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1 
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
CURSO: Geografia DISCIPLINA: Organização Regional do Brasil 
 
CONTEUDISTA: Vinícius Silva de Moraes 
 
AULA 3 – MARCAS DA GESTÃO E DA OCUPAÇÃO TERRITORIAL NO BRASIL 
 
META 
 
Nesse nosso terceiro encontro iremos estudar o significado de planejamento e 
gestão do território, do mesmo modo como continuaremos aprofundando nosso 
entendimento sobre o processo de ocupação e produção do espaço geográfico 
nacional a fim de, ao longo das próximas aulas, problematizarmos as diferentes 
regionalização do Brasil no contexto de sua organização. 
 
OBJETIVOS 
 
Para atingirmos nosso objetivo mais amplo de sermos capazes de compreender que 
os processos de planejamento e gestão do território deixam marcas socioespaciais 
na organização do Brasil, temos 2 desafios (objetivos específicos): 
 
I - entender o significado de planejamento e gestão do território; 
 
II - criar pontes entre as atividades que cercam o planejamento e a gestão do 
território e a organização do espaço geográfico nacional; 
 
III - compreender o processo de industrialização no Brasil como um desdobramento 
de diversas concepções governamentais de gestão de recursos públicos e de 
planejamento do território nacional. 
 2 
PRÉ-REQUISITOS 
 
Para um bom aproveitamento da aula, é importante você lembrar do debate sobre 
território apresentado em nosso primeiro encontro. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 No intuito de otimizarmos nossa compreensão sobre o foco do nosso 
encontro, dividimos a aula em duas partes: na primeira optamos por realizar um 
resgate da gênese dos temos planejamento de gestão e, imaginamos ser importante 
tal etapa pois ela pode dirimir as possíveis lacunas na compreensão de conceitos 
presentes nos mais diversos debates acadêmicos. 
Na segunda parte, iremos nos aprofundar em entender como ambos os 
processos marcaram, e ainda marcam, de forma decisiva a organização do espaço 
geográfico brasileiro. 
 
 
1. PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TERRITÓRIO: NOÇÕES PRELIMINARES 
 
 Sendo objetos de nosso encontro, os conceitos de gestão e de planejamento 
merecem um cuidado especial no tocante às análises geográficas, já que se 
tratarem de termos presentes em diversas dimensões do nosso cotidiano. 
 A palavra gestão, se buscada junto a dicionários da língua portuguesa, 
remete “ao ato ou efeito de gerir; gerência” (FERREIRA, 1991), estando ligado ao 
modo como administramos um determinado fenômeno (BUENO, 1986). 
 Outras referências ao termo também são tecidas: Souza Lima (2002) elucida 
a gestão enquanto ação de formar e sustentar no ventre (no caso da maternidade), 
um ato de exercer gerência sobre, administrar ou dirigir. 
 Dentro da perspectiva geográfica, Davidovich (1991, p. 8 apud FONSECA; 
PAZ SILVA, 2012, p. 5) apresenta uma contribuição importante ao indicar que: 
(...) o território implica um determinado uso do espaço, 
consubstanciado em mecanismos de apropriação, de controle e de 
 3 
defesa por agentes públicos e privados, através dos quais se 
viabilizam práticas de poder (...). 
 
Quando o autor se refere aos mecanismos de apropriação, está abrindo 
caminho para introduzir a noção de que a apropriação do espaço significa gerir e 
planejar. Não podemos confundir a gestão com gerenciamento ou administração 
(Davidovich, 1991), mesmo que hajam aproximações diversas (no que diz respeito 
ao suporte para a prática da gestão), uma vez que devemos interpretar a gestão 
como um saber específico, um dado necessário para a governança ou para a 
governabilidade, verdadeiros imperativos empresariais e estatais – especialmente 
dentro de um “sistema complexo de coordenação para uma sociedade em rápida 
transformação” (FONSECA; PAZ SILVA, 2012, p. 5). 
 Assim, temos um duplo significado no que se refere ao conceito de gestão: 
este pode ser um ato de gerenciar, em um sentido amplo de administração, como 
aquele que ocorre com o território nacional, tanto como pode significar o ato de 
criação ou de elaboração de um determinado fenômeno. 
Já faz um tempo que a discussão sobre a gestão e o planejamento do 
território está em evidência no cenário acadêmico; desde fins da década de 1980 
podemos averiguar que o debate ganha força1, muito por conta do contexto político-
econômico do país e a promulgação da Constituição de 1988 que abriu novos ares 
para a definição de uma nova ordenação do Brasil (FONSECA; PAZ SILVA, 2012). 
 É mister lembrarmos, como conversamos em nosso primeiro encontro, que o 
território, no âmbito da Geografia, é uma unidade/trecho do espaço que é delimitado 
por e a partir de relações de poder, estando impressas nesse trecho diferentes 
elementos materiais e imateriais que marca(m) a(s) relação(ções) que o definem 
(SOUZA, 2006). 
 A professora Bertha Becker, já em 1988 (p. 108) que “a gestão é 
eminentemente estratégica: segue um princípio de finalidade econômica – expressa 
em múltiplas finalidades específicas”. Nesse sentido, a gestão tem, em realidade, 
uma perspectiva de (re)organização política do espaço contemporâneo. 
 
