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Aula 15
A Geomorfologia no planejamento e gestão 
dos espaços costeiros e de seus recursos
Jorge Soares Marques
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Aula 15 • A Geomorfologia no planejamento e gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
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Meta
Chamar a atenção para a importância do mar e dos ambientes costeiros, 
cujos conhecimentos específicos têm chegado aos cursos de Geografia 
pela disciplina Geomorfologia Costeira. 
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
1. explicar por que existem nas áreas costeiras lugares bem conserva-
dos e outros bastante degradados;
2. explicar a origem e a importância do gerenciamento costeiro;
3. realizar diagnósticos que caracterizem os relevos das áreas costeiras 
e criar prognósticos que levem em conta o comportamento atual e 
futuro dos processos geomorfológicos nesses locais.
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Geomorfologia Costeira
Ambiente frágil e instável desde os 
primórdios da vida humana
No Quaternário, as forças internas têm sido responsáveis por pro-
vocar eventos localizados de soerguimentos ou rebaixamentos de áreas 
continentais, de terremotos e de ações vulcânicas. Felizmente nada de 
amplitude maior aconteceu devido à ação dessas forças, o que poderia 
afetar todo o planeta de forma catastrófica.
Durante esse período, não ocorreram grandes rupturas nos conti-
nentes nem gigantescos derrames de lavas ou criação de imensas cor-
dilheiras continentais ou marinhas. É nesse tempo de “calma tectônica” 
que se fizeram marcantes as grandes mudanças ambientais provocadas 
pelo clima e o desenvolvimento da espécie humana.
Com o advento das glaciações e dos períodos interglaciais, o nível do 
mar foi afetado. Ocorreram eustatismos positivos e negativos, mudan-
do a posição da linha da costa, destruindo e reconstruindo os frágeis 
ambientes costeiros.
Durante o Quaternário, a humanidade teve que conviver com as mu-
danças climáticas. Elas provocaram alternâncias de períodos em que a 
superfície do planeta ficava mais fria ou mais quente, assim como as 
variações do nível do mar, que ampliavam ou diminuíam as áreas das 
terras emersas.
Cada mudança climática promove efeitos sobre todos os componen-
tes físicos e biológicos dos ambientes e, consequentemente, também 
pode colocar em risco a própria sobrevivência do ser humano.
Ao longo do tempo, o homem tem procurado meios de se prevenir 
para enfrentar essas intempéries. Entretanto, nos últimos milênios, tem 
também praticado ações que interferem nos componentes da natureza, 
como as que influenciam diretamente o clima. São exemplos os des-
matamentos e os processos de poluição da atmosfera, devido principal-
mente à crescente expansão industrial e tecnológica.
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Lembrando um pouco das 
teorias geomorfológicas
Durante cada época, de frio ou de calor, o ambiente assume uma 
fisionomia inerente às condições vigentes, que são mantidas por 
seu equilíbrio dinâmico. 
As grandes transformações ocorrem na fase de passagem; quando 
um padrão vigente deixa de ter sustentação, outro pode começar 
a ser criado. As formas do relevo terão que se confrontar com os 
novos comportamentos dos processos, que passarão a agir para 
modificá-las, levando-as a assumir novos formatos, condizentes 
com o novo clima.
Além das mudanças ambientais, a ocorrência das variações do nível 
do mar também teve consequência na vida humana. Existem hipóteses, 
argumentos e teorias que associam os períodos glaciais com importan-
tes migrações humanas. Isso porque, com o abaixamento do nível do 
mar, surgiram terras emersas, entre lugares antes separados pelo mar. O 
estreito de Bering, entre a Ásia e a América do Norte, é sempre citado 
como o possível caminho por onde o continente americano passou a ser 
alcançado e habitado (Figura 15.1).
Figura 15.1: Estreito de Bering, local de maior proximidade entre a 
América e a Ásia.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0a/Bering_Sea_
Location.png
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0a/Bering_Sea_Location.png
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0a/Bering_Sea_Location.png
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Geomorfologia Costeira
As pinturas rupestres encontradas na caverna de Lascaux, no sul da 
França, (Figura 15.2) são os testemunhos das transformações do clima 
no final do último período glacial, quando o nível do mar subiu. Após 
essa última subida maior do nível do mar, as variações no Holoceno, 
mesmo muito menores, também tiveram consequências na distribuição 
das populações humanas nesses últimos 10.000 anos.
Figura 15.2: Pinturas rupestres na caverna de Lascaux, no sul da França, 
testemunho de uma antiga ocupação humana próxima ao Mar Mediterrâneo.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1e/Lascaux_painting.jpg
Atualmente, considerando as perspectivas do aquecimento global e 
o consequente aumento do nível do mar, também podem ser feitas pre-
visões quanto às consequências, que certamente afetarão cada tipo de 
litoral hoje encontrado nas faixas costeiras de todo o mundo.
O homem na área costeira
O mar, além de ser uma fonte de recursos para o homem, é um meio 
no qual foram criados caminhos que interligaram todas as terras.
A importância do mar
Na maior parte da superfície da Terra, encontramos as águas dos 
oceanos. Elas têm papel importante na definição do clima, com sua 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1e/Lascaux_painting.jpg
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participação na distribuição do calor no planeta. Essas águas são im-
portantes também por outros motivos:
•	 abrigam uma enorme diversidade de espécies animais e vegetais;
•	 são fontes de alimentos;
•	 nelas e abaixo delas, são encontrados recursos minerais de grande 
valor, como sal, fosfatos, minerais pesados, ouro, diamante e petróleo;
•	 sobre elas e em seu interior, é possível navegar;
•	 nelas, marés, ondas e correntes são fontes de energia;
•	 marés, ondas e correntes modelam formas de relevo dos 
ambientes costeiros.
O conhecimento do mar
No convívio do ser humano com o mar, ocorreram várias etapas até 
se chegar à época dos grandes descobrimentos. Essa época começa valo-
rizando a necessidade de conhecer melhor o mar e de criar embarcações 
e meios capazes de vencer os desafios de viagens pelo desconhecido. Os 
exemplos estão na Escola de Sagres, em Portugal, nos navios da época e 
nos instrumentos empregados para orientar a navegação, como a bússola.
Os portugueses pensaram além
Quem estudou não esquece que o Brasil foi descoberto pelos por-
tugueses em 1500. Certamente muitos devem lembrar também 
que, nas aulas de História, destacava-se o fato de existirem naque-
la época, interesses de países europeus pela descoberta de novas 
terras e novos recursos. Cada um desses países procurava criar 
meios para atingir esses fins.
Os portugueses entenderam que não bastava apenas ter homens, 
dinheiro e barcos para saírem na frente dos outros. Em razão disso, 
fundaram a Escola de Sagres para ensinar a arte da navegação e do 
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Geomorfologia Costeira
que de importante a ela se relacionava, como a Cartografia, por 
exemplo, assim como o uso de equipamentos e instrumentos náu-
ticos. Nessa escola estudaram os que descobriram novos caminhos 
de navegação, como o das Índias, e novas terras, como o Brasil.
