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Direito Individual do Trabalho_3_1

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Roberta Modena Pegoretti
Direito Individual 
do Trabalho
3a Edição | 2022
Impressão em São Paulo - SP
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
P139d Pegoretti, Roberta Modena.
 Direito individual do trabalho. / Roberta Modena 
 Pegoretti – São Paulo : Know How, 2012.
 218 p.: 21 cm.
	 Inclui	bibliografia
 ISBN: 978-85-8065-143-0 
 1. Direito do trabalho. 2. Brasil. 3. Autonomia.
 4. Natureza jurídica. . I. Título. 
 CDD – 344
Direito 
Individual do 
Trabalho
Coordenação Geral
Nelson Boni
Coordenação de 
Projetos
Leandro Lousada
Professor 
Responsável
Roberta Modena Pegoretti 
Projeto Gráfico, Capa 
e Diagramação
Giulia Paolillo
Revisão Ortográfica
Vanessa Almeida
Coordenadora 
Pedagógica de 
Cursos EaD
Eleonora Altruda de Faria
3ª Edição | 2022
Impressão em São Paulo/SP
Copyright © EaD KnowHow 2011
Nenhuma parte dessa publica-
ção pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia 
autorização desta instituição.
A presente obra possui como escopo a Intro-
dução ao Estudo do Direito Individual do Trabalho.
Através de uma abordagem dinâmica e didá-
tica, os alunos poderão iniciar seus estudos na maté-
ria trabalhista, visualizando o Direito Individual do 
Trabalho como uma ciência social e jurídica.
Desde o primeiro capítulo o estudante irá se 
deparar com informações que irão colaborar com 
a	sua	formação	profissional	e	aperfeiçoamento	nos	
temas abordados, sempre com enfoque para concur-
sos públicos e pós-graduandos.
Com tópicos que abordam desde a História 
do Direito do Trabalho no Mundo, passando pelos 
direitos individuais do trabalho à situação trabalhista 
no contexto globalizado, o aluno encontrará nesta 
obra ferramentas para a compreensão do universo 
trabalhista como um todo, visualizando os direitos 
individuais do trabalho de forma simples e prática.
Introdução:
Sumário
Capítulo 1 - História do Direito do Trabalho 13
1.1. Breve Histórico 15
1.1.1. Direito do Trabalho no Mundo. 17
1.1.2. Direito do Trabalho no Brasil 19
1.2. Direito do Trabalho: Definição, 
Conceito, Finalidade 22
1.2.1. Definição 22
1.2.2. Conceito 23
1.2.3. Finalidade 27
1.3. Relação com os Demais 
Ramos do Direito e Ciências Afins 29
1.3.1. Direito Constitucional 30
1.3.2. Direito Administrativo 30
1.3.3. Direito Empresarial 31
1.3.4. Direito Civil 32
1.3.6. Direito Internacional 33
1.3.5. Direito Tributário 33
1.3.7. Direito Ambiental 34
1.3.9. Direito Processual do Trabalho 35
1.3.8. Direito Previdenciário 35
1.3.10. Direito Penal 36
1.3.11. Direitos Humanos 37
Economia 38
Sociologia 39
Questões: 40
Capítulo 2 - Autonomia 47
2.1. Natureza Jurídica e Normas 
Jurídicas Trabalhistas 52
2.1.1. Direito Público 52
2.1.2. Direito Privado 53
2.1.3. Direito Misto 54
2.1.4. Direito Unitário 55
2.1.5. Direito Social 55
2.1.6 Normas Jurídicas Trabalhistas 56
2.1.7. Sistemas de Relação do Trabalho 58
2.2. Fontes do Direito do Trabalho 60
2.2.1. Constituição 61
2.2.2. Leis Complementares 62
2.2.3. Leis Delegadas 62
2.2.4. Medidas Provisórias 63
2.2.5. Leis Ordinárias 64
2.2.6. Decretos 64
2.2.8. Convenções e Acordos Coletivos 65
2.2.7. Sentenças Normativas 65
2.2.9. Regulamento de Empresa 66
2.2.10. Contrato de Trabalho 66
2.2.11. Usos e Costumes 67
2.2.12. Jurisprudência 67
2.2.13. Normas de Origem Internacional 68
2.3. Hierarquia das Fontes Trabalhistas 69
Questões 73
Capítulo 3 - Interpretação, Integração 
e Aplicação das Normas Trabalhistas 83
3.1.1. Interpretação 85
3.1.2. Integração 86
3.1.3. Eficácia da Lei Trabalhista 88
3.1.4. Eficácia da Lei no Tempo 88
3.1.5. Eficácia da Lei no Espaço 90
3.2. Princípios: Gerais e Específicos 91
3.2.2. Princípios Constitucionais 92
3.2.1. Princípios Gerais 92
3.2.3. Princípios Específicos do 
Direito do Trabalho 93
3.3. Direito Individual do Trabalho 99
3.1.1. Sujeitos do Contrato de Trabalho 99
Questões 102
Capítulo 4 - Contrato de Trabalho 111
4.1.1. Requisitos do Contrato de Trabalho 113
4.1.2. Classificação do Contrato 
de Trabalho 114
4.2. Grupos Empresariais 119
4.2.1. Alteração na Empresa 121
4.3. Poder de Direção do Empregador 122
4.3.1. Poder de Organização 124
4.3.2. Poder de Controle 124
4.4. Alteração Contratual 125
4.3.3. Poder Disciplinar 125
4.4.1. Transferência de Empregado 126
4.4.2. Suspensão e Interrupção do 
Contrato de Trabalho 128
4.5. Dissolução Contratual 129
4.5.1. Pedido de Demissão ou Dispensa 130
4.5.2. Dispensa Sem Justa Causa 130
4.5.3. Dispensa Com Justa Causa 
pelo Empregador 131
4.5.4. Rescisão indireta 137
4.5.5. Aposentadoria 138
4.5.8. Morte do Empregador Pessoa Física 139
4.5.7. Morte do Empregado 139
4.5.6. Acordo 139
4.5.9. Extinção da Empresa 140
4.5.10. Extinção do Contrato a Termo 140
4.5.11. Culpa Recíproca 140
Questões 142
Capítulo 5 - Aviso Prévio 153
5.1.1. Cabimento 156
5.1.2. Formas 157
5.1.3. Prazo 157
5.2. Estabilidade 160
5.2.1. Estabilidade Decenal 161
5.2.2. Estabilidades Provisórias 162
5.3. Jornada de Trabalho 165
