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Roberta Modena Pegoretti Direito Individual do Trabalho 3a Edição | 2022 Impressão em São Paulo - SP Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 P139d Pegoretti, Roberta Modena. Direito individual do trabalho. / Roberta Modena Pegoretti – São Paulo : Know How, 2012. 218 p.: 21 cm. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-8065-143-0 1. Direito do trabalho. 2. Brasil. 3. Autonomia. 4. Natureza jurídica. . I. Título. CDD – 344 Direito Individual do Trabalho Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Roberta Modena Pegoretti Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Giulia Paolillo Revisão Ortográfica Vanessa Almeida Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Eleonora Altruda de Faria 3ª Edição | 2022 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publica- ção pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. A presente obra possui como escopo a Intro- dução ao Estudo do Direito Individual do Trabalho. Através de uma abordagem dinâmica e didá- tica, os alunos poderão iniciar seus estudos na maté- ria trabalhista, visualizando o Direito Individual do Trabalho como uma ciência social e jurídica. Desde o primeiro capítulo o estudante irá se deparar com informações que irão colaborar com a sua formação profissional e aperfeiçoamento nos temas abordados, sempre com enfoque para concur- sos públicos e pós-graduandos. Com tópicos que abordam desde a História do Direito do Trabalho no Mundo, passando pelos direitos individuais do trabalho à situação trabalhista no contexto globalizado, o aluno encontrará nesta obra ferramentas para a compreensão do universo trabalhista como um todo, visualizando os direitos individuais do trabalho de forma simples e prática. Introdução: Sumário Capítulo 1 - História do Direito do Trabalho 13 1.1. Breve Histórico 15 1.1.1. Direito do Trabalho no Mundo. 17 1.1.2. Direito do Trabalho no Brasil 19 1.2. Direito do Trabalho: Definição, Conceito, Finalidade 22 1.2.1. Definição 22 1.2.2. Conceito 23 1.2.3. Finalidade 27 1.3. Relação com os Demais Ramos do Direito e Ciências Afins 29 1.3.1. Direito Constitucional 30 1.3.2. Direito Administrativo 30 1.3.3. Direito Empresarial 31 1.3.4. Direito Civil 32 1.3.6. Direito Internacional 33 1.3.5. Direito Tributário 33 1.3.7. Direito Ambiental 34 1.3.9. Direito Processual do Trabalho 35 1.3.8. Direito Previdenciário 35 1.3.10. Direito Penal 36 1.3.11. Direitos Humanos 37 Economia 38 Sociologia 39 Questões: 40 Capítulo 2 - Autonomia 47 2.1. Natureza Jurídica e Normas Jurídicas Trabalhistas 52 2.1.1. Direito Público 52 2.1.2. Direito Privado 53 2.1.3. Direito Misto 54 2.1.4. Direito Unitário 55 2.1.5. Direito Social 55 2.1.6 Normas Jurídicas Trabalhistas 56 2.1.7. Sistemas de Relação do Trabalho 58 2.2. Fontes do Direito do Trabalho 60 2.2.1. Constituição 61 2.2.2. Leis Complementares 62 2.2.3. Leis Delegadas 62 2.2.4. Medidas Provisórias 63 2.2.5. Leis Ordinárias 64 2.2.6. Decretos 64 2.2.8. Convenções e Acordos Coletivos 65 2.2.7. Sentenças Normativas 65 2.2.9. Regulamento de Empresa 66 2.2.10. Contrato de Trabalho 66 2.2.11. Usos e Costumes 67 2.2.12. Jurisprudência 67 2.2.13. Normas de Origem Internacional 68 2.3. Hierarquia das Fontes Trabalhistas 69 Questões 73 Capítulo 3 - Interpretação, Integração e Aplicação das Normas Trabalhistas 83 3.1.1. Interpretação 85 3.1.2. Integração 86 3.1.3. Eficácia da Lei Trabalhista 88 3.1.4. Eficácia da Lei no Tempo 88 3.1.5. Eficácia da Lei no Espaço 90 3.2. Princípios: Gerais e Específicos 91 3.2.2. Princípios Constitucionais 92 3.2.1. Princípios Gerais 92 3.2.3. Princípios Específicos do Direito do Trabalho 93 3.3. Direito Individual do Trabalho 99 3.1.1. Sujeitos do Contrato de Trabalho 99 Questões 102 Capítulo 4 - Contrato de Trabalho 111 4.1.1. Requisitos do Contrato de Trabalho 113 4.1.2. Classificação do Contrato de Trabalho 114 4.2. Grupos Empresariais 119 4.2.1. Alteração na Empresa 121 4.3. Poder de Direção do Empregador 122 4.3.1. Poder de Organização 124 4.3.2. Poder de Controle 124 4.4. Alteração Contratual 125 4.3.3. Poder Disciplinar 125 4.4.1. Transferência de Empregado 126 4.4.2. Suspensão e Interrupção do Contrato de Trabalho 128 4.5. Dissolução Contratual 129 4.5.1. Pedido de Demissão ou Dispensa 130 4.5.2. Dispensa Sem Justa Causa 130 4.5.3. Dispensa Com Justa Causa pelo Empregador 131 4.5.4. Rescisão indireta 137 4.5.5. Aposentadoria 138 4.5.8. Morte do Empregador Pessoa Física 139 4.5.7. Morte do Empregado 139 4.5.6. Acordo 139 4.5.9. Extinção da Empresa 140 4.5.10. Extinção do Contrato a Termo 140 4.5.11. Culpa Recíproca 140 Questões 142 Capítulo 5 - Aviso Prévio 153 5.1.1. Cabimento 156 5.1.2. Formas 157 5.1.3. Prazo 157 5.2. Estabilidade 160 5.2.1. Estabilidade Decenal 161 5.2.2. Estabilidades Provisórias 162 5.3. Jornada de Trabalho 165 5.2.3. Consequências 165 5.3.1. Horas Extraordinárias 166 5.3.2. Intervalos 168 5.3.3. Adicional Noturno 169 5.3.4. Descanso Semanal Remunerado 170 5.3.5. Trabalhadores que Não Fazem Jus às Horas Extraordinárias 171 Questões 172 Capítulo 6 - Férias 181 6.1.1. Período Aquisitivo e Período Concessório 185 6.1.2. Remuneração 186 6.2. Salário 187 6.2.1. Gratificações 188 6.2.2. Décimo Terceiro Salário 190 6.2.3. Comissões e Percentagens 190 6.2.5. Ajuda de Custo, Diárias para Viagens e Abonos 191 6.2.4. Gorjetas 