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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ALMOXARIFE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE ALMOXARIFE MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO E IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO ESTOQUE 1.1 A FUNÇÃO ESTOQUE E SUA IMPORTÂNCIA PARA A EMPRESA 1.2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE ESTOQUES 1.3 TIPOS DE ESTOQUES 1.4 TRATAMENTOS DOS ESTOQUES MÓDULO II 2 O ALMOXARIFE: SUAS FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES 2.1 DESCRIÇÃO DO CARGO 2.2 RESPONSABILIDADES 2.2.1 Responsabilidades Estratégicas 2.2.2 Responsabilidades Táticas ou Gerenciais 2.2.3 Responsabilidades Operacionais 2.3 REMUNERAÇÃO 2.4 POLÍTICAS DE CRESCIMENTO NO CARGO 2.5 IMPORTÂNCIA DO ALMOXARIFE PARA AS EMPRESAS MÓDULO III 3 COMO FUNCIONA A MOVIMENTAÇÃO NO ESTOQUE 3.1 ENTRADAS E SAÍDAS DE ESTOQUES 3.2 MOVIMENTAÇÕES INTERNAS DE PRODUTOS 3.3 ORGANIZAÇÃO INTERNA DOS ESTOQUES 3.4 MÉTODOS FIFO, LIFO E MÉDIA AN02FREV001/REV 4.0 4 3.4.1 Método Fifo 3.4.2 Método Lifo 3.4.3 Método pela Média MÓDULO IV 4 COMO É REALIZADO O CONTROLE DE ESTOQUES 4.1 CONTROLE FÍSICO E CONTAGEM PERIÓDICA 4.2 INVENTÁRIOS IMPRESSOS E ELETRÔNICOS 4.3 PERDAS E EXTRAVIOS DE MERCADORIAS E SUA REPERCUSSÃO NA FUNÇÃO ESTOQUES MÓDULO V 5 LAYOUT E ARRUMAÇÃO DOS PRODUTOS NO ESTOQUE E PEQUENA DESCRIÇÃO DE CUSTOS DE ESTOQUES 5.1 MODELOS DE LAYOUT 5.2 ORGANIZAÇÃO DOS ESTOQUES DE ACORDO COM O LAYOUT 5.3 ARRUMAÇÃO E LIMPEZA DO LOCAL DE ESTOCAGEM 5.4 CONSERVAÇÃO DOS PRODUTOS 5.5 CUSTOS DE ESTOQUES 5.5.1 Custos de Armazenagem 5.5.2 Custos de Pedido 5.5.3 Custos Financeiros REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO E IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO ESTOQUE 1.1 A FUNÇÃO ESTOQUE E SUA IMPORTÂNCIA PARA A EMPRESA O almoxarife possui uma função de extrema importância dentro do contexto empresarial, visto que a grande maioria das empresas necessita utilizar-se de estoques, em alguma fase de seu processo de produção ou comercialização de produtos. Assim sendo, o almoxarife é o responsável pelo controle, movimentação e perfeito funcionamento do processo de estoques em uma empresa. A função estoque ocupa um papel muito importante para a empresa, pois ela acaba sendo estratégica para o contexto empresarial, visto que os estoques desempenham diferentes papéis dependendo dos objetivos a serem alcançados, sendo que funcionam como reguladores do abastecimento de produtos ao mercado, ou como impulsionadores para as vendas, ou como diferenciadores perante os concorrentes, visto que, em muitas vezes, os clientes desejam os produtos no mesmo momento da compra, não estando disposto a esperar pela entrega. Também servem para o atingimento de diversos objetivos empresariais, como a proteção de compras, a disponibilidade de mercadorias para serem entregues ao cliente final no momento em que o mesmo deseja, também servem como forma de investimento financeiro, por meio de ganhos financeiros em compras maiores, ou pela preservação das mercadorias contra possíveis altas de preços, além de poder possibilitar alguma vantagem competitiva frente aos seus concorrentes, pela disponibilidade imediata dos produtos ao mercado, pelo simples processo de estarem disponíveis em estoques. AN02FREV001/REV 4.0 6 Dessa forma, a empresa necessita desenvolver estratégias gerenciais eficazes para o estoque, pois em muitos momentos, o mesmo pode ser o diferencial entre o sucesso e fracasso empresarial, possibilitando o atingimento ou não dos objetivos empresariais. Assim sendo, a função estoques não é uma função atrativa ao processo empresarial, visto que é um processo que acaba não agregando valor direto ao negócio da empresa, visto que nenhuma empresa deseja desembolsar uma grande quantidade de recursos financeiros na compra e manutenção de mercadorias nos estoques. E esse é o grande desafio para as organizações no tocante à perfeita gestão dos estoques. Assim, as empresas desejam realizar investimentos em setores, ou aspectos empresariais que produzam retornos financeiros considerados ao seu capital que fora investido. Dessa maneira, os estoques não são um tipo de investimento que as organizações desejam manter, por ser um investimento que não produz retorno financeiro imediato, e menos ainda, um retorno financeiro que seja rentável ao capital investido. No entanto, os estoques proporcionam ganhos indiretos às empresas, pelas características de sua função. Assim sendo, quando a empresa consegue obter um desconto financeiro pela compra de maior volume de mercadorias, ou por adquirir uma maior quantidade de lotes ao comum comprado, essa quantidade adicional de mercadorias que foi adquirido não possui função imediata e acabará indo para o estoque, sendo armazenado pela empresa até o devido momento de seu uso, no caso de matérias-primas, ou até o momento em que o cliente desejar comprá-lo. Então, o desafio para as organizações é exatamente conseguir obter o perfeito equilíbrio entre o ganho financeiro obtido pela concessão de descontos do fornecedor e os custos gerados pela função estoque. Por outro lado, se a empresa opta em não arcar com os custos de estocagem, o que será detalhado em capítulo adiante, ela poderá arcar com perdas maiores em função de não possuir os insumos e materiais necessários à produção de seus bens (no caso de fabricantes) ou do pleno atendimento ao cliente no momento da venda (no caso de empresas comerciais). AN02FREV001/REV 4.0 7 Essa perda pode ser muito maior que os custos proporcionados pela estocagem, pois dependendo da empresa, o cliente pode não desejar esperar pela entrega, não realizando a compra, em que a empresa deixa de adquirir os recursos financeiros necessários para o cumprimento de suas funções e atividades empresariais, e também, outras perdas maiores, como a perda da fidelidade do cliente, que não retorna para compras futuras. E o pior ainda, o cliente acaba indo adquirir o produto de empresas concorrentes, fidelizando-se a elas e a empresa arcando com os custos dessa perda. Dessa maneira, os estoques são os meios naturais para a empresa poder enfrentar a incerteza na demanda de seus produtos, visto que, por mais preciso que os gestores possam construir as suas previsões de demanda e consumo, ou venda, o ambiente competitivo do mercado atual em que estão às organizações é de extrema incerteza, ocorrendo momento em que se torna imprevisível poder calcular com exatidão como será o consumo, as vendas, a demanda em si para determinado período. Assim, é por meio dos estoques que essa incerteza pode ser compensada em eventuais situações desfavoráveis. 1.2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE ESTOQUES Estoques são materiais ou produtos que ficam fisicamente disponíveis pela empresa, até o momento de ingressarem no processo produtivo ou seguirem para a comercialização direta ao consumidor final. Os estoques podem ser de matérias-primas e outros insumos, produtos em processos, produtos acabados disponíveis para a comercialização e todos os demais materiais e insumos que a empresa utiliza e que necessitam estar armazenados nas suas dependências. Os estoques podemser de diversas formas, dependendo do negócio da empresa e de que forma ela executa a sua função. Por exemplo, uma empresa que fabrica determinado produto, irá possuir estoques diferentes de outra empresa que AN02FREV001/REV 4.0 8 apenas comercializa os seus produtos com o consumidor. Um atacadista irá ter estoques diferentes de um varejista e de um fabricante. Uma empresa agrícola possuirá estoques diferentes em cada nível ou estágio de sua produção. Uma empresa de serviços possuirá estoques de produtos secundários, ou de materiais que não influenciam diretamente no seu negócio. Os estoques também mudam em função do porte das empresas, em que empresas grandes irão possuir estoques diferentes de empresas pequenas ou microempresas e assim por diante. Essa diferenciação dos estoques será detalhada mais aprofundamente adiante. Pode-se perceber que os estoques são todos os materiais, sejam de qualquer espécie, que a empresa necessita utilizar na realização de seus negócios empresariais e que ficam armazenados nas dependências da empresa para serem utilizados em momentos específicos. Geralmente, o uso de estoques está atrelado ao consumo dos produtos que a empresa comercializa, assim, poderão surgir oscilações na demanda desses produtos, e aí então, os produtos que estão em estoques são utilizados. Dessa maneira, a empresa utiliza-se de estoques para se prevenir de incertezas que possam ocorrer no tocante à comercialização de seus produtos, evitando arcar com grandes prejuízos pelo não atendimento ao seu cliente pela falta dos produtos no momento em que o mesmo deseja. Episódio que pode acarretar, inclusive, a perda do cliente. Assim, para evitar esses transtornos, as empresas efetuam previsões da demanda, visando compreender como será a comercialização de seus produtos em determinado período, tendo condições de poder disponibilizar os seus produtos na quantidade certa para o atendimento a esta demanda, evitando que os produtos faltem e não estejam disponíveis aos consumidores. No entanto, na maioria das vezes, as empresas não conseguem prever exatamente como ocorrerá a demanda, pois diversos fatores contribuem para essa previsão. Dessa forma, para se evitar a falta de mercadorias para o atendimento das necessidades e desejos dos clientes, mediante a incerteza ou risco na previsão da demanda, as empresas utilizam-se dos estoques, mantendo determinada quantidade de mercadorias, sejam produtos prontos e acabados, sejam produtos em AN02FREV001/REV 4.0 9 processamento, insumos, os quais podem ser matérias-primas a serem usadas no processo de fabricação, por exemplo, a fim de se prevenir dessas incertezas. Porém, a função estoques é muito complexa, e acabando oferecendo vantagens e desvantagens para as empresas pela sua existência. Entre as principais vantagens de se manter estoques estão: 1. Possibilitar a garantia de abastecimento de materiais para a empresa 2. Proporcionar economias de escala, por meio de compras maiores, descontos, aumento nos preços de vendas, etc. (como será descrito posteriormente). FIGURA 01 – RAZÕES PARA AS EMPRESAS POSSUÍREM ESTOQUES Peças fora do padrão Por que manter Estoques? Arranjo físico ruim Quebra de máquina Quebra de máquina Setup de máquina demorado Baixa capacidade de processos Operadores não preparados Falha na programação da produção Demanda instável Falta de confiança nos fornecedores Existência de gargalo Erros de quantidadeRetrabalho Precaução contra ... N ív e l d e “ e s to q u e ” FONTE: o Autor. As principais desvantagens da política de estocagem incluem os custos de estoques, que são vários e diversos, como o custo de armazenagem, de transporte AN02FREV001/REV 4.0 10 e movimentação interna, o custo pelo investimento do local de armazenagem, o custo de pedido, o custo de manutenção de estoques, o custo financeiro, o custo de oportunidade, entre outros. Dessa forma, percebe-se que os estoques acabam aumentando os custos totais da empresa, fato que gera um impacto negativo na lucratividade da mesma. Além disso, os estoques acabam sendo o regulador da função produção, pois todos os fatos que acontecem no setor de produção e que não atingem os níveis de excelência em eficiência e eficácia acabam sendo mascarados por meio dos estoques, em que se pode afirmar que um alto estoque, ou seja, uma grande quantidade de produtos armazenados em estoques, aguardando o processo de comercialização ou de produção, acabam escondendo as ineficiências que a empresa possui no processo de produção e em todos os demais processos também. Essa lógica acontece, pois todos os erros, falhas, retrabalhos e demais condições que são geradas pela falta de eficiência, ou pela ineficiência, seja produtiva, seja no momento da comercialização, são escondidas pelos estoques, visto que a empresa já possui uma grande quantidade de produtos em estoques e não precisa se preocupar com a eficiência, pois a falta de determinado produto não afetará o alcance dos objetivos organizacionais, pelo fato de existir o chamado “pulmão” dos estoques. Assim sendo, se faltar mercadorias para atender o cliente, a empresa recorre ao seu estoque e o processo pode ser concluído. Porém, isso gera um grave e grande aumento de custos, reduzindo a lucratividade do negócio como um todo. Este assunto será detalhado com maior riqueza de dados no módulo 05. Voltando ao fato dos estoques possuírem grande importância no processo empresarial, o que acontece é que a função estoques é muito mais importante do que muitas pessoas pensam, e não é apenas uma determinada quantidade de mercadoria esperando para ser consumida. Na verdade, os estoques surgem como um regulador do processo empresarial, e a sua determinação acontece bem antes do processo de comercialização e vendas. A determinação de estoques inicia-se na construção do planejamento estratégico, que é um guia, uma diretriz que a empresa possui (ou deveria possuir) como forma de gerenciar o seu negócio por meio de uma previsão dos aspectos AN02FREV001/REV 4.0 11 mais importantes do processo empresarial como um todo, e como característica importante, em um horizonte de longo prazo, geralmente mais de 05 (cinco) anos. Nesse planejamento a empresa determina os seus objetivos e como irá agir e atuar para que esses objetivos sejam alcançados, baseados em uma análise detalhada de seu ambiente interno, ou seja, é realizada uma análise da empresa em si, em todo o seu contexto, analisando os seus processos, produtos e serviços, os setores da empresa, os equipamentos, máquinas e processos, as pessoas na empresa, as forças e fraquezas que a mesma possui, além de elucidar as oportunidades que podem ser aproveitadas, bem como as ameaças a que está exposta. Também, na construção do planejamento estratégico, são analisados os aspectos externos, como todas as informações pertinentes aos concorrentes, fornecedores, clientes, mercado, governo, globalização, concorrência externa, tecnologia, etc., para após todas essas análises, traçados os objetivos de curto e longo prazo, bem como as estratégias para que ocorra o seu alcance. Nesse planejamento é que são definidas as diretrizes e políticas para os estoques, além das estratégias para o seu perfeito gerenciamento e eficiência. Após ter-se determinado como serão às políticas de estoques que a empresa adotará para a execução e manutenção, devendo iniciar-se com o processo de previsão de demanda e as respectivas compras de produtos e mercadorias que farão parte do estoque que a empresa adotará. Essa dinâmica não é muito simples, sendo uma rede complexa de ações que a empresa necessita realizar e desenvolver para atingir os seus objetivos, mas é possível compreender-se por meio da Figura 02 abaixo:AN02FREV001/REV 4.0 12 FIGURA 02 – PREVISÃO DA DEMANDA SAZONALIDADEDADOS HISTÓRICOS INFLUÊNCIA DO MARKETING INCENTIVOS GOVERNAMENTAIS PREVISÃO DA DEMANDA MÉDIA SIMPLES MÉDIA PONDERADA OUTROS ASPECTOS DATAS ESPECIAIS OFERTA E DEMANDA FONTE: o Autor O processo de previsão de demanda consta de uma análise em que se buscam identificar todos os aspectos que possibilitem para a empresa determinar qual será a demanda para os seus produtos em determinado espaço de tempo, a fim de poder abastecer o mercado com esses produtos, na quantidade desejada pelo mercado e no momento exato da necessidade ou desejo do cliente. Essa previsão é construída de diversas maneiras, em que se busca identificar quais os produtos que serão desejados pelos clientes naquele período e em qual quantidade, tentando amenizar os riscos e incertezas, a fim de atender plenamente aos consumidores e aumentar a lucratividade da empresa. A previsão de demanda pode ser feita pela análise de dados históricos que a empresa possua arquivado de alguma forma, seja em banco de dados de softwares de gestão, os ERPs, ou em outro tipo de armazenamento de dados, como em planilhas eletrônicas ou arquivos impressos. Por meio da análise desses dados, pode-se determinar a demanda projetada para determinado momento. AN02FREV001/REV 4.0 13 Outra forma de poder mensurar a demanda consta na observação de fatores sazonais, ou sazonalidade, em que se pode perceber que a demanda acontece em forma de oscilações repentinas e drásticas no consumo em determinados momentos do ano, ocorrendo a incidência dos chamados “picos de consumo” e “vales de consumo”, ou seja, nos picos de consumo existe uma grande elevação do consumo, bem acima da média normal, e nos vales de consumo, ocorre o oposto, com um consumo muito baixo em relação ao padrão normal de demanda. Isso acontece, em geral, em virtude de alguns fatores, como datas comemorativas ou estações do ano, por exemplo. Assim sendo, citando como exemplo de datas comemorativas, pode-se visualizar a grande venda (pico de consumo) de “ovos de páscoa” na época do ano em que se comemora esta data, e de grandes vales de consumo nos demais períodos do ano. Outro exemplo refere-se ao consumo de blusas de lã, ou casacos de couro nos meses de inverno, ocasionando um grande aumento nas vendas desses produtos nesses meses (picos de consumo) e a pequena venda dos mesmos produtos nos meses de verão (vales de consumo), como é mostrado nas Figuras 03 e 04. FIGURA 03 – SAZONALIDADE DA DEMANDA FONTE: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20032004000400003&script=sci_arttext Acesso em 19/12/2012. AN02FREV001/REV 4.0 14 FIGURA 04 – EXEMPLO DE SAZONALIDADE NOS MERCADOS Fonte: http://empremania.com.br/arquivo/882/academia-indices-economicos Acesso em 19/12/2012. Além desses dois aspectos, outros fatores também influenciam a previsão da demanda, como por exemplo: 1. A influência do marketing; 2. Os incentivos governamentais; 3. O entendimento da lei da oferta e demanda; 4. Datas comemorativas. Para se realizar o cálculo da previsão da demanda, utiliza-se de diversos métodos, que podem ser quantitativos ou qualitativos. Dentre os métodos quantitativos, que utilizaremos aqui, destacam-se a chamada “Análise de Séries Temporais”, que se utilizam algumas ferramentas matemáticas e estatísticas que possibilitam mensurar essas análises em dados quantitativos, ou seja, em números reais de quantidades que serão comercializados em determinados momentos. Assim sendo, para que a empresa possa determinar a sua política de estoques, ela necessita saber antecipadamente, qual (is) produto (s) será (ão) comercializado(s) e em que quantidade, no momento em que se está prevendo, seja anual, mensal, semanal ou até mesmo, diário. AN02FREV001/REV 4.0 15 Dessa maneira, com esses números