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METABOLISMO LIPÍDEOS

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OBJETIVO GERAL: Entender o metabolismo dos lipídios
Termos desconhecidos
Hiperlipidemia: A hiperlipidemia consiste em níveis elevados de gordura (ou lipídios) no
sangue. Sendo suas principais formas: colesterol e triglicerídeos.
Perfil lipídico: É uma série de exames bioquímicos que determinam a dosagem de colesterol,
HDL, LDL e Triglicerídeos circulantes no corpo devido à necessidade que se tem de controlar
tais substâncias.
Objetivos Específicos
1) LIPÍDIOS: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
Definição: Macronutrientes constituídos por grupos de ácidos graxos.
Funções:
● Fornecer energia (9,3 kcal/g);
● Constituir metade das membranas biológicas (fosfolipídica);
● Cofatores enzimáticos;
● Transportadores de elétrons e vitaminas lipossolúveis;
● Participação do processo inflamatório e no estresse oxidativo;
● Pigmentos que absorvem radiação luminosa;
● Âncoras hidrofóbicas;
● Agentes emulsificantes;
● Síntese de hormônios e estruturas celulares.
Classificação:
a) Lipídios simples:
- Ácidos graxos;
- Gorduras neutras (mono, di e triglicerídeos);
- Ceras: ésteres do esterol, ésteres não-estereoidais.
b) Lipídios compostos:
- Fosfolipídios (ácidos fosfatídicos, lecitinas, cefalinas, plasmalógenos, esfingomielinas);
- Glicolipídios;
- Lipoproteínas (transporte pelo sangue).
c) Lipídios derivados: alcoóis (incluindo esteróis e hidrocarbonetos).
Ácidos graxos: são ácidos monocarboxílicos constituídos de uma cadeia
hidrocarbonada saturada (sem lig dupla). A maioria dos ácidos graxos tem cadeia linear com
número par de carbonos, e são encontrados principalmente em gorduras animais, sendo os
mais comuns o esteárico e o palmítico.
Podem ser substratos para a síntese de triglicerídeos (como quando o organismo transforma
carboidrato ác. Graxo triglicerídeo). Os ác. Graxos essenciais fazem parte da estrutura dos
fosfolipídios, os teores de ác. Graxos n-6 e n-3 na alimentação determinam a composição dos
fosfolipídios da membrana, dessa forma, a composição de gordura alimentar pode influenciar
várias funções relacionadas à membrana, tais como ligação de hormônios e atividades
associadas a enzimas transportadoras.
Gorduras e óleos: os óleos, em geral, possuem uma alta proporção de ácidos graxos de
cadeia curta (menos de oito átomos de carbono) ou ác. Graxos insaturados. Gorduras possuem
ác. Graxos saturados de cadeia longa e têm pontos de fusão mais altos que os dos óleos, por
isso são sólidos na temperatura ambiente.
Esteróides e esteróis: derivados de uma estrutura cíclica, esteroides com um grupo
hidroxila comportam-se quimicamente como alcoóis e são conhecidos como esteróis. O
colesterol é o mais comum no tecido animal e ocorre na forma livre ou combinada com ácidos
graxos. É um componente normal de todas as células do corpo.
O colesterol só se encontra em animais. Pode ser exógeno, da alimentação ou endógeno,
produzido no fígado. A maioria dos hormônios adrenocorticais deriva do colesterol
(ex:progesterona e andrógenos).
Fosfolipídios: ésteres derivados dos ácidos fosfatídicos. São sintetizados
essencialmente em todas as células, mas cerca de 90% deles são formados no fígado e uma
quantidade razoável é formada no intestino com a absorção dos lipídios.
Suas propriedades físicas: lipossolúveis, transportados por lipoproteínas, parte estrutural de
membranas celulares. Eles possuem grupos hidrofílicos e hidrossolúveis o que faz com que eles
funcionem como detergentes no organismo. Na membrana, se combinam com proteínas e
facilitam a entrada de matérias lipossolúveis e hidrossolúveis na célula. Quando estão
realizando essa função não podem ser usados como fonte de energia, mesmo um animal
faminto reterá fosfolipídios nas células.
São constituintes das lipoproteínas no sangue e são importantes para o transporte de lipídios. E
são doadores de grupos fosfatos para várias reações no organismo.
Esfingolipídios: envolvem os neurônios = bainha de mielina
2) DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE LIPÍDIOS
Digestão
A gordura dos alimentos é quase completamente absorvida e para isso são necessários: a bile,
a lípase gástrica, e a lípase pancreática. Na ausência dessa última, os triglicerídeos são
excretados intatos nas fezes. Já em caso de alterações na mucosa intestinal, excretam-se ácidos
graxos e monoglicerídeos nas fezes.
Estômago
O início da digestão dos lipídios ocorre no estômago, onde acontece menos de 10% da digestão
total e, em geral, sem importância. Tal ação é realizada pela lípase lingual que foi secretada
juntamente com a saliva nas glândulas linguais da boca.
