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2°Licenciatura em Pedagogia Aline Barbosa Brolezze: RA: L3074372 A AUTISMO NA INCLUSÃO: A NECESSIDADE DE UMA PERCEPÇÃO PEDAGÓGICA DIFERENCIADA Águas de Lindoia Sp 2022 Aline Barbosa Brolezze: RA: L3074372 A AUTISMO NA INCLUSÃO: A NECESSIDADE DE UMA PERCEPÇÃO PEDAGÓGICA DIFERENCIADA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado junto à Faculdade Campos Elísios – , como parte dos requisitos para obtenção do título de 2° licenciada em Pedagogia. Orientador: Prof. Márcia Oliveira Águas de Lindoia Sp 2022 AlineBarbosa Brolezze: RA: L3074372 INCLUSÃO: UMA NOVA VISÃO PEDAGÓGICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado junto à Faculdade Campos Elísios, como parte dos requisitos para obtenção do título de 2° licenciada em Pedagogia. Orientador: Prof. Márcia Oliveira Águas de Lindoia Sp 2022 RESUMO Este trabalho considera a importância no debate sobre a inclusão de crianças com deficiência nas redes de ensino do país. A metodologia empregada foi a da pesquisa bibliográfica que analisa diferentes autores que convergem na visão sobre a importância das práticas inclusivas no interior das escolas. Uma importância que desafia preconceitos e paradigmas que ainda estabelecem padrões de normatividade e diferença. Tais visões, do normal e do diferente, ainda presentes na sociedade, podem impedir que a inclusão efetiva ocorra. Tal inclusão é o real desenvolvimento do aluno e suas potencialidades, e não apenas o ingresso dele nas redes de ensino. A criança com autismo exemplifica as mudanças necessárias no espaço escolar, devido a suas singulares capacidades de aprendizagem. Entretanto, a prática inclusiva não ocorre apenas por um esforço do docente, há uma relevância fundamental nos gestores escolares que são agentes ativos no processo de inclusão, promovendo meios e caminhos para que ela ocorra. Como caminhos de ação, o lúdico assumido pedagogicamente e o desenvolvimento motor, revelam-se oportunidades para o trabalho docente relacionado a inclusão. Palavras-chave: inclusão; pedagogia; escola; professores. ABSTRACT This work considers the importance in the debate on the inclusion of children with disabilities in the country's education networks. The methodology used was that of bibliographic research that analyzes different authors who converge on the view on the importance of inclusive practices within schools. An importance that challenges prejudices and paradigms that still establish standards of normativity and difference. Such views, of the normal and the different, still present in society, can prevent effective inclusion from occurring. Such inclusion is the real development of the student and his potential, and not just his entry into the education networks. The child with autism exemplifies the necessary changes in the school space, due to their unique learning capacities. However, inclusive practice does not occur only through an effort by the teacher, there is a fundamental relevance in school managers who are active agents in the inclusion process, promoting ways and means for it to occur. As paths of action, the playful pedagogically assumed and the motor development, are opportunities for teaching work related to inclusion. Keywords: inclusion; pedagogy; school; teachers. SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 13 CAPÍTULO I – O NORMAL E O DIFERENTE .......................................................................... 17 CAPÍTULO II – AUTISMO E A INCLUSÃO .............................................................................. 22 2.1 Socialização.......................................................................................................................... 24 2.2 Comunicação........................................................................................................................ 25 2.3 Interesse ................................................................................................................................ 25 CAPÍTULO III – GESTÃO E A INCLUSÃO ............................................................................... 27 CAPÍTULO IV – INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR .............................. 33 4.1 A brincadeira e a aprendizagem ....................................................................................... 38 4.2 Brincadeiras para crianças com autismo ......................................................................... 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 42 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 44 13 INTRODUÇÃO As inovações tecnológicas, de costumes e paradigmas, ecoam em toda a sociedade e impactam na escola. Tais transformações convergem para uma mudança de paradigma social e civilizatório, no sentido de construir uma sociedade plural, que inclua as diferenças como valor e evite qualquer tipo de segregação ou exclusão. Este entendimento, ainda que em meio a outras vozes discordantes, assume o lastro das principais políticas sociais, acordos e legislações vigentes. Na escola, e nos processos pedagógicos, não pode ser diferente, justamente por ser nela, a escola, que as diferenças se encontram, as desigualdades se refletem e a necessária busca por integração ocorre. Este trabalho, por meio da metodologia da pesquisa bibliográfica, analisa as diferentes questões relacionadas à inclusão, como os conceitos de normal e diferente, a criança autista e a escola e o papel dos gestores, sendo seu objetivo oportunizar reflexões que conscientizem sobre a importância que a prática inclusiva assume para toda a sociedade. De uma visão ortodoxa ou normativa no sentido de considerar um tipo de “normalidade” ou padrão” social, busca-se entender que a sociedade não é homogênea, que há diferenças e que estas, em suas especificidades, necessitam de que todo o conjunto social (governo – sociedade civil – demais agentes econômicos ou políticos) busquem medidas, soluções e alternativas para que a escola se torne o lugar de todos, e não apenas de alguns que qualquer paradigma considere adequado (TUNES; RAAD, 2011) . O esforço da escola na inclusão de alunos com deficiências ou limitações de qualquer tipo é, sobretudo, reflexo da mudança dos tempos, na luta e conquista por direitos e na evolução social que compreende que a negação ou privação de qualquer tipo, para qualquer pessoa, no sentido de participar socialmente na erradicação das desigualdades, é uma condição de manutenção destas mesmas desigualdades. De outra forma, não há uma sociedade justa ou igualitária quando qualquer tipo de exclusão ocorre. Cabe então as escolas, e a pedagogia contemporânea, adequar-se para que cada aluno, em sua condição singular de aprendizagem, encontre seu espaço nas práticas educativas. 14 Bezerra (2017, p. 477) indica que foi “a partir da década de 1990” que o processo de “inclusão escolar de alunos com deficiência” tem encontrado um maior espaço dentro das escolas. Evidentemente, lutas pretéritas com a promulgação da Constituição de 1988, e suas consequências como o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, além, das legislações pertinentes como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), foram o motor destamudança de percepção e mentalidade. Entretanto, o processo iniciado por meio de lutas sociais, políticas governamentais e legislações criadas, é um devir, algo que acontece ainda, que não se consolidou, que necessita atenção, estudo e sobretudo, conscientização de que as mudanças, dentro das práticas educativas, são necessárias, justamente na ótica de inclusão e humanização das relações. Pensar em direitos igualitários que visam à humanização das relações sociais é uma questão primordial e até mesmo urgente para que a sociedade não venha se tornar cada vez mais preconceituosa e excludente. Em razão disso, medidas de ações positivas como a criação de cotas raciais, de gêneros, étnicos, deficientes, entre outros, são formas de se transpor as barreiras culturais e sociais que impedem a inserção destas pessoas no mercado de trabalho, escolas, espaços públicos, esporte, política e etc. E, com a escola regular na perspectiva da educação inclusiva, a premissa é a mesma. No Brasil ainda, possivelmente devido a burocracia, governos transitórios e a corrupção, muitas discussões com profissionais da educação acerca da escolarização são deixadas de lado o que prejudica o ensejo de se fazer uma escola básica e inclusiva com excelência (GERALDO; BONASSINA; BANAS, 2017, p. 2). Se por um lado alguns sustentam a manutenção de um sistema escolar tradicional, por outro lado, várias vozes compreendem que não apenas a prática docente, mas também a reflexão pedagógica, devem levar em consideração as práticas inclusivas dentro dos