Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fundamentos de Cinesiologia Aplicados à Educação Física Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Eric Leal Avigo Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano • Aspectos Gerais da Cinemática Linear e Angular • Grandezas Cinemáticas Lineares • Cinemática do Movimento de Projéteis · Permitir ao aluno conhecer os principais aspectos da cinemática, mais especificamente a cinemática linear, bem com sua contribuição para descrição do movimento do ser humano e de objetos utilizados por ele na prática de atividade física e esportes. OBJETIVO DE APRENDIZADO Seja bem-vindo(a) às nossas discussões sobre fundamentos de Cinesiologia aplicados à Educação Física! Saiba que esta Disciplina tem como propósito o estudo dos princípios da Ana- tomia aplicados à execução do movimento humano e dos fatores mecânicos internos e externos associados à execução desse movimento; conhecer a des- crição da terminologia de movimento adotada por profissionais da área da saúde e visão geral dos aspectos cinesiológicos e biomecânicos que são utiliza- dos na análise do movimento humano; além de lhe proporcionar momentos de leitura – textual e audiovisual – e reflexão sobre os temas que serão aqui dis- cutidos, contribuindo com sua formação continuada e trajetória profissional. Esta Disciplina está organizada em seis unidades, cujo eixo principal será conhecer os conceitos da Cinesiologia e Biomecânica, e relacioná-los às análises de movimentos dos executantes durante as aulas de Educação Física e prática de atividades físicas; criar meios de análise dos movimentos dos executantes nas aulas de Educação Física e durante a prática de atividades físicas; aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos à atuação profissional; além de adequar os movimentos conforme a capacidade e necessidades individuais dos executantes. Isso é o que você encontrará nas próximas unidades, está preparado(a) para embarcar nesta viagem de estudos sobre o movimento do corpo humano? ORIENTAÇÕES Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Ademais, perceba que a Disciplina em ensino a distância pode ser realizada em qualquer lugar que você tenha acesso à Internet e em qualquer horário. Dessa forma, normalmente com a correria do dia a dia não nos organizamos e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará no não aprofundamento do material trabalhado, ou ainda, na perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o “momento do estudo”. No material de cada unidade há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, assim como realize as atividades de sistematização, essas que lhe ajudarão a verificar o quanto absorveu do conteúdo: são questões objetivas que lhe pedirão resoluções coerentes ao apresentado no material da respectiva Unidade para, então, prepará-lo(a) à realização das respectivas avaliações. Tratando-se de atividades avaliativas, se houver dúvidas sobre a correta resposta, volte a consultar as videoaulas e leituras indicadas para sanar tais incertezas. Lembre-se: você é responsável pelo seu processo de estudo. Por isso, aproveite ao máximo esta vivência digital! 7 Contextualização Você sabe o que é deslocamento, distância percorrida, velocidade, rapidez, aceleração? Deslocamento e distância percorrida são a mesma coisa? Velocidade e rapidez, qual a diferença? E a aceleração, você com certeza já usou esse termo, até mesmo para exemplificar o quanto um carro aumentou sua velocidade, o quão rápido alguém conseguir correr após determinado tempo, com a velocidade uma bola chutada ao gol foi alta. Você já conhece ou já ouviu falar sobre muitas das variáveis cinemáticas que serão estudadas nesta Unidade. Para contextualização do que abordaremos nesta Unidade, acesse os links a seguir com exemplos de grandezas cinemáticas importantes em diferentes esportes: Francês faz História no Salto com Vara https://youtu.be/PszD-GJY3j8 Usain Bolt batendo Recorde Mundial dos 200 MTS Rasos https://youtu.be/rk4Pxa8LE44 A Receita para o Salto em Distância Perfeito https://youtu.be/-2_c85LYiAI Ex pl or 7 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Aspectos Gerais da Cinemática Linear e Angular Você já deve ter ouvido alguma vez algo sobre cinemática, certo? Não só quando a definimos em Unidade anterior, mas quem sabe em uma de suas aulas de Física no Ensino Médio, ou, ainda, enquanto lia algum texto sobre a análise do movimento humano. Se acha que ainda não ouviu, não há problema nisso, chegou o momento de dialogarmos acerca desse importante campo da Física, na verdade, uma subárea da Mecânica. Não que seja nosso foco aprender Física nesta Unidade. Lembre-se que a Biomecânica, área de estudo que se preocupa com o estudo das forças e de seus efeitos que atuam nos seres vivos como, por exemplo, o movimento humano, utiliza dos conceitos da Mecânica (que é ramo da física) para suas interpretações que são muitos importantes, justamente, para análise do movimento humano. Podemos definir a Mecânica como a Ciência que se interessa pelos efeitos das forças ativas nos objetos. Para nós, os objetos pelos quais estamos interessados em nossa área de estudo são os humanos e os implementos que eles podem manipular no esporte, no exercício, e/ou na prática de atividade física, como os diferentes tipos de bolas, bastões, raquetes, pesos etc. Especificamente, a Mecânica dinâmica, a qual envolve os objetos que estão em movimento acelerado (maioria das situações do movimento humano) é subdividida em cinética e cinemática, campos os quais se referem a analises específicas dos movimentos. Conforme já abordado, a cinética é a área da Mecânica que se preocupa com as forças que causam ou tendem a causar mudanças no movimento, a qual será melhor explorada na próxima Unidade de estudo. E a cinemática, afinal, ao que a mesma se refere? Importante! Cinemática trata da descrição dos movimentos em termos espaciais e temporais, sem necessariamente levar em consideração as forças que geram o movimento. Pode- se também dizer que essa área da Mecânica investiga as posições, deslocamentos, velocidades e acelerações do corpo e de seus segmentos e articulações durante o movimento. Importante! Você já aprendeu que os movimentos podem ser estudados e/ou avaliados a partir de duas abordagens principais: qualitativa, quando se descreve o movimento de maneira não numérica com base na observação direta do mesmo, por exemplo, arremesso forte ou fraco, chute alto ou baixo; e quantitativa, quando se descreve o movimento numericamente, ou seja, atribuindo-se um valor às características do mesmo e, consequentemente, eliminando qualquer subjetividade existente em uma avaliação movimento, algo comum de ser encontrado quando se avalia qualitativamente. Dizer que uma pessoa correu dois quilômetros em doze minutos exemplifica uma avaliação quantitativa. 