Intestino
No intestino ocorre a emulsificação e a maior parte da digestão.
A presença da gordura no duodeno promove a liberação do hormônio enterogastrona que
retarda o esvaziamento gástrico.
A emulsificação ocorre com a liberação da bile, contendo sais biliares e o fosfolipídios lecitina,
que possuem porção polar e apolar, unindo-se aos líquidos circundantes e à gordura.
Concomitantemente, a tensão dos glóbulos imiscíveis começam a ficar baixas, que com
agitação das contrações peristálticas, dividem-se em pequenas partículas.
Com a superfície de contato aumentada, a ação da lípase pancreática se torna ainda mais
eficaz, digerindo todos os triglicerídeos em 1 minuto.
Os fosfolipídios são digeridos pela enzima pancreática fosfolipase. O colesterol livre não precisa
ser digerido antes de ser absorvido.
Obs.: Não raramente, a ação da lípase pancreática é realizada em conjunto com a lípase
entérica liberada pelos enterócitos das microvilosidades intestinais.
Formação das micelas
Após a hidrólise, a permanência dos produtos, monoglicerídeos e ácidos graxos, impedem a
continuação da digestão do quimo que ainda não foi totalmente digerido. Dessa forma que, os
sais biliares se juntam em 20 a 40, formando agregados cilíndricos para formar as micelas. Tais
estruturas possuem núcleo esterol muito lipossolúvel e grupo polar muito hidrossolúvel mais
externamente e farão a remoção dos produtos hidrolisados tão rapidamente quanto a sua
produção.
Absorção
Além de manter a continuação do processo digestivo, as micelas servem como meio de
transporte de carreador dos monoglicerídeos e ácidos graxos, pois esses são relativamente
insolúveis nas bordas em escova das células epiteliais intestinais.
Se houve auxílio da micela, 97% da gordura foi absorvido, caso contrário, apenas 40 a 50%.
Dentro das células epiteliais do intestino, os produtos são capturados pelo retículo
endoplasmático liso e transformados em quilomícrons e transportados para os lactíferos das
vilosidades e em seguida para levados através do ductos linfático torácico até o sangue
circulante.
Obs.: Ácidos graxos de cadeia curta e média não são convertidos em triglicerídeos e
transferidos para a linfa. Por serem menores, são mais hidrossolúveis, difundindo diretamente
para o sangue do capilar das vilosidades intestinais.
3) TRANSPORTE DE LIPÍDIOS NO ORGANISMO
A maioria das gorduras dietéticas é absorvida no intestino e é transportada na linfa sob a
forma de quilomícrons, com exceção dos ácidos graxos de cadeia curta. Os quilomícrons são
partículas esféricas, formadas nas células intestinais, contendo cerca de 90% de triglicerídeos
no interior e moléculas polares na superfície, entre elas a apoproteína B-48, fosfolipídios,
colesterol livre, possibilitando dessa forma interação com o plasma sanguíneo.
Os quilomícrons entram na circulação sanguínea na junção das veias jugular e subclávia
proveniente do ducto torácico. Quando os quilomícrons passam pela circulação periférica, eles
interagem com a lípase lipoprotéica, uma enzima que está localizada na superfície endotelial
dos capilares. Essa enzima hidrolisa os triglicerídeos dos quilomícrons e os ácidos graxos livres
são liberados e captados pelos adipócitos e hepatócitos.
Os ácidos graxos, dentro das células, são ressintetizados a triglicerídeos com novo glicerol
fornecido por processos metabólicos das células. A lípase também hidrolisa fosfolipídios e os
ácidos graxos liberados têm o mesmo destino. Aquelesliberados nos capilares do músculo
esquelético são captados e usados para a
produção de energia. O restante da partícula de quilomícrons, contendo menos triglicerídeos, é
captado pelo fígado.
Os ácidos graxos provenientes da hidrólise dos triglicerídeos armazenados no tecido adiposo,
usualmente para produzir energia, são transportados no plasma combinados com albumina. A
hidrólise é estimulada por dois processos: baixa concentração de glicose nas células adiposas, o
que leva a baixo conteúdo de alfa-glicerofosfato, necessário para a síntese de triglicerídeo. A
ausência desse substrato favorece o equilíbrio para hidrólise; o segundo processo está ligado à
estimulação da lípase celular sensível a hormônio por vários hormônios.
Saindo das células gordurosas, os ácidos graxos ionizam-se no plasma e se combinam à
albumina, sendo denominados ácidos graxos livres ou ácidos graxos não-esterificados. Cerca da
metade dos ácidos graxos é renovado a cada 2-3 minutos, assim quase toda exigência
energética do corpo pode ser suprida pela oxidação dos ácidos graxos livres transportados no
plasma.
