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Aula 16- Os movimentos sociais

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MOVIMENTOS 
SOCIAIS E 
MOBILIZAÇÃO 
SOCIAL 
Caroline Capaverde
Os movimentos sociais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a mobilização social em torno de um problema social 
específico na formação de movimentos sociais.
  Identificar as demandas sociais de um movimento social tradicional 
e de novos movimentos sociais.
  Explicar os movimentos sociais das perspectivas sociológico-funcio-
nalistas, interacionistas e do conflito.
Introdução
Os movimentos sociais são ações coletivas que se organizam em prol de 
algum direito que não tenha sido garantido ou tenha sido retirado. Ao 
longo da história das sociedades, há diversos registros de movimentos 
sociais que buscaram por direitos e, conforme a evolução e o crescimento 
desses grupos, as frentes de luta também se modificaram. Ao invés de 
pautas religiosas, elas passam a ter o homem como centro das reinvindi-
cações , e questões trabalhistas, de saúde e de moradia passaram a fazer 
parte das organizações/mobilizações dos coletivos.
Neste capítulo, você estudará sobre a mobilização social a partir de 
um problema social específico e como estas mobilizações auxiliam na 
formação de movimentos sociais. As demandas dos movimentos sociais 
foram modificadas conforme a evolução dos grupos sociais e, por isso, 
estudaremos as demandas dos movimentos clássicos e as demandas 
dos movimentos novos. Além disso, analisaremos os movimentos so-
ciais dentro de três perspectivas diferentes: sociológico-funcionalista, 
interacionista e de conflito, pois compreender os movimentos sociais 
nestas três perspectivas é importante para o entendimento dos tipos 
de movimentos sociais e de suas características de luta. 
C02_Movimentos_sociais_e_mobilizacao_social.indd 1 15/08/2018 11:44:36
Mobilização e formação social 
dos movimentos sociais
Mobilização social é diferente de manifestação social. Apesar de serem co-
mumente confundidas, a manifestação reúne pessoas em praças, espaços 
públicos, passeatas e concentrações, já a mobilização social ocorre quando 
indivíduos em grupos/comunidades decidem e agem com objetivos em comum, 
organizam-se diariamente e buscam, todos os dias, por objetivos coletivos 
(TORO; WERNECK, 2012). 
Fazer ou não parte de uma mobilização social é uma escolha individual, 
respeitando a autonomia e a liberdade dos indivíduos. Por isso, usa-se muito 
a expressão “convocar para mobilizações”, pois atender ao chamado é uma 
escolha. A participação das pessoas é motivada, em geral, pela identificação 
de ideias com a mobilização e, também, por sentirem-se responsáveis ou 
capazes de serem agentes de mudança.
Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob 
uma interpretação e um sentido também compartilhados (TORO; WERNECK, 2012).
Mobilizar as pessoas significa estimulá-las para algo com algum motivo, 
visando um objetivo em comum estabelecido. Por isso, ela é um ato de razão, 
pois participa-se dela por um propósito preestabelecido para o coletivo. Esta 
mobilização precisa ser orientada por um futuro e uma continuidade almeja-
dos, para que não se torne, assim, um evento passageiro ou uma campanha, 
deixando de ser um processo de mobilização social, e perdendo seu sentido. 
A mobilização, obrigatoriamente, requer dedicação diária e contínua e produz 
resultados cotidianos.
As pautas de interesse da comunidade estão relacionadas com sua formação 
social e em como ela percebe, de forma particular, as questões e expressões 
sociais. Um problema só se torna coletivo quando ultrapassa questões par-
ticulares e passa para uma dimensão coletiva, ou seja, quando um problema 
deixa de afetar apenas um indivíduo e afeta um coletivo, seja de forma direta 
ou não. Esse transcender, do particular para o coletivo, chama-se coletivização 
(HENRIQUES, 2016). Para Sader (2001, p. 56),
Os movimentos sociais2
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[...] a postura dos movimentos sociais sobre as relações da sociedade pode 
ser uma maneira de compreendermos como a formação social é interpretada. 