1 Fato observável tanto na evolução de encontros nacionais como ocorre nos Encontro Nacionais dos 
Geógrafos, organizados pela Associação de Geógrafos Brasileiros, quanto na produção de revistas, 
como exemplo as diversas edições da Revista Brasileira de Geografia. 
 4 
Buscando aprofundar um pouco mais nossa compreensão sobre a da gestão 
do território, a contribuição dada acima por Becker é por demais importante, 
principalmente pelo fato da mesma se preocupar em esclarecer o fato de que a 
gestão do território ultrapassa os limites da administração, assim como a gestão do 
território se encontra cada vez na sobreposição de poder entre os diversos atores 
sociais que apresentam interesses na produção do espaço; desse modo, a gestão 
do território torna-se fundamental para a orientação e mediação entre os interesses 
do público e do privado. 
A noção de gestão trazida pela Becker no serve de norte para identificarmos 
que as estratégias e ações adotados no âmbito não só da gestão, mas também do 
planejamento do território, estão pautadas com forte finalidade econômica e 
estabelecimento de relações de poder. 
 
Devido à complexidade e autonomia crescente das intervenções da 
grande empresa alcançadas com o desenvolvimento científico 
tecnológico e aos conflitos a elas inerentes, ao princípio de finalidade 
econômicas [...] a gestão da empresa incorporou o princípio das 
relações de poder, a estratégia e as táticas, em suma a 
governabilidade. Por sua vez, o setor público incorporou a lógica da 
competição que assume sua expressão máxima na grande empresa 
estatal, com sua dupla face pública e privada (BECKER, 1991, p. 
179). 
 
Já o conceito de planejamento remete ao ato de elaboração e efetivação de 
políticas que buscam se aproximar de um cenário distante, tendo em vista aplicação 
comportamentos do presente. Essa tentativa de alcançar um prognóstico se 
encontra sempre em aberta, em constante planejamento de replanejamento, um vez 
que a previsão dos desdobramentos de políticas no presente se desenvolvem em 
um leque amplo de possibilidades. 
Em linha geral, podemos destacar nossa compreensão na medida em que: 
 
O planeamento territorial integra um conjunto de potencialidades 
para mobilizar a atenção e incentivar o debate sobre a articulação 
entre ambiente e desenvolvimento e proporcionar a identificação e a 
operacionalização de estratégias de desenvolvimento 
ambientalmente sustentável e a nível local. (NOGUEIRA, PINHO, 
1996). 
 5 
 O planejamento territorial tem a potencialidade, inclusive, de questionar os 
modelos de desenvolvimento na medida em que existe um porta para a definição da 
localização das atividades humanas, permitindo, assim, um certo controle do 
desenvolvimento dos diferentes setores que compõem o cotidianosocial. Questiona 
as formas de desenvolvimento, também, no sentido de integrar diferentes 
preocupações/interesses no processo de produção do espaço geográfico e das 
relações de poder que fazem o intermédio na organização dos diferentes territórios. 
 O conceito de planejamento e suas ações típicas surgem como oportunidades 
estratégicas para a combinação de interesses e de integração das mais diversas 
ordens presentes no cotidiano social. Apresenta, nesse sentido, forte potencialidade 
de controle da degradação socioespacial, pois pensa no desenvolvimento em 
diversas escalas de tempo (daqui a 5, 10, 20 anos) e de espaço (ações locais, 
regionais, nacionais e, até mesmo, supranacionais – como no caso de blocos 
econômicos). 
 Existe uma importância fundamental no conceito de planejamento, 
principalmente na interface da organização do território: planejar o território, 
potencialmente, traz para dentro do seio da política a democratização das decisões 
governamentais (no caso de um planejamento voltada ao público) e empresariais 
(quanto nos referimos ao privado)2. Nesse contexto, o planejamento: 
 
Democratiza o processo de tomada de decisão desenvolvendo 
mecanismos de participação pública visando a abertura de processos 
de tomada de decisão através das opções de desenvolvimento e da 
auscultação da população relativamente aos seus objectivos e 
consequências (OLIVEIRA E CUNHA, 2000). 
 
A união analítica dos conceitos de gestão e planejamento com o conceito de 
território, podemos chegar a uma conclusão de que as problemáticas que envolvem 
tais termos giram em torno da compreensão de como o território é organizado, em 
suas dimensões materiais e simbólicas, por meio de políticas empresariais e 
estatais. 
 
2 Vale ressaltar que a noção de democratização, no tocante à governança pública, requer esforço e 
vontade política, pouco percebidos em nosso contexto nacional. 
 6 
 
2. PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TERRITÓRIO NO BRASIL 
 
Como uma forma de compreender de um modo mais prático o significado de 
gestão e planejamento do território, cabe, nesse segundo momento, apontarmos 
como tais dimensões se efetivaram em nosso país para, em um sentido amplo, 
criamos pontes analíticas entre planejamento e gestão do território e a organização 
do território nacional. 
Nesse intuito, vemos analisar o fato de que o planejamento e a gestão do 
território nacional, de um ponto de vista mais contemporâneo, esteve, e ainda está, 
vinculado ao processo de integração do território nacional. A necessidade de 
planejar um país mais conectado territorialmente se deu como uma urgência frente 
nossa antiga fragilidade político-econômica; quando restritos ao modelo agrário-
exportador, nossa economia se encontrava fortemente vulnerável. Tal fato se 
arrastou até a década de 1930, quando eclode a crise econômica que teve como 
epicentro a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. 
A organização da economia de nosso país esteve voltada exclusivamente aos 
interesses externos, fato que consolidou aquilo que nós chamamos de Arquipélago 
Econômico Regional. 
Assim, a crise de 1929 serviu de lição para a Administração Federal que no 
sentido de que deveríamos quebrar com esse modelo político-econômico vulnerável 
e tornar nosso país industrializado; logo, o processo de industrialização nacional 
tomado a cabo pelo Governo Federal, fomentou um processo de integração nacional 
via diferentes políticas territoriais3 em diversas administrações. 
Vamos, então, entender, a organização do Brasil em arquipélago econômico 
para, posteriormente, entendermos o processo de industrialização nacional. 
 
 
3 Como exemplo dessas políticas podemos citar o caso das Superintendências de Desenvolvimento 
Regional que debatemos na aula anterior. 
 7 
O start da produção do espaço geográfico brasileiro, desde o período colonial, 
é uma história da apropriação diferenciada de nossas terras; apropriação essa 
realizada por meio do trabalho e de atividades econômicas. 
 As áreas/regiões de atividades econômicas espalhadas nos quatro cantos do 
Brasil produziu, a priori, um espaço geográfico em “ilhas”, “coágulos”, com nenhuma 
rara integração e complementariedade entre si. À exceção da pecuária, que, como 
meio e suporte, auxiliou na interiorização da ocupação dos portugueses; fato que 
levou a exploração para além do Tratado de Tordesilhas. 
 
 
fonte: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas#/media/File:Treaty_of_Tordesill
as.jpg 
Tratado de Tordesilhas: “O Tratado de Tordesilhas, assinado na povoação 
castelhana de Tordesilhas em 7 de junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o 
Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras 
"descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. Este tratado 
surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola, 
resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que um ano e meio antes chegara ao 
chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para Isabel, a Católica. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas#/media/File:Treaty_of_Tordesillas.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas#/media/File:Treaty_of_Tordesillas.jpg
 8 
O tratado definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha 
de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava situada a meio 
caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas descobertas 
por Colombo, no tratado referidas como "Cipango" e Antília. Os territórios a leste 
deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, à Espanha. O 
tratado foi ratificado pela Espanha a 2 de julho e por Portugal a 5 de setembro de 
1494. Algumas décadas mais tarde, na sequência da chamada "questão das 
Molucas", o outro lado da Terra seria dividido, assumindo como linha de 
demarcação, a leste, o antimeridiano correspondente ao meridiano de Tordesilhas, 
pelo Tratado de Saragoça, a 22 de abril de 1529. 
No contexto das Relações Internacionais, a sua assinatura ocorreu num momento de 
transição entre a hegemonia do Papado, poder até então universalista, e a 
afirmação do poder singular e secular dos monarcas nacionais - uma das muitas 
facetas da transição da Idade Média para a Idade Moderna. 
Para as negociações do Tratado e a sua assinatura, D. João II de Portugal designou 
como embaixador a sua prima de Castela (filha de uma infanta portuguesa) a D. Rui 
de Sousa. Os originais de ambos os tratados estão conservados no Arquivo General 
de Indias na Espanha e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Portugal” 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas 
 
 
Nesse sentido, com a gradual introdução de diferentes atividades econômicas 
em nosso território, três tipos de espaços foram produzidos: 
 
- os espaços que eram voltados para o mercado externo 
Estes espaços seriam os que são produzidos em função do mercado externo e deles 
dependentes diretos. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas
 9 
• produção da agroindústria da cana-de-açúcar, na Zona da Mata Nordestina nos 
séculos XVI e XVII; 
• produção de tabaco no Recôncavo Baiano; 
• agricultura do algodão, no Maranhão Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e 
Paraíba, no século XIX; 
• mineração, principalmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, no século XVIII; 
• cultura do cacau na Zona da Mata Nordestina, a partir do século XIX; 
• cafeicultura nas terras do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, no século XIX. 
 
- Os espaços que eram voltados para o mercado interno e para os espaços voltados 
ao mercado externo 
São espaços que produzem necessidades básicas para os centros de produção 
voltados ao mercado externo e que também abastecem o mercado interno. 
• É nesta classificação de tipo de produção do espaço geográficoque se inclui a 
pecuária, no nordeste do Brasil (séculos XVI e XVII) e no Rio Grande do Sul 
concomitantemente com a atividade mineradora em Minas Gerais, nos séculos XVII 
e XVIII; 
• Inclui-se, também, nesta classificação de tipo de produção do espaço as produções 
da agricultura da subsistência. Possuindo certo aspecto mercantil, os espaços da 
agricultura de subsistência são marcados pela produção de gêneros agrícolas 
necessários para a reprodução das relações sociais de exploração do território 
brasileiro. A produção da agricultura de subsistência gera excedentes que serão 
voltados para a comercialização e o abastecimento do mercado interno. 
Essas atividades são realizadas, nos dias atuais, em pequenas propriedades e com 
uso de mão de obra familiar (no caso da agricultura de subsistência). Porém, durante 
muito tempo, foram atividades desenvolvidas, geralmente, no interior de grandes 
propriedades. 
 
