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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE MATERIAIS ENG02002 MATERIAIS CONSTRUÇÃO MECÂNICA I TRABALHO - FOFOS ANÁLISE METALOGRÁFICA DE AMOSTRAS DE FERRO FUNDIDO BRUNA DOS SANTOS BOLL RÉGIS SOUZA GRUPO H Porto Alegre 2021 BRUNA DOS SANTOS BOLL RÉGIS SOUZA ANÁLISE METALOGRÁFICA DE AMOSTRAS DE FERRO FUNDIDO Trabalho apresentado em 2021/1 como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina de Materiais de Construção Mecânica I do curso de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Prof. Marcelo Mabilde Porto Alegre 2021 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Processo de lixamento de amostra, rotação. (Fonte: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4313798/mod_resource/content/1/APOSTILA_META LOGRAFIA.pdf). ..........................................................................................................................8 Figura 2 - Amostra 13 sem ataque e com ampliação de 100x. Não apresenta grafita, porém está bastante carregada de inclusões. Sugere ferro fundido branco. ...................................................11 Figura 3 – Amostra 13 atacada quimicamente e com ampliação de 1000x. Microestrutura contendo dendritas de perlita envoltas por ledeburita (tubos de perlita sobre uma matriz de cementita). Sugere ferro fundido branco hipoeutético. ...............................................................12 Figura 4 – Amostra 13 identificada como Ferro Fundido Branco Hipoeutético com concentração de carbano abaixo de 4,3%C. ......................................................................................................13 Figura 5 - Amostra 150 polida, sem ataque químico e com ampliação de 100x. Apresenta nódulos esféricos de grafita. Sugere ferro fundido nodular. . .....................................................14 Figura 6 - Amostra 150 atacada quimicamente e com ampliação de 500x. Microestrutura contendo nódulos esféricos de grafita e com fundo de martensita. Assim, sendo nodular temperado e revenido. . ...............................................................................................................15 Figura 7 - Amostra 08 sem ataque químico e com ampliação de 100x. Apresentando nódulos de grafita na forma rendilhada. . ......................................................................................................16 Figura 8 - Amostra 08 com ataque químico e com ampliação de 100x. Apresentando nódulos de grafita na forma rendilhada. . ......................................................................................................17 Figura 9 - Amostra 08 atacada quimicamente com ampliação de 200X. Sugere FoFo Maleável de Núcleo Branco. . .....................................................................................................................18 Figura 10 - Amostra 27 com ampliação de 100x antes do ataque químico. Apresenta grafita em veios do tipo D. ............................................................................................................................19 Figura 11 – Amostra 27 atacada quimicamente e ampliada 1000X (imagem acrescentada conforme orientação do professor). Sugere-se ferro fundido mesclado. .....................................20 Figura 12 – Amostra 84 sem ataque químico. Veios de grafita uma mistura dos tipos A e B. ...21 Figura 13 – Amostra 84 atacada quimicamente. Sugere-se ferro fundido cinzento. ...................21 Figura 14 – Amostra 84 atacada quimicamente com ampliação de 500X. .................................22 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Tabela dos Resultados (Fonte: Os Autores). ..............................................................25 SUMÁRIO RESUMO.......................................................................................................................... 6 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 7 2 OBJETIVO .................................................................................................................. 7 3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ...................................................................... 