Na época dos grandes descobrimentos, os conhecimentos sobre os 
oceanos e seus recursos foram aumentando também. Quando se chegou 
ao século XIX, a definição e o crescimento das ciências contribuíram para 
o início de uma efetiva sistematização do que já se sabia sobre os oceanos.
Embora cada vez mais existisse um convívio maior com o mar, só a 
partir de 1940, alcançou-se um nível de conhecimento sobre ele capaz 
de revelar novos aspectos muito importantes sobre suas características e 
sua presença na história do planeta. Um desses avançosocorreu, infeliz-
mente, como um subproduto da Segunda Guerra Mundial. Os ataques 
dos submarinos, cuja presença não podia ser detectada, levaram pâni-
co e morte às tripulações dos navios. A criação do sonar foi a solução 
encontrada para acabar com os ataques surpresa e, ao mesmo tempo, 
também permitir atacar os inimigos. 
Passada a guerra, como aperfeiçoamento dos sonares (Figura 15.3) 
e radares, que utilizam, respectivamente, ondas sonoras e de rádio, foi 
possível, entre outros feitos, mapear o fundo dos oceanos, trazendo no-
vas e valiosas informações.
Figura 15.3: Esquema de funcionamento de um sonar.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/af/Sonar_Principle_
pt-BR.svg/496px-Sonar_Principle_pt-BR.svg.png
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/af/Sonar_Principle_pt-BR.svg/496px-Sonar_Principle_pt-BR.svg.png
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/af/Sonar_Principle_pt-BR.svg/496px-Sonar_Principle_pt-BR.svg.png
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Outros equipamentos, como os atuais minissubmarinos equipados 
com câmeras e sensores diversos, permitiram ver o fundo do mar em 
grandes profundidades. Fenômenos como exalação de gases e novos se-
res vivos puderam ser observados.
Em função do uso desses novos recursos, foi comprovada a existên-
cia de grandes cadeias montanhosas oceânicas, que permitiram enten-
der melhor como os continentes tinham se separado. Além disso, a pre-
sença de tais montanhas pôde confirmar que os pisos dos oceanos eram 
constituídos por rochas mais recentes do que aquelas que formam os 
grandes núcleos de rochas dos continentes.
Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos trouxeram novas pers-
pectivas de obtenção de dados e informações, inclusive em tempo real. 
Como foi visto nas primeiras aulas, equipamentos e instrumentos lança-
dos no fundo do mar captam e armazenam continuamente dados e in-
formações sobre ondas, marés e correntes, com alta precisão. São capazes 
de detectar, até mesmo em alto-mar, a passagem de ondas de maremotos, 
permitindo criar alertas para populações que habitam as áreas litorâneas.
Estabelecer um posicionamento preciso no mar não era tarefa fácil 
para muitos, demandava experiência. Na Figura 15.4 há um exemplo de 
instrumento usado para orientação náutica. Hoje, com o Sistema de Po-
sicionamento Global (GPS), além da facilidade e precisão na obtenção 
de uma localização, é possível estabelecer trajetórias para guiar navios, 
considerando direções de deslocamento e profundidades (Figura 15.5).
Figura 15.4: Sextante, ins-
trumento utilizado na navega-
ção para determinar posicio-
namentos. Poucas pessoas 
eram capazes de utilizá-lo cor-
retamente.
Fonte: http://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/
thumb/a/a7/Sextant.jpg/800px-
Sextant.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a7/Sextant.jpg/800px-Sextant.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a7/Sextant.jpg/800px-Sextant.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a7/Sextant.jpg/800px-Sextant.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a7/Sextant.jpg/800px-Sextant.jpg
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Geomorfologia Costeira
Figura 15.5: O GPS fornece instantaneamente a posição 
geográfica do local e orienta trajetórias de deslocamentos.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/
Confluencia_23_S_x_49_W_-_GPS.jpg
Os satélites artificiais, além de viabilizarem as novas técnicas de lo-
calização, permitem mapear a superfície dos oceanos, levando em conta 
suas características, como a temperatura. Com eles se pode trabalhar na 
avaliação de condições climáticas ou, em caráter de aplicação direta, na 
orientação aos pescadores sobre onde estão as águas passíveis (devido a 
suas temperaturas) de estarem abrigando grandes cardumes de peixes.
Com os satélites de posição fixa, ou seja, que se movimentam com 
a mesma velocidade de rotação da Terra, pode-se monitorar continu-
amente uma área do oceano, a fim de se obterem informações desse 
local em tempo real. Mesmo que não sejam contínuas, as informações 
obtidas são capazes de registrar mudanças que ocorrem, por exemplo, 
nas bordas do Ártico e da Antártida, na formação de banquisas, no 
aparecimento e deslocamento de um iceberg (Figura 15.6) e no recuo 
da geleira por derretimento do gelo.
Banquisa
Grande placa de gelo 
que se forma pelo 
congelamento das águas 
da superfície domar, 
durante os períodos mais 
frios, principalmente nas 
regiões polares.
Iceberg
Grande massa de gelo que 
se desprende de geleiras, 
principalmente das 
existentes nas bordas dos 
continentes, e que passa 
a transitar flutuando nas 
águas dos mares. Como 
a densidade do gelo é 
menor do que a da água, 
apenas 1/10 da massa de 
um iceberg fica acima da 
superfície do mar.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/Confluencia_23_S_x_49_W_-_GPS.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/Confluencia_23_S_x_49_W_-_GPS.jpg
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Figura 15.6: Iceberg à deriva. Sua trajetória pode ser acompanhada por ima-
gens de satélite.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Iceberg_with_hole_near_sanderson_
hope_2007-07-28_2.jpg
A realização de sondagens por sísmica, com a utilização de diversas 
novas técnicas e equipamentos, é comum hoje em dia, por exemplo, em 
atividades de prospecção de petróleo. A busca por petróleo tem favore-
cido a ampliação dos conhecimentos geológicos sobre a constituição da 
borda dos continentes.
As facilidades criadas com o advento da internet permitiram o aces-
so às instituições e redes que armazenam, analisam e divulgam dados e 
informações sobre os oceanos.
Nas últimas décadas, a preocupação com as questões ambientais que 
afetam todo o planeta tem envolvido interesses de governos e fóruns in-
ternacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). A Confe-
rência de Estocolmo, em 1972, foi o primeiro grande evento convocado 
pela ONU para discutir as questões ambientais. Naquela ocasião, um 
dos problemas principais vinculava-se aos altos níveis de poluição, que 
estavam produzindo imensos efeitos danosos.
De acordo com Ribeiro (2001), a Conferência de Estocolmo mar-
cou o nascimento do ambientalismo internacional. Ela foi influenciada 
por várias discussões sobre o tema, como a sobre o crescimento zero, 
apregoado pelo relatório do Clube de Roma. A partir da realização da 
Conferência, outras ações e outros importantes eventos internacionais 
sobre o ambiente aconteceram, como a Rio 92 e a Rio+20, ampliando as 
preocupações com os problemas ambientais e motivando o aprofunda-
mento do conhecimento sobre as condições do meio ambiente.