- Os espaços que eram voltados para si 
Destaca-se a agricultura de auto-subsistência, conhecida também como economia 
natural, agricultura sem produção excedentes. A importância de tal agricultura reside 
 10 
no fato dela ter levado ocupações para diferentes pontos do território nacional. Ainda 
é praticada em locais desprovidos de infraestrutura, sobretudo viária, e em roças na 
Amazônia, Mato Grosso, Goiás e Tocantins (preferencialmente). 
 
 
 O aspecto de “ilhas”, ou de “arquipélago econômico regional”, vai estar 
presente em nossa dinâmica até o aprofundamento da industrialização no Brasil. 
Essa condição vai se desfazendo de forma gradual ao passo que a administração 
pública federal foi percebendo que a extrema dependência do mercado externo 
impossibilitava uma dinâmica econômica nacional mais integrada. Tal dependência 
se deu no fato de que dependíamos do mercado externo para compra de nossos 
produtos primários e para venda de produtos manufaturados/industrializados. 
Como já dito, a crise do modelo primário-exportador foi sentida no Brasil ao 
longo de toda a década de 1930 em decorência da quebra da Bolsa de Nova Iorque. 
Gradualmente, porém de forma decisiva, tivemos uma relativização deste padrão 
econômico, ou seja, nossa economia que antes estava pautada exclusivamente na 
exportação de produtos primaries, vai, aos poucos, se diversificando. 
Conforme os cafezais foram apresentando baixa de lucratividade e declínio 
assustador de rendimento, o eixo de gravidade político e econômico se desloca do 
campo para a cidade, onde as atividades tipicamente urbanas e, em especial, no 
setor secundário, passam a ganhar destaque. 
A Crise do Café gerou, em um contexto amplo, condições para a 
industrialização brasileira e também estimulou a necessidade de produção de bens 
de consumo no país por conta da redução drástica das importações. 
A forte concentração de riqueza na Região Sudeste por conta do período da 
cafeicultura, principalmente no eixo Rio-São Paulo, fez com que também houvesse 
uma maior concentração da atividade industrial na região, destacando-se como 
pioneira na industrialização do Brasil. São vários os fatores que impulsionaram tal 
fenômeno; fatores esses que são conhecidos por formarem a chamada economia de 
escala (ou de aglomeração); destacaram-se os seguintes fatores locacionais. 
 
 11 
I. concentração de infraestrutura de energia, comunicação e, sobretudo, transportes; 
II. concentração de mão de obra qualificada (lembrando a entrada de mão de obra 
estrangeira, em sua maior parte, já qualificada para os serviços fabris); 
III. concentração de mercado consumidor; 
IV. rede bancária desenvolvida, por conta da presença de centros de produção de 
café. 
Assim, com o objetivo de buscarmos uma melhor compreensão do processo 
de organização do espaço industrial brasileiro como resultado de diferentes políticas 
de gestão e planejamento do território, iremos destacar algumas administrações 
Federais. 
 
Getúlio Vargas (1930-1945/1950-1954) 
Período caracterizado pela nacionalização da economia, onde a adoção do 
modelo de Substituição das Importações, responsável por criar as indústrias de 
base necessárias para o impulso de outros ramos industriais. As indústrias de base 
criadas neste período foram a Companhia Siderúrgica Nacional, importante centro 
de produção de aço, a Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale, empresa 
responsável pela exploração de uma variada gama de minerais utilizados pelas 
indústrias e criou a Petrobras, importante produtora de energia e de pesquisas sobre 
outras pontencialidades do petróleo. 
“Indústria de base é o tipo de indústria em que a sua produção é absorvida por 
outras indústrias, ou seja, produzindo máquinas ou matéria prima. Também 
chamadas de indústrias de bens intermediários ou indústrias pesadas, incluem 
principalmente os ramos: siderúrgico, metalúrgico, petroquímico e de cimento. 
São indústrias que têm no desenvolvimento de outras indústrias sua mais 
importante justificativa. 
 
Essas indústrias transportam grande quantidade de matéria-prima e por isto 
costumam localizar-se próximas a portos, ferrovias e fontes de matéria-prima para 
facilitar o recebimento desta última e facilitar o escoamento da produção. São as 
indústrias que fabricam materiais e equipamentos (matéria-prima) para a construção 
 12 
e montagem de outros equipamentos. 
Situação que ocorre de países sub-desenvolvidos para desenvolvidos, que por 
consequência voltam essas matérias primas para os países de origem com 
tecnologia por um preço muito alto”. 
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_de_base 
 
 
 
 
Vale lembrar, também, da organização da C.L.T. (Consolidação das Leis 
Trabalhistas), instrumento político-social importante para a sistematização das 
relações de trabalho que vinham sendo desenvolvidas no país, que vivenciou, 
concomitantemente, altas taxas de urbanizacão. 
 