5.2.3. Consequências 165
5.3.1. Horas Extraordinárias 166
5.3.2. Intervalos 168
5.3.3. Adicional Noturno 169
5.3.4. Descanso Semanal Remunerado 170
5.3.5. Trabalhadores que Não 
Fazem Jus às Horas Extraordinárias 171
Questões 172
Capítulo 6 - Férias 181
6.1.1. Período Aquisitivo e Período 
Concessório 185
6.1.2. Remuneração 186
6.2. Salário 187
6.2.1. Gratificações 188
6.2.2. Décimo Terceiro Salário 190
6.2.3. Comissões e Percentagens 190
6.2.5. Ajuda de Custo, Diárias 
para Viagens e Abonos 191
6.2.4. Gorjetas 191
6.2.6. Participação nos Lucros e 
Resultados (PLR) 192
6.2.7. Formas e Meio de Pagamento 193
6.3. Equiparação Salarial e 
Discriminação no Ambiente de Trabalho 195
6.3.1. Equiparação Salarial 195
6.3.2. Discriminação no Ambiente 
de Trabalho 197
6.4. Flexibilização das Normas Trabalhistas 198
6.5. Das alterações trabalhistas 
devido ao Covid-19 203
Questões 205
Gabarito 217
Bibliografia 219
Capítulo
1
História do Direito 
do Trabalho
15
1.1. Breve Histórico
O homem, desde os primórdios, foi se or-
ganizando gradualmente em grupos para que as 
tarefas fossem divididas entre seus membros. Co-
meça então a se desenhar a história do direito do 
trabalho, onde cada tarefa tinha o seu valor e os 
indivíduos que a desenvolviam acabavam por obter 
um status diferenciado perante o grupo de acordo 
com suas atribuições.
As normas de convivência surgem para re-
gulamentar e nortear as relações entre os membros 
do grupo, visando a paz social.
Com a evolução destes grupos para so-
ciedades, as normas de convivência passam a ser 
revestidas de caráter punitivo, onde o não cumpri-
mento das mesmas ensejava em punição. O traba-
lho foi se desenhando como instrumento de do-
mínio, onde trabalho e trabalhador não possuíam 
nenhuma norma que os protegesse ou delimitasse 
sua força de trabalho.
Neste mesmo diapasão, a escravidão surge 
como uma manifestação do trabalho sem limites e 
sem remuneração, chamado trabalho compulsório, 
ou seja, a apropriação do trabalho humano como 
uma “coisa”, sendo o escravo uma mercadoria.
No período feudal ou “período das trevas”, 
os servos submetiam-se aos senhores feudais visan-
do proteção e, em troca, deveriam prestar serviços 
na terra cedida a eles, destinando ao proprietário a 
16
maior parte dos frutos da colheita. Com a progressi-
va extinção dos feudos, os artesãos despontam com 
mais força e podemos citar as corporações de ofício.
Nas	corporações	de	ofício	existiam	três	figu-
ras	claramente	definidas:	os	mestres,	os	companheiros	
e os aprendizes. Tal ordem era devidamente reconhe-
cida e os companheiros e aprendizes somente ascen-
deriam na hierarquia e se tornariam mestres após pro-
vas difíceis, bem como mediante pagamento.
As corporações de ofício foram se extin-
guindo aos poucos, mais precisamente no ano de 
1776 após um edito, concomitantemente ao alto 
custo	dos	produtos	e	a	intensificação	do	comércio.
Os períodos da escravidão, feudalismo e 
corporações de ofício foram trazidos à baila, pois 
possuíam algumas características em comum no quetange ao trabalho em si, tais como as longas jornadas 
de trabalho, as condições de trabalho inadequadas e 
insalubres, assim como a mão de obra infantil. 
A locação de serviços e a empreitada come-
çam a surgir, porém regidas pelo Direito Civil.
No período da Revolução Francesa, a Fran-
ça reconhece em sua Constituição o Direito do Tra-
balho, sendo este um dos primeiros passos para o 
surgimento dos direitos econômicos e sociais estu-
dados de forma mais detalhada durante a obra.
No entanto, a Revolução Industrial é um 
marco	definitivo	para	o	Direito	do	Trabalho,	uma	
vez que as máquinas a vapor surgem e a produção 
passa do trabalho puramente manual para a meto-
17
dologia industrial.
Com as condições de trabalho cada vez mais 
precárias, dentre as quais jornadas de trabalho exces-
sivas, acidentes e doenças do trabalho, nascem mani-
festações dos trabalhadores em criar organizações de 
auxilio posteriormente resultando em sindicatos, ne-
cessidade	de	normas	e	 legislação	específica	visando	
à regulamentação do trabalho. Surge então o Direito 
do Trabalho propriamente dito.
1.1.1. Direito do Trabalho 
no Mundo.
A Revolução Industrial ensejou movimentos 
dos trabalhadores de forma muito latente, o que aca-
bou por gerar a necessidade de normas trabalhistas 
que garantissem condições mínimas de trabalho a 
serem proporcionadas pelo empregador. Neste pe-
ríodo o Estado passa a ter um caráter mais interven-
cionista,	estando	presente	como	figura	de	proteção	
aos trabalhadores, visando, entre outros motivos 
econômicos e políticos, a paz social.
A Lei de Peel, criada por um industrial inglês 
e oriunda da Inglaterra em meados de 1802, visava a 
proteção dos menores de idade, limitando a jornada 
de trabalho para 12 (doze) horas diárias.
Na França, entre os anos de 1813 e 1840, vá-
rias normas surgiram vedando cargas horárias de tra-
balho superiores a 15 horas diárias, proibindo ainda o 
18
trabalho de menores de quinze anos em minas e de 
nove anos em qualquer ofício.
