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LITERATURA BRASILEIRA UNIFAVENI 1. DA COLÔNIA AO ROMANTISMO - CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL A PARTIR DO MAPEAMENTO TERRITORIAL: A COLONIZAÇÃO JESUÍTICA. JESUÍTAS NO BRASIL • Os primeiros jesuítas que vieram ao Brasil chegaram com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa, em 1549. Eles eram liderados por Manuel da Nóbrega e tinham como principal missão a cristianização dos nativos e zelar pela Igreja instalada no Brasil colonial. • O padre José de Anchieta desenvolveu um manual que auxiliava na comunicação dos jesuítas com os nativos. Nesse período da história brasileira, o idioma mais comum existente aqui era a Língua Geral, que mesclava elementos do português com idiomas nativos. • Além disso, os jesuítas tiveram um importante papel educacional no Brasil, pois, além da catequese aos nativos, eles educavam os filhos dos colonos. • Outra função importante dos jesuítas foi na pacificação dos povos indígenas, pois, por meio de suas missões, conseguiram ter grande contato com esses povos. 2. A LITERATURA BRASILEIRA • A Literatura no Brasil nasceu a partir dos primeiros escritos de viajantes e missionários europeus que documentavam informações sobre a terra recém-colonizada. • A Literatura no Brasil está intrinsecamente ligada à Literatura portuguesa. Durante muito tempo, toda produção literária esteve subjugada ao pensamento português. A partir do Romantismo, nossa Literatura emancipou-se, alcançou sua autonomia e criou manifestações literárias próprias. 3. A LITERATURA JESUÍTICA • A expansão marítima realizada por portugueses e espanhóis no século XVI tinha por objetivo conquistar novas terras. Após a descoberta do Brasil, pela frota de Pedro Álvares Cabral em 1500, houve estranhamento entre os europeus e os nativos dos territórios que eles julgavam ser as Índias. • No ano de 1549 ocorre a Contrarreforma (Reforma Católica) e, com ela, os jesuítas chegam ao território brasileiro. Sua missão era a catequese dos índios e instalação de estabelecimentos de ensino no Brasil. Assim começam a aparecer as obras literárias que formam o Quinhentismo do Brasil, período literário de cartas, documentos, mapas e ensaios informativos sobre as novas terras. No que se refere à literatura jesuítica, as formas mais marcantes de sua prática eram: poesia devota, teatro pedagógico baseado em passagens da Bíblia e documentos sobre os avanços e dificuldades na catequese dos nativos. • Entre os mais importantes autores de literatura jesuítica naquele período estão Fernão Cardim, que era um missionário e Manuel da Nóbrega, sacerdote jesuíta. • Entre suas contribuições para a literatura brasileira estão a 1ª gramática da língua tupi. Os jesuítas eram padres que pertenciam à Companhia de Jesus, uma ordem religiosa vinculada à Igreja Católica que tinha como objetivo a pregação do evangelho pelo mundo. Essa ordem religiosa foi criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola e foi oficialmente reconhecida pela Igreja a partir do papa Paulo III em 1540. • O Auto de São Lourenço, uma de suas peças de maior destaque, é uma obra que abrange o espanhol, o português e o tupi para contar a história de São Lourenço, um mártir católico que morreu queimado ao se negar a renunciar a sua fé. Em uma tentativa de harmonizar os valores dos nativos com a moral católica, Anchieta dedicou uma vida ao estudo dos mitos indígenas, suas ideias e modo de vida. 4. LITERATURA JESUÍTICA E INFORMATIVA • O século XVI, no Brasil, não assistiu ao surgimento de poemas e romances: assistiu, na realidade, ao aparecimento de obras produzidas pelos jesuítas, cujo interesse pela catequese dos índios se manifestava em sua religiosidade e didatismo. • Mas, ao lado desta literatura jesuítica, um outro tipo de produção literária começou a surgir: como o Brasil era uma terra-nova, recém descoberta, inúmeros viajantes para cá se dirigiam, onde, a propósito das coisas vistas em viagem, escreviam livros sobre paisagens, plantas, animais ou índios. A estas obras chamamos literatura informativa, pois sua finalidade era apenas informar Portugal sobre a nova Terra. Figura 1 - MANIFESTAÇÕES DA LITERATURA BRASILEIRA NO SEC. XVI 4.1 Características da Literatura Brasileira do Século XVI As Principais Obras Informativas, Escritas no Século XVI são: ➢ A Carta de Pero Vaz de Caminha; ➢ História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil - Pero de Magalhães Gândavo; ➢ Tratado da Terra do Brasil - Pero de Magalhães Gândavo; ➢ Tratados da Terra e da Gente do Brasil - Fernão Cardim; ➢ Tratado Descritivo do Brasil - Gabriel Soares de Souza. A crônica histórica e informativa que se intensifica em Portugal no momento das grandes navegações, conquistas e descobertas ultramarinas testemunhando a aventura geográfica dos portugueses, os seus ideais de expansão da cristandade, assume um sentido épico e humanístico que se estende ao Brasil e logo adquire entre nós algumas características peculiares; à curiosidade geográfica e humana e ao desejo de conquista e domínio literatura jesuítico- religiosa literatura informativa Lit. jesuítica • É religiosa • Objetivo: conversão dos índios • representada principalmente pelas obras de José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, é religiosa Lit. informativa • Apresenta valor documental • fornecia à metrópole dados sobre a nossa terra. Ufanismo • Entusiasmo dos escritores ao falarem engrandecendo nossa terra. • No levantamento de tais dados, os autores, muitas vezes, entusiasmavam-se com os aspectos pitorescos de nossa natureza, exaltando-as. correspondem, inicialmente, o deslumbramento perante a paisagem exótica e exuberante [...] assim, como os ideais de catequese atestados pela literatura informativa e pedagógica dos jesuítas. 