 
Juscelino Kubitschek (1956-1961) 
JK irá intervir, por sua vez, na organização do espaço industrial por meio da 
internacionalização da economia. Essa prática política foi responsável por abrir 
espaço para a entrada investimentos estrangeiros, em especial aqueles ligados à 
indústria automobilística, vista por JK como um “motor” da economia (seguindo 
exemplo dos países mais desenvolvidos economicamente). 
Esse período é marcado pelo tripé da economia: capital estatal, capital 
privado nacional e capital privado internacional. Os investimentos estatais foram 
alocados em indústrias de base e em investimentos em infraestrutura de 
comunicação, energia e transportes; o capital privado nacional canalizou 
investimentos em indústrias de bens de consumo não duráveis; já o capital privado 
internacional foi voltado para o desenvolvimento das indústrias de bens de consumo 
duráveis. 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_de_base
 13 
Plano de Metas: 
O Plano de Metas foi um importante programa de industrialização e modernização 
levado a cabo na presidência de Juscelino Kubitschek, na forma de um "ambicioso 
conjunto de objetivos setoriais", que "daria continuidade ao processo de substituição 
de importações que se vinha desenrolando nos dois decênios anteriores". Bandeira 
importante de sua campanha eleitoral, ainda que nesta fase de sua candidatura os 
projetos fossem mencionados de forma sintética pela falta de estudos detalhados, 
posteriormente se "constituiu o mais completo e coerente conjunto de investimentos 
até então planejados" resultado dos trabalhos efetuados pelo Conselho de 
Desenvolvimento, instituído pelo Decreto n. 38.744 de 01 de fevereiro de 1956. O 
plano, que contemplou apenas marginalmente o setor industrial, continha metas 
tanto para o setor público como para o privado, e foi consideravelmente mal-
sucedido, impulsionando um período de crescimento econômico acelerado, às 
custas de um alto endividamento público. Apesar de ter sido realizada na 
presidência de Juscelino, o plano teveconsequências em administrações futuras, 
quando aconteceram diversos planos de levantamento na economia. 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_de_Metas 
 
 
O slogan “50 anos em 5” foi o horizonte de investimentos no período em 
questão, no qual foram verificadas altas taxas de crescimento econômico às custas 
da abertura da dívida externa. 
 
Governos Militares (1964 – 1985) 
Os diversos presidentes fizeram parte do período militar apresentaram, de um 
modo geral, duas características marcantes: a modernização da economia e o 
autoritarismo político. A modernização da economia deu-se via aprofundamento da 
dívida externa, responsável pela experiência do “Milagre Econômico” (1968-73), 
quando o Brasil apresentou exorbitantes taxas de crescimento econômico, acima de 
10% ao ano. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_de_Metas
 14 
Alguns sinais de desgaste foram surgindo ao longo dos governos militares. A 
década de 1980 é conhecida, assim, como “a década perdida”, uma vez que nesse 
período o país obteve os maiores índices de inflação, inclusive com constantes 
correções monetárias diárias e retração da atividade industrial. 
A importância do período em questão, no tocante ao desenvolvimento das 
relações industriais no Brasil, reside no fato do avanço da economia, sobretudo 
durante o “Milagre Economico”, ter influenciado decisivamente na sociedade de 
consumo. O aumento do poder de consumo de algumas classes sociais acelerou o 
surgimento de novas indústrias com objetivos de mercado. 
 
Ditadura Militar no Brasil: 
A ditadura militar no Brasil, ou Quinta República Brasileira, foi o regime instaurado 
em 1º de abril de 1964 e que durou até 15 de março de 1985, sob comando de 
sucessivos governos militares. De caráter autoritário e nacionalista, teve início com 
o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart, o então presidente 
democraticamente eleito. O regime acabou quando José Sarney assumiu a 
presidência, o que deu início ao período conhecido como Nova República (ou Sexta 
República). Apesar das promessas iniciais de uma intervenção breve, a ditadura 
militar durou 21 anos. Além disso, o regime pôs em prática vários Atos 
Institucionais, culminando com o AI-5 de 1968, que vigorou por dez anos. A 
Constituição de 1946 foi substituída pela Constituição de 1967 e, ao mesmo tempo, 
o Congresso Nacional foi dissolvido, liberdades civis foram suprimidas e foi criado 
um código de processo penal militar que permitia que o Exército brasileiro e a 
Polícia Militar pudessem prender e encarcerar pessoas consideradas suspeitas, 
além de impossibilitar qualquer revisão judicial. 
O regime adotou uma diretriz nacionalista, desenvolvimentista e de oposição ao 
comunismo. A ditadura atingiu o auge de sua popularidade na década de 1970, com 
o "milagre econômico", no mesmo momento em que o regime censurava todos os 
meios de comunicação do país e torturava e exilava dissidentes. Na década de 
1980, assim como outros regimes militares latino-americanos, a ditadura brasileira 
entrou em decadência quando o governo não conseguiu mais estimular a economia, 
 15 
controlar a inflação crônica e os níveis crescentes de concentração de renda e 
pobreza provenientes de seu projeto econômico o que deu impulso ao movimento 
pró-democracia. O governo aprovou uma Lei de Anistia para os crimes políticos 
cometidos pelo e contra o regime, as restrições às liberdades civis foram relaxadas 
e, então, eleições presidenciais indiretas foram realizadas em 1984, com candidatos 
civis e militares. 
O regime militar brasileiro inspirou o modelo de outras ditaduras por toda a América 
Latina, através da sistematização da "Doutrina de Segurança Nacional", a qual 
justificava ações militares como forma de proteger o "interesse da segurança 
nacional" em tempos de crise. Desde a aprovação da Constituição de 1988, o Brasil 
voltou à normalidade institucional. Segundo a Carta, as Forças Armadas voltam ao 
seu papel institucional: a defesa do Estado, a garantia dos poderes constitucionais e 
(por iniciativa desses poderes) da lei e da ordem. 
Apesar de o combate aos opositores do regime ter sido notoriamente marcado por 
torturas e mortes, as Forças Armadas admitiram oficialmente que possa ter havido 
tortura e assassinatos, pela primeira vez, em setembro de 2014, em resposta à 
Comissão Nacional da Verdade. O documento, assinado pelo Ministro da Defesa, 
Celso Amorim, menciona que "o Estado brasileiro [...] já reconheceu a ocorrência 
das lamentáveis violações de direitos humanos ocorridas no passado". No entanto, 
apesar das várias provas, os ofícios internos da Marinha do Brasil, do Exército 
Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, foram uníssonos em afirmar que em suas 
investigações não encontraram evidências que corroborassem ou negassem a tese 
de que houve "desvio formal de finalidade no uso de instalações militares". Estima-
se que houve 434 pessoas entre mortos e desaparecidos durante o regime. 
 
