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GEIGER, P P Organização regional do Brasil

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Revista Geográfica.
http://www.jstor.org
Pan American Institute of Geography and History
Organização Regional do Brasil 
Author(s): Pedro Pinchas Geiger 
Source: Revista Geográfica, T. 33, No. 61 (2.o SEMESTRE 1964), pp. 25-57
Published by: Pan American Institute of Geography and History
Stable URL: http://www.jstor.org/stable/40991791
Accessed: 27-10-2015 02:20 UTC
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Organização Regional do Brasil 
Pedro Pinchas Geiger 
Do Conselho Nacional de Geografia 
A compreensão da organização regional brasileira é perseguida pelos 
estudiosos das diversas ciências sociais. O debate deste tema é levado a 
seminários de assistentes sociais, a reuniões de economistas, a congressos 
de geógrafos, etc. Existe, por um lado, o interesse de se conhecer a evo- 
lução da divisão do território do país em unidades diferenciadas, divisão 
que se foi processando no bojo do processo do desenvolvimento brasileiro. 
Em segundo lugar, existe o interesse da institucionalização de uma nova 
divisão regional do Brasil para que seja utilizada como melhor instrumento 
na organização de estudos do país . Por exemplo, uma tabulação dos dados 
estatísticos segundo as verdadeiras regiões permitiria melhor compreensão 
geográfica de diversos fenómenos, como o da urbanização, o da industria- 
lização e outros. Finalmente, o conhecimento da organização regional bra- 
sileira é um dado necessário e imprescindível na aplicação prática das 
ciências sociais, desde a ação de assistência social até ao planejamento 
global. 
Vamos apresentar aqui nossa ideia relativa à organização das regiões 
brasileiras de mais elevada hierarquia. Ela refletirá, certamente, tanto o 
desenvolvimento dos conceitos teóricos a respeito da região, quanto as re- 
centes mudanças ocorridas no complexo econômico-social do país, com 
as consequentes diferenciações territoriais. 
A REGIÃO 
Em primeiro lugar, é necessário lembrar que a palavra região tem um 
largo sentido, mesmo popular, significando a porção de um todo. Mesmo 
em geografia, emprega-se muitas vezes o termo num sentido vulgar, como 
referência a um trecho qualquer da superfície terrestre. Outras vezes, 
queremos dar ao termo região um sentido preciso, que definisse um objeto 
de determinados atributos. De qualquer forma, parece-nos importante 
chamar a atenção para o significado dado pelo conceito popular: a parte 
de um todo. Pois, a primeira observação relativa ao conceito científico 
de região é a de que esta não pode ser entendida como uma unidade com- 
pletamente independente ou isolada, mas que ela é uma parte integrada 
dinamicamente num conjunto maior. 
Em relação ao problema da região, vale a pena lembrar, agora, uma 
das contribuições geográficas à filosofia. No estudo da superfície terrestre, 
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26 Revista Geográfica 
aspecto de certo modo contraditório é revelado: os fenómenos geográficos 
participam de um mecanismo único de dimensão global (perspectiva que 
conduz à Geografía Geral) e apresentam diferenciações constantes em 
cada local, o que conduz à regionalização (perspectiva da Geografia Re- 
gional). Um trabalho geográfico caracteriza-se em mostrar, tanto a orga- 
nização interna do trecho da superfície que está sendo considerado, como 
as relações deste trecho com o restante da superfície terrestre. Aliás, a 
organização interna já é função das interrelações da parte com o todo. 
Em segundo lugar, reconhecemos a população humana como o ele- 
mento dinâmico por excelência do e&paço geográfico e que vai renovando 
sempre as formas de interrelações espaciais. O espaço geográfico, objeto 
da geografia, é um espaço concreto, isto é, materialmente« consistente, apre- 
sentando características morfológicas estruturais e dinâmicas; é o espaço 
perceptível à sensibilidade humana. 
Este espaço é paulatinamente organizado pela sociedade humana e 
a geografia é definida como a ciência do espaço organizado pelo homem. 
Uma vez que o espaço geográfico é um espaço humano, as regiões são 
humanas. Assim, as regiões são unidades decorrentes do desenvolvimento 
humano, fundamentalmente, da divisão territorial do trabalho. Os ele- 
mentos físicos ou naturais também caracterizam as regiões, mas através 
de suas influências e dimensões em relação à vida humana. O próprio 
conceito de "regiões naturais" aplicado a grandes extensões anecumênicas 
como a Antártida ou a Amazonia reflete o fato humano, uma vez que esta 
característica resulta da marginalização destas áreas nos grandes movimen- 
tos passados de expansão da ocupação humana. 
Diz-se que os fatos geográficos representam "combinações" de fenóme- 
nos físicos, biológicos e sociais e que o espaço geográfico resulta de uma 
integração destas "combinações". As diversas formas na estruturação das 
"combinações" dão origem às diversas paisagens. Podemos imaginar o de- 
senvolvimento destas "combinações", de mais simples para mais complexas, 
ao longo do tempo. Na era Azoica, ou sem vida, são os fenómenos físico- 
quimicos que se combinam e estruturam o espaço. Do Azoico ao Quaterna- 
rio, a combinação de fenómenos físico-químicos e biológicos dá origem a 
uma sucessão de regiões naturais, estruturadas antes do aparecimento do 
homem. As grandes faixas bioclimáticas, por exemplo, são grandes unida- 
des regionais, partes integrantes do sistema zonal que rege o globo terrestre. 
Na era quaternária, expande-se a vida humana e, em decorrência dos fe- 
nómenos de origem social, as regiões geográficas evoluem de regiões pura- 
mente naturais para regiões humanas. 
Nas primeiras fases da humanidade, a conexão espacial provocada 
pela vida social é débil e, em certos aspectos, inexistente . Que laços diretos 
existiam entre os indígenas da América e os povos da Europa no período 
pre-colombiano? Os "géneros de vida", combinações formadas nos primór- 
dios da história - como o pastoreiro nómade nas estepes, a agricultura iti- 
nerante em matas, a agricultura fixada nos grandes vales - representam 
uma adaptação relativamente simples às regiões naturais e modificações 
menos profundas na superfície terrestre. 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 27 
Fig. 1 - Trecho da expansão da área metropolitana paulista, no municipio de 
Santo André, cuja organização do espaço é ditada pela implantação industrial; 
a ocupação recente do terreno traduziu-se num zoneamento nítido, em que as 
partes baixas se tornaram local de eleição das fábricas e as encostas o dos 
loteamentos residenciais. (Foto C.N.G. n.° 3.068) 
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http://www.jstor.org/page/info/about/policies/terms.jsp28 Revista Geográfica 
O crescimento do contigente populacional do globo se faz através da 
elevação de seu nível técnico. A atividade humana revelou-se o elemento 
mais dinâmico nas combinações geográficas, modificando constantemente 
a fisionomia da Terra, em velocidade acelerada. Compare-se a fisionomia 
atual da Terra com a de apenas 1.000 anos passados; notar-se-á que mu- 
danças climáticas, vulcanismo, terremotos, erosão, mudanças naturais de 
traçado de rios, etc., representam transformações relativamente modestas do 
espaço geográfico, se confrontadas com as que dependeram do desenvolvi- 
mento humano, particularmente da revolução industrial. 
À proporção que a sociedade humana evolui de suas formas mais 
simples e primitivas para as formas mais complexas, aprofundando a di- 
visão social do trabalho, ela amplia as modificações do quadro natural, hu- 
maniza mais fortemente as paisagens e acentua divisões territoriais ou re- 
gionais próprias . Atualmente, as áreas metropolitanas ou as regiões urbanas 
que se constituem nas mais concentradas colónias de população humana, 
representam as paisagens mais fortemente humanizadas. 
A evolução da humanidade a partir da organização em pequenas uni- 
dades como gens, clãs e tribos, até a organização em grandes nações que 
reúnem dezenas ou centenas de milhões de habitantes, sobre extensas porções 
da terra, é um aspecto contraditório à acentuação da diferenciação e multi- 
plicação das regiões geográficas. Aquela evolução se fêz apoiada no pro- 
gresso dos transportes e das comunicações, na intensificação da vida eco- 
nómica. Disto resultou que certas formas de vida humana são difundidas 
pelo mundo inteiro, graças a uma comunicação e uma aceitação mais fácil, 
que se estabelece entre os homens; em certos sentidos há no mundo mo- 
derno maior uniformização, o que expressa a convergência para a civiliza- 
ção industrial. Apoiada nos instrumentos técnicos por ela criados, a hu- 
manidade desenvolve-se como o elemento atual mais ativo no estabeleci- 
mento de conexões ou interligações, entre os pontos da superfície terrestre. 
No entanto, justamente na medida em que se desenvolve a tendência 
ao envolvimento de todo o globo por um mecanismo único, integrado, de 
caráter económico* se acentua uma nova forma de diferenciação regional. 
Trata-se da formação das modernas regiões económicas propriamente ditas, 
dirigidas por este mecanismo e em função de seu estabelecimento. As re- 
giões económicas representam, pois, uma evolução na diferenciação regional 
geográfica. 
Deste modo, no processo histórico do desenvolvimento econômico- 
social, assiste-se à elaboração sucessiva de regiões humanas. Na atualidade, 
as nações representam os grandes organismos econômico-sociais e, no seu 
interior, elaboram-se as regiões económicas que representam, assim, as 
formas de organização mais evoluídas; são as modernas regiões geográficas. 
