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ELETRODINÂMICA Autores: Viviane C. S. E. Martins Walcir Miot Fernandes FLORIANÓPOLIS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA CAMPUS FLORIANÓPOLIS – DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ ii Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ iii SUMÁRIO CAPÍTULO I ....................................................................................................... 1 1 GRANDEZAS ELÉTRICAS ........................................................................ 1 1.1 Tensão elétrica ...................................................................................................................... 1 1.2 Corrente Elétrica ................................................................................................................... 7 1.3 Resistência elétrica ............................................................................................................. 14 1.4 Medição das grandezas elétricas ...................................................................................... 25 1.5 Exercícios propostos .......................................................................................................... 26 CAPÍTULO II .................................................................................................... 29 2 LEI DE OHM ............................................................................................. 29 2.1 Lei de Ohm ........................................................................................................................... 29 2.2 Exercícios propostos .......................................................................................................... 31 CAPÍTULO III ................................................................................................... 33 3 POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA ........................................................ 33 3.1 Potência elétrica .................................................................................................................. 33 3.2 Energia elétrica .................................................................................................................... 35 3.3 Queda de tensão e efeito Joule ......................................................................................... 35 3.4 Exercícios propostos .......................................................................................................... 37 CAPÍTULO IV ................................................................................................... 40 4 CIRCUITOS ELÉTRICOS ......................................................................... 40 4.1 Circuito elétrico elementar ................................................................................................. 40 4.2 Gerador ................................................................................................................................. 41 4.3 Condutores elétricos .......................................................................................................... 44 4.4 Receptores elétricos ........................................................................................................... 45 4.5 Comando e proteção ........................................................................................................... 46 4.6 Exercícios propostos .......................................................................................................... 47 CAPÍTULO V .................................................................................................... 50 5 ANÁLISE DE CIRCUITOS ........................................................................ 50 5.1 Introdução ............................................................................................................................ 50 5.2 Circuito série ....................................................................................................................... 50 5.3 Circuito paralelo .................................................................................................................. 52 5.4 Circuito misto ...................................................................................................................... 54 5.5 Análise de circuitos ............................................................................................................ 55 5.6 Exercícios propostos .......................................................................................................... 58 6 REFERÊNCIA ........................................................................................... 63 Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ iv Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 1 Capítulo I 1 GRANDEZAS ELÉTRICAS 1.1 Tensão elétrica 1.1.1 Conceito Quando deslocamos um elétron de um corpo neutro A para outro B, por um processo de eletrização, temos que exercer uma força ( F ) sobre o mesmo para vencer o campo elétrico ( E ) gerado, a fim de deslocá-lo a uma certa distância (d) até o outro corpo, como mostra a Figura 1. Quando fazemos isso, realizamos trabalho, ou seja, gastamos uma certa quantidade de energia (Trabalho = Energia = Força x deslocamento). Como energia não se perde, transformá-se, essa energia é então armazenada na carga sob a forma de energia potencial elétrica. Se essa carga retornar ao seu local de origem, devolverá a mesma quantidade de energia que recebeu. Dizemos, então, que entre os dois corpos A e B foi gerada uma diferença de potencial elétrico (UAB). Figura 1 - Geração de diferença de potencial. UA UB UAB Quanto mais carga deslocamos de A para B, maior a força de atração entre eles, maior a energia armazenada no campo elétrico. Essa energia dividida pela quantidade de cargas deslocadas nos dá a d.d.p. ou tensão entre os dois corpos F A B A B F A A B B E E E E Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 2 Após ter sido gerada a d.d.p, devido ao deslocamento dos elétrons do corpo B para o corpo A, se ligarmos o corpo A ao corpo B por um fio condutor, os elétrons livres deste fio ficarão submetidos ao campo elétrico e irão sofrer a ação de uma força elétrica que os deslocarão, como mostra a Figura 2. Figura 2 - Diferença de potencial. Então, toda vez que tivermos diferença de concentração de elétrons entre dois corpos ou dois pontos de um sistema elétrico, existirá um campo elétrico, e se uma carga estiver nesse campo, sobre ela atuará uma força que provocará seu deslocamento. Tensão é a diferença de potencial entre dois pontos de um circuito, ou seja, é a quantidade de energia (trabalho) que cada unidade de carga necessita para ser deslocada de um ponto para outro, paralela ao campo, ou que fornece ao retornar. Por exemplo, uma pilha cuja tensão seja igual a 1,5V, quer dizer que é gasto 1,5 Joules de energia para deslocar uma unidade de carga elétrica do ponto do pólopositivo para o negativo da pilha A mesma analogia aplica-se quando se diz que nos terminais da tomada têm-se 220V, ou seja, são gastos 220 Joules de energia para deslocar a unidade de carga elétrica de um pólo para o outro da tomada. 1.1.2 Unidade A unidade de tensão ou d.d.p. no SI é o Volt, representada pela letra V. 1Volt corresponde a 1Joule de energia para cada Coulomb de carga deslocada. A unidade de tensão é uma homenagem ao inventor da pilha elétrica, o físico italiano Alessandro Volta. A d.d.p. é expressa matematicamente pela seguinte equação (1.1): q T U AB AB (1.1) Onde: UA - potencial no ponto A (V); UB - potencial no ponto B (V); TAB - trabalho para deslocar a carga do ponto A para o ponto B (J); q - valor da carga deslocada (C). Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 3 1.1.3 Representação A Figura 3 mostra maneiras de como pode ser representada a tensão nos terminais dos dispositivos elétricos que compõem um circuito. UAB=1,5V 1,5V PILHA 1,5V LÂMPADA A B Figura 3 – Representação da tensão. 1.1.4 Princípios de geração de força eletromotriz (f.e.m.) Os princípios de geração de tensão mais utilizados constituem-se de dispositivos que convertem diretamente alguma forma de energia em energia elétrica: Esses dispositivos que são capazes de criar e manter uma diferença de potencial (d.d.p.) entre dois pontos em um sistema elétrico são denominados geradores elétricos. A diferença de potencial (d.d.p.) nos terminais do gerador elétrico também é denominada força eletromotriz (f.e.m.). 