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UnB - Instituto de Química Laboratório de Físico-Química Profs. Maria José A. Sales, João Batista L Martins e Edgardo Garcia Experimento 6 - DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DE ATIVAÇÃO DA REAÇÃO ENTRE O PERSULFATO E O IODETO Experimento apresentado pelos alunos Louise Garcia e João Paulo Batista, Daniel Salomão Nancy Rodrigues na disciplina Laboratório de Físico-Química Experimento revisado e atualizado pelos alunos Alan Rocha Baggio e Gabriela Gomes de Assis, bolsistas do Programa de Bolsas REUNI de Graduação. 1. INTRODUÇÃO TEÓRICA Cinética química é o estudo do comportamento da velocidade das reações em função das diferentes condições ou fatores (concentração dos reagentes, temperatura, estado físico dos reagentes, luz, presença de catalisador ou inibidor) e quais os mecanismos de desenvolvimento de uma reação. Entende-se, contudo, por velocidade de uma reação química a rapidez em que se formam os produtos ou se consomem os reagentes. As velocidades das reações permitem predizer a composição de uma reação à medida que ela se desloca para o equilíbrio. Elas são estudadas, principalmente, para acompanhar os processos moleculares que ocorrem nas reações. Pode-se relacionar a velocidade de uma reação com a concentração dos reagentes com a lei de velocidade. Para uma equação química genérica e elementar tem-se que a lei de velocidade da reação direta é dada por: onde, que k é a constante de proporcionalidade ou constante de velocidade (tem valor constante e só varia com a temperatura – possui um único valor para cada temperatura); a e b constituem os coeficientes estequiométricos dos reagentes e a soma desses valores, no exemplo, representa a ordem global da reação (obs: não há, necessariamente, nenhuma relação entre a estequiometria da equação simplificada de uma reação e a sua equação de velocidade. Isto significa que é impossível escrever a equação de velocidade de uma reação pela simples análise da correspondente equação química. As equações de velocidade são determinadas a partir de dados experimentais.Utilizou-se a relação entre estequiometria e lei de velocidade no texto em comento como forma explicativa e geral do que se espera teoricamente para uma reação homogênea e elementar). No início do século XX, a primeira teoria bem-sucedida de velocidades de reação foi desenvolvida com base na teoria cinética dos gases. Esta teoria admite que, para ocorrer uma reação entre moléculas de gás, é necessário que estas moléculas colidam entre si com orientação e energia adequadas. Por este motivo, esta teoria é conhecida como a teoria das colisões. No momento da colisão efetiva entre os reagentes, de acordo com essa teoria, ocorre a formação do complexo ativado (estado intermediário não isolável de energia maior que a dos produtos e a dos reagentes). A barreira energética entre os reagentes e o complexo ativado é a energia de ativação que se relaciona com a constante de velocidade por meio da equação de Arrhenius: � � �. � ��� em que, A é o fator de freqüência (ou constante de Arrhenius), Ea é a energia de ativação, R é a constante dos gases ideais e T é a temperatura absoluta. UnB - Instituto de Química Laboratório de Físico-Química Profs. Maria José A. Sales, João Batista L Martins e Edgardo Garcia 1.1. O efeito da temperatura na velocidade das reações A origem das constantes de velocidades está intimamente relacionada com a dependência da temperatura nas velocidades de reações. Muitas reações acontecem mais rapidamente, quando a temperatura é aumentada. Esta afirmação mostra o aspecto qualitativo da temperatura. Um acréscimo de 10 °C acima da temperatura ambiente, tipicamente dobra a velocidade de reação de espécies orgânicas em solução. O efeito quantitativo da temperatura em uma velocidade de reação foi identificado por Svante Arrhenius, no fim do século XIX. Ele demonstrou que, em um determinado intervalo de temperatura, uma linha reta era obtida em um gráfico de logaritmo da constante de velocidade (ln k) versus o inverso da temperatura absoluta (1/T). Ou seja, (1) A interseção é designada por ln A e a inclinação por - Ea/R, de acordo com a teoria das colisões. Portanto, a equação empírica de Arrhenius é: (2) As duas constantes, A e Ea, são conhecidas como os parâmetros de Arrhenius da reação e são encontrados experimentalmente. A é definido como fator pré-exponencial e Ea é a energia de ativação. A e Ea são praticamente independentes da temperatura, mas dependem da reação estudada. 