K
im
 H
an
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http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/32/Iceberg_with_hole_near_sanderson_hope_2007-07-28_2.jpg/1920px-Iceberg_with_hole_near_sanderson_hope_2007-07-28_2.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/32/Iceberg_with_hole_near_sanderson_hope_2007-07-28_2.jpg/1920px-Iceberg_with_hole_near_sanderson_hope_2007-07-28_2.jpg
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Geomorfologia Costeira
Hoje, a questão do aquecimento global, que afeta o clima e o nível 
do mar, domina as atenções, colocando em evidência os oceanos e, 
consequentemente, os ambientes costeiros, nos quais os efeitos diretos 
serão sentidos.
Atividade 1 
Atende ao objetivo 2
Indique se as afirmações são falsas ou verdadeiras e justifique sua resposta.
a) Durante o Quaternário, as glaciações e as variações do nível do mar 
constituem eventos que têm tido repercussões em todo o planeta, conse-
quentemente, sempre afetando a vida de todas as populações humanas.
b) Historicamente, não existem momentos que possam ser considera-
dos de grandes avanços no conhecimento humano sobre os mares e as 
regiões costeiras, pois, desde os tempos mais antigos, muitas civiliza-
ções habitavam e conheciamessas regiões e já navegavam pelos mares.
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c) Recentemente tem ocorrido maior preocupação em conhe-
cer melhor os ambientes costeiros e planejar sua ocupação, levando 
em consideração os problemas ambientais atuais e os que poderão 
ocorrer futuramente.
Resposta comentada
a) Verdadeira. Duas forças são responsáveis pelas grandes transforma-
ções da superfície terrestre: a geológica e a climática. As forças geológi-
cas atuam ao longo de escala de tempo de bilhões de anos, e as climáti-
cas em escalas de centenas a até milhares de anos. 
Na história da Terra, ocorreram momentos, anteriores ao Quaternário, 
nos quais as forças geológicas agiram criando efeitos catastróficos, tais 
como imensos derrames de lavas, separação de grandes blocos de conti-
nentes e formações de cordilheiras. Durante o Quaternário, essas forças 
continuaram agindo, porém de modo muito menos intenso e em áreas 
bem mais localizadas. Nesse período de relativa calma (o Quaternário), 
as grandes transformações, que atingiram todo o planeta, foram produ-
zidas pelas ações climáticas.
As glaciações, mudando os climas e provocando variações do nível do 
mar, trouxeram efeitos que têm atingido a vida de todos os homens. 
Nesse período de tempo, de pouco mais de dois milhões de anos, no-
meado pela geologia de Quaternário, os seres humanos se desenvolve-
ram mentalmente, ampliaram as suas populações e formaram as socie-
dades humanas atuais.
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Geomorfologia Costeira
b) Falsa. De fato, há muito tempo o ser humano passou a conviver com 
o mar e acumular conhecimentos relativos a ele e às áreas costeiras. 
Entretanto, ocorreram épocas em que esses conhecimentos cresceram 
muito. Foram elas: 
•	 o período dos grandes descobrimentos, em que o homem passou a 
navegar em todos os oceanos e bordejar seus litorais; 
•	 o século XIX, com o desenvolvimento das ciências que passaram a 
sistematizar os conhecimentos sobre as características da natureza 
existente nos continentes e nos mares;
•	 o século XX, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, 
com o desenvolvimento de instrumentos e equipamentos que per-
mitiram um amplo acesso do homem ao que existe no interior 
dos oceanos.
c) Verdadeira. A partir da segunda metade do século XX, as socieda-
des humanas passaram a dar mais atenção para as questões ambientais, 
em decorrência dos efeitos crescentes da poluição. Encontros e confe-
rências foram realizados, em âmbito mundial, buscando discutir e apre-
sentar soluções para a conservação da natureza e a recuperação de áreas 
degradadas. Mais recentemente, as previsões, decorrentes da admissão 
do efeito estufa, indicam que as duas principais consequências – as mu-
danças dos climas e a subida do nível do mar – atingirão diretamente 
as áreas costeiras. Isso implica aumentar a necessidade de conhecer as 
características atuais dos litorais e planificar medidas e controles para 
implementar ações que enfrentem os problemas previstos.
O litoral brasileiro
Histórias do passado que chegaram ao presente
A história do Brasil começa no litoral, com o descobrimento. Os 
primeiros locais a serem ocupados foram escolhidos pela presença de 
abrigos para os navios e pela segurança para os primeiros povoados. 
Buscaram-se locais que não estivessem sujeitos aos fortes efeitos da ação 
de ondas e onde houvesse condições facilitadoras para a construção de 
defesas, tais como embocaduras de rios, enseadas e baías.
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No litoral, os solos de natureza mais continental, como os aluviões, 
propiciaram o desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar. Nesses 
pontos de povoamento, o desmatamento para a extração da madeira ou 
para a expansão das atividades de agricultura e a pecuária interioriza-
ram a ocupação, utilizando principalmente o caminho para montante 
dos canais fluviais, pelo fundo dos seus vales.
Esse processo de interiorização resultou de um padrão bem mar-
cante, característico da forma de implementação da economia colonial: 
uma bacia no interior drenando produtos para um porto exportar no 
litoral. A partir das áreas costeiras, criaram-se grandes ilhas de ocupa-
ção urbana sem nenhum planejamento maior, inclusive pelo interior, 
isoladas uma das outras.
No litoral brasileiro na época colonial, as ligações entre portos eram 
feitas pelo mar, por eventuais escalas de navios ou por pequenas embar-
cações. Cada porto era local de contato com a metrópole, ou seja, com 
Portugal, e não de integração com os demais. Por terra, ao longo da área 
costeira, existiam grandes dificuldades para criar caminhos que pudes-
sem transpor obstáculos frequentes, tais como rios, brejos, restingas, 
mangues e os relevos elevados que compartimentam o litoral.
No século XIX, existiam mais ligações entre cidades localizadas so-
bre o planalto brasileiro do que entre as que estavam no litoral.
A população cresceu ao redor dos núcleos urbanos litorâneos. Entre-
tanto, entre eles, a ocupação foi pequena. Nas praias, nas restingas, junto 
aos mangues ou nas margens de lagoas costeiras se abrigaram pequenas 
populações de pescadores, indígenas e escravos fugidos, que formaram 
quilombos (Figura 15.7). Essa situação de áreas de baixa densidade 
populacional prevaleceu até a segunda metade do século XX. 
525
Geomorfologia Costeira
Figura 15.7: Povoado de população caiçara (descendentes de indígenas), 
Paraty-RJ.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/63/Cai%C3%A7aras_em_
Paraty.jpg
Outro aspecto histórico relacionado ao litoral que permanece até hoje 
refere-se à definição dos terrenos de marinha. Muitas conceituações tra-
dicionais da legislação portuguesa foram colocadas nas leis para a colônia. 