1.1.4.1 Indução eletromagnética Os geradores utilizam o princípio da indução eletromagnética a fim de transformar energia mecânica em energia elétrica. Este princípio consiste em gerar uma f.e.m. nos terminais de um condutor a partir de um campo magnético variável. Para entender melhor, imagine a seguinte situação: aproxima-se ou afasta-se um ímã de um pedaço de fio de cobre, como mostra a Figura 4. Como o ímã está se movimentando em relação ao fio, o fio enxerga um campo magnético variável. Isso gerará uma f.e.m. em seus terminais. Essa f.e.m. gerada é chamada de f.e.m. induzida. A descoberta desse princípio foi feita por Faraday, no século XIX. Atualmente, esse princípio é o mais potente e econômico para geração de f.e.m, sendo utilizado nas usinas hidroelétricas, termoelétricas, eólicas, nucleares.... Figura 4 - Indução eletromagnética. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 4 1.1.4.2 Reação química A energia química é transformada em energia elétrica. Isso acontece quando mergulhamos duas hastes metálicas de diferente material (eletrodos) em uma solução ácida (solução eletrolítica), como mostra a Figura 5. Devido às reações químicas, os elétrons de uma haste são transportados para a outra, surgindo assim uma concentração de cargas positivas de um lado e negativas do outro, gerando, então, uma f.e.m.. As pilhas e baterias utilizam esse processo. Figura 5 - Reação química. 1.1.4.3 Efeito fotovoltaico Os semicondutores, como o selênio e o telúrio, quando depositados sobre uma chapa de ferro e submetidos à ação da luz, liberam elétrons, como mostra a Figura 6. Hoje, o silício dopado produz o mesmo efeito com maior eficiência. Os seguintes equipamentos utilizam esse princípio de funcionamento: fotômetros, luxímetros, baterias solares de satélites, módulos de telefonia, calculadoras, relógios, etc. Figura 6 - Efeito fotovoltaico. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 5 1.1.4.4 Efeito piezoelétrico Alguns cristais, como o quartzo, cristais de Rochelle, quando submetidos a uma variação de pressão, produzem uma f.e.m, como mostra a Figura 7. Os seguintes equipamentos utilizam esse princípio de funcionamento: microfones, tweeters, isqueiros, agulhas de vitrolas, etc. Figura 7 - Efeito piezoelétrico. 1.1.4.5 Efeito térmico Dois metais diferentes unidos por solda, quando submetidos à ação do calor, geram uma f.e.m, como mostra a Figura 8. Os seguintes equipamentos utilizam esse princípio de funcionamento: termômetros, pirômetros. Figura 8 - Efeito térmico. O dispositivo capaz de criar e manter uma diferença de potencial (d.d.p.) entre dois pontos em um sistema elétrico é o gerador elétrico cuja função é estabelecer e manter uma f.e.m. entre seus terminais, a fim de fornecer energia elétrica ao circuito. A diferença de potencial (d.d.p.) nos terminais do gerador elétrico também é denominada força eletromotriz (f.e.m.). Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 6 1.1.5 Exemplos de Aplicação 1.1.5.1 Suponha que você necessite de 20mJ para aquecer um aviário. Sabendo que a carga deslocada é de 5C, qual a tensão que você deverá aplicar aos terminais do aquecedor? Dados: T=20.10-3 J q=5.10-6 C Solução: 4kVV4.10 5.10 20.10 q T U 3 6 3 1.1.5.2 E se o valor da carga deslocada fosse 20C, qual seria o valor da energia necessária para realizar tal aquecimento? Dados: U=4.103V q=20.10-6 C Solução: mJ80J80.1020.104.10qUT 363 1.1.5.3 Sabe-se que a tensão nos terminais de uma bateria é 9V. Maria necessita de 18J para que sua lanterna funcione adequadamente. Qual a quantidade de carga deslocada para que Maria consiga a iluminação desejada? Dados: U=9V T=18.10-6J Solução: μCC.10 9 18.10 U T q 6 -6 22 Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 7 1.2 Corrente Elétrica 1.2.1 Conceito Como vimos na unidade Eletrostática, os condutores sólidos (metais) apresentam elétrons livres em sua camada de valência que se movimentam desordenadamente nos espaços interatômicos, permitindo, assim, o fácil deslocamento de cargas elétricas através deles. Quando tocamos um condutor neutro com um corpo apresentando um determinado potencial elétrico, isso é, eletrizado, por exemplo, positivamente, o campo elétrico desse corpo atrai os elétrons livres do condutor, provocando o deslocamento (movimento) de cargas em sua direção, até o equilíbrio eletrostático, como mostra a Figura 9. Figura 9 - Deslocamento de elétrons livres em direção ao corpo carregado positivamente. Se o corpo eletrizado for negativo, também ocorre o movimento, porém em sentido contrário, como mostra a Figura 10. Figura 10 - Deslocamento de elétrons livres em direção oposta ao corpo carregado negativamente. Se colocarmos o condutor entre dois corpos de potenciais diferentes, ocorre a transferência de cargas de um corpo para outro através do condutor, como mostra a Figura 11. Figura 11 - Deslocamento de elétrons livres entre dois corpos carregados com cargas de sinais contrário. Conseguimos, dessa forma, movimentar ordenadamente uma certa quantidade de cargas elétricas. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 8 Para obtermos uma movimentação ordenada dessa quantidade de cargas elétricas durante um intervalo de tempo desejado, devemos submeter o condutor a umadiferença de potencial constante, isso é, manter um lado sempre positivo, atraindo elétrons, e outro negativo, fornecendo elétrons. Conseguimos isso, utilizando uma fonte de tensão ou gerador, pois o mesmo apresenta um pólo positivo (+) e outro negativo (-), como mostra a Figura 12. Figura 12 - Deslocamento de elétrons livres entre os terminais de um gerador elétrico (pilha). Imagine agora um sistema elétrico formado por uma lâmpada, uma chave “S”, fios e uma pilha, conforme mostra a Figura 13. Fios S LÂMPADA PILHA 1,5V Figura 13 - Sistema elétrico. Com a chave S fechada, as extremidades do fio ficam ligadas aos pólos positivo e negativo da pilha, submetidos a um campo elétrico. Então, os elétrons livres presentes no fio também ficam submetidos ao mesmo campo, atuando assim sobre eles uma força elétrica que provocará sua movimentação. Corrente elétrica é o movimento ordenado de elétrons livres dentro de um condutor, quando esse é submetido à ação de um campo elétrico. + - Num meio condutor líquido a corrente elétrica é formada pelo deslocamento de íons e nos meios gasosos é formada pelo deslocamento de íons e elétrons livres. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 9 A Figura 14 mostra um “zoom” da corrente elétrica no fio. Figura 14 - Corrente elétrica em um condutor sujeito a um campo elétrico externo. A Figura 15 mostra a corrente elétrica quando a chave “S” está fechada (existência de campo elétrico externo) e o movimento desordenado dos elétrons no fio quando a chave “S” está aberta. Figura 15 - Movimento de elétrons livres. Antigamente não se sabia quais as cargas elétricas que se deslocavam dentro de um fio condutor, então os estudiosos da época arbitraram que as cargas elétricas positivas é que formavam a corrente elétrica (sentido convencional da corrente elétrica - sentido do deslocamento das cargas positivas). Mais tarde, verificou-se o contrário, ou seja, a corrente elétrica num fio condutor é formada pelo deslocamento de elétrons livres ou cargas elétricas negativas (sentido real da corrente elétrica - deslocamento de elétrons livres). A Figura 16 mostra o sentido real e convencional da corrente elétrica: Figura 16 - Sentido real e convencional da corrente elétrica. A unidade de corrente elétrica é uma homenagem ao matemático e físico francês André Marie Ampère. Campo elétrico Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 10 1.2.2 Unidade A unidade de corrente elétrica no SI é Coulomb por segundo, denominado AMPÈRE e é representada pela letra A. Para calcularmos a intensidade da corrente elétrica, utilizaremos a seguinte equação (1.2): Δt ΔQ I (1.2) Onde: I - intensidade da corrente elétrica (A); Q - quantidade de carga elétrica que atravessa o fio (C); t - intervalo de tempo (s). 1.2.3 Representação A corrente elétrica que passa em um condutor pode ser representada de duas maneiras, como mostra a Figura 17. 2A 2A PILHA 1,5V LÂMPADA Figura 17 - Representação da corrente elétrica num condutor. Para termos uma corrente de 1A é necessário que passem 6,25.1018 elétrons durante 1segundo pela seção transversal de um condutor . 