Com o término da Primeira Guerra Mun-
dial, e levando em consideração o estado de fragili-
dade e consternação da sociedade mundial, os Esta-
dos começam a inserir em suas constituições, alguns 
direitos fundamentais voltados à proteção do ser 
humano em consequência, normas concernentes ao 
Direito do Trabalho.
A primeira Constituição no mundo que cui-
dou	dos	direitos	trabalhistas	de	forma	específica	foi	
a do México, datada de 1817, assegurando aos traba-
lhadores mexicanos sob sua égide a jornada de oito 
horas, a proibição de trabalho aos menores de doze 
anos, o descanso semanal, a proteção à maternidade 
e o famigerado direito de greve.
A Constituição da Alemanha em 1818 ge-
rou repercussão por toda Europa, visto que previa 
o direito a participação nos Lucros e Resultados, a 
liberdade sindical e o sistema de seguridade social.
O surgimento da OIT - Organização Inter-
nacional do Trabalho, com criação datada do ano 
de	1918	por	força	do	Tratado	de	Versalhes,	confi-
gura-se como um marco na História do Direito do 
Trabalho por desenhar uma tendência em inserir, 
nas Cartas dos Estados, direitos que assegurassem 
normas de trabalho dignas.
Na Itália a “carta del lavoro”, marcada pela 
forte intervenção do Estado por tratar-se de uma 
norma	fascista,	visava	a	pacificação	social	e	a	regu-
19
larização da hierarquia estatal ante os particulares. 
Este	instrumento	influenciou	fortemente	o	Direito	
do Trabalho no Brasil, como estudaremos a seguir.
1.1.2. Direito do Trabalho 
no Brasil
O Brasil, diferentemente dos países Eu-
ropeus, se libertou tardiamente da escravidão 
com a promulgação da Lei Áurea em 1888. Com 
a intensificação da imigração, após a abolição da 
escravatura, os trabalhadores laboravam em jor-
nadas longas de trabalho, condições insalubres, 
além do trabalho infantil e feminino sem nenhu-
ma disposição legal que positivasse tais relações.
Há que se apontar que as Constituições 
Brasileiras de 1824 (Constituição do Império) e a 
de 1881 (Primeira Constituição da República) não 
previam direitos trabalhistas.
Após este período transitório e principal-
mente após a primeira Guerra Mundial o Brasil 
passa por um grande crescimento Industrial. Sur-
ge, com isso, a necessidade de honrar aos tratados 
firmados	junto	a	OIT	–	Organização	Internacional	
do	Trabalho,	bem	como	de	pacificar	os	movimen-
tos dos trabalhadores que começavam a fomentar 
na sociedade brasileira.
Em 1930, o então presidente Getúlio Var-
gas, observador das movimentações internacionais, 
20
percebeu a carência de leis e de direitos trabalhistas 
e, visando evitar maiores manifestações e insurreições 
da classe trabalhadora, opta por incorporar à Consti-
tuição de 1834 normas de caráter assistencialista.
Em 1934, passado o período conhecido 
como Revolução de 1930, a nova Constituição surge 
com a Criação da Justiça do Trabalho, proibição do 
trabalho infantil, limitação da jornada de trabalho a 
oito horas diárias, repouso semanal remunerado, o 
direito de greve é proibido e salário mínimo criado. 
Neste mesmo período (Era Vargas de 1930 a 1945) 
foi criado o Ministério do Trabalho.
Em 1937 a nova Constituição foi outor-
gada, sendo fortemente influenciada pela “carta 
del lavoro” que ficou conhecida como “A Pola-
ca”, por traduzir autoritarismos que assolavam 
a Europa no mesmo período.
Em 1943 entra em vigência a Consolidação 
das Leis do Trabalho, em momento anterior à pro-
mulgação da Constituição de 1946, a qual se torna 
vigente e trazendo consigo inovações muito impor-
tantes, tratando dos direitos e das garantias individu-
ais, implementando uma legislação do trabalho que 
formalizou diversos direitos dos trabalhadores, den-
tre eles a previdência social.
No período de 1967 outra Constituição 
foi outorgada, constituída em plena Ditadura Mi-
litar, porém, mantendo em seu corpo as previsões 
constantes nas constituições anteriores concer-
nentes ao Direito do Trabalho.
21
A Constituição de 1988, e atual, conhecida 
como “Cidadã” ampliou os direitos e garantias indi-
viduais e coletivas, tratando o direito do trabalho em 
seu artigo 7º sobre direitos individuais, 8º sobre di-
reito coletivo e o 9º assegurando o direito de Greve, 
além de outras previsões.
Como característica mais marcante do Di-
reito	do	Trabalho	no	Brasil,	figura	o	protecionis-
mo ao trabalhador, determinando que o mesmo 
não pode abrir mão de seus direitos nem se assim 
o desejar. Atualmente esta posição protecionista 
causa discussões na comunidade jurídica e eco-
nômica,	 onde	 alguns	 defendem	 a	 flexibilização	
do direito do trabalho, o que poderia gerar mais 
empregos, e outros defendem a manutenção da 
posição atual em que o trabalhador, por ser consi-
derado	hipossuficiente,	possui	a	proteção	do	Es-
tado,	somente	sendo	permitida	a	flexibilização	de	
algumas hipóteses expressas em lei.
A legislação trabalhista no Brasil que já 
vinha sendo transformada, sofreu um grande im-
pacto com a pandemia do Covid-19. Diante de 
uma crise sanitária, veremos oportunamente que 
algumas normas trabalhistas foram alteradas e ou-
tras criadas para solucionar questões pontuais do 
trabalhador e para manter a sustentabilidade eco-
nômica das empresas em tempo de crise.
22
1.2. Direito do Trabalho: 
Definição, Conceito, Finalidade
1.2.1. Definição
A expressão “Direito do Trabalho” é utiliza-
da atualmente em países como Espanha, Itália, Ale-
manha, Portugal e Brasil.