objetivos da educação: transformação pessoal e coletiva. Entretanto, para tal percepção, de que a escola, professores e sociedade devem ajustar-se continuamente nas práticas inclusivas, há hiatos, burocracias, dificuldades e preconceitos que a própria escola enfrenta. Geraldo, Bonassina e Banas (2017) percebem que a realidade das escolas pode ser um problema na consolidação das ações relacionadas a inclusão. Uma realidade que se manifesta em infraestrutura, recursos e formação adequada. Como exemplos, a superlotação em algumas redes públicas, a carga de trabalho dos professores e a dificuldade dentro de uma sala de aula onde alunos com distintas 15 necessidades compartilham o mesmo espaço. Fatores como estes, e o tempo de aula, além da exigência do cumprimento do currículo, podem forçar situações em que o processo de inclusão não ocorra efetivamente. Não basta dar o acesso, nem legislar sobre o assunto (inclusão), e nem tampouco acreditar que ela ocorre apenas pelo fato de a criança estar em contato com outras crianças. Entender como ocorre o processo, e sobretudo, o objetivo dele, torna- se fundamental. Com isso, a inclusão escolar e a social se constituem como desconstrução de preconceitos e a garantia de direitos essenciais para a manutenção de uma vivência mais íntegra, segura e também a visibilidade social. Esta visibilidade não subentende apenas no sentido de colocar as pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais nos holofotes de debates e discussões de primeira instância, mas também de fazer a sociedade que os rodeia pensar sobre as dificuldades diárias, lutas, além de repensar sobre o lugar de cada ser humano na sociedade, compreendendo que se compõe em um direito não se sentir inferiorizado por olhares não acostumados com a diversidade. A visibilidade nesta premissa possivelmente também está direcionada para solidarizar a percepção das pessoas consideradas “normais” ou “iguais” (GERALDO; BONASSINA; BANAS, 2017, p. 2). Sartoretto (2017, p. 1) argumenta que a inclusão de alunos com deficiência “nas escolas comuns na rede regular de ensino” é um desafio para a mesma rede, e toda a comunidade escolar. Aponta que, é uma questão que se torna presente em seminários, fóruns, palestras ou formações de professores e gestores, além de também, ser um ponto de provocação e preocupação. O ponto de inflexão se dá justamente por não manter o aluno em uma perspectiva de pessoa incapacitada, mas, como pessoa humana de direitos. Isto exige ruptura com diversos paradigmas que ao longo do tempo foram construídos. Analisando a história das pessoas com deficiência, vamos ver que por muitos anos elas perderam a sua identidade para a sua deficiência, não eram chamadas pelo seu nome, mas pelo nome da sua deficiência: o cego, o down, o surdo. Por isso, por muito tempo não tiveram acesso a escola comum: ficavam em casa ou eram atendidas em espaços segregados convivendo apenas com colegas que também tinham deficiência. Mesmo quando alguns desses alunos passaram a frequentar as classes comuns das escolas regulares num processo de integração, havia uma seleção prévia daqueles que estariam aptos e adequados ao formato da escola. A escola não precisaria mudar, os alunos, sim, teriam que mudar para se adequar as exigências da escola (SARTORRETO, 2017, p. 1) 16 Argumenta Sartorreto (2017) que a inclusão é um desafio para a escola, mas é um desafio que se assume na forma de compreender os processos, alterar práticas e lutar também, por condições mínimas para que a prática inclusiva ocorra. Neste sentido, as reflexões deste trabalho se orientam para que a questão fique presente nos estudos acerca da educação, e, para compreender que as mudanças atitudinais necessárias são oriundas das mudanças de compreensão sobre o assunto. Não se trata de apenas receber estes alunos, mas, repetindo, compreender a razão da abertura das escolas para a inclusão como uma via dupla, onde alunos com deficiência e a comunidade escolar beneficiam-se das práticas inclusivas. 17 CAPÍTULO I – O NORMAL E O DIFERENTE Segundo Tunes e Raad (2011, p. 40) toda pessoa tem inteligência, sendo apenas as necessidades e circunstâncias que possibilitam o desenvolvimento das potencialidades intelectuais dos indivíduos. Dizendo de outra forma, ou distanciando- se dos critérios da “normatividade” social, além dos caminhos habituais e vigentes para os processos de aprendizado, há outros caminhos e processos que apenas são diferentes e não necessariamente incorretos. Que há uma necessidade profunda do educador conhecer seus alunos para a aplicação de métodos ortodoxos e heterodoxos para, em sintonia com a capacidade de aprendizado destas crianças, escolher o melhor caminho sem excluir algum, mesmo que fuja do que é considerado correto pelos métodos habituais e tradicionais. O conceito de deficiência assenta-se no determinismo biológico, na definição do não funcionamento, na presença de um sintoma de caráter orgânico que, mesmo quando não encontrado, justifica o rótulo da pessoa que é, então, encaminhada para o exílio social e cultural. É, por isso, uma ficção. A fé no conceito de deficiência afirma a incapacidade de reconhecer a diversidade de existências e a pessoa rotulada torna-se sombra da sua própria vida, que é conduzida por outrem (TUNES; RAAD, 2011, p. 43). Como apresentado anteriormente, há um risco de a criança passar a ser definida única e exclusivamente pelo laudo médico que atesta sua deficiência, em prejuízo profundo de todas as outras capacidades diversificadas de aprendizagem que possui. E isto, em uma escola, pode gerar a inversão do que a inclusão propõe com a sociabilização, levando a criança ao insulamento rotulado pelo laudo, ou seja, esta criança é uma criança laudada, o que no fundo, sem a preparação do ambiente e dos professores, pode levar as outras crianças a considerarem ela diferente ou não normal porque tem um laudo que assim a define. Para Rey (2011, p. 48), a escola integra este “tecido simbólico de representações” onde a normatividade de aprendizagem é entendida como concreta, objetiva e passiva. Muito pouco se fez para demostrar que a criança que aprende diferente, também aprende como aquela que aprende de outra forma, mesmo que esta forma seja aceita como a“normal”. No fim, de qualquer forma, até mesmo para o método padrão de aprendizagem, há diferentes maneiras de assimilação dos conteúdos. O que se argumenta até agora é que o caminho inverso não foi realizado totalmente pela comunidade escolar. Se por um lado, nos marcos legais apresentados 18 no início deste trabalho, a educação inclusiva é entendida como um direito da criança, por outro lado a mesma criança não foi percebida como alguém que aprende diferente e sim, muitas vezes, alguém que tem problema para aprender. Até a percepção do diagnóstico clínico necessita ser percebida de forma diferente, pois não se trata de um objeto de análise e sim de um ser humano com muitas outras capacidades além daquela deficiência indicada pelo especialista. [...] as funções particulares podem representar um desvio considerável da norma e, porém, a personalidade e o organismo em geral podem ser totalmente normais. A criança com defeito não é necessariamente um deficiente. Do resultado da compensação, isso é, da formação final de sua personalidade em geral, depende do grau de sua deficiência e normalidade (VIGOTSKY, 1989, p. 84). Segundo Rey (2011) a pessoa com deficiência sente e expressa afetos da mesma forma que as pessoas que não têm deficiência e que, muitas vezes, os processos de desenvolvimento mental de uma pessoa estão relacionados diretamente a forma como ela vive e se relaciona do que, determinantemente, por uma questão fisiológica. Isto pode frisar sua possível limitação em detrimento do potencializar sua capacidade, e assim aumentar ainda mais suas dificuldades de aprendizagem. A questão não é o coletivo como funcionamento conjunto, mas a possibilidade de engajamento e participação da criança deficiente, que ela sinta esse espaço como seu e não como ameaçador e hostil; então o problema não está nas dificuldades do coletivo, mas na impossibilidade de uma produção subjetiva que permita à criança ir além dessas dificuldades. Unida ao aspecto social está uma questão subjetiva que não se pode ignorar (REY, 2011, p. 53). Sugere-se aqui que uma mudança significativa no processo de inclusão, que vai além do próprio marco legal que garante a criança seu direito de ali estar, começa pela visão que se tem, por parte de muitos professores, do processo da educação em si. Acostuma-se com o tempo a preparar uma aula, desenvolver um tema, realizar uma atividade de forma padrão para uma sala de aula. A sala de aula aqui é percebida como uma uniformidade, onde uma atividade específica aplicada por igual resultará