191 6.2.6. Participação nos Lucros e Resultados (PLR) 192 6.2.7. Formas e Meio de Pagamento 193 6.3. Equiparação Salarial e Discriminação no Ambiente de Trabalho 195 6.3.1. Equiparação Salarial 195 6.3.2. Discriminação no Ambiente de Trabalho 197 6.4. Flexibilização das Normas Trabalhistas 198 6.5. Das alterações trabalhistas devido ao Covid-19 203 Questões 205 Gabarito 217 Bibliografia 219 Capítulo 1 História do Direito do Trabalho 15 1.1. Breve Histórico O homem, desde os primórdios, foi se or- ganizando gradualmente em grupos para que as tarefas fossem divididas entre seus membros. Co- meça então a se desenhar a história do direito do trabalho, onde cada tarefa tinha o seu valor e os indivíduos que a desenvolviam acabavam por obter um status diferenciado perante o grupo de acordo com suas atribuições. As normas de convivência surgem para re- gulamentar e nortear as relações entre os membros do grupo, visando a paz social. Com a evolução destes grupos para so- ciedades, as normas de convivência passam a ser revestidas de caráter punitivo, onde o não cumpri- mento das mesmas ensejava em punição. O traba- lho foi se desenhando como instrumento de do- mínio, onde trabalho e trabalhador não possuíam nenhuma norma que os protegesse ou delimitasse sua força de trabalho. Neste mesmo diapasão, a escravidão surge como uma manifestação do trabalho sem limites e sem remuneração, chamado trabalho compulsório, ou seja, a apropriação do trabalho humano como uma “coisa”, sendo o escravo uma mercadoria. No período feudal ou “período das trevas”, os servos submetiam-se aos senhores feudais visan- do proteção e, em troca, deveriam prestar serviços na terra cedida a eles, destinando ao proprietário a 16 maior parte dos frutos da colheita. Com a progressi- va extinção dos feudos, os artesãos despontam com mais força e podemos citar as corporações de ofício. Nas corporações de ofício existiam três figu- ras claramente definidas: os mestres, os companheiros e os aprendizes. Tal ordem era devidamente reconhe- cida e os companheiros e aprendizes somente ascen- deriam na hierarquia e se tornariam mestres após pro- vas difíceis, bem como mediante pagamento. As corporações de ofício foram se extin- guindo aos poucos, mais precisamente no ano de 1776 após um edito, concomitantemente ao alto custo dos produtos e a intensificação do comércio. Os períodos da escravidão, feudalismo e corporações de ofício foram trazidos à baila, pois possuíam algumas características em comum no quetange ao trabalho em si, tais como as longas jornadas de trabalho, as condições de trabalho inadequadas e insalubres, assim como a mão de obra infantil. A locação de serviços e a empreitada come- çam a surgir, porém regidas pelo Direito Civil. No período da Revolução Francesa, a Fran- ça reconhece em sua Constituição o Direito do Tra- balho, sendo este um dos primeiros passos para o surgimento dos direitos econômicos e sociais estu- dados de forma mais detalhada durante a obra. No entanto, a Revolução Industrial é um marco definitivo para o Direito do Trabalho, uma vez que as máquinas a vapor surgem e a produção passa do trabalho puramente manual para a meto- 17 dologia industrial. Com as condições de trabalho cada vez mais precárias, dentre as quais jornadas de trabalho exces- sivas, acidentes e doenças do trabalho, nascem mani- festações dos trabalhadores em criar organizações de auxilio posteriormente resultando em sindicatos, ne- cessidade de normas e legislação específica visando à regulamentação do trabalho. Surge então o Direito do Trabalho propriamente dito. 1.1.1. Direito do Trabalho no Mundo. A Revolução Industrial ensejou movimentos dos trabalhadores de forma muito latente, o que aca- bou por gerar a necessidade de normas trabalhistas que garantissem condições mínimas de trabalho a serem proporcionadas pelo empregador. Neste pe- ríodo o Estado passa a ter um caráter mais interven- cionista, estando presente como figura de proteção aos trabalhadores, visando, entre outros motivos econômicos e políticos, a paz social. A Lei de Peel, criada por um industrial inglês e oriunda da Inglaterra em meados de 1802, visava a proteção dos menores de idade, limitando a jornada de trabalho para 12 (doze) horas diárias. Na França, entre os anos de 1813 e 1840, vá- rias normas surgiram vedando cargas horárias de tra- balho superiores a 15 horas diárias, proibindo ainda o 18 trabalho de menores de quinze anos em minas e de nove anos em qualquer ofício. Com o término da Primeira Guerra Mun- dial, e levando em consideração o estado de fragili- dade e consternação da sociedade mundial, os Esta- dos começam a inserir em suas constituições, alguns direitos fundamentais voltados à proteção do ser humano em consequência, normas concernentes ao Direito do Trabalho. A primeira Constituição no mundo que cui- dou dos direitos trabalhistas de forma específica foi a do México, datada de 1817, assegurando aos traba- lhadores mexicanos sob sua égide a jornada de oito horas, a proibição de trabalho aos menores de doze anos, o descanso semanal, a proteção à maternidade e o famigerado direito de greve. A Constituição da Alemanha em 1818 ge- rou repercussão por toda Europa, visto que previa o direito a participação nos Lucros e Resultados, a liberdade sindical e o sistema de seguridade social. O surgimento da OIT - Organização Inter- nacional do Trabalho, com criação datada do ano de 1918 por força do Tratado de Versalhes, confi- gura-se como um marco na História do Direito do Trabalho por desenhar uma tendência em inserir, nas Cartas dos Estados, direitos que assegurassem normas de trabalho dignas. Na Itália a “carta del lavoro”, marcada pela forte intervenção do Estado por tratar-se de uma norma fascista, visava a pacificação social e a regu- 19 larização da hierarquia estatal ante os particulares. Este instrumento influenciou fortemente o Direito do Trabalho no Brasil, como estudaremos a seguir. 