8 9 Você também já aprendeu que os movimentos podem ser lineares (ou de trans- lação), quando o movimento ocorre ao longo de uma linha que pode ser reta (retilí- neo) ou curva (curvilíneo); angulares (ou de rotação), quando o movimento envolve a rotação ao redor de uma linha ou de um ponto central, ou seja, que possua um eixo de rotação; e gerais, quando à combinação de movimentos lineares e angula- res. Na verdade, em todo movimento humano (ou na maioria deles) o que ocorre são movimentos gerais, até porque em muitas situações do esporte e exercício são os movimentos angulares que ocorrem nasarticulações que produzem movimentos lineares em outras partes do corpo. Qual é então a contribuição dos movimentos angulares para os movimentos lineares? Pense em uma situação simples de chu- te ao gol no futebol: movimentos angulares ao redor das articulações do quadril, joelho e tornozelo são utilizados para desencadear movimentos lineares em uma bola, além das próprias articulações que desencadearam os movimentos angulares, afinal, elas se tornam como um “ponto central” que se movimentam na mesma direção e com a mesma velocidade, algo que caracteriza um movimento linear. Movimentos angulares das articulações do corpo humano dão origem a movimentos lineares. Vamos refletir um pouco mais sobre esses movimentos angulares. Você já sabe que movimento pode ser definido como mudança de posição e/ou postura do corpo no espaço (ambiente) e que sendo assim, para se descrever o movimento se faz necessário uma referência, seja ela interna ou externa ao corpo. Um movimento angular do corpo humano pode então ser descrito baseado em uma referência interna, como a partir do ângulo articular entre dois segmentos adjacentes, como também baseado em uma referência externa, como a partir do ângulo segmentar que é, justamente, relativo a um plano externo. Os ângulos formados a partir da relação dos segmentos tronco e coxa, dos segmentos coxa e perna, e dos segmentos perna e pé, são todos exemplos de ângulos articulares, ou seja, que descrevem os movimentos que acontecem entre segmentos que são adjacentes. Agora, se levarmos em consideração os ângulos formados entre os segmentos tronco, coxa, perna e pé, separadamente, em relação a um plano no ambiente como, por exemplo, o chão (em um plano horizontal) ou a parede (em um plano vertical), nessa situação estaremos descrevendo os movimentos a partir da relação de um segmento com um plano externo, ou seja, a partir de ângulos segmentares. Importante! Para descrição de movimentos a partir de ângulos articulares nos baseamos nas articulações que envolvem segmentos adjacentes, já para descrição de movimentos a partir de ângulos segmentares nos baseamos na posição dos segmentos corporais em relação ao ambiente externo. Em Síntese 9 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano A Figura a seguir representa os ângulos articulares e segmentares: Figura 1 – Ângulos articulares e segmentares Fonte: Elaborado pelo autor Importante! Por que poderia ser importante descrever movimentos baseados em ângulos segmentares? Digamos que você leu em um livro a descrição de como realizar um salto horizontal com maior efi ciência e lá é informado que para se obter maior impulsão e, consequentemente, saltar mais longe, uma pessoa deve iniciar fl exionando a articulação do quadril por aproximadamente 60 graus. Por conhecer os movimentos de um salto horizontal a descrição pode parecer um pouco obvia e, rapidamente, você pode tê-la entendido. Entretanto, suponha que você não conheça ou nunca tenha visto um salto horizontal, a pergunta que pode surgir é: devo fl exionar o quadril movimentando o tronco na direção da coxa ou movimentando a coxa na direção do tronco? Movimentar somente o tronco em relação à coxa não condiz com o propósito da descrição de efi ciência do salto (conforme ilustrado na Figura 2a). Nessa condição a descrição poderia incluir qual segmento deveria ser movimento em relação a um plano externo, como o chão, ou seja, descrever o movimento a partir de um ângulo segmentar, o que na verdade seria fl exionar o quadril aproximando o tronco do chão em 30 graus, além de fl exionar o joelho aproximando a coxa do chão em 30 graus (Figura 2b). No salto horizontal, o movimento preparatório inclui não só a fl exão do quadril aproximando o tronco da coxa, mas também aproximar a coxa do tronco, algo que também envolve fl exão do joelho. Dizer apenas para aproximar os segmentos coxa e tronco diminuindo o ângulo articular do quadril em 60 graus, sem saber qual segmento que se movimenta em relação ao outro gera dúvidas sobre o movimento. Já dizer para diminuir o ângulo segmentar do tronco e da coxa em relação ao chão em 30 graus cada descreve com precisão o movimento que precisa ser feito. Trocando ideias... 60 B)A) 30 30 Figura 2 – Exemplo de ângulos articulares (a) e segmentares (b) na fase de preparação do salto horizontal Fonte: Elaborado pelo autor 10 11 O salto horizontal é apenas um dos muitos exemplos possíveis, basta pensar na diversidade do movimento humano e na necessidade de descrevê-lo, que será possível de se encontrar outras situações como do exemplo acima citado. Utilizar um ou outro método de análise depende do objetivo que se tem ao avaliar o mo- vimento humano. Se a partir da cinemática se descreve os movimentos lineares e angulares, podemos então dividir essa área da Mecânica em cinemática angular e cinemática linear. Isso não modifica muito a definição geral já dada anteriormente à cinemática, a única diferença é que, enquanto cinemática linear descreve os mo- vimentos lineares em termos espaciais e temporais, cinemática angular descreve os movimentos angulares em termos espaciais e temporais. Para nossos estudos, enfatizaremos mais especificamente as contribuições da cinemática linear para o movimento humano. Lembrando que a maioria dos movimentos que nos importam é geral, sendo que apenas nos ateremos a descrever a parte linear desses movimen- tos gerais, como as posições, deslocamentos, velocidades e acelerações do ser hu- mano e dos implementos utilizados por ele na prática de atividade física e esportes. Grandezas Cinemáticas Lineares Pode-se dizer que a cinemática linear envolve a configuração, forma, padrão e sequência do movimento linear ao longo do tempo, sem uma referência em particular às forças que causam ou que resultam do movimento (HALL, 2009). Análises cinemáticas são utilizadas por pesquisadores do movimento, médicos, fisioterapeutas, treinadores e, evidentemente, por professores de Educação Física. Qualquer pessoa que aprende uma nova habilidade motora ou, ainda, aperfeiçoa uma habilidade motora já aprendida anteriormente, tem uma modificação progressiva na cinemática dos seus movimentos. Essa modificação cinemática decorre não apenas na coordenação dos segmentos corporais na execução de dada habilidade motora, como em uma análise qualitativa de um chute no futebol, mas também em aspectos sequenciais e/ou quantitativos dos movimentos que compõem essa mesma habilidade ao longo do tempo, como na velocidade dos segmentos corporais para realizar esse mesmo chute, ou no tempo de contato do pé com a bola, além, é claro, dos efeitos sobre a bola como a distância, altura, velocidade alcançada, ou até o tempo que permaneceu em voo. Um movimento bem coordenado qualitativamente tem também efeitos específi- cos quantitativos. Utilizar os membros superiores para impulsão em um salto pode aumentar consideravelmente a altura ou distância desse mesmo salto. Algumas variá- veis e/ou grandezas físicas permitem descrever os movimentos com precisão, dentre elas podemos destacar: o deslocamento; a distância percorrida; a velocidade; a rapi- dez; e a aceleração. Para que todas essas variáveis descritivas do movimento possam ser obtidas, uma posição relativa de início ou término do movimento, bem como a direção e o sentido que o mesmo ocorreu precisam ser descritos para que seja pos- sível não só descrevê-lo, mas também compreender a realização desse movimento. Posição, direção e sentido serão discutidos no tópico a seguir. 