Fonte: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar_no_Brasil_(1964%E2%80%931985) 
 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar_no_Brasil_(1964%E2%80%931985
 16 
 
Collor e FHC (1990 - 2002) 
A década de 1990 é um marco na adoção do modelo neoliberal na 
administração pública federal, período onde surgem as ondas de privatizações de 
empresas estatais. A partir de então, vivenciamos um processo de 
desregulamentação da economia nacional através da flexibilização das leis 
trabalhistas, da abertura mais acentuada da economia ao mercado externo, além da 
retração dos investimentos em setores sociais e da criação de diversas agências 
reguladoras (ANATEL, ANTT, ANVISA, …). 
Uma onda de desconcentração espacial das atividades industrias que já vinha 
sendo registrada desde, mais ou menos, a década de 1970/80, é intensificada a 
partir desse período, principalmente por meio da guerra fiscal. 
 
Guerra Fiscal: 
Guerra fiscal pode ser conceituada como a exacerbação de práticas competitivas 
entre entes de uma mesma federação em busca de investimentos privados. 
Beneficios fiscais atrativos incentivariam a migração de determinados agentes 
privados. Os quais, segundo postulados econômicos clássicos, sempre tendem a 
buscar o menor custo produtivo e, consequentemente, maior lucro.[1] 
Para atrair investimentos aos seus respectivos estados, os governos infranacionais 
(como estados ou municípios) oferecem aos contribuintes determinados benefícios 
fiscais, como créditos especiais de ICMS ou empréstimos subsidiados de longo 
prazo. 
No Brasil, existe também a guerra fiscal entre municípios, utilizando-se, na maior 
parte das vezes, benefícios relativos ao ISS (imposto sobre Serviços). 
Apesar de ser bom para o contribuinte, na prática, a guerra fiscal entre os estados 
provoca distorções na arrecadação do ICMS, pois os estados exportadores, 
indiretamente, transferem parte do ônus dos incentivos praticados para os estados 
importadores dos produtos e serviços tributados. 
Mas o contribuinte também pode ser vítima desta guerra: o adquirente de bens ou 
serviços, oriundos de outro estado, quando o remetente usufrui de incentivo fiscal 
 17 
no estado de origem, pode sofrer sanções do seu estado, como, por exemplo, 
restrições do direito ao crédito do ICMS. 
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_fiscal 
 
 
 
 
Governo Lula (2003 – 2010) 
O Governo Lula, no que se refere sua influência na organização do espaço 
industrial no Brasil, terá suma importância para o desenvolvimento acentuado de 
atividades industriais na Região Nordeste. 
A Região Nordeste se enquadra, nesse contexto, como uma região de 
recente industrialização que, apesar de ainda estar em um período de 
amadurecimento, já apresenta uma significativa diversidade de mercadorias em 
produção. Outras características que marcam a recente industrialização do Nordeste 
é o baixo grau de qualificação da mão de obra regionale a baixa complexidade dos 
parques industriais. 
 
 
 
 
Atividade 1 
Os conceitos de gestão e de planejamento apresentam uma grande polissemia e se 
encontram presentes em diversas dimensões do cotidiano social. Sendo aplicados 
na esferas privada e pública, a gestão e o planejamento, quando próximos ao 
conceito de território, adquirem um viés específico. 
 
Faça uma breve apresentação do significado dos conceitos de planejamento e 
gestão quando aplicados às dinâmicas territoriais. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_fiscal
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RESPOSTA COMENTADA da Atividade 1. 
 O conceito de planejamento, quando aproximado ao conceito de território, 
indica um conjunto de atividades que visam pensar a relação entre as pessoas e o 
espaço em um determinado prazo de tempo, buscando alcançar um objetivo futuro 
por meio de reflexões/intervenções no presente. O planejamento territorial apresenta 
a capacidade de questionar a forma como os modelos de desenvolvimento aplicam 
suas políticas, uma vez que busca um certo controle do desenvolvimento dos 
diferentes setores que compõem o cotidiano social. Busca, também, realizar pontes 
entre diferentes interesses no processo de produção do espaço geográfico. 
 A gestão remete, em sua vez, ao conjunto de atividades de caráter 
estratégico; apresenta, nesse contexto, uma perspectiva de (re)organização política 
do espaço contemporâneo. 
 