em mãos, as empresas podem traçar planos de ação para atender a essa demanda e não obter prejuízos, seja por aumento da produção, seja pela estocagem e armazenagem de seus produtos em estoques. As duas principais ferramentas matemáticas utilizadas na análise de séries temporais são: a média simples e a média ponderada. Há outros tipos de ferramentas utilizadas, como a média ponderada exponencialmente, a média ponderada exponencialmente com tendência, a média harmônica simples e ponderada, entre outras, no qual não nos atentaremos, visto que são ferramentas utilizadas com uma maior riqueza de detalhes, com o objetivo de determinar a demanda para o período com foco estratégico, o que não é o objetivo desse trabalho, em que expomos apenas uma pequena descrição da previsão de demanda, visando demonstrar a sua relação com a formação e gestão dos estoques. Dessa maneira, para calcular-se a previsão da demanda por meio da Média Simples, usamos a análise de uma série temporal, com uso de dados históricos, que podem ser semanas, meses e anos. Dessa forma, baseado na ocorrência temporal desses dados, pode-se prever como será o comportamento da demanda para aquele período que se desejar analisar. Por exemplo: Vamos imaginar uma padaria. A padaria deseja realizar a previsão da demanda para o mês de agosto e ele possui as informações sobre as vendas do ano corrente, subdivididos nos meses respectivos (janeiro a julho). Dessa forma, baseado nessas informações pode-se realizar a previsão para o mês de agosto. Os dados estão na Tabela 01 abaixo: AN02FREV001/REV 4.0 16 TABELA 01 – EXEMPLO FICTÍCIO SOBRE CÁLCULO DE PREVISÃO DA DEMANDA Meses Quantidade Vendida Janeiro 130 Fevereiro 119 Março 148 Abril 145 Maio 160 Junho 137 Julho 142 FONTE: o Autor Dessa maneira, para calcular a previsão da demanda para o mês de agosto, basta calcular a média da série temporal correspondente aos meses anteriores do período em destaque, ou seja, de janeiro a julho. Assim temos: Média Simples do Período= Janeiro + Fevereiro +Março + Abril + Maio + Junho + Julho _____________________________________________ 7 Média Simples do Período= 130 + 119 + 148 + 145 + 160 + 137 + 142 ____________________________________ 7 Média Simples do Período= 140 Assim, a média simples projetada para o mês de agosto é de 140 unidades. Dessa maneira, se a empresa possui esses dados e decide realizar a previsão de demanda baseado no cálculo por meio da média simples, ela determinará que a previsão da demanda para o mês de agosto será de 140 unidades. AN02FREV001/REV 4.0 17 Essa ferramenta é muito utilizada em situações em que a demanda se mantém em valores lineares, com alterações pouco dilatadas, em que os valores das séries temporais mantêm-se próximo da linha de tendência, com poucas alterações sobre o valor médio das vendas do período todo. Assim, percebe-se que, nessas condições, a demanda irá modificar-se dentro de um espaço médio pequeno no intervalo entre o limite máximo de oscilação da demanda e o limite mínimo da oscilação, sem grandes alterações. E baseado nessa tendência, os valores da demanda serão repetidos próximos a ela, em que se pode prever a demanda com a repetição do cálculo da média simples. Esse intervalo é demonstrado na Figura 05. FIGURA 05 – OSCILAÇÕES MÁXIMA E MÍNIMA DA DEMANDA 40 42 41 43 42 37 34 31 30 27 32 34 Limite máximo de oscilação da demanda Limite mínimo de oscilação da demanda FONTE: o Autor Da mesma maneira, para calcular-se a previsão da demanda por meio da Média Ponderada Simples, usa-se a mesma metodologia da média simples, porém AN02FREV001/REV 4.0 18 com um diferencial. Para cada um dos valores usados acrescenta-se um Peso, de acordo com a maior importância para o período em que se estácalculando a demanda. A soma de todos os pesos deve ser igual a 01 (Um). Por exemplo: vamos utilizar o mesmo exemplo do cálculo da média simples, na previsão da demanda para a Padaria. (Tabela 02). TABELA 02 – CÁLCULO DE PREVISÃO DA DEMANDA PELA MÉDIA PONDERADA Meses Quantidade Vendida Pesos Janeiro 130 0,05 Fevereiro 119 0,08 Março 148 0,08 Abril 145 0,1 Maio 160 0,15 Junho 137 0,22 Julho 142 0,32 FONTE: O Autor. Média Ponderada = (Jan x Peso)+(Fev x Peso)+(Mar x Peso)+(Abr x Peso)+(Mai x Peso)+(Jun x Peso)+(Jul x Peso) Média Ponderada = (130 x 0,05)+(119 x 0,08)+(148 x 0,08)+(145 x 0,1)+(160 x 0,15)+(137 x 0,22) +(142 x 0,32) Média Simples do Período= 142 No entanto, se o produto que a empresa comercializa, ou se a empresa participa em um mercado com a ocorrência de sazonalidade na comercialização, aí AN02FREV001/REV 4.0 19 a forma de prever a demanda altera-se, visto que as duas formas anteriores (média simples e média ponderada) tornam-se falhas. Dessa forma, tem-se o exemplo abaixo de uma padaria que vende pães especiais. As quantidades vendidas no ano de 2012 são demonstradas na Tabela 03 abaixo: TABELA 03 – EXEMPLO FICTÍCIO SOBRE CÁLCULO DE PREVISÃO DA DEMANDA ANUAL Meses Quantidade Vendida Janeiro 146 Fevereiro 119 Março 143 Abril 109 Maio 150 Junho 112 Julho 142 Agosto 165 Setembro 132 Outubro 145 Novembro 102 Dezembro 147 MÉDIA 134 FONTE: o Autor Dessa forma, pode-se calcular a média das vendas do período, que é de 134 unidades. Assim, ao analisar-se a tabela percebe-se que a padaria está em um mercado sazonal, em que as vendas ocorrem de forma irregular, com picos de vendas e vales de vendas, com valores maiores de vendas nos meses de janeiro, março, maio, agosto, outubro e dezembro. Também apresenta valores menores de vendas nos meses de fevereiro, abril, junho, setembro e novembro. AN02FREV001/REV 4.0 20 E então, como calcular a previsão de demanda para essa empresa? Para esse caso, o primeiro conceito a ser realizado é o chamado índice de sazonalidade, que é um índice que corrige as oscilações mínimas e máximas acontecidas em virtude da sazonalidade, e que permite realizar o cálculo da previsão da demanda para essa situação. Assim sendo, é por meio desse índice que se podem nivelar as demandas que acontecem nos picos e no vales de consumo para ter-se uma previsão da demanda que seja próxima do realizado. O índice de sazonalidade é obtido pela relação entre a demanda do período que se deseja achar e a média simples de todo o período. Por exemplo: No mês de janeiro, a empresa vendeu 146 pães. A média de vendas no ano é de 134 pães. Para encontrar o índice de sazonalidade para o mês de janeiro, basta dividir o valor das vendas do mês de janeiro pela média anual, ou seja: Índice de Sazonalidade de Janeiro = 146 ______________ = 1,09 134 E assim por diante com todos os meses. Dessa forma, para realizar-se a previsão da demanda para todo o ano, é necessário encontrar-se os índices de sazonalidade para todos os meses, de acordo com a Tabela 04 abaixo: AN02FREV001/REV 4.0 21 TABELA 04 – CÁLCULO DE PREVISÃO DA DEMANDA COM ÍNDICES DE SAZONALIDADE Meses Quantidade Vendida Índice Sazonalidade Janeiro 146 1,09 Fevereiro 119 0,89 Março 143 1,06 Abril 109 0,81 Maio 150 1,12 Junho 112 0,83 Julho 142 1,06 Agosto 165 1,23 Setembro 132 0,98 Outubro 145 1,08 Novembro 102 0,76 Dezembro 147 1,09 MÉDIA 134 FONTE: o Autor E depois de feito isso, é possível fazer-se a previsão para a demanda de consumo do ano seguinte, em que os valores são encontrados por meio da multiplicação da quantidade vendida pelo valor do índice de sazonalidade encontrado anteriormente. Dessa maneira, os valores encontrados são os valores denotados como sendo a previsão da demanda, como demonstrado na Tabela 05 abaixo: AN02FREV001/REV 4.0 22 TABELA 05 – CÁLCULO DE PREVISÃO DA DEMANDA COM SAZONALIDADE Meses Quantidade Vendida Índice Sazonalidade Previsão da Demanda Janeiro 146 1,11 162 Fevereiro 119 0,90 108 Março 143 1,09 155 Abril 109 0,83 90 Maio 150 1,14 171 Junho 112 0,85 95 Julho 142 1,08 153 MÉDIA 132 FONTE: o Autor Assim, após termos demonstrado como se faz a previsão de demanda, por meio de algumas ferramentas, pode-se expor que a previsão da demanda é construída em função do planejamento da produção e vice-versa, visto que a empresa não realiza a sua produção, no caso de fábricas, ou no caso de empresas comerciais atacadistas e varejistas, a quantidade de produtos a ser adquirido de seus fornecedores, sem nenhum critério. Geralmente, é traçado um planejamento minucioso de produção e vendas para cada momento, seja anual, mensal, semanal, etc. Dessa forma, a previsão de demanda acontece como um alimentador de informações, para que aconteça o planejamento da produção. E o planejamento da produção acontece em função da previsão da demanda. AN02FREV001/REV 4.0 23 FIGURA 06 – PREVISÃO DA DEMANDA E PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO PREVISÃO DA DEMANDA Planejamento De PRODUÇÃO FONTE: o Autor. Assim sendo, após a empresa ter definido claramente a demanda futura, por meio de sua previsão, realizada por algumas ferramentas descritas neste curso, e utilizado essas informações e outras provenientes de outras diversas modalidades, para que se construa o planejamento da produção, como forma de poder atender plenamente aos desejos e necessidades dos consumidores. AN02FREV001/REV 4.0 24 FIGURA 07 – PREVISÃO DA DEMANDA E ESTOQUES PREVISÃO DA DEMANDA Planejamento De PRODUÇÃO INCERTEZAS ERROS DE PREVISÃO ESTOQUES FONTE: o Autor. Dessa forma, o planejamento da produção e a previsão da demanda são construídos quase que simultaneamente, a fim de poder obter essas ferramentas essenciais para a gestão. Mas e os estoques nesse contexto todo? É exatamente dentro desse aspecto todo de previsão de demanda e planejamento da produção é que interferem diretamente na função estoques, visto que os estoques são reguladores do processo de fabricação e vendas da empresa, como foi exposto anteriormente. No entanto, por mais preciso que seja a previsão da demanda e o planejamento da produção para determinado momento e período, seja anual, AN02FREV001/REV 4.0 25 mensal ou outro tipo, nem sempre essa previsão é exata e consegue atender plenamente aos desejos e necessidades da demanda. Assim sendo, em muitos momentos a empresa não realiza e nem utiliza esses dois tipos de ferramentas e em outros momentos, por mais preciso que essas ferramentas sejam utilizadas, sempre existem erros e falhas. Por mais realístico que a previsão da demanda possa ser executada e o planejamento da produção possa ser desenvolvido, há algumas imperfeições e falhas, que implementam no processo de demanda. Dessa maneira, com a existência desses erros e falhas, irão proporcionar que exista falta de produtos em determinados períodos. E, exatamente nesses momentos de faltas, falhas e erros, é que os estoques são a solução para esses erros e falhas. Então, a previsão de demanda e o planejamento da produção são realizados como forma de amenizar os erros e incertezas na demanda, em que como fora dito antes, por meio de erros e falhas, os quais acontecem em função de outros grandes aspectos, sejam aspectos governamentais, tecnológicos, mercadológicos, etc., e esses erros, riscos e incertezas são amenizados com os estoques, pois os estoques alimentam essas faltas de mercadorias e a empresa consegue atender aos seus objetivos empresariaise organizacionais. AN02FREV001/REV 4.0 26 FIGURA 08 – VARIAÇÕES DOS ESTOQUES ATENDIMENTO AO CLIENTE DESCONTOS FINANCEIROS PREVENÇÃO PARA ALTA DE PREÇOS ESTOQUES OPORTUNIDADES ANTECIPAÇÃO DA PRODUÇÃO LEAD TIME FONTE: o Autor Nesse contexto, os estoques se justificam por duas razões principais: 1. O atendimento ao cliente: esse talvez seja o motivo primordial para que as empresas utilizem de estoques, ou de manterem produtos armazenados aguardando um momento futuro para a sua produção ou comercialização. Se o cliente não for plenamente atendido em suas necessidades e desejos, as perdas para a empresa se tornarão significativas, visto que irão afetar diretamente os resultados financeiros que a empresa deseja alcançar e os seus objetivos empresariais que a mesma almeja atender. Sem o cliente, não existe a empresa e se o mesmo fica descontente, ou insatisfeito em um processo de compra, a empresa arca com esses custos do não atendimento ao cliente, que podem vir a se transformar em custos altíssimos em situações extremas, como por exemplo, a perda do cliente ou a sua transferência para a concorrência. Assim sendo, todos os esforços que a empresa necessita contemplar para fidelizar o cliente, são congruentes para que a mesma atinja os AN02FREV001/REV 4.0 27 seus objetivos organizacionais, como o lucro por exemplo. E nesse contexto todo, como já foi descrito, as empresas não conseguem realizar a previsão do consumo, ou da demanda para determinado período, de forma totalmente eficaz, ou seja, não é possível realizar um planejamento que seja 100% executável, ou que tudo o que foi planejado irá se concretizar da forma como fora planejado, sem nenhuma alteração. Isso não acontece no ambiente empresarial, no contexto geral, é mutante a todo o tempo, e grandes influências ocorrem no processo empresarial, em que os clientes mudam seus desejos e anseios, em virtude de vários e inúmeros aspectos, como a propaganda, a oferta de diversas opções de compra, crédito, etc. Dessa maneira, a previsão da demanda é apenas um referencial para que a empresa possa ter um parâmetro para compreender como será a demanda para determinado período de tempo para os seus produtos no seu mercado-alvo. E para corrigir-se essa incerteza e esses riscos, como a falta de mercadorias em um momento em que a previsão da demanda não foi totalmente contemplada e aconteceu uma procura muito maior do que a capacidade de oferta da empresa, ou aspectos semelhantes, como uma bem-sucedida campanha de marketing, ou jogos de promoções, descontos, campanhas, etc. é que a empresa utiliza-se dos estoques, como forma única e exclusiva de atender ao cliente, evitando que o mesmo fique insatisfeito e abandone aquela empresa ou aquele produto em específico. Dessa maneira, atender ao cliente seja talvez o aspecto de maior relevância para a existência de estoques. 2. Oportunidades no mercado: Após a empresa ter usado os estoques como forma de atender ao cliente, no momento em que a empresa não consegue disponibilizar os seus produtos ao cliente exigente que o deseja naquele momento, sem ter talvez, a disponibilidade e a disposição para aguardar outro momento que seja viável para a empresa, transformando assim um processo de ganho, por meio da venda dos produtos, em perdas, pelo não atendimento ao cliente nas suas necessidades e desejos e sem criar a perfeita satisfação dos mesmos. A empresa também utiliza estoques como forma de aproveitar oportunidades que o mercado empresarial oferece, como por exemplo: a. Descontos financeiros: que são obtidos com os seus fornecedores, em que a empresa para alimentar os seus estoques, sejam eles de insumos, matérias-primas, ou materiais diversos, além de produtos acabados prontos para a AN02FREV001/REV 4.0 28 comercialização, à empresa realiza todo o processo de compra e aquisição desses materiais junto aos seus inúmeros e diversos fornecedores, que podem ser grandes empresas multinacionais, ou pequenas empresas locais, entre outras. Dentro desse contexto do processo de compra, a empresa possui uma rotina de aquisição desses produtos, ou materiais, em que o mesmo se transforma em um processo rotineiro de compras, com a respectiva negociação de preços, quantidades, datas de entrega e pagamentos, entre outros aspectos. Porém, quando a empresa opta em utilizar-se de estoques, a aquisição modifica-se um pouco, visto que a quantidade de mercadorias a ser adquirido do fornecedor aumenta, pois a empresa irá adquirir esses produtos para atender a sua demanda normal, convencional, tradicional em que a empresa já faz esse processo periodicamente, além de uma quantidade adicional para alimentar os estoques. Essa quantidade adicional, que de regra, gera um aumento expressivo em todo esse processo, seja no aspecto financeiro, no aspecto comercial, no aspecto de transporte, etc. tanto para o fornecedor como para a empresa cliente, e a negociação desse adicional será diferente, visto que a empresa cliente irá desejar obter algum ganho extra do fornecedor, pelo aumento da quantidade comprada. Na maioria das vezes, os fornecedores concedem descontos financeiros nos preços dos produtos pelo aumento da quantidade comprada e esses descontos podem ser um grande atrativo para a empresa cliente, pois a necessidade de compra existe, ou existirá em um momento de curto prazo, e a empresa adota a filosofia de manter os seus estoques abastecidos, prevendo alguma reação do mercado consumidor em relação a essa demanda, podendo assim conseguir atender a esse cliente exigente. Dessa maneira, os descontos obtidos podem tornar-se significativos e serem grandes oportunidades para a empresa conseguir atingir os seus objetivos, visto que, mesmo com o aumento dos custos provenientes pela existência dos estoques, a empresa consegue diluir esses no horizonte de tempo, em virtude de um ganho financeiro obtido por meio de uma oportunidade de compra em maior volume e quantidade, como forma de aproveitar uma oportunidade. b. Prevenção para alta de preços: esse aspecto é outra oportunidade que a empresa pode aproveitar pela utilização dos estoques, visto que os preços sofrem alterações em diversos momentos ao longo do ano, e por meio dos estoques, a empresa cliente pode optar em realizar determinada aquisição de AN02FREV001/REV 4.0 29 produtos e mercadorias, visando se proteger de um futuro aumento de preços por parte do fornecedor. Dessa forma, a empresa realiza uma compra grande, maior e em quantidade adicional ao processo normal de compra que a mesma realiza em condições normais e esse adicional de mercadorias e produtos irá abastecer o estoque, em que esse estoque irá demorar certo período de tempo para ser totalmente consumido, seja pela produção ou pela comercialização, até que a empresa seja obrigada a realizar novas compras com seus fornecedores. Durante esse período em que a empresa não necessita realizar compras, em virtude de ainda possuir os produtos estocados, os seus fornecedores podem realizar aumento de preços de seus produtos, encarecendo para a empresa cliente. Como a empresa cliente não faz a compra por certo período de tempo, e possui os produtos em estoque, a mesma consegue se proteger desse aumento de preços, e até pode transferir para o seu consumidor final esse aumento que foi proposto pelo fornecedor, mas que ainda não foi pago pela empresa, com aumento nos preços de venda ao consumidor final. Esse ganho adicional que a empresa obtém torna-se um diferencial competitivo no mercado, pois ela teve um preço de custo de compra junto ao seu fornecedor bem menor, pois comprou o produto antes do aumento dos preços, e isso possibilita uma melhor negociação com seus clientes no processo de venda e atendimento aos desejos e necessidadesdos clientes. É lógico que em um novo momento de compra a empresa irá adquirir os seus produtos do fornecedor com aumento nos preços, mas o ganho já fora obtido por meio dessa compra antecipada e enviada para os estoques. c. Diminuição do Lead time: o terceiro aspecto que surge como oportunidade para a empresa em função da utilização dos estoques diz respeito à diminuição do tempo de lead time, ou seja, o tempo necessário para que a mercadoria chegue ao cliente, desde o processo de fabricação ou compra de um fornecedor. Com o uso de estoques, a empresa reduz esse tempo, podendo até zerar esse tempo, visto que os produtos que necessita já estão na empresa e não dependem de ações de outras pessoas ou empresas para que se faça o atendimento ao cliente. Assim sendo, essa redução no lead time proporciona um grande ganho para a empresa e solidifica as suas atitudes em relação ao cliente no contexto de satisfação plena do mesmo e fidelização. AN02FREV001/REV 4.0 30 d. Antecipação da produção: por fim, com a redução do lead time, as empresas podem utilizar-se dos produtos em estoques para aproveitar alguma capacidade ociosa de produção ou vendas, antecipando esse processo e realizando a produção ou venda de momentos futuros no momento atual, ou presente. Assim sendo, a empresa consegue melhorar a sua eficiência produtiva, antecipando ao mercado os seus produtos e obtendo a antecipação financeira pela venda dos produtos em momentos antes aos previsto. 