Entre elas, a preservação da propriedade da água para a coroa, que perdu-
rou na legislação brasileira dando esse direito à União, assim como a pro-
priedade dos terrenos da linha do litoral, das margens de rios, lagoas e das 
ilhas. A legislação brasileira manteve a existência desses terrenos de mari-
nha como bens públicos. Na República, o Decreto n. 9760, de 05.09.1946, 
ratificou como terrenos de marinha aqueles que estão até 33m para a par-
te da terra, a partir do preamar médio de 1831. A Constituição de 1988 
também arrola como bens da União os terrenos de marinha.
De um lado, há críticas quanto ao pagamento de tributos, pois a faixa 
de marinha nunca foi delimitada de forma precisa. Há áreas que desde 
1831 cresceram por sedimentação ou recuaram por erosão. Por outro 
lado, a garantia desses bens para a União manteve a praia como um local 
público e, de certa forma, facilitou e apoiou as iniciativas de preservação 
de áreas de dunas, mangues, restingas e costões, sob a forma de unida-
des de conservação.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/63/Cai%C3%A7aras_em_Paraty.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/63/Cai%C3%A7aras_em_Paraty.jpg
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Ocupação atual: paraísos e ambientes degradados
A forma de ocupação do litoral, como foi descrita anteriormente, 
explica por que ainda hoje existem áreas bastante preservadas em todas 
as regiões costeiras do país, cujas existências são quase desconhecidas e 
com ocupações rarefeitas em algumas áreas.
Apenas na década de 1970, a faixa costeira brasileira foi interligada por 
estrada de rodagem (BR-101). Mesmo assim, em muitos trechos, a estrada 
não corre próxima à linha do litoral. No sul do estado do Rio de Janeiro, 
nos municípios de Angra dos Reis e Paraty, a estrada, quando chegou, en-
controu locais de difícil acesso. Nesses municípios, ainda há grandes áreas 
cobertas por mata atlântica sem muitas modificações, principalmente nos 
relevos mais íngremes. Entretanto, essas áreas já correm risco de degra-dação, pelo aumento da população nos núcleos urbanos que, apertada em 
pequenas baixadas, sobe os morros expandindo a ocupação.
Mesmo na cidade do Rio de Janeiro, a grande expansão urbana só 
alcançou a grande baixada de Jacarepaguá, com suas lagoas, restingas e 
praias desabitadas, durante a década de 1970. Esses terrenos, antes des-
valorizados por seu isolamento, estão sofrendo grandes pressões. São 
procurados para atividades de lazer, de turismo, para a criação de resorts, 
para loteamentos de casas de veraneio e também para a expansão das 
áreas urbanas.
As populações mais pobres, constituídas principalmente de pesca-
dores, cujas famílias há muito tempo ocupavam por posse as áreas de 
marinha, acabam sendo desalojadas. Elas vão para locais periféricos 
sem infraestrutura, devido à pressão crescente da especulação imobiliá-
ria gerada pelos valores atribuídos aos paraísos perdidos na imensidão 
do litoral.
No outro extremo, há áreas densamente povoadas desde a época co-
lonial, que transformaram as paisagens naturais em ambientes de con-
creto e asfalto. Em busca de novas áreas, mangues, restingas e praias 
foram degradados e ocupados, o que transformou esses locais em novas 
fontes de poluição, com esgotos domésticos e industriais, lixo e entulhos.
Quanto aos terrenos de marinha, conforme a legislação vigente, eles 
continuam como bens públicos, com o controle da União. Todavia, com 
a ocupação de terrenos delimitados por dois pontais, pode ocorrer o fe-
chamento do caminho para o litoral. Dessa forma, o terreno passa a ter 
uma praia privativa, tornando o acesso público possível apenas pelo mar.
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Geomorfologia Costeira
Privativa não! Praia é de todos.
Na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, ocorreu uma situação 
que provocou reações para o cumprimento da lei: um hotel foi 
construído nas bordas de uma pequena baixada, compartimenta-
da por encostas de forte declive. Conforme notícias da imprensa 
na época, o hotel cercou seus terrenos, privatizando a praia pre-
sente no local. A comunidade da favela do Vidigal, que sempre 
desfrutou da praia, protestou buscando fazer valer o seu direito 
de acesso ao bem público. Seu ganho de causa obrigou os pro-
prietários do hotel a criarem um acesso livre à praia.
Figura 15.8: Praia do Leblon. Ao fundo do lado esquerdo, favela do 
Vidigal. No contato com o mar, a fachada do hotel na beira da praia.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/14/1_leblon_
aerial_2014.jpg/1920px-1_leblon_aerial_2014.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/14/1_leblon_aerial_2014.jpg/1920px-1_leblon_aerial_2014.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/14/1_leblon_aerial_2014.jpg/1920px-1_leblon_aerial_2014.jpg
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Atividade 2
Atende ao objetivo 1
1. Por que não existiam caminhos na época colonial ligando pelo lito-
ral os maiores núcleos de população?
2. Por que as populações dos pequenos povoados costeiros acabam 
deixando esses locais?
3. Por que existem lugares muito povoados e degradados nas áreas 
costeiras brasileiras?
Resposta comentada
1. Não havia ligações pelo litoral entre os maiores núcleos populacionais 
porque o modelo colonial não criou relações entre as localidades litorâ-
neas. O maior interesse era de contato entre a colônia que exportava pro-
dutos e a metrópole portuguesa. Além disso, os obstáculos naturais como 
rios, mangues e brejos dificultavam essas ligações entre os núcleos.
2. Quando ocorre a valorização das terras das áreas costeiras para uma 
determinada atividade, as populações pobres que ali estão assentadas 
com posses passam a sofrer pressões e acabam abandonando os locais 
de suas moradias. Isso sempre ocorreu e, hoje, com frequência a razão 
principal é a especulação imobiliária na expansão das grandes cidades 
e nas áreas litorâneas, onde pequenos aglomerados urbanos são poten-
cialmente atraentes para práticas de lazer, veraneio e turismo.
529
Geomorfologia Costeira
3. Nas áreas costeiras brasileiras, existem lugares muito povoados e 
degradados porque a ocupação se concentrou nos núcleos urbanos do 
litoral e, desde o início do povoamento, não houve preocupações com 
um melhor planejamento da ocupação e utilização da terra.
O gerenciamento costeiro
Como já mencionado, na segunda metade do século XX, os as-
suntos relacionados à natureza receberam mais atenção da sociedade, 
juntando-se a outras questões tradicionalmente discutidas, tais como 
as sociais, econômicas e políticas. O tema ambiental assumiu grande 
relevância e passou a ser tratado como uma questão de âmbito global. 
A partir das discussões e eventos sobre o tema realizados nesse período, 
surgiram propostas e ideias que, por sua vez, criaram normas e iniciati-
vas para lidar com as questões ambientais.