Ainda se ouvem discussões sobre a existência objetiva da região. As 
dúvidas sobre a realidade objetiva da região nos parecem originadas em 
parte de influências de tendência antropomórfica. Aponta-se a inexistência 
de limites nítidos para as regiões, como se pudesse haver "espaços vazios" 
separando as regiões, tal como são separados os seres biológicos. Com- 
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Instituto Pan- Americano de Geografia e História 29 
preendemos fàcilmente a individualidade dos planetas, justamente, porque se 
trata de uma forma de organização na qual as unidades são móveis, se- 
parando-se umas das outras, por grandes vazios. 
Aponta-se, também, o fato de que os fenómenos de diversas ordens 
que caracterizam uma região não apresentam uma concordância exata de 
limites. Diriam muitos que, se uma região se caracteriza por uma determi- 
nada organização humana, determinado clima, determinada vegetação, etc., 
no entanto, os limites destes fenómenos quase nunca são coïncidentes. Em 
primeiro lugar, é necessário compreender que, na verdade, os limites em 
causa, do clima ou da vegetação, poderiam ter caracterizado uma sucessão 
de regiões naturais, ultrapassadas a seguir por uma nova organização, de- 
corrente dos fenómenos humanos. Em segundo lugar, a rigor, uma combina- 
ção nova altera todas as partes que a integram. Assim, por exemplo, os li- 
mites da região urbana em torno da Guanabara, aparentemente, nada teriam 
a ver com os limites dos climas que dominam a região onde ela se encontra; 
mas, na realidade, a formação de microclima no interior da cidade e os 
efeitos da poluição atmosférica acabam diferenciando as condições atmos- 
féricas da área metropolitana, dos trechos das regiões vizinhas. 
O crescimento de regiões, ou o aparecimento e desaparecimento de 
regiões, na sucessão do tempo, não são idênticos ao crescimento ou sucessão 
de indivíduos biológicos. Não se deve confundir a "individualidade" das 
regiões com a individualidade em biologia, embora, mesmo neste campo, a 
descontinuidade entre indivíduos não seja total. Para nós, a região é uma 
unidade de características próprias, que tem sua dinâmica, sua evolução no 
tempo . A sua realidade é demonstrada pelas diferentes resistências encon- 
tradas nas ações humanas, pelo seu manejo, enfim, pela experiência. Sendo 
uma unidade da superfície geográfica, suas características dependem da 
essência do espaço que é, ao mesmo tempo, contínuo e descontínuo . Formas 
de organização, as regiões geográficas são consideradas "continuidades e 
descontinuidades resultantes da convergência das atividades presentes de um 
grupo humano, das condições legadas do passado e das condições do meio 
físico. Na região, distinguem-se os elementos que lhe conferem unidade e os 
laços que lhe dão coesão orgânica, refletirído aspectos de vida regional no 
espaço e no tempo".1 
O BRASIL 
Apesar de se apresentar como uma das nações mais populosas do 
mundo, o país é relativamente pouco povoado, em virtude de sua enorme 
dimensão . São poucos e de pequena extensão os trechos de densidade po- 
pulacional e económica muito elevada. Devido à dispersão de população e 
à economia menos evoluída, a maior parte das paisagens apresenta dominân- 
cia de traços pertencentes aos elementos naturais . Os quadros naturais bra- 
sileiros, preexistentes ao homem, ainda têm grande influência na distribuição 
das atividades e na organização regional. 
1 Fany Rachel Davidovich - Inédito. 
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30 Revista Geográfica 
As grandes regiões físicas brasileiras são as seguintes: 
1) a Amazonia, de grandes espaços anecumênicos, natureza selvagem. 
O clima é equatorial umido e a vegetação florestal densa . Rios gigantescos 
formam intrincada rede de "caminhos que andam", reunidos numa bacia 
de relevo baixo e aplainado. 
2) O Meio Norte é uma vasta região de transição entre a Amazónia, 
o Centro-Oeste e a região semi-árida nordestina. Possui também unidade 
como grande bacia geológica. 
3) O Nordeste é a porção saliente do território que se projeta sobre 
o Atlântico, nesta direção do país. As grandes extensões semi-áridas, com 
suas caatingas e rios temporários, caracterizam esta grande região. 
4) O Leste se constitui de relevos montanhosos ou de topografias 
acidentadas do escudo cristalino. Em grandes extensões, o clima tropical é 
atenuado pela altitude. 
5) O Planalto Paulista é formado de superfícies onduladas de terrenos 
sedimentares e de basaltos; o clima é tropical e o território era originària- 
mente coberto de florestas. Em trechos da região, ocorrem solos da pro- 
dutiva "terra roxa". 
6) O Sul se caracteriza pelos relevos estruturais dos terrenos ba- 
sálticos, pelo clima sub-tropical, florestas ds araucárias e prairies. 
7) Finalmente, o Brasil Central éformado pelas extensas e monótonas 
chapadas do oeste. O clima é tropical nítido, com estação seca bem mar- 
cada. É região dos cerrados e dos grandes rios de regime tropical. A regão 
também se caracteriza pela posição das terras, mais para o interior do con- 
tinente. 
Como organismo socioeconómico, o Brasil apresenta traços "sui- 
generis". Na faixa tropical, é o único grande país formado de- uma população 
cuja maioria esmagadora é de origem extra-continental. A população in- 
dígena pouco significou na estruturação de sociedades e, pràticamente, o 
Brasil se constitui num território virgem que vem sendo desbravado por co- 
lonizadores europeus e seus descendentes. 
A especulação em torno de produtos comerciais guia a ocupação do 
país, desde a descoberta. No Brasil, não se observou um quadro evolutivo 
semelhante aos das regiões da Ásia e África, ou, a superposição de uma agri- 
cultura de especulação voltada para os mercados mundiais e introduzida 
por europeus, sobre a agricultura tradicional praticada por densas popula- 
ções locais . Ao contrário, à medida em que o país se desenvolvia, a partir 
das atividades agrícolas e extrativas voltadas para a exportação - com o 
aumento de sua população, o crescimento de seus centros de comércio, e 
a implantação de atividades industriais - é que se acentuava o problema 
da organização de uma produção de géneros alimentícios necessária ao abas- 
tecimento da população. 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 31 
No entanto ,o Brasil não se identifica às chamadas nações "novas", 
formadas da colonização europeia, como o Canadá, a Austrália, os Estados 
Unidos ou a Nova Zelandia . Embora também o Brasil faça parte das nações 
que se constituíram em função da expansão da economia e da população 
europeia, observa-se: 1) que as correntes de migração moderna não tiveram, 
relativamente, a importância verificada naqueles países, ou na Argentina, por 
Fig- 2 - ^Sede de fazenda, na região agrária tradicional do leste de Minas Gerais, a "Zona da Mata". Nesta área predominam as grandes propriedades, 
geralmente organizadas em fazendas mistas, nas quais se pratica a cria- 
ção de gado bovino e se cultivam produtos comerciais e de subsistência. 
(Foto C.N.G. n.° 4.4536) 
exemplo; 2) que as levas de população europeia chegadas desde os meados 
do século passado foram se integrando numa sociedade já estruturada, de 
origem mais antiga e de influência portuguesa; 3) que a condição de ter 
sido colónia de Portugal imprime ao Brasil um cunho original. 
A colonização portuguesa iniciou-se no século 16 e foi, desde então, 
contínua, baseando-se, essencialmente, no estabelecimento de lavouras tro- 
picais e na extração de riquezas minerais. Ora, Portugal não acompanhou a 
evolução da expansão industrial dos países europeus situados mais ao norte. 
Pouco a pouco, spassou a depender da Inglaterra, nos moldes de subordi- 
nação de um país agrário em relação a um país industrial, incluindo o 
Brasil, este numa posição inferior decorrente de sua condição de colónia. 
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32 Revista Geográfica 
Os imigrantes provenientes de Portugal não estavam, portanto, imbuidos do 
espírito de transformação que a revolução industrial ia imprimir em outras 
regiões. 
Por outro lado, a nação portuguesa não possuía excedentes de popula- 
ção suficientes para sustentar a empresa tropical que se estabelecia no 
Brasil . Comprovada a imprestabilidade do elemento indígena para o trabalho 
nas plantações, voltaram-se as vistas para o emprego de escravos provenien- 
tes da África, cujo comércio e introdução no Brasil iniciaram-se desde a se- 
gunda metade do século XVI. 
Quando o Brasil se torna independente, em 1822, já se achava estru- 
turada uma sociedade agrária tradicionalista, baseada no trabalho escravo e 
produzindo produtos tropicais para o mercado mundial . Quando se verificam 
as grandes migrações modernas no Brasil, incluídas as não ibéricas, elas se 
vinculam à expansão da sociedade agrária com base na produção tropical, 
essencialmente, na de café. 
Se as migrações europeias recentes não foram decisivas para imprimir 
caráter próprio ao Brasil, no entanto, elas não foram diluídas simplesmente 
no meio da população já estabelecida . Basta ver que elas se estabeleceram 
antes da abolição da escravatura e deram origem a aspectos de superposição 
de novas formas sociais sobre a antiga sociedade luso-brasilera . De modo 
esquemático, o Brasil teve duas grandes 'camadas de colonização. Embora 
seja traço original seu, o fato de que mesmo a população do "Brasil velho" 
esteve sempre ligada à Europa, as migrações recentes tiveram um sentido 
de renovação. Assim, o Brasil é um misto de país velho e novo. Velho, 
porque a cultura da antiga colonização lusitana se impôs dominante; porque 
as estruturas organizadas desde os tempos coloniais resistem à modernização 
e contêm elementos de subdesenvolvimento. Novo, porque em nosso país 
não ocorreu a oposição entre a civilização europeia e culturas e tradições 
nativas enraizadas; porque é, ao mesmo tempo, um país em desenvolvimen- 
to, desenvolvimento relacionado à entrada de levas de população em tempos 
modernos e a seu papel nas atividades do campo e da cidade. 