1.3 TIPOS DE ESTOQUES Os estoques podem ser representados de diversas maneiras, dependendo do estágio de produção ou da posição dos produtos no processo de produção por completo, ou seja, a empresa pode deter estoques de matérias-primas e outros insumos, que se encontram antes do processo de produção, bem como também possuir estoque de produtos que estão sendo produzidos, além de possuir estoques de produtos acabados, que já estão prontos para a comercialização, além de possuir estoques de outros produtos que são chamados de acessórios. AN02FREV001/REV 4.0 31 FIGURA 09 – TIPOS DE ESTOQUES PRODUTOS EM PROCESSAMENTO PRODUTOS ACABADOS INSUMOS Estoques PRODUTOS ACESSÓRIOS FONTE: o Autor a) Estoques de Insumos: os insumos correspondem a todo tipo de matéria-prima, ou demais materiais, que se encontram armazenados, ou estocados na empresa, aguardando o processo de produção, ou outro tipo de processo, ou momento, para ser utilizado. Dessa maneira, os insumos podem ser matérias- primas diretas e específicas, como por exemplo, farinha de trigo em uma padaria, ou borracha em uma fábrica de pneus, ou outros materiais diretos, como componentes, embalagens, etc. Nesta categoria, os produtos são adquiridos junto aos fornecedores e são colocados em estoque, aguardando o momento exato do processo de produção para serem utilizados. Assim, a empresa consegue minimizar as suas perdas pela falta de produção ou por outros fatores, ou também para o aproveitamento de oportunidades, como descrevemos anteriormente. b) Estoque de Produtos em Processamento: Durante o processo de produção também é possível manter-se estoques dos produtos e dos componentes que estão sendo produzidos, ou serão produzidos no processo completo de produção. Isso é possível em virtude de que cada processo de fabricação é AN02FREV001/REV 4.0 32 composto por fases, e dependendo do produto final, as fases são complexas e contínuas, além de serem numerosas. Há produtos que demandam poucas fases de produção, outros exigem várias fases, em que cada uma delas é adicionada algum novo componente ou alguma alteração adicional. Dessa forma, a cada fase que é realizada o produto vai tomando a sua forma final, até se transformar no produto acabado que será comercializado. Como exemplo, podemos citar a produção de pães. Perceba que para produzir pães, uma padaria possui um processo de produção que inicia com a recepção das matérias-primas, como farinha de trigo, leite, água, sal, etc. Após esse recebimento, o operário responsável irá adicionar os ingredientes em uma batedeira, misturando cada componente com as suas respectivas quantidades. Após ter adicionado todos os ingredientes, ele aciona a batedeira, que irá bater todos esses ingredientes por um determinado tempo, até que se tenha uma massa. Após esse tempo, o operador desliga a batedeira e coloca a massa sobre uma mesa, onde irá esticá-la. Após isso, ele corta essa massa em pequenos filetes e coloca-os em uma assadeira. Após isso, ele leva a assadeira cheia de pães até o forno e deixa-os no mesmo por um determinado período. Após esse tempo, ele retira a assadeira do forno e despeja os pães em um recipiente, em que será destinado à venda, ou a algum tipo de embalagem. Perceba que existe uma sequência de atividades a serem realizadas e que cada atividade só é iniciada após a atividade anterior ter sido completada. Em nenhum momento é possível iniciar-se uma nova atividade subsequente sem que a anterior esteja terminada. Não é possível o operário da padaria “bater a massa” na batedeira e já colocar no forno. E também não é possível deixar de fazer alguma operação desse processo. Não dá para jogar os ingredientes já no forno e obter o pão pronto. Dessa maneira, para que cada etapa do processo seja desenvolvida, torna-se necessário que a fase anterior esteja encerrada. Nesse contexto, os estoques assumem duas possibilidades, dependendo da estrutura de produção que é adotada pela empresa fabricante, que pode ser a chamada “produção puxada” ou a “produção empurrada”. Então, dependendo do tipo de processo, a importância dos estoques torna-se maior ou menor. Na “produção empurrada”, os processos de produção são realizados de uma forma independente da demanda, ou seja, cada fase do processo é realizada AN02FREV001/REV 4.0 33 independente da demanda que foi prevista e cada fase realiza a sua atividade e “empurra” a sua produção para a fase seguinte, independente de qualquer situação. Dessa maneira, imaginemos que na padaria que citamos acima, o processo de produção seja feito por quatro operários, chamados de operários A, B,C, D e E. O funcionário A adiciona os ingredientes na batedeira e liga a mesma para que se produza a massa. O operário B despeja a massa sobre a mesa. O operário C faz os cortes na massa e coloca os pãezinhos na assadeira, o operário D coloca a assadeira no forno e o operário E retira os pãezinhos do forno e coloca no cesto para a venda. No sistema de produção “empurrado”, o operário A vai fazer o seu trabalho, sem se importar com os demais. Assim, quando ele percebe que a batedeira está vazia, ele adiciona os ingredientes e faz a mesma bater a massa. O funcionário B irá despejar a massa sobre a mesa toda vez que a batedeira parar de bater, independente de a mesa estar cheia de pães ou não. O funcionário C irá fazer os cortes na massa e colocar os pães na assadeira, sem se preocupar se a assadeira está cheia ou não e se o forno está cheio ou não e assim por diante. Esse tipo de sistema de produção não se preocupa com a fase seguinte, em que cada setor desempenha a sua atividade somente. Nesse tipo de processo é que os estoques de produtos em processamento é mais destacado, visto que, pela característica de se “empurrar” para a fase seguinte, irá acontecer excessos de produção que ficarão parados esperando a fase seguinte. Essa “espera” se caracteriza como um estoque. Imagine, no exemplo da padaria, que o operário C faça os cortes na massa e coloque os pães na forma, como fora dito, porém, em determinado momento da produção, não existem assadeiras disponíveis para ele colocar esses pães, visto que todas estão no forno. O que acontece? O operário não pode interromper a sua produção em virtude dessa falha. Então,ele continua a cortar a massa e vai colocando os pães em uma prateleira, que serve como assadeira. Assim, esses pães vão ficando nessa prateleira até que as assadeiras sejam desocupadas e então, possa-se colocá-los nas mesmas novamente. Esses pães que ficam esperando a assadeira são caracterizados como “estoque de produtos em processamento. E isso pode acontecer em todos os setores, ou em alguns setores ou fases de produção. Agora, no “sistema de produção puxado”, isso AN02FREV001/REV 4.0 34 acontece de forma invertida, ou seja, o operário da atividade A só irá fazer a sua atividade, ou o seu processo produtivo no exato momento em que houver a demanda, ou seja, no momento em que for disparada uma ordem para que ele produza certa quantidade de pães. Assim sendo, ele irá produzir somente aquela quantidade que é solicitado e nada mais, até que surja outra ordem de produção. Dessa maneira, a quantidade de produtos em processamento que vai para os estoques é mínima. E isso da mesma maneira para todas as fases do processo. c) Estoque de Produtos Acabados: os produtos acabados constituem o principal tipo de mercadorias em estoques, visto que são aqueles produtos que já estão prontos, ou seja, já passaram pelo processo de fabricação e estão disponíveis para o mercado consumidor. Esses produtos são todos os produtos que consumimos, desde o pão, como citamos no exemplo acima, até automóveis, geladeiras, computadores, celulares, sapatos, aviões, etc. Dessa maneira, é o principal tipo de estoque que as empresas disponibilizam e utilizam, visto que é o produto essencial que irá atender diretamente ao consumidor. Assim, dependendo do tipo de organização (iremos detalhar esse aspecto no tópico seguinte), a utilização de estoques de produtos acabados pode ser maior ou menor. Por exemplo, nas empresas fabricantes de produtos, como padarias, montadoras de automóveis, fábrica de calçados, etc., a quantidade de estoque de produtos prontos, ou acabados, é menor, ou menos intenso, que em uma empresa atacadista, ou varejista, que dispõe de quantidades muito maiores de estoques desses produtos, visto que são essas empresas que atendem aos consumidores diretamente, ou seja, o cliente vai comprar diretamente no supermercado, ou na loja de sapatos, ou na concessionária de automóveis, ao invés de ir comprar na fábrica de sapatos, ou na fazenda que produz alimentos. Por esse fato, os estoques de produtos acabados são maiores nos estabelecimentos varejistas e atacadistas que nas empresas fabricantes. É certo que alguns fabricantes possuem um tipo de “depósito” para os seus produtos acabados, em locais diferentes da fábrica. São os chamados “Centros de Distribuição (CD)”, que são construídos estrategicamente para atingir objetivos de logística e distribuição, com maior rapidez e economia de escala. Mas isso é outro contexto, que não cabe neste curso. AN02FREV001/REV 4.0 35 d) Estoque de produtos acessórios: Esse é um tipo de estoque que está presente em todo tipo de empresa, visto que são materiais que colaboram para o processo empresarial completo, pois diversos materiais que auxiliam nos processos de negócios da empresa, mas que não participam necessariamente do processo de produção ou da composição dos produtos. Como exemplos, podem-se citar os materiais de escritório, os materiais de limpeza, os produtos para manutenção, entre outros. 1.4 TRATAMENTOS DOS ESTOQUES Os estoques, dependendo do setor econômico em que participa cada tipo de organização, recebem determinados tratamentos. Assim sendo, o tratamento dos estoques em uma empresa de transformação, como as indústrias fabricantes, não serão os mesmos que em uma empresa comercial ou prestadora de serviços. Em uma empresa agrícola, o tratamento dos estoques será realizado de outra maneira. AN02FREV001/REV 4.0 36 FIGURA 10 – ESTOQUES EM INDÚSTRIAS PRODUTOS EM PROCESSAMENTO PRODUTOS ACABADOSINSUMOS MATERIAIS DE LIMPEZA MATERIAIS DE MANUTENÇÃO Estoques em Indústrias MATÉRIAS - PRIMAS EMBALAGENS FERRAMENTAS PRODUTOS ACESSÓRIOS MATERIAIS DE ESCRITÓRIO SUCATAS FONTE: o Autor. Dessa forma, ao analisarmos como é realizado o tratamento dos estoques em uma indústria, pode-se perceber que na grande maioria das empresas desse setor existem diversos tipos de estoques, desde insumos até produtos acabados, produtos acessórios e também sucatas. Assim sendo, a empresa fabricante irá utilizar-se de estoques de insumos, nos seus mais diversos aspectos, sendo que todas as matérias-primas que fazem parte dos produtos que a empresa oferece ao mercado estão armazenadas em estoques, como forma da empresa obter as vantagens desse tipo de estratégia, como foi descrito anteriormente. Além disso, as empresas ainda mantêm outros tipos de insumos, como embalagens e ferramentas, que são essenciais para o seu processo de produção. Além de estoque de insumos, as empresas industriais ainda mantêm em estoques os produtos que estão sendo processados, como forma de antecipar algum processo ou obter alguma vantagem competitiva por essa ação. Dependendo do tipo de sistema de produção que a empresa adota (puxado ou empurrado) os AN02FREV001/REV 4.0 37 estoques de produtos em processamento serão maiores ou menores, como foi descrito anteriormente. Do mesmo modo, as empresas industriais irão manter estoques de produtos acabados, visando atender aos seus clientes no diversos momentos em que os mesmos desejam obter esses produtos. Dessa forma, esse tipo de armazenamento pode ser realizado de forma mais rápida, em que a empresa apenas armazena os produtos acabados esperando o momento de enviá-los aos seus clientes diretos, como atacadistas ou varejistas, ficando assim, os produtos por um pequeno período nesses estoques, ou então a empresa faz uso de um armazenamento maior e que fique por maior período de tempo nos estoques, seja por objetivos estratégicos, seja por ações pontuais para alcançar determinado objetivo. No caso de grandes indústrias, algumas delas chegam a possuir os chamados Centros de Distribuição (CD), que são grandes centros de estocagem e armazenamento dos seus produtos em regiões geográficas estrategicamente localizadas em função de transporte, logística ou outro fator, e também em virtude de ganhos financeiros, com redução de custos principalmente pelo fator logístico. Ainda, nas empresas industriais, há os estoques acessórios, que são diversos produtos que fazem parte do contexto empresarial, como materiais de limpeza, materiais de escritório, ferramentas, manutenção, entre outros. Esses materiais não participam do processo de fabricação dos produtos que a empresa produz e comercializa, mas são essenciais para o negócio da empresa. Dessa forma, a mesma necessita manter estoques desses materiais para essas ações, como detergentes, desinfetantes, sabões, etc., além de bobinas de calculadoras, blocos de notas fiscais, fichas de estoques, lápis, canetas, alicates, martelos, etc. Por fim, nas empresas industriais ainda existem os estoques de sucatas, que são todos os materiais que sobram dos processos industriais, como sobras de cortes de chapas metálicas, pedaços de metal, plástico ou outro material, produtos com defeitos, com falhas, etc., e que são armazenados em determinado local na empresa até certo momento, em que a empresa destina esses materiais para outras empresas especializadas, por meio da venda ou doação, ou então os utiliza novamente em seus processos produtivos. AN02FREV001/REV 4.0 38 FIGURA 11 – ESTOQUES EM EMPRESAS COMERCIAIS PRODUTOS ACABADOS MATERIAIS DE LIMPEZA MATERIAIS DE MANUTENÇÃO Estoques em Empresas Comerciais PRODUTOS ACESSÓRIOS MATERIAIS DE ESCRITÓRIO SUCATAS FONTE: o Autor. Nas empresascomerciais, os estoques diferem um pouco das empresas industriais, visto que essas empresas não realizam a fabricação dos produtos, mas já os adquirem terminados, prontos para a comercialização. Nesse contexto, as empresas comerciais possuem estoques de produtos acabados, que são os mais representativos, visto que são as mercadorias que essas empresas comercializam e que oferecem diretamente ao consumidor, podendo estes ser de diferentes formas, tamanhos e padrões, dependendo do negócio da empresa. Podemos citar como exemplo as lojas de calçados que mantêm estoques de calçados masculinos, femininos e infantis, e dentro desses três tipos, existem diversos modelos, marcas, tamanhos, etc., em que a empresa necessita ter todos esses produtos em estoque a fim de atender ao seu cliente. Também podem ser citadas as lojas de eletrodomésticos, que estocam geladeiras, televisores, fornos micro-ondas, fogões, entre outros diversos tipos de AN02FREV001/REV 4.0 39 produtos, dos mais variados tipos, tamanhos, modelos e cores, a fim de poder atender às necessidades e desejos de seus clientes. Além desses tipos de estoques, também existem os estoques acessórios como materiais de limpeza, materiais de escritório, ferramentas, manutenção, entre outros. Esses materiais não participam do processo de fabricação dos produtos que a empresa produz e comercializa, mas são essenciais para o negócio da empresa. Dessa forma, a mesma necessita manter estoques desses materiais para essas ações, como detergentes, desinfetantes, sabões, etc., além de bobinas de calculadoras, blocos de notas fiscais, fichas de estoques, lápis, canetas, alicates, martelos, etc. Ainda existem os estoques de sucatas, que são todos os materiais que sobram como pedaços de metal, plástico ou outro material, além das embalagens dos produtos que ficam na empresa por ocasião da venda da mercadoria, entre outros, e que são armazenados em determinado local na empresa até certo momento, em que a empresa destina esses materiais para outras empresas especializadas, por meio da venda ou doação. AN02FREV001/REV 4.0 40 FIGURA 12 – ESTOQUES EM EMPRESAS PRESTADORES DE SERVIÇOS MATERIAIS DE LIMPEZA MATERIAIS DE MANUTENÇÃO Estoques em Empresas Prestadores de Serviços PRODUTOS ACESSÓRIOS MATERIAIS DE ESCRITÓRIO SUCATAS FONTE: o Autor Nas empresas prestadoras de serviços, o contexto dos estoques é bem diferente, visto que este é um ramo empresarial em que não são comercializados produtos, mas sim serviços, ou seja, a empresa é especializada em realizar determinada ação, atividade, trabalho ou qualquer tipo de serviço prestado a um cliente, que pode ser uma pessoa física, ou a uma empresa. Nesse contexto, as empresas prestadoras de serviços não possuem nenhum tipo de produto que esteja disponível para a comercialização, e dessa forma, não tem estoques, pois os serviços são intangíveis e não permitem a estocabilidade. Outra característica dos serviços é que eles são simultâneos, ou seja, só ocorrem no momento em que o cliente os deseja, não podendo ser realizados antes. Assim sendo, nesse tipo de empresa, somente ocorrem os estoques acessórios como materiais de limpeza, materiais de