Nas Constituições Brasileiras anteriores a 
1846, o Direito do Trabalho estava inserido no 
Direito Industrial e Direito Comercial. Neste ano 
a Constituição insere o Direito do Trabalho como 
ciência autônoma, abrindo grande espaço para os 
direitos sociais.
Cabem aqui breves explanações sobre os 
motivos pelos quais o Direito do Trabalho tem esta 
denominação. No direito industrial estavam descritas 
algumas normas de direito do trabalho, porém abar-
cavam ainda normas referentes ao Direito Comercial 
e Econômico. Tal denominação remetia-se à Revolu-
ção Industrial, ondea necessidade de uma ciência jurí-
dica voltada às condições do trabalho surgiu de forma 
mais contundente, porém a nomenclatura demons-
trou-se abrangente demais, fugindo do propósito de 
norma mais voltada à realidade dos operários.
Surge nesta linha de raciocínio a denominação 
“Direito	do	Operário”,	também	nascida	e	influencia-
da pela situação social desencadeada pela Revolução 
Industrial: Indústrias cresciam de forma acelerada, e o 
23
capitalismo passou a ser a forma econômica regente 
da	sociedade,	reduzindo	significativamente	o	trabalho	
àqueles que não laboravam no ramo industrial.
A denominação Direito do Trabalho surgiu 
na Alemanha e se concentra nas relações de trabalho 
como um todo e não somente como um segmento 
do mesmo. Tal nomenclatura permanece até os dias 
atuais, abrangendo os trabalhadores individuais su-
bordinados ou em condições análogas.
1.2.2. Conceito
Visando maior aprofundamento no tema 
ora	discutido,	mister	definir	o	conceito	de	direito	do	
trabalho para que possamos entender seus desdobra-
mentos e indispensável compreender seu conceito.
O direito do trabalho, quando conceituado 
por juristas brasileiros, apresenta-se como uma ciên-
cia que estuda os institutos jurídicos que regem a re-
lação trabalhista em âmbito nacional. Nesta aparente 
simplista	definição,	podem	ser	encontradas	conceitua-
ções que deixam em aberto alguns aspectos. Vejamos:
Na	definição	de	Amauri	Mascaro	Nascimen-
to, direito do trabalho seria: “o ramo da ciência do 
direito, que tem por objeto as normas, as instituições 
jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de 
trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e 
as organizações destinadas à proteção desse trabalho 
24
em sua estrutura e atividade.”¹
Trazemos à baila a conceituação de Sérgio 
Pinto Martins: “Direito do trabalho é o conjunto de 
princípios, regras e instituições atinentes à relação de 
trabalho subordinado e situações análogas, visando 
assegurar melhores condições de trabalho e sociais 
ao trabalhador, de acordo com as medidas de prote-
ção que lhe são destinadas”.²
Podemos notar nos conceitos supracitados 
características distintas: no primeiro leva-se em con-
sideração	o	tipo	de	trabalhador,	já	na	segunda	defini-
ção prima-se pela relação de trabalho.
O direito do trabalho visa assegurar tanto 
o trabalhador quanto a relação de trabalho em si, 
porém, de forma abrangente, logo pode ser con-
ceituado como ramo autônomo do direito voltado 
a normatização das situações trabalhistas, por meio 
de	princípios	e	dispositivos	normativos	específicos	
que tutelam os trabalhadores e empregados, visando 
garantir a eles condições dignas de trabalho.
A	 visualização	 deste	 conceito	 misto	 fica	
mais clara se analisarmos o artigo 114 após a edi-
ção da Emenda Constitucional 45 que determinou 
que toda e qualquer matéria relativa ao Direito do 
Trabalho deverá ser julgada e processada pela Justiça 
1 Russomano, Mozart Victor, Curso de Direito do Trabalho, 4ª 
edição, Curitiba, Jurua Editora, 1991, p.19. 
² Martins, Sergio Pinto, Direito do Trabalho, 23ª edição, São Paulo, 
Editora Atlas, 2007, p 16.
25
do Trabalho. Vejamos o artigo citado “in verbis” para 
melhor aprendizagem:
Trazemos à baila a conceituação de Sérgio 
Pinto Martins: “Direito do trabalho é o conjunto de 
princípios, regras e instituições atinentes à relação de 
trabalho subordinado e situações análogas, visando 
assegurar melhores condições de trabalho e sociais 
ao trabalhador, de acordo com as medidas de prote-
ção que lhe são destinadas”.3
Podemos notar nos conceitos supracitados 
características distintas: no primeiro leva-se em con-
sideração	o	tipo	de	trabalhador,	já	na	segunda	defini-
ção prima-se pela relação de trabalho.
O direito do trabalho visa assegurar tanto 
o trabalhador quanto a relação de trabalho em si, 
porém, de forma abrangente, logo pode ser con-
ceituado como ramo autônomo do direito voltado 
a normatização das situações trabalhistas, por meio 
de	princípios	e	dispositivos	normativos	específicos	
que tutelam os trabalhadores e empregados, visando 
garantir a eles condições dignas de trabalho.
A	 visualização	 deste	 conceito	 misto	 fica	
mais clara se analisarmos o artigo 114 após a edi-
ção da Emenda Constitucional 45 que determinou 
que toda e qualquer matéria relativa ao Direito do 
Trabalho deverá ser julgada e processada pela Justiça 
do Trabalho. Vejamos o artigo citado “in verbis” para 
melhor aprendizagem:
³ Fonte: www.planalto.gov.br
26
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho pro-
cessar e julgar³:
I as ações oriundas da relação de trabalho, abran-
gidos os entes de direito público externo e da admi-
nistração pública direta e indireta da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindi-
catos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindi-
catos e empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e ha-
beas data, quando o ato questionado envolver maté-
ria sujeita à sua jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com juris-
dição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 92, I.
VI as ações de indenização por dano moral ou patri-
monial, decorrentes da relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrati-
vas impostas aos empregadores pelos órgãos de fisca-
lização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais 
previstas no art. 185, I e II, e seus acréscimos legais, 
decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de 
trabalho, na forma da lei.