1.1.2. Direito do Trabalho no Brasil O Brasil, diferentemente dos países Eu- ropeus, se libertou tardiamente da escravidão com a promulgação da Lei Áurea em 1888. Com a intensificação da imigração, após a abolição da escravatura, os trabalhadores laboravam em jor- nadas longas de trabalho, condições insalubres, além do trabalho infantil e feminino sem nenhu- ma disposição legal que positivasse tais relações. Há que se apontar que as Constituições Brasileiras de 1824 (Constituição do Império) e a de 1881 (Primeira Constituição da República) não previam direitos trabalhistas. Após este período transitório e principal- mente após a primeira Guerra Mundial o Brasil passa por um grande crescimento Industrial. Sur- ge, com isso, a necessidade de honrar aos tratados firmados junto a OIT – Organização Internacional do Trabalho, bem como de pacificar os movimen- tos dos trabalhadores que começavam a fomentar na sociedade brasileira. Em 1930, o então presidente Getúlio Var- gas, observador das movimentações internacionais, 20 percebeu a carência de leis e de direitos trabalhistas e, visando evitar maiores manifestações e insurreições da classe trabalhadora, opta por incorporar à Consti- tuição de 1834 normas de caráter assistencialista. Em 1934, passado o período conhecido como Revolução de 1930, a nova Constituição surge com a Criação da Justiça do Trabalho, proibição do trabalho infantil, limitação da jornada de trabalho a oito horas diárias, repouso semanal remunerado, o direito de greve é proibido e salário mínimo criado. Neste mesmo período (Era Vargas de 1930 a 1945) foi criado o Ministério do Trabalho. Em 1937 a nova Constituição foi outor- gada, sendo fortemente influenciada pela “carta del lavoro” que ficou conhecida como “A Pola- ca”, por traduzir autoritarismos que assolavam a Europa no mesmo período. Em 1943 entra em vigência a Consolidação das Leis do Trabalho, em momento anterior à pro- mulgação da Constituição de 1946, a qual se torna vigente e trazendo consigo inovações muito impor- tantes, tratando dos direitos e das garantias individu- ais, implementando uma legislação do trabalho que formalizou diversos direitos dos trabalhadores, den- tre eles a previdência social. No período de 1967 outra Constituição foi outorgada, constituída em plena Ditadura Mi- litar, porém, mantendo em seu corpo as previsões constantes nas constituições anteriores concer- nentes ao Direito do Trabalho. 21 A Constituição de 1988, e atual, conhecida como “Cidadã” ampliou os direitos e garantias indi- viduais e coletivas, tratando o direito do trabalho em seu artigo 7º sobre direitos individuais, 8º sobre di- reito coletivo e o 9º assegurando o direito de Greve, além de outras previsões. Como característica mais marcante do Di- reito do Trabalho no Brasil, figura o protecionis- mo ao trabalhador, determinando que o mesmo não pode abrir mão de seus direitos nem se assim o desejar. Atualmente esta posição protecionista causa discussões na comunidade jurídica e eco- nômica, onde alguns defendem a flexibilização do direito do trabalho, o que poderia gerar mais empregos, e outros defendem a manutenção da posição atual em que o trabalhador, por ser consi- derado hipossuficiente, possui a proteção do Es- tado, somente sendo permitida a flexibilização de algumas hipóteses expressas em lei. A legislação trabalhista no Brasil que já vinha sendo transformada, sofreu um grande im- pacto com a pandemia do Covid-19. Diante de uma crise sanitária, veremos oportunamente que algumas normas trabalhistas foram alteradas e ou- tras criadas para solucionar questões pontuais do trabalhador e para manter a sustentabilidade eco- nômica das empresas em tempo de crise. 22 1.2. Direito do Trabalho: Definição, Conceito, Finalidade 1.2.1. Definição A expressão “Direito do Trabalho” é utiliza- da atualmente em países como Espanha, Itália, Ale- manha, Portugal e Brasil. Nas Constituições Brasileiras anteriores a 1846, o Direito do Trabalho estava inserido no Direito Industrial e Direito Comercial. Neste ano a Constituição insere o Direito do Trabalho como ciência autônoma, abrindo grande espaço para os direitos sociais. Cabem aqui breves explanações sobre os motivos pelos quais o Direito do Trabalho tem esta denominação. No direito industrial estavam descritas algumas normas de direito do trabalho, porém abar- cavam ainda normas referentes ao Direito Comercial e Econômico. Tal denominação remetia-se à Revolu- ção Industrial, ondea necessidade de uma ciência jurí- dica voltada às condições do trabalho surgiu de forma mais contundente, porém a nomenclatura demons- trou-se abrangente demais, fugindo do propósito de norma mais voltada à realidade dos operários. Surge nesta linha de raciocínio a denominação “Direito do Operário”, também nascida e influencia- da pela situação social desencadeada pela Revolução Industrial: Indústrias cresciam de forma acelerada, e o 23 capitalismo passou a ser a forma econômica regente da sociedade, reduzindo significativamente o trabalho àqueles que não laboravam no ramo industrial. A denominação Direito do Trabalho surgiu na Alemanha e se concentra nas relações de trabalho como um todo e não somente como um segmento do mesmo. Tal nomenclatura permanece até os dias atuais, abrangendo os trabalhadores individuais su- bordinados ou em condições análogas. 