Na inanição e no diabetes há aumento de cinco a oito vezes na concentração de ácido graxo
livre no plasma. Nessas condições, o indivíduo utiliza pouca ou nenhuma energia dos
carboidratos. Após a remoção dos quilomícrons do plasma, mais de 95% dos lipídios estão na
forma de lipoproteínas, que são partículas bem menores que os quilomícrons, mas que
possuem a mesma composição química: triglicerídeos, fosfolipídios, colesterol e proteínas.
As lipoproteínas classificam-se de acordo com suas densidades medidas por ultracentrifugação
em:
1- VLDL- lipoproteínas de muito baixa densidade que contêm alta concentração de
triglicerídeos e moderada concentração de ambos colesterol e fosfolipídios;
2- IDL- lipoproteína de densidade intermediária que são partículas resultantes do esvaziamento
de triglicerídeos das VLDL e, portanto, com aumentada quantidade de fosfolipídios e colesterol;
3- LDL- lipoproteínas de baixa densidade que são partículas praticamente sem triglicerídeos,
com uma concentração alta em colesterol e moderadamente alta em fosfolipídios;
4- HDL- lipoproteína de alta densidade que contém alta concentração de proteínas( cerca de
50%), mas menores quantidades de colesterol e fosfolipídios.
As lipoproteínas se classificam também pela sua mobilidade em campo elétrico- eletroforese.
Há uma correspondência entre essas duas classificações: a lipoproteína de muito baixa
densidade(VLDL) corresponde à fração pré-beta da eletroforese.
Em papel; a lipoproteína de densidade baixa (LDL) corresponde à fração beta e a lipoproteína
de densidade alta (HDL) corresponde à fração alfa da classificação eletroforética.
Praticamente todos os constituintes das lipoproteínas são sintetizados no fígado, assim como
as partículas VLDL e HDL que são secretadas no sangue. A interação da VLDL circulante com a
lípase da lipoproteína resulta na lipólise de triglicerídeos produzindo a IDL, e parte é captada
pelo fígado como VLDL remanescente onde é metabolizada. Ainda no sangue cerca de 50% da
IDL se transforma em LDL e o restante é captado pelo fígado onde é metabolizado.
A convenrsão para LDL envolve a lípase hepática que hidrolisa triglicerídeos e fosfolipídios da
superfície da partícula. A LDL então formada tem seu miolo composto quase inteiramente de
ésteres do colesterol e entrega colesterol para os tecidos periféricos. Outra classe de
lipoproteínas é constituída pela HDL que também é sintetizada no epitélio intestinal durante a
absorção de ácidos graxos. Ela contém principalmente ésteres de colesterol no seu miolo.
A principal função das lipoproteínas é transportar os componentes lipídicos no sangue. A
VLDL transporta triglicerídeos sintetizados no fígado, principalmente para o tecido adiposo,
enquanto as demais partículas transportam fosfolipídios e colesterol para os diversos órgãos do
corpo. HDL é importante por promover o transporte reverso do colesterol sintetizado no tecido
periférico para o fígado, a fim de ser metabolizado e excretado. Cerca de metade do colesterol
produzido pelo corpo parece ser feita nos tecidos periféricos.
Quase todas as gorduras, com exceção de poucos ácidos graxos de cadeia curta, são absorvidas
a partir do intestino para a linfa intestinal. Durante a digestão, a maior parte dos triglicerídeos
se divide em: Monoglicerídeos e ácidos graxos. Depois, na passagem através das células
epiteliais do intestino, os monoglicerídeos e os ácidos graxos são "reformulados", e chegam na
linfa em forma de minúsculas gotículas, dispersas, chamadas de quilomícronsN (0.08 e 0.6
mocrômetro).
Uma pequena quantidade de apoproteína B é absorvida nas superfície externa dos
quilomícrons, mas por que? Elas se aderem para aumentar a estabilidade da suspensão dos
quilomícrons no líquido linfático, além de impedir sua aderência às paredes dos vasos
linfáticos.
Grande parte do colesterol e dos fosfolipídios absorvidos no trato intestinal penetram nos
quilomícrons. Então, apesar deles serem compostos principalemte por triglicerídeos, eles
contém também 9% de fosfolipídios, 3% de colesterol e 1% de apoproteína B. Depois disso, os
quilomícrons são então transportados para o ducto torácico (o ducto torácico é um grande
canal linfático que se estende do abdome até o pescoço. É o maior ducto linfático do corpo e é
responsável por coletar maior parte da linfa. As únicas regiões cuja linfa não é drenada pelo
canal são o lado direito da cabeça e pescoço, membro superior direito e lado direito do tórax.)
Após uma refeição rica em gordura, o plasma sanguíneo fica diferente: Mais turvo, amarelado,
devido ao grande tamanho dos quilomícrons e pelo aumento de cerca de 1%-2% da
concentração no plasma. Mas, eles tem meia vida de 1 hora ou menos, de modo que, após
poucas horas, o plasma volta a sua normalidade.