5. BARROCO Contexto histórico - Pensamento Filosófico • O Renascimento (século XVI) valoriza o homem; • Um cem-número de acontecimentos, tanto políticos como sociais: a descoberta da pólvora, a invenção da imprensa, que coloca o livro na mão de muitos (o que não ocorria antes), veio dar ao homem uma nova perspectiva da vida, que se torna confiante, passando a perguntar, a pensar, a responder. • Essa nova mentalidade, valorizadora do homem, do intelecto, contrapõe-se à visão do mundo predominante na Idade Média em que imperava uma concepção teocêntrica e espiritualista. • Na Idade Média, o homem subordina-se a Deus; já no Renascimento, torna-se quase pagão. Reagindo contra esse paganismo e contra o classicismo renascentista que se funda na crença de que não há conflito entre a ordem divina e a ordem humana, entre a alma e o corpo, entre a razão e a natureza, entre a fé e a razão; surgem o Calvinismo, o Luteranismo, a Contrarreforma que corroem os fundamentos dessa crença [...]. • Essa reação antirrenascentista fará com que o homem se veja colocado entre dois polos: de um lado os valores do humanismo, que a custo conseguirá alcançar; de outro, o espiritualismo medieval. • Confrontam-se, por isso, duas formas opostas: antropocentrismo e teocentrismo. Tentando atingir a síntese, o homem da época procura conciliar esses dois elementos. 5.1 Teocentrismo x Antropocentrismo – Tensão • Interiormente, o homem barroco percebe os desejos e atitudes contraditórias que se debatem dentro dele. Alertado pela Contrarreforma, sente, mais do que nunca, o drama de possuir um corpo mortal. Tal estado de espírito, por sua vez, gera manifestações de tensões, angústias e incertezas, manifestações que vão caracterizar um comportamento melancólico, instável. 5.2 Barroco no Brasil • A Literatura Brasileira apresenta duas grandes eras: 1) ERA COLONIAL - tem início com a vinda dos primeiros portugueses, em 1500, e se estende até 1808 com a chegada da família real ao Rio de Janeiro. 2) ERA NACIONAL - tem início em 1836, com o Romantismo e se estende até osdias de hoje. O período entre 1808 a 1836 é conhecido como Período de Transição e envolve todo o processo de independência política. Vejamos como está dividida a era colonial O Barroco foi arte do jogo de palavras e de ideias, que visavam surpreender o leitor não só através da construção cuidadosa do texto, marcado várias vezes por uma linguagem excessivamente rebuscada, mas também através de um alto poder de raciocínio lógico. • O cultismo também é chamado de Gongorismo, por ter sido muito influenciado pelo poeta espanhol Luís de Gôngora. CONCEPTISMO ou Quevedismo = Corresponde ao jogo de ideias e de conceitos, pautado no raciocínio lógico, visando ao convencimento à argumentação. • O cultismo e o conceptismo também influenciaram nossos escritores. • os textos que fazem parte eram informativos, voltados para a conquista material, para as descobertas da nova terra, ou textos escritos pelos jesuítas, voltados para a catequese. QUINHENTISMO (SÉC XVI) • compreende um longo período que se estende de 1601, com a publicação do poema Prosopopéia, de Bento Teixeira até meados do século XVIII (1768), com a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, Minas Gerais e a publicação do livro Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. • compreende duas grandes manifestações: o Barroco Literário e Arquitetônico do século XVII, principalmente na Bahia, e o Barroco mineiro do século XVIII. • As manifestações brasileiras desse período refletem a visão de mundo e a estrutura de um país-colônia, marcado pelo ciclo econômico açucareiro.. • A produção barroca no Brasil foi muito influenciada pelo Barroco europeu BARROCO (SEC. XVII) • Cochecido também como Setencismo ou neoclassicismo • inovou aspectos na literatura, arquitetura, pintura e escultura, promovendo uma grande valorização das tradições greco-romanas • A grande preocupação dos artistas dessa época era fixar padrões de beleza que pudessem resistir ao tempo, assim como as produções artísticas greco-romanas, nas quais se inspiravam. Além da harmonia e qualidade das formas, os artistas desejavam manter em suas obras o predomínio da linha reta, equilíbrio entre as cores e a simetria dos traços. ARCADISMO (SÉC. XVIII) VEJAMOS OS PRINCIPAIS AUTORES DO BARROCO NO BRASIL BENTO TEIXEIRA • Destaca-se por ser o autor do marco inicial do Barroco no Brasil, mas seu poema épico Prosopopéia não provocou muito reconhecimento na colônia. • É uma imitação de Os Lusíadas, o que era muito comum na época, também escrito em decassílabos e dispostos em oitava rima. GREGÓRIO DE MATOS • O grande representante do Barroco no Brasil. • Existem muitas dúvidas quanto à autenticidade de sua obra, isto porque Gregório de Matos não publicou nada em vida, não deixou nenhum texto autografado ou produzido de próprio punho. Sua obra permaneceu praticamente inédita até o início do século XX quando a Academia Brasileira de Letras publicou seis volumes com sua produção. • A diversidade e o antagonismo do espírito Barroco também estão presentes em Gregório de Matos. Principais características de sua obra Fugacidade (transitoriedade da vida) Insatisfação Ousadia (considerado inovador e irreverente) Dualismo (oscilou entre sagrado e profano) • Embora conhecido como poeta satírico, criticando não só as pessoas, mas também as instituições da época, Gregório de Matos apresenta uma obra vasta: BARROCO - RESUMO - Foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. Inicialmente, no final do século XVI, tratava-se de um movimento apenas destinado à catequização. - A partir do século XVII, o Barroco passa a se expandir para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas; - Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a formação de uma consciência literária brasileira. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com características barrocas, influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir um movimento propriamente dito. - Representantes – Poesia: Gregório de Matos; Prosa: padre Antônio Vieira, com os Sermões. - Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira. - Prosopopeia - Apesar de os críticos o considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu valor histórico pois foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o marco inicial do primeiro estilo de época a surgir no Brasil Um pouco mais sobre Gregório De Matos • Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador (BA) e morreu em Recife (PE). Estudou no colégio dos jesuítas e formou-se em Direito em Coimbra (Portugal). • Recebeu o apelido de Boca do Inferno, graças a sua irreverente obra satírica; • Firmou-se como o primeiro poeta brasileiro, cultivou a poesia lírica, satírica, erótica e religiosa.; • Gregório não publicou seus poemas em vida. Por essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos. 6. O BARROCO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA CULTURA - CONTEXTO HISTÓRICO • O Barroco brasileiro ocorre tardiamente, entre os séculos 17 e 18. Segue os modelos ibéricos e há grande influência espanhola, pois o Barroco começou em Portugal durante a União Ibérica • Sofre também forte influência da Contrarreforma; • é fundamentalmente uma expressão do conflito entre o humanismo renascentista e a tentativa de restauração de uma religiosidade "medieval", entre a razão e a fé, entre o material e o espiritual. POESIA SACRA (OU RELIGIOSA) •é marcada pelo conflito gerado entre a vida mundana e o a vida espiritual. Entre a consciência do pecado e o desejo de salvação POESIA AMOROSA •também encontramos a dualidade barroca oscilando entre o amor elevado, espiritual e o sensualismo e o erotismo do amor carnal. •o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do pecado. POESIA ENCOMIÁSTICA •textos de circunstância, laudatórios, destinados a elogiar pessoas importantes da época, POESIA SATÍRICA •criticou os vários tipos humanos de sua época, os costumes, os primeiros colonos nascidos no Brasil, conhecidos como “caramurus” e principalmente o relaxamento moral da Bahia, numa posição de recusa em relação à exploração da colônia; •Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos Características do estilo 1) valorização exagerada da forma: literatura marcada pelo rebuscamento da linguagem, sobrecarregando o texto com figuras de estilo 2) arte é identificada com a engenhosidade do artista que pode se dar no nível da forma (cultismo) ou do conteúdo (conceptismo) 7. O neoclassicismo • O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclassicismo, é o movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. • O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto). • Os textos produzidos foram influenciados pela cultura francesa devido aos acontecimentos movidos pela burguesia que sacudiram toda a Europa (e o mundo Ocidental). • Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. • No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa. Figura 2 - Os dois momentos do Arcadismo no Brasil, por Alfredo Bosi (2006). 8.1 Arcádia Submarina • Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundad em 1690) ecujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de sentimentos fictícios. Poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia Ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero. Contexto • Ascensão do Iluminismo (racionalismo e progresso nas ciências); • Independência dos EUA (1776); • Movimentos de independência na América; • Revoluções e inconfidências, e chegada da família real no Brasil; • Aristocracia em declínio; 8.4 A Importância do Arcadismo • Durante a vigência do Arcadismo, estabeleceu-se este sistema (literário) - embora tímido - e que não mais seria destruído. • a construção de um incipiente sistema literário durante o Arcadismo, representa o primeiro e decisivo passo no processo de fundação da literatura brasileira. 9 O NEOCLASSICISMO E ILUSTRAÇÃO • Neoclassicismo é um movimento artístico que se desenvolveu especialmente na arquitetura e nas artes decorativas. • Floresceu na França e na Inglaterra, por volta de 1750, sob a influência do arquiteto Palladio (palladianismo), e estendeu-se para o resto dos países europeus, chegando ao apogeu em 1830. • Mais do que um ressurgimento de estética antiga, o Neoclassicismo relaciona fatos do passado aos acontecimentos da época. Os artistas neoclássicos tentaram substituir a sensualidade e trivialidade do Rococó por um estilo lógico, de tom solene e austero. • Surgiram os primeiros edifícios em forma de templos gregos, as estátuas alegóricas e as pinturas de temas históricos. As encomendas já não vinham do clero e da nobreza, mas da alta burguesia, mecenas incondicionais da nova estética. • Surgido para dar sustentação à revolução francesa e depois ao império, o neoclassicismo, no entanto, se apóia principalmente nos países da aliança contra Napoleão, como a Alemanha e a Inglaterra. 