8 3.1 LIXAMENTO ......................................................................................................... 8 3.2 POLIMENTO .......................................................................................................... 8 3.3 ATAQUE QUÍMICO .............................................................................................. 9 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 10 4.1 AMOSTRA 13 ....................................................................................................... 10 4.2 AMOSTRA 150 ..................................................................................................... 13 4.3 AMOSTRA 08 ....................................................................................................... 16 4.4 AMOSTRA 27 ....................................................................................................... 18 4.5 AMOSTRA 84 ....................................................................................................... 20 5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 25 RESUMO Ferros fundidos são ligas de ferro-carbono-silício, com mais de 2,4% de carbono, que apresentam diferentes composições e passam pela reação eutética durante a solidificação. Podem apresentar cinco diferentes microestruturas dependendo da composição, tratamentos térmicos, presença de outros componentes, etc. Estas microestruturas são classificadas como: ferro fundido branco, cinzento, maleável, nodular e vermicular, podendo ainda aparecer como mesclado entre ferro fundido branco e cinzento. Cada microestrutura tem diferentes características físicas, incluindo dureza, resistência à abrasão e comportamento térmico, desta forma, as suas aplicações também são variadas. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é avaliar micrografias de cinco diferentes amostras de ferro fundido para inferir sobre suas microestruturas e propriedades. INTRODUÇÃO Atualmente o ferro fundido é um dos materiais com maior relevância e aplicabilidade na indústria principalmente devido ao seu baixo custo aliado a propriedades mecânicas bem definidas. Os avanços em relação aos tratamentos térmicos e adição de elementos de liga permitiram uma maior flexibilização no uso desse produto siderúrgico ao longo do tempo. De modo geral, os ferros fundidos possuem baixo ponto de fusão, boa resistência à compressão e menor consumo de refratários e de combustível. Em contrapartida, entretanto, podem apresentar algumas desvantagens por serem frágeis e quebradiços, e possuírem baixa resistência à tração e à flexão. Desta forma, é essencial para um engenheiro mecânico possuir o domínio acerca das suas estruturas, propriedades, processos de fabricação e tratamentos térmicos, afim de emprega-los em projetos de modo tal a otimizar a sua aplicação. Assim como nos aços, os ferros fundidos podem passar por tratamentos térmicos que impactam na melhoria das suas propriedades mecânicas, cujos fatores determinantes são a velocidade de resfriamentoe a composição química. Desse modo, a análise das microestruturas presentes e seus elementos químicos constituintes faz-se necessária para a determinação do tipo de ferro fundido que está sendo produzido, ou empregado, afim de aplica-lo da melhor maneira possível ao fim de interesse. 2 OBJETIVO Devido à importância do conhecimento dos seus constituintes, a fim de classificá-los corretamente e, assim, assegurar o emprego do tipo de ferro fundido mais adequado para as necessidades de projeto, é imprescindível possuir o domínio sobre os processos de sua análise e classificação. A importância de uma boa análise e classificação será percebida nos resultados alcançados no emprego desses materiais, dadas as peculiaridades das suas aplicações. Assim, no decorrer do presente trabalho objetivou-se a partir da análise das amostras aprofundar, de maneira prática, os conhecimentos teóricos obtidos ao longo do semestre dissecando cada categorização de ferro fundido juntamente com suas estruturas, propriedades, processos de fabricação e tratamentos térmicos. 