naquilo que o professor desejou. A visão de uniformidade e continuidade linear é uma das questões que necessitam uma revisão. Ainda que exista uma aula a ser aplicada e uma sala onde será aplicada, não existe um aluno padrão que receberá esta aula. Há na verdade um conjunto de alunos e todas as suas individualidades e diversidades que exigem o desafio de transformar 19 aquela determinada aula em uma oportunidade ampla para atingir todo este público diversificado. A criança não entra em uma escola sem levar consigo seu mundo, suas peculiaridades, dramas e perspectivas. Não se pode esperar que o aluno esteja em uma sala totalmente isento de todas as interferências e construções de pensamento e conduta que vivencia em sua casa. Não há uma “tábula rasa” apenas esperando receber passivamente do professor aquilo que ele julga que todos irão entender. Ainda que a cartilha e o livro didático sejam um, e mesmo o professor seja apenas uma só pessoa, não há apenas um aluno diante dele. Nisto, relacionando esta reflexão ao processo de inclusão, percebe-se que a questão está longe de estar sendo trabalhada corretamente nas escolas. O professor apresenta o conteúdo e espera uma total e igualitária assimilação por parte de seus alunos. O faz porque também aprendeu desta forma. Mas ao assumir que a escola deve também receber aquele aluno que possui deficiência e necessita de outro caminho para aprender, não é mais possível continuar fazendo igual. A dimensão singular do aluno dever ser resgatada nas práticas educativas em todos os níveis de ensino. Aprendizagem e desenvolvimento são dois processos que devem manter uma verdadeira relação recursiva; toda aprendizagem eficiente se torna um processo de desenvolvimento da pessoa. Entretanto, não é isso o que caracteriza a aprendizagem escolar no momento atual (REY, 2011, p. 60). A inclusão não se faz apenas pelo fato de a escola abrir a porta e receber este aluno, colocando-o em uma sala com os demais. Nem tampouco aplicando-lhe atividades diferenciadas relacionadas a limitação dele. Se o primeiro passo já foi dado, agora deve-se passar da inclusão para a integração deste aluno na vida escolar, tornando-o sujeito de seu processo de aprendizagem, e não elemento conduzido, pois é percebido como incapaz por si mesmo. Isto pode gerar uma inquietação pedagógica: como fazer? Giroto, Poker e Omote (2012) apresentam que é necessária a contínua e atualizada formação para os professores, incluindo toda a questão relacionada a educação inclusiva bem como o uso das TICs (Tecnologias da Informação e 20 Comunicação) como ferramenta importante no ato de oferecer e despertar ao aluno com deficiência várias possibilidades (ou caminhos) de desenvolvimento, descoberta e aprendizagem. Constata-se então que a proposta de inclusão educacional vai muito além da garantia do direito de todos os alunos frequentarem as salas regulares de ensino. Contempla, também, a adequada formação profissional de professores do ensino regular e do AEE, que perpassa pelo empoderamento de conhecimentos metodológicos que possibilitam compreender e lidar com as diferenças presentes no contexto escolar. Prevê mudanças atitudinais por parte de professores, gestores e demais profissionais que atuam na escola bem como a articulação com as mais diferentes instâncias envolvidas na efetivação da educação inclusiva. Ainda, determina a adequada infra-instrutura do sistema educacional para que inclusive as TIC, de modo geral, e o conjunto de recursos compreendidos como tecnologia assistiva, em especial, possam subsidiar a aprendizagem dos alunos acompanhados no AEE (GIROTO; POKER; OMOTE, 2012, p. 16). Estes autores indicam que a educação inclusiva, auxiliada pela tecnologia, pode ajudar muitas vezes onde o professor não pode alcançar completamente, como nos casos de cegueira ou surdez. Ainda que seja um dever do Estado capacitar e oferecer profissionais capacitados, muitas vezes não são encontrados nas escolas públicas existentes em pequenos centros ou regiões remotas do país. Assim, a tecnologia pode ser um auxiliar para o professor para atender um maior número de alunos, ou pelo menos, não deixar sem nenhum atendimento o aluno com deficiência. Barros (2012, p. 221) orienta que uma prática pedagógica inclusiva é ampliar as potencialidades de aprendizagem, mesmo que haja dificuldades, pois, a ampliação de métodos e técnicas são um caminho possível para o entendimento da diversidade e o resgate das individualidades. Ao contrário de algumas reflexões, o uso das tecnologias da informação e comunicação são mais inclusivas e ampliadoras de potencialidades do que imaginamos, o segredo está em utilizá-las de forma pedagógica e com estratégias didáticas (BARROS, 2012, p. 222). Talvez aqui apresente-se uma indicação importante no caminho pedagógico a ser trilhado em relação a educação inclusiva, sendo que a primeira ação é tentar fazer. Muitas vezes escuta-se do professor que ele não recebeu um treinamento ou capacitação para trabalhar com a educação inclusiva, como impedimento por não agir pedagogicamente em relação aos alunos com deficiência. O não agir, a omissão e a 21 indiferença não estão ajudando aquele que muitas vezes mais precisa da atenção e orientação. Assim, buscar informação, tentar e diversificar são passosimportantes a serem dados. Todavia, dar estes passos com “conhecimento de causa” e objetivos claros podem fazer a diferença na vida daquele aluno. Outro passo é a adequação do ambiente escolar. Daí, a importância de se avaliar os impactos da implementação das políticas públicas de educação especial e inclusão escolar para além da matrícula compulsória, posto que as escolas, em sua maioria, não têm acessibilidade arquitetônica, mobiliário e material didático- pedagógico adequados às necessidades educacionais especiais dos alunos; os professores, em sua maioria, revelam receio ante a inclusão justificado pela suposta falta de preparação prévia para lidar com alunos com deficiência; ênfase na adoção e reprodução de modelos pedagógicos heterônomos; cisão entre teoria e prática obstando a autoria docente; baixo nível de consciência das possibilidades da própria formação/práxis docente; manifestação inconsciente de atitudes estereotipadas sem resistência à manifestação do preconceito contra os alunos com deficiência; escassez de articulação entre as áreas do conhecimento e ausência de diálogo com a teoria; unidimensionalidade da educação escolar, ou seja, voltada à adaptação ao mundo do trabalho; ênfase na dimensão conteudista disciplinar (COSTA, 2011, p. 33). Se por um lado o profissional da educação deve estar preparado para trabalhar com a criança com deficiência, por outro lado a unidade escolar deve identicamente possuir a mesma preparação. A disposição de materiais, acesso às áreas comuns, atividades lúdicas etc., todo este conjunto de ações deve promover uma relação dialógica com a criança no sentido de permitir sua expressão. Deve-se registrar que além da política de inclusão, o Estado quase nada ou muito pouco fez de preparar as escolas para receberem estes alunos. Percebe-se na existência da sala de AEE (Atendimento Educacional Especializado) uma tentativa de fazê-lo. O que é positivo. Todavia o espaço de convivência, e sua respectiva sociabilização, não se restringe apenas a este ambiente. 22 CAPÍTULO II – AUTISMO E A INCLUSÃO Assim como a temática da inclusão tem se apresentado de enorme relevância no meio pedagógico, e todas as discussões relacionadas a sua necessária organização, fundamentação e preparação dos docentes, também, a questão do autismo na inclusão, como indica Terra (2017), surge como elemento de preocupação, no sentido de fornecer as melhores práticas inclusivas. Benini e Castanha (2016) entendem que a inclusão da criança com autismo se apresenta como desafio importante à rede pública de ensino. A inclusão é, essencialmente, a visibilidade da pessoa do outro, ou seja, permitir que a sociedade se encontre em suas diferenças, e compreendendo que tais diferenças compõem a realidade, sem a visão hegemônica que existe uma normalidade e o que está fora dela não é sequer visível. No que se relaciona a criança com autismo, o trabalho de construção da socialização é importante, pois aponta Terra (2017, p. 2) que “a criança com autismo tem dificuldades de interação social e comportamental. Quando se trata de mudança e convivência com os outros, apresenta dificuldades em lidar com essas situações.” A convivência, no âmbito escolar, deve ser sempre motivada. Assim como as ações pedagógicas voltadas para este fim. E nisto, o próprio currículo e as metodologias empregadas na sala de aula devem conceber a necessidade de estímulo à convivência, a aceitação do outro, e o plural como condição real da sociedade. Não há uma