1.2. Usando a energia de ativação para predizer uma constante de velocidade De forma geral, espera-se ter constantes de velocidade menores, em temperaturas mais baixas. Suponha duas temperaturas chamadas de T e T’ e a equação de Arrhenius a elas associadas: Eliminando ln A e subtraindo a segunda equação da primeira, tem-se a Equação 3: (3) Ou seja, (4) 1.3. Energia de Ativação da reação de oxi-redução do S2O82- e do I-. Um passo importante no processamento de uma reação química é a formação do complexo ativado. Esse complexo é formado pela associação de um número de moléculas (denominado molecularidade da reação), em um passo intermediário da reação. O complexo ativado tem uma energia superior a dos reagentes e é denominada energia de ativação, indicada na equação de Arrhenius. Nesse experimento, objetiva-se determinar a energia de ativação da reação entre o persulfato e o iodeto sob condições controladas: S2O82-(aq) + 2I-(aq) → 2SO42-(aq) + I2 UnB - Instituto de Química Laboratório de Físico-Química Profs. Maria José A. Sales, João Batista L Martins e Edgardo Garcia Se os íons iodetos estiverem em grande excesso, a reação química é de primeira ordem com relação aos íons persulfatos, sendo permitido determinar a velocidade específica usando a equação: ln[S2O82-]o – ln[S2O82-]t = kt onde [S2O82-]o é a concentração inicial e [S2O82-]t é a concentração no instante posterior, t, de íons persulfatos. Fixando uma razão constante entre as concentrações inicial e final, a equação anterior nos diz que o produto kt deve permanecer constante, isto é: ln[S2O82-]o – ln[S2O82-]t = ln ([S2O82-]o / ln[S2O82-]t ) = constante = kt Portanto, k é inversamente proporcional ao tempo transcorrido até que a reação atinja um grau de avanço pré-escolhido, isto é: t tecons k tan = Substituindo o resultado acima na equação de Arrhenius temos, � � �� ��� �� � � �. � ��� �� (6) E, tomando o logaritmo natural da equação resultante encontra-se: ln ��������� − ��� � ln� − �� (7) ou ��� � ln ��������� − ln� + �� (8) De acordo com a equação acima, um gráfico de T xversusty 1 ln == é uma reta cuja forma é: bxay += onde, Ateconsa lntanln −= e a inclinação ! � "� . Para a reação estudada neste experimento, é possível observar com alguma precisão o momento em que o meio reacional muda o pH. Isto ocorre sempre para a mesma fração restante de S2O82- e é revelado pela mudança de cor do indicador. Neste experimento, marca-se o tempo t, para que a reação produza mudança de cor na solução que reage em diferentes temperaturas, T, e ajusta-se uma reta ao conjunto de pontos T x 1 = , ty ln= . A inclinação da reta obtida fornece a energia de ativação pela relação "� � !#. 2. OBJETIVO Determinar a energia de ativação e a entalpia da reação entre persulfato de sódio e iodeto de potássio. 3. INFORMAÇÕES SOBRE OS REAGENTES E EQUIPAMENTOS Persulfato de sódio é um cristal sólido com forte poder oxidante, irrita a pele, olhos e mucosas. UnB - Instituto de Química Laboratório de Físico-Química Profs. Maria José A. Sales, João Batista L Martins e Edgardo Garcia Oxidante Irritante Tiossulfato de sódio é utilizado na indústria de fotográfica, nos banhos fixadores e no curtume. Não apresentapericulosidade. Iodeto de potássio apresenta importante uso em tratamentos radioterápicos, apresenta-se como um sal branco que pode se tornar amarelo devido à oxidação do iodeto a iodo. Xi - Irritante Tabela 1. Descrição de custo do experimento Bens de consumo Bens materiais Quantidade Valor unitário Valor total Persulfato de sódio - - Tiossulfato de sódio - - Iodeto de potássio - - Solução de amido - - - Proveta 100 mL 1 - Erlenmeyer 250 mL 2 - Balança analítica 1 - Termômetro 1 - Chapa de aquecimento 1 Custo total 4. DESCRIÇÃO DA PRÁTICA 4.1. Prepare as seguintes soluções: - 100 mL de iodeto de potássio (KI) 0,5M; - 100 mL de tiossulfato de sódio (Na2S2O3) 0,001M; - 100 mL de persulfato de potássio (K2S2O8) 0,002M; OBS: Também serão utilizados uma solução de amido a 1% e gelo. 4.2. Prepare o termostato estabilizando a temperatura inicialmente a 10 °C, para a realização da primeira medida (caso o abaixamento da temperatura demore, adicione gelo de forma quantitativa e aguarde o equilíbrio térmico antes de uma nova adição). 