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Ensaios de Dobramento e Compressão - Revisão 07 Profa. Lucia Barbosa Página 1 FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro:________ Disciplina:_______________________ Turma:_________________ Data:___/___/___ Aluno(a):_______________________________________________Matrícula:_________ ENSAIOS MECÂNICOS – ENSAIOS DE DOBRAMENTO E COMPRESSÃO 3. DOBRAMENTO 3.1 Introdução O ensaio de dobramento fornece uma indicação qualitativa da ductilidade de um material. Por ser um ensaio de realização muito simples, ele é largamente utilizado nas indústrias e laboratórios, constando mesmo nas especificações de vários países, onde são exigidos requisitos de ductilidade para um material. ����O ensaio de dobramento não determina nenhum valor numérico (qualitativo) 3.2 Técnica do ensaio O ensaio, de um modo geral, consiste em dobrar um corpo de prova de eixo retilíneo e seção circular, tubular, retangular ou quadrada, assentado em dois apoios afastados a uma distância especificada, de acordo com o tamanho do corpo de prova, por intermédio de um cutelo, que aplica um esforço de flexão no centro do corpo de prova até que seja atingido um ângulo de dobramento α especificado. Figura 1 – (a) e (b) Esquema do ensaio de dobramento A carga, na maioria das vezes, não importa no ensaio e não precisa ser medida. O cutelo tem um diâmetro D que varia conforme a severidade do ensaio, sendo também indicado nas especificações, geralmente em função do diâmetro ou espessura do corpo de prova. A Figura 1 mostra a realização do ensaio de dobramento. A zona tracionada é a mais solicitada do corpo de prova. ����Quanto menor é o cutelo de dobramento mais severo é o ensaio A velocidade do ensaio não é um fator importante no dobramento, desde que o ensaio não seja realizado com uma velocidade extremamente alta de maneira a enquadrá-lo nos ensaios dinâmicos. O ângulo α é medido conforme mostrado na Figura 2. Esse ângulo é geralmente de 90°, 120° ou 180°. Atingido o ângulo especificado, examina-se a olho nu a zona tracionada do corpo Ensaios de Dobramento e Compressão - Revisão 07 Profa. Lucia Barbosa Página 2 de prova, que não deve apresentar trincas, fissuras ou fendas. Caso contrário, o material não passou no ensaio. Figura 2 – Visualização da determinação do ângulo de dobramento Se o corpo de prova apresentar esses defeitos ou romper antes ou quando atingir o ângulo especificado, o material também não atende à especificação do ensaio. O resultado do ensaio é dado de forma qualitativa como: aprovado/reprovado; passou/não passou; satisfatório/insatisfatório. 3.3 Processos de dobramento Há dois processos de dobramento: livre e semiguiado. A seguir serão mostradas as características de cada dum deles. a) Dobramento livre É obtido pela aplicação de carga nas extremidades do corpo de prova, sem aplicação de carga no ponto máximo de dobramento, como mostra a Figura 3. Figura 3 – Dobramento livre b) Dobramento semiguiado É obtido quando o dobramento ocorre numa região determinada pela posição do cutelo de dobramento, como mostra a Figura 4. Figura 4 – Exemplos de dobramento semiguiado c) Ensaio de dobramento em barras/vergalhões de aço para concreto armado O caso particular de dobramento em barras de aço para concreto armado é importante, devido à frequência com que esse ensaio é realizado nos diversos laboratórios de ensaios Ensaios de Dobramento e Compressão - Revisão 07 Profa. Lucia Barbosa Página 3 mecânicos, porque essas barras normalmente necessitam de dobramento na sua aplicação prática. O dobramento geralmente é do tipo semiguiado, como pode ser visto na Figura 5. Figura 5 – Configuração de ensaio de dobramento em barra de aço para concreto armado A norma brasileira EB-3 (NBR 7480) classifica as barras de acordo com o valor do limite ou tensão de escoamento nas categorias CA-25, CA-40, CA-50 e CA-60. O número 25 significa tensão de escoamento de 250MPa e respectivamente 400MPa, 500MPa e 600MPa para as barras de 40, 50 e 60. De acordo com o processo de fabricação, barras classe A (segunda letra da especificação) são laminadas a quente sem posterior deformação a frio e apresentam patamar de escoamento nítido. Na categoria mais baixa (CA-25) enquadram-se os aços mais dúcteis e, portanto, são dobrados sob cutelo de diâmetro menor que as barras de categorias mais altas, onde estão as barras mais resistentes (maiores limites de escoamento e resistência e menor alongamento). d) Ensaio de dobramento em corpos de prova soldados O ensaio de dobramento de peças soldadas tem o objetivo de qualificar a solda, o soldador ou o processo de soldagem. O dobramento pode ser livre ou semiguiado dependendo dos objetivos do ensaio. Para a verificação da qualidade da solda o dobramento é em geral semiguiado. Os corpos de prova são extraídos de tubos ou chapas soldadas e devem obedecer as dimensões estabelecidas por norma. Em geral a