Até o último quartel do século XIX, a imigração europeia para o 
Brasil foi quase exclusivamente lusitana. Os seguintes números prestam-se 
a comparações: no período de tráfico de escravos teriam entrado 4 000 000 
de negros. Entre 1850 e 1950, entraram cerca de 5 000 000 de imigrantes, 
dos quais uns 3,5 milhões se fixaram no país; os imigrantes italianos somam 
1 600 000; os portugueses (1822-1950), 1500 000; os espanhóis 650 000 
(580 000 entre 1884 e 1941); os alemães 250 000 (170 000 entre 1884 e 
1941); os poloneses 50 000. Há ainda a considerar a imigração japonesa, 
iniciada em 1908, que somou cerca de 200 000 pessoas. Em 1960, 
7 000 000 de negros no Brasil representam apenas 10% da população; há 
34% de mestiços, a maioria de mulatos. 
Assim, há a considerar duas formas de influência, provenientes do 
estrangeiro, mescladas. Penetrações de empresas industriais e comerciais 
sediadas no exterior se assemelham, em diversos casos, ao tipo de relações 
dos países industriais com os velhos países agrários; outras caracterizam o 
Brasil como país novo, identificando-se à colonização das regiões novas, 
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Instituto Pan- Americano de Geografia e História 33 
com imigração de populações e capitais. A influência dos imigrantes no 
desenvolvimento de indústrias foi considerável e a colonização urbana eu- 
ropeia é, em grande parte, responsável pela expansão de algumas grandes 
cidades, inclusive o Rio de Janeiro e São Paulo. 
Com a afluência de imigrantes, mantidas altas taxas de natalidade e 
rebaixadas, constantemente, as de mortalidade, a população descreve forte 
curva ascendente. De 1 000 000 habitantes em 1872, passa-se a 17 000 000 
em 1900, 41000000 em 1940 e 71000 000 em 1960. Este verdadeiro 
"boom" populacional torna o país mais sensível às crises que abalam a eco- 
nomia de exportação e que se multiplicam desde fins do século. De um 
lado, ampliação de empresas agrícolas, vinculada à colonização e à ex- 
pansão em geral e crescimento de cidades comerciais e de atividades in- 
dustriais, também ligadas à presença dos migrantes e à existência de camadas 
de populações com padrões europeus de consumo. Do outro lado, crises na exportação, expansão da população superior ao da agricultura 'de ex- 
portação, afluxo de massasrurais para as cidades, dificuldades na manuten- 
ção da importação da gama variada de produtos industriais. A resultante 
manifesta-se na industrialização e na ampliação do mercado interno. 
Grande parte da industrialização brasileira, dizem os economistas, re- 
presenta um processo substitutivo, isto é, ela é chamada para produzir mer- 
cadorias antes importadas . De qualquer forma, a industrialização cria nova 
situação, gera novas tendências. Envolve o desenvolvimento de indústrias 
de base, de obras de infra-estrutura, de novas modalidades e eixos comer- 
ciais, de novas redes de transporte. Conseqüentemente, influi na reorgani- 
zação regional. 
Em 1960, 45% da população brasileira é urbana (1950: 36%; 1940: 
32%). Já em 1950, a população ativa apresentava a seguinte distribuição: 
50% na agricultura, 20% na indústria e 30% nas atividades terciarias. Em 
1962, o Brasil produzia 7 bilhões de KWh, 2 000 000 ton. de aço, 190 000 
automóveis, 5 000 000 ton. de cimento, 390 000 refrigeradores, 264 000 
televisores, 2 bilhões de metros de tecidos, 7 000 000 de pares de sapatos. 
Estes dados mostram que o Brasil é um tipo especial de país subdesenvol- 
vido, ou um misto de desenvolvido e subdesenvolvido. As indústrias e as 
cidades já se constituem em importante mercado interno , agindo sobre a 
organização das atividades agrárias e sobre a organização regional em geral. 
Outros números relativos a 1962 vão mostrar a importância do Brasil 
como grande país agrário. É primeiro produtor mundial de café em coco 
(4 000 000 t), feijão (1700 000 t), banana (300 000 000 de cachos) e 
mandioca (20 000 000 t); o segundo em laranja (9 bilhões de frutos) e 
abacaxi (180 milhões de frutos) ; o terceiro no mundo em cacau (140 000 t), e sisal (174 000 t). O Brasil é o quarto em milho (10 000 000 t) e o quinto 
em algodão (2 000 000 t. em caroço), fumo em folha (187 000 t) e açúcar 
(3 000 000 t). Quanto ao arroz (5 500 000 t), é o oitavo. Ainda há a con- 
siderar o Brasil como possuidor de grandes rebanhos: 8 700000 equinos 
(2.° no Mundo), 7 000 000 de asininos e muares (2,° no Mundo), 
79 000 000 de bovinos (4.° no Mundo), 53 000 000 de suínos (4.° no 
Mundo), 12 000 000 de caprinos (6.° no Mundo) e 20 000 000 de ovinos. 
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34 Revista Geográfica 
Os mencionados dados insinuam uma série de deduções e reflexões. 
Nota-se uma variedade e uma quantidade de produtos agro-pecuários, em 
relação à população, o que dá destaque ao Brasil entre os chamados países 
subdesenvolvidos. São poucos os produtos voltados exclusivamente para a 
exportação, e muitos os destinados tanto à exportação quanto ao mercado 
interno . Estes fatos indicam condições para a população do Brasil mais fa- 
voráveis do que as reinantes em outros países agrários subdesenvolvidos. 
Apesar da permanência de estruturas económicas que implicam em grandes 
massas rurais trabalhadoras' pobres e sem terra, aquelas quantidades de 
produção pressupõem a existência de uma camada numèricamente apreciável 
de empresários rurais. Realmente, basta estudar o setor da economia ca- 
f eeira para se descobrir a grande quantidade de produtores e formas de em- 
presas: pequenas ou médias plantações de parceiros, pequenas e médias 
propriedades cafeeiras, médios ou grandes cafezais de fazendeiros, gigantescas 
plantations. A riqueza agrícola do Brasil nos faz compreender a expansão 
do país na base da multiplicação de empresas rurais e as relações recíprocas 
com o desenvolvimento comercia] e industrial. Faz-nos compreender, tam- 
bém, a importante posição social detida pelos empresários rurais . Tem sido 
verificado tanto o interesse dos comerciantes e profissionais liberais das ci- 
dades em se tornarem fazendeiros ou sitiantes, como o dos fazendeiros em 
se localizarem nas cidades, influindo na evolução destas pelos investimentos 
imobiliários e gastos. 
Existe, pois, uma relação entre o progresso das cidades e da indústria 
brasileira e a expansão agrícola do país. Na elaboração do processo, obser- 
va-se o desenvolvimento de uma economia de mercado interno superposta à 
economia voltada à exportação de matérias primas para os mercados interna- 
cionais . Surgem como regiões mais evoluídas e complexas aquelas onde se 
conjugam as duas economias. A região do Estado de São Paulo, a mais 
importante do Brasil, retém uma parcela elevada tanto da produção para 
o mercado interno (industrial e agrícola), quanto para o mercado externo. 
A mais atrazada, como a Amazónia, além de não se ter desenvolvido para 
o mercado interno, teve seu principal produto primário alijado do mercado 
internacional pela concorrência de regiões que produzem a custos mais 
baixos e em níveis técnicos mais elevados. Tais regiões passam então a 
depender das regiões industriais do país, para onde enviam a produção an- 
teriormente destinada ao exterior. 
Resultou, portanto, uma expressão geográfica para o processo da evo- 
lução brasileira. No Sudeste e no Sul do país, de maior influência das 
migrações europeias modernas, localizam-se as partes mais desenvolvidas, 
mais industrializadas e mais urbanizadas. No Nordeste e no Norte, abriga-se 
a parcela mais tradicional, menos industrializada e com menor influência 
daquelas correntes migratórias. Atualmente, os três estados mais meridio- 
nais do Brasil - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - reúnem 
17% da população nacional, quando, em 1872, a sua participação era de 
apenas 7%. Com o Estado de São Paulo, a Guanabara e o Estado do Rio 
de Janeiro, atinge-se mais de 31 000 000 de habitantes, 44,5% da população 
brasileira, ocupando território de 870 000 km2,ou seja, 35,6 hab/km2. 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 35 
Lembre-se que o crescimento desta parte do país se fez, também, às expensas 
de correntes de migrações internas. 
Vale reconhecer a decisiva influência de vários aspectos da colonização 
portuguesa, mormente no que diz respeito à consolidação da unidade política 
e lingüística do país e à sua unidade racial. As formas de relações estabeleci- 
das entre populações brancas e negras isentam o país de uma série de pro- 
blemas que afetam outras regiões da Terra. A cultura lusa herdada pelo 
Brasil facilitou a absorção de imigrantes não ibéricos os quais passaram a 
submeter-se ao mesmo processo de miscigenações étnicas. Pequena resistên- 
Fig- 3 - Paisagem do planalto meridional . As encostas do alto rio Uruguai 
ocupadas intensamente pelo avanço do povoamento com pequenas propriedades; 
as matas subsistem apenas no alto dos espigões. Das zonas "coloniais" 
mais antigas, populações se deslocaram para o nordeste do Rio Grande do Sul, 
para o oeste de Santa Catarina e Paraná mas, atualmente, registram-se já des- 
locamentos destas áreas para o Mato Grosso. (Foto C.N.G.) 
cia de alguns grupos à tradição brasileira de democracia racial foi superada 
com certa facilidade. Deste modo, a inexistência de problemas étnicos pro- 
fundos constituiu-se em favor de maior concentração da massa populacional 
na luta pelo desenvolvimento . 