11 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Posição, Direção e Sentido Descrever posições de um corpo que se movimenta no espaço pode ser considerado muito importante. Às vezes a posição de início do movimento, às vezes a posição de determinado ponto do percurso que um corpo percorreu, às vezes a posição final alcançada, tudo dependerá do que se deseja descrever. Obviamente, para qualquer tipo de descriçãoda mudança de posição de um corpo no espaço (uma das definições de movimento), faz-se necessário um ponto de partida, uma localização inicial, intermediária ou final desse corpo, para que seja possível relacionar a ocorrência de movimento. Como dizer que um corpo se moveu, se não houver uma referência que comprove a partir de onde e/ou até onde o mesmo percorreu? Assim, para qualquer que seja a descrição, um ponto de partida, um início, ou melhor, uma posição desse corpo que se movimenta precisa ser descrita para que seja possível realizar qualquer tipo de avaliação cinemática do mesmo. E o que vem a ser posição, como podemos defini-la? Posição é a localização de um corpo ou objeto no espaço com relação a uma referência. Essa referência pode ser unidimensional (descrição sobre uma linha ou através de uma coordenada e/ou medida), como ao dizer que um mergulhador está a 10 metros da superfície da água, ou que um carro está no quilômetro 100 de uma rodovia. Pense descrição do famoso corredor Usain Bolt em uma corrida de 100 metros do atletismo. Se referenciado à linha de início da prova você pode dizer que ele está, por exemplo, na posição 60 metros ou, ainda, se referenciando à linha de chegada da prova, você pode dizer que ele está na posição - 40 metros. Essa referência também pode ser bidimensional (descrição sobre um plano ou através de duas coordenadas e/ou medidas), como ao dizer que um jogador está a 2 metros da linha de fundo de uma quadra e a 3 metros da linha lateral da mesma; ou ainda, pode ser tridimensional (descrição de um ponto no espaço através de três coordenadas e/ou medidas), como ao dizer a posição de uma bola em determinado instante a partir de sua altura do chão, distância da linha lateral e da linha de fundo de uma quadra. É comum a utilização de um sistema de coordenadas cartesianas para ajudar a localização de algo em um plano (bidimensional) ou no espaço (tridimensional). Esse sistema recebe um nome em homenagem a seu inventor René Descartes (1596- 1650), filósofo e matemático francês tido como o grande inventor da Geometria Analítica, algo que você já deve ter ouvido a respeito em seu Ensino Médio. Em um sistema de coordenadas, o primeiro passo é estabelecer um ponto de referência, chamado de origem, onde então duas linhas perpendiculares devem cruzá-lo, uma linha horizontal chamada de eixo X e uma linha vertical chamada de eixo Y. Em uma quadra, a linha lateral pode ser utilizada como eixo Y e a 12 13 linha central ou de fundo como eixo X. Nesse sistema de coordenadas poderia se descrever então a posição de um jogador dentro da quadra como a partir da linha central 2 metros (x = 2 m) e partir da linha lateral esquerda 3 metros (y = 3 m), algo que pode ser simplesmente representado pelos dois valores separados por vírgula (2, 3). Nessa posição descrita, os números são positivos já que o jogador se encontra à frente da linha central e à direita da linha lateral esquerda e, consequentemente, dentro da quadra. A posição de um jogador que está 3 metros atrás da linha central e 2 metros à direita da linha lateral poderia ser descrita como (-3, 2). Já a posição de um jogador que está fora da quadra, 2 metros à esquerda da linha lateral e 1 metro à frente da linha central poderia ser descrita como (1, -2). Perceba que a primeira coordenada a ser descrita sempre é a do eixo X. 1 2 3 4 5 6 -1 -2 -3 -4 -5 -6 6 5 4 3 2 1 -6 -5 -4 -3 -2 -1 Y X Figura 3 – Representação de um plano cartesiano (bidimensional) Em três dimensões, são necessários três números para descrever a posição de um objeto no espaço. Para descrever a posição de uma bola que está no ar em determina- do instante, seria necessário um sistema de coordenadas cartesiano tridimensional, com um eixo na direção vertical e dois eixos no plano horizontal. Digamos que essa bola estivesse 3 metros à direita da linha lateral esquerda da quadra (eixo x), 2 metros acima do chão (eixo y) e 4 metros atrás da linha de fundo (eixo z). Essa descrição poderia ser feita da seguinte forma: (3, 2, 4). A Figura a seguir representa a posição tridimensional dessa bola em relação às linhas da quadra: Figura 4 – Posição de uma bola dentro de uma quadra em determinado instante usando-se coordenadas cartesianas 13 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Para descrever um corpo e/ou objeto que se movimenta no espaço, na maioria das vezes é necessário informar a direção que o mesmo se movimenta e, ainda, o sentido desse movimento. O movimento de um corpo pode ser descrito nas direções x, y e z, como em uma descrição geométrica de um cubo que apresenta altura, largura e profundidade, como também pode ser descrito nas direções horizontal, vertical, diagonal, direções que são costumeiramente utilizadas não só para descrever o movimento, mas em referências comuns no dia a dia das pessoas. Em alguns casos, “anteroposterior” e “médio-lateral” são termos que também podem ser utilizados para apontar a direção de um movimento, algo que é baseado nos planos de movimento já estudados em Unidade anterior. Já o sentido de um movimento geralmente aponta para cima ou para baixo, para direita ou para esquerda, sentido horário ou anti-horário. Digamos que você observa um jogador de handebol que está para cobrar um tiro de 7 metros, infração que se assemelha ao pênalti no futebol. Você se posiciona perpendicularmente ao plano de movimento justamente para melhor observação dos movimentos, os quais ocorrem preferencialmente no plano sagital. Obviamente, a posição do jogador pode ser descrita de forma unidimensional, a 7 metros da linha do gol. O movimento da bola até o gol pode ser descrito como na direção diagonal ou até mesmo horizontal dependendo de como o arremesso é realizado. Já o sentido da bola pode ser descrito complementado a direção, como diagonal para baixo ou para cima, ou ainda, horizontal para direita ou para esquerda, de acordo com o posicionamento relativo entre o jogador e o gol. Se ao invés de observar o movimento da bola, você quisesse descrever o sentido do movimento realizado pelo membro superior do jogador, você poderia dizer que seu braço se movimentou no sentido horário, enquanto seu tronco se movimentava para frente (ou direita/esquerda, dependendo da posição). Diversos exemplos poderiam ser dados: um corredor que se desloca horizontalmente para frente; um salto vertical ou horizontal; um passe de peito no basquete horizontal para esquerda; desnecessário apresentar mais exemplos, basta se atentar cuidadosamente ao que se refere direção e sentido de um movimento, para que não ocorra erros para descrição dos mesmos, ainda mais em situações onde se necessita combinar direção e sentido com outras grandezas cinemáticas, como deslocamento, velocidade e aceleração. Deslocamento e Distância Percorrida Você pode até questionar: deslocamento e distância percorrida, não são a mesma coisa? Em alguns momentos até pode ser que sim, mas a resposta correta para tal questionamento seria: Não, deslocamento e distância percorrida não se referem à mesma coisa. Para entender a diferença entre essas duas grandezas cinemáticas, você primeiro precisa se recordar de suas aulas do Ensino Médio sobre Álgebra Vetorial. Existem grandezas físicas escalares e vetoriais. Grandezas escalares são descritas apenas a partir de sua magnitude (ou quantidade), ou seja, apenas por um valor número acompanhado de sua respectiva unidade de medida. 