1.2.2. Conceito Visando maior aprofundamento no tema ora discutido, mister definir o conceito de direito do trabalho para que possamos entender seus desdobra- mentos e indispensável compreender seu conceito. O direito do trabalho, quando conceituado por juristas brasileiros, apresenta-se como uma ciên- cia que estuda os institutos jurídicos que regem a re- lação trabalhista em âmbito nacional. Nesta aparente simplista definição, podem ser encontradas conceitua- ções que deixam em aberto alguns aspectos. Vejamos: Na definição de Amauri Mascaro Nascimen- to, direito do trabalho seria: “o ramo da ciência do direito, que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho 24 em sua estrutura e atividade.”¹ Trazemos à baila a conceituação de Sérgio Pinto Martins: “Direito do trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de prote- ção que lhe são destinadas”.² Podemos notar nos conceitos supracitados características distintas: no primeiro leva-se em con- sideração o tipo de trabalhador, já na segunda defini- ção prima-se pela relação de trabalho. O direito do trabalho visa assegurar tanto o trabalhador quanto a relação de trabalho em si, porém, de forma abrangente, logo pode ser con- ceituado como ramo autônomo do direito voltado a normatização das situações trabalhistas, por meio de princípios e dispositivos normativos específicos que tutelam os trabalhadores e empregados, visando garantir a eles condições dignas de trabalho. A visualização deste conceito misto fica mais clara se analisarmos o artigo 114 após a edi- ção da Emenda Constitucional 45 que determinou que toda e qualquer matéria relativa ao Direito do Trabalho deverá ser julgada e processada pela Justiça 1 Russomano, Mozart Victor, Curso de Direito do Trabalho, 4ª edição, Curitiba, Jurua Editora, 1991, p.19. ² Martins, Sergio Pinto, Direito do Trabalho, 23ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 2007, p 16. 25 do Trabalho. Vejamos o artigo citado “in verbis” para melhor aprendizagem: Trazemos à baila a conceituação de Sérgio Pinto Martins: “Direito do trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de prote- ção que lhe são destinadas”.3 Podemos notar nos conceitos supracitados características distintas: no primeiro leva-se em con- sideração o tipo de trabalhador, já na segunda defini- ção prima-se pela relação de trabalho. O direito do trabalho visa assegurar tanto o trabalhador quanto a relação de trabalho em si, porém, de forma abrangente, logo pode ser con- ceituado como ramo autônomo do direito voltado a normatização das situações trabalhistas, por meio de princípios e dispositivos normativos específicos que tutelam os trabalhadores e empregados, visando garantir a eles condições dignas de trabalho. A visualização deste conceito misto fica mais clara se analisarmos o artigo 114 após a edi- ção da Emenda Constitucional 45 que determinou que toda e qualquer matéria relativa ao Direito do Trabalho deverá ser julgada e processada pela Justiça do Trabalho. Vejamos o artigo citado “in verbis” para melhor aprendizagem: ³ Fonte: www.planalto.gov.br 26 Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho pro- cessar e julgar³: I as ações oriundas da relação de trabalho, abran- gidos os entes de direito público externo e da admi- nistração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II as ações que envolvam exercício do direito de greve; III as ações sobre representação sindical, entre sindi- catos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindi- catos e empregadores; IV os mandados de segurança, habeas corpus e ha- beas data, quando o ato questionado envolver maté- ria sujeita à sua jurisdição; V os conflitos de competência entre órgãos com juris- dição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 92, I. VI as ações de indenização por dano moral ou patri- monial, decorrentes da relação de trabalho; VII as ações relativas às penalidades administrati- vas impostas aos empregadores pelos órgãos de fisca- lização das relações de trabalho; VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 185, I e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Através da leitura do artigo 114 da CF, pode- mos notar que relação de trabalho e o trabalhador aca- bam se difundindo vez que um não teria sentido sem a 27 existência do outro. A Emenda 45 determina, de forma tácita, que os trabalhadores que outrora não abarcados pelo Direito do Trabalho por não se enquadrarem no conceito de empregados, tais como os trabalhadores autônomos, os servidores públicos, os trabalhadores temporários e os empregados domésticos, dentre ou- tros, sejam absorvidos pelo direito do trabalho. 