Através da leitura do artigo 114 da CF, pode-
mos notar que relação de trabalho e o trabalhador aca-
bam se difundindo vez que um não teria sentido sem a 
27
existência do outro. A Emenda 45 determina, de forma 
tácita, que os trabalhadores que outrora não abarcados 
pelo Direito do Trabalho por não se enquadrarem no 
conceito de empregados, tais como os trabalhadores 
autônomos, os servidores públicos, os trabalhadores 
temporários e os empregados domésticos, dentre ou-
tros, sejam absorvidos pelo direito do trabalho.
1.2.3. Finalidade
O	fim	a	que	se	destina	o	direito	do	traba-
lho pode ser interpretado de várias formas: social, 
econômica, política e tutelar. Abaixo vamos pon-
tuar o aqui elencado.
O direito do trabalho como meio social pode 
ser interpretado como a busca pela dignidade do insti-
tuto aplicado ao trabalhador, resultando em um meio 
social mais adequado, interpretando o trabalho como 
um princípio norteador do homem e, através dele, 
previsões constitucionais podem ser atendidas.
A	finalidade	econômica	do	instituto	visa	ga-
rantir ao trabalhador seu sustento, através de sua re-
muneração, imprimindo a este ramo jurídico a busca 
por desenvolvimento de condições que possam im-
pulsionar a economia do país através de sua força 
O	fim	a	que	se	destina	o	direito	do	traba-
lho pode ser interpretado de várias formas: social, 
econômica, política e tutelar. Abaixo vamos pon-
tuar o aqui elencado.
28
O direito do trabalho como meio social 
pode ser interpretado como a busca pela dignida-
de do instituto aplicado ao trabalhador, resultan-
do em um meio social mais adequado, interpre-
tando o trabalho como um princípio norteador do 
homem e, através dele, previsões constitucionais 
podem ser atendidas.
A	finalidade	econômica	do	instituto	visa	ga-
rantir ao trabalhador seu sustento, através de sua re-
muneração, imprimindo a este ramo jurídico a busca 
por desenvolvimento de condições que possam im-
pulsionar a economia do país através de sua força 
produtiva, basta notar a retomada pelo Governo 
Federal em conjunto com os Estaduais a retomada 
da	criação	de	cursos	técnico-profissionalizantes,	vi-
sando	à	qualificação	da	mão	de	obra.	Essa	finalidade	
está ligada diretamente a outro segmento da econo-
mia, qual seja a política.
A política, como instituto que visa regula-
mentar a relação do Estadocom seus governados, 
possui relação com a mão de obra braçal e intelec-
tual determinando a força produtiva do país. Seja 
por	normas	 tutelares	ou	 liberais,	 acaba	por	 definir	
a forma como o país se desenvolve internamente e 
externamente. Atualmente vivemos em um país que 
busca,	ainda	que	a	lentos	passos,	coeficiente	ideal	en-
tre	normas	tutelares	do	trabalho	e	flexibilização	das	
mesmas sem intervir na proteção aos mais fracos.
Neste mesmo diapasão podemos determinar 
a	finalidade	tutelar	do	direito	do	trabalho.	No	Brasil	
29
as normas de direito do trabalho são absolutamente 
definidas	por	um	sistema	integrativo	de	normas	que	
visam sempre proteger ao trabalhador. Notamos a 
tutela estatal muito clara, tendenciando e determi-
nando o Direito do Trabalho Individual e Coletivo, 
pois,	 se	 associarmos	 as	 finalidades	 socioeconômi-
cas e tutelares, apuraremos a sociedade brasileira de 
forma	conflitante,	apresentando	realidades	distintas,	
em distâncias muito pequenas, com a presença de 
grandes polos industriais e comerciais largamente 
adequados à legislação trabalhista, e de outro lado a 
utilização de mão de obra infantil ou ainda em con-
dições análogas a de escravos, por exemplo.
Logo,	a	finalidade	do	direito	do	trabalho	é	
a melhoria das condições de trabalho através de leis 
que tutelem o trabalhador. As leis devem nortear as 
relações de trabalho, principalmente em nossa pá-
tria	onde	o	conceito	aplicado	ao	trabalhador	define	
que	ele	sempre	será	 interpretado	como	hipossufi-
ciente nas relações laborais.
1.3. Relação com os Demais Ramos 
do Direito e Ciências Afins
O direito do trabalho, por regulamentar uma 
das atividades primordiais exercidas pelo ser huma-
no, está ligado a outras áreas tanto jurídicas quanto 
não jurídicas, a seguir vamos explanar tais relações.
O direito do trabalho, por regulamentar uma 
das atividades primordiais exercidas pelo ser huma-
no, está ligado a outras áreas tanto jurídicas quanto 
não jurídicas, a seguir vamos explanar tais relações. 
30
1.3.1. Direito Constitucional
O direito constitucional está intimamen-
te ligado a todos os ramos do direito por carregar 
consigo os preceitos da lei máxima do ordenamento 
jurídico a Constituição Federal.
Cabe ressaltar, retomando o quanto ex-
posto no primeiro capítulo, que as primeiras nor-
mas que versaram sobre o direito do trabalho 
foram Constituições do México e da Alemanha. 
No Brasil, a partir da Constituição de 1834, foram 
sendo inseridas gradualmente normas trabalhistas 
e regras sobre relações de trabalho. Na Constitui-
ção de 1888 o direito do trabalho vem descrito em 
seus artigos 7º a 11°.
1.3.2. Direito Administrativo
O direito administrativo está ligado ao direi-
to	do	trabalho	devido	a	sua	finalidade	principal	que	
é regular as atividades dos órgãos públicos. Diversas 
instituições presentes no Direito do Trabalho são re-
gidas pelo direito administrativo.
Podemos citar o Ministério do Trabalho, 
com	caráter	eminentemente	fiscalizatório	no	que	se	
refere às normas de direito de trabalho, órgão este 
que inclusive edita normas regulamentadoras. Exem-
plo recente de norma publicada pelo Ministério do 
31
Trabalho é a Portaria 1.59/2008 que regulamenta 
o Relógio de Ponto Eletrônico nas empresas que uti-
lizam esta forma como controle de jornada. A mes-
ma estabeleceu diversos critérios para a marcação de 
ponto sob pena de multa e de nulidade como meio 
de prova perante a Justiça do Trabalho.