3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3.1 LIXAMENTO O processo de lixamento da superfície é de extrema importância, pois é com ele que a amostra fica livre de imperfeições e pronta para ser analisada. Essa etapa da análise metalográfica é longa e precisa ser realizada com muita cautela, pois os resultados finais da amostra dependem de como ela foi efetuada. Caso a peça a ser analisada continue com riscos ou arranhões, é necessário selecionar um corte diferente para ela. O processo tem como finalidade eliminar riscos e marcas mais profundas da superfície dando um acabamento a esta superfície, preparando-a para o polimento. Pode-se realizar dois tipos de lixamento, o manual e o automático. O lixamento manual consiste em se lixar a amostra sucessivamente com lixas cada vez mais finas, mudando-se de direção (90°) em cada processo subsequente até desaparecerem os traços da lixa anterior como na figura abaixo. De forma análoga, o lixamento automático é realizado por uma máquina. Figura 1 - Processo de lixamento de amostra, rotação. (Fonte: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4313798/mod_resource/content/1/APOSTILA_METALOGRAFIA. pdf). 3.2 POLIMENTO A finalidade do polimento é obter uma superfície plana, livre de riscos e com alta refletividade. Normalmente não é necessário que a superfície esteja totalmente sem riscos, mas estes riscos não devem atrapalhar o exame da amostra. No processo de polimento utilizou-se uma politriz LaboSystem com pano contendo alumina. A rotação da politriz foi fixada em 300 RPM enquanto o material era removido com uma precisão aproximada de 3 µm (micrômetros). O processo utiliza politrizes circulares contendo pratos metálicos ou material plástico cobertos por tecidos especiais secos ou umedecidos por soluções polidoras aquosas ou óleos. A limpeza dos panos de polimento das politrizes é essencial, para que nenhum resíduo fique neles e acabe prejudicando a análise do material no futuro. Após o polimento, com alumina, o resíduo é removido em água corrente, e após, realizada uma secagem em que se utiliza um algodão com etanol para remover água e um secador de cabelos para forçar a evaporação do etanol. 3.3 ATAQUE QUÍMICO O ataque químico é a última ferramenta de preparo da amostra para a sua caracterização, pois seu objetivo é permitir a identificação (visualização) dos contornos de grão e as diferentes fases na microestrutura, facilitando a análise final da peça. Um reagente ácido é colocado em contato com a superfície do objeto por certo tempo. O reagente causará a desgaste da superfície. Os reagentes são escolhidos em função do material e dos constituintes macroestruturais que se deseja contrastar na análise metalográfica microscópica Existem dois tipos de ataque químico, por imersão e por esfregação. O ataque por imersão tem contato com toda a peça, já o por esfregação se utiliza um cotonete para tratar somente a área que irá ser analisada. Independentemente de qual dos métodos será utilizado, existe um tempo ótimo para deixar a peça sobre ataque químico, após esse tempo óxidos começam a serem formados. Quando os contornos dos grãos da amostra são atacados quimicamente não refletem luz, deixando-os mais escuros e facilitando a visualização dos grãos do material. No ataque químico realizado no trabalho, fora utilizado o reativo Nital, que é uma mistura composta de ácido nítrico e álcool etílico, na proporção de 2% de HNO₃ e a amostra foi imersa superficialmente durante aproximadamente 3 segundos, tal ataque também pode ser realizado com picral 4%. Após a finalização do processo, a amostra é mergulhada em água para remover o ácido e depois seca. O processo de secagem ocorre de forma similar ao do polimento, porém deixando no mínimo um plano entre o secador e a peça. Isso para reduzir as chances de obter manchas de secagem na amostra que dificultam a visualização da amostra de modo microscópico. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Nesta seção serão apresentadas e discutidas as micrografias das amostras de ferros fundidos objetivando-se obter a completa caracterização em relação a microestrutura presente na amostra e consequente categorização do ferro fundido em questão. Ao longo das subseções as discussões se darão no sentido de, a partir da análise metalográfica, identificar e compreender as peculiaridades referentes a estrutura e propriedades dos ferros fundidos branco, cinzento, mesclado, maleável e nodular. A metodologia de análise adotada irá se pautar nas peculiaridades microestruturais de cada categoria de ferro fundido. Assim, ao se analisar uma microscopia de ferro fundido com o objetivo de obter sua caracterização metalográfica deve-se primeiramente verificar se há presença ou não de grafita na amostra. Em caso positivo, deve-se identificar a morfologia da grafita, categorizando-a como grafita em veios, em nódulos rendilhados ou em nódulos esféricos. A presença de grafita em veios indica a possibilidade de a amostra tratar-se de um ferro fundido cinzento ou mesclado, a depender da presença ou não de ledeburita em sua microestrutura. Onde a presença de ledeburita caracteriza o ferro fundido mesclado, enquanto a ausência caracteriza o ferro fundido cinzento. Caso a presença de grafita seja na forma de nódulos rendilhados tratar-se-á de um ferro fundido maleável. Já, se a os nódulos presentes forem esféricos, então a amostra poderá ser categorizada como ferro fundido nodular. Por fim, caso não haja a presença de grafita na microestrutura a amostra poderá ser categorizada como ferro fundido branco, desde que se trate definitivamente de um ferro fundido. Por fim, ao final da seção os resultados obtidos para cada uma das amostras serão unificados para uma discussão completa acerca da caracterização, propriedades e comportamento dos ferros fundidos. Para isso, em conjunto com as análises obtidas ao longo das discussões que seguem nas subseções seguintes, se valerá da comparação com a abordagem teórica proveniente das bibliografias de referência. 4.1 AMOSTRA 13 Inicialmente foi analisada a amostra 13 sem ataque químico, com ampliação de 100x, conforme ilustrado na figura 2. Figura 2 - Amostra 13 sem ataque e com ampliação de 100x. Não apresenta grafita, porém está bastante carregada de inclusões. Sugere ferro fundido branco Como não é possível observar a existência de grafita na microestrutura, possivelmente a amostra apresentada corresponde a um ferro fundido branco. A ressalva quanto a confirmação, entretanto, pauta-se na possibilidade de a amostra em questão (quando analisada somente a partir da figura 2) não se tratar de um ferro fundido e sim de outro material, como aço e alumínio, por exemplo, que não apresentam grafitaem sua constituição. Porém, com a subsequente análise da amostra atacada quimicamente poderemos observar a presença ou não da estrutura chamada de ledeburita que irá definir se a amostra em questão é um ferro fundido branco. Ainda, pode-se notar na figura 2 que a amostra apresenta quantidade significativa de porosidade e inclusões, possivelmente oriundas de um processo de fabricação de baixo custo, ou ainda, arrancamento de material durante o lixamento e o polimento. Normalmente, as inclusões em ferros fundidos aparecem em uma quantidade consideravelmente maior do que nos aços, uma vez que o ferro fundido é um produto siderúrgico mais barato e de menor qualidade quando comparado ao aço. Essas inclusões indesejadas são geralmente provenientes de escórias nos fornos e diminuem a qualidade das propriedades mecânicas do ferro fundido, podendo também afetar propriedades como usinabilidade. A figura 3 abaixo apresenta a amostra 13 atacada quimicamente e com ampliação de 1000x, afim de obter-se uma completa visualização dos detalhes e microconstituintes presentes na microestrutura da amostra. Figura 3 – Amostra 13 atacada quimicamente e com ampliação de 1000x. Microestrutura contendo dendritas de perlita envoltas por ledeburita (tubos de perlita sobre uma matriz de cementita). Sugere ferro fundido branco hipoeutético. A partir da análise da amostra atacada, percebe-se a presença de dendritas de perlita envoltas por ledeburita, tubos de perlita sobre uma matriz de cementita, o que caracteriza os ferros fundidos hipoeutéticos. Assim, podemos categorizar a amostra como sendo um ferro fundido branco hipoeutético. A ledeburita característica dos ferros fundidos brancos e mesclados forma-se em ligas de Fe-C contendo entre 2,11% e 6,67% de carbono em sua composição. É