Divisão Regional do Brasil - O Brasil é, portanto, uma gigantesca 
unidade, onde se entrechocam aspectos de subdesenvolvimento e desenvol- 
vimento. Os primeiros ilustram relações de país agrário com o grande 
mundo industrial externo, ou, de suas regiões mais atrazadas com as suas 
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36 Revista Geográfica 
regiões mais evoluídas . Os segundos são fruto da expansão de um mercado 
próprio e da industrialização, que fazem do Brasil um país líderna América 
do Sul. Embora a implantação no Brasil de atividades industriais signifi- 
cativas tenha se iniciado em meados do século XIX, a industrialização, 
no sentido de um processo no qual as atividades secundárias passam a 
dirigir a evolução economica, é posterior à segunda guerra mundial. Ora, 
foi através deste recente processo de industrialização, cujo papel foi domi- 
nante na acentuação do crescimento urbano, que a atual divisão regional 
tomou formas nítidas. O processo industrial, acompanhado da implanta- 
ção de um sistema de transportes, bàsicamente rodoviário, que já une quase 
todas as partes do país, deu nova organicidade ao Brasil. No decorrer desta 
evolução económica, novas diferenciações regionais se formaram; antigas 
linhas de clivagem, separando regiões de características diferentes, foram 
acentuadas; características de determinadas regiões foram transplantadas para 
outras. No fundamental, assiste-se à organização do espaço brasileiro se- 
gundo uma hierarquização geográfica decorrente da polarização a partir dos 
núcleos de primeira magnitude, Rio de Janeiro e São Paulo. 
Deste modo, compreende-se porque as antigas divisões regionais do 
Brasil não mais satisfazem às necessidades de pesquisadores e administra- 
dores . Realizadas há cerca de 20 anos e mais, estas divisões não exprimem 
os aspectos dinâmicos do processo económico brasileiro em desenvolvimento, 
nem fornecem a imagem do país como uma unidade político-económica di- 
vidida em partes diferenciadas. A divisão regional oficial, por exemplo, 
reconhece como unidades de. maior hierarquia as regiões físicas e enquadra, 
no interior destas, zonas económicas caracterizadas pelos denominados cri- 
térios de "homogeidade", regra geral, pelo género de produtos realizados. 
Tal esquema, evidentemente, não fornece organicidade ao conjunto da di- 
visão regional. 
Não há propósito de desmerecer trabalhos geográficos realizados no 
passado . Nossa intenção visa apenas colocar o problema sob a luz da evo- 
lução histórica . Há vinte anos passados, tanto a geografia brasileira, quanto 
a economia nacional se encontravam numa etapa inferior da curva de 
evolução e o pensamento geográfico internacional ainda não tinha atingido 
as atuais concepções relativas ao problema da região. 
NOVA DIVISÃO REGIONAL 
Na década de I960, a organização regional do Brasil é representada 
fundamentalmente por três unidades maiores: o CENTRO-SUL, o NOR- 
DESTE e a AMAZÓNIA. Esta organização resulta da evolução económica 
e social pela qual o país passa nos tempos atuais e de diferenciações regio- 
nais estabelecidas ao longo de toda nossa história. 
Às áreas mais povoadas e desenvolvidas da chamada REGIÃO SU- 
DESTE (composta do Estado de São Paulo, Norte do Paraná, Guanabara, 
Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo e trechos de Minas Gerais), 
soldam-se as Regiões SUL e CENTRO-OESTE, como territórios de eco- 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia Til 
nomia complementar, para formar a GRANDE REGIÃO CENTRO-SUL. 
Estas últimas, apresentam-se, também, como áreas de maior propagação das 
atividades que se expandem a partir da Região Sudeste. 
Caracteriza-se, também, este período pelo estabelecimento de uma 
hierarquia nítida entre as três GRANDES REGIÕES de que se compõe o 
país. O conjunto é comandado pela REGIÃO CENTRO-SUL à qual se 
sujeitam o NORDESTE e a AMAZÓNIA, embora o primeiro apresente 
uma certa autonomia, um processo de desenvolvimento interior próprio. 
Esta hierarquia fundamenta-se, sobretudo, no processo de industrialização 
concentrado no CENTRO-SUL. 
Mas esta separação entre AMAZÓNIA, NORDESTE e CENTRO- 
SUL segue, também, antigas linhas de clivagem, marcadas por diferenças 
no processo de ocupação do território brasileiro ao longo de sua história. 
A AMAZÓNIA é o domínio da floresta equatorial que foi deixada de lado 
pela colonização europeia e que nunca dispôs de uma população indígena 
bastante numerosa para a sua ocupação . O NORDESTE é, historicamente, 
a primeira região do país. Alvo das correntes mais importantes do po- 
voamento inicial português, no entanto, mais tarde, a região não apresen- 
taria atrativos para receber novas levas de migrantes europeus. A estrei- 
teza de sua faixa de matas ao longo do litoral, as vastas extensões 
semi-áridas do interior tornavam-na inferior às regiões que compõem a 
REGIÃO CENTRO-SUL que, além do mais, encerrava riquezas minerais. 
A população relativamente elevada do NORDESTE, constituída de .... 
22 500 000 habitantes, em grande maioria concentrada na orla oriental, é 
devida ao crescimento vegetativo em ritmo acelerado. 
O CENTRO-SUL é a região na qual, sobre uma sociedade composta 
de elementos de origem lusitana e negros de origem africana, se sobre- 
puzeram, em diversos trechos, populações fixadas pela colonização europeia 
dos séculos 19 e 20. Nesta região, o grande incremento populacional se 
deve,' em boa proporção, à imigração de italianos, portugueses, espanhóis, 
alemães e outros. 
A colonização europeia teve o sentido de abrir novas regiões agrícolas, como o de influir, decisivamente, na organização de grandes cidades e no 
desenvolvimento de uma metrópole do porte de São Paulo. 
Apresenta o CENTRO-SUL amplos trechos de climas bastante quentes e úmidos para o bom desenvolvimento das plantações, mas sem a mono- 
tonia das regiões das latitudes mais baixas - equatoriais e sub-equatoriais. Muitas áreas apresentam as temperaturas atenuadas pela altitude e a parte meridional já é de clima sub-tropical. As matas ocupavam extensão bem 
maior nesta parte do Brasil, o que facilitou a interiorização da agricultura como em nenhuma outra área do país . 
Somando-se a estas características físicas a existência de importantes 
jazidas de minerais que encontram emprego na indústria, compreende-se o papel dos recursos naturais do CENTRO-SUL na atração sobre popula- 
ções e no desenvolvimento de suas atividades. Depois de reunir as prin- 
cipais áreas de plantation e concentrar as principais sedes de comércio, o 
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38 Revista Geográfica 
CENTRO-SUL viu organizarem-se no seu interior as principais áreas in- 
dustriais do país e as modernas empresas agrícolas. 
Além de elementos de população provenientes do exterior (e no século 
20 conta-se também a entrada de apreciável contingente japonês), ao 
CENTRO SUL afluíram correntes migratórias originadas de outras partes 
do país. 
I. O CENTRO-SUL 
A GRANDE REGIÃO CENTRO-SUL figura, para o conjunto do 
país, como uma espécie de Brasil Metropolitano. Ela gera cerca de 85% 
da renda nacional, embora a sua população represente apenas cerca de 
65%. Isto significa que a população desta região vive em padrões mais 
elevados do que os existentes em outras partes do território. 
Maior volume ds trocas comerciais a longa e curta distância caracte- 
riza, também, a região CENTRO-SUL. 
Nos diversos movimentos que se conjugaram para compor este com- 
plexo, distinguiremos na origem os seguintes: a) a expansão caf eeira, b) 
a colonização europeia moderna e e) a industrialização, os três sempre 
entrelaçados no interior de um processo. 
O esquema da organização espacial do CENTRO-SUL, entre outros 
aspectos, insinua a influência das distâncias em relação a um grande núcleo 
urbano-industrial na distribuição das atividades, tal como fora exposta por 
von thünen. Como se sabe, a teoria de von thünen prevê uma determi- 
nada localização de produções e sistemas agrícolas, que se faz em função de 
um mercado urbano, segundo a relação entre o valor unitário do produto e o 
custo unitário do seu transporte. Quanto mais elevado o custo unitário do 
transporte em relação aovalor unitário do produto, maior será a tendência 
à localização próximo ao mercado. 
No caso do CENTRO-SUL, o grande mercado se constituiria da região 
urbana e industrial que reúne o Rio de Janeiro e São Paulo. No interior 
desta região, e à sua volta, se encontram a produção de frutas, a horti- 
granjeira, a leiteira, a de lenha; a produção de cereais se estende mais 
longe, sendo que a do arroz atinge o anel externo, caracterizado pela cria- 
ção de gado. 
Outros aspectos da diferenciação interior do CENTRO-SUL indicam 
tendências de especialização regional dentro de um processo de desenvol- 
vimento do tipo das sociedades em vias de industrialização. No conjunto 
da Grande Região se pode distinguir: a) uma região mais densa, o SU- 
DESTE, caracterizada pela localização da maioria das indústrias e das 
lavouras tropicais de exportação e b) as regiões complementares, do SUL 
e CENTRO-OESTE. Enquanto que, no SUDESTE, as trocas intraregionais 
são superiores às interregionais, as áreas do SUL e do CENTRO-ÒESTE 
comerciam mais com áreas de outras regiões do que entre si. 