inclusão, principalmente no que se refere a criança com autismo, isolada. A inclusão não se faz apenas na Sala de Recursos, ou com a professora de apoio. O anto de incluir, ensejando a socialização, envolve toda a comunidade escolar. Perante a vivência do aluno, com o diagnóstico, no processo de escolarização e de inclusão escolar, a escola e os professores precisam se envolver e se responsabilizar por cada decisão. Assim, compreende que ao se tratar de educação, a inclusão escolar envolve uma construção compartilhada (TERRA, 2017, p. 3). Uma das mudanças necessárias passa pela visão da normatividade, percebida pelos professores. Categorizar a criança com autismo como uma criança “fora da realidade” ou “distante” é ainda persistir nas categorizações hegemônicas, que afetam sensivelmente o trabalho na sala de aula. O ver e sentir a criança como diferente no 23 sentido de não normal pode ensejar atitudes de desqualificação do trabalho pedagógico, acreditando que apenas ela estar ali presente basta, reduzindo a inclusão apenas no aspecto socializante. Argumentam Cunha, Zino e Martim (2015, p. 12) que “o desafio de uma educação inclusiva consiste em romper a barreira do preconceito ao conviver com pessoas que, em nossa fantasia, não são como nós.” Quando a escola recebe esses alunos, há muitas questões a respeito do funcionamento geral da instituição que precisam ser revistos. Logo, deverão ocorrer muitas mudanças e adaptações na escola, como, por exemplo, a busca por profissionais qualificados que, no caso, seria um professor de Educação Especial apto a atender as necessidades dessas crianças. Deste modo, para que a inclusão ocorra, deverá existir uma relação mútua entre os professores, um interesse pela aprendizagem por parte deles, já que são eles os responsáveis pela escolarização desse aluno (TERRA, 2017, p. 3). A ênfase na preparação do docente ao lidar com crianças com autismo indica mesmo a necessidade, como aponta Terra (2017), de profissionais qualificados e dedicados ao trabalho. A qualificação não se caracteriza apenas pela obtenção de determinada especialização, e sim, cultural, atitudinal e afetiva. O professor que trabalha com crianças com autismo necessita uma reinvenção da visão de sociedade e de escola. A inclusão não pode limitar-se a uma visão que a qualifica como um gesto de boa vontade, amor e caridade, podendo ser tudo isso, mas necessariamente, uma ação profissional e pedagógica com vistas a oportunizar o desenvolvimento da criança. Outro fator, que merece nova ênfase, é o aspecto colaboracionista do docente no trabalho de incluir. Isto significa que a escola não pode ver-se como uma instituição de alunos com ou sem inclusão, deixando a mesma apenas nas mãos dos profissionais relacionados, enquanto a escola segue seu “ritmo” com os demais alunos. Neste contexto, o papel que a professora de educação especial desempenha contribui para a permanência do aluno mais tempo na sala. As professoras devem trabalhar juntas, promovendo recursos para aprendizagem do aluno. Desenvolvendo, assim, um trabalho colaborativo, não devendo existir um distanciamento da professora de sala comum com a professora de Educação Especial. Para que o trabalho pedagógico com a criança com autismo possa ser mais consistente, é preciso um trabalho colaborativo juntamente com as professoras. Podendo, desta forma, facilitar a inserção dessa criança no espaço escolar, envolvendo o olhar cauteloso do professor. As autoras ressaltam a importância da participação dos alunos nas atividades juntamente com a turma (TERRA, 2017, p. 7). 24 Nesta reinvenção de visões, paradigmas e ações, surge também a necessidade de mudar os conceitos acerca dos relacionamentos, da fala e da comunicação. A impressão equivocada que se tem de crianças com autismo acerca da comunicação se dá quando entendem que elas (em alguns casos) por não falarem, também não se comunicam efetivamente. O equívoco está em justamente limitar a comunicação verbal como veículo de expressão única de uma pessoa. Há que se compreender que a criança com autismo pode se comunicar de diferentes formas, limitadas ou não, relacionando o aspecto afetivo em seu relacionamento com os colegas, professores e sociedade. Terra (2017) aponta que os professores não podem se sentir, de forma alguma, fracassados nos processosrelacionados à criança com autismo e alfabetização. O sentimento de fracasso pode estar permeado nas experiências realizadas com crianças sem autismo quando comparadas as crianças com Transtorno do Espectro Autista – TEA. A comparação, mesmo inconsciente, pode ocorrer e é equivocada. O processo de alfabetização ou desenvolvimento das habilidades da criança com autismo obedece a outro ritmo, outra forma de percepção e um objetivo distinto. Nisto, Papim e Sanches (2013) detalham os conhecimentos que o docente deve possuir para o trabalho com crianças com autismo, entendendo sempre a necessária adaptação da visão do processo, que não é igual, nem mesmo para crianças que apresentem TEAs semelhantes. 2.1 Socialização Todo processo de comunicação, de relacionamento, de movimentação, de expressão requer o entendimento que não será igual. Nisto, não deve o professor considerar que a criança deve se esforçar mais ou apresenta má vontade, há um transtorno físico que provoca uma outra forma de relacionamento interpessoal. O quadro sintomático das capacidades sociais apresentado pelo indivíduo com o TEA, está despersonificado do desenvolvimento considerado típico, pois ele não apresentará o mesmo tipo de interesse que os demais indivíduos de mesma faixa etária e interage apenas dentro de sua zona de interesse, a pessoa com TEA, geralmente, pode ser inexpressiva ou apresentará expressões faciais inadequadas ao contexto; não compreenderá os limites pessoais, apresentando dificuldades para desenvolver o freio inibitório; evitará 25 ou rechaçará o contato físico, tendo ataques de ansiedade e dificuldade para compreender seus sentimentos e os alheios (PAPIM; SANCHES, 2013, p. 19). 2.2 Comunicação Se a socialização é diferente, o processo de comunicação também o é. Repetir fonemas, sons e esperar a repetição deles como um sinal de que a criança aprendeu “corretamente” gerará frustração em ambos, docente e aluno. A criança já está “falando” a partir de seus elementos comunicantes, é necessário um aprender a “ouvir” por parte do professor. Os problemas de comunicação englobam atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem, tais como: repetir palavras e frases (ecolalia); inverter os pronomes; dar respostas deslocadas do contexto da pergunta; não responder quando lhe é mostrado algo; não utilizar gesto ou utilizar muito pouco; apresentar fala monótona ou cantada (uso da prosódia); não compreender as nuanças da língua como o sarcasmo ou provérbios (PAPIM; SANCHES, 2013, p. 21). 2.3 Interesse Enquanto o professor esperar que a criança com autismo se interesse por aquilo que ele julga importante, muito que provavelmente, ocorrerá outra percepção de que o trabalhar com crianças com autismo pode ser lento e sem avanços significativos. A criança com TEA terá sua percepção alterada no sentido de buscar interesses próprios e repetitivos, ou buscar uma forma própria de organização. Isto não deve ser entendido como “limitante”, antes, um caminho para o “ouvir”, compreender e se comunicar com a criança. O terceiro componente da tríade autista é composto pelos comportamentos e focos de interesse pouco comuns. Estes relacionam-se a condições como: enfileirar objetos; manipular objetos da mesma forma, repetidamente por longos períodos de tempo; interesse por partes específicas de objetos (rodas, cores); ser muito organizado; irrita-se com mudanças mínimas de objetos; possui interesses obsessivos e segue rotinas de maneira inflexível (PAPIM; SANCHES, 2013, p. 22). Por fim, Petersen e Wainer (2011) apud Terra (2017) indicam que antes de todo e qualquer trabalho relacionado à criança com autismo, o diagnóstico deve ser feito sempre por meio de uma equipe multidisciplinar. Isto justamente para evitar 26 subjetivismos no diagnosticar com TEAs que possivelmente a criança, de fato, não apresente, prejudicando sua caminhada escolar. 