das cláusulas contratuais, reconheceu a boa-fé dos compradores e considerou válido o negócio celebrado. O magistrado disse ainda que, não sendo possível a identificação, pelo adquirente, de qualquer pendência sobre o imóvel, há de prevalecer a teoria da aparência. "A jurisprudência do STJ é no sentido de ser possível a aplicação da teoria da aparência para afastar suposto vício em negociação realizada por pessoa que se apresenta como habilitada para tanto, desde que o terceiro tenha firmado o ato de boa-fé", declarou. Em teoria, o professor era dado para todos como legitimado, logo, aparentemente seus documentos para ingressar como professor e ser seu orientador do TCC estavam validados e de acordo com a lei. Independente da forma como a fraude acadêmica é executada, as consequências vão além do prejuízo sobre quem as cometeu. Mais do que ser desonesto consigo, o fraudador é desleal com a instituição de ensino e com a sociedade, segundo François Ramos (2012), afirma na dissertação Fraude Acadêmica: Uma Análise Ético-Legislativa. Formado em Direito, ele também diz que "a fraude acadêmica, portanto, é um comportamento que pode fragilizar o processo de ensino- aprendizagem ao distorcer o processo de avaliação". Logo, saber se a teoria da transparência poderia ser aplicada, é algo inconstante visto pelos dois lados, mas se for levar em consideração a expansão de tal aplicação diante diversos casos, é definitivamente um artifício proveitoso que poderia ser usado na hora do processo. Esse tipo de situação ocorre de diversasvariáveis, exemplificando em uma delas seria em relação ao um indivíduo que apresentou diploma do 2º grau do ensino médio falsificado, o Tribunal Regional do Trabalho explica: Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou recurso da Prometeon Tyre Group Indústria Brasil Ltda., de Gravataí-RS, contra sentença que anulou dispensa por justa causa aplicada a empregado. O trabalhador apresentou certificado falso de conclusão de curso no ato de admissão, mas o fato só foi descoberto há 12 anos pela empregadora. Para os ministros, houve ausência de imediatidade entre a falta e a justa causa aplicada. No caso em questão, houve um espaço de tempo que fez com que a justa causa não fosse mais aplicada. Já na situação de André, a empresa não tem esse vínculo 19 temporal e demanda um diploma validado, por mais que o professor tenha sido o precursor. O artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê 12 motivos de dispensa por justa causa. Mas com os anos se passando e a nossa Constituição ficando bem defasada, muitas das condições para a justa causa foram se perdendo e sendo modificadas, geralmente por jurisprudência. Esta é formada pelas decisões de diferentes tribunais sobre um determinado caso, onde então o Tribunal Superior do Trabalho dá uma orientação aos seus juízes para decisões sobre o caso, para que haja maior unidade nas decisões das várias instâncias no país. Ato de improbidade (furto, desvios de dinheiro ou insumos, etc.); Incontinência de conduta ou mau procedimento (linguagem chula, uso de pornografia em serviço, etc.); Negociação habitual por conta própria sem permissão do empregador ou prejudicial ao serviço; Condenação criminal do empregado, definitiva, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; Desleixo no desempenho das respectivas funções; Embriaguez habitual ou em serviço; Violação de segredo da empresa; Ato de indisciplina ou de insubordinação; Abandono de emprego; Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, exceto em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, exceto em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; Prática constante de jogos de azar; Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Para entender melhor sobre, é preciso saber que a justa causa é o direito que entidade tem de demitir um funcionário se uma ação irregular considerada grave de acordo com a norma trabalhista que compõem a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) for cometida. A CLT, em seu artigo 482, traz um conjunto de situações que justificam uma demissão por justa causa. Entre elas consta o ato de improbidade, relacionado com a dispensa do funcionário que praticar atos desonestos contra a empresa. Art. 482 da CLT - Decreto Lei nº 5.452 de 01 de maio de 1943: “perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado''. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”. Com isso, sem seu diploma validado corretamente, André entraria nos requisitos necessários para a empresa demiti-lo por justa causa, visto que um caso mais delicado obteve a mesma decisão que foi em relação a diploma falso. Vale lembrar que a justa causa exige prova robusta para ser caracterizada e mantida em juízo, pois trata-se de penalidade máxima, 20 sendo atribuída ao empregador o ônus da prova nos termos dos artigos 818 da CLT e 373, II do CPC. Portanto, recomendamos que para essa modalidade de dispensa sejam adotadas todas as cautelas e medidas para assegurar não se tratar de erro ou engano, pois, caso não restem comprovadas as alegações de faltas graves, judicialmente é possível a reversão da modalidade da dispensa, podendo inclusive o empregador ser condenado ao pagamento de indenização por danos morais. Frise-se que a relação contratual trabalhista é baseada na fidúcia entre empregador e empregado. Quando o trabalhador, por dolo, ou culpa grave, pratica ato de improbidade, ou seja, ato de desonestidade, abuso, fraude ou má-fé, ocorre a quebra da confiança entre as partes. O ato de improbidade que resulta em imediato prejuízo ao empregador torna legítima a sanção proporcional à falta grave: a dispensa por justa causa. Não é sensato compelir o empregador a manter um empregado cujo ato de improbidade revela traços de mau caráter e desonestidade. Contudo, recentemente, a Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal Superior do Trabalho, manteve a sentença que anulou uma demissão por justa causa, de empregado que apresentou diploma falso no momento da sua contratação. O principal motivo da decisão foi o fato de a demissão por justa causa ter sido aplicada somente 12 anos após a contratação do funcionário que cometeu a desonestidade. Desta forma, o juiz de primeiro grau determinou sua reintegração, confirmada pelo TST. Concluindo, mesmo o estudante não tendo absolutamente nada a ver com os atos cometidos por seu orientador, ele pode ter sim seu diploma cancelado ou já que o problema foi o professor selecionado, poderia haver uma segunda tentativa de fazer o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com um outro professor-orientador que já estivesse devidamente apto em relação às suas regularidades, entretanto, essa normalização precisa vir primeiro para assim cursar a pós-graduação, visto que para se qualificar em um curso desses, seja stricto ou lato-sensu, é necessário ter um diploma de conclusão do ensino superior, que só seria obtido após os trâmites estarem concluídos. Por conseguinte, não seria possível a sua continuação no curso e deveria abandoná-lo. REFERÊNCIAS VILLAS BOAS, Darnley - Teoria da aparência no direito brasileiro - Rio de Janeiro, BVZ, 1993. 21 HONORATO, Ludmila. Punição para fraude acadêmica inclui perda de título até ressarcimento. Terra, 2020. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/punicao-para-fraude- academica-inclui-perda-de-titulo-ate-ressarcimento Mais de 100 professores do ES são processados por usarem diplomas falsos. G1,2017. Disponível em: https://g1.globo.com/espirito-santo/educacao/noticia/mais-de-100-professores- do-es-sao-processados-por-usarem-diplomas-fal sos.ghtml QUESTÃO 04 Andréa, assim que terminou a faculdade, decidiu fazer concursos públicos. O seu destaque foi imediato. Entretanto, em uma das questões do concurso que estava fazendo foi perguntada acerca de quem seria a competência para julgar casos envolvendo a “condição análoga à de escravo”. Seria da Justiça do Trabalho ou da Justiça Federal? Ela marcou a opção “Justiça Federal”. Para a sua surpresa, o gabarito indicou como correta “Justiça do Trabalho”. Analise a situação e aborde temas como: a) Nulidade e revogação de atos administrativos b) Legalidade e mérito dos atos administrativos. c) De quem é a competência para julgar esses casos que envolvem a “condição análoga à de escrava”? d) O que poderia fazer Andréa, administrativa e judicialmente? e) O entendimento da banca julgadora pode ir contra a Jurisprudência nacional? f) Quais os limites do Judiciário em relação a julgar se Carlos estava ou não correto? Nos dias atuais, o ato de reduzir alguém à condição análoga à de escravo é tipificado como crime pelo art. 149 do Código Penal Brasileiro, ele estabelece que “Reduzir alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de doisa oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2º A pena é aumentada de metade, se o crime for cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. 