10 A POESIA NATIVISTA E A PROSA DOS PUBLICISTAS 11 SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX • O desenvolvimento da prosa no período romântico coincide com o desenvolvimento do romance como um gênero novo que, no Brasil, chegou graças à influência dos romances europeus e do surgimento dos jornais -- que publicavam, diariamente, os folhetins, isto é, capítulos de histórias que compunham um romance. • Cronologicamente, o primeiro romance romântico publicado no Brasil foi O filho do pescador (1843), de Teixeira de Souza, porém, como o romance apresenta enredo confuso e foi considerado pelo público como "sentimentalóide". • A Moreninha (1844), de Joaquim Manoel Macedo, viria a ser considerado o primeiro romance efetivamente brasileiro por receber uma maior aceitação do público e por definir as linhas dos romance brasileiro • Os principais autores do período são: Joaquim Manoel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, José de Alencar e, constituindo o teatro nacional Martins Pena. 12 A LÍRICA ROMÂNTICA • O passo decisivo para a deflagração do movimento é a publicação da revista Niterói, em Paris, 1836, que trazia como epígrafe: "Tudo pelo Brasil e para o Brasil". • O projeto de autonomia dos autores românticos não se realizou integralmente. Todos os princípios "nacionalistas" que defenderam estavam, em maior ou menor grau, comprometidos com uma visão europeia de mundo. Além disso, o nacionalismo era feito de exterioridades, mais paisagem do que substância humana. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Exaltação da Natureza Inspiração Greco- Romana Exaltação ao homem puro Termos em latim • Os escritores românticos brasileiros buscaram, então, mais do que a independência política – buscaram a independência cultural. Figura 3 - No Brasil, o movimento romântico costuma em três momentos: 12.1 A Divisão em Gerações1 1 (1) normalmente atribuía-se a duração média de 15 anos para cada geração. A partir de meados do século XX, em função da rapidez da mudança de costumes e valores, reduziu-se este tempo para 10 anos • fase nacionalista Primeira geração • fase ultrarromântica (mal-do-século) Segunda geração • fase social (condoreira) Terceira geração 12.2 A Primeira geração GERAÇÃO NACIONALISTA • A contribuição dos teóricos europeus, o nacionalismo ufanista pós-1822 e as viagens para o exterior de uma jovem intelectualidade - nascendo daí o famoso sentimento do exílio - fornecem o quadro histórico onde aponta a primeira geração romântica. O apogeu da mesma ocorre entre 1836 e 1851, quando Gonçalves Dias publica Últimos cantos, encerrando o período mais fértil e criativo de sua carreira GONÇALVES DE MAGALHÃES (1811-1887) • Gonçalves de Magalhães coube a precedência cronológica na elaboração de versos românticos. “Suspiros poéticos e saudades” é a materialização lírica de algumas ideias do autor sobre o Romantismo, encarado como possibilidade de afirmação de uma literatura nacional, na medida em que destruía os artifícios neoclássicos e propunha a valorização da natureza, do índio e de uma religiosidade panteísta. • Durante anos, Gonçalves de Magalhães foi considerado o maior poeta pátrio. Transformou-se em símbolo oficial da literatura brasileira, merecendo inclusive grande apreço de D.Pedro II • Submetida à primeira e dura revisão crítica, com José de Alencar denunciando o artificialismo de sua composição, a obra de Magalhães começou a ser relegada a um plano secundário. GONÇALVES DIAS (1823-1864) • Antônio de Gonçalves Dias nasceu em Caxias, no Maranhão, filho de um comerciante português e de uma mulata. • Obras: Primeiros cantos (1846); Segundos cantos (1848); Sextilhas de frei Antão (1848); Últimos cantos (1851); Os timbiras (1857). • Gonçalves Dias consolidou o Romantismo no Brasil com uma produção poética de boa qualidade. Entre os autores do período é o que melhor consegue equilibrar os temas sentimentais, patrióticos e saudosistas com uma linguagem harmoniosa e de relativa simplicidade, fugindo tanto da ênfase declamatória como da vulgaridade. • No prefácio do livro de estréia, Primeiros cantos, ele define a liberdade métrica e a variedade temática que dominam a sua lírica: Muitas delas (as poesias) não têm uniformidade nas estrofes, porque menosprezam regras de mera convenção • Sua obra se articula em torno de três assuntos principais: o índio, a natureza, o amor impossível. 14 O INDIANISMO DE GONÇALVES DIAS • Em geral, essa literatura mescla elementos pitorescos (os habitantes do Novo Mundo) com a mitologia romântica européia (a teoria do bom selvagem), acrescidos de uma a visão idealizada (os índios são falsos e, às vezes, inverossímeis) e referências etnográficas que deveriam conferir um tom "verdadeiro" às obras (roupagens, armas, costumes, etc.). O objetivo era a elaboração de um herói mítico brasileiro, de um antepassado glorioso do qual a nação pudesse se orgulhar. A NATUREZA • Enquanto poeta da natureza, Gonçalves Dias canta o mar, o céu, os campos, as florestas, etc. No entanto, a natureza não tem um valor universal, só merecendo ser celebrada quando simbolizava seu país. • Não é de surpreender também que no espetáculo e nos contornos da natureza brasileira, o poeta se elevasse até Deus. Assim, nacionalismo e panteísmo se mesclam em sua lírica. • A celebração da natureza entrelaça-se também com o sentimento saudosista. Gonçalves Dias é um homem nostálgico que lembra a infância, os amores idos e vividos e, antes de mais nada, um homem que, na Europa, sentira-se exilado. • Canção do exílio sintetiza genialmente esta identificação entre o país e sua expressão física. Desde o seu surgimento, tornou-seo poema mais conhecido do Brasil. • Estamos