1.2.3. Finalidade O fim a que se destina o direito do traba- lho pode ser interpretado de várias formas: social, econômica, política e tutelar. Abaixo vamos pon- tuar o aqui elencado. O direito do trabalho como meio social pode ser interpretado como a busca pela dignidade do insti- tuto aplicado ao trabalhador, resultando em um meio social mais adequado, interpretando o trabalho como um princípio norteador do homem e, através dele, previsões constitucionais podem ser atendidas. A finalidade econômica do instituto visa ga- rantir ao trabalhador seu sustento, através de sua re- muneração, imprimindo a este ramo jurídico a busca por desenvolvimento de condições que possam im- pulsionar a economia do país através de sua força O fim a que se destina o direito do traba- lho pode ser interpretado de várias formas: social, econômica, política e tutelar. Abaixo vamos pon- tuar o aqui elencado. 28 O direito do trabalho como meio social pode ser interpretado como a busca pela dignida- de do instituto aplicado ao trabalhador, resultan- do em um meio social mais adequado, interpre- tando o trabalho como um princípio norteador do homem e, através dele, previsões constitucionais podem ser atendidas. A finalidade econômica do instituto visa ga- rantir ao trabalhador seu sustento, através de sua re- muneração, imprimindo a este ramo jurídico a busca por desenvolvimento de condições que possam im- pulsionar a economia do país através de sua força produtiva, basta notar a retomada pelo Governo Federal em conjunto com os Estaduais a retomada da criação de cursos técnico-profissionalizantes, vi- sando à qualificação da mão de obra. Essa finalidade está ligada diretamente a outro segmento da econo- mia, qual seja a política. A política, como instituto que visa regula- mentar a relação do Estadocom seus governados, possui relação com a mão de obra braçal e intelec- tual determinando a força produtiva do país. Seja por normas tutelares ou liberais, acaba por definir a forma como o país se desenvolve internamente e externamente. Atualmente vivemos em um país que busca, ainda que a lentos passos, coeficiente ideal en- tre normas tutelares do trabalho e flexibilização das mesmas sem intervir na proteção aos mais fracos. Neste mesmo diapasão podemos determinar a finalidade tutelar do direito do trabalho. No Brasil 29 as normas de direito do trabalho são absolutamente definidas por um sistema integrativo de normas que visam sempre proteger ao trabalhador. Notamos a tutela estatal muito clara, tendenciando e determi- nando o Direito do Trabalho Individual e Coletivo, pois, se associarmos as finalidades socioeconômi- cas e tutelares, apuraremos a sociedade brasileira de forma conflitante, apresentando realidades distintas, em distâncias muito pequenas, com a presença de grandes polos industriais e comerciais largamente adequados à legislação trabalhista, e de outro lado a utilização de mão de obra infantil ou ainda em con- dições análogas a de escravos, por exemplo. Logo, a finalidade do direito do trabalho é a melhoria das condições de trabalho através de leis que tutelem o trabalhador. As leis devem nortear as relações de trabalho, principalmente em nossa pá- tria onde o conceito aplicado ao trabalhador define que ele sempre será interpretado como hipossufi- ciente nas relações laborais. 1.3. Relação com os Demais Ramos do Direito e Ciências Afins O direito do trabalho, por regulamentar uma das atividades primordiais exercidas pelo ser huma- no, está ligado a outras áreas tanto jurídicas quanto não jurídicas, a seguir vamos explanar tais relações. O direito do trabalho, por regulamentar uma das atividades primordiais exercidas pelo ser huma- no, está ligado a outras áreas tanto jurídicas quanto não jurídicas, a seguir vamos explanar tais relações. 30 1.3.1. Direito Constitucional O direito constitucional está intimamen- te ligado a todos os ramos do direito por carregar consigo os preceitos da lei máxima do ordenamento jurídico a Constituição Federal. Cabe ressaltar, retomando o quanto ex- posto no primeiro capítulo, que as primeiras nor- mas que versaram sobre o direito do trabalho foram Constituições do México e da Alemanha. No Brasil, a partir da Constituição de 1834, foram sendo inseridas gradualmente normas trabalhistas e regras sobre relações de trabalho. Na Constitui- ção de 1888 o direito do trabalho vem descrito em seus artigos 7º a 11°. 1.3.2. Direito Administrativo O direito administrativo está ligado ao direi- to do trabalho devido a sua finalidade principal que é regular as atividades dos órgãos públicos. Diversas instituições presentes no Direito do Trabalho são re- gidas pelo direito administrativo. Podemos citar o Ministério do Trabalho, com caráter eminentemente fiscalizatório no que se refere às normas de direito de trabalho, órgão este que inclusive edita normas regulamentadoras. Exem- plo recente de norma publicada pelo Ministério do 31 Trabalho é a Portaria 1.59/2008 que regulamenta o Relógio de Ponto Eletrônico nas empresas que uti- lizam esta forma como controle de jornada. A mes- ma estabeleceu diversos critérios para a marcação de ponto sob pena de multa e de nulidade como meio de prova perante a Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho também rege sua organização e estrutura por meio do direito ad- ministrativo, podemos citar os regimentos inter- nos dos tribunais que editam inclusive portarias referentes à forma com que os advogados devem postular as ações, como por exemplo, a numera- ção de páginas e documentos para a distribuição do processo. 