4.3. Coloque em um erlenmeyer 20 mL de iodeto de potássio e 10 mL de tiossulfato de sódio. 4.4. Em um segundo erlenmeyer, coloque 20 mL de persulfato de potássio e 5 gotas da solução de amido. 4.5. Leve os dois erlenmeyers ao termostato a 10 oC e deixe a temperatura estabilizar. Anote a temperatura. OBS: Mais importante do que conseguir estabilizar o termostato e os reagentes na temperatura pré-estabelecida é registrar com precisão o valor da temperatura obtida. Os valores de temperatura devem ser registrados em Kelvin. UnB - Instituto de Química Laboratório de Físico-Química Profs. Maria José A. Sales, João Batista L Martins e Edgardo Garcia 4.6. Misture as duas soluções, marcando imediatamente o tempo e agitando a mistura rapidamente. Anote o tempo transcorrido até que a solução resultante mude de cor. IMPORTANTE: A visualização da mudança de cor pode ser uma fonte de erro considerável. Logo, atente para a iluminação do local da realização do experimento, pois a coloração levemente marrom proveniente da formação do iodo é muitas vezes difícil de ser observada no momento da viragem. OBS: Anotar os tempos em segundo. Exemplo: Um tempo de 3 minutos e 42 segundos deve ser anotado como 3 x 60 + 42 = 222 s. 4.7. Repita o procedimento descrito para as temperaturas de 20, 30 e 40 oC. 5. PRÉ-RELATÓRIO 5.1. Quais são os efeitos qualitativo e quantitativo da temperatura em uma velocidade de reação? 5.2. Explique a equação de Arrhenius e a sua relação com o complexo ativado e a energia de ativação. 5.3. Explique em termos gerais, o que é a teoria das colisões e como ela se relaciona com a energia de ativação. 5.4. Explique a reação de oxi-redução do S2O82- e do I-, indicando o agente redutor e o agente oxidante. 5.5. A equação de Arrhenius se aplica apenas aos gases? Justifique. 6. DICAS PARA A ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO • Coloque os resultados em uma tabela, como no exemplo abaixo. Tabela 1. Resultados dos experimentos, na faixa de temperatura de 10 a 40 ºC. T (oC) T (K) x = 1/T (K-1) t (s) y = ln t x2 x.y 10 20 30 40 • Complete a tabela acima e faça o gráfico de ty ln= em função de T x 1 = . Determine a energia de ativação através da inclinação da reta, utilizando o valor de R = 1,98 cal mol-1K-1 para expressar o resultado em calorias por mol. • Para encontrar a equação da reta, bxay += que mais se aproxima dos pontos, pode ser usado o método dos mínimos quadrados, ou seja: ( )( ) ( )( ) ( )∑ ∑ ∑∑∑∑ − − = 22 2 ii iiiii xxN yxxyx a ( )( ) ( ) ( )22 ∑∑ ∑∑∑ − − = ii iiii xxN yxyxN b onde N = número de pares (x,y) determinados no experimento. UnB - Instituto de Química Laboratório de Físico-Química Profs. Maria José A. Sales, João Batista L Martins e Edgardo Garcia 7. DESCARTE E TRATAMENTO Em pequenas quantidades a neutralização de iodeto deve ser feita com tiossulfato de sódio, aproximadamente 5 g de iodeto de potássio com 300 mL de tiossulfato de sódio 4%. A neutralização deve ser feita na presença de 0,1 g de carbonato de sódio, pois com a completa neutralização do iodeto a solução se tornará incolor. Neutralize a solução com carbonato de sódio ou ácido clorídrico (a neutralidade pode ser verificada com um indicador). A solução pode ser descartada na pia. Se tiver concentração elevada, a solução de iodeto pode ser reciclada. 8. BIBLIOGRAFIA 1. ATKINS, P.W. Físico-Química, v. 1. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1999. 2. ATKINS, P.W.; JONES, L. Princípios de Química. W.J. Freeman and Company, New York. Editora Bookman. Porto Alegre, 2001. 3. RUSSELL, J.B. Química Geral, v. 2, 2 ed., McGraw-Hill, 1994.
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