No Brasil, às perspectivas e descobertas de petróleo na plataforma 
continental juntou-se a relevância de assumir um mar de 200 milhas de 
extensão, assim como de participar da ação de ocupação da Antártica, 
que se tornava mais efetiva nessa época. A ocupação do continente foi 
estabelecida por acordos internacionais, buscando sua preservação, o 
desenvolvimento de atividades de pesquisa de interesse mundial, que 
seriam realizadas em estações baseadas no local, sob a responsabilidade 
de cada país participante.
Com a Lei Federal n. 6.938, de 31.08.1981, em âmbito maior, sur-
gia o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), estruturado da 
seguinte forma:
•	 Órgão superior: Conselho de Governo;
•	 Órgão consultor e deliberativo: Conselho Nacional de Meio Am-
biente (Conama);
•	 Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA);
•	 Órgão executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
sos Naturais Renováveis (Ibama);
•	 Órgãos seccionais: no nível dos estados;
•	 Órgãos locais: no nível dos municípios.
530
Aula 15 • A Geomorfologia no planejamento e gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
Aula 15 • 
A criação do Sisnama ordenou, promoveu e facilitou o desenvolvi-
mento de iniciativas voltadas para a preservação e o uso responsável do 
meio ambiente. Sua implantação estabeleceu incentivos a uma partici-
pação mais efetiva dos estados e municípios ao descentralizar responsa-
bilidades inclusive de fiscalização.
Com relação ao mar, conforme cronologia apontada por Freitas 
(2008), a Comissão Interministerial para Assuntos do Mar (CIRM), que 
já atuava desde 1974, criou em 1982 a Subcomissão de Gerenciamento 
Costeiro. Com vistas à implementação do gerenciamento costeiro, sur-
giram diversas iniciativas nas seguintes datas:
•	 1983: Seminário Internacional de Gerenciamento Costeiro, realiza-
do no Rio de Janeiro (RJ);
•	 1984: II Simpósio Brasileiro sobre Recursos do Mar, realizado no Rio 
de Janeiro (RJ);
•	 1985: II Encontro Brasileiro de Gerenciamento Costeiro, realizado 
em Fortaleza (CE);
•	 1987: Criação do Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro 
(Gerco);
•	 1988: Estabelecimento, pela Lei n. 7.661, de 16.5.1988, do Plano Na-
cional de Gerenciamento Costeiro (PNGC – integrado à Política Na-
cional para Recursos do Mar e à Política Nacional do Meio Ambiente).
O PNGC apresentou como instrumentos para a sua execução:
•	 o zoneamento ecológico-econômico (ZEEC);
•	 o monitoramento costeiro;
•	 o Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro (Sigerco);
•	 o plano de gestão;
Moraes (1999) apresenta uma retrospectiva de 20 anos dos trabalhos 
de criação, implementação e execução do plano. Destacam-se a seguir 
nesse conteúdo alguns aspectos importantes do início do plano:
•	 o surgimento das primeiras ideias para a elaboração de um plano 
nacional no Seminário Internacional de 1983;
•	 as várias propostas apresentadas por universidades no Simpósio Bra-
sileiro de 1984;
•	 a incorporação da proposta apresentada pelo Departamento de Oce-
anografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no 
531
GeomorfologiaCosteira
simpósio de 1984, quanto à introdução de um programa de zonea-
mento de toda a zona costeira para a estruturação do plano do Gerco;
•	 a implementação de forma participativa e descentralizada – envol-
vendo os órgãos ambientais estaduais – na execução de um plano de 
zoneamento costeiro, no monitoramento de áreas críticas e relevan-
tes e na gestão das áreas costeiras;
•	 a revisão da metodologia e do modelo institucional do programa 
discutido no 5º Simpósio de Gerenciamento Costeiro, realizado em 
1992, em Florianópolis (SC), o que foi considerado um procedimen-
to positivo de autoavaliação que possibilitou resolver problemas, fle-
xibilizando e aprimorando o plano.
Barros (2007) chama a atenção para dois momentos importantes que 
serão aqui abordados de forma resumida: 1997 e 2004. 
1997 foi o ano de lançamento do PNGCII, que passou a incorporar 
conteúdos advindos da Rio-92 e outros relacionados à criação de novas 
ações e à continuidade do que vinha sendo desenvolvido a partir de 
iniciativas do governo federal, ao longo do tempo, em relação ao mar e 
à área costeira brasileira. 2004 foi o ano de regulamentação do plano de 
gestão do PNGCII.
Destacam-se no PNGCII, entre os conteúdos citados pelo 
referido autor:
•	 assumir ou manter princípios de orientação como diretrizes a serem 
utilizadas em seus trabalhos, tais como:
 ӹ manter os princípios da gestão integrada, participativa 
e descentralizada;
 ӹ incorporar a plataforma interna ao espaço costeiro, em função do 
transporte de sedimentos que ali se realiza;
 ӹ não fragmentar os ecossistemas costeiros;
 ӹ levar em consideração os limites municipais;
 ӹ aplicar o princípio da precaução, adotando medidas para minimi-
zar ou impedir a degradação do ambiente, pelo perigo de danos;
 ӹ ter a perspectiva de estimular a sociedade para participar e rei-
vindicar seus interesses pelas áreas costeiras;
532
Aula 15 • A Geomorfologia no planejamento e gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
Aula 15 • 
•	 prosseguir em criar ou desenvolver atividades, tais como:
 ӹ a regulamentação do decreto, em 2004, dos instrumentos de ges-
tão previstos no PNGC:
 ӹ as diretrizes de orientação a serem aplicadas nas diferentes esfe-
ras de governo e de escalas estadual, municipal e orla;
 ӹ os planos de ações federais, estaduais e municipais;
 ӹ o Sistema de Informação (Sigerco);
 ӹ o Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira (SMA);
 ӹ o Relatório da Qualidade Ambiental da Zona Costeira (RQA-ZC);
 ӹ o Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro (ZEEC);
 ӹ o macrodiagnóstico da zona costeira.
A principal finalidade do PNGC é estabelecer normas gerais para 
a gestão ambiental da zona costeira do país, que deverão ser utilizadas 
na formulação de políticas, planos e programas estaduais e municipais. 
Dentre seus objetivos estão:
•	 a promoção do ordenamento do uso dos recursos naturais e da ocu-
pação dos espaços costeiros;
•	 o estabelecimento do processo de gestão, de forma integrada, des-
centralizada e participativa, das atividades socioeconômicas na 
zona costeira;
•	 o estabelecimento de diagnósticos da qualidade ambiental da zona 
costeira, identificando potencialidades, vulnerabilidades e tendência;
•	 a inserção nas políticas setoriais da dimensão ambiental;
•	 o controle sobre os agentes causadores de poluição ou 
degradação ambiental;
•	 a produção e difusão do conhecimento necessário ao aprimoramen-
to das ações de gerenciamento costeiro.