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1 . O SUDESTE - É a região que comanda o país . Concentra 
30 000 000 de habitantes, 70% do número de operários no Brasil e 75% 
do valor da produção industrial. É a sede das principais atividades cultu- 
rais, sociais e políticas do país . A razão histórica de sua eleição relaciona- 
se ao desenvolvimento cafeeiro, sendo patentes as condições climáticas e 
de solos favoráveis à manutenção de importante economia agrícola. As 
riquezas minerais, por sua vez, também representam elemento natural fa- 
vorável. 
Fig. 4 - Paisagem na região do agreste de Caruaru, no Nordeste. Amplos 
trechos do Agreste apresentam altas densidades de ocupação como o que é 
focalizado nesta fotografia, onde as cercas vivas separam as parcelas do cul- 
tivo. O Agreste produz géneros alimentícios para abastecimento da faixa li- 
torânea oriental do Nordeste, onde se encontram as grandes cidades e as zonas 
canavieiras. (Foto C.N.G. 1.625) 
O SUDESTE é uma composição de diversas regiões. 
a) A região industrial e urbanía é o núcleo polorizador situado no 
interior do CENTRO-SUL, onde se encontram as duas grandes metrópoles 
nacionais - Rio de Janeiro e São Paulo . A região resulta do entrelaçamen- 
to da ação destas grandes cidades, pouco distantes entre si, consideradas 
as dimensões do país. Tendo se constituido nas duas maiores praças comer- 
ciais do Brasil, o Rio de Janeiro e São Paulo tornaram-se os focos da 
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40 Revista Geográfica 
atividade industrial brasileira. Inicialmente, a maior parte das indústrias 
localizou-se no interior, mesmo, destas duas cidades, mas, nos dias atuais, 
acelera-se a expansão de subúrbios industriais e de centros satélites. Por 
outro lado, um eixo de centros industriais tende a se estabelecer ao longo 
do vale do Paraíba, o grande corredor entre barreiras de montanhas, que 
serve às comunicações entre as duas metrópoles. 
No Estado de São Paulo, a expansão industrial e urbana a partir da 
metrópole paulista é mais segura. Principalmente, ao longo dos trilhos da 
Cia. Paulista de Estradas de Ferro, e da via Anhanguera, estabeleceu-se 
uma região de grandes cidades industrializadas (Jundaí, Campinas, Pi- 
racicaba). 
O Rio de Janeiro e São Paulo representam, a primeira principalmente, 
as grandes cidades comerciais dos países subdesenvolvidos, elos entre o 
mundo agrícola e o mundo industrial, nas quais se concentram as atividades 
industriais; e, a segunda, grande núcleo da colonização urbana europeia, 
gérmen de intensa industrialização. 
O processo atual de industrialização caracteriza-se pela implantação de 
uma variedade de géneros de indústrias e pelos estabelecimentos de grandes 
dimensões. A alta concentração destas indústrias na região que está sendo 
tratada, coloca em oposição as características de centros industriais seus, 
às de outras áreas nas quais se difundiram as indústrias têxtçis e alimen- 
tícias, principalmente. 
As formas de organização da vida urbana e das atividades industriais 
caracterizam a região. Aí se encontram grandes complexos industriais, 
como a área metropolitana paulistana, uma região industrial, como o trecho 
de Jundiaí a Piracicaba e Limeira; satélites industriais, como Cubatão ou 
Volta Redonda; áreas urbanas metropolitanas complexas e cidades satélites; 
extensas zonas de veraneio e de turismo, como as praias, as serras flu- 
minenses, a Mantiqueira paulista. Nesta região se concentra a maior parte 
do ensino profissional industrial. 
A região em tela se estende de Cabo Frio a Santos . Para o interior, 
ela atinge Juiz de Fora, Sorocaba e Piracicaba . O vale do Paraíba dela faz 
parte, unindo os núcleos do Rio de Janeiro aos da cidade de São Paulo. 
A designação da região refere-se à alta densidade de atividades in- 
dustriais, de formas urbanas e de veraneio, e a seu papel na dinâmica 
regional. Isto não exclui a presença de atividades rurais, que são condicio- 
nadas pelas características regionais: grande influência de empresários 
oriundos da cidade; penetração da mentalidade urbana no campo, inclusive 
com melhoria das técnicas; organização de fruticultura, de granjas, da 
criação leiteira, da produção hortícola, da floricultura. 
A região reúne mais de 10 000 000 de habitantes e produz 30% da 
renda nacional. Ela comanda a reorganização regional brasileira, principal- 
mente através do desenvolvimento da raie rodoviária. São Paulo, em 
particular, é local de convergência de uma série de grandes eixos rodoviários 
e centro da produção automobilística que assegura a circulação. O antigo 
"arquipélago económico" brasileiro tende a ser eliminado. 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 41 
b) A região do Estado de São Paulo, ou o Sudeste Novo se esta- 
beleceu sobre o planalto paulista, pouco acidentado . . Terras de mata, con- 
dições climáticas favoráveis, topografia suave, solos muito ricos em certos 
trechos (inclusive áreas de terra roxa), facilitaram a expansão de uma 
economia agrícola que avançou sobre a parte ocidental do planalto a partir 
do final do século 19. A base deste desenvolvimento encontra-se na ex- 
pansão da economia cafeeira; o povoamento fêz-se com populações livres, 
em grande parte constituídas de italianos. 
Enquanto a agricultura avançava para oeste, a cidade de São Paulo 
começou a se desenvolver na parte oriental do Estado, como grande centro 
comercial e núcleo de atividades industriais. Uma rede de estradas de ferro 
foi estabelecida, relativamente densa, convergindo, do oeste, sobre a cidade 
de São Paulo, espécie de boca de funil para o porto de Santos. 
O desenvolvimento cafeeiro paulista, à base do trabalho agrícola as- 
salariado, é origem da constituição de uma região de economia de mercado 
evoluído. A expansão cafeira dirigiu-se, também, para o planalto do norte 
do Paraná que acabou se tornando a principal área produtora deste cultivo, 
integrando-se na região económica de São Paulo. A economia cafeeira do 
Sudeste Novo trouxe o estabelecimento de uma quantidade de produtores 
rurais; formas variadas de empresas agrícolas; a especulação fundiária, in- 
clusive com os loteamentos de velhas fazendas; o desenvolvimento de uma 
rede urbana. O dinamismo adquirido pela região, inclusive pelas relações 
entre a região industrial que se engendrava em torno da capital bandeirante 
e as regiões agrícolas do interior do Estado, conduziua uma organização 
mais complexa . O Estado de São Paulo e o Norte do Paraná caracterizaram- 
se também pela variedade e quantidade de produtos agrícolas que os co- 
locam em destaque no país, quanto ao açúcar (45%), o algodão (52%), 
o milho, a batata (40%), a carne, o amendoim, etc. 
Esta região se caracteriza pela maior intensidade das suas relações com 
a região industrial e pelo desenvolvimento de uma vida urbana, representada, 
principalmente, pela presença de grandes capitais regionais como Londrina, 
Ribeirão Preto e Bauru. Nela se encontram 1/4 da extensão das ferrovias 
nacionais e 1/4 da extensão das rodovias. A maior parte do território apre- 
senta densidades populacionais superiores a 25 hab/Km2. 
A região já engloba o Sul de Minas e tende a incorporar o Triângulo 
Mineiro, onde se nota o avanço da mecanização na agricultura rizícola. A 
região detém 44% dos tr atores agrícolas e 29% dos arados empregados no 
país. Sua população é de cerca de 10 000 000 de habitantes, no meio da 
qual se caracteriza uma sociedade paulista. 
c) O Sudeste velho fluminense^mineiro é constituído por áreas mon- 
tanhosas do Leste do Brasil formadas pelos planaltos da serra do Mar e da 
Mantiqueira e trechos do Espinhaço, além das baixadas litorâneas. 
Durante a grande expansão agrícola do século 19, partes fluminenses 
desta região foram as primeiras a serem ocupadas pelo café, na base da 
iazenda escravocrata, tornando-se o Rio de Janeiro a grande praça comer- 
cial. A agricultura foi se deslocando, atravessando a "Zona da Mata" mi- 
neira, o Espírito Santo, deixando para trás trechos de solos esgotados, como 
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42 Revista Geográfica 
ocorreu no planalto paulista. No entanto, não se verificaram densidades eco- 
nómicas como as de São Paulo . As condições naturais são menos favoráveis 
nesta região: de um lado, as matas não avançam tanto para o interior, onde 
superfícies elevadas passam a ser cobertas por campos; em segundo lugar, 
o relevo mostra-se bastante acidentado, com amplas extensões de clima 
impróprio para o café na área mais serrana. 
O papel da colonização europeia, por sua vez, foi mais restrito nesta 
parte do Sudeste, embora se note sua influência no desenvolvimento do Rio 
de Janeiro, Petrópolis e Juiz de Fora. Como consequência do desenvolvi- 
mento agrícola e das atividades comerciais, organizou-se um sistema fer- 
roviário, convergindo sobre o Rio de Janeiro, onde se concentraram em 
larga escala as funções portuárias . Esta cidade, que se beneficiava também 
da condição de capital federal (até 1960) tornou-se, pois, o primeiro grande 
centro industrial do país, o mais importante até a década de 1930. 