14 15 Por exemplo, dizer que se passaram 30 segundos (30 s) desde que você iniciou a leitura deste parágrafo, dizer que neste momento a temperatura está por volta dos 23 graus Celsius (23º C), ainda, dizer que você correu ou caminhou 2 quilômetros (2 km) ontem pela manhã, esses são todos exemplos de grandezas que para serem descritos necessitam apenas de um valor numérico representando sua magnitude acompanhado da unidade de medida – em nosso caso, baseado noSistema Internacional de medidas (SI). Entretanto, existem situações em que precisamos descrever algo, e apenas a magnitude pode não ser suficiente, faz-se necessário apresentar também a direção e sentido. Esse é o caso das grandezas vetoriais, as quais também são descritas por um valor numérico que representa sua magnitude e respectiva unidade de medida, mas no caso, são representados por vetores (setas), que indicam a direção e o sentido do movimento. Por exemplo, dizer que a velocidade de um corpo variou pode não ser suficiente, pois pode ter variado para mais ou para menos, informar a direção (e sentido) do movimento permite saber se um corpo acelerou ou desacelerou, dizer se a velocidade aumentou ou diminui, dizer se a força que atuou sobre uma bola acelerou ela para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo. Vetores são segmentos de reta orientados, que possuem magnitude, direção e sentido. A magnitude de um vetor é o seu tamanho ou comprimento e a orientação do símbolo do representa sua direção e sentido, as figuras a seguir ilustram vetores de força em diferentes magnitudes, direções e sentidos. Para mais informações sobre grandezas vetoriais. https://goo.gl/pPuCneEx pl or Figura 5 – Representação de vetores com magnitudes, direções e sentidos diferentes em situações diversas de movimento Fonte: Adaptado pelo autor 15 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Feitas essas rápidas considerações iniciais sobre grandezas escalares e vetoriais, podemos então discutir as variáveis cinemáticas importantes desta seção. Um primeiro ponto a ser destacado é que enquanto distância percorrida é uma grandeza escalar, sendo representada apenas por um valor numérico que indica sua magnitude, deslocamento é uma grandeza vetorial, ou seja, que também leva em consideração a direção e o sentido do movimento. Um exemplo fácil para iniciarmos a distinção entre essas duas grandezas é a corrida de 400 metros no atletismo. Se você fosse descrever a distância percorrida por atleta nessa prova você obviamente responderia 400 metros, e estaria correto em sua resposta. E se fosse perguntado sobre o deslocamento? Muitos poderiam simplesmente responder 400 metros também, até por entenderem essas grandezas cinemáticas distância percorrida e deslocamento como se referindo à mesma coisa, considerando esses termos como sinônimos. Na verdade, a resposta correta agora não seria tão óbvia, já que o deslocamento desse atleta na verdade seria igual a zero. Isso mesmo, zero! Hora de entender o porquê disso a partir das definições dessas variáveis. Importante! Distância percorrida (ou também denominada trajetória) é o comprimento propriamente dito do caminho percorrido pelo corpo ou objeto cujo movimento é descrito, levando em consideração sua posição inicial e/ou de partida até sua posição final e/ou de chegada. Já deslocamento é a distância em linha reta que um corpo e/ou objeto cujo movimento é descrito percorreu, só que em um sentido específico, a partir de uma posição inicial para uma posição final. Ambas as variáveis são unidades de comprimento e, portanto, são descritas em metros (m). Importante! Figura 6 – Representação das grandezas distância percorrida e deslocamento em um percurso qualquer realizado por uma pessoa Fonte: Elaborado pelo autor Se você pudesse se locomover da sua casa para o trabalho, ou qualquer outro lugar específico que deseje ir, sem precisar mudar direção e sentido nenhuma vez, ou seja, pudesse se movimentar somente em linha reta para seu destino, nessa condição poderíamos dizer que sua distância percorrida e seu deslocamento correspondem ao mesmo valor. Imagine-se na extremidade de uma sala, você então anda cerca de 5 metros em linha reta para chegar até a outra extremidade da sala, logo, sua distância percorrida é 5 metros e seu deslocamento também. Você sabe que essa condição de movimento em linha reta da sala não se aplica à condição do percurso 16 17 de sua casa para qualquer outro lugar. Quando saímos de casa até podemos andar alguns quarteirões em linha reta, mas logo precisar virar à direita ou à esquerda, subir ou descer uma rua inclinada, desviar de pessoas ou objetos na calçada, ou seja, a trajetória que você realiza envolve mudança de direções e sentidos, não ocorre em uma linha reta até seu destino, algo que é ilustrado na Figura 6. Perceba então que sua trajetória (distância percorrida) será maior que seu deslo- camento, pois enquanto deslocamento é dado pela subtração da posição final pela inicial (Deslocamento = Posição final – Posição inicial ou, simplificadamente, Deslo- camento = ∆ posição), a trajetória corresponde ao comprimento do caminho que foi percorrido. Conforme é exemplificado na Figura 6, digamos que se traçada uma linha reta da sua casa a um destino qualquer fosse encontrado um comprimento de 30 km, mas o caminho que você percorre na verdade é de 50 km. Imagine um corredor que percorre 100 metros em uma pista reta. Nessa condição seu deslocamento e sua distância percorrida seriam 100 metros (matematicamente, Deslocamento = 100 m – 0 m). Digamos que esse corredor, na posição final 100 metros, retorna correndo à posição inicial também em linha reta, como no percurso de ida. Nessa condição agora teríamos a distância percorrida igual 200 metros (distância = 100 m + 100 m) e o deslocamento do corredor igual a zero, já que a posição inicial e final do corredor é 0 metros (matematicamente, Deslocamento = 0 m – 0 m). Um nadador que atravessa (em linha reta) uma piscina de 25 metros tem sua distância percorrida e deslocamento igual a 25 metros. Já um nadador que vai até o fim e volta à posição inicial nessa mesma piscina de 25 metros tem sua distância percorrida igual a 50 metros e seu deslocamento igual a zero. E se o nadador percorresse 5 vezes esse caminho de ida e volta? É só você multiplicar os 50 metros por 5, ou seja, ele teria percorrido uma distância de 250 metros, mas seu deslocamento continuaria sendo igual a zero. Desnecessário apresentar mais exemplos, pois fica evidente que para distância percorria é necessário medir ou calcular o comprimento do percurso propriamente dito, enquanto para o deslocamento, grandeza vetorial, importa saber a direção e o sentido, sempre relacionando a posição final à posição inicial em linha reta. Como calcular a distância percorrida e o deslocamento de uma pessoa que andou 10 metros para frente (em linha reta) e em seguida 9 metros para direita (também em linha reta)? Para distância percorrida, basta somar as distâncias, encontrando- se um valor de 19 metros. E como calcular o deslocamento? Se você representar as distâncias para frente (a = 10 m) e para direita (b = 9 m) por vetores e, em seguida, traçar um vetor resultante representando o deslocamento em linha reta da posição inicial para posição final (c = ?), você encontrará uma figura geométrica, o triângulo retângulo (com um dos ângulos à 90 graus), conforme representado na Figura 7. A partir do teorema de Pitágoras, se você possui os dois lados menores (catetos) de um triângulo você pode encontrar o lado maior (hipotenusa) a partir da seguinte relação: o quadrado do lado maior é igual à soma dos quadrados dos outros dois lados (matematicamente, c² = a² + b²). 