27 CAPÍTULO III – GESTÃO E A INCLUSÃO Os desafios atuais entre a Gestão Escolar e a prática inclusiva têm sido observados e debatidos dentro da escola com o intuito de melhorar recursos humanos e materiais que permitam ao aluno segurança, bem como a confiabilidade no desenvolvimento integral de suas habilidades e autonomia. Ao pensar no futuro as oportunidades mostram que a sobrevivência das organizações como escolas, órgãos e instituições, em uma economia globalizada, depende de sua habilidade e rapidez de inovar e efetuar melhorias contínuas principalmente no campo da educação (LUZ, 2018). No ambiente escolar os desafios são muitos e carecem da organização e planejamento adequado para atender todas as demandas dos educandos, com ênfase nas crianças com TEA, que tem sido uma das preocupações dos gestores na Educação manifestadas por meio de modelos, métodos e formas para ensinar e redirecionar meios que permitam ao aluno se desenvolver nas etapas escolares (TEZANI, 2004). A Gestão Escolar, em um árduo trabalho, busca melhorar as condições do ambiente favorecendo projetos e oficinas educacionais que contemplem o processo de inclusão escolar (SANTOS; BORDAS, 2013). Um dos desafios à Gestão Escolar consiste no trabalho realizado por seus gestores com a inclusão, além de se preparar para as necessidades de desenvolver um ambiente prazeroso onde o educando tenha um bom desempenho durante as atividades na sala, em relação a sua formação de identidade, habilidades cognitivas, afetivas, sociais e motoras nas quais os docentes se empenham durante a jornada escolar (SANTOS; BORDAS, 2013). Nesse sentido, “a implementação e acompanhamento do projeto educacional é um dos caminhos para a construção de uma escola inclusiva, aberta a participação e aprendizagem de todos os alunos” (DUTRA; GRIBOKS, 2005, p. 3). Assim a importância do trabalho da Gestão Escolar tem oportunizado novas tendências com relação a criar ações com o processo educativo da inclusão que beneficiem o aluno em suas necessidades educativas. O trabalho do gestor entra em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, pois cabe ao gestor assegurar “aos educandos com necessidades especiais, currículo, método, 28 técnica, recursos educativos e organização específica para atender às necessidades” (BRASIL, 1996, p. 44). Diante disso, a importância de procurar conhecimentos sobre a temática remete aos pensamentos hegemônicos sobre a inclusão e sua real condição na sociedade brasileira, frente as propostas para atender a demanda de alunos matriculados nas escolas públicas e particulares (TEZANI, 2004). Na Gestão Escolar, um dos maiores desafios, é buscar na capacitação de seus profissionais a qualidade e formas que possam ser diferenciadas no processo de aprendizagem destes indivíduos. Para o bom desempenho da Gestão, no trabalho pedagógico, os gestores devem ter como objetivo beneficiar os alunos da inclusão e os outros alunos ditos “normais” com um ensino de qualidade, promissor, que permita a todos os alunos se desenvolverem de forma crítica, prática e interativa na atual sociedade. A construção da escola democrática se inspira no processo das ações mais humanizadas, balizadas no direito e na construção da cidadania, que permitem a qualidade no ensino e na modernização de seus sistemas com o foco centrado no aluno, sua formação e autonomia (LÜCK, 2000). Nos estudos de Saviani (2000), a importância de uma Gestão na Educação compete a mover projetos, idealizar e inovar o sistema de ensino, e investir nos métodos que oportunizem a todas as modalidades a melhoria na qualidade do ensino- aprendizagem de forma significativa. A gestão escolar constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias paragarantir o avanço dos processos sócio educacionais dos estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento (LÜCK, 2000, p. 8). Segundo Silva (2014) o contexto histórico da Gestão Escolar na Educação teve como marco, ações que transformassem todo o sistema administrativo da escola, e proporcionasse não apenas os recursos materiais, mas humanos sobre as práticas pedagógicas com novas experiências sob o trabalho concretizado dos gestores com a aprendizagem dentro e fora da sala de aula. De acordo com a história, a Gestão Escolar foi aos poucos se destacando no cenário da Educação, atraindo novos olhares quanto a sua contribuição e transformações na escola (LUZ, 2018). 29 A Gestão da escola se diferencia da administração empresarial, pois a função social da escola fala da formação humana, política, social e pedagógica. Dessa forma, a Gestão Escolar é vista como mediação entre recursos humanos materiais, financeiros e pedagógicos, existentes na instituição escolar para atingir o objetivo de formação pela cidadania” (SILVA, 2014, p. 18). Em outras palavras, a Gestão Escolar foi ganhando espaço na Educação por meio da inovação tanto de recursos materiais, administrativos, financeiros, como por meio de ações político-sociais frente à organização das concepções filosóficas na missão da escola e compromisso com a cidadania nos projetos sociais e educacionais. A equipe gestora deve proporcionar momentos de discussão, bem como situações onde os envolvidos possam contribuir para a aprendizagem, sendo cada protagonista consciente de suas atitudes, sem perder a especificidade de suas funções, buscando a construção do processo coletivo para que aconteça justiça social, onde a escola possa contemplar a diversidade de todos os sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem (AZEVEDO; CUNHA, 2008, p. 11). Segundo Luz (2018) é nessa intencionalidade que a Gestão Escolar vem ganhando auge no espaço escolar com um trabalho voltado a todas as ações dentro e fora da escola, melhorando os sistemas, os recursos humanos e materiais pedagógicos para ensinar o aluno e lhe permitir exercer sua cidadania e direitos. Como outro objetivo da Gestão Escolar, há a busca por melhorar a administração e recursos nos quais ainda podem depender dos órgãos governamentais. Não são poucas as situações onde, na existência de problemas internos, gera-se quase exclusivamente uma dependência dos recursos da Secretaria de Educação (TEZANI, 2004). Tal dependência afeta sensivelmente o desenvolvimento das atividades propostas e a finalização de projetos pedagógicos na área da inclusão. Nos estudos de Souza (2004, p. 5) é “através da reflexão das ações pedagógicas dos professores e demais profissionais, que os cenários são reconstruídos e ressignificados dentro do conjunto de procedimentos e atitudes que o processo educacional abrange”. E na visão de Lück (2000, p. 2) “toda pessoa tem poder de influência sobre o contexto de que faz parte.” 30 Os estudos de Libâneo (2005) apontam a importância estrutural da escola no desenvolvimento da Gestão Escolar, atuando e melhorando significativamente todas as propostas escolares, permitindo estabelecer a missão dos gestores na concretização do ensino-aprendizagem e no processo de inclusão dos alunos. O desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum ou válida para todos os alunos da classe escolar, porém capaz de atender os alunos cujas situações pessoais e características de aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isto sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas. Ao contrário, pondo em andamento na comunidade escolar, uma conscientização crescente dos direitos de cada um (BEYER, 2006, p. 76). Deste modo, os estudos formalizados sobre a Gestão Escolar, têm sido apontados como referenciais para um processo de ações e projetos inovadores dentro do ambiente escolar, consentindo assim, para que o trabalho pedagógico dos gestores tenha participação na construção e incorporação do novo paradigma, melhorando sucessivamente a qualidade do ensino no exercício da cidadania, da valorização e da cultura articulando-se para a inclusão da realidade educacional e social. O grande desafio da escola é fazer do espaço escolar um ambiente voltado para a qualidade de ensino, que estava nas mãos da direção, ou seja, a função de administrar uma escola era de sua inteira responsabilidade (LIBÂNEO, 2005 apud TEZANI, 2004). A legislação correspondia às exigências” de maior qualificação para o desempenho do cargo de diretor escolar, ao mesmo tempo em que valorizava o “curso de Pedagogia como lócus privilegiado de formação de professores e dirigentes escolares (CLARK et. al., 2006, p. 132). A modernização inovou o modelo de Gestão Escolar para a formação dos gestores: [...] a ampliação da liberdade de decisão e a gestão institucional dos recursos materiais e financeiros [...] para dinamizar e otimizar a prática escolar, e a flexibilização das diretrizes para permitir a produção em equipe de um projeto pedagógico institucional direcionado para objetivos que tenham significado para os próprios usuários (KRAWCZYK, 2008, p. 62). Essa reflexão trouxe maior autonomia para a formação do gestor ser modificada e a administração tornarem-se não apenas um recurso, mas uma solução para atender as necessidades escolares e administrativas, como descrito: 31 Essa nova visão, da forma como vem sendo operacionalizada, também tem levado a gestão educacional a incorporar a lógica gerencial, alterando profundamente a gestão da educação e da escola pública. Assim, a tendência é ampliar os espaços de decisão no nível dos estabelecimentos de ensino, fortalecer