escritório, ferramentas, manutenção, entre outros, e os estoques de sucatas. AN02FREV001/REV 4.0 41 FIGURA 13 – ESTOQUES EM EMPRESAS AGROPECUÁRIAS PRODUTOS EM PROCESSAMENTO PRODUTOS ACABADOS INSUMOS MATERIAIS DE LIMPEZA MATERIAIS DE MANUTENÇÃO Estoques em Empresas Agropecuárias MATÉRIAS - PRIMAS EMBALAGENS FERRAMENTAS PRODUTOS ACESSÓRIOS MATERIAIS DE ESCRITÓRIO SUCATAS DEFENSIVOS COMBUSTÍVEIS FERTILIZANTES DEFENSIVOS SEMENTES FONTE: o Autor Quando se analisa a função e importância dos estoques em empresas agropecuárias, percebe-se que nessas empresas existe um complexo sistema de utilização dos estoques, visto que a sua atuação se desenvolve sob condições específicas para esse tipo de empresa. Dessa maneira, em determinados momentos as empresas possuem estoques de insumos com maior intensidade, seja em função de época de plantio ou de época de nutrição das plantas ou animais, sendo que em outros momentos esse estoque praticamente é zerado por não ser mais o momento dessas atividades. Desse modo, são em alguns momentos ao longo do ano, que os insumos, como fertilizantes, rações, materiais orgânicos, como tortas ou farelos de cereais, sementes e defensivos, entre outros, são utilizados. Porém, outros insumos como combustíveis, ferramentas e embalagens, em praticamente o ano todo ficam disponibilizados nos estoques das empresas agropecuárias. AN02FREV001/REV 4.0 42 Além disso, nessas empresas ocorrem os estoques de produtos em processamento e produtos acabados, mas não na mesma sequência que acontece nas empresas industriais, visto que nas empresas agropecuárias os estoques de produtos em processamento podem acontecer em períodos específicos do ano, como por exemplo, em empresas que produzem café, ou então em períodos com maior frequência, como em granjas criadoras de frangos de corte. Os estoques de produtos acabados também não possuem frequência elástica, mas acontecendo de acordo com as características do negócio. Dessa forma, por exemplo, em empresas produtoras de café, os estoques de produtos acabados são aqueles grãos que ficam armazenados na empresa, ou em armazéns terceirizados até o momento em que o empresário decida optar pela comercialização do produto. Em outros aspectos, ou momentos específicos, nem acontece à incidência desses estoques, visto que assim que os produtos são acabados, ou seja, ficam prontos para a comercialização, já são imediatamente comercializados. Também acontece, nessas empresas, a incidência de estoques de produtos acessórios, (principalmente produtos de limpeza, de manutenção mecânica, elétrica, de construção civil e hidráulica, além de materiais de escritório, ferramentas e outros equipamentos que são específicos para este tipo de empresa) e de sucatas, que são embalagens de papel, plástico, metal, além de restos de construção, metais, entre outros. FIM DO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 43 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ALMOXARIFE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 44 CURSO DE ALMOXARIFE MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 45 MÓDULO II 2 O ALMOXARIFE: SUAS FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES 2.1 DESCRIÇÃO DO CARGO O almoxarife é um cargo que desempenha diversas atividades, das mais variadas espécies, dentro do processo de gestão dos estoques. Assim sendo, o cargo de almoxarife pode desempenhar atividades estratégicas, gerenciais e operacionais, dependendo dos objetivos desejados pelo almoxarifado, do porte da empresa, do tamanho dos estoques e da forma como a gestão dos estoques é desempenhada. Dessa forma, como as atividades do cargo de almoxarife são muito extensas, torna-se necessário a criação de um formulário em que constem todas essas informações a respeito do trabalho a ser desenvolvido pelo almoxarife. Esse formulário recebe o nome de descrição de cargos, que nada mais é de um documento em que todas as informações sobre o cargo de almoxarifesão detalhadas, bem como as suas atividades, funções e rotina de trabalho, além de outras informações que são pertinentes, como remuneração, experiências, subordinação hierárquica, progressões na carreira, grau de formação acadêmico necessário para os cargos semelhantes, entre outras, conforme é demonstrado nas Tabelas 06 e 07. Desse modo, todas as pessoas envolvidas com a função recebem as informações de forma clara e objetiva, na qual se torna mais transparente o processo de contratação, avaliação de desempenho, promoções, etc. Com este documento, todos os setores administrativos da empresa conseguem gerenciar de maneira efetiva as atividades, responsabilidades, funções e rotinas do cargo de almoxarife e dos cargos assemelhados. AN02FREV001/REV 4.0 46 Como exemplos, é demonstrado abaixo um modelo de descrição de cargos para a função de Almoxarife, com as principais informações que são pertinentes para a perfeita execução do cargo. É lógico que esse modelo não é o mais correto, ou adequado a todo tipo de organização, mas serve como parâmetro para a construção deste importante documento. Na verdade, cada organização possui total liberdade e autonomia para a confecção de seus documentos de descrição dos cargos, fato que deve ser desenvolvido pelo setor de Recursos Humanos da empresa, juntamente com os setores estratégicos da empresa, descrevendo os seus objetivos em relação à política de Gestão de Pessoas que a empresa pretende usufruir, buscando atingir os objetivos empresariais. Outro detalhe importante é que esse descritivo de cargos, em que se inclui o cargo de Almoxarife, deve ser revisado constantemente pelo setor responsável, buscando atualizar as informações do cargo, procurando estar constantemente alinhado com o mercado, tornando-se mais competitivo e alcançando melhores resultados. AN02FREV001/REV 4.0 47 EMPRESA XXXXX Descrição de Cargo Mensalista Cargo: Analista de Cargos e Salários Sênior SUMÁRIO DO CARGO ou DESCRIÇÃO SUCINTA Reportando-se ao Supervisor de Remuneração, auxiliando-o no planejamento estratégico da área, bem como responde pelas análises do organograma da empresa, análises e movimentações da massa salarial, cargos e salários da empresa. TAREFAS PERIÓDICAS PARTICIPA na confecção do planejamento do departamento fornecendo informações e analisando cenários internos e externos. ANALISA todas as alterações propostas internamente no que se refere a cargos e salários, confrontando-as com os procedimentos e políticas em vigor, aprovando, ou não. RESPONDE pelo desenho de organograma da empresa e sugestões de modificações neste. CONFECCIONA relatórios finais da área de remuneração para subsidiar decisões superiores. TAREFAS OCASIONAIS (Se houver) SUBORDINAÇÃO Reporta-se ao Supervisor de Remuneração REQUISITOS OU QUALIFICAÇÕES EXIGIDAS Escolaridade: superior em Administração de Empresas Experiência Anterior: mínimo de três anos na função de Analista Pleno Conhecimentos: digitação, Office, redação, habilidade no relacionamento humano, cálculos de média complexidade, fluência verbal e escrita, visão abrangente do business, forte poder de argumentação e convencimento. APROVAÇÕES Superior Imediato Data:____/____/____. Tabela 06 – Modelo de Ficha de Descrição de Cargo. Fonte: o Autor AN02FREV001/REV 4.0 48 EMPRESA XXXXX Descrição de Cargo Cargo: Almoxarife SUMÁRIO DO CARGO ou DESCRIÇÃO SUCINTA Executa tarefas auxiliares em trabalhos de almoxarifado, controlando e conferindo mercadorias, e materiais, para evitar o recebimento de peças danificadas. TAREFAS PERIÓDICAS Receber, verificar a quantidade e qualidade das mercadorias recebidas. Registrar dados nos controles. Empacotar e desempacotar itens a serem armazenados nas prateleiras do almoxarifado. Verificar inventários comparando as contagens físicas com os números existentes no sistema de controle do almoxarifado. Armazenar itens de uma maneira ordenada e acessível em almoxarifados, depósitos de ferramentas, depósitos de suprimentos ou outros tipos de estoque. Registrar o uso e as perdas de estoque ou de equipamentos de manuseio. Manter registros atualizados e corretos dos estoques. Manter o almoxarifado limpo e organizado. Solicitar reposição dos materiais, conforme necessário, de acordo com as normas de manutenção de níveis mínimos de estoque. TAREFAS OCASIONAIS Empacotar mercadorias. Enviar mercadorias para serem consertadas SUBORDINAÇÃO Coordenador Administrativo e de Planejamento REQUISITOS OU QUALIFICAÇÕES EXIGIDAS Escolaridade: Ensino Médio completo Experiência Anterior: mínimo de 01 ano na função de Almoxarife Demais Exigências do Cargo: Boa Comunicação verbal e escrita Domínio de Informática básica Integridade e bom caráter Idade entre 18 e 25 anos APROVAÇÕES _________________ Superior Imediato Data:____/____/____. Tabela 07 – Modelo de Ficha de Descrição de Cargo de Almoxarife. Fonte: o Autor AN02FREV001/REV 4.0 49 Dessa maneira, percebe-se que é por meio da descrição de cargos que a empresa consegue detalhar e informar a todos os integrantes da empresa sobre cada cargo. Assim, esta descrição torna-se de grande importância para que o almoxarife compreenda e tenha disponível todas às informações referentes ao seu cargo, e ao seu trabalho, sendo que é um documento oficial que detalha todos os aspectos relacionados ao cargo. No entanto, para que a descrição dos cargos seja desenvolvida de forma correta e denote a sua importância, torna-se relevante que se observe dois fatos de destaque: o nome do cargo, ou título e o código da CBO. Segundo o Ministério de Trabalho e Emprego, “a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é um documento que retrata a realidade das profissões do mercado de trabalho brasileiro”. Ainda, segundo o Ministério de Trabalho e Emprego, “a CBO tem por filosofia sua atualização constante de forma a expor as diversas atividades profissionais existentes em todo o país, sem diferenciação entre as profissões regulamentadas e as de livre exercício profissional.” Assim sendo, para se construir a descrição de cargos, torna-se necessário identificar a sua nomenclatura na CBO e o seu código, a fim de atender às exigências legais, governamentais e fiscais em relação ao trabalho do almoxarife. Abaixo, cita-se algumas nomenclaturas e códigos que estão relacionadas na CBO e que dizem respeito ao trabalho do almoxarife. Pode-se perceber que existem várias definições de nomes e códigos, que são utilizados em função de outros requisitos, como negócio da empresa, porte, função empresarial, etc. Pode-se visualizar nos quadros abaixo que na descrição de cargos realizados pela CBO, é dado uma maior atenção aos campos descrição resumida, em que é descrito resumidamente, as características da função e do cargo, e depois é enunciada a descrição detalhada do cargo, ou função, onde são elucidados maiores detalhes sobre a função, sobre a rotina de trabalho e todas as responsabilidades que o funcionário está exposto, como são demonstrados nas Tabelas 08 a 18. Dessa forma, torna-se muito transparente a menção das atividades de cada cargo, função ou trabalho. AN02FREV001/REV 4.0 50 Nº da CBO 3-91.15 Título ALMOXARIFE Descrição resumida Organiza os trabalhos de almoxarifado, como recebimento, estocagem, distribuição, registro e inventário de matérias-primas e mercadorias compradas ou fabricadas, observando normas e instruções. Descrição Detalhada Verifica a posição do estoque, examinando periodicamente o volume de mercadorias e calculando as necessidades futuras, para preparar pedidos de reposição; Controla o recebimento do material comprado ou produzido, confrontando as notas de pedidos e as especificações com o material entregue; Organiza o armazenamento de material e produtos, identificando-os e determinando sua acomodação de forma adequada; Zela pela conservação do material estocado; Efetua o registro dos materiais em guarda no depósito lançando os dados em livros, fichas e mapas apropriados; Faz o arrolamento dos materiais estocados ou em movimento, verificando periodicamente os registros e outros dados pertinentes para obter informações exatas sobre a situação real do almoxarifado. Tabela 08 – Descrição de Cargo de Almoxarife segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=9>. Acesso em: 15 dez. 2012. Nº da CBO 3-99.75 Título AUXILIAR DE ALMOXARIFADO Descrição resumida Executa tarefas auxiliares em trabalhos de almoxarifado, controlando e conferindo mercadorias. Descrição Detalhada Controla o prazo de pedido de reposição e o prazo de entrega do material, atualizando a relação de pedidos em aberto, além de conferir o material comprado conforme pedido da área requisitante. Também analisa as quantidades e confronta o pedido de compra com o estoque existente, para determinar os limites dos mesmos. Tabela 09 – Descrição de Cargo de Auxiliar de Almoxarife segundo a CBO. AN02FREV001/REV 4.0 51 FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=9 Acesso em 15/12/2012. Nº da CBO 3-09.20 Título CHEFE DE ALMOXARIFADO Descrição resumida Chefia as atividades de uma unidade de serviços de almoxarifado, organizando os trabalhos específicos da mesma e controlando o desenvolvimento do pessoal, para assegurar o desenvolvimento normal das rotinas de trabalho. Descrição Detalhada Analisa o funcionamento das diversas rotinas, observando o desenvolvimento para propor medidas de simplificação e melhoria dos trabalhos; Distribui os serviços relativos ao recebimento, estocagem, distribuição, registro e inventário de matérias-primas ou mercadorias; Organiza as escalas de trabalho, de férias e folgas dos funcionários; Requisita e treina o pessoal necessário ao desempenho dos trabalhos da unidade; Elabora relatórios periódicos, fazendo as exposições pertinentes, para informar sobre o andamento dos trabalhos; Avalia a produção tanto no aspecto qualitativo quanto no quantitativo, considerando a eficiência de cada funcionário e os recursos materiais disponíveis. Tabela 10 – Descrição de Cargo de Chefe de Almoxarifado segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=0&gb=9 Acesso em 15/12/2012. Nº da CBO 3-91.25 Título ASSISTENTE DE PATRIMÔNIO Descrição resumida Executa atividades próprias de serviços de patrimônio, acompanhando e providenciando soluções para problemas específicos das mesmas, e controlando prazos e condições de pagamento para assegurar o desenvolvimento normal das rotinas de trabalho. Descrição Detalhada Realiza o levantamento, controle e acompanhamento dos bens patrimoniais relativos para atender as conveniências da empresa; Controla móveis, máquinas e equipamentos novos, providenciando o cadastramento ou recadastramento para assegurar seu eficiente controle. AN02FREV001/REV 4.0 52 Tabela 11 – Descrição de Cargo de Assistente de Patrimônio segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=1 Acesso em 15/12/2012. Nº da CBO 3-91.20 Título OPERADOR DE RECEPÇÃO, ESTOCAGEM E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS Descrição resumida Executa os trabalhos de recepção, estocagem, distribuição e movimentação de matéria-prima em grandes pátios, observando as normas e instalações da empresa. Descrição Detalhada Conhece a chegada e saída de materiais, observando relatórios, para operar o sistema de empilhamento ou desempilhamento; Observa o funcionamento dos equipamentos; Mantém contato com outros operadores para o entrosamento nas operações; Interpreta os indicadores de controle das operações; Observa a quantidade de matéria-prima, utilizando aparelhos apropriados; Executa o trabalho observando as normas de segurança e o uso correto dos equipamentos de proteção individual e coletivo. Tabela 12 – Descrição de Cargo de Operador de Recepção, Estocagem e Movimentação de Materiais segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=1 Acesso em 15/12/2012. Nº da CBO 3-91.45 Título CONFERENTE DE MATERIAL Descrição resumida Confere mercadorias, matérias-primas e ferramentas recebidas de fornecedores, ou a serem expedidas, confrontando-as com os dados contidos nas requisições, examinando-as, testando-as e registrando- as, para encaminhá-las aos setores interessados. Descrição Detalhada Verifica a documentação no ato de recebimento do material, confrontando notas fiscais, pedidos de compras e outros documentos, para assegurar-se de que a mesma está completa; Confere as quantidades e pesos dos materiais recebidos, contando-os, para certificar-se da correspondência dos mesmos às especificações constantes dos pedidos ou documentos de compra; Verifica a qualidade e o estado de conservação do material, examinando-o, para evitar o recebimento de mercadorias inferiores AN02FREV001/REV 4.0 53 ou danificadas. Tabela 13 – Descrição de Cargo de Conferente de Materiais segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=1 Acesso em 15/12/2012. Nº da CBO 3-91.30 Título ESTOQUISTA Descrição resumida Controla o estoque de materiais em uma empresa, verificando as quantidades necessárias, recebendo e registrando suas entradas e saídas, para atender ao abastecimento das áreas de produção. Descrição Detalhada Analisa os dados referentes a materiais a serem consumidos nas diversas áreas de produção, verificando as previsões contidas nos programas de produção e estabelecendo parâmetros entre o estoque disponível, consumo médio e tempo necessário para reposição e determinação dos tipos e quantidades a serem adquiridos; Requisita materiais, preenchendo formulários apropriados, com base nos resultados dos estudos efetuados, e remetendo-os aos fornecedores, para assegurar a manutenção do estoque necessário ao abastecimento das áreas de produção; Controla a recepção dos materiais, confrontando tipo e quantidades com os dados contidos nas requisições, para certificar- se da correspondência entre o material recebido e solicitado; Dispõe os materiais relacionados nos pedidos, separando-os de acordo com as especificações e quantidades, para remetê-los às diversas áreas de produção; Investiga as causas dos atrasos nas entregas, comunicando-se com os responsáveis, para solicitar as providências necessárias; Apura o estoque físico de materiais, confrontando o resultado com os saldos das fichas de controle; Zela pela área de trabalho, providenciando sua limpeza, para cumprir as normas de higiene e segurança. Pode emitir notas fiscais, requisições, guias ou minutas de remessa, quando solicitado. Tabela 14 – Descrição de Cargo de Estoquista segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=1 Acesso em 15/12/2012. AN02FREV001/REV 4.0 54 Nº da CBO 3-91.35 Título EXPEDIDOR DE MATERIAL Descriçãoresumida Efetua os serviços de expedição de materiais e produtos, examinando-os, providenciando os despachos dos mesmos e efetuando os registros necessários, para fazer os encaminhamentos de acordo com as