uma estrutura eutética apresentada morfologicamente na forma de bastonetes ou tubos de perlita em uma matriz de cementita. O ferro fundido branco possui o nome oriundo da aparência, esbranquiçada, da superfície de fratura, e é obtido através de um resfriamento rápido, realizado normalmente em moldes metálicos conhecidos como coquilha, impedindo a formação de grafita. As principais características do ferro fundido branco são a elevada dureza e resistência ao desgaste. Assim, é empregado como cilindro de laminação, bolas de moagem, cabeças de britadores, placas sujeitas a desgaste e demais aplicações que requerem elevada dureza. Na figura 4 abaixo podemos observar estruturas tipo agulhas característica de materiais hipereutéticos, apesar dessa amostra ser um ferro fundido branco hipoeutético a presença dessas estruturas nos indica que o mesmo possui significativa concentração de carbono, ressaltando que abaixo de 4,3 %C pois ainda é um hipoeutético, como palpite estimamos entre 3 %C e 4,3 %C. Figura 4 – Amostra 13 identificada como Ferro Fundido Branco Hipoeutético com concentração de carbano abaixo de 4,3%C. 4.2 AMOSTRA 150 A figura 5 abaixo apresenta a amostra 150 polida, sem ataque químico e com ampliação de 100x. A análise da imagem revela a presença de grafita na forma de nódulos esféricos, o que caracteriza um ferro fundido nodular, ou dúctil. O ferro fundido nodular é produzido a partir da adição de elementos de liga, como o cério e o magnésio, ao ferro fundido cinzento, e o processo de elaboração pode envolver várias etapas de controle da composição química de modo a produzir a forma desejada da grafita e contrabalancear o efeito de elementos perniciosos, como o antimônio, chumbo, titânio, telúrio, bismuto e zircônio que interferem no processo de nodularização e, por isso, devem ser eliminados ou mantidos em concentrações mais baixas possíveis. O processo de fundição deve ser corretamente controlado para garantir a eficiência do processo de esferoidização, ou nodularização, e, posteriormente, da inoculação. Figura 5 - Amostra 150 polida, sem ataque químico e com ampliação de 100x. Apresenta nódulos esféricos de grafita. Sugere ferro fundido nodular. A figura 6 abaixo apresenta a amostra 150 atacada quimicamente e com ampliação de 500x, afim de obter-se uma completa visualização dos detalhes e microconstituintes presentes na microestrutura da amostra. Figura 6 - Amostra 150 atacada quimicamente e com ampliação de 500x. Microestrutura contendo nódulos esféricos de grafita e com fundo de martensita. Assim, sendo nodular temperado e revenido. Podemos observar os nódulos de grafita em uma matriz de martensita. Assim, classificamos esse ferro fundido como sendo nodular no estado temperado e revenido, tal tempera e revenimento servem para conferir dureza e resistência mecânica ao material. O grafite em nódulos, por não interromper a continuidade da matriz tanto quanto a grafita em veio, auxilia na manutenção das propriedades mecânicas, especialmente a resistência, e propicia boas propriedades elétricas e magnéticas, enquanto a matriz metálica proporciona tenacidade e ductilidade. A característica mais importante, entretanto, relacionada com a resistência mecânica, é o limite de escoamento que é mais elevado no ferro fundido nodular do que no ferro cinzento, maleável e mesmo nos aços-carbono comuns (sem elementos de liga). Desse modo, os ferros fundidos nodulares são vastamente empregados em válvulas, corpos de bombas, engrenagens, carcaças de sistemas de guias, tubos alimentadores, tubos e juntas de tubos para escapamento e demais componentes de grande solicitação e precisão requerida. 