1” Simplificando o que o artigo quer nos passar é que reduzir um indivíduo em um tipo de objeto onde o mesmo perde suas vontades, sua personalidade e acima de tudo, sua liberdade. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, desde o ano de 2006, ele tem reconhecido que a competência para o julgamento de um crime de redução do trabalhador à condição análoga https://www.terra.com.br/noticias/educacao/punicao-para-fraude-academica-inclui-perda-de-titulo-ate-ressarcimento https://www.terra.com.br/noticias/educacao/punicao-para-fraude-academica-inclui-perda-de-titulo-ate-ressarcimento https://g1.globo.com/espirito-santo/educacao/noticia/mais-de-100-professores-do-es-sao-processados-por-usarem-diplomas-fal%20sos.ghtml https://g1.globo.com/espirito-santo/educacao/noticia/mais-de-100-professores-do-es-sao-processados-por-usarem-diplomas-fal%20sos.ghtml 22 à de escravo é da Justiça Federal. Assim, escolheu-se trabalhar com a jurisprudência a respeito do conceito de trabalho escravo no âmbito dos Tribunais Regionais Federais porque desde o ano de 2006, o Supremo Tribunal Federal tem reconhecido que a competência para o processamento do crime de redução do trabalhador à condição de escravidão o é da Justiça Federal, em razão do crime ser praticado contra a organização do trabalho (art. 109, inciso VI, CRF/88). Nesse sentido, apesar de topograficamente inserido no Capítulo VI do Código Penal, que trata dos crimes contra a liberdade pessoal individual, na Seção I, destinada aos crimes contra a liberdade pessoal, em razão da previsão normativa constante no art. 149, CPB, que expressamente estabelece modalidades executivas relacionadas à tutela da dignidade da pessoa humana, prevalece no STF o entendimento a partir do qual a redução do trabalhador à condição análoga à de escravo gera prejuízos não só ao trabalhador vitimado, mas também a toda a sociedade, sendo, portanto, considerado como um crime contra a organização do trabalho, o que justifica a competência para o processamento criminal ser da Justiça Federal. Para entendermos melhor sobre este caso da questão, podemos trazer a memória casos reais que ocorrem no Brasil até o dia de hoje, mesmo após a assinatura da Lei Aurea, quando a princesa Isabel decretou a abolição da escravidão no Brasil, há mais de 133 anos. Tendo conhecimento desses casos noticiados e tratados pela Justiça já teríamos o embasamento na prática de como se dá a tratativa deste tipo de crime. Um exemplo que podemos citar é de quando o ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa diz que a jurisprudência e a gravidade do trabalho escravo para a sociedade, tem que ser conhecida e julgada pela competência da Justiça Federal, para que a mesma possa processar e julgar ação penal relativa ao crime de exploração de trabalho escravo, previsto no artigo 149 do Código Penal. O Ministro proferiu esse voto-vista no julgamento do Recurso Extraordinário 459.510, interposto pelo Ministério Público Federal contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região — que remeteu para a Justiça de Mato Grosso denúncia de trabalho escravo na Fazenda Jaboticabal. O julgamento em seguida foi suspenso por pedido de vista do ministro Dias Toffoli. Segundo os autos, o Grupo de Fiscalização do Ministério do Trabalho encontrou 53 trabalhadores em situação degradante na Fazenda Jaboticabal. Os empregados estavam alojados em locais precários, sem a mínima condição de higiene, iluminação, local adequado para cozinhar, sanitários, alimentação saudável, assistência médica e água potável, trabalhavam sem equipamento de segurança e estavam expostos a intempéries e acidentes de trabalho. O ex-presidente do STF afirmou que o caso em questão não difere do julgado pelo Supremo no RE 398.041, que se refere a uma denúncia de trabalho escravo no Pará. Na ocasião, a maioria dos ministros decidiu que a competência para julgar esse crime é da Justiça Federal. Após esse julgamento, o mesmo afirma que se aprofundou muito o combate ao trabalho escravo no país e que o resultado disso seria promissor. 