No entanto, nem do ponto de vista agrícola, nem do industrial e urbano 
esta região, de raízes tradicionais mais fortes, atingiu o desenvolvimento ve- 
rificado na área anteriormente referida . As propriedades agrícolas evoluíram 
para o domínio das fazendas mistas, de gado e de lavouras em pequena es- 
cala . A produção agrícola no total é elevada, porém os produtos transfor- 
mados (como a carne, por exemplo) são fornecidos em quantidade bem 
menor do que na região do Estado de São Paulo. A região detém 11% 
dos tratores agrícolas do país e 10% dos arados. Diversas cidades industria- 
lizadas são núcleos da implantação da tecelagem tradicional (Cataguazes, 
São João dei Rei, entre outras). É menor a diversificação de géneros de 
indústrias. 
d) A Zona Metalúrgica é uma região que se organiza no centro de 
Minas Gerais em função de atividades extrativas e industriais . A base para 
a constituição desta região reside na riqueza em minérios, principalmente no 
de ferro. Sobre uma organização tradicional de exportação de minérios 
e de atividades siderúrgicas assiste-se a uma renovação com a intensificação 
das mesmas atividades . A expansão industrial se f êz possível com a política 
de eletrificação em Minas Gerais, construindo-se enormes usinas hidrelétrieas 
nos grandes rios do planalto mineiro. Às usinas siderúrgicas, seguem-se 
outros géneros de indústrias, aparecendo Belo Horizonte como grande ca- 
pital de uma região, que já apresenta produção variada. 
2 . A REGIÃO SUL - O Sul é uma região relativamente rica e po- 
pulosa, a segunda após o Sudeste, quanto à prosperidade . Deve esta situação 
ao desenvolvimento agrícola, pois teve a capacidade de organizar uma pro- 
dução elevada que lhe permite exportar grandes quantidades de alimentos 
e matérias primas para outras regiões, principalmente para o Sudeste . Com 
12 000 000 de habitantes, 17% da população brasileira, reúne 3 200 000 
agricultores, 21% do total nacional, 35% dos tratores agrícolas e 60% dos 
arados. Deste modo, produz 35% do feijão brasileiro e 41% do milho e 
pràticamente, a totalidade do trigo, da soja, do linho. O Rio Grande do Sul 
produz 21% do arroz nacional. 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 43 
Grande parte da industria existente no Sul consiste no beneficiamento 
ou industrialização de produtos agrícolas para a exportação. Através desta 
operação, assegura a possibilidade de adquirir produtos industriais do Su- 
deste. É grande o crescimento da população no Sul: no Paraná, onde a 
influência da migração é maior, chega a 7,1% ao ano. Com 62% de sua 
população no quadro rural, no entanto, o Sul tem o mais baixo índice de 
analfabetismo do país, 43%. 
Fig. 5 - A ferrovia do manganês no Amapá, aberta em plena floresta ama- 
zónica para o escoamento do minério da Serra do Navio. (Foto C.N.G. 2.708) 
a) O Planalto Meridional de clima sub-tropical, caracteriza-se pela 
estruturação económica em torno da produção de géneros alimentícios e da 
extração madeireira. Caracteriza-se, também, pela alta participação de pe- 
quenos estabelecimentos familiares na estrutura agrária, fato relacionado à 
colonização europeia, à ausência das grandes plantações tropicais e à imi- 
gração recente de grandes massas de população provenientes de outras re- 
giões do país. Grandes extensões do planalto Meridional, na parte oeste, 
apresentam ainda a fisionomia das áreas pioneiras novas. Em Santa Ca- 
tarina, por exemplo, mais de 50% da área dos estabelecimentos agrícolas 
pertence a propriedades menores de 100 ha e que produzem 85% da pro- 
dução agrícola. 
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44 Revista Geográfica 
A expansão das atividades agrícolas no planalto meridional se relaciona, 
evidentemente, às necessidades crescentes do mercado nacional, sendo o 
escoamento da produção realizado em maior volume através de rodovias. 
Das pequenas propriedades policulturas, nas quais parte da produção se des- 
tina à subsistência, evolui-se para formas da agricultura de empresas co- 
merciais, como as "granjas" de trigo, ou de vinho; na uireção da Campanha, 
desenvolveram-se as "empresas" de arroz. Os estágios da evolução e as 
especializações regionais caracterizam unidades diversas no interior da região. 
Distinguem-se as áreas de colonização antiga nas quais algumas cidades se 
transformaram em centros industriais importantes, como Joinville, Blumenau 
e Caxias do Sul. Tais centros se caracterizam pela qualidade da mão de 
obra e pelos tipos de empresários, relacionados à imigração europeia. Join- 
ville e Blumenau evoluem no sentido de se tornarem satélites das regiões 
mais industrializadas do Sudeste. Nas áreas de colonização antiga, as den- 
sidades são da ordem de 25 hab./Km2. Na encosta da Serra Geral, no Rio 
Grande do Sul, localiza-se a região vinícola; em torno de Santa Cruz tem-se 
a região do fumo.Nas áreas de campo que cobrem as altas superfícies do 
planalto, assistiu-se à penetração da agricultura mecanizada na forma de 
médias e grandes empresas, em áreas outrora dedicadas exclusivamente à 
pecuária extensiva: cultiva-se o trigo, o milho, a soja, a batata. As den- 
sidades de população são de 5 a 10 hab./Km2. Nas áreas mais novas, ao 
ocidente, as densidades se elevam a 25 hab./Km2 e o milho e o porco apa- 
recem como principal produto de exportação. 
b) A Campanha é uma região económica muito condicionada às ca- 
racterísticas naturais e localizada no extremo sul do país. Trata-se de área 
constituída, na sua maior extensão, de superfícies aplainadas cobertas de 
campos sub-tropicais, onde, de longa data, se fundaram grandes estabeleci- 
mentos de criação ,as "estâncias". A Campanha é uma região de baixas al- 
titudes, ao contrário do planalto meridional, cujo rebordo forma a Serra 
Geral. 
Na Campanha criam-se rebanhos bovinos de raças europeias, equinos 
e ovinos de lã, esta senda industrializada, em sua maior parte, em São Paulo. 
Certo número de frigoríficos estrangeiros e charqueadas localizadas na região 
preparam a carne que é exportada para outras partes do país e para o 
exterior. 
Em certas áreas mais baixas, como no litoral da Lagoa dos Patos, 
ou em trechos do vale do Jacuí, desenvolveu-se a rizicultura irrigada, na 
qual penetram as formas de mecanização do trabalho. 
Até há pouco, os transportes na Campanha dependiam fundamental- 
mente das ferrovias. Estas tinham tido um desenvolvimento relativamente 
grande, com aplicação de capitais estrangeiros, no bojo do processo da va- 
lorização dos campos da região platina. A existência de carvão de pedra 
no Rio Grande do Sul atendeu, de certa forma, a alguns problemas relativos 
ao transporte ferroviário . Recentemente, já as rodovias começam a atraves- 
sar a Campanha gaúcha que se caracteriza, também, pela localização de 
algumas das principais cidades junto à fronteira, como Bajé, Livramento e 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 45 
Uruguaiana. As densidades da população oscilam em torno de 5 a 10 
hab./Km2. 
c) A metrópole de Porto Alegre. Uma série de condições geográfi- 
cas favoreceram o desenvolvimento de metrópole regional no extremo sul 
do país que, pelo volume de população e estrutura relativamente com- 
plexa, diferencia-se como região urbana. Porto Alegre se estabeleceu no 
contacto da Campanha e do Planalto, num local de conexão do trans- 
porte fluvial pelo rio Jacuí e da navegação oceânica que penetra pela 
Lagoa dos Patos. A distância que separa o extremo-sul de São Paulo per- 
mite que Porto Alegre domine, em certos aspectos, uma vasta área, sendo 
um centro de industrialização, de escoamento da produção regional e de 
distribuição de produtos importados. A área metropolitana compreende 
Porto Alegre, subúrbios e satélites como Niterói e Canoas e tende a en- 
globar os centros industrializados de São Leopoldo e Novo Hamburgo. 
3 . O CENTRO OESTE e NORTE DE MINAS - Relaciona-se o 
estabelecimento da pecuária nos planaltos do oeste brasileiro aos campos 
cerrados. É verdade que, historicamente, a agricultura procurou, regra 
geral, as terras de mata e que as terras de campo foram relegadas à criação 
extensiva, embora, no caso de cana-de-açúcar, nem sempre esta gramínea 
tivesse ocupado solos antes cobertos de floresta. Atualmente, porém, as- 
siste-se, em certas regiões, à penetração da agricultura brasileira nos campos 
enquanto, em outras, a mata é derrubada para dar lugar a invernadas. 
Se a introdução da criação de gado no Centro-Oeste pode ser re- 
lacionada à vegetação natural, no entanto, não é esse fato que vai ex- 
plicar a reorganização de suas atividades tradicionais: a formação de pas- 
tagens artificiais; a melhoria dos rebanhos; a introdução das cercas de 
arame; a separação de pastos; a especialização regional, inclusive com a 
evolução do Triângulo Mineiro para um centro fornecedor de reprodutores. 
Tudo isto se relaciona à expansão do conjunto da economia brasileira, na 
qual determinado papel foi reservado às terras do Centro-Oeste, do Norte 
de Minas Gerais e do Sudeste da Bahia . Este papel foi condicionado tanto 
por razões do quadro natural, como pela posição destas áreas, distantes 
dos grandes mercados e dos focos históricos da expansão da população, 
mas contíguas à região Sudeste - de modo a serem, na maior extensão, 
terras de criação em sistema extensivo mas meihorado. Cerca de 
30 000 000 de bovinos existem no Centro-Oeste, Norte de Minas e Su- 
deste da Bahia, verdadeiro reservatório de carne numa faixa periférica ao 
Sudeste. Os rebanhos são criados em enormes propriedades. Observe-se 
que parte do gado que se encontra nas regiões do Sudeste (o Estado de 
São Paulo tem grandes rebanhos) procede destas áreas, de onde vem para 
a operação de engorda. 