4.3 AMOSTRA 08 A figura 7 abaixo apresenta a amostra 08 polida, sem ataque químico e com ampliação de 100x. Mesmo sem o ataque químico ser feito é possível observar que se trata de um ferro maleável. É possível dizer isso por causa do fundo de ferro branco e os núcleos de grafita rendilhada, característica do ferro maleável. Figura 7 - Amostra 08 sem ataque químico e com ampliação de 100x. Apresentando nódulos de grafita na forma rendilhada. Na figura 8abaixo, que apresenta a amostra após o ataque químico, podemos observar melhor a grafita rendilhada, característica do ferro fundido maleável. Figura 8 - Amostra 08 com ataque químico e com ampliação de 100x. Apresentando nódulos de grafita na forma rendilhada. Na figura 9 abaixo podemos caracterizar esse FoFo como maleável de núcleo branco, ou FoFo maleável Europeu, que para peças de grande espessura, que é o nosso caso, possui periferia de ferrita e núcleo composto de perlita, ferrita e grafita rendilhada. A matriz observada tem estrtura perlítica. O processo de obtenção desse FoFo maleável de núcleo branco se dá através da descarbonetação, no qual o carbono do FoFo branco é eliminado por oxidação (CO e CO2) junto a periferia da peça para onde migra por difusão. O Ferro Maleável é muito utilizado para a fabricação de hastes de conexão, engrenagens de transmissão, bielas, conexões de tubos, dentre outros. Figura 9 - Amostra 08 atacada quimicamente com ampliação de 200X. Sugere FoFo Maleável de Núcleo Branco. 4.4 AMOSTRA 27 A análise inicial foi executada a partir de uma imagem microscópica (figura 10) da amostra 27 sem ataque químico, a uma ampliação de 100x. Com uma observação bem direta da imagem da amostra já é possível perceber veios pretos de grafita espalhados por toda a área. A presença de grafita já descarta a possibilidade de essa amostra ser de um ferro fundido branco e a forma na qual ela se encontra também elimina a possibilidade de ser um ferro fundido nodular ou maleável. A partir dessas eliminações tem-se que a amostra é referente a um ferro fundido cinzento ou mesclado. A grafita encontrada na amostra sinaliza um alto teor de silício, que é o elemento grafitizante mais comumente encontrado nos ferros fundidos, e uma taxa de resfriamento baixa, dando tempo para a formaçãoda grafita. Essa baixa taxa de resfriamento pode ser originada pela natureza do molde, tendo como exemplo um molde de areia, ou pode ser ocasionada pelo tamanho da peça, já que quanto maior ela for mais lento será o resfriamento. O silício foi anteriormente citado como o elemento grafitizante mais comum nos ferros fundidos, mas isso não significa que ele é o único presente na amostra. Outros elementos grafitizantes que podem estar presentes são o alumínio, o cobre e o níquel. Ainda é possível a presença de elementos cuja presença age de forma a impedir ou dificultar a formação de grafita, como o manganês, o crômio e o molibdênio. Caso esses últimos se encontrem na amostra certamente estão em quantidade muito menores do que os elementos grafitizantes. Figura 10 - Amostra 27 com ampliação de 100x antes do ataque químico. Apresenta grafita em veios do tipo D. Os veios encontrados nessa amostra podem ser classificados como do tipo D que são veios pequenos e curtos agrupados preenchendo o espaço interdendrítico (orientados ao acaso). Para poder diferenciar um ferro fundido cinzento de um mesclado é necessário analisar a amostra após um ataque químico (figura 11) para atestar se os seus microconstituintes possuem as características típicas do ferro fundido branco ou não. Figura 11 – Amostra 27 atacada quimicamente e ampliada 1000X (imagem acrescentada conforme orientação do professor). Sugere-se ferro fundido mesclado. Por meio desta micrografia pode-se afirmar que se trata de um ferro fundido mesclado pois se observa a presença de ledeburita na forma de tubos de perlita sobre uma matriz de cementita, característica típica dos ferros fundidos brancos. 4.5 AMOSTRA 84 Na figura 12 abaixo, com ampliação de 100x, sem ataque químico, observam-se agrupamentos de grafita em veios orientados segundo o espaço interdendrítico e regiões brancas sem grafita. A grafita se apresenta de maneira abundante, e a partir da observação desses veios de grafita podemos deduzir que esse ferro fundido pode ser cinzento ou mesclado, embora precise de mais dados para uma confirmação (análise de uma possível presença de ledeburita na microestrutura da amostra). Figura 12 – Amostra 84 sem ataque químico. Veios de grafita uma mistura dos tipos A e B. Os veios encontrados nessa amostra podem ser classificados como uma mistura dos tipos A e B, já que boa parte deles apresenta orientação dispersa e ao acaso, mas ainda é possível encontrar veios com