17 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Caso não se lembre do teorema de Pitágoras, talvez seja necessário você revisá-lo, para isso, você pode acessar um dos livros da Referência básica desta Unidade (HALL, 2009), especificamente o Apêndice B sobre funções trigonométricas. Ex pl or Figura 7 – Representação do cálculo de deslocamento pelo teorema de Pitágoras Fonte: Elaborado pelo autor Utilizando-se o teorema de Pitágoras para encontrar o deslocamento de uma pessoa que andou 10 metros para frente (em linha reta) e, em seguida, 9 metros para a direita (também em linha reta), encontra-se um vetor resultante representando o deslocamento dessa pessoaque foi de 13,4 metros. Outras formas são utilizadas para se encontrar o deslocamento de uma pessoa, por exemplo, em triângulos retângulos pode-se utilizar as funções trigonométricas de seno, cosseno e tangente, caso se obtenha um dos ângulos diferentes de 90 graus desse triângulo os quais são formados pela inclinação dos vetores. Para mais exemplos de como calcular o deslocamento você pode acessar um dos livros da referência básica desta Unidade (MCGINNIS, 2015), especificamente o capítulo 2, sobre cinemática linear. Ex pl or Velocidade e Rapidez Uma vez abordados com maiores detalhes as diferenças entre deslocamento e distância percorrida, fica mais fácil abordamos as diferenças entre velocidade e rapidez. Provavelmente, você pode acabar também achando que velocidade e rapidez se referem à mesma coisa, assim como ocorrido para deslocamento e distância percorrida. Mas não, essas grandezas não se referem à mesma coisa! Apesar de algumas vezes poderem refletir os mesmos valores para descrever o quão rápido um corpo ou objeto se movimenta, velocidade é uma grandeza vetorial e rapidez uma grandeza escalar. Podemos então dizer que velocidade leva em consideração o deslocamento de um corpo ou objeto no espaço e rapidez leva em consideração a distância percorrida desse mesmo corpo ou objeto no espaço, podendo, assim, serem correspondentes ou não. Para melhor compreender essas grandezas cinemáticas – velocidade e rapidez –, vejamos suas respectivas definições. 18 19 Importante! Velocidade (ou também denominada velocidade linear) é a relação entre o desloca- mento e o tempo em uma direção específi ca. Velocidade também pode ser descrita como a taxa de movimento em um sentido particular, ou simplifi cadamente, a taxa de deslocamento. Como deslocamento é uma grandeza vetorial, velocidade também é, tendo uma magnitude (número), direção e sentido associados a si. Já rapidez (ou também denominada de velocidade escalar), é a relação entre a distância e o tempo, representa o quão rápido o corpo está se movimentando ou, simplifi cadamente, é a taxa de movimento ou a taxa de distância percorrida. Para descrição de rapidez basta então um valor numérico e sua respectiva unidade de medida. Tanto velocidade e rapidez são comumente apresentados em metros por segundo (m/s) ou quilômetros por hora (km/h). Importante! Se rapidez é a taxa de movimento e velocidade é a taxa de movimento em um sentido específico, pode-se dizer que quando um corpo ou objeto se movimenta em linha reta, rapidez e velocidade são equivalentes, ou seja, referem-se à mesma coisa. A taxa de movimento de um corpo pode ser calculada, sendo denominada rapidez média a distância percorrida dividida pelo tempo gasto para percorrê-la e velocidade média o deslocamento (variação de posição) dividido pelo tempo gasto (variação de tempo). Matematicamente, essas grandezas físicas, rapidez e velocidade, podem ser descritas da seguinte forma: ν ν= = ∆ ∆ = −distância percorrida tempo gasto d t posição pofinal_ _ ssição tempo tempo inicial final inicial− Onde: v = rapidez. v = velocidade. ∆d = variação de distância em linha reta (deslocamento). ∆t = variação de tempo. Digamos que um nadador atravessa um rio com 0,9 km de extensão em 30 minutos. É possível calcular a rapidez do nadador? Antes de responder a essa pergunta, observe a representação do problema levantado: TRAJETÓRIA REALIZADA d = 0,9 km Figura 8 – Representação do percurso realizado por um nadador que atravessa um lago de 0,9 km de extensão 19 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Se você compreendeu as diferenças entre deslocamento e distância percorrida, de imediato você notou que esse nadador tem um valor específico de deslocamento, uma linha reta traçada da posição inicial até a posição final que coincide com a extensão do rio (0,9 km), o que não corresponde necessariamente à trajetória realizada pelo mesmo (conforme ilustrado na Figura 8), já que dificilmente ele nadaria toda extensão do lago em uma linha totalmente reta (podendo, inclusive, haver alguma correnteza nesse rio que influenciasse), sendo então sua distância percorrida um pouco maior que seu deslocamento. Pelos dados apresentados até então é possível de ser obtida a velocidade média desse nadador, conforme o cálculo a seguir: ν = ∆ ∆ = − − d t posição posição tempo tempo final inicial final iniciall ν ν = ∆ ∆ = − − = = d t km h 0 9 0 0 5 0 0 9 0 5 1 8 , , , , , / Sendo, Posição final = 0,9 km Posição inicial = 0 Tempo final = 30 min, que equivale a 0,5 h Tempo inicial = 0 A velocidade média do nadador ao atravessar o rio foi de 1,8 km/h, ou seja, sua taxa de movimento em um sentido específico ou taxa de deslocamento foi de 1,8 quilômetros por hora. Perceba que é necessário relacionar medidas correspondentes, como no caso de relacionar quilômetros a horas (como no exemplo, transformando 30 minutos para 0,5 horas) ou de relacionar metros a segundos. Poderia se calcular a velocidade média do nadador, transformando 0,9 quilômetros para 900 metros e 30 minutos para 1.800 segundos, onde dividindo- se 900 metros por 1.800 segundos se encontraria a velocidade média de 0,5 m/s. Para converter m/s para km/h basta multiplicar por um valor constante de 3,6, o mesmo valor constante válido para transformar de km/h para m/s, onde no caso basta dividir por 3,6. Se você multiplicar 0,5 m/s por 3,6 você encontrará 1,8 km/h, da mesma forma se dividir 1,8 km/h por 3,6 encontrará 0,5 m/s, refletindo a mesma taxa de movimento, só que em unidades de medidas diferentes. Respondendo então à pergunta inicial do problema: não, não é possível calcular a rapidez média do nadador, mas somente a velocidade média, pois não se sabe ao certo qual foi sua distância percorrida, mas somente seu deslocamento. Digamos então que esse nadador tenha percorrido uma distância de 1 km para atravessar esse rio de 0,9 km de extensão. Nessa condição, sim, além de se poder obter a velocidade média do nadador, poderia se obter a rapidez média do mesmo, bastando somente calcular dividindo a distância percorrida de 1 km pelo tempo gasto de 0,5 h (30 minutos), obtendo-se então uma rapidez média de 2 km/h. Se você dividir 2 km/h pelo valor constante de 3,6 você consegue transformar a rapidez média para 0,56 m/s, o que é correspondente. 20 21 Quando utilizar m/s ou km/h, já que se referem à mesma coisa? Basta você pensar quando descreve algo em centímetros e não em metros, em metros e não quilômetros, ainda, em segundos e não minutos, em minutos e não horas, o que nos faz escolher a unidade de medida que vamos utilizar? Justamente a quantidade do que estamos avaliando. Descrever a velocidade de um carro como 100 km/h é mais lógico do que dizer que a velocidade do mesmo é 27,78 m/s. Outra justificativa que define a unidade de media que vamos escolher é a unidade de medida dos dados que temos disponíveis. Se tenho as informações em metros e em segundos, é mais fácil calcular em m/s do que transformar cada um dos valores para calcular em km/h. Desnecessário apresentar mais exemplos, você provavelmente já esteja acostumado com essa variável cinemática que relaciona uma unidade de comprimento com uma unidade de tempo, afinal, você frequentemente descreve no seu dia a dia à rapidez (velocidade) de um carro, de uma pessoa que está correndo, de uma bola que foi chutada, cortada, rebatida etc. Aceleração Agora que você já possui um grande repertório para descrever o movimento humano, pode descrever a posição, o deslocamento, a distância percorrida, a velocidade, a rapidez, tudo dependendo do seu objetivo para relacionar ou não à direção e sentido do movimento humano, utilizando grandezas vetoriais (deslocamento e velocidade) ou grandezas escalares (distância percorrida e rapidez). Que outra grandeza cinemática importante ainda nos falta abordar? A aceleração! Certamente você já deve ter ouvido falar dessagrandeza, utiliza ela inclusive para dizer que um carro aumentou ou diminuiu a velocidade (acelerou ou desacelerou), como uma pessoa que aumentou ou diminui sua velocidade na corrida e por consequência venceu uma corrida, ainda, uma bola chutada que perdeu velocidade após atingir certa distância etc. Aceleração é uma grandeza escalar ou vetorial? Assim como nas associações de grandezas que fizemos anteriormente, você pode relacionar a aceleração levando em consideração a taxa de mudança de rapidez ou a taxa de mudança de velocidade. Em algumas situações simplesmente informar um valor numérico (magnitude) já é suficiente para descrever a aceleração, por exemplo, ao descrever a variação de velocidade ao longo do tempo de um carro que estava parado e passou a estar em movimento, obviamente, você dirá que o carro acelerou, pois, parte de uma velocidade inicial igual a zero. Mas essa não é a única condição em que se utiliza a variável aceleração. Na verdade, ela é muito mais associada como uma grandeza vetorial, pois na maioria das vezes descreve a mudança de velocidade de um corpo ou objeto ao longo do tempo, associando a um sentido e/ou direção específica de movimento. Que tal definirmos logo o que vem ser a aceleração para então partimos para sua aplicação? 