largura do corpo de prova é uma vez e meia a sua espessura. O ângulo de dobramento é de 180° para todos os testes. Os corpos de prova são testados tanto na face (parte mais larga do cordão de solda) quanto na raiz (parte mais estreita do cordão de solda), conforme mostrado na Figura 6. No dobramento de corpos de prova soldados é comum a determinação do alongamento do cordão de solda. O alongamento das fibras externas é medido sobre a largura da solda antes do teste, Lo. No final do teste a largura atinge um valor L, resultando para o alongamento o valor indicado na Figura 6. Figura 6 – Ensaio de dobramento em corpos de prova soldados O resultado do ensaio é novamente feito pela observação da existência ou não de fissuras e fendas na região tracionada do corpo de prova. Defeitos com dimensões acima de Ensaios de Dobramento e Compressão - Revisão 07 Profa. Lucia Barbosa Página 4 3mm de comprimento são causa para rejeição (mas deve-se observar as especificações de cada norma). Fissuras que ocorram nas arestas não são consideradas para rejeitar a solda, exceto se provenientes de inclusões ou outros defeitos internos. A solda deve ser testada em diferentes posições para efeitos de qualificação. Para soldas de topo e teste de qualificação de soldadores, o eixo do corpo de prova pode ser orientado transversalmente ou paralelamente à direção do cordão de solda. Para materiais com espessura abaixo de 12mm, os corpos de prova são testados em duas posições, com a face e com a raiz da solda em tração. Materiais com mais de 12mm de espessura normalmente são testados por flexão lateral, conforme pode ser visto na Figura 7. Figura 7 – Posições para o ensaio de dobramento em corpos de prova soldados A maioria das especificações de solda requer a execução de pelo menos dois ensaios de face, dois de raiz ou quatro ensaios laterais para cada peça com solda de topo. Para a adequada realização desse ensaio os seguintes cuidados são necessários: • Centralizar o cordão de solda; • Colocar para baixo (zona tracionada) a parte da solda que vai ser testada (face ou raiz). Os ensaios em corpos de prova soldados podem ser realizados em matrizes de dobramento, de acordo com algumas normas técnicas, como pode ser visto na Figura 8. Figura 8 – Matriz de dobramento tipo sistema macho e fêmea4. COMPRESSÃO 4.1 Introdução Muitas vezes, a principal exigência requerida para um projeto é a resistência à compressão. Nesses casos, o projetista deve especificar um material que possua boa resistência à compressão, que não se deforme facilmente e assegure boa precisão dimensional quando solicitado por esforços de compressão. Ensaios de Dobramento e Compressão - Revisão 07 Profa. Lucia Barbosa Página 5 O ensaio de compressão é o mais indicado para avaliar essas características, principalmente quando trata-se de materiais frágeis, como ferro fundido, madeira, pedra e concreto. É também recomendado para produtos acabados, como molas e tubos. 4.2 Técnica do Ensaio O ensaio de compressão consiste em um esforço axial que tende a provocar um encurtamento no corpo de prova submetido a este esforço conforme mostrado na Figura 9. Figura 9 – Esforço do ensaio de compressão Do mesmo modo que o ensaio de tração, o ensaio de compressão pode ser executado na máquina universal de ensaios, com a adaptação de duas placas lisas – uma placa fixa e outra placa móvel. É entre elas que o corpo de prova é apoiado e mantido firme durante todo o ensaio. As relações que valem para o ensaio de tração são válidas também para o ensaio de compressão. Isso significa que um corpo de prova submetido à compressão sofre uma deformação elástica e a seguir uma deformação plástica. Não é frequente o emprego do ensaio de compressão para os metais porque a determinação das propriedades mecânicas por esse ensaio é dificultada por: • Existência de atrito entre o corpo de prova e as placas da máquina; • Possibilidade de flambagem; • Dificuldade de medida dos valores numéricos do ensaio. Conforme o material a ser ensaiado seja dúctil ou frágil, as condições do ensaio variam muito. 4.3 Ensaio de compressão em materiais dúcteis Para materiais dúcteis só é possível determinar com certa precisão as propriedades referentes à zona elástica, sendo impossível medir a carga máxima atingida ou de ruptura. Um corpo de prova cilíndrico de um metal dúctil sujeito a um esforço axial de compressão tende, na zona plástica, a aumentar a sua seção transversal (aumento do diâmetro e diminuição do comprimento/altura) com o acréscimo da carga. Considerando-se a tensão real (carga dividida pela área instantânea), com o aumento da carga, essa tensão diminui, aumentando assim a resistência do material. Por essa razão, um metal dúctil não se rompe, ficando cada vez mais achatado até se transformar num disco. A Figura 10 mostra um corpo de prova de um metal dúctil (cobre, por exemplo) completamente deformado. Ensaios de Dobramento e Compressão - Revisão 07 Profa. Lucia Barbosa Página 6 Figura 10 – Visualização da deformação de um material dúctil no ensaio de compressão 4.4 Ensaio de compressão em materiais frágeis Um material frágil, como ferro fundido cinzento, não tem deformação lateral apreciável e a ruptura ocorre por cisalhamento e escorregamento, ao longo de um plano inclinado de 45°, conforme mostra a Figura 11. Figura 11 – Visualização da deformação de um material frágil no ensaio de compressão Nesse caso, pode-se determinar algumas propriedades da zona plástica, principalmente o limite de resistência ou limite de ruptura, que coincidem para esses materiais. Do mesmo modo que nos ensaios de tração, o limite de resistência à compressão é calculado pela carga máxima dividida pela seção inicial do corpo de prova. 4.5 Corpos de prova O corpo de prova para ensaio de compressão tem usualmente a forma cilíndrica, com relação altura/diâmetro (H/D) entre 2 e 8. A altura não deve ser muito grande para evitar efeitos indesejáveis de flambagem nem muito pequena pois o atrito nas superfícies de contato com as placas da máquina de ensaio pode prejudicar a validade dos resultados (efeito de placa). As diversas normas técnicas especificam a relação H/D para cada categoria de material. 4.6 Ensaio de compressão em corpos de prova de concreto e argamassa Os ensaios de compressão são muito utilizados na construção civil, pois concreto e argamassa são muito testados à compressão. Os corpos de prova utilizados têm a relação altura / diâmetro igual a 2 por uma questão de economia. • Corpo de prova de concreto: H = 30 cm D = 15 cm • Corpo de prova de argamassa: H = 10 cm D = 5 cm O concreto ou a argamassa são moldados em formas apropriadas e após endurecimento, são curados e ensaiados em datas pré-estabelecidas, correspondentes às idades (em dias) geralmente de 7, 14 ou 28 dias. Como o acabamento superficial dos corpos de prova não fica totalmente regular, antes do ensaio os mesmos são capeados com pasta de enxofre para uniformização das faces de contato com as placas da máquina de ensaio., como pode ser visto na Figura 12. Ensaios de Dobramento e Compressão - Revisão 07 Profa. Lucia Barbosa Página 7 Figura 11 – Visualização da deformação de um material frágil no ensaio de compressão Figura 12 a Figura 12 b Figura 12 c Figura 12a – Moldagem dos corpos de prova Figura 12b – Corpos de prova de concreto e argamassa capeados com pasta de enxofre Figura 12c – Ensaio de compressão em corpo de prova de concreto 4.7 Ensaio de compressão em produtos acabados O ensaio de compressão pode ser realizado não apenas em matérias-primas como também em produtos acabados. a) Ensaios de achatamento em tubos Existem alguns ensaios específicos empregados para verificação da ductilidade de produtos tubulares que utilizam esforço de compressão para a realização dos mesmos, embora não seja necessário medir a carga aplicada. O ensaio de achatamento em segmentos de tubos ou mesmo em anéis cortados de tubos metálicos é realizado colocando-se o corpo de prova deitado entre as placas da máquina de compressão e aplicando-se a carga até achatar o corpo de prova, sendo especificada a distância final entre as placas, variável conforme as dimensões do tubo, como mostrado na Figura 13. Figura 13 – Visualização do ensaio de compressão em tubos A severidade do ensaio é medida por essa distância final e o resultado é dado pelo aparecimento ou não de fissuras, fendas ou trincas na zona tracionada, isto é, na parte do tubo que fica fora do contato com as placas da máquina. Na maioria dos casos, essa distância final é zero, isto é, o achatamento vai até as paredes internas do tubo se tocarem. Geralmente, para tubos com costura ou soldados, a parte que fica fora do contato com as placas da máquina é a zona soldada, com o intuito de avaliar a ductilidade da solda. Para tubos de concreto o ensaio termina com o aparecimento de trincas na zona tracionada. b) Ensaios em molas O ensaio de compressão é feito para determinar a constante elástica de uma mola ou para verificar sua resistência. Para determinar a constante da mola, é construído um gráfico σ x ε, obtendo-se um coeficiente angular que é a constante da mola, ou seja, o módulo de elasticidade da mesma. Por outro lado, para verificar a resistência da mola, aplicam-se cargas pré-determinadas e mede-se a altura da mola após cada carga. O ensaio de compressão em molas pode ser visualizado da Figura 14. Ensaios de Dobramento e Compressão - Revisão 07 Profa. Lucia Barbosa Página 8 Figura 14 – Visualização do ensaio de compressão em molas Referências CHIAVERINNI, V. Tecnologia mecânica.Estrutura e propriedades das ligas metálicas. V 1. 2ª ed. McGraw-Hill. São Paulo. 1986. SOUZA, S.A; Ensaios mecânicos de materiais metálicos. Edgar Blücher, São Paulo, 1982. www.cimm.org.br/portal/noticia/material_didatico (acesso em 05/11/2012).
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