 
 
 
ATIVIDADE 2 
 
 19 
 A distribuição espacial das diversas atividades econômicas presentes no 
processo de produção do território nacional apresentava pouca conexão entre si. 
Tendo em mente o que foi debatido durante nosso encontro, especialmente na 
segunda parte da aula: 
Por que a economia do Brasil até 1930 foi caracterizada enquanto um “arquipélago” 
e qual ação foi tomada para romper tal configuração? 
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RESPOSTA COMENTADA da Atividade 2. 
 
A organização econômica do espaço nacional foi caracterizada como 
Arquipélago Econômico Regional, uma vez que consistiu em uma estrutura em que o 
território não se encontrava integrado, apresentando várias áreas desarticuladas. 
Formado por “ilhas”, cada atividade econômica se integrava diretamente e 
individualmente (exceto em poucos casos) ao mercado externo, como pouca ou rara 
conexão com o mercado nacional. 
Atualmente, afirma-se que a economia brasileiro deixou de ser um 
“arquipélago”, pois, ao contrário do que ocorreu até início do século XX, o território 
brasileiro se encontra quase inteiramente integrado, fato só possível graças ao 
processo de industrialização nacional. 
 20 
Assim, a partir de 1930 tivemos diversas concepções do que seria a gestão 
de recursos públicos e a planejamento de atividades industriais como uma forma de 
fortalecimento da economia do país. 
 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
 O processo de organização do território nacional se deu ao longo de inserção 
de diferentes atividades econômicas que, paulatinamente, alterou a paisagem do 
Brasil até a configuração que nós conhecemos nos dias de hoje. Assim, é importante 
termos em mente que a gestão e o planejamento do território nacional reverbera 
transformações profundas da estrutura socioespacial. 
 Pensando na gestão dos recursos públicos, por exemplo, os investimentos 
nacionais tiveram diferentes orientações; já no tocante ao planejamento, num 
sentido geral, visou modificar a estrutura político-econômica em direção ao modelo 
urbano-industrial. Podemos até problematizar o fato de ainda estarmos, décadas 
depois, em plena transição, porém nos deteremos nesse assunto, de forma mais 
aprofundada, ao longo de nossos encontros. 
 As diferentes concepções de gestão e planejamento de diferentes 
administrações presidenciais aos poucos quebrou com o aspecto de “ilhas”, típico de 
tempos pretéritos, conhecido como “arquipélago econômico regional”. Essa condição 
foi se desfazendo gradualmente ao passo que as administrações federais foram 
percebendo que a extrema dependência do mercado externo impossibilitava uma 
dinâmica econômica nacional mais integrada. 
Buscamos, nesse nosso encontro, apresentar que a organização do território 
brasileiro é melhor compreendida melhor por meio das algumas políticas de 
diferentes administrações públicas federais que, por meio da gestão e do 
planejamento, realizaram intervenções político-econômicas que geraram, além de 
um processo de integração nacional, e transformações na estrutura da sociedade 
brasileira. 
 21 
 
 
ATIVIDADE FINAL 
 
Tomando o conhecimento produzido ao longo da presente aula sobre o significado 
de gestão e de planejamento, exemplificado no contexto do processo de 
industrialização nacional, realize uma pesquisa e desenvolva um texto sobre como 
se dariam tais conceitos dentro da perspectiva do processo de urbanização do 
Brasil. 
Para a realização dessa atividade final, procure ponderar sobre os seguintes 
questionamentos: 
- O que seria gestão do espaço urbano? 
- Existem diferentes perspectivas relacionadas ao planejamento das cidades no 
Brasil? 
 
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RESPOSTA COMENTADA da Atividade Final 
 
 Tendo em mente que o conceito de gestão remete ao ato de gerenciar, 
administrar um fenômeno, dirigir ações de modo a sustentar o máximo possível uma 
situação entendida como “ideal”, a gestão do espaço urbano abriria portas para uma 
forma melhor alocar investimentos e políticas públicas de modo a garantir um bem 
estar de uma dada população. 
Já o planejamento seria uma forma de elaboração de um conjunto de ações 
voltadas a efetivação de políticas com o objetivo de alcançar um prognóstico. 
Importante lembrar que o planejamento, enquanto conjunto de ações, não seria um 
movimento fechado em si, mas sim sempre em constante (re)avaliação, já que os 
desdobramentos das políticas nem sempre se desenvolvem como o planejado 
previamente. 
Assim, o planejamento urbano seria um conjunto de políticas públicas 
voltadas ao intermédio dos diferentes interesses presentes no processo de produção 
espaço urbano e seus diversos agentes. 
O Plano Diretor, previsto constitucionalmente, é uma concepção de 
planejamento urbano previsto para a cidades que ocupam o topo da hierarquia 
urbana com fortes conexões nacionais e, até mesmo, internacionais. Outra 
concepção de planejamento urbano que merece destaque são os Planos 
Estratégicos adotados por algumas municipalidades, no intuito de, diferentemente do 
Plano Diretor que pensa a cidade em longo prazo, em um período curto de tempo, 
gerar desenvolvimento econômico. 
 