Os triglicerídeos dos quilomícrons são hidrolisados pela lipase lipoprotéica e a gordura é
armazenada no tecido adiposo e nas células hepáticas:
Esses quilomícrons são removidos da circulação a medida que passam pelos capilares de vários
tecidos, especialmente do adiposo, do m. esquelético e do coração.
Os ácidos graxos que foram liberados pelos quilomícrons vão para o tecidos adiposo ou para as
células musculares. Lá eles podem ser utilizados para energia, ou podem ser sintetizados em
triglicerídeos. Além disso, a lipase também hidrolisa os fosfolipídios, processo que também
libera ácidos graxos para serem armazenados do mesmo modo.
Após os triglicerídeos serem removidos dos quilomícrons, os quilomícrons viram
remanescentes dos quilomícrons, que são enriquecidos por colesterol e são rapidamente
depurados (limpos, embranquiçados...) do plasma:
- Se ligando a receptores nas céluas endoteliais dos sinosoides do fígado.
-A apolipoproteína-E na superfície desses remanescentes de quilomícrons, secretadas pelas
células do fígado, também desempenham importante papel na iniciação da depuração dessas
lipoproteínas plasmáticas.
4) ARMAZENAMENTO E SÍNTESE DE LIPÍDIOS
A capacidade do organismo de armazenar gordura parece, infelizmente, ser praticamente
ilimitada. As gorduras são encontradas em todos os tecidos, mas predominam no tecido
adiposo branco e no marrom. As células dos mamíferos são capazes de sintetizar de novo
ácidos graxos a partir da acetilcoenzima-A.
Grandes quantidades de gordura são armazenadas nos dois principais tecidos do corpo, o
tecido adiposo e o fígado. O tecido adiposo é chamado, usualmente, depósito de gordura ou,
simplesmente, gordura tecidual. A principal função do tecido adiposo consiste em armazenar
os triglicerídeos até que sejam necessários para o suprimento de energia em outras partes do
corpo. Outra função consiste em proporcionar isolamento térmico ao organismo.
Os adipócitos são fibroblastos modificados que armazenam triglicerídeos, quase puros e quase
todo em forma líquida, em quantidades de até 80 a 95% de todo o volume das células. Sãotriglicerídeos em forma líquida, pois só nessa forma a gordura pode ser hidrolisada e
transportada para fora do adipócito. É para se manter dessa forma que quando os tecidos são
expostos ao frio por períodos prolongados as cadeias de ácidos graxos dos triglicerídeos
celulares ficam menores ou mais insaturadas.
As células adiposas podem sintetizar uma pequena quantidade de ácidos graxos e
triglicerídeos a partir dos carboidratos, essa função suplementa a síntese de gordura no
fígado. Grande quantidade de lípases está presente no tecido adiposo. Algumas dessas enzimas
catalisam a deposição de triglicerídeos, dos quilomícrons e das lipoproteínas.
Outras, quando ativadas por hormônios, causam a clivagem dos triglicerídeos, liberando ácidos
graxos livres. Devido à rápida troca de ácidos graxos, os triglicerídeos, nas células adiposas, são
renovados uma vez a cada duas ou três semanas, enfatizando assim, o estado sinâmico do
armazenamento das gorduras.
Síntese
- A partir dos carboidratos
Sempre que a quantidade de carboidratos ingerida é maior do que pode ser usada de imediato,
como fonte de energia ou do que pode ser armazenada sob fonte de glicogênio, o excesso é
rapidamente transformado em triglicerídeos e armazenado, desse modo, no tecido adiposo.
Nos seres humanos, a maior parte da síntese de triglicerídeos ocorre no fígado, mas
quantidades diminutas também são sintetizadas pelo próprio tecido adiposo. Os
triglicerídeos, formados no fígado, são transportados, em sua maior parte, pelos VLDLs para o
tecido adiposo onde são armazenados.
Conversão de Acetil-coA em ácidos graxos:
A primeira etapa da síntese dos triglicerídeos é a conversão dos carboidratos em
acetil-coA, isso ocorre durante a degradação normal da glicose pelo sistema glicolítico.
A síntese dos ácidos graxos a partir da acetil-coA ocorre por meio do processo, em duas
etapas, usando malonil-coA e a NADPH, como intemediários principais no processo de
polimerização.
Carboidratos Acetl-CoA Ác graxos
Combinação de ácidos graxos com alfa-glicerofosfato para formar triglicerídeos:
Depois de sintetizadas, as cadeias de ácidos graxos cresceram para conter de 14 a 18
átomos de carbono, elas se ligam ao glicerol para formar triglicerídeos. As enzimas que
provocam essa conversão são muito específicas para os ácidos graxos com
comprimentos de cadeia de 14 carbonos ou mais, fator que controla a qualidade física
dos triglicerídeos armazenados no organismo.