A Justiça do Trabalho também rege sua 
organização e estrutura por meio do direito ad-
ministrativo, podemos citar os regimentos inter-
nos dos tribunais que editam inclusive portarias 
referentes à forma com que os advogados devem 
postular as ações, como por exemplo, a numera-
ção de páginas e documentos para a distribuição 
do processo.
1.3.3. Direito Empresarial
O direito comercial, embora atualmente in-
serido em sua maioria no corpo do Código Civil, nos 
traz conceitos muito utilizados no direito do trabalho, 
como	 a	definição	de	 empresário,	 empresa	 e	 demais	
temas pertinentes. A legislação complementar, como 
a Lei 11.101/2005 intitulada no meio jurídico como 
Lei de Recuperação de Empresas, que determina cré-
ditos trabalhistas como sendo privilegiados na ordem 
do recebimento e é caracterizado como um crédito 
prioritário de recebimento na recuperação judicial.
Podemos ainda citar a sucessão trabalhista 
das empresas em casos de venda, fusão ou incorpo-
32
ração da mesma, tal sucessão não atinge os direitos 
adquiridos dos funcionários, assegurando-os como 
se a transação comercial não houvesse sido realizada.
Ademais, cabe ressaltar que a CLT - Conso-
lidação das Leis do Trabalho - pelo parágrafo único 
de seu artigo 8º, determina que o “direito comum”, 
em ampla interpretação o Direito Comercial, deve ser 
aplicado de forma subsidiária no Direito do Trabalho.
1.3.4. Direito Civil
O direito civil possui relação íntima com o 
direito do trabalho, dado o integral teor do artigo 
8º da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, 
que permite a aplicação subsidiária quando não 
houver previsão na legislação trabalhista, tampou-
co	conflito	de	normas.
Para exemplificar o aqui descrito, bas-
ta relacionarmos o conceito de contrato com o 
contrato de trabalho para verificarmos algumas 
semelhanças. O Código Civil de 2002 trouxe 
uma série de princípios que possuem correlação. 
Princípios como o da boa fé, dos bons costumes, 
da equidade, entre outros, podem ser aplicados 
no direito do trabalho por estarem inseridos no 
contexto das normas trabalhistas.
33
1.3.5. Direito Tributário
Direito	 tributário	é	um	afluente	do	direito,	
incidindo em praticamente todas as áreas do direito 
uma vez que tem como objetivo tributar os com-
portamentos dos contribuintes tanto pessoas físicas 
quanto pessoas jurídicas.
Com o direito do trabalho não poderia ser 
diferente, o fato de ser trabalhador, empregador ou 
até	 mesmo	 profissional	 autônomo	 gera	 a	 necessi-
dade de recolhimento de alguns tributos, tais como 
Imposto de Renda descontado diretamente em folha 
de pagamento; FGTS - Fundo de Garantia por Tem-
po de Serviço - sendo realizado o recolhimento tan-
to pelo empregador quanto pelo trabalhador. Tais 
tributos visam assegurar ao trabalhador uma série 
de benefícios em caso de rescisão do trabalho, bem 
como em custear o sistema previdenciário brasileiro, 
entre outras consequências.
1.3.6. Direito Internacional
O direito internacional é uma fonte inesgotável 
de normas de direito do trabalho, através de tratados in-
ternacionais que versam sobre matéria trabalhista. Con-
forme já citado a Organização Internacional do Traba-
lho	 -	OIT	-	possui	 forte	 influência	global,	publicando	
convenções	 e	 recomendações	 com	 plena	 eficácia	 em	
34
território	nacional,	desde	que	ratificadas	pelo	Brasil.
Podemos	 inclusive	 afirmar	 a	 existência	 do	
direito internacional do trabalho que versa sobre re-
lações de trabalho extraterritoriais aplicado de forma 
conjunta com a legislação pátria.
1.3.7. Direito Ambiental
De acordo com a Lei de Política Nacional 
do Meio Ambiente (Lei 6.838/81, artigo 3º, inciso 
I), o conceito de meio ambiente, in verbis:
“I - Meio ambiente o conjunto de condi-
ções,	 leis,	 influências	 e	 interações	 de	 ordem	 física,	
química e biológica, que permite,abriga e rege a vida 
em todas as suas formas;”. 
Podemos notar que o direito ambiental pro-
tege a vida em todas as suas formas, assim como o 
direito do trabalho rege a relação do ser humano com 
uma de suas formas de sobrevivência, o trabalho.
O meio ambiente do trabalho é algo absoluta-
mente intrínseco ao instituto aqui estudado vez que o 
mesmo determina as condições ambientais de trabalho 
como insalubridade e periculosidade, por exemplo:
Para ilustrar a importância do aqui descrito po-
demos citar o Programa de Prevenção de Riscos Am-
bientais, Norma Regulamentadora nº.08, com redação 
dada pela portaria nº.25 de 28 de dezembro de 1884, 
estabelecendo a obrigatoriedade doPPRA, normas es-
tas que versam sobre o meio ambiente do trabalho.
35
A	fiscalização	por	parte	do	Ministério	do	Tra-
balho	 intensificou-se	 e	 as	 empresas	 que	 não	 se	 adé-
quem às normas e previsões pertinentes ao tema aqui 
retratado	podem	ser	multadas	em	valores	significativos.
As condições ambientais geram, por exem-
plo, benefícios para a aposentadoria, como a con-
tagem	específica	para	profissionais	que	laboram	em	
situações insalubres.
1.3.8. Direito Previdenciário
A matéria previdenciária está ligada ao meio 
ambiente laboral e ao direito do trabalho puramente. 
Os trabalhadores e empresas são obrigados a reco-
lher as verbas previdenciárias visando custear apo-
sentadoria, licença maternidade, auxílio acidente, 
auxílio doença, dentre outros benefícios.