No entanto, a contiguidade da Região Centro Oeste à Região Su- 
deste, foi também condição para a penetração de populações e de la- 
vouras nas áreas de mata. O café avançou em áreas do Sul de Mato Grosso 
e de Goiás, sem alcançar, porém, maior desenvolvimento, uma vez que 
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46 Revista Geográfica 
encontrou no Paraná condições mais favoráveis de expansão. A cultura 
de cereais teve maior êxito, principalmente a do arroz; novamente, obser- 
va-se este grão aceitar localização distante dos mercados, no interior do 
anel criatório. Somente Goiás produziu, em 1962, 838 000 000 ton., 15% 
da safra total brasileira. No Triângulo Mineiro, desenvolve-se a lavoura me- 
canizada do arroz. 
Embora a população da Região seja ainda muito fraca, de ordem de 
4 a 5 milhões de habitantes para cerca de 2 000 000 de km2, o aumenta 
percentual é o maior do país: 5,7% ao ano. Trata-se, pois, de região 
complementar do Sudeste. 
II. O NORDESTE 
Em oposição ao CENTRO-SUL, o NORDESTE é uma região muito 
menos desenvolvida, na qual não se estruturaram regiões industriais, do 
que resultou ficar subordinado ao primeiro . No entanto ,não é uma simples 
região complementar do CENTRO-SUL pois que possui vida interna pró- 
pria, com certa independência: as relações intraregionais são superiores às 
interregionais, embora sejam menos intensas do que as verificadas no in- 
terior do CENTRO-SUL, pois que se trata de uma região dt economia 
agrária. Uma ou outra cidade apresenta certa atividade fabril mais ex- 
pressiva, porém, mesmo Recife, a mais importante, elabora quase que 
exclusivamente produtos alimentícios e têxteis. 
Organismo de certa independência, o NORDESTE tem seus núcleos 
polarizadores na faixa litorânea, onde se localizam as grandes cidades 
portuárias e apresenta regiões complementares, como o MEIO NORTE ou 
os sertões do oeste da Bahia e Norte de Goiás. Assim como o SUDESTE 
acionou a expansão nas regiões SUL e CENTRO OESTE, as áreas mais 
densas do NORDESTE impulsionam áreas de expansão no MEIO NORTE, 
onde avança uma frente pioneira sobre a mata amazónica, e no sul da 
Bahia, de onde recebe gado. No entanto, por falta de base industrial, o 
NORDESTE não tem capacidade para organização mais sólida de suas 
regiões, sofrendo o conjunto a concorrência crescente do CENTRO-SUL 
que tende a polarizar o conjunto do país. 
A população do NORDESTE (incluída a Bahia) é numerosa, cerca de 
22,5 milhões de habitantes, 31% do total nacional, mas a região não 
foi submetida a uma renovação de correntes migratórias provenientes do 
exterior. Ao contrário, constitui-se em foco de emigração de populações 
com características tradicionalistas para outras áreas do país. Em grande 
parte do território, as condições físicas foram relativamente pouco favo- 
ráveis, não só devidoao clima de chuvas irregulares, como devido às con- 
sequências deste fenómeno sobre a vegetação e os solos. Isto influiu para 
que a expansão agrícola do século passado e do atual fosse mais intensa 
nas regiões mais úmidas situadas ao sul, trazendo na sua esteira o desen- 
volvimento industrial. Se a quantidade de habitantes do NORDESTE é 
elevada, deve-se a uma ocupação bastante antiga; a taxa de natalidade é 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 47 
avaliada em números superiores a 40%. No entanto, em 1872 o NOR- 
DESTE detinha 47% da população brasileira, uma posição bem superior 
à atual. 
Que o NORDESTE seja, essencialmente, uma região de economia agrá- 
ria, exprime o total de 6 700 000 pessoas ocupadas na agricultura, 43% 
do total brasileiro; ou o índice de 70% da população ativa da região in- 
cluída no setor de atividades primárias. Contudo, a área cultivada, de 
9 300 000 ha., representa apenas 31% da área total cultivada no Brasil 
e a importação da região abrange inclusive alimentos. 
Fig. 6 - Grande extensão da Amazónia, coberta de floresta equatorial. Cons- 
titui-se numa das áreas ainda anecumênicas existentes no mundo. Atualmente, 
observa-se a ampliação da exploração das madeiras amazónicas por grandes 
empresas, o que exige um traçado de diretrizes para um aproveitamento ra- 
cional dos recursos naturais da região. (Foto C.N.G. 11.713) 
A estrutura agrária apresenta formas arcaicas de organização e a pro- dutividade é, em geral, mais baixa do que nas regiões do CENTRO-SUL. 
A produção industrial reúne apenas 8% da produção brasileira, cons- 
tituída geralmente de bens de consumo imediato . O artezanato ainda ocupa 
importante papel na economia e as feiras dão um colorido regional carac- 
terístico . As necessidades em produtos industriais de elaboração mais com- 
plexa são satisfeitas, em parte, pelas exportações do SUDESTE, cuja in- 
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48 Revista Geográfica 
fluência no interior da região não cessa de crescer . A expansão do povoa- 
mento nas frentes pioneiras do Maranhão é devida, em grande parte, às 
importação de arroz pelo SUDESTE. 
O quadro apresentado explica porque se pensa tanto no NORDESTE 
quando se trata de reformas ou planejamentos no Brasil. Esta região 
ganhou um trunfo importante quando passou a conter as áreas de pro- 
dução petrolífera no país, com a descoberta dos lençóis petrolíferos no 
Recôncavo; por outro lado, o rio São Francisco assegura a produção de 
energia elétrica numa região de cursos d'água temporários . Uma das ideias 
de revitalização regional preconiza o fortalecimento da função metropolitana 
do Recife através da industrialização, com reflexos sobre a organização re- 
gional. Aponta-se, também, o NORDESTE como a região por excelência 
de execução da reforma agrária. 
As diferenciações regionais refletem a adaptação da população às con- 
dições naturais. 
1 . O NORDESTE ORIENTAL é o mais povoado, embora seja o 
que apresenta as extensões semi-áridas cobertas de caatingas . É constituído, 
essencialmente, por vasta plataforma cristalina, de superfícies aplainadas, 
sobre as quais se alinham cristas de rochas duras, inselberge e chapadas de 
coberturas sedimentares . As encostas da plataforma, a leste, dominam faixa 
litorânea mais ùmida. No NORDESTE ORIENTAL se encontram os 
grandes centros administrativos, as grandes capitais estaduais, as praças co- 
merciais mais importantes, bem como, a maior parte da produção agrícola. 
a) Fachada de lavouras tropicais de exportação. Trata-se de região 
mais ùmida ao longo do litoral oriental, que corresponde à "zona da Mata". 
Contém a maior parte da população, seja ocupada nas lavouras de plan- 
tations, seja nas grandes cidades, das quais a maioria inclui funções por- 
tuárias. Da Paraíba ao Recôncavo dispõem-se uma série de núcleos cana- 
vieiros que caracterizam a "zona da Mata", sendo o pernambucano o mais 
notável. O açúcar de usina representa um dos principais produtos da ex- 
portação nordestina, alcançando a produção cerca de 1 200 000 ton., um 
terço do total nacional. Na transição para o SUDESTE, tem-se ao sul, a 
"região cacaueira", de implantação mais recente, povoada por populações 
vindas de outras regiões. Plantações de abacaxi (Paraíba, notadamente) e 
de coco, em grande escala, são outras economias da região. 
Assim, a região litorânea está voltada para a exportação, que fornece 
recursos para a importação de produtos industriais e para a aquisição de 
alimentos, inclusive de outras áreas nordestinas. As densidades são de mais 
de 25 e, em certos trechos, de mais de 50 hab./km2. 
Destacam-se Recife e Salvador como grandes cidades, centros co- 
merciais administrativos e sedes de atividades industriais . No entanto, como 
outras cidades do NORDESTE, são cidades "inchadas", isto é, recebem 
migrantes, tangidos do interior, em volumes altos em relação à expansão 
de sua força económica. 
b) O Agreste e a mata seca formam uma região complementar à 
anterior, onde importantes atividades agrícolas constam de policulturas e 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 49 
criação de gado. Estas atividades englobam mosaico de estruturas agrárias: 
engenhos de rapadura; pequenos plantadores de fumo, mantimentos, al- 
godão; plantadores de agave, etc. A ocupação desta região se desenvolveu 
em função da expansão do litoral e das cidades e se caracteriza pela relativa 
importância dos pequenos estabelecimentos. A produção regional com- 
preende géneros alimentícios, rapadura, mandioca, (farinha), feijão, milho, 
legumes, leite, para a própria subsistência e ainda para o abastecimento 
do litoral e do sertão. Dentre as matérias primas, distinguem-se o agave 
(Paraíba), o fumo (Bahia e Alagoas) e o algodão. 
As densidades de população são muito elevadas, por vezes superiores 
às da própria zona do litoral. Aí se encontram as densidades rurais mais 
altas do país, chegando a mais de 50 hab,/km2. 