Ác graxos + glicerol à triglicerídeos
Eficiência da conversão: Durante a síntese dos triglicerídeos, apenas cerca de 15% da energia
original encontrada na glicose se perdem sob a forma de calor, os 85% restantes são
transferidos para os triglicerídeos armazenados.
Importância
A síntese da gordura de carboidratos é importante por dois motivos:
1) A capacidade das diferentes células do corpo para armazenar os carboidratos, sob a forma
de glicogênio é, em geral, pequena; no máximo algumas poucas centenas de gramas de
glicogênio podem ser armazenadas no fígado, músculos esqueléticos e em todos os outros
tecidos do corpo reunidos. Ao contrário, é possível armazenar diversos quilos de gordura no
tecido adiposo. Portanto, a síntese de gorduras fornece meio pelo qual o excesso de energia
ingerida, sob forma de carboidratos (e proteínas), pode ser armazenado para utilização
posterior. A pessoa média tem quase 150 vezes mais energia armazenada sob a forma de
gorduras, do que sob a forma de carboidratos.
2) Cada grama de gordura tem quase duas vezes e meia mais calorias de energia do que cada
grama de glicogênio. Consequentemente, para um ganho de peso, a pessoa é capaz de
armazenar diversas vezes esse valor de energia sob a forma de gordura, do que sob a forma de
carboidratos, o que é exatamente importante quando o animal precisa de grande mobilidade
para sobreviver.
Impossibilidade
Quando a insulina não está disponível, como ocorre no diabetes melito grave, as gorduras são
pouco sintetizadas ou, até mesmo, não o são, pelos seguintes motivos:
1) Quando a insulina não está disponível, a glicose não entra nos adipócitos, nem nas células
hepáticas de modo satisfatório, assim apenas a pequena quantidade de acetil-coA e NADPH,
necessárias para a síntese de gordura, podem derivar da glicose.
2) A ausência de glicose nas células adiposas reduz muito a disponibilidade de
alfa-glicerofosfato, o que também dificulta a formação de triglicerídeos pelos tecidos.
Obs.: sem insulina, pouca glicose entra nas células, assim pouco acetil-CoA estará disponível
para se transformar em triglicerídeo e pouca alfa-glicerofosfato para formação de
triglicerídeos.
- A partir das proteínas
Diversos aminoácidos podem ser convertidos em acetil-coA, essa acetil-coA pode então ser
sintetizada a triglicerídeos. Logo, quando as pessoas ingerem mais proteínas em suas dietas
do que seus tecidos são capazes de utilizar, grande parte do excesso é armazenada como
gordura.
5) EXPLICAR O PROCESSO DE OBTENÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DOS LIPÍDIOS
Alterações hormonais promovem rápida mobilização de triglicerídeos do tecido adiposo. A
diminuição da secreção de insulina causa deficiência de carboidratos nos tecidos, com
consequente diminuição de sua utilização. Essa diminuição muda o equilíbrio em favor da
metabolização de triglicerídeos, diminuindo o estoque de gordura.
Durante exercício intenso ocorre mobilização de gordura dos adipócitos como resultado da
liberação de adrenalina e noradrenalina da medula da supra-renal, devido à estimulação
simpática. Esses dois hormônios ativam a lípase de triglicerídeos sensíveis a hormônios que se
encontra em abundância nas células gordurosas.
A glândula pituitária anterior libera, sob forte stress, grande quantidade de corticotropina que
por sua vez estimula a córtex da adrenal a secretar excessiva quantidade de glicocorticoides.
Corticotropina e glicocorticoides ativam a lípase do triglicerídeo sensível a hormônio.
Hormônio do crescimento (GH) tem efeito semelhante ao da corticotropina e aos de
glicocorticoides na ativação da lipasse sensível a hormônio. Finalmente, o aumento da taxa de
metabolismo energético pelo hormônio tireoidiano pode ser causa indireta da mobilização de
gordura.
Para muitas pessoas, o uso de gordura para energia é tão importante quanto é o uso de
carboidratos. Além disso, muitos dos carboidratos ingeridos em cada refeição são convertidos
em triglicerídeos e depois armazenados, e posteriormente usados sob a forma de ácidos
graxos, liberados pelos triglicerídeos como energia.
Entrada dos ácidos graxos nas mitocôndrias
A degradação e oxidação dos ác. Graxos só ocorrem nas mitocôndrias. Assim, a primeira etapa
para a utilização dos ác graxos é seu transporte para as mitocôndrias. Esse é o processo
mediado por transportador que usa a carnitina como substância carreadora. Uma vez nas
mitocôndrias, os ác graxos se separam da carnitina, são degradados e oxidados.