diante da essência do ufanismo romântico: minha pátria é a melhor. Por outro lado, trata-se de uma verdade humana definitiva: qualquer indivíduo no exílio - independente da terra natal ser boa ou ruim - sempre guardará por ela uma amorosa e obstinada saudade. O AMOR IMPOSSÍVEL • A lírica amorosa de Gonçalves Dias é marcada pelo sofrimento. Em seus poemas, o amor raramente se realiza, é sempre ilusão perdida, impossibilidade vital de relacionamento. • Entre a esperança e a vivência, entre a intenção e o gesto estão os abismos da experiência concreta. • Maior conhecimento da vida aborígene • Uso épico e lírico de um índio ainda não deculturado pelo homem branco; • Esplêndido domínio estilístico, sobretudo na questão do ritmo e da estrutura melódica. A superioridade do autor maranhense sobre outros escritores indianistas resulta de três fatores 15 A SEGUNDA GERAÇÃO INDIVIDUALISTA, ULTRA-ROMÂNTICA ou GERAÇÃO DO MAL DO SÉCULO • Byron foi o principal "poeta maldito" do Romantismo e deixou atrás de si um número incontável de seguidores. Esta geração surgiu na década de 1850, quando o nacionalismo e o indianismo deixavam de fascinar a juventude e iniciava-se o longo processo de estabilidade do II Império. • A nova geração foi influenciada pelo inglês Byron e pelo francês Musset, autores ultrarromânticos que haviam se tornado os modelos universais de rebeldia moral, de recusa à insipidez da vida cotidiana e de busca de novas formas de sensualidade e de afeto. • Outro fato sempre lembrado desta geração é a dramática coincidência de quase todos os seus integrantes morrerem na faixa dos vinte e poucos anos. Versos soltos e alguns poemas parecem alimentar a suspeita de que esses jovens cultivavam idéias suicidas. No entanto, todos eles - à parte o caso mais complexo de Álvares de Azevedo - foram vitimados por doenças então incuráveis e manifestaram grande horror perante a morte. 16 O SUBJETIVISMO DE ÁLVARES DE AZEVEDO (1831-1852) • Vida: Nasceu na cidade de São Paulo e era descendente de duas ilustres famílias. O pai ocupara importantes cargos públicos (juiz de direito; chefe de polícia, deputado geral), tanto na capital paulista quanto no Rio de Janeiro. • Toda a formação básica e secundária de Manuel Antônio Álvares de Azevedo foi feita na capital do Império. Em 1848, ele voltou a São Paulo para cursar a Faculdade de Direito, participando ativamente da vida acadêmica e literária de seu tempo. • Álvares de Azevedo vivia em meio aos livros da faculdade e se dedicava a escrever suas poesias. Toda sua obra poética foi escrita durante os quatro anos que cursou a faculdade. O sentimento de solidão e tristeza, refletidos em seus poemas, era de fato a saudade da família, que ficara no Rio de Janeiro. • Em 1852, Álvares de Azevedo adoece e abandona a faculdade, um ano antes de completar o curso de Direito. Vitimado por uma tuberculose e sofrendo com um tumor, Álvares de Azevedo é operado, mas não resiste. • Álvares de Azevedo faleceu no dia 25 de abril de 1852, com apenas 20 anos de idade. • Álvares de Azevedo é o nome mais importante do "Ultra Romantismo", também conhecido como a "Segunda Geração Romântica", quando os poetas deixaram em segundo plano os temas nacionalistas e indianistas e mergulharam no seu mundo interior. • Obras: Lira dos vinte anos (poemas - 1853), Noite na taverna (contos - 1855), O conde Lopo (poema - 1886), Macário (poema dramático - 1855). • A obra de Álvares de Azevedo, fortemente autobiográfica, traz a marca da adolescência, mas de uma adolescência tão dilacerada e conflituosa que acaba por representar a experiência mais pungente do Romantismo brasileiro, tanto do ponto de vista pessoal quanto do ponto de vista poético. Quatro são os seus temas preferidos: o amor, a morte, o tédio, o humor prosaico O AMOR • É a parte menos convincente de sua lírica. A máscara satânica que tenta usar peca pela falsidade. As orgias em que submerge, os vícios que o escravizam e as dissipações que o arrastam para o lodo hoje provocam o riso do leitor. E não apenas porque o jovem escritor tenha ficado, de fato, virgem dessas vivências tresloucadas, mas porque - em seus poemas de "crimes morais e maldições" - poucos versos têm poder de persuasão e quase nada inquieta ou sobressalta. Amor e medo • o autor de Lira dos vinte anos (esse Dom Juan das aparências) acaba sendo traído pela própria interioridade. O grande devasso, o amante cínico, revela inconscientemente um medo obscuro das relações amorosas. • Numa série de poemas, a preparação erótica e a vontade sexual do adolescente se frustram, pois ele não quer acordar ("profanar") o objeto de seu desejo. • De acordo com Mário de Andrade, algumas das dificuldades de Álvares de Azevedo com o amor nascem da velha dicotomia entre o sexo e o sentimento. A impossibilidade de unir alma e carne - segundo a tradição cultural então vigente - exaspera-o. • A MORTE • Quando trata da morte - o aspecto mais conhecido de sua obra - pode-se perceber com clareza as qualidades expressivas do artista. Ela é um tema constante. O poeta a antevê, a profetiza para si próprio, não pode esquecê-la. • Mesmo assim, há desespero e angústia nessa entrega. Ele lembra as coisas que vai perder, os afetos, o futuro. Lamenta-se por isso. Por outro lado, a morte é a possibilidade de resolução de sua crise, de suas dores. • O TÉDIO • Na segunda parte de Lira dos vinte anos, as fantasias eróticas, a avidez pelo amor, os artifícios byronianos e mesmo a obsessão pela morte, cedem lugar a uma espécie de cansaço existencial, o tédio. • Já no caso de Álvares de Azevedo, o tédio resultava da falta de vivências a que a cidade de São Paulo o condenava. Era uma cidadezinha provinciana, medíocre, de insípida vida noturna, sem horizontes para um rapaz sonhador. • Poucas vezes, na literatura brasileira, as confissões de um adolescente adquiriram tanto frescor, beleza e emoção. Esta alma solitária e impotente debateu-se entre o tédio, que o arrastava para a realidade e os ideais, que precisava para sobreviver 16.1 O Humor Prosaico • Um dos traços mais surpreendentes de Álvares de Azevedo é a ironia, resultante da descoberta do risível nas coisas prosaicas. Sem qualquer exacerbação sentimental, o poeta olha para tudo aquilo que o cerca e penetra humoristicamente no cotidiano. 