Na medida em que a ideia de movimento social está ligada aos movimentos 
organizados contra hegemônicos, esses movimentos estariam dialogando 
diretamente com a maneira pela qual a formação social é construída pois, ao 
se posicionar contra uma visão cristalizada no Estado e/ou na Sociedade, os 
movimentos sociais dialogam com a formação social predominante.
A mobilização social deixa latente a visão de como a comunidade percebe 
seus problemas e de como essa formação social é percebida pelo Estado a 
partir das mobilizações, manifestações e organização dos movimentos sociais. 
Historicamente, essa formação social foi responsável por diversas posturas 
estatais, sejam elas conservadoras ou não, como, por exemplo, de caráter 
hegemônico, de postura conservadora, com decisões tomadas nesta linha.
As políticas públicas são constituídas de acordo com a interpretação dessa 
hegemonia da formação social. As especificidades dos coletivos, geralmente 
de minorias, devem ser representadas pelos movimentos de luta, já que, ne-
cessariamente, a formação social busca uma visão de uma maioria. As mobi-
lizações e os movimentos sociais entram com o papel de mostrar ao Estado 
questões para além do pensamento coletivo, percebendo-se, dessa forma, as 
singularidades (SADER, 2001). 
Nesse sentido, a mobilização social é um importante instrumento de forta-
lecimento da cidadania ativa e da construção de uma sociedade democrática. 
É um processo em que pessoas e grupos são convocados a se unir em torno 
de objetivos comuns ou de minorias. Deve-se resultar sempre de uma escolha 
ética, onde razão e emoção estão envolvidas. Pressupõe o envolvimento efetivo 
e engajado na luta pela causa defendida e implica no compartilhamento de 
responsabilidades na construção de caminhos para o alcance dos resultados 
esperados, além de vontade e disposição para vencer desafios e barreiras em 
prol dos objetivos pretendidos.
Desse modo, mobilização social e movimentos sociais podem ser rela-
cionados na medida em que a mobilização social é a base para desencadear 
a organização de coletivos, que começam a se reunir e a organizar pautas e 
frentes de luta, fortalecendo-se entre si e tornando-se movimentos sociais, 
com pautas sólidas e organizadas voltadas a interesses comuns de um coletivo, 
que objetivam a transformação social.
3Os movimentos sociais
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Demandas sociais: movimento social tradicional 
e novos movimentos sociais
Os movimentos sociais, ao longo do tempo, foram mudando suas frentes de 
luta conforme a sociedade trabalhadora foi se desenvolvendo, pois, na esteira 
deste fenômeno evolutivo, surgiram questões sociais como o trabalho infantil, 
a fome, a violência, o desemprego, a habitação, a saúde e a educação, que 
foram pautas de lutas de muitos dos movimentos. Esses grupos organizados 
ao longo da história podem ser divididos em dois momentos: os movimentos 
sociais tradicionais e os novos movimentos sociais.
Movimentos sociais são ações coletivas com o objetivo de manter ou mudar uma 
situação. Em geral, envolvem confronto político e têm relação de oposição ou de 
parceira com o Estado. Fazem parte dos movimentos sociais: movimentos populares, 
sindicais e organizações não governamentais (ONGs).
Os movimentos sociais são uma poderosa força de mudança na sociedade que 
pode ser exercida “de baixo”, a partir das atividades de pessoas comuns, como “de 
cima”, por iniciativas de membros da elite, como legisladores, governantes, dirigentes, 
juristas, etc. (GOHN, 2011). 