requisições dos diversos setores da empresa. Descrição Detalhada Examina materiais e produtos remetidos ao setor de expedição, conferindo-os ou orientando sua conferência com as notas fiscais, faturas ou outros documentos e verificando a integridade dos mesmos, para comprovar sua adequação às qualidades e quantidades exigidas; Ordena os materiais e produtos a serem despachados, separando-os de acordo com suas características, local de destino e quantidades solicitadas, para providenciar a expedição dos mesmos; Verifica os horários e tarifas de despacho, consultando cadastros ou informando-se diretamente nas empresas de transporte, para decidir quanto à melhor forma de expedição; Providencia o encaminhamento aos locais fixados, verificando a embalagem e endereçamento, para possibilitar a entrega das mesmas aos seus destinatários; Vistoria os materiais e produtos devolvidos pelos clientes, examinando peso, qualidade, quantidade e outros fatores pertinentes, para verificar a procedência das causas alegadas e tomar as decisões cabíveis; Mantém registro dos materiais e produtos enviados à expedição e despachados, utilizando formulários apropriados, para permitir seu controle. Tabela 15 – Descrição de Cargo de Expedidor de Materiais segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=1 Acesso em 15/12/2012. AN02FREV001/REV 4.0 55 Nº da CBO 3-91.40 Título ARMAZENISTA Descrição resumida Armazena matéria-prima e produtos acabados, dispondo-os de modo racional em armazéns, depósitos e outros locais indicados e fazendo as operações necessárias à sua conservação, para mantê- los em ordem e facilitar a distribuição dos mesmos aos setores requisitantes. Descrição Detalhada Confere os volumes recebidos para armazenamento, efetuando a contagem física da matéria-prima e dos produtos acabados, para certificar-se da correspondência aos dados relacionados nos formulários de entrega; Armazena os volumes recebidos, posicionando as matérias- primas e os produtos acabados nos locais indicados e agrupando- os por classe e tipo, para facilitar o abastecimento dos setores de produção e comercialização; Prepara os volumes relacionados nas requisições recebidas, separando a matéria-prima e os produtos acabados segundo classe, tipo e quantidades solicitadas, para remetê-los às áreas de produção e comercialização; Inspeciona os volumes armazenados, atentando para o estado de conservação da matéria-prima e da embalagem dos produtos acabados; Zela pela área de trabalho, executando a limpeza da mesma, para assegurar-lhe condições de higiene e segurança. Tabela 16 – Descrição de Cargo de Armazenista segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=1 Acesso em 15/12/2012. Nº da CBO 3-91.90 Título OUTROS TRABALHADORES DE SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO E ARMAZENAGEM Descrição resumida Incluem-se aqui os trabalhadores de serviços de abastecimento e armazenagem não classificados nas anteriores epígrafes deste grupo de base, por exemplo, os que realizam inventários de mobiliário e objetos de uso doméstico depositados em guarda- móveis; os que verificam e registram, nos supermercados, as mercadorias em falta, para providenciar sua reposição nas prateleiras, os que auxiliam no serviço de expedição e recepção de matérias-primas, materiais ou produtos em empresas comerciais ou industriais. AN02FREV001/REV 4.0 56 Tabela 17 – Descrição de Cargo de Outros Trabalhadores segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=1 Acesso em 15/12/2012. Nº da CBO 3-91.46 Título OPERADOR DE RECEPÇÃO, ESTOCAGEM E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAL Descrição resumida Executa a recepção, estocagem, distribuição, movimentação e controle de material, observando as normas e instruções da empresa, para obter uma sincronia operacional e a manutenção quantitativa das empresas. Descrição Detalhada Conhece a chegada e saída do material, observando relatório, para operar o sistema de empilhamento e desempilhamento; Observa o funcionamento dos equipamentos, testando ou colocando-os em funcionamento; Mantém contato com outros operadores, utilizando rádio e/ou telefone, para garantir o entrosamento nas operações; Interpreta a especificação de peça e material, mediante as anotações, notas fiscais e relatórios, para melhor atender aos consumidores internos e externos da empresa; Estoca o material, observando as normas e procedimentos para facilitar e agilizar o atendimento; Executa o trabalho, observando as normas de segurança, e o uso correto dos equipamentos de proteção individual e coletivo; Especifica as ferramentas, peças e materiais, observando as solicitações, para fazer as reposições necessárias. Tabela 18 – Descrição de Cargo de Operador de Recepção, Estocagem e Movimentação de Material, segundo a CBO. FONTE: Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg=9&gb=1 Acesso em 15/12/2012. 2.2 RESPONSABILIDADES As responsabilidades do almoxarife são muitas e várias, dependendo da empresa e da descrição do cargo. Para tal, é na descrição dos cargos que são descritos as responsabilidades, e em muitos casos, outros documentos formais ou AN02FREV001/REV 4.0 57 informais podem ser mencionados como forma de expor as responsabilidades da função de almoxarife. Dessa maneira, o trabalho do almoxarife é muito importante e carece que seja executado de forma eficiente, eficaz e abrangente, pois influencia muito nos processos gerenciais e empresariais, participando do alcance dos objetivos empresariais. Do mesmo modo, as principais responsabilidades dizem respeito à rotina diária de trabalho do almoxarife, e também, aspectos que dizem respeito a características estratégicas ou gerenciais que o almoxarife possa desempenhar. Outros aspectos, ou responsabilidades, são operacionais e acessórias no contexto geral do trabalho que o cargo exige. Assim, podem-se classificar as principais responsabilidades do almoxarife em seus níveis estratégicos, táticos ou gerenciais e operacionais. 2.2.1 Responsabilidades Estratégicas As principais responsabilidades estratégicas que o almoxarife desempenha e desenvolve nas empresas são: 1. Analisar o contexto geral do estoque e tomar decisões sobre o que está sendo executado e o que foi planejado; 2. Determinar os métodos adequados de armazenagem; 3. Realizar previsões de uso dos estoques no médio e longo prazo; 4. Analisar o impacto dos estoques no custo total da empresa. 2.2.2 Responsabilidades Táticas ou Gerenciais As principais responsabilidades táticas ou gerenciais que o almoxarife desempenha e desenvolve nas empresas são: AN02FREV001/REV 4.0 58 1. Receber as mercadorias e registrar dados manualmente ou por meio de computadores. 2. Verificar relatórios e analisar as contagens físicas com os números existentes nos controles do almoxarifado. 3. Registrar o uso e as perdas de estoque. 4. Inspecionar e comunicar aos encarregados os defeitos dos produtos que estão nos estoques. 5. Auxiliar outros colegas nos trabalhos do almoxarifado. 6. Ter um bom relacionamento com transportadoras e clientes. 7. Exigir que os demais funcionários sigam os regulamentos e normas para os estoques. 8. Colaborar para o perfeito funcionamento dinâmico dos estoques, atingindo os seus objetivos estratégico.9. Verificar a quantidade e qualidade das mercadorias recebidas. 10. Corrigir os erros de estoques, bem como as faltas, falhas e perdas. 2.2.3 Responsabilidades Operacionais As principais responsabilidades operacionais que o almoxarife desempenha e desenvolve nas empresas são: 1. Armazenar itens de uma maneira ordenada e de fácil acesso nos almoxarifados. 2. Utilizar alguma forma de identificação para os produtos que estão em estoques, sejam por selos, etiquetas, códigos de barras, etc. 3. Manter o ambiente dos estoques limpos e organizados. 4. Entregar as mercadorias corretamente. 5. Empacotar e desempacotar as mercadorias necessárias ao processo empresarial. AN02FREV001/REV 4.0 59 6. Verificar mercadorias com defeitos e encaminhá-las para os respectivos consertos. 7. Manter registros atualizados e corretos dos estoques. 8. Solicitar mercadorias quando necessário, realizando os respectivos procedimentos. 9. Verificar e conferir as faturas correspondentes às mercadorias adquiridas e estocadas. 10. Responder consultas escritas e por telefone. 11. Verificar e acompanhar os aspectos de segurança do almoxarifado. 12. Excepcionalmente, operar empilhadeiras ou pequenos carrinhos de transporte. 13. Atender às reclamações que são efetuadas. 14. Empacotar e desempacotar itens a serem armazenados nas prateleiras do almoxarifado. 2.3 REMUNERAÇÃO Ao falar-se em remuneração, torna-se essencial exporem-se alguns conceitos e definições sobre o assunto, visto que é de extrema importância e grande complexidade o tema, que é muito abrangente e delicado. Assim sendo, de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), nos seus artigos nº 76 e nºs 457 a 466, transcrito no Box 01 abaixo, a remuneração compreende todos os aspectos financeiros o qual o funcionário recebe do empregador em virtude de sua prestação de serviços. Dessa forma, a remuneração é a contraprestação financeira pelos serviços prestados, ou seja, é o pagamento pelo trabalho, que compreende o valor fixo de um salário nominal, adicionado de outros componentes, que podem ser incentivos, complementos, encargos e benefícios. AN02FREV001/REV 4.0 60 Box 01 – Artigos da Consolidação das Leis do Trabalho sobre a Remuneração Art. 457: Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, o salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço. § 1.º - Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. Art. 458: Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. Art. 459: O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 01 (um) mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações. Art. 460: Na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual ao daquela que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente ou do que for habitualmente pago para serviço semelhante. Art. 461: Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. Art. 463: A prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do País. Art. 464: O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo. Art. 465: O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o disposto no artigo anterior. Art. 466: O pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se referem. AN02FREV001/REV 4.0 61 Para o almoxarife, em específico, o processo de remuneração é bem amplo e depende de uma série de fatores a serem considerados, como o porte da empresa, a região de atuação, a descrição do cargo, as qualificações necessárias, entre outros. Também influenciam esse processo de composição da remuneração as políticas de incentivos e benefícios que cada empresa adota, sendo que, em virtude dessa política, a remuneração do almoxarife pode ser aumentada ou diminuída. Como ilustração, esse trabalho traz um quadro resumo (Tabela 19) de uma pequena pesquisa salarial, no tocante ao cargo de almoxarife, em que são expostos os diversos tipos de descrição de cargos, além do salário nominal médio inicial e as exigências de formação acadêmica para a investidura no cargo. Essa pesquisa foi feita utilizando-se o Site de Recrutamento e Seleção CATHO ONLINE (http://www.catho.com.br) no período entre 05/12/2012 e 20/12/2012. Título da Vaga Vagas Disponíveis Remuneração Mensal Grau de Instrução Almoxarife 1.302 R$ 1.000,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Almoxarife Júnior 85 R$ 720,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Almoxarife Sênior 19 R$ 3.000,00 à R$ 5.000,00 E. Superior Analista de Estoque 4 R$ 1.000,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Assistente de Almoxarifado 835 R$ 800,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Assistente de Expedição 6 R$ 700,00 à R$ 1.100,00 E. Médio Auxiliar de Almoxarifado 814 R$ 735,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Auxiliar de Armazém 116 R$ 795,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Auxiliar de Estoque 719 R$ 1.000,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Assistente de Estoque 809 R$ 1.000,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Conferente de Almoxarifado 2 R$ 1.000,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Conferente de Estoque 7 R$ 1.000,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Controlador de Estoque 6 R$ 823,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Encarregado de Almoxarifado 7 R$ 1.000,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Encarregado de Estoque Júnior 7 R$ 1.000,00 à R$ 3.000,00 E. Médio Encarregado de Estoque Senior 5 R$ 4.000,00 à R$ 5.000,00 E. Superior Expedidor 15 R$ 720,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Gestor de Estoques 4 R$ 2.000,00 à R$ 3.000,00 E. Superior Líder de Almoxarifado 8 R$ 1.000,00 à R$ 2.000,00 E. Médio Líder de Estoque 5 R$ 923,00 à R$ 1.140,00 E. Médio Tabela 19 – Pesquisa de Cargo e Salários relacionados ao Almoxarife. FONTE: Disponível em: <http://www.catho.com.br>. Acesso em: 15 dez. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 62 Assim sendo, ao analisar-se a Tabela 19 acima, pode-se verificar que existem muitos cargos relacionados ao tema Almoxarife, expondo que o cargo, ou função, é muito abrangente nas empresas e que cada uma delas assume a nomenclatura que acredita ser a mais adequada aos seus objetivos organizacionais. Assim, pode-se visualizar que existem Vinte (20) cargos que foram obtidos na pesquisa relacionados à função de almoxarife. Nota-se no quadro, que nessa pesquisa estão disponibilizados 4.775 vagas totais de empregos em todos os cargos e que apenas 28 vagas exigem a formação acadêmica superior. Todas as demais ofertas de vagas exigem a formação de ensino médio. A pesquisa considerou a oferta de vagas em todas as regiões do Brasil, mas pode-se verificar que existe certa homogeneidade nas formas de recrutamento, principalmente nos aspectos de formação educacional ou acadêmica. Pode-se concluir que a grande maioria das vagas disponibilizadas exige o ensino médio, com outras características, como experiência na função, conhecimentos matemáticos, de informática básica e de comunicaçãoescrita e verbal básicos, principalmente. Se analisar-se os valores de remuneração básica inicial para os cargos, vê- se que os valores para as vagas que exigem formação em ensino médio para a sua investidura oscila entre R$ 700,00 (Setecentos Reais) e R$ 2.000,00 (Dois mil Reais), dependendo da empresa, da região e do tempo de experiência exigido, além da descrição do cargo, em que os valores de remuneração inicial maiores exigem maiores responsabilidades, apesar da formação em ensino médio. Perceba que são remunerações iniciais no cargo e que, com o passar do tempo da pessoa na empresa, esses valores irão aumentando, em função da dedicação, do desempenho, do comprometimento e das propostas de crescimento da empresa. Dessa maneira, percebe-se que a profissão de almoxarife é uma profissão em destaque, oferecendo bons salários iniciais. Analisando as poucas vagas oferecidas que exigem formação em nível Superior, percebe-se que são cargos que necessitam de maior conhecimento e dedicação, fato que explica a formação acadêmica maior. AN02FREV001/REV 4.0 63 Como consequência, os valores da remuneração inicial são maiores e bem atrativos, oscilando entre R$ 2.000,00 (Dois mil Reais) e R$ 5.000,00 (Cinco mil Reais). No entanto, essas vagas são cargos gerenciais e estratégicos, inclusive, que exigem maior nível de experiência, comprometimento e resultados esperados rápidos. Mas são cargos atrativos aos profissionais de almoxarifado e que se destacam pela excelente remuneração oferecida. Outro aspecto interessante exposto é que esses valores são salários iniciais, em que existem outros componentes que irão aumentar essa remuneração, como os incentivos salariais, os benefícios e o plano de carreira. Pode-se concluir que o investimento na profissão de almoxarife é totalmente convidativo e é uma função muito importante nas empresas, pois sempre existirá a necessidade desse profissional nas empresas, com bons ganhos financeiros e realização profissional. 2.4 POLÍTICAS DE CRESCIMENTO NO CARGO Na grande maioria dos cargos e profissões, percebe-se que existe uma “caminhada” que é realizada pelos funcionários, com o objetivo de se atingir o cargo superior, ou seja, todo funcionário, seja em qual atividade, função ou cargo que desempenha, almeja atingir o “topo” de sua carreira, alcançando prestígio, status, reconhecimento profissional e, consequentemente, maiores salários e retornos financeiros, como fruto de um trabalho realizado com comprometimento, dedicação, entre outros fatores. Assim sendo, há alguns anos, esse crescimento no cargo acontecia em virtude da dedicação e empenho do funcionário para com a empresa, sendo iniciada a sua investidura no cargo, geralmente em níveis mais baixos na pirâmide organizacional hierárquica e, com o passar dos anos, se houvesse a necessidade da empresa em ter um novo supervisor, ou gerente, ou diretor, ou encarregado, fazia-se então a escolha, que geralmente era informal e parcial, baseado na avaliação particular de uma pessoa da alta direção da empresa, como o dono, por exemplo, e AN02FREV001/REV 4.0 64 então, o funcionário era promovido e assumia aquela nova função, podendo obter o sucesso ou não. Esse sistema era totalmente fechado, não demonstrava nenhum tipo de segurança ou transparência e não havia perspectivas de crescimento na carreira ou no cargo. Diversos funcionários iniciavam sua trajetória profissional em um cargo e aposentavam na mesma função, pois eram fiéis à empresa e não aconteceram necessidades na sua área de atuação, fato que desencadeou nenhum tipo de projeção na carreira. Porém, atualmente, em virtude das imensas transformações acontecidas nas últimas décadas, fazendo com que o mundo ficasse menor, com a concorrência acirrada e a competitividade cada vez maior, as empresas foram obrigadas a se diferenciar, em todos os aspectos que puderem. Dessa maneira, as mesmas perceberam que o maior diferencial competitivo que elas possuem são exatamente as pessoas que estão em diversos cargos, realizando os diversos trabalhos. Assim sendo, uma das formas de incentivar as pessoas a permanecerem fiéis às empresas (visto que atualmente esse nível de fidelidade foi diminuído) foi desenvolver um plano de incentivo às carreiras, ou seja, as empresas foram obrigadas a desenvolver um planejamento de carreira para os seus funcionários, em que são descritos todos os procedimentos que precisam ser desenvolvidos para que aconteça o crescimento na carreira e nos diversos cargos que são ofertados. Além disso, também são descritas todas as responsabilidades de cada cargo, os deveres dos funcionários e das empresas e como será a trajetória até o nível mais elevado, bem como o tempo mínimo necessário para cada nível. Dessa maneira, a empresa declara todos os níveis e procedimentos e deixa isso transparente para todos os seus cargos e pessoas. Assim, esse crescimento na carreira pode ser planejado pelo funcionário, que percebe todas as responsabilidades que ele deve realizar, as qualificações, cursos, etc., além do tempo mínimo para poder crescer no seu cargo, projetando-se no futuro como ele deseja atingir o seu desempenho profissional e o reconhecimento pelo mesmo, além das recompensas salariais e financeiras. Assim, para o cargo de almoxarife, existem diversas formas de crescimento profissional, em que cada empresa irá traçar o seu plano de carreira de acordo com AN02FREV001/REV 4.0 65 o seu planejamento estratégico e com o atingimento dos seus objetivos organizacionais. Mas, resumidamente e em linhas gerais, o crescimento na carreira acontece com o funcionário iniciando na empresa nos níveis mais baixos da pirâmide hierárquica, em cargos como auxiliar de almoxarifado ou assistente de almoxarifado, subindo para almoxarife, estoquista, controlador de estoque, conferente de estoque, líder de estoque, encarregado de estoque, gestor de estoque e diretor geral de armazenagem, como exemplo. É lógico que cada empresa define a nomenclatura de seus cargos relacionados aos estoques e define, mediante esta descrição, como será o crescimento na carreira. 