Durante todas as fases do desenvolvimento das atividades do geren-
ciamento costeiro, as questões ligadas ao monitoramento do estado das 
áreas costeiras se colocaram como fundamentais para o efetivo acompa-
nhamento dessas áreas e a implementação da gestão do espaço.
Cabe ainda falar sobre o Projeto Orla, Projeto de Gestão Integrada da 
Orla Marítima (uma iniciativa oriunda do Ministério do Meio Ambien-
te e do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão), cuja escala 
533
Geomorfologia Costeira
é bem maior para detalhar e trabalhar os espaços que são patrimônio da 
União. Nesses espaços, há ocupações e atividades instaladas sem plane-
jamento e sem levar em conta as normas existentes. A atuação em gran-
de escala desse projeto, que é o seu grande destaque, cumpre o papel de 
orientar a fiscalização e a utilização dessas áreas buscando evitar sua 
degradação ambiental. Aqui se enquadra o exemplo da apropriação de 
praias e dunas ou de sua utilização inadequada.
Conhecendo os planos e 
programas costeiros e também 
os ambientes marinhos
Quer saber mais sobre os diversos programas relacionados ao 
ambiente marinho? Acesse o site da Comissão Interministerial 
para Assuntos do Mar (CIRM): http://www.mar.mil.br/secirm/.
Lá você poderá ter mais detalhes sobre os objetivos do PNGC, 
além de mais informações sobre o Gerco e os demais programas. 
Informações específicas sobre o Gerco podem ser obtidas pelo 
site do Ministério do Meio Ambiente:
http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro.
Em relação ao Projeto Orla, no endereço a seguir, além de infor-
mações, há um vídeo específico disponível para download sobre 
esse projeto.
http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-cos-
teiro/projeto-orla.
Como últimos aspectos a serem abordados:
•	 deve ser lembrado que, na aula anterior, foi apresentado o macro-
diagnóstico do litoral brasileiro, cuja demanda prende-se ao Gerco;
•	 o gerenciamento faz parte de um plano, visando, antes de tudo, 
orientar, articular, apoiar e oferecer contribuições necessárias para o 
planejamento, monitoramento e gestão dos espaços costeiros;
http://www.mar.mil.br/secirm/
http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro
http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro/projeto-orla
http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro/projeto-orla
534
Aula 15 • A Geomorfologia no planejamento e gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
Aula 15 • 
•	 a Geomorfologia é uma temática importante no gerenciamento cos-
teiro, pois é sobre as formas de relevo que se assentam a ocupação e 
as atividades humanas; 
•	 sobre o relevo, recaem as possíveis transformações que ocorrem 
nos ambientes costeiros, devido à atuação dos processos de erosão 
e deposição.
Atividade 3
Atende ao objetivo 2
1. A criação do gerenciamento costeiro foi um ato isolado?
2. Por que é necessário existir a gestão das áreas costeiras?
3. Quais são as principais orientações do Gerco?
Resposta comentada
1. Não. A criação do gerenciamento costeiro ocorreu dentro de um 
contexto de preocupações e valorização das questões ambientais, em 
nível internacional e nacional. A partir da ação do governo, órgãos 
535
Geomorfologia Costeira
federais foram criados para atuar nas questões ambientais. Em relação 
às áreas costeiras, programas foram criados e atividades diversas fo-
ram implementadas, como reuniões técnicas e científicas. As atividades 
de criação e aplicação do gerenciamento envolveram também estados 
e municípios.
2. A gestão das áreas costeiras é necessária para orientar ações que pro-
movam o planejamento da ocupação e da utilização do solo das áreas 
costeiras, assim como para apoiar ações de conservação e recuperação 
ambiental. Para tanto, também é necessária a execução de trabalhos que 
envolvam pesquisas que aumentem o conhecimento existente sobre as 
características e a dinâmica ambiental dessas áreas costeiras.
3. O gerenciamento costeiro envolve vários tipos de tarefas e ações, 
com a participação de diversos órgãos e de profissionais de diferentes 
áreas. Por isso, os trabalhos são orientados para apoiar e articular as 
ações de planejamento, monitoramento e de gestão da área costeira.
Legislação e conflitos de competência
Por mais que se procure abordar qualquer questão com uma visão 
da totalidade, nem sempre é possível assimilar todos os aspectos que 
devem ser levados em consideração. A área costeira brasileira inclui 
17 estados e centenasde municípios. Embora nas legislações existam 
competências específicas para cada nível, são frequentes mudanças e 
interpretação das leis, o que pode gerar conflitos de entendimento. A 
coexistência de leis mais antigas com outras mais recentes, a convivên-
cia de leis diferenciadas para um mesmo objeto, além da existência de 
leis que ainda não foram regulamentadas são exemplos de situações de 
difícil entendimento.
Quando se busca elaborar um plano, é necessário atentar para a le-
gislação vigente. Mas esse não é o único aspecto a observar. Em uma 
mesma área, é possível encontrar também planos e projetos que se su-
perpõem com objetivos diversos e apoios de competências distintas.
Em um município temos três legislações superpostas: a federal, a es-
tadual e a municipal. Nesse município, poderiam ser implementados, 
ao mesmo tempo, o Plano Diretor Municipal, a Gestão de Bacias 
Fluviais, as Unidades de Conservação e o Gerenciamento Costeiro.
Plano Diretor 
Municipal
Plano definido no 
Estatuto das Cidades 
como instrumento básico 
para orientar a política 
de desenvolvimento e de 
ordenamento da expansão 
urbana do município.
Gestão de 
bacias fluviais
Gestão dos recursos 
fluviais, tomando por base 
a bacia hidrográfica como 
unidade territorial para 
implementação da Política 
Nacional de Recursos 
Hídricos e atuação 
do Sistema Nacional 
de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos.
Unidade de 
conservação
Espaço territorial e seus 
recursos ambientais, 
que inclui as águas 
jurisdicionais, com 
características naturais 
relevantes. É legalmente 
instituído pelo Poder 
Público com objetivos 
de conservação e com 
limites definidos, sob 
regime especial de 
administração, aos quais 
se aplicam garantias 
adequadas de proteção.
536
Aula 15 • A Geomorfologia no planejamento e gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
Aula 15 • 
Cada um desses planos e legislações tem normas e implicações pró-
prias. O Plano Diretor leva em conta normas já estabelecidas, como as 
que definem o gabarito (número de andares) das construções na área 
urbana. Na gestão das bacias, é levado em conta se existem ali rios mu-
nicipais, estaduais e federais. Na Unidade de Conservação, as regras 
de funcionamento dependem do tipo de unidade que se pretende im-
plantar ou que já esteja implantada. O gerenciamento costeiro também 
atuará incluindo o espaço da orla. Além de todos esses planos e legisla-
ções, ainda existem códigos a serem considerados, como os de Floresta, 
Águas e de Mineração.
Diante desse conjunto de dispositivos, percebe-se a importância que 
deve ser (e está sendo) atribuída ao Direito Ambiental.