21 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Importante! Aceleração pode ser definida como a taxa de mudança (variação) da velocidade. Um corpo acelera se a magnitude ou direção de sua velocidade se altera. Vamos resumir em três pontos importantes para que seja possível entender melhor o que vem a ser essa grandeza cinemática. (1) Se seu corpo está parado ou sua velocidade é constante, não há variação de velocidade e, portanto, não há aceleração ou ela é igual a zero. (2) Se sua velocidade está aumentando, sua aceleração é no sentido do movimento, algo que geralmente é representado por um número positivo. (3) Se sua velocidade está diminuindo, sua aceleração é no sentido oposto ao de seu deslocamento, algo que geralmente é representado por um número negativo ou entendido como uma “aceleração negativa” ou também como uma “desaceleração”. Importante! Perceba que o sentido do movimento não indica o sentido da aceleração. Quan- do você começa a correr em uma competição, você imediatamente aumenta sua velocidade acelerando o seu corpo (aceleração positiva) no sentido em que o mo- vimento está ocorrendo. Entretanto, após algum tempo de corrida onde já tenha atingido sua velocidade máxima e não consiga mais mantê-la você começa a perder velocidade (diminuí-la) e, consequentemente, seu corpo está desacelerando (acele- ração negativa) no sentido contrário ao que você está correndo, ou seja, apesar de continuar correndo para frente, sua aceleração é para trás. Matematicamente, a aceleração média de um corpo é dada a partir da mudança (variação) de velocidade (em m/s) dividida pelo tempo que levou para essa velocidade mudar (em s), confor- me representado a seguir: a t t t final inicial final inicial = ∆ ∆ = − − ν ν ν Onde a refere-se à aceleração média em metros por segundo ao quadrado (m/ s²), e as demais letras são as mesmas já utilizadas anteriormente para representar a velocidade (v) e o tempo (t). Imagine um corredor na prova de 100 metros do atletismo. Ao sinal de largada, ele corre aumentando sua velocidade até 7 segundos de prova, quando atinge sua velocidade máxima de 11 m/s, perto dos 60 metros de prova. Ele consegue manter essa velocidade máxima por 2 segundos (até por volta dos 80 metros de prova), entretanto, após isso acaba diminuindo sua velocidade para 10,5 m/s até o momento em que cruza a linha de chegada, 12 segundos depois de ter começado a prova. Nesse exemplo, você pode calcular a aceleração em diferentes momentos de prova. Primeiro, qual seria a aceleração média do corredor até atingir sua velocidade máxima aos 7 segundos de prova? Observe a resolução: a t m s= ∆ ∆ = − − = ν 11 0 7 0 1 57 2, / 22 23 Nessa condição, o corredor teria acelerado 1,57 m/s² ao longo dos primeiros 60 metros de prova. Se ele mantém a velocidade máxima por 2 s, qual seria a aceleração média nesse intervalo de tempo? Para responder tal questionamento não seria necessário qualquer cálculo matemático, já que se a velocidade foi mantida a mesma então foi constante e, consequentemente, não houve taxa mudança de velocidade, ou seja, a aceleração é igual a zero pois o corpo não acelerou nem desacelerou. Mesmo assim, observe a resolução: a t m s= ∆ ∆ = − − = = ν 11 11 9 7 0 2 0 2/ E se agora quiséssemos saber o quanto sua velocidade diminuiu nos últimos 20 metros de prova? Sabemos que sua velocidade variou (diminuiu) de 11 m/s para 10,5 m/s no intervalo de tempo de 3 segundos, ele finalizou a prova 12 segundos após o início, e iniciou a perda de velocidade a partir dos 9 segundos de prova. Como seria a aceleração média? Observe a resolução: a t m s → = = − − = − = − ∆ ∆ ν 10 5 11 12 9 0 5 3 0 17 , , , / ² Perceba que agora a aceleração é negativa, -0,17 m/s², o que justamente representa a perda de velocidade do corredor, que apesar de continuar se movimentando no mesmo sentido do início da corrida quando acelerava seu corpo, agora, a aceleração é negativa porque ocorre no sentido contrário ao do movimento, seu corpo na verdade está se desacelerando. Diversos exemplos semelhantes podem ser encontrados na Educação Física. Em diversas situações do esporte uma pessoa está correndo e modifica sua velocidade quanto muda de direção e/ou sentido e, consequentemente, desacelera e depois novamente acelera. Qualquer objeto ou implemento utilizado na prática de atividade física e esporte pode variar sua velocidade acelerando ou desacelerando, por exemplo, uma bola quando chutada aumenta progressivamente sua velocidade, ou seja, acelera, mas após algum tempo vai perdendo sua velocidade desacelerando até parar completamente. Uma bola que está rolando desacelera por conta do atrito com o chão que freia o seu movimento, algo que será abordado na próxima Unidade. Já uma bola que foi lançada ao ar também desacelera por conta da força da gravidade que age sobre ela, outra força que além da força de atrito, será abordada na próxima Unidade. Cabe-nos agora abordar ao que se refere um corpo ou objeto que foi lançado ao ar e modifica sua velocidade após um determinado período de tempo, algo denominado projétil. 23 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Cinemática do Movimento de Projéteis Importante! O que é um projétil? Por que estudar movimentos dos mesmos é importante? Onde se aplica na Educação Física? São perguntas que você pode estar se fazendo neste exato momento. Em primeiro lugar, você sabe o que é um projétil, talvez só não saiba ainda que sabe. Segundo, você também já viu projéteis na Educação Física, talvez ainda só não tenha feito a associação. Agora, para responder porque estudar os movimentos dos mesmos seria algo importante será necessário verificar outras informações. Já parou para pensar que o movimento de uma bola lançada ou chutada para frente e para cima é muito parecido, fazendo uma espécie de parábola no ar? Independente da massa da bola, o material, o tamanho, ela subirá e imediatamente após parar de subir, descerá. Uma pessoa também, quando salta buscando certa distância, faz um desenho de uma parábola no ar, com o movimento do seu corpo que assim como uma bola, parece ter sido lançado. Sim, você realmente sabe o que é um projétil. Já viu esses exemplos que são encontrados inclusive nas aulas de Educação Física: chu- tar, rebater, lançar uma bola, independentemente de suas propriedades físicas, ou simplesmente a realização de um salto, são todos esses exemplos de projéteis onde a força que atua sobre eles delimitará o alcance, a altura máxima e o tempo de voo dos mesmos. Agora que você sabe que já sabe, podemos definir o que é um projétil. Trocando ideias... Figura 9 –Trajetória parabólica de uma bola lançada, que é um exemplo de projétil Importante! Projétil é um corpo (objeto ou pessoa) que é projetado ou lançado ao ar e que está sujeito somente à ação da gravidade e à resistência do ar. Em qualquer instante do movimento do projétil a aceleração é a força da gravidade (representada pela letra g), ou seja, essa aceleração é constante durante todo o movimento. A aceleração da gravidade na terra é 9,81 m/s², valor importante a ser memorizado, pois frequentemente poderá ser utilizado para a realização de cálculos referentes ao alcance, altura máxima e tempo de voo de um projétil. Importante! 