 
 23 
 
RESUMO 
 Os conceitos de gestão e de planejamento, por serem termos polissêmicos, 
merecem um cuidado especial, especialmente quando estamos na interface de 
análises geográficas. 
 A palavra gestão remete, geralmente, ao movimento/ato ou efeito de realizar 
gerência estando ligado ao modo como administramos um determinado fenômeno 
(BUENO, 1986). 
Ao aprofundarmos um pouco mais nossa compreensão sobre a da gestão do 
território devemos ter em mente que tal ação ultrapassa os limites da pura e simples 
administração; assim como a gestão do território se encontra cada vez na 
sobreposição de poder entre os diversos atores sociais que apresentam interesses 
na produção do espaço; desse modo, a gestão do território torna-se fundamental 
para a orientação e mediação entre os interesses do público e do privado. 
O conceito de planejamento, por sua vez, está ligado ao ato de efetivação de 
políticas que têm como foco buscar se aproximar de um cenário futuro. Essa 
tentativa de alcançar um prognóstico se encontra sempre em aberta, em constante 
planejamento de replanejamento, um vez que a previsão dos desdobramentos de 
políticas no presente se desenvolvem em um leque amplo de possibilidades. 
 O planejamento territorial pode, em sua concepção ampla, problematizar 
modelos de desenvolvimento, uma vez que existe um porta para a definição da 
localização das atividades humanas, permitindo, assim, um certo controle do 
desenvolvimento dos diferentes setores que compõem o cotidiano social. Questiona 
as formas de desenvolvimento já que apresenta intuito de integrar diferentes 
preocupações/interesses no processo de produção do espaço geográfico e das 
relações de poder que fazem o intermédio na organização dos diferentes territórios. 
Uma união dos conceitos de gestão e planejamento com o território, podemos 
chegar a uma conclusão de que as problemáticas que envolvem tais termos giram 
em torno da compreensão de como o território é organizado, em suas dimensões 
materiais e simbólicas, por meio de políticas empresariais e estatais. 
 24 
Assim, buscamos nesse terceiro encontro apontar o processo de 
industrialização nacional como uma forma de aplicação da gestão e do planejamento 
do território, com o objetivo de entendermos melhor o significado de tais conceitos 
na prática. 
Logo, apontamos que a industrialização surge a partir da necessidade de 
planejar um país mais conectado territorialmente se deu como uma urgência frente 
nossa antiga fragilidade político-econômica. Quando nos encontrávamos restritos ao 
modelo primário-exportador, nossa economia se encontrava fortemente vulnerável. 
Tal fato se arrastou até a década de 1930, quando eclode a crise econômica que 
teve como epicentro a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. 
Assim, a crise de 1929 serviu de lição para a Administração Federal que no 
sentido de que deveríamos quebrar com esse modelo político-econômico vulnerável 
e tornar nosso país industrializado; logo, o processo de industrialização nacional 
tomado a cabo pelo Governo Federal, fomentou um processo de integração nacional 
via diferentes políticas territoriais em diversas administrações. 
 
 
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA 
 
Na próxima aula iremos fomentar a compreensão de que existem, também, critérios 
naturais que permitem uma regionalização Brasil e como as diferentes paisagens 
são impactadas pelo planejamento e gestão do território. 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BECKER, Bertha K. Geografia Política e Gestão no Limiar do Século XXI: Uma 
Representação a partir do Brasil – In: Revista Brasileira de Geografia – v. 53, n3, 
p.169-182, jul./set. 1991. 
 
 25 
BUENO, Francisco da Silva. Dicionário Escolar Silveira Bueno. Rio de Janeiro: 
Edições de Ouro, 1986. 
 
DAVIDOVICH, Fany. Gestão do Território: Um tema em questão. In: Revista 
Brasileira de Geografia. v. 53, n3, p.7-31, jul./set. 1991. 
 
FERREIRA, Ignez C. B. A Gestão do Espaço Agrário. In: Revista Brasileira de 
Geografia. v. 53, n3, p.149-160, jul./set. 1991. 
 
Nogueira, T. & Pinho, P. Desenvolvimento Ambientalmente Sustentável – 
Perspectivas Teóricas sobre a Contribuição do Planeamento Territorial e da 
Avaliação Ambiental, Apontamentos da Disciplina de Legislação e Administração do 
Ambiente. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1997. 
 
OLIVEIRA E CUNHA, Maria Luísa Santos. O planeamento territorial como um 
instrumento de política para operacionalização do desenvolvimento sustentável. In: 
Revista Milenium, n˚19, 2000. Disponível: http://www.ipv.pt/millenium/19_spec7.htm 
 
SOUZA, Marcelo José Lopes. O território: sobre espaço, poder, autonomia e 
desenvolvimento. In: Castro et al. (orgs.) Geografia: Conceitos e Temas. 8a ed. Rio 
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 
 
 
LEITURAS RECOMENDADAS 
 
BECKER, Bertha. A geopolítica na virada do milênio. In CASTRO, Iná Elias de, 
GOMES, Paulo Cesar, CORREA, Roberto Lobato. (Orgs). Geografia: Conceitos e 
Temas. 11ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008, p. 271-307. 
 
SANTOS, Rosely Ferreira dos. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: 
Editora Oficina de Textos, 2004 
http://www.ipv.pt/millenium/19_spec7.htm
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