Os movimentos sociais chamados de tradicionais possuem suas pautas de 
discussões e lutas direcionadas às causas dos trabalhadores, e surgiram com a 
consolidação do capitalismo. Possuem como característica uma organização 
hierarquizada em que os indivíduos integrantes do grupodeveriam seguir 
determinações específicas. Os movimentos sociais tradicionais travavam 
fortes confrontos políticos com o Estado, pois visavam transformações na 
sociedade por meio da estrutura econômica e social com o objetivo de acabar 
com a opressão sofrida pela classe trabalhadora (GOHN, 2014). 
Os movimentos sociais tradicionais tinham como demanda causas dos traba-
lhadores, tais como a melhoria de seus salários e de suas condições de trabalho, 
além da diminuição de suas jornadas de trabalho. Lutavam, ainda, por causas 
sociais como: saneamento básico, habitação, transporte coletivo público e educa-
ção pública. Também dedicaram suas lutas para tentar diminuir o autoritarismo 
dos governos e dos sistemas políticos e econômicos. Esses movimentos deram 
origem aos sindicatos, associações de trabalhadores (nacionais e internacionais) 
e a partidos políticos (trabalhistas/trabalhadores) (ARAÚJO, 2010). 
Os movimentos sociais4
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O novos movimento sociais, por sua vez, têm um papel forte e uma ca-
minhada extremamente relevante na história das lutas sociais da contempora-
neidade. Com eles, os jovens tornam-se mais atuantes e percebem que podem 
transformar a sociedade. O movimento estudantil, por exemplo, diferente dos 
movimentos tradicionais, é policlassista, ou seja, os indivíduos do movimento, 
chamados de militantes, são de diferentes classes sociais. Também possuem 
como característica um público transitório, com protagonistas que se renovam 
a todo instante, já que sua participação é dada enquanto estão em instituições 
de ensino (médio e superior). Mesmo com essa mudança dos atores sociais 
constante, o movimento estudantil do país é conhecido por várias conquistas 
e momentos de transformação social. 
Assim, os novos movimentos sociais surgem de novas demandas impostas 
pela sociedade contemporânea, que requer respostas imediatas e diferenciadas. 
Nem sempre os novos movimentos buscam a transformação social já que, em 
sua maioria, buscam respostas imediatas, reformas e procuram resolver o 
problema percebido de forma rápida como, por exemplo, lutar pela distribuição 
de alimentos a quem passa fome. Além disso, vale destacar que, por meio 
da discussão abordada, percebe-se que os teóricos que discutem os novos 
movimentos sociais apresentam uma argumentação centrada em mudanças 
pontuais por meio de reformas e não da superação da ordem burguesa que se 
daria pela revolução. 
Para Melucci (1980 apud ALEXSANDER, 1998, p. 13)
Os novos movimentos sociais refletem a mudança no modo de produção e o 
surgimento de novas demandas sociais. As peculiares formas de dominação 
oriundas da reformulação do processo produtivo exigiram alterações na forma 
de organização da ação coletiva. A simples exploração da força de trabalho 
foi, na sociedade pós-industrial, substituída pela manipulação de complexos 
sistemas organizacionais, pelo controle da informação e dos processos pro-
dutores dos símbolos, que têm ingerência direta na elaboração do cotidiano, 
invadindo a liberdade do cidadão, tomando seu tempo e seu espaço.
Nesse sentido, para o autor, os novos movimentos sociais precisam ir além 
do simples reivindicar; precisam estar atentos às posturas para poder interpretar 
os conflitos simbólicos que se estabelecem, reconhecendo, assim, uma série 
de novas preocupações que serão enfrentadas. 
5Os movimentos sociais
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Transformação vs. conservação
Os movimentos lutam por causas que vão além dos interesses particulares e seus 
objetivos, quando alcançados, transformam a vida de muitas pessoas. Isso ocorre pela 
universalização das ações que afetam pessoas em um mesmo espaço político e pela 
sua sedimentação na forma de leis.