16.2 Outras obras - Macário (Teatro) Em Macário, Álvares de Azevedo intentou criar uma obra dramática em prosa. São cinco cenas de qualidade variável e pouco propícias à encenação 17 CASTRO ALVES (1847-1871) Obras: Espumas Flutuantes (1870); A cachoeira de Paulo Afonso (1876); Os escravos (1883); Gonzaga ou A Revolução de Minas (drama - 1875). • Os seus poemas sociais são conhecidos também como condoreiros. É uma metáfora exuberante: o condor voa altaneiro e livre por sobre os Andes. • É possível, no entanto, compreender que o tom oratório dessas composições tinha uma finalidade pedagógica: feitas para serem declamadas em público, elas deviam se parecer a um discurso que conscientizasse as massas. • O navio negreiro e Vozes d'África (Castro Alves) se constituem nos mais soberbos monumentos de poesia social do século XIX. E ainda que a escravidão tenha acabado, e este tema não pertença mais a experiência atual, é impossível ao leitor ficar indiferente diante de tamanha densidade dramática. BIOGRAFIA Nome completo: Antônio Frederico de Castro Alves Data de nascimento: 14 de março de 1847 Local de nascimento: Curralinho – Bahia Formação: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Data de falecimento: 6 de julho de 1871 (aos 24 anos) Local de falecimento: Salvador – Bahia Motivo da morte: Tuberculose Vozes D'áfrica • Dramaticidade semelhante está presente no antológico Vozes d'África,quando o poeta personifica o continente negro e deixa-o expressar sua dor, numa figura de linguagem chamada prosopopeia (personificação). OUTROS POEMAS • Curioso é o poema narrativo A cachoeira de Paulo Afonso, composto por uma série de quadros, onde se fundem o lírico e o social. É a história de amor entre dois escravos, Lucas e Maria, que termina com o suicídio de ambos na cachoeira. 17.3 O Poeta e a Morte • O abismo entre os seus sonhos e a sombria realidade que impede a realização dos mesmos aparece em Mocidade e Morte, um de seus poemas fundamentais e, além de tudo, profético. 17.4 Indianismo • Foi na primeira geração romântica (1836 a 1852), que o Indianismo trará a tona o tema do índio idealizado, baseada no binômio “nacionalismo-indianismo”. O nome dessa tendência remete a figura escolhida para exaltar aspectos nacionais: o índio, considerado o “bom selvagem”, símbolo da inocência e pureza. • Já no Brasil, a figura romântica do novo herói era a do índio. Isso foi essencial para resgatar uma identidade nacional, que ficasse mais próxima do contexto nacional. CONTEXTO HISTÓRICO • Após a independência do Brasil (1822), o país passava por diversas transformações sociais, políticas e econômicas. Após a separação da Metrópole, os brasileiros, imbuídos pelo espírito anticolonialista e nacionalista, buscavam uma identidade nacional. • Destarte, os artistas passam a buscar temas nacionais com o intuito de criar uma cultura do próprio país, e a partir disso, o índio foi eleito o nosso “herói nacional”. SUA OBRA SE ABRE EM DUAS DIREÇÕES POESIA SOCIAL - CAUSAS LIBERAIS E HUMANITÁRIAS ➢ Não apenas realizou uma poesia humanitária, como participou ativamente de toda a propaganda abolicionista e republicana; ➢ foi o primeiro dos grandes românticos a valorizar a imprensa, o livro e a instrução; ➢ Castro Alves cantou todas as causas libertárias - a poesia como arma de combate a serviço da justiça e da igualdade - mas o que ficou na memória popular são os seus poemas abolicionistas. ➢ Castro Alves presenciou de perto os horrores do período da escravidão e fez versos de protesto que denunciavam os maus tratos sofridos pelos escravos aqui no Brasil. Exatamente por esse motivo, esse grande literato ficou muito conhecido como o “Poeta dos Escravos.” POESIA LÍRICA - NATUREZA E AMOR SENSUAL ➢ O lirismo amoroso de Castro Alves distingue-se das concepções dominantes na poesia romântica brasileira. Em Castro Alves, as ligações sentimentais são apresentadas de uma maneira viril, sensual e calorosa. ➢ A partir de um esplêndido domínio da metáfora, o poeta cria imagens de rara beleza e intenso sentido de plasticidade. ➢ Ele não ultrapassa a superfície dos corpos e nada revela a respeito das verdades mais profundas da relação amorosa. Simplesmente registra os encontros e os desencontros físicos dos amantes, com seu inegável estilo sedutor. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS • Nacionalismo e ufanismo • Sentimentalismo e religiosidade • Figura idealizada do índio • Índio-herói como o símbolo nacional • Língua e costumes indígenas • Retorno ao passado histórico • Exaltação da natureza e do folclore • Influências do medievalismo romântico • No Romantismo, o indivíduo sente-se em desajuste com a sociedade, por isso a necessidade de fugir da realidade. Um dos mecanismos usados para fugir da realidade é voltar-se para o passado. • IRACEMA, de José de Alencar - Nesse romance, de 1865, o escritor apresenta uma visão poética da formação do povo brasileiro. De acordo com sua “lenda”, ele tem origem na união do índio, representado por Iracema, a “virgem dos lábios de mel”, e o branco europeu, representado pelo guerreiro Martim Repare que o negro ficou de fora do projeto nacionalista-literário da primeira geração. • Outro tema é a exaltação da pátria (nacionalismo ufanista), pois nossos primeiros românticos entenderam que sua missão era fundar uma identidade brasileira. • Valorização da natureza - Outro mecanismo usado para fugir da realidade é voltar-se para paisagens novas, que podem ser exóticas, como o Oriente, ou primitivas, como a selva. Por isso, uma das características da nossa primeira geração romântica é a valorização da natureza pátria PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS • Gonçalves de Magalhães (1811-1882), obras: A Confederação de Tamoios (1857) e Os Indígenas do Brasil perante a História (1860). • Gonçalves Dias (1823-1864), obras: I-Juca- Pirama (1851), Os Timbiras (1857), Canção do Tamoio. • José de Alencar (1829-1877), obras: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). • No romance moderno podemos destacar a tendência indianista no trabalho do escritor brasileiro Mario de Andrade com sua obra notável “Macunaíma” (1928). • O indianismo denominado “Gonçalvino”, faz referência ao indianismo presente na poesia de Gonçalves Dias. • No século XIX, o indianismo foi uma tendência presente nas artes plásticas, dos quais se destacam os pintores brasileiros: Victor Meirelles (1832-1903) e sua famosa obra “Moema” (1866); e Rodolfo Amoedo (1857-1941) e sua obra mais representativa “O Último Tamoio” (1883). Figura 5 - Obra Moema - Victor Meirelles 18 UMA BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA Figura 4 - O último tamoio, Rodolfo Amoedo • literatura brasileira conta com mais de quinhentos anos de história. O primeiro documento produzido no Brasil, a Carta de Pero Vaz de Caminha, é considerado também como o primeiro texto literário do Brasil, embora tenha sido escrito por um português. • As primeiras manifestações da literatura brasileira foram fortemente marcadas pelo modelo literário de Portugal, já que nossos primeiros escritores ou eram portugueses de nascimento ou brasileiros com formação universitária em Portugal. • Por terem sido tão influenciados pelo cânone lusitano, muitos autores preferem referir-se aos textos produzidos nessa época como “manifestações literárias” ou até mesmo como “ecos da literatura no Brasil”. Isso mudou apenas na segunda metade do século XVIII, quando surgiram os primeiros escritores brasileiros comprometidos com as causas políticas nacionais, importante condição para a formação de uma literatura genuinamente brasileira. • Por motivos didáticos, a literatura brasileira é dividida em escolas literárias, o que facilita seu ensino e estudo. Eis sua periodização: • OBS: Entre o Modernismos e o pós-modernismo, ainda temos a Geração de 45. 19 JOSÉ DE ALENCAR • José de Alencar é tradicionalmente classificado como um escritor do romantismo, mais especificamente da primeira fase do movimento literário. Mas suas obras chegam a apresentar características do movimento seguinte, o realismo. As obras de autor podem ser indianistas, históricas ou urbanas. • Nascido no município de Messejana, próximo de Fortaleza, José de Alencar foi morar no Rio com apenas 11 anos. Filho de José Martiniano de Alencar e Ana Josefina de Alencar, o jovem foi influenciado pelos ideais políticos do pai, senador, assim como o irmão, diplomata. Formado em direito, o escritor atuou como advogado, jornalista, dramaturgo e até como político. • A primeira obra, “Cinco Minutos”, foi lançada em 1856. A segunda, “A Viuvinha”, foi publicado no ano seguinte. “O Guarani”, obra mais famosa de José de Alencar, data do mesmo ano. Cada uma das escolas literárias apresenta característic as temáticas peculiares, cujos textos e autores aproximam- se em estilo e ideologia. • Nas suas obras, Alencar demonstra uma preocupação com a cultura nacional. Buscando retratar o Brasil através de diferentes temáticas: indianistas, regionalistas, históricas e urbanas. • Nas narrativas urbanas, costuma fazer críticas à sociedade da época, em especial à desigualdade social, um exemplo pode ser visto no livro “Senhora”. • As obras indianistas apresentam oíndio de forma idealizada. Nas histórias de Alencar, o branco é tido como o vilão e o índio como homem bom e puro. • O interior de São Paulo, os pampas gaúchos e o sertão do nordeste foram retratados nos romances. Essas obras são inspiradas por uma memória da infância, quando o jovem autor viajou pelo interior do nordeste . • A sua notoriedade começou com as Cartas sobre A Confederação dos Tamoios, publicadas em 1856, com o pseudônimo de Ig, no Diário do Rio de Janeiro, nas quais critica veementemente o poema épico de Domingos Gonçalves de Magalhães, favorito do Imperador e considerado então o chefe da literatura brasileira. • Ainda em 1856, publicou o seu primeiro romance conhecido: Cinco minutos. Em 1857, revelou-se um escritor mais maduro com a publicação, em folhetins, de O Guarani, que lhe granjeou grande popularidade. • José de Alencar incorporou-se no movimento do Indianismo na literatura brasileira do século XIX, em que a fórmula nacionalista consistia na apropriação da tradição indígena na ficção, a exemplo do que fez Gonçalves Dias na poesia. • Sua obra é da mais alta significação nas letras brasileiras, não só pela seriedade, ciência e consciência técnica e artesanal com que a escreveu, mas também pelas sugestões e soluções que ofereceu, facilitando a tarefa da nacionalização da literatura no Brasil e da consolidação do romance brasileiro, do qual foi o verdadeiro criador. 