Destacam-se nesta região trechos mais úmidos devidos a razões de 
relevo, como os chamados "brejos". É nestas áreas que se cultiva até café 
para consumo local. Cidades de relativa importância regional desenvolve- 
ram-se no contato do agreste com o litoral ou com o sertão, como Cam- 
pina Grande ou Caruaru. 
c) O Sertão, vasto interior nordestino semi-árido, que se estende ao 
litoral do lado norte, coberto de caatingas, se opõe às regiões anteriores 
pelo menor contingente populacional, que, numa visão de conjunto, é dis- 
perso . Área tradicional de criação de gado para o abastecimento do litoral, 
continua enviando boiadas e lotes de animais de montaria para as feiras de 
gado localizadas na faixa de transição para o Agreste, ou para a mata. Mas, 
o sertão evoluiu, no transcorrer de sua história, para combinações agrícolas 
nas quais, ao lado da criação, praticam-se, igualmente, lavouras, em pe- 
quenas roças de géneros de subsistência e de algodão . O algodão é cultiva- 
do principalmente no Ceará e na Paraíba. Considerando-se tôda a pro- 
dução algodoeira, de 745 000 ton., o NORDESTE contribui com 38% da 
safra nacional. A atividade agrícola concentra-se nos trechos dotados de 
condições físicas favoráveis, como vales de solos mais úmidos, ou serras de 
melhor irrigação; produz-se a rapadura, a mandioca, o milho, o feijão, etc. 
O Sertão é também região de atividades extrativas que refletem as 
condições naturais; destacam-se o sal no litoral do Rio Grande do Norte 
e a cera de carnaúba em vales do Ceará e do Piauí. 
A vida urbanase caracteriza pela ausência de grandes cidades, com 
exceção de Fortaleza. A maioria das localidades é constituída de peque- 
ninos aglomerados, centros locais e de atividades artesanais, de casario 
baixo e colado, com grande praça central. 
Tôda esta fisionomia tende a sofrer modificações, sendo as rodovias 
as vias de penetração dos elementos de modernização. Velhos eixos de 
transporte, como o rio São Francisco, onde a navegação está decadente, 
perdem importância diante de nova organização da circulação. As den- 
sidades de população no Sertão são inferiores a 25 hab./km2 e, por vezes, 
a 5 hab./km2. 
2. O MEIO NORTE, é uma região de transição do Sertão e também 
do CENTRO OESTE para a AMAZÓNIA, tanto do ponto de vista das 
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50 Revista Geográfica 
características físicas, como pela ocupação humana . Trata-se de bacia geo- 
lógica de características próprias e onde o clima, a vegetação e os cursos 
d'água apresentam aspectos da transição. 
No passado, a região abrigou um dos núcleos iniciais do povoamento 
do NORDESTE. Aí se fixaram engenhos de açúcar e se instalaram plan- 
tações de algodão na bacia do Itapicuru, na área de Caxias. No entanto, 
o MEIO NORTE acabou passando para o plano inferior, tornando-se de 
certa forma região complementar do NORDESTE propriamente dito, onde 
acabaram se concentrando tanto a produção açucareira, quanto a algodoeira. 
Como se vê, embora o NORDESTE não tenha progredido muito na 
direção de uma economia industrial, ainda assim revela processos de reor- 
ganização regional dentro da sua evolução para uma integração na grande 
Região. 
O Piauí, com 1 700 000 cabeças de bovinos, é um grande campo de 
criação, apresentando pastagens naturais relativamente ricas na sua parte 
setentrional . O Piauí é a transição do Sertão para a área mais característica 
do MEIO NORTE, a parte norte e oeste do Maranhão, que, por sua vez, 
é a transição para a AMAZÓNIA. 
O Maranhão possui também grandes rebanhos bovinos e produz o 
babaçu. Devido às suas áreas de mata, o Maranhão é um dos territórios 
de absorção de imigrantes nordestinos que sustentam o deslocamento de 
frentes pioneiras nas áreas das bacias do Pindaré e Mearim . Parte do arroz 
cultivado nestas áreas novas destina-se aos mercados do litoral nordestino 
que vende, em troca, produtos manufaturados. 
Ao todo, a população do MEIO NORTE é de 4 000 000 de habitan- 
tes, sendo as densidades inferiores a 10 e 5 hab./km2. 
III. A AMAZÓNIA 
A AMAZÓNIA é, antes de tudo, uma região natural onde a ocupação 
humana é escassa, reduzida a algumas áreas ao longo de trechos do litoral 
e de certos rios. A maior parte do território apresenta densidades inferio- 
res a 0,5 hab./km2. A população é de 3 000 000 de indivíduos para uma 
área de 4 000 000 km2. Não possui a região nenhum núcleo bastante forte 
para comandar organização regional mais complexa . A região é dependente • 
das outras duas grandes unidades: subordina-se ao CENTRO SUL e ao 
NORDESTE quanto ao abastecimento e quanto ao povoamento; principal- 
mente ao SUDESTE, quanto ao escoamento de sua produção. 
A atividade extrativa difusa pela floresta é a que encerrava maior signi- 
ficação económica, produzindo-se pequeno montante de mercadorias des- 
tinadas à exportação. As relações internas são muito ténues, constituindo- 
se, pràticamente, do encaminhamento de produtos para a exportação e da 
distribuição das mercadorias importadas. 
Daí a macrocefalia urbana ao extremo: Belém, com mais de 300 000 
habitantes, Manaus com mais de 100 000 e, logo depois, Santarém com 
cerca de 20 000 habitantes . Aquelas duas grandes capitais, são quase que 
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Instituto Pan-Americano de Geografia e Historia 51 
exclusivamente pontos de convergência e difusão das mercadorias de ex- 
portação e importação. A renda interna da AMAZONIA é inferior a 2,5% 
do total nacional. No entanto, a região está certamente cheia de recursos 
naturais a serem aproveitados: é recente a exploração do manganês no 
Amapá, assim como, somente nos últimos anos se verificou certo desen- 
volvimento na atividade madereira. 
Centro Sul: 1 - Região Industrial e Urbana; 2 - Sudeste Ocidental (Região De- senvolvida de Economia Agrária); 3 - Sudeste Oriental (Região de Economia 
Agrária Tradicional); 4 - Zona Metalúrgica; 5 - Planalto Meridional (Região 
Agrária Diversificada); 6 - Campanha (Região de Criação Sub-Tropical); 7 - Brasil Central (Região de Criação Tropical); Nordeste: 8 - Fachada 
Oriental (Região de Plantações Tropicais); 9 - Região Agrária Diversificada; 10 - Região de Economia Sertaneja; 11 - Meio Norte (Região Agro-extrativa); 
Amazónia: 12 - Região Agro-extrativa dá Embocadura Amazónica; 13 - Re- 
gião Agrária do Vale Amazónico; 14 - Região de Criação dos Campos de 
Roraima; 15 - Região de Economia Extrativa. 
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52 Revista Geográfica 
a) A Embocadura Amazónica é a região de maior presença hu- 
mana, base do acesso tradicional por via fluvial. Ai se localiza Belém, a 
metrópole regional que controla grande parte do comércio. A leste e nor- 
deste desta cidade, estende-se área de população relativamente mais densa, 
a Bragantina agrícola, que abastece Belém e exporta a piment a-do-reino; a 
noroeste, as baixas terras campestres inundáveis de Marajó são zona de 
criação de gado, onde os búfalos dão toque original ao rebanho. No Amapá 
existe a exploração do manganês; na área da foz do Tocantins existem la- 
vouras de cacau. 
b) O Vale Amazónico, até Manaus, apresenta, além das atividades 
extrativas vegetais, fazendas mistas com lavouras de cacau, juta, arroz, 
mandioca, milho e gado. A juta aparece isoladamente como o principal 
produto vegetal da Amazónia, representando especialização regional ditada 
pela economia do país, onde o consumo desta fibra vem aumentando. A 
produção cacaueira é ínfima, sendo que os outros produtos destinam-se ao 
consumo local ou regional. 
Uma série de pequeninos portos pontilham o curso fluvial, como San- 
tarém, Óbidos, Parintins, Itacoatiara e outros. 
c) Afluentes do Amazonas. Ao longo dos rios, caminhos na mata, 
distribui-se uma população rala e dispersa, mas, disposta linearmente. Cada 
vale é uma unidade independente, que se liga pela navegação fluvial com 
o mundo exterior, e onde se explora os produtos da floresta, os mais im- 
portantes sendo a borracha e a castanha do Pará. A população é mais im- 
portante no Tocantins, no Madeira, no Acre. 
d) Roraima é o território no extremo setentrional do Brasil onde 
se estabeleceu uma pobre criação de gado em áreas de campo. Lá se en- 
contra também alguma garimpagem em torno de ouro e de diamante. 
Estes campos já anunciam no Brasil outra região natural, constituída pelos 
campos tropicais do hemisfério norte da América do Sul. 
e) O Anecúmeno Amazónico é a massa florestal não habitada por 
populações conscientemente integradas na nação brasileira. 
CONCLUSÃO - O que foi exposto acima representa uma visão pa- 
norâmica do país, como se o observador estivesse distante do objeto, que, 
assim, aparece em escala pequena. Não se tratou de fixar limites nítidos 
para as regiões, nem se cuidou da subdivisão em unidades de hierarquia 
menor. 
A mobilidade no interior de algumas regiões é muito grande e o 
quadro, que talvez hoje seja conforme à realidade, amanhã pode não servir 
mais. Por exemplo, na massa florestal amazónica, observa-se, ao norte 
do Mato Grosso e ao longo da rodovia Belém-Brasília, a entrada de po- 
pulações pioneiras, desbravando a selva para o desenvolvimento

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