Essa característica comum aos movimentos sociais permite verificar se as demandas 
buscam superar uma ordem social preestabelecida, propor maior rigidez do sistema 
político ou servir de apoio à busca por ampliação de direitos de grupos específicos.
As demandas sociais na contemporaneidade possuem questões que precisam 
de resposta rápida, diferentemente dos movimentos sociais tradicionais, que 
lutavam por causas maiores como, por exemplo, direito dos trabalhadores. 
Os novos movimentos sociais atuam conforme as demandas vão surgindo, e 
tornam-se pautas das mobilizações e frentes de lutas dos movimentos sociais. 
Movimentos sociais nas perspectivas 
sociológico-funcionalistas, interacionistas 
e de conflito
Os movimentos sociais podem ser analisados a partir de diferentes lentes 
teóricas, desenvolvidas em diferentes contextos históricos e sociais. Para 
Durkheim (2012), os movimentos sociais são resultados de uma transição das 
formas de solidariedade simples e vem da força humana coletiva, trazendo 
fortes valores sociais. Considera, também, que os movimentos sociais são 
fundamentados a partir de grupos mais organizados. 
Para os funcionalistas, ao analisarmos qualquer elemento de um sistema 
social, deve-se aprofundar sobre como estes elementos se relacionam com 
outros elementos deste mesmo sistema e, a partir desta análise, é possível 
extrair informações destas interferências, que causam disfunção ou contribuem 
para a manutenção deste sistema. Ou seja, são funcionais (BLUMER, 1939). 
Os movimentos sociais6
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Teoria sociológico-funcionalista
É o ramo da Antropologia e das Ciências Sociais que procura explicar aspectos da 
sociedade em termos de funções realizadas por instituições e suas consequências 
para a sociedade
As teorias funcionalistas visam compreender quais são os fatores que definem uma 
sociedade, ou seja, o que faz com que uma sociedade não seja apenas uma coleção 
de indivíduos. Por isso ele estudou as estruturas que compõem uma sociedade, 
especialmente em nível macro (CABRAL, 2004).
O funcionalismo "[...] procura ver as ciências sociais em termos de estru-
turas, processos e funções, e compreender as relações existentes entre esses 
componentes. Ele realça que cada elemento de uma cultura ou instituição social 
tem uma função a desempenhar no sistema mais amplo" (KAST; ROSEN-
ZWEIG, 1987, p. 125). Para Durkheim (2012), a lógica do enfoque funcional 
para o estudo do fenômeno social não está apenas na perspectiva de análise 
motivada por causas e origens históricas, mas também é fundamentada por 
motivações e propósitos individuais (CABRAL, 2004).
Para a escola sociológica do interacionismo simbólico, são nas teorias 
dos movimentos sociais que se identificam as potencialidades e limites das 
mobilizações coletivas na contemporaneidade em relação às teorias tradicionais 
reconhecidas na área da pesquisa e da organização da intervenção social.
Para Nunes (2013, p. 257), dentre as diferentes concepções de movimentos 
sociais, encontram-se consensos na reconstrução contemporânea do tema: 
A primeira delas é a mobilização coletiva, identificada e explicada de diferentes 
formas nas diversas teorias dos movimentos sociais: comportamento coletivo, 
ação coletiva, redes, ação conjunta ou coordenada, etc. A segunda é reivindicar 
ou propor mudanças, ou seja, intervir na realidade social, com algum nível 
de organização. Evidencia-se, também, um caráter não institucional na ação 
efetivada, em alguma medida. Finalmente, a ação coletiva, para ser consi-
derada movimento social, deve apresentar alguma continuidade temporal.
7Os movimentos sociais
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Teoria interacionista
É a abordagem sociológica das relações humanas que considera de suma importância a 
influência, na interação social, dos significados bem particulares trazidos pelo indivíduo 
à interação, assim como os significados bastante particulares que ele obtém a partir 
dessa interação sob sua interpretação pessoal. 
Fonte: BLUMER (1939).