orientação radial em forma de rosetas. Figura 13 – Amostra 84 atacada quimicamente. Sugere-se ferro fundido cinzento. Por meio desta micrografia (figura 13) pode-se afirmar que se trata de um ferro fundido cinzento pois não se nota a presença de ledeburita, característica típica dos ferros fundidos brancos, o que elimina a hipótese desta amostra ser um ferro fundido mesclado. A imagem também não é muito clara acerca da presença de steadita. Figura 14 – Amostra 84 atacada quimicamente com ampliação de 500X. Podemos observar na figura 14 a presença de ferrita livre na amostra, em pequena quantidade. A presença de grafita, ferrita e perlita na imagem indica que o ferro fundido é do tipo cinzento de matriz hipoeutetóide. Com uma matriz análoga ao aço exceto pela presença de grafita – este um microconstituinte típico do ferro fundido cinzento. O ferro fundido cinzento tem em sua composição proporções consideráveis de silício que promovem a precipitação da grafita na forma de veios, como pode-se ver na figura 13. Dessa forma, as propriedades dos ferros fundidos cinzentos estão intimamente vinculadas ao tipo de grafita existente. Os ferros fundidos cinzentos apresentam boa resistência à compressão e à fadiga, apesar de possuírem baixa resistência à tração. Suas propriedades mecânicas podem ser controladas através da composição química e adição de elementos de liga ou velocidade de resfriamento. Os ferros fundidos cinzentos também possuem grande capacidade de absorver vibrações devido ao formato alongado dos veios de grafita que impedem a propagação de ondas. De maneira similar os aços e por causa de sua matriz, os ferros fundidos cinzentos também podem ser submetidos aos tratamentos térmicos de normalização, recozimento, têmpera e revenido a fim de obter propriedades de interesse. É recorrente o tratamento de alívio de tensões residuais, oriundas da diferença de velocidade de resfriamento no processo de fundição, que pode ocorrer de forma natural ou artificial. 5 CONCLUSÃO O objetivo do trabalho foi atingido satisfatoriamente com a avaliação das micrografias de amostras de ferro fundido antes e após tratamento químico com Nital. Foi possível observar cinco diferentes microestruturas de ferro fundido entre as amostras: branco, cinzento, mesclado, maleável e nodular. Também foram observados diferentes formatos de grafita em quatro das amostras analisadas (08, 27, 84 e 150), diferenciando estas da amostra 13, que foi identificada como ferro fundido branco. As amostras 150 (nodular) e 08 (maleável) foram classificadas pela presença de grafita no formato nodular e rendilhado, respectivamente. A amostra 84 apresentou formação de grafita nos formatos dos tipos A e B, da norma ASTM, enquanto que na amostra 27 foi observada grafita do tipo D. Ambas apresentaram microestrutura do tipo ferro fundido cinzento. Porém, na imagem da amostra 27 atacada, há indícios da microestrutura ledeburita, presente em ferros fundidos brancos eutetóides, portanto podemos classificar esta amostra como mesclada. Por fim, também foram feitos comentários sobre tratamentos térmicos a que as amostras possam ter sido submetidas, a partir da observação das microestruturas ferrítica, perlítica e martesítica na matriz observada na micrografia das amostras. AMOSTRA CLASSIFICAÇÃO GRAFITA MICROESTRUTURA 13 Ferro fundido branco hipoeutético _ Dentritas de perlita envoltas por ledeburita 150 Ferro fundido nodular em estado temperado e revenido Esférica Grafita em uma matriz de martensita 08 Ferro fundido maleável de núcleo branco Rendilhada Grafita em matriz de ferrita e perlita. 27 Ferro fundido mesclado Em veios, tipo “D” Grafita e ledeburita em matriz de cementita 84 Ferro fundido cinzento de matriz hipoeutetóide Em veios, tipos “A” e “B” Grafita em matriz perlítica, com ferrita livre REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Notas de aula do professor Marcelo Mabilde ASKELAND, Donald. R.; WRIGHT, Wendelin. J. Ciência e engenharia dos materiais – Tradução da 4a edição norte-americana. Cengage Learning Brasil, 2019. D., CALLISTER.Jr.,. W. Ciência e Engenharia de Materiais - Uma Introdução. Grupo GEN, 2020.
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