a autonomia administrativa, curricular, pedagógica e financeira das unidades escolares e, ao mesmo tempo, aumentar a responsabilidade da escola e dos gestores escolares pelos resultados alcançados (CARVALHO, 2012, p. 52). Segundo Gadotti (2006) a grande disparidade do conjunto educacional tem modificado seus conceitos com a formação do gestor, que tem uma função primordial dentro da escola e no auxílio da administração escolar. Um dos principais pilares dessa reforma foi à gestão do sistema educacional, marcada, na escola pública, pela substituição do modelo de administração burocrático-racional do trabalho escolar por novas práticas organizacionais, consideradas democráticas, ao envolver modelos de descentralização, autonomia das instituições escolares, a participação da comunidade em órgãos colegiados e o provimento do cargo de diretor pelo voto direto da comunidade escolar (LUPPI, 2013, p. 8). E a formação do gestor proporciona a característica do líder que, com muito profissionalismo, prepara-se para confrontar os problemas, porque é uma pessoa que está sempre atenta aos conflitos internos da escola, podendo ele tomar iniciativa e participar das tomadas de decisões. É importante lembrar que o Gestor necessita estar sempre acompanhando sua equipe, ter autonomia e saber atuar e interagir com todos da melhor forma possível (LUPPI, 2013). A década de 1990 foi marcada por fatores político-sociais, que se destacam entre a globalização/mundialização, a financeirização da economia e a reestruturação produtiva, desencadeando uma alteração do foco da ação governamental, com a política do Estado- mínimo, e da organização administrativa do aparelho estatal, com a introdução do modelo gerencial” (CARVALHO, 2012, p. 208). Essa relação da formação do Gestor é embasada pela literatura relacionada ao comportamento humano, sendo um dos fatores que colaboram para os novos modelos onde se almeja que o gestor alcance a satisfaçãoprofissional e em sua vida pessoal (SANTOS; BORDAS, 2013). Segundo Luz (2018) os fatores que podem influenciar no sucesso da organização, são apresentados pelas práticas da formação do Gestor e, saber agir no espaço de trabalho, oferecendo suporte a equipe, tendo uma visão ativa, convergindo o seu trabalho com os objetivos da equipe e aspirações pessoais. 32 Na visão de Carvalho (2012) o gestor exerce uma função de liderança, onde desempenha um papel de grande relevância dentro das organizações, pois se relaciona ao comportamento humano, sendo este um fator fundamental para o desempenho de tarefas dentro do espaço profissional. Quirino e Moreira (2014) indicam que a formação do Gestor e a gestão se tornaram mais forte à medida que a sociedade agrupa valores de liberdade, ética e cidadania no seu cotidiano. É um tipo de trabalho que fortalece a ideia de democracia do processo pedagógico, abrangendo que é importante e necessária a participação de todos nas determinações e nas execuções de tudo o que é planejado, avaliado e debatido. 33 CAPÍTULO IV – INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR O pensar e o repensar a educação inclusiva no Brasil atrela-se a numerosas teorias e modos de fazer a prática pedagógica, passando pela reflexão sobre a normatividade e diferença e o papel da gestão escolar no incentivo e preparação da estrutura escolar. A busca por caminhos e propostas revela uma preocupação com o processo de ensino-aprendizagem frente aos novos desafios da sociedade contemporânea. A inquietação é constante e o desafio está posto: a procura de métodos eficazes de ensino no século XXI no que se refere ao desenvolvimento físico e mental do autista. Neste pensar e repensar o processo de ensinar e aprender, apresenta-se uma abordagem relacionada a brincadeira e a diversão como recursos substanciais na procura de métodos pedagógicos que cativem e envolvam o aluno, principalmente o autista e suas especificidades. Assim, como proposta alternativa, surge a ludopedagogia, ou seja, a pedagogia lúdica. O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (HOUAISS, 2001, p. 1789.) define lúdico como “relativo ao jogo, [...] que se faz por gosto.” O mesmo dicionário informa que a palavra lúdico deriva-se da língua latina, da palavra ludus, que remete ao sentido de “jogo, divertimento, recreação.” Pode-se entender que o lúdico tem o sentido de jogo, recreação, diversão, de prazer ou satisfação. De forma alguma o lúdico é uma obrigação ou algo que não remeta aos sentidos: ou seja, algo fora do campo da experiência humana. Já o Dicionário de Filosofia (ABBAGNANO, 2007, p. 871), define pedagogia como “profissão do educador, teoria educativa e reflexão sobre o educar.” Neste entendimento, a pedagogia é um conjunto de teorias e práticas que tem por objetivo as diferentes formas de ensinar e aprender. Compreende-se, então, a ludopedagogia como o estudo teórico e prático da brincadeira, jogo, recreação ou diversão como elementos ou práticas educativas. Como é possível aprender e se divertir no processo? Aqui entra a reflexão ludopedagógica, a importância do brincar e a importância do se divertir. É notório que a escola ao longo dos séculos mantém um aspecto “sisudo” para as crianças, ou seja, um lugar formal, cheio de regras e nem sempre cativante, ainda que necessário. Muitas gerações se formaram no entendimento de que a escola não é lugar de brincadeira, e sim de estudo, e estudar é uma coisa séria. Os momentos 34 recreativos eram poucos e a interação se dava nas atividades de Educação Física, nos jogos de disputa onde o ganhar é o objetivo primário e o desenvolver-se fisicamente, o secundário, ou vice-versa. A brincadeira sempre foi percebida, quando relacionada ao estudo, (pensamento originado na Idade Média) como uma distração ao pensar, um divertimento frívolo e sem intenção, ao contrário do Renascimento que vê a importância do brincar para o desenvolvimento da criança (KISHIMOTO, 2002). Tanto que, a maior parte da vida escolar de uma criança foi dividida entre tempo para estudar e tempo para brincar, este último condicionado a performance do primeiro, ou seja, se fez as tarefas, poderá brincar. Compreende-se, conforme Kishimoto (2002) que na inclusão da criança a autista as impressões lúdicas são vívidas originando uma assimilação espontânea do processo. Esta separação entre o estudar e o brincar, ou até mesmo a oposição entre ambos, fez que com que o estudar fosse compreendido como obrigatório, penoso, enfadonho, apenas necessário para tirar notas e passar de ano. A escola tornou-se algo distanciado da vida da criança, ou percebida como sem importância ou pouco atrativa (CERATTI, 2017), e isto, ao longo do tempo, na realidade brasileira, fez com que os índices de evasão escolar e repetência fossem sempre crescentes. As crianças não aprendem, memorizam. Não gostam das aulas, são apáticas aos conteúdos e não os associam à sua realidade social. A escola então tornou-se um prédio isolado da realidade da vida da criança, pois nela, a criança aprende conteúdos, muitos dos quais sem sentido, e fora da escola, onde ela vive plenamente entre jogos, família e amigos. Obviamente não se deseja generalizar visões, mas é uma realidade ainda existente. Muitas crianças vão à escola porque são obrigadas pelos pais (e estes pela lei personificada no Estatuto da Criança e Adolescente e o Conselho Tutelar). Já outras, além da obrigação, estão na escola para fugir dos afazeres domésticos. Há situações onde a escola é o lugar onde a criança poderá comer uma das poucas refeições que consome no dia. No caso da criança autista, além do método, estrutura escolar e formação docente, há a questão da adaptação social. Seja qual for o motivo, raramente o vir à escola, nos dias de hoje, realmente está associado ao fato de aprender, do conhecer, do desbravamento de mundos novos. E isto é um problema que a Pedagogia, como ciência que analisa o aprender, tem se esmerado ao compreender e trabalhar. 35 Como tornar a escola um lugar interessante? Como tornar o processo de ensinar e aprender algo que chame a atenção das crianças? Como a escola pode tornar-se um lugar de riso, prazer e satisfação? Como tornar para o autista um lugar onde ele se sinta a vontade e estabeleça relações de confiança? Para estas interrogações, a ludopedagogia torna-se uma tentativa de resposta. Uma resposta que é resgate de valores humanos tão antigos como a própria humanidade, ou seja, o lúdico, o brincar, o sorrir, e o prazer de fazer algo. Realmente o brincar tem relevância no processo de ensino-aprendizagem? Acredita-se que entender o lúdico é entender como o ser humano se relaciona com o mundo. Assume-se que é comum os indivíduos terem uma experiência de relação, compreensão e entendimento da realidade que se constitui de distintas formas, e com certeza uma destas formas é lúdica, ou seja, há coisas que são feitas pelo prazer em si que elas oferecem. Na história humana há os jogos, danças, rituais, e um sem fim de ações que pelo prazer que oferecem são repetidas e aprimoradas, sendo que muitas vezes há um ensinar e um aprender envolvidos nos mesmos. Já para a criança, o lúdico é este momento onde ela volta sua atenção para algo que desperta nela um prazer genuíno do fazer, um momento onde as sensações e sentimentos se confundem, e o imaginário toma lugar. O lúdico possibilita o estudo da relação da criança com o mundo externo, integrando estudos específicos sobre a importância do lúdico na formação da personalidade. Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento físico e desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se socializando (SOUZA, 2012,p. 10). Quando o autista se submerge no mundo lúdico, ela o faz com tudo de si, sem reservas, há uma entrega ao momento, um sentimento de estar ali, inteira. Neste estar ali, ocorre desde uma catarse sensorial até a construção imagética da realidade. Ela pode ser o que quiser ser, representar papéis, imaginar situações, vivenciar desejos, manifestar vontades. E não o faz de uma forma racional linear, melhor dizendo, de caso pensado, o faz pela ideia que aquilo representa, pela sensação que oferece e pelo movimento que é provocada a fazer. O faz como um todo, e seu momento é integral ou holístico, é o envolvimento do ser na experiência. Na brincadeira a criança pode desenvolver conceitos (ideias), projetar aptidões (vontades) e aprimorar ações (movimentos). Há uma experiência totalizante, desejada 36 ou idealizada para o processo de ensino-aprendizagem, mas que não ocorre pelos motivos já citados (desinteresse, obrigação etc.). É neste sentido que a ludopedagogia entra em campo, associar todo este prazer ao processo de ensino-aprendizagem. O objetivo é associar e correlacionar estes mundos, o do aprender e o do brincar. Antunes (1992) apresenta o lúdico absorvido em um sentido pedagógico como uma estratégia para o desenvolvimento dos seguintes elementos: espírito crítico, socialização, real aprendizado, o conhecer, o avaliar e uma disputa apoiada na solidariedade. É oportuno aprofundar estes conceitos oferecidos por Antunes (1992). Sobre o espírito crítico pode-se entender que a criança trabalha com o real, o ideal e o imagético, ou seja, há uma verdadeira “tempestade” de pensamentos e sentimentos que podem ocorrer no brincar de forma dialógica. Ela leva à brincadeira o que sente e vê, imagina e sonha coisas possíveis e impossíveis, copia e modifica a sua realidade para o momento lúdico. Neste ir e vir da brincadeira, no que dá certo e no que não dá, no real e imaginário, sua mente, de forma singular e prazerosa, constrói a criticidade em relação ao mundo. Seu espírito crítico se desenvolve na medida que avança em suas aventuras lúdicas e o retorno das mesmas. Vive em dois mundos que se confundem e se separam pela mera experiência de vivê-los. Já na socialização, a brincadeira nivela as crianças ao momento lúdico por si, sem as divisões econômicas, étnicas e culturais. A brincadeira é o prazer de brincar, e todos estão envolvidos neste prazer. Nisto, a criança percebe a si mesma e as outras crianças, seus sonhos, suas capacidades, suas similaridades e limitações. Há um espaço de convívio, de encontro, de aceitação, de partilha. É importante conhecer e avaliar este “movimento” da criança em direção ao lúdico e seu retorno. Neste ir e vir, a criança aprende novas formas (maneiras) e ideias (vontades), apreende o processo (melhor forma de fazer) e compara-se com o outro (parcerias). O brincar é para a criança uma fonte de descoberta de valor incalculável, pois, enquanto brinca, vivencia o lúdico de forma significativa produzindo no cérebro uma atividade intensa marcada pelo prazer que, por sua vez, desenvolve o senso de companheirismo, afirma a personalidade, proporcionando a criança a descoberta do seu próprio “eu” (MARIANO, 2012, p. 12). Quando o lúdico é orientado pelo pedagógico no sentido de uma disputa solidária, o sentido de construção comunitária se solidifica, ou seja, a criança aprende que deve interagir e nesta interação o outro é importante para ela, assim como ela o 37 é para o outro. Não é um jogar para vencer o outro, mas um jogar para vivenciar o momento prazeroso com o outro. Segundo Piaget (1967) citado por Souza (2012, p. 6) "[...] o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral". Entende-se o pensamento de Piaget como uma confrontação à percepção de que a brincadeira é apenas um passar ou ocupar um tempo da criança, sem significações e objetivos. O que é justamente o que ocorre um uma escola quando um professor se ausenta, ou na falta de um planejamento adequado. Liberam-se as crianças para “brincar” apenas para que aquele tempo seja ocupado por alguma coisa, sem que haja um objetivo pedagógico envolvido no processo. O fazer pedagógico em uma escola é intrínseco ao existir da mesma, ou seja, como um dos lugares onde a criança desenvolve seu “aprender”, as atividades na escola devem ser orientadas com um objetivo pedagógico, inclusive os momentos recreativos. Isto de forma alguma quer dizer que as atividades lúdicas devem tornar- se obrigatórias e repletas de regras onde o professor determina todas as ações, não é isto uma absorção pedagógica do lúdico. Dizemos que podemos aproveitar as ações que ocorrem na escola, entre elas as lúdicas, para orientar no sentido de aprendizado e desenvolvimento. Pois estando os alunos na escola, é ali que se deve potencializar os momentos da criança como oportunidades onde ela pode encontrar o prazer na descoberta do novo. Ao lidar com os objetos existentes na brincadeira e nos jogos a criança pode lidar com o significado das palavras por meio do próprio objeto concreto, e por esta ação de brincar a criança embora não possua linguagem gramatical, consegue internalizar a definição funcional de objetos, e a criança passa a relacionar as palavras com algo concreto (SOUZA, 2012, p. 4). Fora da escola, muitas vezes, a criança não terá sua atividade lúdica orientada em um fazer pedagógico. Talvez não ocorrerá a mediação feita pelo professor entre o prazer e o conhecer. É por isto que, novamente, ressalta-se a importância de que na escola não se faça um “brincar” por brincar, para ocupar o tempo e gastar a energia das crianças no sentido de torná-las dóceis para o aprender. Deve o professor usar o tempo que dispõem para aproveitar o brincar como uma ponte para o aprender, como uma sala de aula estendida, como uma outra forma de mediar a informação. 38 Muitas vezes o que não se logra na sala de aula com conceitos e exercícios, o lúdico permitirá a internalização por meio da apreensão dos mesmos conceitos coisificados. É o conceito que se torna objeto material, ou concreto, manuseável. Mariano (2012, p. 12) pensa a brincadeira como “linguagem natural da criança”, ou seja, é a forma genuína da criança se relacionar com o mundo. Por quê? Porque ela o faz sem reservas e sem limites, o faz por prazer e sobretudo, está totalmente envolvida no processo (sentimentos - pensamentos - ações). Santos (2011) citado por Mariano (2012, p. 14) fala que a “brincadeira é a primeira conduta inteligente do ser humano. Quando a criança nasce, suas brincadeiras tornam-se tão essenciais como o sono e a alimentação.” 4.1 A brincadeira e a aprendizagem Ribeiro, Fernandes e Marques (2017) concebem que a criança, em todos os momentos de sua vida, até a fase adulta, e em todas as fases escolares, estará sempre pronta para o desenvolvimento psicomotor. Isto, no sentido de que a expressão do eu se faz pelo corpo não como mediação, mas como integração da estrutura mental e corpórea. O desenvolvimento psicomotor é um processo que se dá continuamente na vida do indivíduo, onde desde a mais tenra idade a criança começa a se desenvolver por completo. A psicomotricidade é justamente a ciência que estuda o homem através de seu corpo, de seus movimentos, e busca fazer uma conexão entre os aspectos emocionais, cognitivo e motores, essenciais para que a criança se desenvolva, além de facilitar a exploração do ambiente na qual está inserida. Na aprendizagem escolar os aspectos psicomotores influenciam, pois psicomotricidade trabalha a criança como um todo (corpo e mente) (RIBEIRO; FERNANDES; MARQUES, 2017, p. 2). Ao abordar a questão lúdica na educação de crianças, a mesma possui um atrativo oportuno, pois é recreativa por natureza e permite, conforme aatividade trabalhada, uma socialização onde a criança percebe-se no outro. O lúdico oportuniza a capacidade dialógica e imagética, no sentido que o mental irá receber impressões e ofertar impressões, dialogando com o outro e a realidade, incentivando