2.5 IMPORTÂNCIA DO ALMOXARIFE PARA AS EMPRESAS A importância do almoxarife para as empresas é um assunto de imensa complexidade e grandeza, visto que assume diversas posições gerenciais, estratégicas e operacionais de imenso valor para as atividades empresariais. Nesse contexto, esse curso não irá detalhar em minúcias a importância do cargo e da função de almoxarife, e suas inúmeras designações e descrições de cargos, visto que seria assunto para outro curso, devido à sua grandeza e riqueza de detalhes. Porém, pode-se afirmar que a importância que o almoxarife representa para as empresas é de suma criticidade, ou seja, é um cargo que possui função essencial na execução das atividades empresarias, pois ele serve de elo abastecedor de suprimentos para as funções de frente, como vendas, e para as funções de retaguarda, como a produção e o compras. Assim sendo, é por meio do almoxarife que as atividades desenvolvidas pelo setor de estoques são desenvolvidas, em que sem a participação do mesmo essas tarefas não seriam possíveis de serem feitas. Desse modo, para que as etapas de compras de insumos, produção, logística, vendas e marketing entre outras, sejam perfeitamente desenvolvidas, é AN02FREV001/REV 4.0 66 essencial a função estoque, pois o estoque acaba sendo o elo entre essas etapas, como é mostrado na Figura 14. E a gestão dos estoques e toda a sua complexa dinâmica de execução, controle, planejamento de compras e abastecimento, logística dos estoques, etc. são realizados e desenvolvidos pelo almoxarife. FIGURA 14 – ESTOQUES COMO ELO ENTRE AS DEMAIS FUNÇÕES VENDAS MARKETING ESTOQUES CONTÁBIL FINANCEIRO PRODUÇÃO LOGÍSTICACOMPRAS PLANEJAMENTO FONTE: o Autor FIM DO MÓDULO II AN02FREV001/REV 4.0 67 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ALMOXARIFE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 68 CURSO DE ALMOXARIFE MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 69 MÓDULO III 3 COMO FUNCIONA A MOVIMENTAÇÃO NO ESTOQUE Dentro do contexto da função estoques e da atividade do almoxarife, como já fora descrito nos módulos anteriores, vimos que a parte operacional propriamente dita, consta de todas as atividades que o almoxarife necessita desenvolver efetivamente no seu cotidiano de trabalho dentro de um almoxarifado. Dessa forma, o trabalho do almoxarife consta prioritariamente em desenvolver todos os processos para a complexa e dinâmica movimentação dos estoques. Assim sendo, iremos expor como acontece esse processo e como é a sua dinâmica. Basicamente, as atividades principais do almoxarife estão relacionadas ao planejamento, execução e controle da entrada e saída de mercadorias e produtos dos estoques, ou dos almoxarifados, bem como a realização de abastecimentos constantes e periódicos dos mesmos, mantendo os níveis de estoques em quantidades adequadas ao processo empresarial da empresa, além de movimentações internas com as mercadorias, seja em arranjos, ou em formas de organização e gestão do espaço físico correspondente ao almoxarifado, além de utilizar algumas ferramentas administrativas para realizar e desenvolver esse processo. 3.1 ENTRADAS E SAÍDAS DE ESTOQUES As movimentações mais complexas e importantes que ocorrem envolvendo o setor de estoques e o almoxarifado diz respeito ao atendimento à principal AN02FREV001/REV 4.0 70 finalidade a que se justifica a existência da função estoque, ou seja, ao processo de atender às necessidades de materiais, produtos ou insumos da empresa, no exato momento em que surgem, seja na etapa de produção, na etapa de cada processo produtivo, na etapa de expedição ou de comercialização e venda dos produtos aos clientes finais. Dessa forma, os estoques só existem para atender a essas necessidades, devido ao fato da incerteza e dos riscos relacionados à demanda, como fora exposto nos módulos anteriores. Assim sendo, o almoxarife é o responsável por realizar todos esses processos e também necessita desenvolver o gerenciamento de todas as atividades particulares da função estoque para que aconteça o pleno atendimento às necessidades e justifiquem a existência dos estoques. As principais atividades dizem respeito à entrada e saída de mercadorias dos estoques, sejam materiais que irão abastecer o sistema produtivo, como matérias-primas, diversos insumos, ferramentas e outros, sejam produtos em fase de produção ou produtos acabados, prontos para serem entregues aos consumidores finais. Esse conceito pode parecer, a primeiro momento, demasiadamente simples, pois consta apenas de movimentação das mercadorias, seja em entrada nos estoques, sejam em saída dos mesmos, com os devidos registros e controles. No entanto, esse processo de entrada e saída de mercadorias dos estoques envolve uma série de variáveis e torna-se relacionado a diversos outros aspectos, transformando esse processo em um contexto de extrema importância e exigindo grande conhecimento aplicado ao gerenciamento dos estoques e da empresa como um todo, pelos executores, ou seja, pelo almoxarife. AN02FREV001/REV 4.0 71 FIGURA 15 – OS ESTOQUES NA CADEIA DE ABASTECIMENTO 3.Estrutura da Cadeia de Suprimentos FONTE: Stevens, G.C. Integrating Supply Chain: International Journal of Distribution and Materials Management. 1998. Dentro desse contexto, como já foi exposta, a função estoque está inserido em uma situação macroambiental, dentro de uma cadeia de abastecimento ampla. Assim sendo, nessa cadeia de abastecimento inicia-se com os fornecedores e os parceiros, que são atores pertencentes ao ambiente geral da empresa, onde existe uma relação entre os mesmos e a empresa (Figura 15). Assim, a função estoque está relacionada a este relacionamento com os fornecedores. Este contexto inicial recebe o nome de administração de materiais, em que se concentram os suprimentos, armazenagem e transportes dos produtos e mercadorias na empresa e no seu ambiente geral. AN02FREV001/REV 4.0 72 Após essa fase, ainda na cadeia de abastecimento está a parte da empresa propriamente dita, ou o seu ambiente interno, onde todas as atividades do estoque e do almoxarifado estão concentradas e é o ponto central da atividade do almoxarife. Nessa situação é que ocorrem todas as movimentações de materiais, produtos, insumos e demais mercadorias, em que ocorrem os processos produtivos e os demais processos empresariais que a empresa desenvolve em seu negócio. Por fim, na outra extremidade da cadeia de abastecimento encontram-se os centros de distribuição atacadistas e varejistas, que irão chegar até o cliente final. Na análise das movimentações de estoques, pode-se analisar que as entradas e saídas de mercadorias dos estoques ocorrem com certa frequência na movimentação. Assim sendo, a movimentação acontece da forma que, os estoques são abastecidos com os produtos, seguindo uma ordem de pedidos de compra e reposição dos estoques (veremos adiante), pelo perfeito relacionamento entre a empresa e os seus fornecedores e parceiros. Desse modo, a empresa, baseado no seu planejamento estratégico e nas políticas e filosofia de estoques que é implementado, aliado aos estudos de previsão da demanda e do consumo, a empresa determina como será o funcionamento dos seus estoques, explicitando quais os produtos que necessitam estar nos estoques, quais os momentos em que tais produtos e mercadorias necessitam estar disponíveis ao processo de produção ou de vendas, expondo quais os tipos de estoques que serão utilizados em cada fase do processo de produção ou de vendas, dependendo do ramo de atividade da empresa e das suas características do estoque, como já expusemos no módulo I. Após todas essas determinações, os estoques são montados, na aquisição desses produtos por meio de seus fornecedores e parceiros. Ao serem recebidas na empresa, às mercadorias são direcionados ao almoxarifado e são organizadas, obedecendo a uma lógica de gestão do armazenamento, que expõe sobre o layout do almoxarifado, da sequência de atividades para a perfeita estocagem, como identificação dos produtos, lançamentos em fichas de controle de estoques, sejam manuais ou eletrônicas, entre outras atividades. Esses lançamentos serão analisados detalhadamente no módulo IV. AN02FREV001/REV 4.0 73 Após ter-se realizado todas essas atividades, as movimentações dos estoques dos almoxarifados acontecem em uma lógica natural, obedecendo a uma dinâmica específica para esse ambiente. FIGURA 16 – A DINÂMICA DOS ESTOQUES Fonte: o Autor De acordo com a Figura 16, quando os estoques são abastecidos, os níveis do mesmo encontram-se no nível máximo, ou seja, existe uma grande quantidade de produtos, materiais e outros insumos, sendo armazenados nos almoxarifados esperando o momento ideal para cumprir a sua função, seja na produção ou no processo de vendas. Este pontochama-se nível máximo de estoque. AN02FREV001/REV 4.0 74 No decorrer do processo de produção ou de vendas, as mercadorias que estão nos estoques vão sendo utilizadas, ou seja, saem do almoxarifado e vão atender à produção ou às vendas, dependendo do setor empresarial que a empresa pertence. Com o passar do tempo, esse consumo vai se tornando constante e a quantidade de mercadorias que estão nos estoques diminuem, em virtude da saída dos produtos para atender à produção ou às vendas. Conforme o consumo vai acontecendo, os níveis de estoques diminuem até chegar ao esgotamento total dos produtos em estoque, ou seja, os produtos acabam. Nesse momento o estoque recebe o nome de nível mínimo de estoque, ou nível Zero, em que se percebe que não existem estoques. Então, em virtude desse nível mínimo de estoques, a empresa necessita reabastecê-lo, realizando negociações de compra com os seus diversos fornecedores para que os mesmos entreguem os produtos, ou demais mercadorias para a reposição dos estoques. Dessa maneira, ao término desse processo de negociação, os estoques são recompostos e o nível de estoque volta ser máximo. Ou seja, o almoxarifado volta a estar repleto de mercadorias, que ficam à disposição dos processos de fabricação e vendas. Quando os processos de fabricação e vendas são realizados e desenvolvidos, acontece novamente o consumo desses itens e o estoque vai sendo diminuído, voltando a ter o nível mínimo ou nível zero de estoques, em que novamente é necessário o processo de reposição, por meio da negociação com fornecedores e o estoque é abastecido novamente. Assim sendo, esse processo transforma-se em um ciclo de reposição e consumo de produtos e demais mercadorias que estão nos estoques, sempre tendo as duas variáveis (reposição e consumo) oscilando entre os dois extremos dos estoques, ou seja, os níveis, máximo e mínimo de estoques. No entanto, esse processo torna-se falho, pois existe um tempo necessário para que aconteça a reposição dos estoques. Com raras exceções, não é possível acontecer a reposição imediata dos estoques, ou seja, assim que o processo de consumo vai acontecendo, os estoques vão sendo diminuídos, reduzindo-se a AN02FREV001/REV 4.0 75 quantidade de produtos ou mercadorias disponível no almoxarifado, até o momento em que o estoque fica zerado. Dessa maneira, se a empresa adotasse a metodologia de realizar a reposição somente quando o estoque ficasse zerado, fazendo o contato com os fornecedores, a negociação e todo o processo de compra para então, após tudo isso receber as mercadorias dos mesmos e alocá-las nos almoxarifados então. Se for assim, inevitavelmente irão acontecer graves perdas em função dessa reposição, visto que todo esse processo de seleção de fornecedores, a negociação e a compra, além da entrega pelos mesmos até que o produto chegue aos almoxarifados novamente leva um tempo necessário para que todas essas etapas ocorram. É o chamado tempo de reposição ou lead time. Assim, ao observarmos a Figura 17, vê-se que o processo dinâmico dos estoques vão acontecendo, onde os estoques iniciam o processo com o nível máximo de estoque e, conforme vai acontecendo o consumo, os estoques vão diminuindo-se até chegar ao nível mínimo de estoques, ou até zerar o mesmo. O processo natural, como descrito anteriormente, expõe que acontece a reposição, com o estoque atingindo o nível máximo novamente e assim por diante. Porém, se o estoque chegar ao nível mínimo para que a empresa inicie o processo de reposição, com o processo de compra, como falamos anteriormente, essa reposição irá acontecer em um momento maior de tempo, e não imediatamente, como fora mostrado na Figura 16 (anterior), mas com algum atraso, em virtude do tempo de reposição ou lead time. AN02FREV001/REV 4.0 76 FIGURA 17 – REPOSIÇÃO E CONSUMO NOS ESTOQUES T A M A N H O D O L O T E NÍVEL MÁXIMO DE ESTOQUE NÍVEL MÍNIMO DE ESTOQUE REPOSIÇÃO CONSUMO TEMPO DE REPOSIÇÃO Fonte: O Autor Por exemplo, vamos considerar que uma fábrica de calçados mantenha mantas de couro em estoque e que essas mantas são necessárias para a fabricação dos sapatos finos que a mesma fabrica e exporta para os países da Europa. Imaginemos que cada manta é usada na fabricação de 100 pares de sapatos e que a empresa decidiu que o nível máximo de estoque é de 100 mantas, o que representa um estoque suficiente para a fabricação de 10.000 pares. A empresa comercializa mensalmente cerca de 45.000 pares com os países da Europa e a entrega deve ser pontual, sempre no dia 25 de cada mês, em virtude dos operadores logísticos que fazem todo o processo de despacho, transporte, seguro, etc. dos sapatos do Brasil até a Europa. Se os lotes não estiverem no porto até o dia 23 de cada mês, as mercadorias não conseguem ser embarcadas, ficando armazenadas no porto até o AN02FREV001/REV 4.0 77 mês seguinte, no mesmo dia, gerando taxas de armazenamento para a fábrica de sapatos. A empresa mantém um relacionamento muito próximo com seus fornecedores de mantas de couro, que são dois curtumes. Cada curtume entrega para a fábrica de calçados cerca de 250 mantas mensais, o que representa a produção de 50.000 pares de calçados, se for necessário. Como a empresa comercializa cerca de 45.000 pares mensais, ainda fica sobrando um adicional de matéria-prima em estoque, para cobrir riscos e incertezas da demanda ou falhas de produção. No entanto, o fornecedor A está localizado a uma distância de cerca de 40 km da fábrica de calçados, sendo um curtume tradicional, com capacidade de produção totalmente ocupada, e raramente cosegue aumentar os pedidos de compra da fábrica. Por estar próximo da fábrica de sapatos, o tempo de reposição, ou lead time, é de cerca de cinco dias, desde o momento em que a fábrica dispara o pedido de compra até a entrega das mantas na empresa. Este fornecedor consegue entregar pedidos de até 50 mantas por lote. O fornecedor B está a cerca de 150 km distante da empresa de sapatos. É uma empresa de grande porte, com capacidade de produção em crescimento, podendo aumentar a sua capacidade de produção para atender seus clientes em momentos de aumento da demanda. Como está a maior distância, o tempo de reposição total é de no mínimo 12 dias. Este fornecedor consegue entregar lotes por pedido de até 100 mantas. Vamos imaginar que a empresa inicia a produção de janeiro, no dia 02, em virtude do feriado de réveillon. É sabido que no dia 23 todos os 45.000 sapatos devem estar no porto, para embarque, evitando aumento nos custos e perda de vendas aos clientes exigentes europeus. O estoque da empresa de mantas de couro está no nível máximo, com 200 mantas em estoque. Com a produção, inicia-se o consumo do estoque, que vai diminuindo gradativamente. Se a empresa não possui algum tipo de gerenciamento para a reposição dos estoques, um novo pedido ao fornecedor irá ocorrer somente no dia 11, pois o estoque de 200 mantas dará para atender a produção de 10 (dez) dias de trabalho. AN02FREV001/REV 4.0 78 Estamos no dia 11 e a empresa tem 21.000 pares de sapatos prontos para serem enviados ao porto e o estoque de mantas acabou, interrompendo a produção, visto que é a matéria-prima primordial para a confecção dos sapatos. O pedido aos fornecedores é feito, porém o fornecedor A levará 05 dias para entregar as mantas e o fornecedor B levará 12 dias. E agora? A empresa realiza um pedido para cada fornecedor, ou seja, 50 mantas para o fornecedor A e 100 mantas para o fornecedor B. As mantas do fornecedor A chegarão no dia 16 de janeiro e as do fornecedor B no dia 23 de janeiro. Dessa forma, nesses cinco dias até chegar às mantas, a empresa não terá como realizar a produção, visto quenão possui a matéria-prima prioritária para tal. Vamos imaginar que a empresa receba as mantas do fornecedor A no dia 16 e reinicie a produção. Porém, como são somente 50 mantas atenderá a produção por apenas 03 (três) dias, voltando o estoque ao nível mínimo novamente, ou seja, as mantas chegam no dia 16 e terminam no dia 19, em que a produção é novamente interrompida até o dia 23, quando chegam às mantas do fornecedor B. Vejam o tamanho do problema que a empresa teve para poder desenvolver a sua produção e atender aos seus clientes, em virtude de um mau planejamento de reposição de estoques. Assim sendo, ao observar-se a Figura 18, pode-se perceber que