23 O mesmo avaliou que a sociedade brasileira se convenceu de que a manutenção da competência da Justiça Federal nesses casos é essencial para a segurança jurídica e o desenvolvimento social no país. Para o ex-presidente do STF, a prática de redução à condição análoga à de escravo, tipificado no artigo 149 do Código Penal, caracteriza-se como crime contra organização do trabalho, o que atrai a competência da Justiça Federal, conforme o inciso VI do artigo 109 da Constituição Federal. “O trabalho escravo afronta princípios fundamentais da Constituição e toda sociedade em seu aspecto moral e ético”. No caso de Andrea, onde vemos o caso de divergência relacionada a sua resposta no tocante à questão do concurso, na qual a mesma respondeu com a resolução correta, porém não ia de acordo com o entendimento da banca. A nulidade poderia ser aplicada neste caso, pois a nulidade é a ineficácia do ato ou relação processual, causada pela não observância da lei, neste caso podemos observar que a banca não se atentou que a resposta de acordo com a lei vigente seria Justiça Federal. A nulidade pode ser absoluta, quando a grave violação à lei torna o vício insanável, ou relativa, quando torna o ato apenas anulável, possibilitando que o vício seja suprido pelas partes. Essa afirmativa se fundamenta nos artigos 276 a 283, todos do Código de Processo Civil e nos artigos 563 a 573, todos do Código de Processo Penal. A revogação no caso seria a modalidade de extinção de ato administrativo que ocorre por razões de oportunidade e conveniência, neste sentido também pode ser aplicado no caso de Andrea. A Administração Pública pode revogar um ato quando entender que, embora se trate de um ato válido, que atenda a todas as prescrições legais, não está de acordo com, ou não atende adequadamente ao interesse público no caso concreto, pois o caso de julgar as condições análogas a escravidão seria sim da Justiça Federal. Por ter por fundamentos a oportunidade e conveniência, a revogação de um ato administrativo somente poderá ser feita pela própria Administração Pública, sendo vedado ao Poder Judiciário esta apreciação. O primeiro passo para a Andreia ganhar essa questão seria a mesma recorrer ao Recurso administrativo, que por definição para entendermos melhor do que se trata é basicamente Recurso pleiteado contra decisão administrativa, por servidor ou terceiro legitimado nos termos da Lei de Processo Administrativo Federal, Lei nº 9.784/99, com o condão de submeter a questão suscitada a reavaliação, tanto em aspectos legais quanto de mérito.- A primeira coisa a se fazer nesse caso é pedir a anulação da questão através desse meio de recurso administrativo citado. Esse é um direito básico de todo candidato que participa de um certame possui e isso está previsto antes do mesmo se submeter a qualquer exame. Por isso, é imprescindível para Andreia ou para qualquer pessoa que se submeta a esse tipo de concurso público estar atento ao edital e conferir todas as suas informações, pois a execução do concurso público deve estar de acordo com as regras dispostas nele. Conhecer a lei e ser curioso com certeza nos traz muitos esclarecimentos sobre nossos direitos e deveres em muitas situações adversas. 24 Sendo mais teórico e indo para a base, a introdução,e falando dos Princípios Do Direito Administrativo, temos o primeiro princípio que é o da Legalidade, em definição ele vai representar a subordinação da Administração Pública à vontade popular, dessa maneira o exercício da função administrativa não pode ser pautado pela vontade da Administração ou dos agentes públicos, a Administração Pública só pode praticar as condutas autorizadas em lei. O princípio da legalidade também deve ser observado sob a ótica do Direito Administrativo, que é o que estamos estudando aqui. Consoante art. 37, caput do texto constitucional “a Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Tendo conhecimento destes princípios podemos prosseguir para a questão da legalidade na questão administrativa que poderia ser movida por Andreia. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou que a anulação de questões de concurso só é possível em caso de flagrante de ilegalidade, que é o que fere a legalidade. Essa posição então nos diz que a anulação de questões de concurso público pela via judicial só é possível em casos de flagrante ilegalidade. Citando um exemplo que não ocorre a ilegalidade para exemplificar e debater com o que estamos analisando, o colegiado do STJ manifestou esse entendimento que a anulação de questões de concurso só é possível em caso de flagrante de ilegalidade, ao rejeitar um recurso que buscava anular duas questões de um certame realizado em 2009 para a carreira de policial rodoviário federal. Os recorrentes alegaram que uma questão não tinha resposta correta e a outra não estava prevista no edital. A autora do voto vencedor, ministra Assusete Magalhães, destacou que em ambos os casos não há, de