1.3.3. Direito Empresarial O direito comercial, embora atualmente in- serido em sua maioria no corpo do Código Civil, nos traz conceitos muito utilizados no direito do trabalho, como a definição de empresário, empresa e demais temas pertinentes. A legislação complementar, como a Lei 11.101/2005 intitulada no meio jurídico como Lei de Recuperação de Empresas, que determina cré- ditos trabalhistas como sendo privilegiados na ordem do recebimento e é caracterizado como um crédito prioritário de recebimento na recuperação judicial. Podemos ainda citar a sucessão trabalhista das empresas em casos de venda, fusão ou incorpo- 32 ração da mesma, tal sucessão não atinge os direitos adquiridos dos funcionários, assegurando-os como se a transação comercial não houvesse sido realizada. Ademais, cabe ressaltar que a CLT - Conso- lidação das Leis do Trabalho - pelo parágrafo único de seu artigo 8º, determina que o “direito comum”, em ampla interpretação o Direito Comercial, deve ser aplicado de forma subsidiária no Direito do Trabalho. 1.3.4. Direito Civil O direito civil possui relação íntima com o direito do trabalho, dado o integral teor do artigo 8º da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, que permite a aplicação subsidiária quando não houver previsão na legislação trabalhista, tampou- co conflito de normas. Para exemplificar o aqui descrito, bas- ta relacionarmos o conceito de contrato com o contrato de trabalho para verificarmos algumas semelhanças. O Código Civil de 2002 trouxe uma série de princípios que possuem correlação. Princípios como o da boa fé, dos bons costumes, da equidade, entre outros, podem ser aplicados no direito do trabalho por estarem inseridos no contexto das normas trabalhistas. 33 1.3.5. Direito Tributário Direito tributário é um afluente do direito, incidindo em praticamente todas as áreas do direito uma vez que tem como objetivo tributar os com- portamentos dos contribuintes tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas. Com o direito do trabalho não poderia ser diferente, o fato de ser trabalhador, empregador ou até mesmo profissional autônomo gera a necessi- dade de recolhimento de alguns tributos, tais como Imposto de Renda descontado diretamente em folha de pagamento; FGTS - Fundo de Garantia por Tem- po de Serviço - sendo realizado o recolhimento tan- to pelo empregador quanto pelo trabalhador. Tais tributos visam assegurar ao trabalhador uma série de benefícios em caso de rescisão do trabalho, bem como em custear o sistema previdenciário brasileiro, entre outras consequências. 1.3.6. Direito Internacional O direito internacional é uma fonte inesgotável de normas de direito do trabalho, através de tratados in- ternacionais que versam sobre matéria trabalhista. Con- forme já citado a Organização Internacional do Traba- lho - OIT - possui forte influência global, publicando convenções e recomendações com plena eficácia em 34 território nacional, desde que ratificadas pelo Brasil. Podemos inclusive afirmar a existência do direito internacional do trabalho que versa sobre re- lações de trabalho extraterritoriais aplicado de forma conjunta com a legislação pátria. 1.3.7. Direito Ambiental De acordo com a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.838/81, artigo 3º, inciso I), o conceito de meio ambiente, in verbis: “I - Meio ambiente o conjunto de condi- ções, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite,abriga e rege a vida em todas as suas formas;”. Podemos notar que o direito ambiental pro- tege a vida em todas as suas formas, assim como o direito do trabalho rege a relação do ser humano com uma de suas formas de sobrevivência, o trabalho. O meio ambiente do trabalho é algo absoluta- mente intrínseco ao instituto aqui estudado vez que o mesmo determina as condições ambientais de trabalho como insalubridade e periculosidade, por exemplo: Para ilustrar a importância do aqui descrito po- demos citar o Programa de Prevenção de Riscos Am- bientais, Norma Regulamentadora nº.08, com redação dada pela portaria nº.25 de 28 de dezembro de 1884, estabelecendo a obrigatoriedade doPPRA, normas es- tas que versam sobre o meio ambiente do trabalho. 35 A fiscalização por parte do Ministério do Tra- balho intensificou-se e as empresas que não se adé- quem às normas e previsões pertinentes ao tema aqui retratado podem ser multadas em valores significativos. As condições ambientais geram, por exem- plo, benefícios para a aposentadoria, como a con- tagem específica para profissionais que laboram em situações insalubres. 1.3.8. Direito Previdenciário A matéria previdenciária está ligada ao meio ambiente laboral e ao direito do trabalho puramente. Os trabalhadores e empresas são obrigados a reco- lher as verbas previdenciárias visando custear apo- sentadoria, licença maternidade, auxílio acidente, auxílio doença, dentre outros benefícios. Os benefícios acima apontados estão estri- tamente vinculados ao direito do trabalho. Ademais, aquele trabalhador que não exercer seu trabalho, como empregado, pode contribuir como facultativo visando garantir sua aposentadoria e demais benefícios. 