Os benefícios acima apontados estão estri-
tamente vinculados ao direito do trabalho. Ademais, 
aquele trabalhador que não exercer seu trabalho, como 
empregado, pode contribuir como facultativo visando 
garantir sua aposentadoria e demais benefícios.
1.3.9. Direito Processual do 
Trabalho
Para que possamos visualizar o direito do 
trabalho de forma mais ampla, mister a visualização 
36
do direito material e processual. O direito material 
do trabalho possui normas que visam regulamentar o 
trabalho em si, já o direito processual possui nor-
mas que permitem que as previsões legais mate-
riais	possam	ser	 colocadas	 em	prática,	 definindo	
formalidades processuais para seu alcance através 
do poder judiciário.
Logo, o direito processual do trabalho per-
mite a aplicação do direito material através da de-
terminação de competência, estabelecendo prazos 
para a propositura da ação, desta forma aplicando e 
promovendo a segurança jurídica necessária para a 
paz social no ambiente laboral.
1.3.10. Direito Penal
A legislação penal possui diversas regras que 
são ligadas ao direito do trabalho, tendo em vista que 
a prática de um crime por parte do empregado pode 
inclusive gerar a rescisão do contrato por justa cau-
sa, de acordo com o artigo 482 da Consolidação das 
Leis do Trabalho, com seus incisos.
O título IV do Código Penal versa sobre os 
Crimes	contra	a	Organização	do	Trabalho,	tipifican-
do crimes como a “frustração de direito assegurada 
por lei trabalhista” ou ainda “atentado contra a liber-
dade do trabalho”.
A lei de Crimes contra a Ordem Previdenciária 
Social, qual seja Lei n º 8.883/00 tem caráter penal, pois 
37
define	punições	nesta	esfera,	através	de	condutas	que	
rumam em desencontro com o direito do trabalho.
1.3.11. Direitos Humanos
Após a Segunda Guerra Mundial a preocu-
pação com direitos humanos surge com maior força.
A Declaração Universal dos Direitos do Ho-
mem determina em seu artigo 1º:
“Todos os homens nascem livres e iguais em 
dignidade e direitos. São dotados de razão e consci-
ência e devem agir em relação uns aos outros com 
espírito de fraternidade”.
Este artigo foi mencionado para que possa-
mos	 refletir	um	pouco	sobre	o	contexto	global	 ao	
qual estamos inseridos. A dignidade da pessoa hu-
mana é um tema cada vez mais abordado, discutido 
e principalmente almejado pela sociedade.
O	direito	do	trabalho	figura	como	importante	
personagem nesta relação da sociedade com o homem 
em	si.	Para	tanto	o	trabalho	deve	dignificar	o	trabalha-
dor, permitindo ao mesmo que exerça suas funções em 
ambientes de trabalho dignos, com remuneração e reco-
lhimentos previdenciários condizentes com a legislação.
Tais elementos devem ser observados na re-
lação de emprego, uma vez que o trabalhador sem-
pre será interpretado em nosso contexto legislativo 
como	hipossuficiente	e	para	tanto	condições	dignas	
de trabalho devem ser sempre buscadas.
38
4 Nusdeo, Fabio - Curso de Economia- Introdução ao Estudo do 
Direito Econômico-6ª edição, página 28.
Como aplicadores do direito, devemos sem-
pre observar em situações reais as condições de tra-
balho, forma de remuneração, ambiente de trabalho 
além de demais situações fáticas as quais aquele tra-
balhador foi submetido ou esta sendo submetido.
Os Tratados de Direitos Humanos, após a 
Emenda Constitucional 45, possuem força de nor-
ma constitucional (após serem devidamente recep-
cionados no país, bem como aprovados na forma 
da lei), os direitos humanos devem ser interpretados 
de forma conjunta às normas de direito do trabalho, 
tais ramos do direito estão intimamente ligados.
Economia
A economia “é uma ciência social, ou seja, 
ela pressupõe a escassez em nível social, isto é, con-
dicionando a vida de todos os seres indistintamente, 
sem se preocupar com o fenômeno em sua dimen-
são individual” 4.
Os fatos econômicos incidem diretamente 
no direito do trabalho, vez que a relação entre em-
pregador e empregado tem causa econômica.
Ademais, os planos econômicos adotados 
pelo	Estado	têm	reflexo	direto	nos	empregos,	no	mo-
mento em que se determinam políticas salariais, leis 
trabalhistas e previdenciárias, entre outras, ocorrem 
mudanças	na	estrutura	jurídica	e	financeira	do	país.
39
O exame do aspecto econômico em leis tra-
balhistas criadas pelo Legislativo deve sempre levar em 
consideração	o	impacto	financeiro	na	sociedade	e	sua	
viabilidade em face da previsão orçamentária do Esta-
do e demais ramos da sociedade.
Sociologia
A sociologia estuda o comportamento das 
sociedades sua constituição, organização, manifesta-
ções e demais características pertinentes.
Tal ciência tem relação direta com o Direito 
do Trabalho, pois o mesmo é um fator determinante 
para a formação e estrutura da sociedade. O traba-
lho é um meio de produção de valores sociais.
Historicamente as condições de trabalho ge-
raram inúmeras manifestações por parte dos traba-
lhadores almejando condições mais dignas para exer-
cer suas funções, muitas vezes tais manifestações se 
configuram	como	divisores	de	épocas	e	períodos.
Em função da estreita relação do trabalho 
como forma de evolução do homem e da sociedade, 
esta ciência possui estreita relação com o Direito do 
Trabalho em que pese o fato de que o mesmo está em 
constante evolução de acordo com as mudanças sociais.