Degradação dos ác graxos a acetilcoenzima-A pela betaoxidação
A molécula dos ác graxos é degradada, nas mitocôndrias por meio da liberação progressiva de
dois segmentos de carbono, sob a forma de acetilcoenzima-A. Esse processo é chamado de
processo de betaoxidação para a degradação dos ácidos graxos.
Ác graxos Acetil-CoA
Oxidação da Acetil-CoA
As moléculas de acetil-CoA formadas pela betaoxidação de ácidos graxos nas mitocôndrias
penetram, imediatamente, no ciclo do ácido cítrico, associando-se, em primeiro lugar, ao ácido
oxaloacético para formar ácido cítrico que é então degradado em dióxido de carbono e átomos
de hidrogênio. Depois da degradação inicial dos ácidos graxos em acetil-coA, sua quebra é
exatamente a mesma que a de acetil-CoA formada a partir do ácido pirúvico, durante o
metabolismo da glicose.
Ác graxo acetil-coA + ác oxaloacético ác cítrico
Grande quantidade de ATP é formada
Cada vez que uma molécula de acetil-CoA é formada derivada de ácido graxo são liberados
FADH2, NADH e H+ (4 átomos de hidrogênio). Para cadamolécula de ác graxo esteárico
metabolizada para formar 9 moléculas de acetil-coA, 32 átomos adicionais de hidrogênio são
removidos. Além disso, para cada uma das 9 moléculas de acetil-CoA que são,
subsequentemente, degradadas pelo ciclo do ácido cítrico, mais 8 átomos de hidrogênio são
removidos, formando outros 72 hidrogênios. Isso resulta em um total de 104 átomos de
hidrogênio, eventualmente, liberados pela degradação de cada molécula de ác esteárico.
Deste grupo 34 são removidos pela degradação de ác graxos pelas flavoproteínas e 70 são
removidos pela nicotinamida adenina dinucleotídio (NAD+) sob a forma de NADH eH+. Estes
dois grupos de átomos de hidrogênio são oxidados nas mitocôndrias, mas eles entram no
sistema oxidativo, em pontos diferentes. Assim, uma moléculas de ATP é sintetizada, para cada
um dos 34 hidrogênios das flavoproteínas, e 1,5 molécula de ATP é sintetizada para cada um
dos 70 NADH e hidrogênios H+. Isto significa 34 mais 105, ou um total de 139 moléculas de ATP
formadas pela oxidação do hidrogênio, derivado de cada molécula de ác esteárico.
Outras 9 moléculas de ATP são formadas no ciclo do ácido cítrico propriamente dito (em
separado do ATP liberado pela oxidação do hidrogênio), uma para cada uma das 9 moléculas
de acetil-coA metabolizadas. Assim, um total de 148 moléculas de ATP são formadas durante a
oxidação completa da molécula de ác esteárico.
No entanto, duas ligações de alta energia são consumidas Ca combinação inicial de CoA com a
molécula de ácido esteárico, correspondendo a ganho final de 146 moléculas de ATP.
Ácido esteárico Acetil-CoA + 146 ATP
Regulação da Liberação de Energia dos triglicerídeos
Preferência de carboidratos sobre as gorduras como fonte de energia na presença de excesso
de carboidratos:
Quando quantidades excessivas de carboidratos estão disponíveis no corpo, os carboidratos
são usados preferencialmente como fonte de energia do que os triglicerídeos.Umas das razões
para esse efeito “poupador de gordura” dos carboidratos é que as gorduras nas células
adiposas estão presentes sob duas formas: triglicerídeos armazenados e pequenas quantidades
de ácidos graxos livres. Eles se encontram em equilíbrio permanente.
Quando quantidades excessivas de alfa-glicerofosfato estão presentes (o que ocorre quando
carboidratos em excesso estão disponíveis), a sobra do alfa-glicerofosfato se liga aos ácidos
graxos livres, sob a forma de triglicerídeos armazenados.
Como resultado, o equilíbrio entre os ácidos graxos livres e triglicerídeos é desviado no sentido
dos triglicerídeos armazenados; portanto, só quantidades mínimas de ácidos graxos ficam
disponíveis para uso como fonte de energia. Como o alfa-glicerofosfato é produto do
metabolismo da glicose, a disponibilidade de grande quantidade de glicose inibe,
automaticamente, o uso de ácidos graxos como fonte de energia.
Glicose = alfa-glicerofosfato = ácidos graxos livres disponíveis para uso de fonte energética
E, ainda, quando carboidratos estão disponíveis em excesso, os ác graxos são sintetizados mais
rapidamente do que são degradados. Esse efeito é causado, em parte, pela grande quantidade
de acetil-CoA formada a partir dos carboidratos e pela baixa concentração de ác graxos livres
no tecido adiposo, criando assim, condições adequadas para a conversão de acetil-CoA em
ácidos graxos.
Glicose = Acetil –CoA para ser transformado em ác graxos já que os ác graxos estão sendo
tranformados em triglicerídeos.