1.2.4 Tipos de corrente Existem vários tipos de corrente elétrica. Na disciplina de Eletricidade Básica vamos estudar somente corrente contínua e corrente alternada senoidal. A corrente contínua (CC) ou DC (“direct current”) consiste no movimento ordenado de elétrons num único sentido. Esse tipo de corrente é fornecido por geradores que possuem polaridade de tensão fixa. O valor da tensão do gerador pode ser constante, pulsante ou variável. Podem-se citar como exemplos de geradores de CC: pilha, bateria, dínamo, células Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 11 fotovoltaicas, etc. A Figura 18 representa graficamente a forma de onda de alguns tipos de CC. Figura 18 - Tipos de corrente contínua. A corrente alternada (CA ou AC - “alternate current”) consiste no movimento ordenado de elétrons ora num sentido, ora em outro. Esse tipo de corrente é produzido pelos alternadores que geram tensões cuja polaridade alterna com uma certa freqüência.Pode-se citar como exemplos de geradores de CA os alternadores das usinas termo e hidroelétricas. A Figura 19 representa graficamente a forma de onda da CA. Figura 19 - Corrente alternada. Como sabemos, a freqüência de uma onda é dada pela expressão T 1F . No Brasil, a freqüência utilizada é 60Hz, na Argentina e Paraguai 50HZ. Onde: T - Período da onda (s); A - Amplitude ou valor de pico da onda. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 12 1.2.5 Efeitos da corrente elétrica Dependendo do elemento que é ligado entre os condutores (positivo e negativo) de um sistema elétrico, a energia potencial elétrica, ao atravessá-lo, poderá ser convertida em outro tipo de energia, produzindo alguns efeitos tais como: 1.2.5.1 Efeito térmico A corrente elétrica ao atravessar um condutor provoca choques de seus elétrons livres com os átomos do condutor, transformando a sua energia potencial elétrica em calor. A esse efeito denominamos efeito Joule, cuja aplicação é encontrada nos chuveiros, aquecedores, fornos, lâmpadas incandescentes, etc. A Figura 20 mostra uma aplicação do efeito Joule. Figura 20 - Efeito Joule desejável (aquecedor) e não desejável (lâmpada incandescente). (http://www.mocho.pt) 1.2.5.2 Efeito luminosos A corrente, ao atravessar um gás rarefeito, provoca choques entre os elétrons livres e os átomos do gás. Então, um elétron do átomo pode saltar de uma órbita interna (menor nível energético) para uma externa (maior nível energético) desde que receba energia. Esse estado de excitação é instável e o elétron volta para a órbita original emitindo um fóton, ou seja, emitindo luz. Esse efeito é utilizado na construção de lâmpadas fluorescentes, vapor de mercúrio, etc. No site: http://br.osram.info/download_center/filmes.htm, você pode ver um vídeo sobre o princípio de funcionamento das lâmpadas fluorescentes. A Figura 21 ilustra essa situação. Figura 21 – Efeito luminoso (http://br.osram.info/download_center/filmes.htm) http://br.osram.info/download_center/filmes.htm Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 13 1.2.5.3 Efeito químico A corrente elétrica, ao passar através de uma solução eletrolítica, produz a dissociação ou deposição de seus íons. Esse efeito é utilizado nos processos de cromagem, niquelagem, anodização ou separação de elementos (eletrólise da água). A Figura 22 exemplifica a decomposição de uma solução eletrolítica quando atravessada por uma corrente elétrica. Figura 22 – Efeito Químico. (http://br.geocities.com) 1.2.5.4 Efeito magnético A corrente elétrica, ao passar através de um condutor, cria em torno deste um campo magnético. Esse efeito é utilizado na construção de motores elétricos, transformadores, reatores, etc. A Figura 23 mostra o campo magnético em torno de um fio quando percorrido por uma corrente. Figura 23 – Efeito Eletromagnético. (http://br.geocities.com) 1.2.5.5 Efeitofisiológico (choque elétrico) A passagem da corrente elétrica pelo corpo causa perturbações no organismo humano, entre elas podemos citar queimaduras, parada respiratória, fibrilação ventricular e conseqüentemente, parada cardíaca. Os efeitos dessas perturbações dependem dos seguintes fatores: a) percurso da corrente pelo corpo; b) tensão elétrica; c) tempo de duração do percurso da corrente; d) intensidade da corrente; e) estado de umidade da pele ; f) condições orgânicas de cada pessoa; É extremamente importante ter o máximo de cuidado ao lidar com energia elétrica, pois o menor descuido pode ser fatal!Você encontrará maiores informações sobre choque elétrico na disciplina de Segurança e Higiene do Trabalho. www.senado.gov.br/.../Imagens/choque.jpg Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 14 1.2.6 Exemplos de aplicação 1.2.6.1 Por um condutor passam 1.000.000 cargas elétricas em 2 minutos. Qual a intensidade da corrente elétrica que o atravessa? Dados: N=1.000.000 cargas t=2 min Solução: A1,33.10 120 101,6101 Δt en Δt ΔQ I 15- 196 1.2.6.2 Um fio condutor é percorrido por uma corrente de 32A. a) Qual a quantidade de carga que foi deslocada através de uma dada seção transversal do condutor em 1 segundo? Dados: s C3232AI Solução: 32C132ΔtIΔQ b) Qual o número de cargas que foram transferidas? Dados: 32CΔQ Solução: cargas1020 101,6 32 e ΔQ n 19 19 1.2.6.3 Em qual intervalo de tempo devemos transferir uma carga de 2C para produzir uma corrente de 4A, a fim de alimentar um sistema de iluminação? Dados: ∆Q=2C I=4A Solução: 0,5s 4 2 I ΔQ Δt 1.3 Resistência elétrica 1.3.1 Conceito No sistema elétrico mostrado na Fig. 1.13, a pilha (gerador elétrico) cria e mantém uma tensão entre os pontos A e B do sistema, provocando a circulação dos elétrons livres (corrente elétrica). Como já vimos, os metais possuem elétrons livres em sua última camada e quando submetidos a uma d.d.p., deslocam-se através do condutor. Quando os elétrons livres deslocam-se através de um condutor, têm que vencer a pequena força de ligação com seus núcleos atômicos, além do que se chocam com os demais átomos em sua trajetória, fazendo com que percam parte de sua energia potencial em forma de calor. Dizemos, portanto, que a corrente encontra um certo grau de dificuldade para transpor um condutor. Resistência elétrica é a dificuldade que o material oferece à passagem da corrente elétrica. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 15 1.3.2 Unidade A resistência elétrica de um corpo, de um componente ou material é medida em ohm, representada pela letra ômega (). Interessante - A unidade de resistência é uma homenagem à George Simon Ohm. - o inverso da resistência R é a condutância (G =1/R), medida em mho ( )ou siemens (S). Em algumas áreas da eletricidade, a resolução de problemas torna-se mais fácil, quando se utiliza o conceito de condutância. 1.3.3 Representação Nos circuitos elétricos, as resistências são representadas graficamente pela simbologia apresentada na Figura 24. Figura 24 – Representação gráfica das resistências. 1.3.4 Fatores que influenciam no valor da resistência de um condutor A resistência elétrica de um condutor sólido depende de suas dimensões, do tipo de material e da temperatura. 1.3.4.1 Influência das dimensões e do tipo de material Quanto maior o comprimento, maior o número de colisões e o número de ligações a serem vencidas, portanto quanto maior o comprimento do fio, maior a resistência oferecida à passagem da corrente elétrica. De maneira inversa, quanto maior a área da secção transversal, mais facilmente a corrente flui nos espaços interatômicos, logo quanto maior a área da secção ou bitola do fio, menor a resistência. Sabemos que a força de ligação dos elétrons livres com seus núcleos deve ser vencida para que haja o deslocamento da corrente através do material. Essa força depende do tipo de material. Quanto maior for essa força, maior será a resistência oferecida à passagem de corrente. Além disso, existem os átomos de impurezas mau condutoras que se ligam ao condutor no processo de fabricação. Cada material condutor apresenta uma resistência própria ou específica que depende de sua constituição química, denominada de resistividade do material e é representada pela letra . Na tabela 1.1 encontramos alguns materiais e sua respectiva resistividade. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 16 Por definição, a resistividade () é o valor de resistência em ohms de um corpo de prova padrão de 1 metro de comprimento, com 1 mm2 de área de secção de cada material, a 20oC. Sem considerar a influência da temperatura, que na maioria dos casos é tão pequena que pode ser desconsiderada, podemos afirmar que a resistência de um condutor é diretamente proporcional ao seu comprimento, inversamente proporcional à área de sua secção transversal, depende também de sua resistividade e pode ser expressa matematicamente pela equação (1.3) s Ro (1.3) Onde: Ro - resistência do condutor à temperatura ambiente de 20 oC (); - comprimento do condutor (m); s - área da seção transversal (mm2); - resistividade do material ( x mm2/m) Interessante: - o inverso da resistividade é a condutividade medida em Sxm/mm2. 1.3.4.1.1 Exemplos de aplicação 1. Qual a resistência elétrica oferecida à passagem de corrente por um fio de cobre de 4mm2 de área de seção com um comprimento de 20 m? ( do cobre, ver Tabela 1.1) Dados: R = ? s = 4mm2 = 20m Cu 0,0172 mm2/m Solução: 86mΩ0,086 4 200,0172 s Ro 2. Qual deve ser a área da seção de um fio de alumínio de 50m de comprimento para que sua resistência seja de 0,25? Dados: R =0,25 s = ? = 50m Al 0,028 mm2/m Solução: 25,6mm 0,25 500,028 R s s R o o 3. Que comprimento deve ter um filamento de tungstênio de 0,01mm2, para oferecer uma resistência de 2? Dados: R =2 s = 0,01mm2 = ? W 0,056 mm2/m Solução: 35,7cm 0,056 0,012sR s R o o Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 17 1.3.4.2 Influência da temperatura Quando um metal aumenta sua temperatura, os elétrons de seus átomos ganham energia, girando mais rápido, fazendo aumentar a vibração atômica ou molecular. Isso faz aumentar o número de colisões dos elétrons da corrente elétrica, portanto aumentando a resistividade do material e por conseqüência a resistência elétrica total, como podemos ver analisandos as equações (1.4) (1.5) e (1.6): )1( to (1.4) Como: s R (1.5) Substituindo-se (1.4) em (1.5), temos: )1( )1( t ss t oo s R Δt)α(1RoR (1.6) Onde: R - resistência do condutor na temperatura de trabalho (); Ro - resistência inicial do condutor a 20 oC (); o - resistividade do material a 20oC (mm2/m); - coeficiente de temperatura (oC-1), ver tabela 1.1; t – variação de temperatura (t=Tfinal – Tinicial)( oC) TABELA 1.1 - Resistividade e Coeficiente de Temperatura de Alguns Materiais. Material Resistividade ( )à 20 O C ( mm 2 /m) Coeficiente de Temperatura () ( o C -1 ) prata 1,6x10 -2 3,8x10 -3 cobre 1,72x10 -2 3,9x10 -3 ouro 2,4x10 -2 3,9x10 -3 alumínio 2,8x10 -2 3,9x10 -3 tungstênio 5,6x10 -2 4,5x10 -3 zinco 6,0x10 -2 4,1x10 -3 níquel 7,8x10 -2 6,0x10 -3 ferro 1,0x10 -1 5,0x10 -3 platina 1,1x10 -1 3,9x10 -3 essanho 1,2x10 -1 4,5x10 -3 chumbo 2,1x10 -1 4,2x10 -3 manganina 4,2x10 -1 0 a 3x10 -5 constantan 5,0x10 -1 -4 a 1x10 -5 nicromo 1,00 13x10 -5 grafite 45 a 75 -5 a -9x10 -4 eletrólito 10 14 a 10 7 -2 silício 3.10 9 vidro 1.10 15 OBSERVAÇÕES: - Os metais puros apresentam coeficiente de temperatura positivo, isto é, a resisitividade aumenta com o aumento da temperatura. - Alguns materiais apresentam o coeficiente de temperatura negativo, ou seja, com o aumento da temperatura, aumenta o número de elétrons livres responsáveis pela condução, diminuindo a resistividade, outras têm coeficiente de temperatura igual a zero, isso é, a resisitividade independe da temperatura. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 18 Esse comportamento pode ser representado graficamente como mostra a Figura 25. t < 0 = 0 0 Figura 25 – Variação da resistividade em função da temperatura. 1.3.4.2.1 Exemplos de aplicação 1. Qual a resistência elétrica do fio de cobre de um circuito elétrico, num dia de verão a 40oC, sabendo-se que a 20OC, sua resistência é de 10? Dados: R=? Cu=3,9.10 -3 oC-1 TF=40 oC Ti=20 oC Ro=10 Solução: 10,78ΩR 20))(40103,9(110R Δt)α(1RoR 3 2. Calcule a resistência elétrica do cabo de alumínio de uma rede elétrica de 25mm2 de seção com um comprimento de 4 Km, a uma temperatura de 45oC. Dados: R=? Al=3,9.10 -3 oC-1 TF=45 oC Ti=20 oC Ro=? Al=0,028mm 2/m =4km s=25mm2 Solução: 4,48Ω 25 4.0000,028 s Ro 4,92ΩR 20)(45103,9(14,48R Δt)α(1RoR 3 3. Qual a resistência inicial do resistor de nicromo de um aquecedor, sabendo- se que quando está ligado atinge 8000C apresenta uma resistência de 45? nicromo=13.10 -5 oC-1 Dados: Ro=? nicromo=13.10 -5 oC-1 TF=800 oC Ti=20 oC R=45 Solução: ΩR R Δt)α(1 R RΔt)α(1RR o o oo 85,40 )20800(10.131( 45 5 Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 19 1.3.5 Efeitos provocados pela resistência elétrica Como já foi descrito inicialmente, quando uma resistência é imposta à passagem da corrente elétrica, além de limitar a intensidade da corrente, o choque dos elétrons livres com os átomos do elemento resistivo provoca queda de tensão com conseqüente liberação de calor. A seguir é listada uma série de efeitos causados pela resistência elétrica nos circuitos. Efeito joule (aquecimento) – é a transformação de energia potencial elétrica em energia calorífica, provocada pela passagem de corrente através de uma resistência. Queda de tensão - é um efeito concomitante ao efeito joule, em que parte da energia potencial é transformada em calor, isso provoca a redução da tensão final de um sistema elétrico. Divisão de tensão - quando a corrente encontra uma série de resistências sucessivas, ocorrem várias quedas de tensão, fracionando a tensão total em valores proporcionais às resistências. Limitação da corrente - quanto maior o valor da resistência imposta, menor será a intensidade da corrente que conseguirá passar por ela. Divisão da corrente - quando uma corrente encontra dois caminhos condutores paralelos, ela se divide de forma inversamente proporcional à resistência de cada caminho. Maior parte da corrente passa pela menor resistência e menor parte através do caminho de maior resistência. 1.3.5.1 Efeitos resistivos indesejáveis Mau contato – resistência não intencional criada no caminho da corrente devido às impurezas que se depositam entre partes em contato, às áreas de contato insuficientes ou pouca pressão de contato entre partes móveis, às emendas e às conexões. Perdas na transmissão – dissipação de energia em forma de calor e queda de tensão provocada pela resistência, embora pequena, do próprio condutor. Resistências internas – a resistência das partes condutoras internas dos equipamentos elétricos produzem perdas internas por efeito joule, aumentando sua temperatura de trabalho, reduzindo sua eficiência ou até mesmo sua vida útil. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 20 1.3.6 Resistor 1.3.6.1 Conceito Resistores são dispositivos construídos com um determinado valor de resistência elétrica, para que, instalados nos circuitos elétricos, permitam a utilização de alguns de seus efeitos para diversas aplicações práticas. 1.3.6.2 Função Nas diversas áreas de utilização da eletricidade, existe uma grande diversidade de tipos e aplicações dos resistores. Quanto à sua função, atuam como elementos de aquecimento, limitadores de corrente, divisores de tensão, divisores de corrente, limitadores de tensão, reguladores de tensão e corrente, sensores de temperatura, sensores de luz, entre outros. 1.3.6.3 Áreas de aplicação Industrial – os resistores são utilizados em fornos e estufas, em calefação de painéis, em aquecimento de líquidos, no controle de máquinas e de processos, regulação de potência e de velocidades, no aquecimento para fusão e na injeção de matérias primas, etc. Eletrônica – os resistores são componentes básicos de todos os equipamentos eletrônicos cujas funções variam de limitadores de corrente e tensão a controle e ajuste dos sinais e outros parâmetros. Doméstica – no uso doméstico, a função do resistor baseia-se principalmente no aquecimento, onde encontramos os seguintes equipamentos: aquecedor de ambientes, fornos, fogões, chuveiros, ferros elétricos, secadoras, lavadoras, boilers, cafeteiras, entre outras aplicações. 1.3.6.4 Construção Conforme a aplicação, sua construção pode ser mais ou menos robusta. Os resistores de aquecimento de alta potência são geralmente construídos com fios ou fitas de ligas metálicas, como o nicromo, enrolados ou não sobre um isolador cerâmico. Os resistores industriais para altas temperaturas podem ainda ser confeccionados em bastões de grafite. Existem inclusive resistores líquidos, em que enormes tanques contendo soluções eletrolíticas funcionam como resistores ajustáveis. A Figura 26 mostra alguns desses resistores. Figura 26 - Resistor: a) de bastão de grafite; b) de nicromo em tubo de quartzo; c) de imersão blindado; Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 21 Os de menor potência, em geral os eletrônicos, são de carvão ou carbono sobre um substrato cerâmico (cermet) ou ainda com materiais semicondutores. Esses resistores têm seus valores identificados com um código padrão de cores estampado em seu revestimento, conforme Figura 27. 