não só a criatividade, como a elaboração de pensamentos novos em relação a problemas e desafios encontrados. No que diz respeito ao desenvolvimento psicomotor da criança, a ludicidade vem se tornando cada vez mais um elemento fundamental para este 39 processo, pois a partir do lúdico, de jogos, brincadeiras, a criança se sente instigada e desafiada a querer aprender mais. Sendo assim, novos objetos e ambientes vão sendo explorados, o que exige da criança novas habilidades que podem ser facilmente adquiridas utilizando a ludicidade (RIBEIRO; FERNANDES; MARQUES, 2017, p. 2). Cipriano e Moreira (2016, p. 8) compreendem o lúdico “como um recurso pedagógico direcionado ao desenvolvimento psicomotor, surge entre os aspectos relacionados à interação da criança com o meio em que vive.” Nesta percepção, a visão que o professor terá da criança é, sobretudo integral e totalizadora, pois o trabalho no desenvolvimento psicomotor servirá como guia durante o processo educacional, e nisto, o próprio professor poderá, ao longo do tempo, perceber, direcionar ou potencializar o desenvolvimento da criança. A Educação Infantil vem passando por transformações permanentes, deixando de lado o caráter de assistência social, adquirindo, hoje o consenso e a preocupação com o desenvolvimento integral dos alunos nos primeiros anos de vida. O brincar se apresenta como fundamental, tanto ao desenvolvimento cognitivo e motor da criança quanto à sua socialização, importante instrumento de intervenção da estratégia de construção do conhecimento e autopercepção na infância. Podemos afirmar que, as atividades lúdicas, enquanto promotoras da capacidade e da potencialidade da criança, devem ocupar um lugar especial na prática pedagógica, tendo como espaço privilegiado, a sala de aula. A brincadeira e o jogo precisam estar presentes na escola, se acreditamos na importância do brincar para o desenvolvimento do sujeito (ORFAN, 2014, p. 27). Na busca incessante de métodos que auxiliam a tarefa pedagógica relacionada ao ensino e aprendizagem, e, vista a importância primordial do desenvolvimento psicomotor, é valorosa a associação de meios e métodos para o desenvolvimento integral da criança. O lúdico representa uma destas formas que, na Educação Infantil com a criança autista, não pode ser ignorada. 4.2 Brincadeiras para crianças com autismo O neurologista infantil e neuropediatra, Dr. Clay Brites (2017), no Portal Entendendo o Autismo destaca que a brincadeira e o aspecto lúdico de atividades realizadas na escola possuem aspectos importantes. O primeiro aspecto, sem dúvida, é o socializante, no sentido de que a criança, junto com outras autistas ou não poderá interagir livremente. O outro aspecto a ser explorado, é a desinibição que a brincadeira oferece, e conduzida pedagogicamente, estrutura os laços afetivos entre 40 o alunos e outros alunos, do aluno para com professor, bem como o reconhecimento de que aquele local é um espaço afetivo, que também lhe pertence e o acolhe. Exemplos de brincadeiras para autistas indicados por Brites (2017, p.1) no Portal Entendendo o Autismo. Pegar Bola. A brincadeira em questão consiste em chamar a criança para jogar uma bolinha até você. Procure estimular o pequeno demonstrando que está interagido com a atividade. O jogo é responsável pelo movimento dos braços e das mãos, além da capacidade de preensão de um objeto. Cartão animado Jogos infantis, que incluem personagens, são excelentes para o desenvolvimento psicomotor da criança. A ideia é colar imagens de um herói ou integrante de um desenho animado em cartõezinhos para que a criança possa unir os pares semelhantes (Bob Esponja com Bob Esponja; Peppa com Peppa, etc.). A intenção é fazer com que o pequeno se sinta mais motivado a continuar na brincadeira e, assim, ter sua atenção trabalhada. Cestinha O nome já adianta qual é o objetivo da tarefa. O pequeno deve ser motivado a jogar uma bola pequena ou bola de meia em uma cestinha. Isso estimula, assim como o ato de pegar bola, o movimento dos principais membros superiores do corpo, além do foco que a criança pode ter para acertar a cestinha. Pescaria A pescaria é responsável por trabalhar a funcionalidade das mãos da criança autista. Considerando que ela está em fase de desenvolvimento, o ato de estimular sua habilidade manual é bastante válido. O ato de utilizar peixinhos de papel pode dar a você a possibilidade de variar as cores que comporão os bichinhos. Argola Assim como a pescaria, a brincadeira da argola também incentiva o desenvolvimento psicomotor da criança. O pequeno deve acertar as garrafas, que servirão de alvo. É importante que se utilize cores variadas para aumentar o aspecto lúdico do jogo. Martins e Góes (2013, p. 26) entendem que nas especificidades de aprendizagem da criança autistas existem “dificuldades de comunicação e interação”, onde a forma que “as pessoas próximas reagem à falta de respostas e de contato do 41 autista” podem criar um processo que vai “cristalizando o quadro já instalado”. Ou seja, o trabalho realizado na escola, bem como a condução pedagógica das atividades pode significativamente melhorar os aspectos comunicativos e interativos, ou, de forma não desejada, incrementar o quadro de dificuldades de comunicação. Justamente reforça a argumentação da necessidade de orientação pedagógica de professores e gestores, bem como da comunidade escolar, no sentido de construir caminhos de acolhida afetiva para o trabalho com autistas. Na criança normal, o processo do brincar ocorre de forma natural, em que adultos e parceiros interagem com ela, que logo aprende a agir com objetos de forma lúdica e a compartilhar a atividade. Já nas crianças autistas esse processo não é tão simples, pode ser longo e trazer grandes frustrações a pais, familiares e educadores, que acabam desacreditando da viabilidade e importância dessa área tão propícia ao desenvolvimento (MARTIS; GOÉS, 2013, p. 26) 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS As questões relativas à inclusão no âmbito escolar são referendadas pelas legislações pertinentes e a compreensão de que a escola é um espaço democrático, onde alunos e professores se encontram, em suas diferenças e singularidades. Em uma sociedade plural, não há espaço para práticas educativas aplicadas de forma homogênea. Entretanto, os paradigmas médicos construídos ao longo do tempo, e assumidos pela sociedade, no que se refere ao normal e no diferente, ainda impregnam percepções que afetam as práticas pedagógicas. Neste sentido, a comunidade escolar deve compreender que a inclusão não é um ato mecânico, e não ocorre por ela mesma, mas depende de ações ativas de terceiros, bem como mudanças de percepção sobre o fato. Mesmo sabendo dos problemas de infraestrutura e metodológicos existentes na escola, e a sobrecarga sobre muitos docentes no que se refere as jornadas de trabalho, é importante que a preocupação com a inclusão não se distancie da reflexão pedagógica e do fazer docente. É uma realidade que se impõe sobre a escola e sobre a sociedade, e deve ser entendida como uma realidade que busca mitigar ou erradicar a exclusão e a desigualdade. Entretanto, este assumir como missão da escola a luta contra a desigualdade não significa desistir da denúncia e a luta por condições necessárias para que as práticas inclusivas ocorram. A escola pode muito, os professores podem muito, mas sozinhos não serão tão efetivos. O papel do Estado e da comunidade, no sentido de promoverem as condições para que a inclusão de fato ocorra, são fundamentais. Em uma outra reflexão, a prática inclusiva podesuscitar temor e preocupação por parte da comunidade escolar em como agir, e isto pode ser sanado utilizando-se, de forma adaptada e orientada pedagogicamente, metodologias que já existem na prática escolar, como o lúdico e o desenvolvimento psicomotor. São propostas, alternativas, não isoladas de ações adaptadas na sala de aula e em todo âmbito escolar. 43 O importante, no que se refere a inclusão, não é a busca de soluções únicas e hegemônicas, mas, sobretudo, considerar a relevância do assunto, a importância de se discutir, avaliar os processos e procurar alternativas de ação que distanciem- se da inércia ocasionada pela disputa sobre a responsabilidade, formação, competência e meios. A escola deve assumir que está inserida em uma realidade plural, e neste sentido, os fazeres e práticas educativas devem acompanhar a mesma pluralidade de conhecimentos, habilidades e oportunidades. 44 BIBLIOGRAFIA ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. ANTUNES, Celso. Manual de Técnicas de dinâmica de grupo, de sensibilização de ludopedagogia. Petrópolis: Vozes, 1992. AZEVEDO, Maria Antônia Ramos de; CUNHA, Gracilliani Rosa da. 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