Aceleração da utilização de gorduras como fonte de energia na ausência de carboidratos:
Todos os efeitos poupadores de gordura dos carboidratos se perdem e são, na verdade,
revertidos na ausência de carboidratos. O equilíbrio se desloca para a direção oposta e a
gordura é mobilizada nos adipócitos e usada como fonte de energia no lugar dos carboidratos.
Também importantes são as diversas alterações hormonais que ocorrem para promover a
rápida mobilização dos ác graxos no tecido adiposo. Entre as mais importantes, encontra-se
acentuada redução de secreção pancreática de insulina, devido à ausência de carboidratos.
Isso não somente reduz a utilização da glicose pelos tecidos, mas também diminui o
armazenamento das gorduras, o que desvia, ainda mais, o equilíbrio em favor do metabolismo
das gorduras, em vez dos carboidratos.
Regulação hormonal da utilização das gorduras:
Pelo menos sete hormônios secretados pelas glândulas endócrinas, apresentam efeitos
significativos sobre a utilização das gorduras, além da ausência de insulina. Provavelmente, o
aumento mais dramático que ocorre na utilização da gordura é observado durante exercícios
pesados.Isso resulta, quase que inteiramente, da liberação de epinefrina e noreprinefrina pela
medula adrenal, durante os exercícios como resultado de estímulos simpáticos. Esses
hormônios ativam a lipase triglicerídeo sensível a hormônio, presente em abundância nas
células adiposas, causando ruptura dos triglicerídeos e mobilização dos ác graxos.
Outros tipos de estresse que ativam o sistema nervoso simpático também podem aumentar a
mobilização de ác graxos e sua utilização de modo semelhante. O estresse também faz com
que grande quantidade de corticotropina seja liberada pela hipófise anterior e isso faz com que
o córtex adrenal secrete quantidades adicionais de glicocorticoides. Essas duas substâncias
também ativam a lipase triglicerídeo sensível a hormônio.
Quando a corticotropina e os glicorticoides são secretados em grande quantidades por muito
tempo as gorduras são mobilizadas em tal extensão que ocorre Cetose. O hormônio do
crescimento apresenta ação igual na ativação da enzima, porém mais fraco. O hormônio
tireoidiano causa rápida mobilização das gorduras.
Obs.: A hidrólise é estimulada por dois processos: baixa concentração de glicose nas células
adiposas, o que leva a baixo conteúdo de um substrato (alfa-glicerofosfato) necessário para a
síntese de triglicerídeo. A ausência desse substrato favorece o equilíbrio para hidrólise. O
segundo processo está ligado à estimulação da lipase celular sensível a hormônio por vários
hormônios.
6) IDENTIFICAR OS EXAMES REALIZADOS PARA AVALIAR A DOSAGEM LIPÍDICA
Perfil Lipídico
Definido pelas determinações bioquímicas:
● Colesterol (CT);
● HDL;
● LDL;
● Triglicérides (TG).
Condições do paciente
● Dieta habitual;
● Estado metabólito e peso estáveis (por 2 semanas);
● Jejum de 12 a 14 horas
● Deve evitar álcool 72 horas antes;
● Evitar atividade física vigorosa 24h antes.
O OCT, TG e HDL são dosados diretamente, em quanto o LDL pode ser determinado pela
equação Friedewald:
LDL = CT - HDL - TG/5
Obs.: Para pacientes com algumas patologias, a fórmula é imprecisa.
Realização
● Recomendado realizar a punção venosa no paciente sentado por pelo menos 10 a 15
minutos;
● Após 1 minuto de torniquete à hemoconcentração à aumento de 5% no CT(até 15%
com duração de 5min).
Obs.: Pacientes com alterações no perfil devem ter seus exames confirmados por repetição em
nova amostra, com intervalo de uma semana e dois meses e, se ainda alto, realizar uma
terceira vez em mesmo laboratório e com mesma metodologia.
Adultos - Os valores de referência para o CT, LDLC e HDL-C, no adulto (homens e mulheres com
idade igual ou superior a 20 anos), atualmente aceitos, são os recomendados pelo GEPA. SBC,
SBPC e SBAC. e baseados no Consenso do Programa Nacional de Colesterol dos Estados Unidos
(NCEP = “National Cholesterol Education Program”). Os valores para os TG são os
recomendados pela Sociedade Européia de Aterosclerose (tab. I).
Crianças e Adolescentes - CT e LDL-C: os valores de referência para estas frações lipídicas,
adotados por este Consenso, são os recomendados pelo NCEP (tab. II).