para evitarem-se esses imprevistos e erros na gestão dos estoques, além de aumento de custos e a insatisfação do cliente pela falta da mercadoria ou outros aspectos, torna- se essencial à utilização dos chamados estoques de segurança. AN02FREV001/REV 4.0 79 FIGURA 18 – ESTOQUES DE SEGURANÇA LEAD TIME E S T O Q U E D E S E G U R A N Ç A T A M A N H O D O L O T E ESTOQUE ZERADO FONTE: O Autor Dessa maneira, o estoque de segurança nada mais é do que o dimensionamento de um valor para o estoque em que o pedido de reposição é disparado, fazendo com que o mesmo seja feito enquanto ainda se mantém estoques das mercadorias e produtos no almoxarifado, evitando-se assim que a empresa seja obrigada a interromper a sua produção, ou comercialização, por não ter produtos, insumos e outras mercadorias em estoque. Assim sendo, a empresa determina uma quantidade de mercadorias em estoque, firmado como estoque de segurança, e quando os níveis de estoques atingem esse valor, é iniciado o processo de compra junto aos fornecedores, como AN02FREV001/REV 4.0 80 forma de evitar que os estoques cheguem ao nível mínimo, ou seja, que os estoques sejam acabados para se iniciar esta reposição. Desse modo, a reposição dos estoques, com a adoção dos estoques de segurança, é feito de forma ainda enquanto se possui mercadorias no almoxarifado, e quando o pedido é entregue pelo fornecedor, os níveis de estoque ainda estão com os produtos, evitando-se que os mesmos sejam zerados. Dessa maneira, a empresa não interrompe o seu processo produtivo por faltar mercadorias nos estoques. A determinação do valor dos estoques de segurança deve ser realizada com base nos lead times dos fornecedores e no consumo dos produtos pela empresa, calculando-se a necessidade em função dessas duas variáveis. Alguns produtos terão valores de estoques de segurança maiores, outros menores, porém o que importa é que o estoque não fique zerado. Por exemplo: imaginemos a mesma fábrica de sapatos citado antes. Como ela produz 45.000 sapatos por mês, entre os dias 01 e 22 de cada mês (no dia 23 os sapatos tem que estar no porto), então se pode deduzir que ela produza em média 1.960 pares por dia, contando todos os dias da semana, pois não sabemos se a empresa trabalha sábados e domingos e nem se faz turnos de 24 horas ou apenas o horário comercial, para apenas exemplificar a estimativa de estoques de segurança. Assim sendo, se ela produz 1.960 pares por dia e cada manta de couro serve para fabricar 100 pares de sapatos, pode-se deduzir que são usados 20 mantas por dia (1.960 dividido por 100 = 19,60 mantas que equivale a 20 mantas). Dessa forma, se o fornecedor A leva 05 dias para poder repor os estoques, a empresa necessita fazer o pedido quando o estoque estiver com 100 mantas, pois quando as mantas chegarem à fábrica daqui a 05 dias, o estoque ainda terá a matéria-prima e a produção não é interrompida. Como consequência, o estoque de segurança nesse caso é de 100 mantas de couro. Outro detalhe importante nesse processo é sobre como é realizada essa reposição dos estoques. Há três maneiras de se repor os estoques: AN02FREV001/REV 4.0 81 1. Reposição Contínua: onde a empresa faz compras de todos os produtos que mantém nos estoques de forma ininterrupta, ou seja, a reposição é contínua, realizada a todo o momento; 2. Reposição Periódica: ocorre da maneira em que a empresa faz análises periódicas de seus estoques e fazem-se os pedidos em função dos níveis de estoques nesses momentos; 3. Reposição por ponto de pedido: é a forma que adota em determinado ponto do nível dos estoques, são realizados os pedidos de reposição. É realizado como forma de prevenir as paradas na produção, utilizando-se ainda dos estoques de segurança. Vamos abordar a forma de realizar a reposição de estoque por ponto de pedido, onde a empresa determina em que momento o almoxarife deverá realizar o pedido de reposição junto aos fornecedores. Essa determinação deverá levar em consideração algumas variáveis, como o lead time, o consumo diário de materiais que estão nos estoques e a demanda média, entre outras. Após a determinação desse valor, o almoxarife deverá realizar os pedidos no exato momento em que os níveis de estoque atingir este valor nos estoques. Perceba que o ponto de pedido não considera o valor do estoque de segurança, mas sim o valor do estoque que será necessário manter para não comprometer o processo empresarial e nem utilizar os estoques de segurança, como é descrito na Figura 19. AN02FREV001/REV 4.0 82 FIGURA 19 – PONTO DE PEDIDO LEAD TIME E S T O Q U E D E S E G U R A N Ç A T A M A N H O D O L O T E PONTO DE PEDIDO ESTOQUE ZERADO FONTE: O Autor 3.2 MOVIMENTAÇÕES INTERNAS DE PRODUTOS Além de todos os processos que foram descritos até agora, o almoxarife necessita estar em sintonia com as movimentações internas que se fazem necessárias dentro do almoxarifado e da função estoque como um todo. Assim sendo, como o operador dos estoques, o almoxarife necessita estar a todo o momento movimentando os materiais, insumos e demais produtos e mercadorias dentro do ambiente do almoxarifado, seja para organização do mesmo, sejam para melhorias que se fazem necessárias, seja para atender a alguma AN02FREV001/REV 4.0 83 necessidade específica da empresa em relação às essas mercadorias que estão nos estoques. Dessa maneira, como já fora dito nesse curso, o processo de estocagem obedece a uma lógica dinâmica, com um ciclo contínuo de consumo (saída de mercadorias do almoxarifado) e reposição (entrada de mercadorias no almoxarifado) e isso segue uma sequência que é ditada pelo ritmo dos negócios da empresa, relacionados ao mercado em que a mesma atua, o tamanho desse mercado, as exigências dos consumidores, os aspectos da demanda, etc. Dessa forma, a todo o tempo o almoxarife estará realizando atividades para que essas etapas sejam desenvolvidas, ou seja, durante todo o período de trabalho do almoxarife, ele estará desempenhando atividades para que as mercadorias cheguem até o estoque, seja por meio de contato com fornecedores, realização de pedidos de compra, fechamento da compra, recebimento e conferência das mercadorias que chegaram, arrumação do almoxarifado e colocação das mercadorias nos seus devidos locais, identificação dos produtos, contagem física, análise dos pontos de pedidos e estoque de segurança, etc., ou então, recebimento de ordens de produção para retirada das mercadorias dos estoques, entrega, transporte de produtos dos mais diversos tipos para os setores responsáveis pela produção ou comercialização, negociações de entrega, transporte, retirado dos produtos das prateleiras, estantes, etc. Dessa maneira, o almoxarife necessita estar totalmente interligado a esse processo de movimentação interna dos produtos que entram e saem dos estoques, compreendendo como acontece essa dinâmica e realizando-as da maneira mais eficiente e eficaz possível, a fim de desempenhar assertivamenteas suas funções e as funções do almoxarifado, atingindo os objetivos organizacionais. Dentro desse contexto, o almoxarife necessita estar em constante atualização das atividades dos estoques e da real situação do almoxarifado, compreendendo como está acontecendo à curva de Consumo x Reposição, como fora demonstrado no início desse módulo, para poder tomar decisões que proporcionem a eficácia dos estoques para os objetivos de produção ou vendas. Dessa maneira, o almoxarife necessita saber exatamente como está o nível de estoques de todos os produtos que estão no almoxarifado, além de conhecer AN02FREV001/REV 4.0 84 exatamente qual é o ponto de pedido desses produtos e o seu respectivo estoque de segurança. Além disso, deve manter contato com os fornecedores e ter bom relacionamento com os mesmos, visando poder contar com os mesmos em momento de faltas de estoques ou problemas semelhantes. Da mesma maneira, o almoxarife necessita identificar os produtos e mercadorias que ficam mais tempo em estoque e aqueles que “giram” mais rapidamente, ou seja, identificar e visualizar as mercadorias que entram e saem dos estoques em pequeno espaço de tempo e aqueles produtos que levam mais tempo, ou um tempo maior, para fazer essas atividades de consumo e reposição dos estoques. 3.3 ORGANIZAÇÃO INTERNA DOS ESTOQUES Outra importante atividade que o almoxarife deve desempenhar é aquela que diz respeito a organização dos estoques, ou seja, como o almoxarifado é arrumado e organizado em termos de disposição das mercadorias, limpeza, iluminação, entre outros detalhes e aspectos que são importantes para a função estoque e para a atividade profissional do almoxarife, visto que todos esses detalhes irão estar relacionados ao trabalho do almoxarife, seja em aspectos positivos ou negativos. Assim sendo, se o almoxarife consegue desempenhar eficientemente essas tarefas e o almoxarifado se manter organizado, arrumado e limpo, essa imagem representará o trabalho do almoxarife, o qual obterá uma boa perspectiva de crescimento profissional e progressões em relação ao seu trabalho, visto que os seus superiores hierárquicos estarão sempre observando o seu trabalho em virtude da real situação em que se encontram os almoxarifados. Desse modo, a avaliação do trabalho do almoxarife acontece por meio do seu perfeito desempenho relacionado a fazer que a dinâmica dos estoques no processo de Consumo X Reposição seja atendido da forma mais positiva possível, AN02FREV001/REV 4.0 85 ou seja, que em nenhum momento a empresa arque com perdas ou prejuízos financeiros em função da má gestão dos estoques. Porém, essa avaliação também acontece em função de outros aspectos que são complementares ao trabalho do almoxarife, como a perfeita organização interna dos estoques. Assim sendo, torna-se essencial que o almoxarife possua uma visão holística de seu trabalho, ou seja, que ele possa enxergar e compreender todo o processo empresarial da empresa e onde os estoques entram nesse processo, e como a atuação dos estoques é impactante no contexto todo. Além disso, é necessário que o almoxarife possa vislumbrar o almoxarifado com um departamento da empresa que necessita ser muito bem apresentável, seja em algum processo de vistoria técnica, seja em momentos de auditoras internas ou externas, seja em momentos de visitas dos acionistas ou proprietários. Dessa maneira, a perfeita arrumação dos produtos, dispostos de acordo com o layout que a empresa define (isso será detalhado no módulo V), com cada produto colocado exatamente no local que é designado para ele, com identificação dos produtos, prateleiras, corredores, etc., são de grande importância para a organização e arrumação dos estoques. Além disso, a limpeza e ordem em todas as rotinas do almoxarifado são de grande importância, pois nenhuma pessoa consegue desempenhar suas atividades em ambientes sujos, cheios de poeira, terra, areia, serragem, restos de materiais como estopas velhas, sacos plásticos, papelão, sucatas, pneus, etc. Dessa maneira, todos esses materiais que não são usados na dinâmica do processo de estocagem devem ser retirados do almoxarifado, sendo descartados, ou então, alocados em outros locais. O mesmo acontece com produtos que já foram utilizados em algum momento nos processos de produção e voltaram para os estoques, como por exemplo, sobras de materiais, sucatas, motores queimados, etc. Todos esses materiais devem ser alocados em locais apropriados para eles, ou então, descartados e até vendidos como sucatas para empresas especializadas em reciclagem. Outro ponto importante diz respeito à limpeza. É um grande mito que os almoxarifados devem ser sujos de poeira, graxa, óleos, terra, serragem, areia, etc. AN02FREV001/REV 4.0 86 Os almoxarifados devem ser tratados como são os escritórios, sendo limpos e arrumados. É função de o almoxarife prezar pela limpeza e ordem no almoxarifado, exigindo que todas as pessoas que fazem parte do mesmo, ou que se utilizam do almoxarifado, que o mantenham limpos e arrumados. Em nenhum momento a falta de limpeza e a desorganização e desarrumação são aceitáveis dentro de um almoxarifado. Dessa forma, todos os dias devem realizar-se a limpeza do almoxarifado e todos os seus componentes, como prateleiras, estantes, mesas, computadores e demais mercadorias, além de todos os produtos que estão armazenados aguardando o momento certo para serem direcionados aos processos produtivos ou comerciais. 3.4 MÉTODOS FIFO, LIFO E MÉDIA Dentro da movimentação dos estoques, existem algumas ferramentas que podem orientar e direcionar a tomada de decisão relacionada aos produtos e mercadorias em estoque. Os principais são: a) Método FIFO; b) Método LIFO; c) Método pela Média. 3.4.1 Método FIFO O método FIFO, (do inglês first in first out – primeiro que entra, primeiro que sai), consiste em estipular uma sequência de movimentação dos estoques onde o lote de produtos, sejam insumos, matérias-primas ou demais mercadorias, da forma que o lote que chega primeiro no almoxarifado, ou seja, entra no estoque em uma data antecipada aos demais, esse é o que deve ser comercializado, ou enviado para AN02FREV001/REV 4.0 87 a produção primeiro. Sendo assim, o lote que entra no estoque antes deve sair do estoque antes também. Dessa forma, mantêm-se sempre os estoques atualizados em relação aos produtos, evitando-se manter no almoxarifado os produtos que estão em processo de envelhecimento, obsolescência ou em tempos de vencimento da data de validade, pois sempre o que chega ao almoxarifado antes também deve, necessariamente, sair do estoque antes. O almoxarife deve ter conhecimentos e hábitos específicos para desenvolver esta técnica, sempre procedendo da maneira em que o primeiro lote que entra no almoxarifado é o primeiro produto a ser enviado para o posto seguinte, seja o processo de fabricação ou a venda propriamente dita. Nesse contexto, as técnicas de armazenamento, de arrumação dos estoques e colocação dos produtos nas prateleiras, ou outra forma de organização interna deve privilegiar a forma do FIFO, por exemplo, na arrumação de prateleiras, onde os produtos que entram no estoque primeiro deverão permanecer em primeiro lugar na fila de exposição, ou de saída, a fim de serem os primeiros produtos a serem enviados para a venda ou produção. Dessa forma, se os produtos que chegarem por último forem colocados nas prateleiras logo a frente da exposição, serão os primeiros a serem entregues no momento do consumo, ou da saída, descaracterizando essa técnica. Além desse controle de arranjo dos produtos, faz-se necessário, também, o controle da movimentação dos estoques, como forma de visualizar-se a situação física e financeira dos mesmos, expondo asquantidades de materiais, das mais diversas formas, como já descrito nesse curso, que estão disponíveis no almoxarifado, além da ocorrência dinâmica do processo de estoques, demonstrando as entradas de produtos nos estoques, através da aquisição com os fornecedores, e as saídas de mercadorias dos estoques, no momento em que estas se dirigem para a produção ou para as vendas. Assim, com o uso desse controle, pode-se perceber como estão os níveis de estoques e os valores financeiros respectivos desses produtos que estão nos estoques, possibilitando realizar análises de custos e investimentos nos estoques e o seu respectivo retorno financeiro, se existir. AN02FREV001/REV 4.0 88 Por meio da Tabela 20, é demonstrada uma ficha básica de controle de estoques, em que são demonstradas algumas características do uso da ferramenta FIFO. No entanto, esse modelo não descreve detalhadamente como se faz o efetivo controle dos estoques, o que será realizado no módulo IV. Nesse momento serve apenas como ilustração da técnica FIFO. TABELA 20 – MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE Ficha de Controle de Estoque Mercadoria: Bota de Couro Masculina tam. 37-44 - ref. 123456 Data Entrada Saída Saldo 2012 Quan tidade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quant idade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) 01/nov 10 125 1.250 03/nov 8 125 1.000 2 125 250 09/nov 8 125 1.000 3 7 125 875 14/nov 7 0 125 0 15/nov 12 125 1.500 6 6 125 750 19/nov 5 1 125 125 21/nov 9 125 1.125 10 0 125 0 24/nov 11 125 1.375 6 125 750 5 125 625 Soma 40 5.000 45 14.000 FONTE: o Autor Nesse modelo de controle de estoque são lançadas as entradas de mercadorias nos estoques, nas suas datas respectivas e o valor financeiro que fora pago por ele na negociação com os fornecedores, em que se pode estipular o valor total financeiro que está em estoque. No exemplo, percebe-se que no dia 09/Nov entraram nos estoques 08 peças, que custaram R$125,00 cada, o que produz um valor total financeiro em estoques de R$ 1.000,00. Da mesma maneira, conforme vão ocorrendo às saídas de produtos do almoxarifado, elas são registradas e abatidas do saldo de estoque. Perceba que no AN02FREV001/REV 4.0 89 dia 01/Nov, a empresa detinha 10 peças como saldo de estoque e no dia 03/Nov saíram do estoque, 08 peças, deixando um saldo de 02 peças. Se analisarmos financeiramente, a empresa tinha 10 peças com valor unitário de R$ 125, que proporcionava um saldo financeiro em estoque de R$ 1.250,00. Com a saída de 08 peças, o valor financeiro de saída foi de R$ 1.000, o que deixou em estoque apenas R$ 250,00. E essa dinâmica segue no seu ciclo normal de registro, conforme as situações de consumo e reposição dos estoques acontecem. Nota-se, pela Tabela 21, que os lançamentos na ficha de controle são realizados de forma um pouco diferente, em que se devem realizar as saídas e baixas no estoque considerando-se a metodologia FIFO, ou seja, o primeiro que entra é o que sai primeiro. AN02FREV001/REV 4.0 90 TABELA 21 – MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE COM O MODELO FIFO Ficha de Controle de Estoque Mercadoria: Bota de Couro Masculina tam. 37-44 - ref. 123456 Data Entrada Saída Saldo 2012 Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quantid ade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quantid ade Valor Unitário (R$) Total (R$) 01/nov 0 30 125 3750 03/nov 8 132 1056 22 125 2750 09/nov 8 140 1120 3 148 2516 19 125 2750 0 8 140 700 14/nov 17 148 740 2 125 625 0 8 140 700 15/nov 6 148 888 0 125 0 0 4 140 560 16/nov 12 145 1740 0 4 140 560 0 12 145 1740 19/nov 5 157 785 0 140 0 11 145 1595 21/nov 9 146 1314 10 157 1570 1 145 145 9 146 1314 24/nov 11 150 1650 6 160 0 0 145 0 4 146 584 11 150 1650 Soma 40 55 0 FONTE: o Autor Independente de estar entrando novos produtos, enquanto aquele lote não estiver acabado ele continua atendendo a demanda, e os novos lotes ficam nos estoques até chegar o momento de seu efetivo consumo. Assim sendo, utilizando-se a técnica FIFO, vê-se que no dia 01/Nov a empresa possuía em estoque 30 peças ao valor unitário de R$125,00. No dia 03/Nov ocorreu uma saída de 08 peças, que foi vendida por R$ 132,00, sendo abatida do saldo total de estoques, ficando o estoque com 22 peças ao valor de R$ AN02FREV001/REV 4.0 91 125,00, que é o preço de aquisição pela empresa junto ao seu fornecedor, o que estipula um saldo financeiro em estoque de R$ 2.750,00. Perceba que o valor de venda de R$132,00, que é maior que o valor de compra do produto, não entra nesse raciocínio, visto que nesse preço de venda está adicionada a margem de lucro da empresa. Seguindo a análise, vimos que no dia 09/Nov entram no estoque 08 peças, que foram adquiridas por R$ 140,00 cada. No almoxarifado já tinham 22 peças ao preço de R$ 125,00. E, nesse mesmo dia são vendidas 03 peças ao preço de R$ 148,00. E agora? Como lançar na ficha de controle? É simples. Deve-se fazer o lançamento separadamente de cada evento, observando o FIFO. Assim, se tínhamos 22 peças no estoque e saíram 03, fica o saldo de 19 peças do lote original de R$ 125,00. E o novo lote de 08 peças é lançado como outro saldo, de 08 peças ao valor de R$ 140,00. Assim sendo, o estoque possui 19 peças com valor de R$ 125,00 e 08 peças com valor de R$140,00. E assim segue-se o processo. No dia 14/Nov saem 17 peças do estoque, que são vendidas a R$ 148,00. Essas 17 peças são abatidas do saldo de 19 peças que estavam em estoque do primeiro lote ainda, do valor de R$ 125,00, restando 02 peças desse valor, ou desse lote, no estoque. No dia 15/Nov saem 06 peças, das quais 02 peças são do lote de R$ 125,00 e 04 peças do lote seguinte, do valor de R$ 140,00, pois nesse momento o lote de valor de R$125,00 acabou, sendo que o próximo lote é o que deve sair primeiro. 