12 K Resistor de fio Resistor de carvão e de filme metálico. Figura 27 – Resistor. A Figura 28 mostra como fazer a leitura do valor da resistência pelo código de cores. Figura 28 – Código de cores. Na tabela 1.2 temos os valores comerciais dos resistores. Tabela 1.2 - Valores Comerciaisde Resistor Tolerância Valores 20% 10 , 15 , 22 , 33 , 47 , 68 10% 10 , 12 ,15 , 18 , 22 , 27, 33 , 39, 47 , 56, 62 , 82 5% 10 , 11 , 12 , 13 , 15 , 16 , 18 , 20 , 22 , 24 , 27 , 33 , 36 , 39 , 43 , 47 , 51 , 56 , 62 , 68 , 75 , 82 , 91 * E seus múltiplos de 10, de x 10 -1 a x 10 6 até o limite de 22 M Nas potências de: 1/8W, 1/4W, 1/2W, 1W, 2W, 3W, 5W Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 22 1.3.7 Tipos de resistores Os resistores ainda podem ser classificados em: fixos, variáveis, ajustáveis e especiais (sensores). Esses ainda podem apresentar diferentes construções de acordo com o fim a que se destina. Resistor fixo – resistor que possui um só valor de resistência ou é escalonado com várias saídas. A Figura 29 mostra um resistor fixo. Figura 29 – Resistor fixo (www.bin95.com). Reostato - resistor de alta potência, variável para regulação de correntes, com controle rotativo ou deslizante, como mostra a Figura 30. Figura 30 – Reostato (www.cepa.if.usp.br). Potenciômetro - resistor variável de baixa potência para regulação de sinais de tensão (volume do rádio), também podem ser deslizantes ou rotativos, como mostra a Figura 31. Potenciômetro rotativo Potenciômetro deslizante Figura 31 – Potenciômetros. Trimpot - mini potenciômetro para ajustes ou regulações permanentes de circuitos. A Figura 32 mostra alguns trimpots. Figura 32 – Trimpots. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 23 Foto-resistor (LDR - light dependent resistor) - varia o valor da resistência em função da luminosidade incidente. Usado para controle de iluminação e relés fotoelétricos. Podemos ver um LDR na Figura 33. Figura 33 – LDR (www.tonh.net). Termissor: (NTC E PTC - Negative and Positive Temperature Coeficient) - resistor que reduz ou aumenta o valor de sua resistência em função da temperatura. A Figura 34 mostra NTC´s e PTC´s. Figura 34 – NTC e PTC (http://bwir.de/bauteilelexikon). Varissor (VDR - voltagem dependent resistor) - varia a resistência em função da tensão, muito utilizado como regulador de tensão de saída de fontes. A Figura 35 mostra um VDR. Figura 35 – VDR (www.littelfuse.com). Magneto-resistor – resistor de material semicondutor que aumenta linearmente seu valor de resistência sob influência de um campo magnético. Figura 36 – magneto-resistor (www.sypris.com). http://www.sypris.com/ Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 24 1.3.8 Simbologia A Figura 37 mostra as várias simbologias utilizadas para a representação gráfica dos resistor. Resissor variável de variação contínua Potenciômetro de ajuste predeterminado Resissor variável escalonado Potenciômetro rotativo Potenciômetro deslizante Resistência ajustável atenuador Resistência c/ derivação de corrente Resistência c/ derivações fixas Resistência de calefação Resistência c/ derivação de tensão e corrente Impedância Resistência variável Resistência ajustável Resistência não reativa Resistência não reativa Resistência fixa Símbolo geral Resistência fixa Símbolo geral LDR - Resistência dependente da luz LDR - Resistência dependente da luz Termissor PTC coefic. de temperatura positivo Termissor NTC coef. de temperatura negativo Varissor VDR resist. Dependenteda tensão resist. dependente de campo magnetico Figura 37 - Simbologia. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 25 1.4 Medição das grandezas elétricas No dia-a-dia do eletrotécnico, sempre irá existir a necessidade de fazer medições de grandezas elétricas. Para medirmos a ddp entre dois pontos em um sistema elétrico, utilizamos um instrumento denominado voltímetro. Esse instrumento deve ser conectado em paralelo com o elemento, ou seja, entre os dois pontos no qual desejamos medir a tensão, como podemos ver na Figura 38. Figura 38 - Medindo tensão elétrica na carga. O instrumento utilizado para medir corrente é o amperímetro, porém se só quisermos detectar a presença de corrente elétrica em um sistema elétrico, podemos utilizar um galvanômetro. Tanto o amperímetro quanto o galvanômetro devem ser conectados em série com o elemento no qual necessitamos medir a corrente elétrica, ou seja, a corrente deve passar através do instrumento de medida, como podemos ver na Figura 39. Figura 39 - Medindo Corrente Elétrica. Para medirmos a resistência entre dois pontos em um sistema elétrico ou em um resistor, utilizamos um instrumento denominado ohmímetro. Esse instrumento deve ser conectado em paralelo com o elemento no qual desejamos medir o valor da resistência, como podemos ver na Figura 40. Figura 40 - Medindo o valor da resistência de carga. No mercado existe um instrumento muito utilizado pelo eletrotécnico, o multímetro. Num só instrumento encontramos o amperímetro, o voltímetro e o ohmímetro. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 26 1.5 Exercícios propostos 1.5.1 Determine a ddp UAB e UBA entre os corpos ou entre os pontos A e B, como mostra a figura a baixo. (R: UAB=12V, UBA=-12V) (R: UAB=18V,UBA=-18V) (R: UAB=-18V,UBA=18V) (R:UAB=-12V, UBA=12V) UA=0v UB=-3V (R:UAB=3V; UBA=-3V) Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 27 1.5.2 Suponha que você esteja coordenando uma equipe de eletricistas durante a manutenção de uma subestação e um dos seus subalternos, o Sr. Juca, lê a seguinte inscrição: “Perigo, alta tensão - 13,8kV”, e lhe pergunta o que é tensão e o que significa kV. Você, como eletrotécnico, sem exitar, tira logo as dúvidas dele, definindo o que é tensão e indicando sua unidade do SI. Então, escreva sua explicação. 1.5.3 Suponha que a tensão entre os terminais de uma bateria seja igual a 2V. Ao conectarmos uma lâmpada aos seus terminais, deslocamos 5mC. Determine a energia necessária para deslocar essa quantidade de carga. (R: 10mJ). 1.5.4 E se a energia necessária para deslocar essa mesma quantidade de carga fosse 30J. Qual seria a ddp entre os terminais da bateria?(R:6kV). 1.5.5 E se considerarmos que, no exercício 1.7.3, a f.e.m. entre os pontos A e B da bateria é 5V e a energia necessária para deslocar uma certa quantidade de carga é 10mJ. Qual a quantidade de carga deslocada? (R: q=2mC). 1.5.6 Ao mandar o Sr. Juca ao escritório pegar um catálogo sobre condutores, este leu a seguinte frase que estava impressa na capa: “Capacidade de condução de corrente dos condutores”. Então, ao encontrá-lo, perguntou o que é corrente. Você, além de definir corrente, indicou sua unidade no SI e mostrou a diferença entre o sentido real e convencional da corrente elétrica. Escreva a explicação que você deu ao Sr. Juca. 1.5.7 De repente, observa-se um tumulto. Um dos eletricistas sofreu uma queimadura ao levar um choque elétrico. Você, rapidamente, reúne todos os seus subalternos no auditório da empresa e faz uma palestra mostrando todos os efeitos da corrente elétrica e salientandoos efeitos que a mesma causa ao passar pelo corpo humano. Descreva sua palestra. 1.5.8 Após sua palestra, Sr Pereira pediu para você explicar o que é corrente contínua e corrente alternada. Além de dar a explicação, você ainda deu exemplos de geradores de corrente contínua e alternada. Descreva o que você falou para o Sr Pereira. 1.5.9 Numa determinada instalação passam por um condutor 500.000 cargas elétricas em 1 minuto. Qual a intensidade da corrente elétrica que o atravessa? (R: I=1,33.10-15A). 1.5.10 Num sistema de aquecimento, uma corrente de 10A atravessa um fio condutor durante meia hora. a)Qual a quantidade de carga que foi deslocada através de uma dada seção transversal do condutor? (R:Q=18.103C); b)Qual o número de cargas transferidas? (R:n=1,12.1023cargas). 1.5.11 Em que intervalo de tempo devemos transferir uma carga de 0,5C para produzir uma corrente de 2A, a fim de alimentar um sistema de iluminação? (R:t=0,25s). Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 28 1.5.12 Um campo elétrico é aplicado em um fio condutor, como mostra a figura abaixo: a) Qual o sentido do fluxo de elétrons no fio? b) Qual o sentido da corrente convencional neste fio? 1.5.13 O Sr. Anastácio, que estava em sua palestra sobre os efeitos da corrente elétrica, ficou matutando, tentando entender a seguinte frase: ”Como sabemos, os efeitos da perturbação causada pela passagem da corrente elétrica pelo corpo humano dependem da resistência elétrica do mesmo”. Como o Sr Anastácio não sabia o que era resistência elétrica, foi a sua sala perguntar-lhe. Então, descreva a explicação feita ao Sr Anastácio, indicando inclusive sua unidade no SI. 1.5.14 Calcule a resistência de um pedaço de fio de alumínio de 4,0mm2 de área de seção transversal e 20cm de comprimento. (R:R=1,4m) 1.5.15Se o fio de alumínio do exercício anterior fosse substituído por um de tungstênio, qual seria o valor da sua resistência? Comente o resultado. (R:R=2,8m) 1.5.16 E se aumentássemos o comprimento do fio de alumínio do exercício 1.8.14 para 20m, a resistência alteraria? Qual o valor? Comente o resultado. (R:R=0,14) 1.5.17 Vamos agora substituir o fio de alumínio de 4,0mm2 do exercício 0 por outro, cuja bitola é 10mm2. A resistência alterará? Qual seu valor? Comente o resultado. (R: R=0,56m) 1.5.18 Suponha que o único critério para a escolha do material a ser usado na confecção dos fios fosse o fato de ele ser bom condutor. Nesse caso, qual seria o material da fiação elétrica de nossas residências? 1.5.19 A temperatura do setor de caldeiras de um hospital é 20oC quando as mesmas estão desligadas. Ao ligá-las, a temperatura ambiente atinge 45 oC. Sabendo que a resistência inicial de um rolo de fio de cobre de 2,5mm2 é 0,668, calcule a resistência desse condutor após a variação de temperatura ambiente.(R:R=0,733) 1.5.20 A resistência de um fio de cobre é 0,282 quando a temperatura ambiente é 30C. Sabendo que a resistência desse fio é 0,318 quando o mesmo atingir uma temperatura de 70C, determine o material utilizado na fabricação do mesmo. (=3,2.10-3C-1) 1.5.21 A resistência de uma bobina de fio metálico a 20C é 60. Retirando-se um pedaço de 3,9m de fio, verifica-se que a resistência da bobina, à mesma temperatura, passa a ser 15. Determine o comprimento inicial do fio (L=5,2m) E Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 29 Capítulo II 2 LEI DE OHM 2.1 Lei de Ohm O Físico e matemático alemão Georg Simon Ohm desenvolveu a primeira teoria matemática a respeito da condução elétrica nos circuitos, baseando-se no estudo de condução de calor e na fabricação de condutores elétricos de diferentes comprimentos e bitolas. Sua obra só foi reconhecida em 1841, quando recebeu a medalha de Copley da Royal britânica. Por experimentos, Ohm verificou que a relação entre a tensão aplicada num fio e a corrente que fluía por ele, a uma dada temperatura, era constante. Essa relação foi representada matematicamente pela equação (2.1). I U K (2.1) Onde: K - constante de proporcionalidade; U - tensão aplicada nos terminais do fio (V); I - corrente que flui através do fio (A). Para exemplificar a experiência de Ohm, imagine a seguinte situação, como mostra a Figura 41. Figura 41 - Experiência de Ohm. Ao dividirmos a tensão aplicada ao resistor pelo valor da corrente que passa por ele, teremos como resultado um valor constante: 2 15 30 10 20 5 10 I U I U I U 3 3 2 2 1 1 Essa constante de proporcionalidade é conhecida como resistência elétrica, pois é essa grandeza que limita o valor da corrente em um sistema elétrico. A igualdade apresentada acima pode ser reescrita de maneira genérica, pela equação (2.2). Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 30 I U R (2.2) Onde: R - resistência elétrica do resistor (); U - tensão aplicada nos terminais do resistor (V); I - corrente que flui através do resistor (A). A relação entre as grandezas tensão, corrente e resistência elétrica pode ser também expressa pela variação da equação (2.2) e pelas equações (2.3) e (2.4). R U I (2.3) IRU (2.4) A Lei de Ohm estabelece uma relação linear entre as grandezas tensão e corrente elétrica. Sua representação gráfica é mostrada na Figura 42. Figura 42 - Representação Gráfica da Lei de Ohm. Existem, porém, materiais cuja resistência varia de acordo com a tensão aplicada aos seus terminais. Esses materiais são classificados como sendo não-ôhmicos. Por exemplo, a resistência do filamento de tungstênio da lâmpada incandescente aumenta; já a resistência do gás existente no interior do bulbo de uma lâmpada de descarga (lâmpada fluorescente, de vapor de mercúrio,...) diminui com o aumento da tensão aplicada. A Figura 43 representa graficamente a variação da resistência em função da tensão aplicada para materiais não ôhmicos. Figura 43 - Representação gráfica da resistência de materiais não Ôhmicos. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 31 2.2 Exercícios propostos 2.2.1 Medindo-se a tensão e a corrente que percorre um resistor, obteve-se a seguinte tabela: U(V) 2 6 10 14 18 I(A) 1 3 5 7 9 2.2.1.1 Faça o gráfico UxI deste resistor; 2.2.1.2 Esse resistor é ôhmico? Caso positivo, calcule o valor da resistência.(R:R=2) 2.2.2 Medindo-se a tensão e a corrente que percorre um resistor, obteve-se a seguinte tabela: U(V) 20 40 60 80 100 I(A) 5 8 10 21 28 2.2.2.1 Faça o gráfico UxI deste resistor. 2.2.2.2 Esse resistor é ôhmico?Explique. 2.2.2.3 Qual o valor de sua resistência quando a tensão for 20V e 80V? (R: R20V=4,: R80V=3,81) Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 32 2.2.3 Ao ligarmos um chuveiro é drenada da rede uma corrente de 23A. Se o chuveiro está conectado a uma rede de 220V, qual sua resistência? (R:R=9,56)2.2.4 Uma lâmpada incandescente cuja resistência é 800 está conectada a uma rede de 220V, qual a corrente drenada da rede?(R: I=0,275A). 2.2.5 Em um fio de alumínio, cuja bitola é 2,5mm2 e comprimento igual a 50cm, passam 500C em 3mim. Determine a tensão aplicada aos terminais desse fio.(R:U=15,55mV) Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 33 CAPÍTULO III 3 POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA 3.1 Potência elétrica Num sistema mecânico a energia potencial gravitacional pode ser calculada utilizando-se a equação (3.1). )h(hdFET 12gp gm (3.1) Onde: T – trabalho; Ep – energia potencial gravitacional; Fg – força gravitacional; d – deslocamento; g – aceleração da gravidade; h – altura; m- massa do corpo; )h(h 12 g – potencial gravitacional. Podemos então definir potência mecânica como a capacidade que possui um sistema mecânico de transformar energia potencial mecânica em trabalho, na unidade de tempo. Num sistema elétrico a energia potencial elétrica pode ser calculada utilizando-se a equação (3.2). )d(dFdFET 21pE (3.2) Mas como: 2d qQK F (3.3) Substituindo-se (3.3) em 3.2, tem-se: d qQK dd dqQK d dqQK ET 2 pE (3.4) Porém: d QK U (3.5) Comparando então a equação (3.5) com (3.4), tem-se: qUET pE (3.6) Onde: T – trabalho; EpE – energia potencial elétrica; F – força elétrica; d – deslocamento; q e Q- carga elétrica; U - potencial elétrico. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 34 Por conseguinte, define-se potência elétrica como a capacidade que possui um dispositivo elétrico de fornecer ou transformar energia potencial elétrica em trabalho, na unidade de tempo, expressa matematicamente pela equação (3.7). IU t q U t E t T P pe (3.7) Portanto, a potência elétrica de um dispositivo elétrico pode ser expressa pelo produto da diferença de potencial (tensão) pela corrente, como mostra a equação (3.8), cuja unidade de medida é o Joule/segundo, denominada Watt. IUP (3.8) Onde: P = potência do dispositivo elétrico (W); U = tensão ou diferença de potencial (V); I = intensidade da corrente (A). A equação (3.8) ainda pode ser escrita substituindo-se cada variável por seu correspondente da Lei de Ohm, obtendo-se as equações (3.9) e (3.10). Sabe-se que: 2IRIIRP IRU IUP 2IRP (3.9) Sabe-se que: R U R U UP R U I IUP 2 R U P 2 (3.10) Onde: P - potência do dispositivo elétrico (W); U - tensão ou diferença de potencial (V); I - intensidade da corrente (A); R - resistência do dispositivo (). Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 35 3.2 Energia elétrica Como vimos, ao deslocarmos um elétron de um corpo neutro, esse elétron armazena uma determinada quantidade de energia potencial elétrica. Numa pilha, a força que desloca os elétrons do pólo positivo para o negativo é proveniente de reações químicas e esses elétrons deslocados também armazenam uma determinada quantidade de energia potencial elétrica. Ao conectarmos uma lâmpada aos pólos positivo e negativo de uma pilha, a energia potencial elétrica armazenada é transferida para a lâmpada. Numa lâmpada incandescente é transformada em luz e calor. Essa energia fornecida pela pilha ou transformada em luz e calor pela lâmpada a cada segundo é o que denominamos anteriormente de potência elétrica. A energia elétrica é a potência elétrica fornecida ou transformada por um dispositivo elétrico durante um determinado período de tempo. Sua unidade é o Watt-hora (Wh). Com a expressão (3.11) podemos calcular a energia gerada ou consumida por um determinado equipamento. tPε (3.11) Onde: - energia elétrica (Wh); P - potência elétrica (W); T - intervalo de tempo (s). Uma unidade bastante utilizada comercialmente para verificação de consumo de energia é o kWh (quilo-Watt-hora). 1kWh=1.000Wh Então, pegue a sua fatura energia elétrica (conta da luz) e verifique o seu consumo mensal. 3.3 Queda de tensão e efeito Joule Ao conectarmos uma lâmpada incandescente aos terminais de uma pilha, estamos transferindo a energia acumulada na pilha para a lâmpada e uma boa parte dessa energia é transformada em calor. Efeito Joule é a transformação da energia elétrica em energia térmica (calor). Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 36 Agora imagine duas lâmpadas ligadas à pilha, conforme Figura 44. Figura 44 - Queda de tensão nos terminais da lâmpada. A corrente elétrica, ao passar pela primeira lâmpada, transfere uma parte da energia acumulada pela pilha a ela. Então, essa energia transferida à lâmpada é dissipada em parte, sob a forma de calor, pois os elétrons livres da corrente elétrica chocam-se com os átomos que constituem o filamento (resistor) da lâmpada, ou seja, os elétrons, ao entrarem no ponto A, eles estão carregados de energia e, ao saírem no ponto B, saem com menos energia. Essa diferença (queda) de energia por unidade de carga é o que chamamos de queda de tensão. Então, para calcularmos a queda de tensão sobre a lâmpada L1, utilizaremos a Lei de Ohm, equação (3.12), ou ainda podemos utilizar as equações (3.13) e (3.14). IRUU ACqL1 (3.12) CBABAC UUU (3.13) 21 qLABqL UUU (3.14) Onde: R – resistência da lâmpada (); I – corrente que percorre a lâmpada (A); U – tensão nos terminais da pilha (V); UqL1 – queda de tensão na lâmpada L1 (V); UqL2 – queda de tensão na lâmpada L2 (V). Podemos exemplificar como produtores de queda de tensão indesejável uma emenda entre fios, o conector que liga o chuveiro a rede. Tanto numa situação quanto na outra, existe a presença da resistência elétrica. Se a resistência é percorrida por uma corrente, ocorre queda de tensão e transformação de energia elétrica em térmica (calor). Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 37 Figura 45 representa uma emenda num sistema elétrico. Figura 45 - Queda de tensão numa emenda. 3.4 Exercícios propostos 3.4.1 Felizbela foi às lojas do bairro pesquisar o preço das geladeiras, pois necessitava trocar a sua. Logo, na primeira loja, o vendedor perguntou-lhe se a geladeira de que ela precisava seria de baixa ou alta potência. Felizbela, sem entender nada sobre o assunto, foi direto perguntar a seu primo Edgar, que era eletrotécnico, o que é potência elétrica. Edgar, além de tirar a dúvida, indicoua unidade o SI. Relate a explicação de Edgar. 3.4.2 Edgar também explicou o que é energia elétrica e indicou sua unidade no SI. Relate também essa explicação. 3.4.3 Qual a corrente drenada por uma lâmpada de 100W quando conectada a uma rede de 220V? (R: I=0,45A). 3.4.4 Sabe-se que um aquecedor de passagem de 3.000W drena da rede uma corrente de 27,27A. Qual a tensão da rede? (R: U=110V). 3.4.5 Qual o valor da resistência do aquecedor do exercício anterior? (R:R=4,03). 3.4.6 Com o racionamento de energia, você foi obrigado a reduzir o consumo. Observe os seguintes dados: Emenda mal feita causa queda de tensão e aquecimento excessivo, podendo causar curto-circuito e, por conseqüência, incêndio. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 38 Sem racionamento: banho: chave na posição inverno (5.000W), tempo de duração: 20min/dia; iluminação: consumo:1000W, tempo de duração:10h/dia. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 39 Com racionamento: banho: chave na posição verão (2.500W), tempo de duração: 8min/dia; iluminação: consumo:1000W, tempo de duração:3h/dia. Quanto de energia você gastava aproximadamente antes do racionamento e depois? Quantos kWh você economizou? Sabendo que o custo do kWh é R$0,20, quanto você economizou em reais?(R: =350kWh; =100kWh, economizada=250kWh; R$=50,00) 3.4.7 Os equipamentos que utilizam o efeito Joule são os equipamentos que transformam a energia elétrica em energia térmica (calor). Liste os equipamentos para aquecimento utilizados por você diariamente que se baseiam nesse efeito. 3.4.8 Reunidos num clube, Felizbela ao ligar um equipamento elétrico observou-se uma diminuição na quantidade de luz emitida num determinado ambiente. Ao verificar a surpresa de todos, Edgar explicou que houve uma queda de tensão. O que é queda de tensão? 3.4.9 João, ao unir dois fios, não se preocupou com a qualidade da emenda, provocando uma elevada resistência de conexão, cujo valor é 6. Ao passar uma corrente de 30A por esse fio, o aquecimento foi tão elevado que provocou um curto-circuito. Determine a queda de tensão e a potência dissipada na emenda mal feita. (R:U=180V; P=5.400W) Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 40 Capítulo IV 4 CIRCUITOS ELÉTRICOS 4.1 Circuito elétrico elementar Para ligarmos uma lâmpada, necessitamos da lâmpada, de fios condutores e de uma pilha. A pilha é o elemento que vai estabelecer e manter uma f.e.m. no sistema elétrico, a fim de fornecer energia elétrica à lâmpada e esta, por sua vez, transformará a energia elétrica recebida em energia térmica (calor) e luminosa. Para levar a energia armazenada da pilha para a lâmpada, necessitamos de fios condutores. A esse sistema elétrico simples formado por uma lâmpada (receptor elétrico), fios condutores (condutores elétricos) e por uma pilha (gerador elétrico), chamamos de circuito elétrico elementar. Portanto, para termos um circuito elétrico elementar necessitamos no mínimo desses três dispositivos: receptor, condutor e gerador elétrico. A Figura 46 mostra um circuito elétrico elementar e sua representação gráfica. Figura 46 - Circuito elétrica elementar. O gerador elétrico é também denominado de fonte de alimentação. Sua função é estabelecer e manter uma f.e.m. entre seus pólos, a fim de fornecer energia elétrica ao receptor. A Figura 47 mostra a simbologia dos geradores elétricos. Figura 47 - Simbologia dos geradores elétricos. pilha bateria dínamo ~ alternador Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 41 Os receptores elétricos são também denominados de cargas elétricas. Esses dispositivos recebem a energia elétrica fornecida pelo gerador e a transformam em outra forma de energia, como: calor, força motriz, luz, etc. A Figura 48 mostra a simbologia utilizada para representação dos receptores elétricos. Figura 48 - Simbologia dos Receptores Elétricos. Os condutores são fios e cabos que servem para interligar os pólos do gerador aos terminais da carga, conduzindo, assim, a corrente elétrica da geração ao ponto de consumo. 4.2 Gerador Como vimos, o gerador elétrico é um dispositivo cuja função é estabelecer e manter uma f.e.m. entre seus terminais, a fim de fornecer energia elétrica ao circuito. Como visto no capítulo 1, os princípios de geração de tensão mais utilizados constituem-se de sistemas que convertem diretamente alguma forma de energia em energia elétrica, como: indução eletromagnética, reação química, efeito fotovoltaico, efeito termoelétrico e efeito piezoelétrico. Sabemos que todo material possui uma determinada resistência. Como os geradores são feitos de fio, placas, solução eletrolítica, materiais semicondutores, etc, todos eles possuem uma resistência elétrica que denominamos de resistência interna. No processo de geração de f.e.m., os elétrons são deslocados internamente de um pólo para o outro precisando vencer a resistência interna do gerador. Então, quando analisamos um gerador real, devemos representá-lo conforme mostra a Figura 49. Figura 49 - Gerador Elétrico Real. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 42 Analise a Figura 50. Figura 50 - Circuito Elétrico. A corrente fornecida pelo gerador ao atravessar sua resistência interna provoca uma redução na f.e.m. gerada, ou seja, ocorre uma queda de tensão interna, com conseqüente liberação de calor. Para calcularmos a queda de tensão interna no gerador, aplicamos a equação (4.1): IriUri (4.1) Onde: Uri- queda de tensão na resistência interna do gerador; (V); ri - resistência interna do gerador (); I - corrente fornecida pelo gerador (A). Para calcularmos a tensão nos terminais do gerador, aplicamos a equação (4.2): Urif.e.m.UAB , (4.2) Onde: UAB- tensão nos terminais do gerador (V); Uri- queda de tensão na resistência interna do gerador (V); f.e.m. - força eletromotriz do gerador (V). Para calcularmos a potência dissipada (perdida) em forma de calor no gerador, aplicamos a equação (4.3): 2 ri IriP (4.3) Onde: Pri- potência dissipada no gerador (W); Ri - resistência interna do gerador (); I - corrente fornecida pelo gerador (A). Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 43 Portanto, quando conectamos um gerador a um circuito elétrico, ocorrem dois fatos indesejáveis: a) a tensão nos terminais do gerador cai devido à queda de tensão em sua resistência interna; b) o gerador aquece devido à transformação de parte da energia gerada em calor, na sua resistência interna. 4.2.1 Associação de geradores Os geradores são especificados em termos de tensão e potência. Os geradores químicos (baterias) são especificados em termos de tensão e capacidade de fornecimento de corrente em Ah (ampère hora). Se necessitarmos aumentar a tensão entre os pontos A e B do circuito da Figura 50, podemos associarum ou mais geradores em série, conforme mostra a Figura 51. Figura 51 - Associação de geradores em série. Dessa forma, a tensão entre os pontos A e B é dada pela equação (4.4). 2211 ririAB VFemVFemV (4.4) Se necessitarmos aumentar o valor da potência fornecida ao circuito, ou seja, aumentarmos a capacidade de fornecimento de corrente, devemos ligar os geradores em paralelo. A Figura 52 mostra a associação de geradores em paralelo. Figura 52 - Associação de geradores em paralelo. Em Itaipu, atualmente existem 18 geradores de 700MW conectados em paralelo. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 44 Os condutores são projetados para trabalhar numa temperatura ambiente de 30 o C 4.3 Condutores elétricos Como já vimos, os condutores elétricos interligam os pólos do gerador aos terminais da carga, com a função de conduzir corrente elétrica da geração ao ponto de consumo. Os materiais mais utilizados na confecção dos condutores elétricos são: o cobre, com 99,99% de pureza e o alumínio, com 99,5% de pureza. Os materiais mais utilizados para isolar eletricamente os condutores são: o PVC, EPR e o XLPE. Nos circuitos, os condutores são identificados segundo um código de cores: Condutor de proteção - verde ou verde amarelo. Em corrente contínua: condutor negativo – preto. condutor positivo - vermelho. Em corrente alternada: condutor neutro - azul claro. Num condutor isolado, existe um máximo valor de corrente que pode passar pelo mesmo a fim de não danificar a isolação. Essa máxima corrente que pode percorrer o condutor é denominada capacidade de condução de corrente e depende dos seguintes fatores: a) do material do condutor (cobre, alumínio,...); b) do material da isolação ( PVC, EPR, XLPE,...); c) da temperatura ambiente ou do solo; d) da resistividade térmica do solo; e) do fator de agrupamento; f) da bitola do condutor. O critério da capacidade de condução de corrente é um dos critérios para dimensionamento estabelecido pela NBR 5410. A tabela 4.1 apresenta a capacidade de condução de corrente para condutores de cobre com isolação de PVC, instalados em eletrodutos embutidos em alvenaria, considerando temperatura ambiente de 30oC e três condutores carregados por eletroduto. Atenção, variando qualquer uma das condições acima estabelecidas, a capacidade de condução de corrente do condutor também varia. Tabela 4.1 - Capacidade de Condução de Corrente Bitola do Condutor (mm2) Capacidade de Condução de Corrente (A) 1,5 15,5 2,5 21 4,0 28 6,0 36 10,0 50 Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 45 Um outro critério para dimensionamento estabelecido pela NBR 5410 é o da máxima queda de tensão admissível. Esta norma limita a queda em 5% para alimentação em baixa tensão (BT) e 7% para alimentação em alta tensão (AT). Se a queda de tensão for excessiva, não obedecendo estes limites, poderá provocar desde uma diminuição do fluxo luminoso de uma lâmpada incandescente até a queima de equipamentos, como os motores elétricos. Portanto, em um circuito dimensionado adequadamente, não ocorrerá aquecimento excessivo, isto é, a perda de energia por efeito joule será insignificante e nem queda de tensão elevada, já que a corrente ao passar pelo fio condutor encontrará uma resistência de baixo valor. 4.4 Receptores elétricos Os receptores, também conhecidos por cargas, são dispositivos que absorvem energia elétrica e a transformam em outra forma de energia, ou seja, eles retiram energia das cargas elétricas para transformá-la em outra. Podemos classificar os receptores elétricos de acordo com o tipo de energia que eles transformam. Entre outros, podemos citar: a) aquecimento: transformam energia elétrica em energia térmica. Ex: chuveiro, aquecedor, ferro, forno, lâmpada incandescente; b) força contra-eletromotriz: transformam energia elétrica em mecânica. Ex. motores elétricos; c) químico: transformam energia elétrica em química. Ex. bateria sendo carregada, galvanoplastia, cromagem. Se colocarmos, porém, a mão em um motor em funcionamento e percebermos que o mesmo está quente, automaticamente deduziremos que isso ocorre devido à passagem da corrente elétrica pelos enrolamentos de cobre do motor que apresentam uma certa resistência elétrica. Portanto, como os geradores e os condutores, podemos ver que também não existe receptor ideal. O motor elétrico, além de usar a energia elétrica para movimentar, por exemplo, a hélice de um ventilador, dissipa parte da energia recebida em forma de calor. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 46 4.5 Comando e proteção Todo circuito elétrico possui dispositivos de proteção e comando. Os dispositivos de comando são chaves cuja finalidade é ligar e desligar os circuitos quando desejado. A Figura 53 mostra a simbologia da chave. Figura 53 - Simbologia da chave. Já os dispositivos de proteção têm a função de desligar automaticamente o circuito no caso de sobrecarga ou curto-circuito. Utilizamos como dispositivos de proteção mais comuns os disjuntores e fusíveis. A Figura 54 mostra a simbologia dos dispositivos de proteção. Figura 54 - Simbologia dos dispositivos de proteção. O circuito elétrico real leva em consideração as não-idealidades dos componentes dos circuitos. A Figura 55 mostra um circuito elétrico real. Figura 55 - Circuito elétrico real. Analisando a Figura 55, além dos dispositivos de comando e proteção, são indicadas também as não-idealidades dos dispositivos que compõem um circuito real, tais como: a resistência interna do gerador, as resistências do fio condutor e a resistência de perda da carga. A partir desdes dados, podemos calcular as perdas no circuito. Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 47 4.6 Exercícios propostos 4.6.1 Vimos que um circuito elétrico elementar é composto por uma fonte (gerador), fios (condutores) e carga (receptor). Então, como futuro eletrotécnico, você deve explicar o que é cada um desses elementos. 4.6.2 Cite os princípios de geração de f.e.m.. 4.6.3 Analise o circuito da figura abaixo e determine: Dados: Gerador 1: F.e.m.= 6V ri=0,1 Gerador 2: F.e.m.= 18V ri=0,2 Gerador 3: F.e.m.= 12V ri=0,3 Gerador 4: F.e.m.=24V ri=0,4 Eletrodinâmica ________________________________ IFSC _____________________________ 48 4.6.3.1 A tensão entre os terminais A e B e C e D (R:UAB=24V;UCD=12V) 4.6.3.2 A tensão entre os terminais A e B, supondo que a esses terminais é conectada uma carga que absorve uma corrente de 1A; (R:UAB=23,7V) 4.6.3.3 A tensão entre os terminais C e D, supondo que a esses terminais é conectada uma carga que absorve uma corrente de 3A. (R:UCD=9,9V) 4.6.4 Analise o circuito da figura do exercício resolvido 4.7.2 e determine: Dados: F.e.m.= 204V R=11,0 ri=0,1 Corrente nominal do fusível=15A rc=50m Bitola do condutor=1,5mm 2 rp=0,8 Corrente que percorre o circuito=17A 4.6.4.1 A queda de tensão no gerador;(R:Uri=1,7V) 4.6.4.2 A tensão