Variação máxima aceitável
Coeficiente de Variação: Biológico + Analítico + Total
CT: 6,1% + 3,0% = 9,1%
HDL: 7,4% + 6,0% = 13,4%
LDL: 9,5% + 4,0% = 13,5%
TG: 22,6% + 5,0% = 27,6%
7) ENTENDER OS FATORES PSICOSSOCIAIS DA OBESIDADE
A obesidade como consequência, tem comofatores associados a depressão, a classe
econômica mais baixa, a ausência de limites comportamentais, o estresse emocional e o
preconceito social. Goodman E et al, em 2002, descreveram que a depressão leva ao
isolamento social, gera negligência em relação à aparência, causa desânimo em realizar
atividades físicas e estimula o aumento da ingestão alimentar. Todos esses fatores se somam e
contribuem para que o adolescente se torne “mais” obeso. Rosenthal et al, em 2013,
mostraram que os pais têm papel primordial no controle e tratamento da obesidade de
adolescentes, ao limitar e supervisionar a ingestão alimentar e ao estimular a atividade física. A
obesidade como causa de implicações psicossociais tem como fatores relacionados: distúrbios
psicológicos/psiquiátricos, aparência negligenciada, baixa auto-estima, qualidade de vida
diminuída, e aumento do consumo de álcool e de suicídio. Quanto maior o tempo que o
adolescente permanece obeso, maior a probabilidade de desenvolver depressão, de acordo
com Daniels, em 2006.
Em 2007, Whetstone LM et al, publicaram estudo no qual se verificou que a taxa de
adolescentes que pensa, planeja ou tenta se suicidar é maior no grupo dos obesos em relação
ao dos não obesos. As pesquisas de Swallen KC et al, 2005, discutem que a relação entre
obesidade e implicações psicossociais não está completamente estabelecida. Em conclusão,
ressalta-se que o tratamento da obesidade minimiza os transtornos psicológicos causados pela
mesma, ainda que sequelas possam permanecer. Acrescenta-se que o fator atribuído aos pais,
em instruir os filhos em relação a atividade física e dieta, além de supervisioná-los é
determinante na prevenção e no tratamento na obesidade. Ressalta-se que os profissionais de
saúde não podem apenas orientar, esses precisam também motivar e insistir com o
adolescente obeso para que se trate. Quanto maior a insistência e motivação, maior a taxa de
sucesso no tratamento.
De acordo com Felippe (2001), a obesidade enquanto estigmatizadora produz discriminação,
preconceito e exclusão social. Segundo Cordás e de Azevedo (2003) apud Felippe (idem), a
sociedade julga que os obesos são responsáveis pelo seu tamanho corporal e por isso, os
consideram pessoas fracas, desleixadas e sem autocontrole. Ocorre que muitas vezes as
pessoas ignoram as outras características do indivíduo obeso, reduzindo-o apenas a um gordo.
Muitas vezes esse estigma pode ser internalizado, incorporando-se à identidade social do
obeso. Com isso, os próprios indivíduos obesos passam também a discriminar a si mesmos e as
demais pessoas com excesso de peso.
Para Rodrigues (1983) apud Paim e Strey (2004), o corpo humano é socialmente construído
como qualquer outra realidade do mundo, visto que assume significados diferentes ao longo
da história. O corpo é “produzido” em cultura e em sociedade, definindo-se de acordo com as
regras do mundo social em que se encontra inserido. A análise da representação social do
corpo possibilita entender a estrutura de uma sociedade. Sabe-se que a sociedade privilegia
um dado número de características e atributos que deve ter o indivíduo, sejam morais,
intelectuais ou físicas. Tais atributos são basicamente os mesmos para toda sociedade, embora
possam ter diferentes nuances e às vezes profundos contrastes para determinados grupos,
gêneros, classes ou categorias que compõem a sociedade de acordo com cada época.
O corpo humano, além de seu aspecto biológico, é afetado pela cultura, sociedade, classe e
grupo familiar. Desse modo cumpre também uma função ideológica, isto é, a aparência física
funciona como garantia ou não da integridade de uma pessoa.
Conforme Rodrigues (1983) apud Paim e Strey (ibidem), cada cultura “modela” à sua maneira
uma aparência corporal. Cada sociedade dita como deve ser o corpo humano. Não há
sociedade que não modifique de alguma forma o corpo de seus membros, os quais servirão
como insígnias da identidade grupal, em que o corpo biológico trabalhará como matéria
sociológica.
Selvini – Palazzoli et al. (1974) apud Philippi e Alvarenga (idem), enfatizam a dinâmica familiar
como fator fundamental nos transtornos alimentares como a obesidade, pois as famílias
funcionam de forma idealizada, utilizando-se muitas vezes da comunicação paradoxal e
indireta, em uma tentativa de obscurecer as diferenças individuais, e também como forma de
evitar os conflitos. Assim, dentro da dinâmica familiar, cada membro da família tem seu papel
estabelecido. A obesidade reflete algumas vezes a disfunção do sistema familiar, ou seja, pode
ser um sintoma de seu funcionamento problemático, onde se encontram problemas de
comunicação, dificuldades para se demonstrar afeto e impor limites e normas.

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