1.3.9. Direito Processual do Trabalho Para que possamos visualizar o direito do trabalho de forma mais ampla, mister a visualização 36 do direito material e processual. O direito material do trabalho possui normas que visam regulamentar o trabalho em si, já o direito processual possui nor- mas que permitem que as previsões legais mate- riais possam ser colocadas em prática, definindo formalidades processuais para seu alcance através do poder judiciário. Logo, o direito processual do trabalho per- mite a aplicação do direito material através da de- terminação de competência, estabelecendo prazos para a propositura da ação, desta forma aplicando e promovendo a segurança jurídica necessária para a paz social no ambiente laboral. 1.3.10. Direito Penal A legislação penal possui diversas regras que são ligadas ao direito do trabalho, tendo em vista que a prática de um crime por parte do empregado pode inclusive gerar a rescisão do contrato por justa cau- sa, de acordo com o artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho, com seus incisos. O título IV do Código Penal versa sobre os Crimes contra a Organização do Trabalho, tipifican- do crimes como a “frustração de direito assegurada por lei trabalhista” ou ainda “atentado contra a liber- dade do trabalho”. A lei de Crimes contra a Ordem Previdenciária Social, qual seja Lei n º 8.883/00 tem caráter penal, pois 37 define punições nesta esfera, através de condutas que rumam em desencontro com o direito do trabalho. 1.3.11. Direitos Humanos Após a Segunda Guerra Mundial a preocu- pação com direitos humanos surge com maior força. A Declaração Universal dos Direitos do Ho- mem determina em seu artigo 1º: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consci- ência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Este artigo foi mencionado para que possa- mos refletir um pouco sobre o contexto global ao qual estamos inseridos. A dignidade da pessoa hu- mana é um tema cada vez mais abordado, discutido e principalmente almejado pela sociedade. O direito do trabalho figura como importante personagem nesta relação da sociedade com o homem em si. Para tanto o trabalho deve dignificar o trabalha- dor, permitindo ao mesmo que exerça suas funções em ambientes de trabalho dignos, com remuneração e reco- lhimentos previdenciários condizentes com a legislação. Tais elementos devem ser observados na re- lação de emprego, uma vez que o trabalhador sem- pre será interpretado em nosso contexto legislativo como hipossuficiente e para tanto condições dignas de trabalho devem ser sempre buscadas. 38 4 Nusdeo, Fabio - Curso de Economia- Introdução ao Estudo do Direito Econômico-6ª edição, página 28. Como aplicadores do direito, devemos sem- pre observar em situações reais as condições de tra- balho, forma de remuneração, ambiente de trabalho além de demais situações fáticas as quais aquele tra- balhador foi submetido ou esta sendo submetido. Os Tratados de Direitos Humanos, após a Emenda Constitucional 45, possuem força de nor- ma constitucional (após serem devidamente recep- cionados no país, bem como aprovados na forma da lei), os direitos humanos devem ser interpretados de forma conjunta às normas de direito do trabalho, tais ramos do direito estão intimamente ligados. Economia A economia “é uma ciência social, ou seja, ela pressupõe a escassez em nível social, isto é, con- dicionando a vida de todos os seres indistintamente, sem se preocupar com o fenômeno em sua dimen- são individual” 4. Os fatos econômicos incidem diretamente no direito do trabalho, vez que a relação entre em- pregador e empregado tem causa econômica. Ademais, os planos econômicos adotados pelo Estado têm reflexo direto nos empregos, no mo- mento em que se determinam políticas salariais, leis trabalhistas e previdenciárias, entre outras, ocorrem mudanças na estrutura jurídica e financeira do país. 39 O exame do aspecto econômico em leis tra- balhistas criadas pelo Legislativo deve sempre levar em consideração o impacto financeiro na sociedade e sua viabilidade em face da previsão orçamentária do Esta- do e demais ramos da sociedade. Sociologia A sociologia estuda o comportamento das sociedades sua constituição, organização, manifesta- ções e demais características pertinentes. Tal ciência tem relação direta com o Direito do Trabalho, pois o mesmo é um fator determinante para a formação e estrutura da sociedade. O traba- lho é um meio de produção de valores sociais. Historicamente as condições de trabalho ge- raram inúmeras manifestações por parte dos traba- lhadores almejando condições mais dignas para exer- cer suas funções, muitas vezes tais manifestações se configuram como divisores de épocas e períodos. Em função da estreita relação do trabalho como forma de evolução do homem e da sociedade, esta ciência possui estreita relação com o Direito do Trabalho em que pese o fato de que o mesmo está em constante evolução de acordo com as mudanças sociais. 40 Questões: 1. (XI Concurso do Ministério Público do Trabalho) No que tange à história do Direito do Trabalho é INCORRETO afirmar: a) Na Constituição de 1881, conferiram-se poderes expressos ao Congresso Nacional para le- gislar sobre o trabalho. b) Apenas com a entrada em vigor da CLT foi que se regulou o funcionamento dos sindica- tos no Brasil. c) Já no Tratado de Versalhes, foi fixado o princípio de que o trabalho não deve ser considera- do como simples mercadoria ou artigo de comércio, mas como colaboração livre e eficaz na produção das riquezas; o direito ao pagamento aos trabalhado- res de um salário que lhe assegure um nível de vida sem muitas preocupações e de acordo com o tempo e a condição do seu País; a adoção da jornada de 8 horas ou da semana de 48 horas; e instituição de um descanso semanal de 24 horas, no mínimo, e que de- verá ser, sempre que possível, no domingo. d) A Carta del Lavoro é uma declaração de princípios, não se podendo, portanto, sob este as- pecto, identificar a CLT como uma cópia integral de tal documento. e) Não respondida. 