20 A LITERATURA NO CONTEXTO NA REVOLUÇÃO DIGITAL • Nos últimos anos, a inter-relação das tecnologias computacionais com a literatura adquiriu uma dimensão muito significativa, proporcionando ao leitor um aparato de novas ferramentas digitais que lhe possibilitaram a leitura de jornais, revistas, livros, etc., por meios das telas de telefones celulares, desktops, laptops, tablets, iPad, e-readers e de outros meios multimídias aos quais temos acesso. • Nos dias atuais, é imprescindível que o escritor também se publique pelas redes sociais e em outros espaços da internet, por onde o leitor ou o navegador da web é capaz de chegar sem nenhuma dificuldade de acesso. • A literatura hoje, diferentemente da década passada, é muito mais acessível às pessoas porque se encontra disponível no quase infinito espaço cibernético. • A literatura tem assumido uma nova roupagem diante da diversidade de ferramentas digitais que estão surgindo muito rapidamente, em um processo dinâmico de interação e comunicação em que se insere a criação literária. O espaço virtual da ciberliteratura consiste em oferecer possibilidades de manipulação da linguagem verbal, permitindo o uso de recursos visuais e sonoros que nela podem ser inseridos. • Desse espaço cibernético surge o hipertexto, que está associado à pós-modernidade na composição de novas narrativas direcionadas ao paladar textual do leitor ou ao gosto estético do autor. Links e ícones, imagens e sons fazem parte da interatividade do texto midiático, e o leitor, assim, pode optar pelo caminho a seguir, de acordo com sua intenção ou objetivo, clicando nos hiperlinks que o redirecionarão a alguma página de sua escolha. • Porém, ela não extingue a proposta de leitura do livro impresso, porque sua funcionalidade é outra. A ciberliteratura trouxe àquele leitor específico, que aprecia ler os livros eletrônicos, a possibilidade de ler, além de textos, outras formas de interação com a linguagem, que é explorada através do viés tecnológico. • Sendo assim, entende-se que ambas as literaturas possuem sua função, sua intenção, seu alvo. A importância de uma e da outra é fundamental para que possamos entender que elas são diferentes e necessárias dentro de seus contextos e de sua origem. • É certo que a internet tem conduzido a leitura e os leitores para outros caminhos, sob novas possibilidades de textos e informações, pois o livro eletrônico é uma grande fonte de conhecimento e de possibilidades interativas e tem disseminado bastante a literatura em qualquer lugar do mundo. É necessário que saibamos utilizar e usufruir de seus benefícios, pois ele é uma realidade inegável, possui relevância significativa no atual contexto social e educativo da sociedade em que vivemos e está intimamente relacionado ao dinâmico processo de globalização contemporâneo. 21 PRÁTICA PEDAGÓGICA • Em outras palavras, seria preciso subverter a ordem estabelecida – supostamente mantida pelos interesses de uma elite dominante, na opinião de alguns estudiosos – e, no lugar de um depósito de informações, formar, de fato, um ser crítico que consiga dar significado a tudo o que aprende, percebendo, inclusive, os posicionamentos ideológicos subentendidos nas entrelinhas do processo de apreensão e transmissão de conhecimentos. • Desse modo, as obras deixariam de ser usadas meramente como pretexto para o estudo de aspectos estruturais, estilísticos, literários e gramaticais e ocupariam lugar de destaque; passariam a ser analisadas, em primeiro plano, como uma leitura que alguém faz, de modo peculiar, do mundo. • Ou o texto dá um sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum”. É fundamental que o texto literário seja respeitado como uma obra de arte, que tem um conteúdo, uma mensagem, e cujo valor semântico e social não pode ser sobrepujado por regras e convenções didático-pedagógicas. 22.1 Mau leitor, mau professor • “A leitura literária vai além da visualização das palavras do texto e aquilo que elas aparentemente significam” (BRAGA). • A função precípua do professor de literatura, nesse novo contexto, para ele, “a de ajudar o aluno a compreender, em sua vida, as metáforas e alegorias que disfarçam a descoberta dos sentimentos, ideologias e verdades implícitas no texto literário” e, para tanto, deve fornecer ao estudante as informações, bem como as ferramentas linguísticas e hermenêuticas necessárias, ou seja, fazer a mediação desse encontro, não se colocando, todavia, como “dono da verdade” nem menosprezando os conhecimentos empíricos do educando. • Para os pesquisadores Regina Zilberman e Ezequiel Silva, essa interlocução é essencial: “O professor não pode conhecer seus alunos se não promover a interação da experiência de leitura já adquirida entre os leitores com que trabalha. O resultado é também um processo de conscientização, com cada sujeito, inclusive o professor, desvelando perante o outro sua formação. Esse processo, porém, depende de uma troca contínua de ideias e informações, sem a qual se encastelam em seu mundo interior, impedindo-se de socializar e compartir vivências passadas e presentes”. • Nesse convívio, um ponto é crucial: se o contato do professor com o texto não for significativo, se ele não for um bom leitor, são grandes as chances de que seja um mau professor. E, à semelhança do que ocorre com ele, são igualmente grandes os riscos de que o texto não apresente significado nenhum para os alunos, mesmo que estes respondam satisfatoriamente a todas as questões propostas.
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