24 25 Imagine um objeto em queda livre, como uma bola que cai em linha reta de uma cesta de basquete em direção ao chão, essa bola acelera a 9,81 m/s². Digamos que a queda livre acontece de um lugar mais alto, como um mergulhador que salta de plataforma e desce verticalmente em direção à água. No primeiro segundo de queda desse projétil (mergulhador) sua velocidade é justamente o valor da aceleração da gravidade. Caso essa distância na vertical seja alta o suficiente para que esse projétil fique por dois segundos no ar, a velocidade alcançada é de duas vezes o valor da gravidade, ou seja, a velocidade passa a ser 19,62 m/s. Após três segundos a velocidade seria 29,43 m/s, após quatro segundos a velocidade seria 39,24 m/s e assim sucessivamente. Note que a velocidade aumenta 9,81 m/s a cada segundo, logo, acelera 9,81 m/s², é claro, desprezando-se a resistência do ar, que apesar de nem sempre influenciar de forma efetiva no movimento de um projétil, nem sempre pode ser desprezada. Em uma situação em que uma bola é lançada verticalmente para cima, essa bola subirá de acordo com força exercida sobre ela, desacelerando proporcionalmente à força da gravidade, que nessa condição enquanto a bola sobe pode ser representada como sendo uma aceleração negativa (-9,81 m/s²), já que atua justamente no sentido oposto do movimento da bola. Uma pessoa que salta verticalmente também se comporta como um projétil e seu corpo desacelera conforme sobe assim como ocorre com a bola. Após a bola ou corpo que salta atingir o que seria o ápice de altura, imediatamente após os mesmos se tornam projéteis em queda livre, conforme já abordado. Obviamente, nem sempre o projétil sobe e desce verticalmente. Na verdade, o mais comum, inclusive na Educação Física e no esporte, é que esse projétil faça um dese- nho parabólico no ar, conforme é representado na Figura 10. Lançamento do dardo, arremesso de peso, salto em altura, salto em distância, passes e finalizações no futebol, basquetebol, handebol, saques e toques no voleibol, rebatidas no tênis, no taco, no badminton, são esses apenas alguns exemplos de uma grande quantidade de projéteis que podem ser observados na Educação Física e no esporte. Todos os projéteis terão uma altura máxima a atingir e, consequentemente, um tempo para alcançar essa al- tura máxima denominado tempo de subida. Se possuem um tempo subida, possuem também, obviamente, um tempo de descida, que pode ou não corresponder ao tem- po de subida. O projétil que não é lançado exatamente na vertical possui também um alcance, que representa a distância alcançada pelo mesmo na horizontal. Tempo subindo até o ápice Ápice Alcance 0 Tempo descendo do ápice Figura 10 – Representação do movimento parabólico de um projétil Fonte: Adaptado pelo autor 25 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano O tempo total que o projétil permanece em voo, levando em consideração tanto o tempo de subida quanto o tempo de descida, é denominado tempo de voo. Os valores atingidos de distância (altura máxima e alcance) e de tempo (tempo de voo, tempo de subida e de descida) serão delimitados por três fatores principais: (1) ângulo de lançamento do projétil; (2) velocidade de lançamento (saída) do projétil; e (3) altura relativa de lançamento do projétil. A seguir esses três principais fatores serão sucintamente abordados. Ângulo de Lançamento de um Projétil O que determina, principalmente, o “formato” da trajetória do projétil (seu desenho parabólico) é seu ângulo de projeção (lançamento). Na verdade, os efeitos da resistência do ar também determinam esse formato da trajetória, mas como nem sempre esse é um fator que está presente (ou que se presente possua um efeito tão grande assim para influenciar nessa trajetória), podemos aqui, até de certa forma, desprezar esses efeitos, até por conta de nossos objetivos de estudo. Alterações na magnitude de força que atua em um projétil e, consequentemente, alterações na velocidade de lançamento afetam no tamanho da trajetória, mas o formato depende predominantemente do ângulo em que foi lançado esse projétil. Se o ângulo de lançamento for exatamente vertical (em um ângulo de 90 graus), a trajetória também será exatamente vertical, com projétil seguindo o mesmo trajeto retilíneo tanto para subir quanto para descer. Se o ângulo de lançamento for exatamente horizontal (em um ângulo de 0 graus e/ou sem angulação), a trajetória do projétil será semelhante à metade de uma parábola, sem movimento de subida, mas apenas de descida. Entretanto, se esse ângulo de lançamento for oblíquo, variando sua angulação entre 0 e 90 graus, a trajetória será parabólica, ou seja, seu formato será semelhante ao de uma parábola, conforme já demonstrado na Figura 10. 75O X Y 60O 45O 30O 15O Figura 11 – Exemplos de ângulos de lançamento oblíquo de projéteis 26 27 Uma parábola é simétrica, onde suas metades esquerda e direita são imagens espelhadas uma da outra. A Figura 11 apresenta exemplos de trajetórias parabólicas de um projétil. O ângulo de lançamento de um projétil tem implicações diretas no sucesso dentro da atividade física e esporte. Por exemplo, note que para um maior alcance, o ângulo ideal na projeção de um projétil deve ser em torno de 45 graus, algo que é objetivo em modalidades esportivas como arremesso de peso e lançamento do dardo. Outro exemplo é a cesta no basquete, no qual um ângulo íngreme de entrada da bola para a cesta permite uma margem de erro bem maior se comparado com um ângulo de entrada mais raso. Diversos poderiam ser os exemplos de ângulos dentro das possíveis atividades dentro da Educação Física, como num saque de vôlei que busque o fim da quadra, uma cortada de tênis em que a bola caia próxima a rede, um chute no futebol que busque encobrir o goleiro. Para mais informações e exemplos sobre o ângulo de lançamento de um projétil, você pode acessar um dos livros de Referência básica desta Unidade (HALL, 2009), especifi camente o capítulo 10, sobre cinemática linear do movimento humano. Ex pl or Velocidade de Lançamento de um Projétil Uma vez que o ângulo de projeção e outros fatores (como a resistência do ar e a altura relativa) não mudem, o que determinará a trajetória de um projétil é a velocidade de lançamento. Por exemplo, um projétil que é lançado verticalmente para cima, o que determinará sua altura máxima e, consequentemente, seu tempo de voo será justamente sua velocidade de saída (inicial). Apesar de ainda não termos estudado a cinética do movimento humano e dos objetos e/ou implementos utilizados na prática de atividade física e esporte, Ciência que trata justamente das forças que aceleram os corpos e objetos diversos, você provavelmente já sabe (ainda que por vivência) que quanto mais força atua sobre um objeto em determinada direção e sentido mais ele acelera, ou seja, maior sua velocidade de movimento. No caso dos projéteis, obviamente, isso ocorre da mesma maneira, quanto mais força atuando sobre um projétil maior sua velocidade de saída e, consequentemente, isso influenciará a trajetória do mesmo. No caso de um projétil que possui um ângulo de lançamento oblíquo, velocidade de saída desse projétil será determinante tanto em sua altura máxima (deslocamento vertical) como também em seu deslocamento horizontal,algo que já denominamos de alcance anteriormente. Imagine que você deseja realizar um salto horizontal partindo da posição parada. Quanto maior sua força de impulsão (algo que será explorado em nossa próxima Unidade) maior será sua velocidade de saída, algo que será fundamental para um maior alcance nesse salto. Um jogador de handebol combina ao seu salto o arremesso da bola ao gol, e quanto maior seu salto, maior seu tempo de voo e mais próximo ao gol ele estará, algo que poderá facilitar sua finalização. Um jogado de vôlei quando salta verticalmente na rede, um jogador de basquete quanto salta em direção à cesta, um jogador de futebol que salta para cabecear uma bola, são todos exemplos de como a velocidade de saída pode ser importante para o desempenho. 