Outro aspecto importante decorre de resolução do Conama, de 
1986, que instituiu o Estudo dos Impactos Ambientais (EIA) e os Re-
latórios de Impacto Ambiental (Rima). Foram criadas também para os 
empreendimentos que utilizam recursos naturais ou que possam ter im-
pacto ambiental as Licenças Prévias, de Instalação e de Operação. Nas 
últimas décadas, passou a existir todo um trâmite legal para a aprovação 
e execução de projetos que possam criar efeitos nocivos para o ambiente.
Pode-se perceber que, cada vez mais, na elaboração de qualquer pla-
nejamento, são necessárias equipes de pessoas capacitadas nas temáticas 
que serão trabalhadas. Também é necessário que a sociedade ganhe for-
mação e assimile conteúdos, para poder participar, com seus interesses 
e suas posições, nas decisões a serem tomadas.
Planejamento, riscos ambientais 
e qualidade de vida
O primeiro passo para um planejamento é a elaboração de um diag-
nóstico. O segundo passo é estabelecer, a partir do diagnóstico, o que 
deve ser feito para atingir o objetivo proposto pelo planejamento.
De modo geral, todos os planejamentos do território, envolvendo 
ocupação e uso do solo, acabam considerando a qualidade de vida dos 
que habitam ou frequentam o lugar e a existência de riscos ambientais. 
As atividades nas áreas costeiras são extremamente diversificadas e de-
vem ser vistas com atenção, desde o apoio às atividades, como a pesca 
artesanal, até a criação de planos e resguardos contra perigos de conta-
minação por radioatividade (Figura 15.9).
537
Geomorfologia Costeira
Figura 15.9: Usina Nuclear de Angra dos Reis (RJ). Para ati-
vidades de risco, rígidas normas de segurança têm que ser 
empregadas.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c6/
Angra_dos_Reis_-_usinas_nucleares.jpg/1280px-Angra_dos_Reis_-_
usinas_nucleares.jpg
As atenções aumentam quando os territórios são as frágeis áreas 
costeiras. Ao se planejar a conservação de ambientes ou a recuperação 
de áreas degradadas, não podem ser esquecidos os planos futuros já pre-
vistos e as grandes questões hoje já discutidas sobre as mudanças climá-
ticas e a consequente variação do nível do mar.
Para esse planejamento, cada disciplina traz sua contribuição. 
No caso da Geomorfologia Costeira, as aulas foram conduzidas, ini-
cialmente, fornecendo conceitos ainda não conhecidos de Física e 
de Oceanografia.
Em seguida, formas e processos foram apresentados individualmen-
te, porém sempre tendo em vista estabelecer relações entre eles e entre 
os demais componentes do ambiente. Foi abordado – e tal questão deve 
ser bastante considerada – que hoje o ser humano também tem que ser 
incluído como um mentor das transformações do relevo e de interferên-
cia na atuação dos processos.
Quando você se capacita para entender e explicar a presença e as ca-
racterísticas das formas de relevo, assim como os processos que atuaram 
e que atuam nessas configurações, você está se habilitando para fazer 
diagnósticos de Geomorfologia Costeira. O próximo passo é prognosti-
car o cenário desejado, buscando entender como será possível chegar a 
ele, utilizando sempre os conhecimentos adquiridos.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c6/Angra_dos_Reis_-_usinas_nucleares.jpg/1280px-Angra_dos_Reis_-_usinas_nucleares.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c6/Angra_dos_Reis_-_usinas_nucleares.jpg/1280px-Angra_dos_Reis_-_usinas_nucleares.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c6/Angra_dos_Reis_-_usinas_nucleares.jpg/1280px-Angra_dos_Reis_-_usinas_nucleares.jpg
538
Aula 15 • A Geomorfologia no planejamento e gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
Aula 15 • 
Agora, certamente você já é capaz de pensar melhor nos efeitos que 
acontecerão no Rio de Janeiro, com a possível subida do nível do mar 
e, ainda, no que poderia ser feito hoje para evitar ou minimizar riscos.
Falta apenas um esclarecimento. Existe no currículo uma disciplina 
que se vincula ao planejamento ambiental, que normalmente é ofereci-
da nos últimos semestres. Nela, com certeza você terá a oportunidade 
de usar todos os conhecimentos adquiridos na Geografia, assim como 
na Geomorfologia. Em particular, nesta disciplina, também foram in-
cluídos conhecimentos relativos às especificidades dos ambientes cos-
teiros e, de forma introdutória, questões relativas aos planejamentos 
desses locais.
Atividade 4
Atende ao objetivo 3
A partir do que você aprendeu nesta disciplina, que conhecimentos de-
vem ser empregados para se estabelecer um diagnóstico do relevo de 
uma área costeira? Quais meios poderiam facilitar esse trabalho?
Atenção
Curiosidade
Explicativo
Multimidia
539
Geomorfologia Costeira
Resposta comentada
O primeiro passo será identificar e descrever as características de cada 
um dos relevos encontrados, dando particular atenção às suas formas e 
ao material que os compõem. 
A seguir, deve-se inferir que processos geomorfológicos, continentais 
e marinhos, atuaram e atuam na gênese das formas de relevo e se são 
erosivos ou deposicionais. Devem-se verificar, pela distribuição espacial 
dos relevos, as interações existentes entre formas e processos.
Ao longo desse trabalho, deve-se sempre buscar correlacionar as formas 
de relevo e os processos com os demais componentes do ambiente, que 
serelacionam à geologia, ao clima, ao solo, à biologia e ao homem. 
Ao final, deve-se elaborar uma descrição temporal e espacial da distri-
buição e interação das formas de relevo e processos, concluindo em sín-
tese com a identificação e classificação do tipo de relevo da área estudada.
Entre os principais meios a serem utilizados, destacam-se, entre outros, 
os obtidos indiretamente por meio de mapas topográficos e temáticos; 
fotografias aéreas; imagens de satélite; bibliografias (recentes e antigas) 
relativas à área estudada e a cada um dos elementos componentes do 
ambiente; e dados e informações relativas à ação dos processos ao longo 
do tempo.
As atividades que possam ser desenvolvidas diretamente em trabalhos 
de campo são muito importantes, tais como o recolhimento de infor-
mações e dados de características ambientais diversas, dos relevos e dos 
processos geomorfológicos atuantes; a feitura de perfis topográficos; o 
recolhimento de amostras para análises em laboratório; a aferição de 
resultados obtidos indiretamente em gabinete.
540
Aula 15 • A Geomorfologia no planejamento e gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
Aula 15 • 
Conclusão
Em qualquer atividade, há necessidade de assimilar conhecimentos 
teóricos e práticos. Para as atividades de planejamento, existem conhe-
cimentos específicos que precisam ser utilizados. Disso decorre a neces-
sidade de saber em que tipo de planos e projetos seus conhecimentos 
podem ser empregados.
Na aula anterior e nesta aula, foi mostrado um dos campos de utiliza-
ção da Geomorfologia, chamando a atenção para a existência de conheci-
mentos aplicados e teóricos a serem assimilados.