Para Blumer (1939, p. 259), os movimentos sociaispossuem características 
iniciais e, além de não serem organizados, possuem postura impulsiva e também
Não têm objetivo claro; seu comportamento e pensamento estão principalmente 
sob a dominância da inquietude e da excitação coletiva. Assim que um movi-
mento social se desenvolve, entretanto, seu comportamento, que originalmente 
foi disperso, tende a se tornar organizado, solidificado e persistente. É possível 
delinear aproximadamente estágios na carreira de um movimento social que 
representam essa organização crescente. 
Para Blumer (1939), a explicação dos movimentos sociais está atrelada a 
uma teoria do comportamento coletivo, direcionado à mudança ou à intervenção 
social, que adquire, no curso de sua evolução, um caráter societário, passando 
a merecer o atributo de movimento social. 
Os movimentos sociais, na perspectiva do conflito, analisam a organiza-
ção dos grupos que não faziam parte de disputas, mas que acabam tomando 
posição devido a valores morais. As lutas só podem ser caracterizadas como 
sociais quando suas pautas e objetivos são generalizados e atuam para além 
de questões individuais, e passam a realizar pautas focadas nos interesses 
coletivos. Esses conflitos podem se manifestar de diversas formas, por meio 
de greves, passeatas e, em caso de revolução, manifestam-se por intermédio 
de lutas armadas. 
Os movimentos sociais8
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O conflito social é algo inerente à própria vida das sociedades e a sua existência aparece, 
de maneira geral, como sinal de vitalidade da atividade coletiva. Quase sempre abre 
espaço à mudança social. Apenas as sociedades caídas na estagnação veem erradicadas 
do seu seio as lutas sociais (FERNANDES, 1993).
Enraizados na perspectiva marxista, os movimentos sociais na perspectiva 
do conflito possuem como base o modelo de luta de classes, com dicotomias 
como a burguesia versus proletariado e opressores versus oprimidos. Ao longo 
da história, observam-se várias formas de conflitos sociais entre a sociedade 
e grupos, coletivos e movimentos sociais (SANTOS, 2014).
As lutas sociais são constantes, e a melhor ferramenta é o conflito. Esse 
conflito deve ser organizado e ser de interesse de um coletivo com objetivos 
em comum. Os movimentos sociais, na perspectiva do conflito, possuem 
características que permitem analisar o contexto histórico dos movimentos a 
partir do discurso e da prática pois , conforme cada pauta de luta e o número 
de indivíduos que são atingidos por ela, o conflito é ainda mais intenso. E, 
geralmente, exigem resoluções imediatas dos governantes (SANTOS, 2014). 
Na base dos conflitos que desencadeiam normalmente os movimentos 
sociais estão as relações de inclusão/exclusão, aberto/fechado e humanização/
desumanização. Para mudar o mundo é necessário mudar as maneiras de 
construir ele. Ou seja, é pela visão do mundo e pelas práticas dos movimentos 
sociais que são produzidas e reproduzidas ações que geram consciência cole-
tiva e promovem integração social dos indivíduos, que farão as intervenções 
sociais futuras (FERNANDES, 1993). 
Desse modo, podemos destacar que, para os funcionalistas simbólicos, o 
objeto de estudo está nos relacionamentos entre elementos de uma sociedade 
e a função de cada uma delas nas mobilizações sociais, podendo identifica 
seus pontos positivos e pontos a serem melhorados para manter a estabilidade 
social. Para os interacionistas destacam-se as questões do comportamento 
individual e do coletivo, e esse comportamento direciona às mudanças ou 
intervenções sociais que serão pleiteadas pelas mobilizações do coletivo. Já para 
a perspectiva sociológica do conflito, um coletivo organizado e com objetivos 
em comum buscam exigir do estado os direitos e ampliação ou conservação 
de políticas, e posicionam-se contra o controle social exercido por esse Estado.
9Os movimentos sociais
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