27 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Na verdade, a velocidade de saída de um projétil em um ângulo oblíquo é uma velocidade resultante de componentes (ou vetores) de velocidade horizontal e verti- cal. O componente (ou a velocidade) vertical que determinará a altura e o tempo de voo de um projétil. Já o componente (ou a velocidade) horizontal que determinará o alcance máximo de um projétil. Para que seja possível se obter essas velocidades, pode-se utilizar a velocidade de saída resultante junto com o ângulo de lançamento do projétil, justamente a partir das funções trigonométricas seno e cosseno. Para mais informações e exemplos sobre a velocidade de saída de um projétil, inclusive como calcular suas componentes horizontal e vertical, você pode acessar um dos livros da Referência básica desta Unidade (HALL, 2009), especificamente o capítulo 10, sobre cinemática linear do movimento humano. Você também pode acessar o livro da Referência básica desta Unidade elaborado por McGinnis (2015), especificamente o capítulo 2, sobre cinemática linear do movimento humano, a fim de adquirir melhores informações sobre como calcular as componentes vertical e horizontal da velocidade de saída de um projétil. Ex pl or Altura Relativa de Lançamento de um Projétil O terceiro fator principal que afeta a trajetória de um projétil é a altura relativa de lançamento. E o que é essa altura relativa de lançamento? Podendo também ser denominada altura relativa de projeção, corresponde à diferença entre a altura de saída (inicial) a partir da qual o corpo ou objeto foi projetado e a altura na qual o mesmo aterrissa, ou seja, a diferença entre a altura de saída e a altura de chegada (final). Por exemplo, uma pessoa que arremessa um objeto a uma altura de 1,5 metro e o mesmo aterrissa no chão (que apresenta o mesmo nível de onde foi lançado), esse projétil possui justamente uma altura relativa de 1,5 metro. Outra situação seria uma bola chutada a partir do chão, como um goleiro que cobra o tiro de meta, suponhamos que essa bola viaje pelo campo e aterrisse com um jogador dominando a mesma de cabeça ou de peito, a altura relativa corresponderá à diferença entre a altura de onde essa bola foi dominada e o chão. Uma terceira situação que ainda poderia ser exemplificada seria um arremesso à cesta de basquete, nessa situação a bola sai de determinada altura (altura do jogador com os membros superiores suspensos ou, ainda, após um salto do mesmo) e chega em uma altura maior (altura da cesta) do que a altura que foi lançada. A altura relativa corresponderá à diferença entre a altura que a bola foi lançada e a altura da cesta. Diversas outras situações no esporte poderiam ser exemplificadas, entretanto, as condições de altura relativa se resumem em três tipos: (1) saída e chegada em uma mesma altura, como uma boa chutada ao alto do chão e que para no chão, o que equivale a uma altura relativa igual a zero e, portanto, com apenas o ângulo e a velocidade de saída influenciando na trajetória desse projétil; (2) saída de determinada altura e chegada em uma altura inferior, como em uma bola de vôlei que foi sacada e aterrissou no fim da quadra da equipe adversária; e (3) a saída de uma altura inferior para uma altura superior, como no exemplo já dado do arremesso à cesta no basquete. A seguir essas três condições são representadas na Figura 12: 28 29 Tempo subindo até o ápice Ápice Alcance 0 Tempo descendo do ápice Tempo subindo até o ápice Ápice = + - Alcance 0 Tempo descendo do ápice Tempo subindo até o ápice Ápice Alcance 0 Tempo descendo do ápice Figura 12 – As três possibilidades de altura relativa de lançamento de um projétil Importante! Sempre os três fatores ângulo, velocidade e altura relativa de lançamento, estarão inter-relacionados. Quanto maior a velocidade e a altura relativa de lançamento de um projétil, maior será seus deslocamentos vertical e horizontal, ou seja, maior sua altura máxima e seu alcance. Já em relação específi ca ao ângulo de lançamento, um ângulo de 90 graus possibilitará maior altura máxima, contudo, um alcance igual a zero. Para um maior alcance o ângulo ideal seria por volta dos 45 graus, isso dependendo, é claro, da altura relativa de lançamento. Para a otimização de um lançamento, os três fatores devem ser observados e adequados de acordo com o objetivo de movimento, por exemplo, se o objetivo é um maior alcance como em uma competição em um arremesso de peso ou de salto em distância, se o objetivo é maior altura máxima como em um salto vertical para fazer uma cesta ou realizar um bloqueio, seja no basquete ou em outras atividades como no vôlei. Ainda, se o objetivo é um alvo específi co, a força aplicada deve ser controlada, ou seja, a velocidade deve ser controlada juntamente com o ângulo de lançamento para que seja possível acertar esse alvo com precisão, como em uma cortada no tênis ou em um saque no vôlei que mire o fundo da quadra adversária, difi cultando a defesa. Em Síntese Para mais informações e exemplos sobre esses três fatores que infl uenciam a trajetória de um projétil, inclusive como calcular a altura máxima, o alcance, o tempo de voo em diferentes situações desses três fatores (ângulo, velocidade e altura relativa de lançamento), você pode acessar os livros da Referência básica desta Unidade (HALL, 2009; MCGINNIS, 2015), especifi camente os capítulos que tratam da cinemática linear do movimento humano. Nesses livros você encontrará três equações matemáticas que possibilitam predizer o movimento de projéteis, justamente pelo fato de que a aceleração dos mesmos sempre é constante na direção vertical (por conta da aceleração da gravidade que é igual a 9.81 m/s2) e na direção horizontal (como a aceleração independe da força da gravidade na horizontal, a mesma estará sempre próxima de zero, estando sujeita somente à resistência do ar). Nessas circunstâncias de aceleração constante ou uniforme, as três equações de movimento uniforme trazem informação que está relacionada às três principais variáveis cinemáticas (deslocamento, velocidade e aceleração) ao longo do tempo. Para melhores informações e exemplos práticos da utilização dessas três equações, acesse as referências acima citadas. Essas equações são apresentadas a seguir: V V atf i= + (1) d V t ati= + 0 5 2, (2) V V adf i 2 2 2= + (3) Ex pl or 29 UNIDADE Conceitos de Cinemática para Análise do Movimento Humano Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites JOGO interativo: movimento de projéteis. [20--]. https://goo.gl/YUSkH Livros Biomecânica Básica HALL, S. Biomecânica Básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Cinesiologia Clínica e Anatomia LIPPERT, L. S. Cinesiologia Clínica e Anatomia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. Leitura Atlas Fotográfico de Anatomia COLICIGNO, P. R. C. et al. Atlas fotográfico de Anatomia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. https://goo.gl/4ppM6u Manual de Cinesiologia Estrutural FLOYD, R. T. Manual de Cinesiologia Estrutural. 16. ed. Barueri, SP: Manole, 2011. https://goo.gl/bH78dT 30 31Referências HALL, S. J. Biomecânica Básica. 5. ed. São Paulo: Manole, 2009. HAMILL, J.; KNUTZEN, K. Bases biomecânicas do movimento humano. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2008. MCGINNIS, P. M. Biomecânica do esporte e do exercício. Porto Alegre, RS: Artmed, 2015. 31
Compartilhar