40
Questões:
1. (XI Concurso do Ministério Público 
do Trabalho) No que tange à história do Direito 
do Trabalho é INCORRETO afirmar:
a) Na Constituição de 1881, conferiram-se 
poderes expressos ao Congresso Nacional para le-
gislar sobre o trabalho.
b) Apenas com a entrada em vigor da CLT 
foi que se regulou o funcionamento dos sindica-
tos no Brasil.
c)	 Já	no	Tratado	de	Versalhes,	 foi	fixado	o	
princípio de que o trabalho não deve ser considera-
do como simples mercadoria ou artigo de comércio, 
mas	 como	 colaboração	 livre	 e	 eficaz	 na	 produção	
das riquezas; o direito ao pagamento aos trabalhado-
res de um salário que lhe assegure um nível de vida 
sem muitas preocupações e de acordo com o tempo 
e a condição do seu País; a adoção da jornada de 8 
horas ou da semana de 48 horas; e instituição de um 
descanso semanal de 24 horas, no mínimo, e que de-
verá ser, sempre que possível, no domingo.
d) A Carta del Lavoro é uma declaração de 
princípios, não se podendo, portanto, sob este as-
pecto,	identificar	a	CLT	como	uma	cópia	integral	de	
tal documento.
e) Não respondida.
2. (XIV Concurso do Ministério Público 
do Trabalho) Complete com a opção CORRETA. 
41
A Constituição do México de ______ tratou de re-
gras de Direito do Trabalho no seu artigo 123.
a) 1815
b) 1817
c) 1818
d) 1821
e) Não respondida
3. (FUNDEC - 2003 - TRT - 9ª REGIÃO 
(PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Sobre a forma-
ção histórica do Direito do Trabalho, assinale a 
alternativa incorreta:
a) O Liberalismo, inspirado nos princípios 
consagrados pela Revolução Francesa e pela De-
claração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 
1789,	 significou	 uma	 reação	 contra	 o	 absolutismo	
monárquico e a origem divina e sobrenatural do po-
der, mas não favoreceu os direitos dos trabalhadores.
b) A Constituição de Weimar, de 1919, em-
bora texto avançado para a sua época, não represen-
tou grande conquistano campo dos direitos sociais.
c) A Carta Del Lavoro (Itália, 1927) represen-
tou forte inspiração para a Consolidação das Leis do 
Trabalho brasileira de 1943.
d) A Igreja Católica, especialmente atra-
vés das Encíclicas Rerum Novarum (Leão XIII, 
1891), Quadragésimo Anno (Pio XI, 1931), Mater et 
Magistra e Pacem in Terris (João XXIII, 1961 e 1963, 
respectivamente) e Laborem Exercens (João Paulo II, 
1981), por seu forte sentido humanista e de valo-
http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/fundec-2003-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa
http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/fundec-2003-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa
42
ração da dignidade do trabalho, também contribuiu 
para avanços no campo do desenvolvimento social.
e) O Manifesto Comunista (Marx, 1848), 
documento máximo do socialismo, ainda que con-
tenha conceitos hoje superados, contribuiu para a 
formação do atual Direito do Trabalho.
4. A Era Vargas foi uma fase importante 
para a criação de direitos trabalhistas. Mediante 
tal assertiva assinale a alternativa INCORRETA:
a) A gestão do então presidente Getúlio Var-
gas foi marcada pela criação do direito de greve e 
liberdade de criação de sindicatos, caracterizando o 
marco inicial do Direito Coletivo no Brasil;
b) A Justiça do Trabalho foi criada no Brasil 
pela Constituição de 1834, garantindo maior espe-
cialização e aperfeiçoamento para a análise das lides 
concernentes à matéria trabalhista.
c) Embora marcada pela ditadura, a Era 
Vargas, visando evitar manifestações contunden-
tes da classe dos trabalhadores, fortemente in-
fluenciados	pelos	ideais	revolucionários	europeus,	
criou normas protecionistas e incluiu direitos 
como o salário mínimo e limite de jornada de tra-
balho de oito horas diárias.
d) O direito do trabalho, somente passou 
a ciência autônoma dotada de validade normativa, 
após a Constituição de 1888, caracterizando este pe-
ríodo a Criação do Ministério do Emprego e Traba-
lho através da Emenda Constitucional nº. 45.
43
e) As alternativas a e d estão INCORRETAS.
5. A denominação “Direito do Trabalho” 
como ramo jurídico que rege as relações labo-
rais surgiu, pois:
I. Nascido no seio da Revolução Industrial, 
o termo “Direito do trabalho” demonstrou-se muito 
abrangente,	não	 refletindo	uma	nomenclatura	pró-
pria às situações nascidas do trabalho em si.
II. O termo “Direito Operário” excluía da 
relação os empregadores, desenhando um ramo ju-
rídico unilateral;
III. O termo “Direito Operário” não pare-
ce adequado visto a exclusão de diversas formas de 
trabalho e tipos de trabalhadores, como os rurais e 
domésticos, por exemplo;
IV. Convencionou-se no período da Revo-
lução Industrial a separação de Direito Comercial e 
Civil das relações de trabalho. A nomenclatura “Di-
reito do Trabalho” abarca, portanto, empregados 
vinculados às indústrias e pequenos comércios.
Mediante a leitura das assertivas supra, assi-
nale a alternativa CORRETA:
a) As alternativas I e II estão corretas;
b) Somente a alternativa II está correta;
c) Somente a alternativa IV está correta;
d) As alternativas II e IV estão incorretas
e) Nenhuma das anteriores
6. Assinale a alternativa correta:
a) A remuneração concedida ao trabalhador 
44
em face da prestação de serviços possui caráter eco-
nômico,	 representando	a	finalidade	política	do	Di-
reito Trabalhista.
b)	A	finalidade	tutelar	do	direito	do	trabalho	
define-se	por	políticas	que	defendem	a	liberdade	das	
partes em convencionarem de acordo com as neces-
sidades contratuais trabalhistas.
c) A força produtiva representada pela mão 
de	obra	de	um	país	reflete	a	finalidade	econômica	do	
direito do trabalho, no que tange à geração de empre-
gos e consequente geração de renda na sociedade.
d) As alternativas b e c estão corretas.
7. Defina a finalidade econômica do Di-
reito do Trabalho.
9. Defina a finalidade tutelar do direi-
to trabalhista.
10. Qual a relação entre direito do traba-
lho e direito ambiental?
11. O direito internacional poderá inter-
ferir no Direito do Trabalho pátrio?
12. Relacione direito do trabalho e di-
reito penal?
13. O direito do trabalho e o processo do 
trabalho tutelam normas similares?

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