plano, comprovação de ilegalidade, o que inviabiliza a interferência do Poder Judiciário. Para a ministra, não se trata de exame de legalidade do certame, mas sim de inconformismo dos recorrentes com o poder discricionário da banca examinadora quanto à elaboração de questões. Os pareceres técnicos juntados aos autos – alguns divergentes quanto à resposta de uma das questões – não podem ser utilizados para justificar a anulação judicial, segundo o entendimento da ministra. “Não pode o Poder Judiciário, munido de um parecer técnico – no caso, colhido unilateralmente pelos autores –, sobrepor-se à conclusão da banca examinadora. É fazer valer peso maior aos critérios do expert da parte ou do juízo, em detrimento dos da banca examinadora”, disse Assusete Magalhães. A ministra lembrou que há tempo a jurisprudência do STJ entende que o Judiciário deve apenas apreciar a legalidade do certame, “sendo-lhe vedado substituir-se à banca examinadora para apreciar os critérios utilizados para a elaboração e correção das provas, sob pena de indevida interferência no mérito do ato administrativo”. Ela observou que o próprio fato de a controvérsia 25 demandar parecer técnico especializado significa que os erros alegados não são de fácil comprovação. STF Assusete Magalhães destacou que após o início do julgamento do presente recurso, em 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, em regime de repercussão geral, que não cabe ao Judiciário interferir nos concursos para anular questões quando não há ilegalidade patente. Após a decisão do STF, segundo a magistrada, foi reforçada a tese de que a interferência do Judiciário nos editais é mínima. Na continuação do julgamento, após o voto-vista da ministra, todos os demais membros da Primeira Seção votaram com a divergência, para rejeitar o recurso e manter a decisão que considerou válidas as questões e as soluções dadas pela banca examinadora. Neste caso, de Andreia caberia sim aplicar a ilegalidade do fato, tendo ciência que em lei o caso de escravidão é sim de competência da Justiça Federal e pode ser comprovado por lei, não cabendo interpretação contrária da banca, pois dessa maneira a mesma estaria indo contra a jurisprudência nacional. Por ter por fundamentos a oportunidade e conveniência, a revogação de um ato administrativo somente poderá ser feita pela própria Administração Pública, sendo vedado ao Poder Judiciário tal apreciação. Por fim, a ilegalidade pode ser constatada quando a alternativa considerada pela Banca Examinadora estiver flagrantemente errada. Em outras palavras, quando o erro é grosseiro, o Poder Judiciário pode intervir e anular a questão. Como é o caso da questão que se trata da condição análoga à escravidão. Há casos em que a pergunta apresenta duas alternativas corretas ou até mesmo todas incorretas. Nestes casos, a ilegalidade existe e viabiliza a anulação. Por isso, é imprescindível estar atento ao edital e conferir todas as suas informações, pois a execução do concurso público deve estar de acordo com as regras dispostas nele. REFERÊNCIAS Lei Áurea: 133 depois, Brasil ainda convive com trabalho análogo à escravidão. Humanista,2020. Disponível em: https://www.ufrgs.br/humanista/2021/05/13/lei-aurea-133- depois-brasil-ainda-convive-com-trabalho-analogo-a-escravidao/ Código Penal Brasileiro, 1940 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Curso de Direito Administrativo. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. 2 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 3 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002. https://www.ufrgs.br/humanista/2021/05/13/lei-aurea-133-depois-brasil-ainda-convive-com-trabalho-analogo-a-escravidao/ https://www.ufrgs.br/humanista/2021/05/13/lei-aurea-133-depois-brasil-ainda-convive-com-trabalho-analogo-a-escravidao/ 26 4 SUNDFELD, Carlos Ari. Discricionariedade e Revogação do Ato Administrativo. Revisa de Direito Público. São Paulo, v. 79, p.132-138, 1986. QUESTÃO 05 Antônio está terminando o Curso de Administração. Ele não sabe muito bem qual o caminho a seguir. A todo momento os seus pais dizem que ele deveria fazer um concurso público e buscar alguma estabilidade. Por outro lado, ele vê o sucesso de alguns colegas na iniciativa privada. Ajude Antônio e escreva um estudo detalhado, indicando vantagens e desvantagens nas carreiras escolhidas. Aborde temas como: a) Direito e deveres dos servidores públicos b) Dificuldade de ingresso nas seleções de emprego e concursos públicos