2. (XIV Concurso do Ministério Público do Trabalho) Complete com a opção CORRETA. 41 A Constituição do México de ______ tratou de re- gras de Direito do Trabalho no seu artigo 123. a) 1815 b) 1817 c) 1818 d) 1821 e) Não respondida 3. (FUNDEC - 2003 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Sobre a forma- ção histórica do Direito do Trabalho, assinale a alternativa incorreta: a) O Liberalismo, inspirado nos princípios consagrados pela Revolução Francesa e pela De- claração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, significou uma reação contra o absolutismo monárquico e a origem divina e sobrenatural do po- der, mas não favoreceu os direitos dos trabalhadores. b) A Constituição de Weimar, de 1919, em- bora texto avançado para a sua época, não represen- tou grande conquistano campo dos direitos sociais. c) A Carta Del Lavoro (Itália, 1927) represen- tou forte inspiração para a Consolidação das Leis do Trabalho brasileira de 1943. d) A Igreja Católica, especialmente atra- vés das Encíclicas Rerum Novarum (Leão XIII, 1891), Quadragésimo Anno (Pio XI, 1931), Mater et Magistra e Pacem in Terris (João XXIII, 1961 e 1963, respectivamente) e Laborem Exercens (João Paulo II, 1981), por seu forte sentido humanista e de valo- http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/fundec-2003-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/fundec-2003-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa 42 ração da dignidade do trabalho, também contribuiu para avanços no campo do desenvolvimento social. e) O Manifesto Comunista (Marx, 1848), documento máximo do socialismo, ainda que con- tenha conceitos hoje superados, contribuiu para a formação do atual Direito do Trabalho. 4. A Era Vargas foi uma fase importante para a criação de direitos trabalhistas. Mediante tal assertiva assinale a alternativa INCORRETA: a) A gestão do então presidente Getúlio Var- gas foi marcada pela criação do direito de greve e liberdade de criação de sindicatos, caracterizando o marco inicial do Direito Coletivo no Brasil; b) A Justiça do Trabalho foi criada no Brasil pela Constituição de 1834, garantindo maior espe- cialização e aperfeiçoamento para a análise das lides concernentes à matéria trabalhista. c) Embora marcada pela ditadura, a Era Vargas, visando evitar manifestações contunden- tes da classe dos trabalhadores, fortemente in- fluenciados pelos ideais revolucionários europeus, criou normas protecionistas e incluiu direitos como o salário mínimo e limite de jornada de tra- balho de oito horas diárias. d) O direito do trabalho, somente passou a ciência autônoma dotada de validade normativa, após a Constituição de 1888, caracterizando este pe- ríodo a Criação do Ministério do Emprego e Traba- lho através da Emenda Constitucional nº. 45. 43 e) As alternativas a e d estão INCORRETAS. 5. A denominação “Direito do Trabalho” como ramo jurídico que rege as relações labo- rais surgiu, pois: I. Nascido no seio da Revolução Industrial, o termo “Direito do trabalho” demonstrou-se muito abrangente, não refletindo uma nomenclatura pró- pria às situações nascidas do trabalho em si. II. O termo “Direito Operário” excluía da relação os empregadores, desenhando um ramo ju- rídico unilateral; III. O termo “Direito Operário” não pare- ce adequado visto a exclusão de diversas formas de trabalho e tipos de trabalhadores, como os rurais e domésticos, por exemplo; IV. Convencionou-se no período da Revo- lução Industrial a separação de Direito Comercial e Civil das relações de trabalho. A nomenclatura “Di- reito do Trabalho” abarca, portanto, empregados vinculados às indústrias e pequenos comércios. Mediante a leitura das assertivas supra, assi- nale a alternativa CORRETA: a) As alternativas I e II estão corretas; b) Somente a alternativa II está correta; c) Somente a alternativa IV está correta; d) As alternativas II e IV estão incorretas e) Nenhuma das anteriores 6. Assinale a alternativa correta: a) A remuneração concedida ao trabalhador 44 em face da prestação de serviços possui caráter eco- nômico, representando a finalidade política do Di- reito Trabalhista. b) A finalidade tutelar do direito do trabalho define-se por políticas que defendem a liberdade das partes em convencionarem de acordo com as neces- sidades contratuais trabalhistas. c) A força produtiva representada pela mão de obra de um país reflete a finalidade econômica do direito do trabalho, no que tange à geração de empre- gos e consequente geração de renda na sociedade. d) As alternativas b e c estão corretas. 7. Defina a finalidade econômica do Di- reito do Trabalho. 9. Defina a finalidade tutelar do direi- to trabalhista. 10. Qual a relação entre direito do traba- lho e direito ambiental? 11. O direito internacional poderá inter- ferir no Direito do Trabalho pátrio? 12. Relacione direito do trabalho e di- reito penal? 13. O direito do trabalho e o processo do trabalho tutelam normas similares?
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