Atividade final
Atende aos objetivos 1, 2 e 3
Observe a imagem a seguir, do município de Marataízes, no litoral sul do 
Espírito Santo e responda às perguntas.
Figura 15.10: Litoral de Marataízes (ES).
Fonte: Google Earth
Ao responder às perguntas, você estará fazendo um diagnóstico e um 
prognóstico sobre esse local.
DICA: Utilize o Google Earth, amplie a imagem para ver melhor o am-
biente costeiro e as obras feitas no local.
541
Geomorfologia Costeira
1. Descreva o que mostra a imagem desse trecho do litoral.
2. Qual seria o motivo da obra?
3. Qual está sendo o resultado? Como ele pode ser avaliado?
4. Quais os benefícios da obra?
5. O que deve acontecer no futuro?
Resposta comentada
1. O trecho mostrado do litoral é uma área bastante ocupada, com 
imóveis chegando próximo da praia. É evidente a interferência humana 
criando quebra-mares e aterros, cujas construções são feitas para prote-
ger a costa de erosão e reter sedimentos.
2. A obra foi feita porque o litoral estava sofrendo um processo de erosão. Ela 
visa, por planejamento, à recuperação de áreas que estavam se degradando.
3. A obra está atendendo aos propósitos de sua construção. As avalia-
ções são feitas comparando os objetivos com os resultados, por meio do 
monitoramento direto ou por imagens de satélite. 
4. Os sedimentos estão sendo retidos formando praias. O formato em 
arcos deriva da dissipação de energia que as ondas estão sofrendo ao 
entrarem pelas aberturas entre os quebra-mares.
5. No futuro, o litoral continuará protegido. A retenção de sedimentos 
poderá aumentar.
542
Aula 15 • A Geomorfologia no planejamento e gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
Aula 15 • 
Resumo
O mar tem um importante papel na dinâmica do planeta e na vida do 
homem. Com relação a essa importância, foram relembradas as liga-
ções do mar com o clima, como as variações de seu nível derivadas das 
mudanças climáticas, e o que ele representa para a sobrevivência e as 
atividades do homem, sendo exemplos a pesca e a navegação.
Foi visto que os conhecimentos sobre o mar tiveram enorme crescimen-
to em vários momentos da História: durante a chamada época das gran-
des navegações; no século XIX, com o desenvolvimento das ciências, e, 
na segunda metade do século XX, com os avanços tecnológicos obtidos 
principalmente durante a Segunda Guerra Mundial.
Nas últimas décadas do século XX, novos equipamentos, como o sonar, 
o radar e os minissubmarinos foram utilizados para melhor conhecer as 
áreas marinhas costeiras, assim como para detectar recursos naturais.
No Brasil, as características da ocupação atual das áreas costeiras guar-
dam a herança dos tempos coloniais. Há áreas hoje bastante degradadas 
e outras bastante preservadas. 
Principalmente a partir dos portos criados para exportação do que aqui 
era produzido, grandes núcleos urbanos foram formados e se desenvol-
veram, causando a degradação de muitos ambientes costeiros.
Uma boa parcela de áreas preservadas na faixa costeira ainda é encon-
trada devido às dificuldades que, desde o tempo dos colonizadores, 
existem para interligar por terra os núcleos de populações litorâneas. 
Fazer estradas e caminhos ao longo das áreas costeiras significa enfren-
tar e vencer obstáculos naturais existentes, tais como rios, mangues e 
áreas montanhosas.
Os problemas decorrentes da poluição no planeta, que muito também 
atingem as zonas litorâneas, motivaram reuniões e conferências, como a 
de Estocolmo, nas quais questões sobre o meio ambiente foram alçadas 
em nível político de âmbito mundial. No Brasil, a presença de órgãos 
voltados para as questões ambientais teve início nos anos 1970 e 1980. 
Dentre os órgãos federais existentes, podemos citar o Conama, o Ibama 
e o Ministério do Meio Ambiente. Em nível estadual e municipal, foram 
criadas secretarias e alguns órgãos específicos.
Em 1988 foi estabelecido o Plano Nacional de Gerenciamento Costei-
ro, integrado à Política Nacional para Recursos do Mar e à Política Na-
cional do Meio Ambiente. O gerenciamento trouxe novas perspectivas 
543
Geomorfologia Costeira
para ampliar o conhecimento sobre as áreas costeiras brasileiras e orien-
tações para ocupação e uso desses espaços.
O plano de gerenciamento costeiro envolve muitos comprometimentos 
das administrações federais, estaduais e municipais. Entre eles: ordenar 
o uso dos recursos e espaços costeiros; promover a gestão das atividades 
socioeconômicas desses lugares de forma descentralizada, integrada e 
participativa; estabelecer diagnósticos avaliando potencialidades, vul-
nerabilidades e tendências; controlar os agentes degradadores do am-
biente; difundir o conhecimento sobre as áreas costeiras.
Existem ainda muitos conflitos de competência entre as esferas governa-
mentais e entre planos e projetos quando implantados para as mesmas 
áreas. Muitos desses problemas decorrem das próprias leis, que confli-
tam entre si na designação de competências e na inclusão de atributos 
diferentes para um mesmo objeto em diferentes leis.
O gerenciamento costeiro é um importante instrumento para viabilizar 
o planejamento da ocupação e o uso das áreas costeiras, face aos riscos 
a que elas estão submetidas no presente e nas previsões futuras. O ge-
renciamento costeiro também é relevante para o aprimoramento dos 
conhecimentos a serem aplicados, para melhorar a qualidade de vida 
das populações que ali residem ou que procuram esses espaços para re-
creação, veraneio e turismo.
A elaboração de diagnósticos e prognósticos para as áreas costeiras por 
geógrafos e professores de geografia passa também pela assimilação de 
conhecimentos adquiridos ao longo do curso e, em relação aos relevos 
costeiros, pelo que foi aprendido nesta disciplina.
Referências
ALMEIDA, J. R.; MELLO, C. S.; CAVALCANTI, Y. Gestão ambiental: 
planejamento, avaliação, implantação, operação e verificação. Rio de Ja-
neiro: Tex, 2000, p. 259.
ALMEIDA, J. R. et al. Planejamento ambiental. Rio de Janeiro: Tex, 
1993, p. 154.
BARROS, S. R. S. A inserção da zona costeira nas territorialidades da 
bacia hidrográfica do rio São João – RJ: inter-relações, trocas e conflitos 
Tese – (Doutorado em Geografia). Programa de Pós-Graduação em Ge-
ografia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2007.
544
Aula 15 • A Geomorfologia no planejamentoe gestão dos espaços costeiros e de seus 
Aula 15 • recursos
Aula 15 • 
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O que é o Conama? Disponível 
em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/estr1.cfm>. Acesso em: 30 
dez. 2015.
FREITAS, M. A. P. Zona costeira e meio ambiente: aspectos jurídicos. 
Curitiba: Juruá, 2008. 
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