c) Remuneração recebida em atividades similares no setor público e privado, analisando as várias possibilidades dentro da hierarquia. d) As garantias concedidas aos servidores públicos e empregados de empresas privadas. e) A possibilidade de reconhecimento profissional pelo trabalho desempenhado. f) A possibilidade de variação de remuneração pelos critérios de produtividade. g) Estabilidade do servidor público versus expectativas no âmbito privado. h) Aposentadoria no regime geral da previdência e dos servidores públicos (condições, garantias e direitos). Para darmos início a essa discussão, primeiramente podemos analisar os prós e os contras de se trabalhar na iniciativa privada e de se ter um cargo público. De antemão Antônio tem que saber exatamente que profissão deseja seguir, mesmo que isso seja difícil para alguém da área da Administração pois há muitos caminhos que podemos seguir nesse meio. Se optar pela área pública, o mesmo vai se deparar com um difícil caminho pela frente, que seria se preparar para prestar concursos públicos. Sabemos que atualmente o Brasil se depara com um cenário incerto para quem deseja fazer concurso, haja vista muitas crises e reduções no número de concursos, porém estudar sempre é um investimento a longo prazo, ainda mais tendo em conta que os concursos são sempre muito concorridos. Se pensarmos pelo ponto de vista da carreira, a grande vantagem de passar em um concurso públicoé a estabilidade. O servidor público terá um padrão de vida com tranquilidade em momentos de crises, como estamos vivendo agora. Podemos ver isso pelo fato de que nenhum servidor público foi demitido por conta da crise atual, enquanto 14 milhões de trabalhadores privados estão desempregados. A escolha pela 27 carreira pública não é tão fácil e necessita dos candidatos muitas habilidades, podemos citar inicialmente a base educacional, se André tiver tido uma boa base educacional, se tiver se dedicado ao máximo durante a faculdade de Administração, já pode almejar grandes conquistas nesse meio. Em controvérsia se não se dedicaram tanto e agora pretende passar em um concurso público, terá que se dedicar com mais intensidade para conseguir uma aprovação. O tempo de preparação necessário à aprovação em concurso público também conta bastante, André terá esse tempo para se dedicar ao estudo e acompanhar os editais? Ou terá que começar a trabalhar para se sustentar? A média para ser aprovado varia entre 2 e seis anos, dependendo do cargo que se almeja. Por fim, é importante que André se interesse pela carreira que deseja trilhar. Passar em um concurso público não é o fim como muitos acham que estarão pra sempre na mesmice, mas o início de uma vida profissional. Por isso, é fundamental ter interesse pela profissão. Salientando mais uma vez e como bem sabemos, para adentrar na carreira pública, é necessário prestar um concurso anteriormente. Essa lei é prevista na Constituição de 88. Falando sobre a carreira privada, temos as formas de ingresso que seriam as conhecidas entrevistas, processos seletivos, dinâmicas em grupos e indicações fazem parte de todo o processo de contratação. Uma das vantagens que faz com que muitas pessoas optem pela carreira privada é o menor número de burocracia, a flexibilidade do meio privado atrai pessoas que querem empreender e que são adaptáveis a mudanças repentinas ou em longo prazo. Em relação ao setor privado, a qualificação nem sempre pode significar um abono, porém, você pode mudar de área a partir delas. De qualquer maneira, vagas com altos salários em grandes organizações exigem, na maioria das vezes, alta qualificação. Há também quem defenda as vantagens de ter o próprio negócio ou do trabalho em uma empresa privada. Na iniciativa privada André terá uma rotina diferente em relação a pública, podemos citar: uma rotina instável, mas também terá possibilidade de ganhar muito dinheiro, lidar com a alta competitividade, flexibilidade na sua carreira, em relação a férias, terá uma maior dificuldade em tirá-las e se trabalhar com um grande fluxo de clientes terá que estão a postos para atendê-los qualquer horário. Ele terá que ponderar o que é mais vantajoso para ele. Quanto ao salário, além do pagamento inicial dos concursados ser razoavelmente maior em relação a algumas vagas no setor privado, nos cargos públicos ele é definido por lei. Os aumentos dependem da progressão descrita no plano de carreira, além disso, outros tipos de reajustes dependem da legislação. Para quem prefere a rotina do setor privado, os salários tendem a ultrapassar limites que são impostos aos cargos públicos, porém, ele é estabelecido pelo empregador — de acordo 28 com o piso da categoria ou o salário mínimo — podendo ser negociável dependendo da experiência e valorização do profissional. É importante destacarmos que nem sempre feriados e férias são acessíveis para quem abre o próprio negócio ou trabalha para uma empresa privada (lembrando que o planejamento para tal é essencial para manter a qualidade de vida e a satisfação pessoal e profissional). Em compensação, na administração pública o horário, geralmente predefinido, tende a ser mais respeitado. A demissão também é um ponto muito discutido na hora de escolher entre carreira pública e privada, como já destacamos, a primeira é famosa pela estabilidade e, por isso, a demissão só acontece em casos de processos administrativos, já nos cargos regidos pela CLT, a demissão sem justa causa é autorizada, desde que os encargos para que sejam pagos. Escolher seguir a carreira pública ou privada depende das questões levantadas, como o salário, a estabilidade, o plano de carreira, entre outras. Enfim, não há a carreira melhor ou pior e sim aquela que mais se encaixa no perfil pessoal e profissional de cada pessoa. Atualmente os servidores públicos possuem vários direitos, mas também possuem uma série de deveres, isso é essencial para o bom desempenho de seu cargo e o regular funcionamento dos serviços públicos. De modo geral, pode-se dizer que os servidores públicos têm os mesmos direitos reconhecidos aos cidadãos, porém com certas restrições exigidas para o desempenho da função. Por exemplo, a Lei de Improbidade Administrativa diz que constitui ato de improbidade qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. Entre os principais deveres do servidor público, está a lealdade às instituições públicas, que exige do servidor maior dedicação ao serviço e o integral respeito às leis e às instituições. O dever de obediência impõe ao servidor o acatamento às ordens legais de seus superiores e sua fiel execução. O dever de conduta ética decorre do princípio constitucional da moralidade administrativa e impõem ao servidor jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Ainda existem outros deveres do servidor público, como: exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; ser leal às instituições a que servir; observar as normas legais e regulamentares; cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; atender com presteza: ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas às protegidas por sigilo; aos requerimentos de certidão para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; às requisições para a defesa da Administração Pública; levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; zelar pela economia de material e pela http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm https://concursos.adv.br/improbidade-administrativa 29 conservação do patrimônio público; guardar sigilo sobre assuntos de natureza confidencial a que esteja obrigado em razão do cargo; manter conduta compatível com a moralidade administrativa; ser assíduo e pontual ao serviço, inclusive comparecendo à repartição em horário extraordinário, quando convocado; tratar com urbanidade as pessoas; representar contra ilegalidade ou abuso de poder. Além disso, os servidores públicos são proibidos de algumas condutas, das quais podemos citar: ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização dos superiores; atribuir a outro servidor o desempenho de função estranha a seu cargo, exceto em situações emergenciais e transitórias; coagir ou aliciar subordinados para filiação sindical ou partidária; receber propina, comissão, presente ou qualquer vantagem pela abstenção ou prática regular de suas atribuições; utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviço ou atividades particulares; recusar fé a documentos públicos; atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; atribuir a uma pessoa estranha à repartição o desempenho de função de sua responsabilidade ou de seu subordinado, entre outras. A seguir veremos algumas penalidades que o mesmo pode sofrer caso cometa algum destes atos: advertência: será sempre aplicada por escrito e deverá constar do assentamento individual do servidor e se destina à punição pela prática de transgressão disciplinar de natureza leve. Suspensão: não excederá
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