3.4.2 Método Lifo O segundo tipo de movimentação de produtos e mercadorias em estoque é o chamado LIFO (last in first out – último que entra, primeiro que sai), que difere do método FIFO, pois considera que não existe a regra de sempre ser a lógica de entrada no estoque para a saída, mas o inverso. AN02FREV001/REV 4.0 92 Assim, os produtos e mercadorias que entram por último são aqueles que saem dos estoques primeiro. Isso não é vantajoso em estoques que possuem giro muito longo, pois os produtos que entraram primeiro terão a tendência de se deteriorar, ou no mínimo, perderem a data de validade, não podendo ser comercializados e gerando perdas para a empresa. Essa metodologia LIFO se justifica em estoques que giram muito rapidamente, em períodos de no máximo um mês, ou alguns meses, pois não oferecem o risco de perda. Assim sendo, quando os produtos chegam ao estoque já são direcionados para os seus locais de armazenagem, que podem ser prateleiras, por exemplo, e ficam expostos “na frente” dos produtos que já estavam na prateleira. E são esses produtos que serão consumidos primeiro, ficando os anteriores para depois até que se acaba todo o estoque. Da mesma forma, devem-se registrar as movimentações nas fichas de controle, porém com algumas diferenças entre a metodologia FIFO. Por exemplo, usaremos a mesma ficha de controle do produto demonstrado anteriormente no método FIFO. Perceba que existem 30 peças no estoque, ao valor unitário de R$125, o que gera um saldo de estoque de R$ 3.750,00. No dia 03/Nov são vendidos 08 peças e o estoque permanece com 22 peças ao valor unitário de R$ 125,00.No dia 09/Nov entram no estoque 08 peças, ao valor unitário de R$ 140,00 e são vendidas 03 peças ao valor de R$ 148,00. Assim sendo, o estoque fica com 27 peças de saldo ao valor unitário de R$ 140,00, relacionados ao último lote que entrou no almoxarifado. Da mesma forma, no dia 21/Nov, entram no estoque 09 peças ao valor de R$ 146,00 cada e são vendidas 10 peças. Dessa maneira, o saldo em estoque, nesse dia, é de 10 peças ao valor unitário de R$ 146,00, conforme é exposto pela Tabela 22. AN02FREV001/REV 4.0 93 TABELA 22 – MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE COM O MODELO LIFO Ficha de Controle de Estoque Mercadoria: Bota de Couro Masculina tam. 37-44 - ref. 123456 Data Entrada Saída Saldo 2012 Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) 01/nov 0 30 125 3750 03/nov 8 132 1056 22 125 2750 09/nov 8 140 1120 3 148 2516 27 140 3780 14/nov 17 148 740 10 140 1400 15/nov 6 148 888 4 140 560 16/nov 12 145 1740 0 16 145 2320 19/nov 5 157 785 11 145 1595 21/nov 9 146 1314 10 157 1570 10 146 1460 24/nov 11 150 1650 6 160 0 15 150 2250 Soma 40 55 0 FONTE: o Autor 3.4.3 Método pela Média O método pela média considera apenas o registro financeiro que é realizado nas fichas de controle. Para a parte física, a movimentação tanto pode ser pela técnica FIFO ou LIFO. No entanto, para os registros nas fichas é utilizada uma técnica que considera os valores financeiros do saldo de estoque como sendo a média entre os valores de entradas e saídas anteriores, para o cálculo dos valores atuais em estoque. Por exemplo, na Tabela 23 abaixo, o saldo em estoque no dia 01/Nov é de 30 unidades. No dia 03/Nov saem do estoque 08 peças, e o estoque fica com saldo de 22 peças ao valor unitário de R$ 125,00. No dia 09/Nov entram no estoque 08 peças ao AN02FREV001/REV 4.0 94 valor de R$ 140,00, ficando o saldo em estoque com 30 unidades, ao valor de R$ 129,00, que é obtido pelo cálculo da soma entre o valor total das 22 unidades que já estavam nos estoques, ou seja, R$ 2.750,00 e o valor total das entradas R$ 1.120,00. O valor total obtido, ou seja, R$ 3.870 é dividido pela quantidade total de mercadorias em estoque, ou seja, 30 peças. Por meio dessa divisão (3870 dividido por 30 = R$ 129,00) obtém-se o valor unitário de R$ 129,00, que passa a ser o novo valor unitário de cada peça que está em estoque. E assim sucessivamente vão sendo calculados os valores de acordo com as movimentações que irão acontecendo no almoxarifado. TABELA 23 – MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE COM O MODELO MÉDIA Mercadoria: Bota de Couro Masculina tam. 37-44 - ref. 123456 Data Entrada Saída Saldo 2012 Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) Quanti dade Valor Unitário (R$) Total (R$) 01/nov 0 30 125 3750 03/nov 8 125 1000 22 125 2750 09/nov 8 140 1120 30 129 3870 14/nov 17 129 2.193 13 129 1.677 15/nov 6 129 774 7 129 903 16/nov 12 145 1740 19 139,11 2643 19/nov 5 139 695 14 139,14 1948 21/nov 9 146 1314 23 141,83 3262 24/nov 11 150 1650 34 144,48 4912 Soma 40 36 FONTE: o Autor FIM DO MÓDULO III AN02FREV001/REV 4.0 95 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ALMOXARIFE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 96 CURSO DE ALMOXARIFE MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 97 MÓDULO IV 4 COMO É REALIZADO O CONTROLE DE ESTOQUES A função controle é uma das mais importantes no gerenciamento de qualquer atividade empresarial e alinhado à função planejamento, se tornam as duas ferramentas essenciais e imprescindíveis para todo e qualquer negócio. Dessa forma, no momento do planejamento, que pode ser estratégico, tático ou operacional, a empresa define quais os seus objetivos a serem alcançados, as estratégias para que tais objetivos sejam concretizados, além de todas as demais atividades que necessitam ser desempenhadas ao longo do tempo para que o negócio da empresa seja desenvolvido. Alinhado a isso está à função controle, que nada mais é que o acompanhamento das atividades empresariais, no exato momento em que são desenvolvidas e executadas, como forma de garantir que o planejamento seja realmente efetivado. A função controle serve como auxiliadora no processo de tomada de decisões empresariais, visto que acompanha a execução das atividades da empresa analisando se essa execução está sendo realizada da maneira como foi planejado. Se alguma ação estiver sendo executada de forma diferente do planejado, ou produzindo resultados não esperados, a função controle disponibiliza essa informação aos gestores para que tomada de decisões, ou ações corretivas sejam realizadas e desenvolvidas, visando alcançar o objetivo da forma como foi planejado. Nesse contexto, o controle de estoques e almoxarifado serve para mostrar aos gestores como está sendo executado o processo dinâmico de reposição e consumo de mercadorias que estão no almoxarifado e como a função estoque está auxiliando e contribuindo para os objetivos empresariais da organização. AN02FREV001/REV 4.0 98 4.1 CONTROLE FÍSICO E CONTAGEM PERIÓDICA O controle físico serve para demonstrar o andamento das atividades dos estoques e vai oferecendo subsídios para a tomada de decisão em relação ao almoxarifado, onde é possível, através do uso de fichas de controle ou outra forma de se fazer o registro dos mesmos, visualizar como estão os níveis de estoques de todos os produtos, auferindo tomadas de decisão em relação à demanda, ao consumo e à reposição dos estoques. Assim sendo, é por meio do controle de estoques que se pode tomar alguma decisão ou fazer alguma ação estratégica ou corretiva em relação aos estoques, de forma rápida, eficiente e eficaz, objetivando alcançar os objetivos propostos. Simplificadamente, o controle de estoque serve para demonstrar todas as ações que são realizadas em relação à movimentação dos estoques referentes à demanda e produção, bem como as possíveis alterações que acontecem nesses dois extremos, além de registrar as ações de consumo e reposição dos estoques e o tempo exato de cada ação. AN02FREV001/REV 4.0 99 TABELA 24 – MODELO DE CONTROLE E ANÁLISE DE ESTOQUES PRODUÇÃO ESTOQUE MENSAL VENDA DEMANDA ESTOQUE Meses MENSAL SEGURANÇA MENSAL REAL FINAL Janeiro 2.500.000 250.000 2.250.000 2.475.000 25.000 Fevereiro 2.500.000 250.000 2.250.000 2.520.000 5.000 Março 2.000.000 200.000 1.800.000 1.800.000 205.000 Abril 1.500.000 150.000 1.350.000 1.235.250 469.750 Maio 1.000.000 100.000 900.000 1.278.000 191.750 Junho 1.000.000 100.000 900.000 765.000 426.750 Julho 1.000.000 100.000 900.000 1.035.000 391.750 Agosto 1.000.000 100.000 900.000 765.000 626.750 Setembro 1.000.000 100.000 900.000 1.278.000 348.750 Outubro 1.500.000 150.000 1.350.000 1.714.500 134.250 Novembro 2.500.000 250.000 2.250.000 2.587.500 46.750 Dezembro 2.500.000 250.000 2.250.000 2.475.000 71.750 Dezembro Campanhapromocional 70.000 1.750 TOTAL 20.000.000 FONTE: o Autor Dessa forma, por meio da Tabela 24, pode-se visualizar como ocorre o registro de movimentação de estoques e seu controle ao longo do ano para uma empresa que produz cerveja. Pode-se perceber que a empresa determina a quantidade a ser produzida mensalmente, em virtude de sua capacidade produtiva e da previsão da demanda. Vimos também, que a empresa mantém uma quantidade de estoque de segurança, como forma de se prevenir das oscilações da demanda. Pode-se visualizar que o estoque de segurança nesse caso é de 10% da produção mensal, ou seja, do total que a empresa produz 10% fica como estoque de segurança. Outro dado que é disposto nessa tabela de controle diz respeito ao valor disponível para venda, ou seja, a empresa produz determinada quantidade de garrafas de cerveja, separa 10% dessa produção para estoque de segurança e o restante é o que fica disponível para venda efetivamente. É lógico que o estoque de segurança também está disponível para venda, mas em casos onde a produção não consegue atender à demanda que aconteceu AN02FREV001/REV 4.0 100 naquele período. Vimos também, nesse relatório, qual foi a demanda real que ocorreu em cada mês e por fim, as quantidades de garrafas de cerveja que ficam em estoque. Esse é um modelo geral e hipotético, mas que serve de visualização para o entendimento desse controle. Dessa maneira, a empresa consegue mensurar todas as variáveis que influenciam no negócio da empresa em relação aos estoques, em que são expostas a produção efetiva mensal e anual, o estoque de segurança, a demanda real e as oscilações nos estoques, com as atividades de consumo e reposição. Só como exemplo, vamos analisar os meses de janeiro, junho outubro e dezembro. Em janeiro, a empresa produziu 2.500.000 de unidades e a demanda real dói de 2.475.000, o que levou para os estoques 25.000 unidades. No mês de junho, a produção foi menor de apenas 1.000.000 em virtude do clima de inverno que se encontra o Brasil nessa etapa. Dessa maneira, a demanda foi de 765.000 unidades e o estoque foi abastecido com mais 135.000, o que gerou um estoque total de 426.750 unidades armazenadas e pode-se visualizar que o almoxarifado vai sendo abastecido constantemente, com entradas nos estoques nos meses de janeiro, março, abril, junho e agosto e nos demais meses acontecem às saídas dos estoques, demonstrando a movimentação dinâmica que acontece nesse setor. No mês de outubro pode-se ver que a produção é aumentada para 1.500.000 com demanda de 1.714.500 unidades, o que faz o uso intenso dos estoques para poder atender à demanda, visto que são retirados 214.500 unidades do almoxarifado para o mercado consumidor. Dessa forma o estoque fica com 134.250 unidades, aonde o almoxarifado chegou a ter 626.750 unidades no mês de agosto. Por fim, em dezembro, a empresa aumenta a produção para 2.500.000 de unidades, com uma demanda real de 2.475.000 unidades, fazendo com que o estoque fique com 71.750 unidades. Porém, em virtude do final do ano, a empresa intensifica a sua campanha promocional e o consumo aumenta em 70.000 unidades, sendo essa quantidade, que estava no estoque, é consumido pela demanda. Isso gera um pequeno estoque, de apenas 1.750 unidades. AN02FREV001/REV 4.0 101 Outra forma usualmente utilizada para se fazer o controle dos estoques é pela utilização de fichas de controle para cada produto que está no almoxarifado. Dessa forma, pode-se visualizar a trajetória de cada produto individualmente ao longo de determinado período e sua atuação no processo de produção e comercialização, bem como aconteceu o processo de reposição e consumo do mesmo, ou seja, como foram as entradas, saídas e os respectivos saldos de estoques. Como já foi demonstrado anteriormente nesse curso, as fichas de controle de estoque possuem alguns campos que são característicos de sua função, que são os campos com a identificação do produto que aquela ficha representa, além de algumas colunas que representam as datas de cada movimentação, as entradas, saídas e saldo de estoque em cada uma das movimentações. Dessa forma, fica fácil visualizar toda a dinâmica que acontece no almoxarifado. Diversos modelos de fichas de estoque existem disponíveis e cada empresa pode utilizar aquele que melhor aprouver. Abaixo, por meio das Figuras 20, 21, 22 e 23, mostram-se alguns modelos dessas fichas de estoque. FIGURA 20 – MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE FONTE: Disponível em: <http://wellingtoncontabilidade.blogspot.com.br/2010/03/modelos- contabil_04.html>. Acesso em: 19 dez. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 102 FIGURA 21 – MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE 2 FONTE: Disponível em: <http://www.portaladm.adm.br/CI/ci63.htm>. Acesso em: 19 dez. 2012. FIGURA 22 – MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE 3 FONTE: Disponível em: <http://www.portaladm.adm.br/CI/ci63.htm>. Acesso em: 19 dez. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 103 FIGURA 23 – MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE 4 FONTE: Disponível em: <http://www.imanut.com.br/Estoque.htm>. Acesso em: 19 dez. 2012. Outro tipo de controle de estoque, porém com um foco de maior análise estratégica, é a ferramenta chamada “Curva ABC”, que consta de uma análise de todos os produtos que estão estocados no almoxarifado, classificando-os de acordo com o seu valor financeiro total. Assim sendo, os produtos com maior valor são classificados como “Classe A”, os produtos de médio valor como “Classe B” e os produtos de menor valor como “Classe C”. Geralmente, nessa análise, os produtos que representam cerca de 70% do valor financeiro pertencem à “Classe A”, enquanto os produtos que representam entre 70% e 95% do valor financeiro total, ou seja, aproximadamente 25% a 30% do valor total, pertencem à “Classe B” e os restantes, cerca de 5% dos produtos com menor valor pertencem à “Classe C”. AN02FREV001/REV 4.0 104 Perceba que é o valor financeiro que realiza essa classificação e não a quantidade de itens ou a sua importância no processo produtivo ou comercial da empresa. Essa classificação é realizada para analisarem-se os produtos de maior valor que estão sendo investidos nos estoques, a fim de poder tomar ações estratégicas em relação à existência de todos eles. Dessa forma, produtos mais caros não terão o mesmo tratamento que produtos e pequeno valor e vice-versa, sendo que em cada classificação, a empresa adotará diferentes critérios de tratamento dos estoques. Assim sendo, para exemplificar, uma empresa possui em seu estoque um conjunto de cremalheira e pinhão de bronze, que custa R$ 12.344,00, além de pneus de tratores que custam R$ 1.800,00 e parafusos que custam R$ 2,50. O tratamento dos estoques desses três produtos não será o mesmo, visto que os valores financeiros são diferentes. Dessa forma, o conjunto de cremalheira e pinhão são classificados como “Classe A”, os pneus de tratores como “Classe B” e os parafusos como “Classe C” e o tratamento dos estoques para cada um desses produtos ou dessas classificações (A,B ou C) serão diferentes, visto que a empresa poderá ter apenas 01 ou 02 conjuntos de cremalheira e pinhão, 04 ou 06 pneus de tratores e 100 a 500 parafusos em determinado momento de tempo. Jamais a empresa terá 100 peças de conjunto cremalheira e pinhão em estoque, a não ser em casos extremos ou objetivos específicos a ser alcançados. Dessa forma, iremos expor um exemplo de como se faz essa classificação ABC, usando o exemplo de uma empresa que comercializa materiais para construção e possui diversos desses produtos em estoque, como demonstra a Tabela 25 abaixo. AN02FREV001/REV 4.0 105 TABELA 25 – EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO ABC DE ESTOQUES MATERIALQuantidade Valor Unitário Material Elétrico 12 R$ 1.000,00 Vidros 45 R$ 5.000,00 Canos e tubulação 99 R$ 4.000,00 Instalação Sanitária 118 R$ 8.000,00 Tijolo, cimento e areia 25 R$ 12.000,00 Portas e Janelas 16 R$ 3.000,00 Jardinagem 9 R$ 1.000,00 Pintura 6 R$ 1.000,00 Telhas 11 R$ 20.000,00 Grades e Portão 15 R$ 2.000,00 Assoalho 8 R$ 1.000,00 Azulejos e ladrilhos 17 R$ 2.000,00 Terraplanagem 1 R$ 98.000,00 Alvenaria 5 R$ 42.000,00 387 FONTE: o Autor De acordo com a tabela, percebe-se que a empresa possui 387 itens em estoque relativos a 14 produtos diferentes que são vendidos por um preço característico para cada um deles. AN02FREV001/REV 4.0 106 TABELA 26 – EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO ABC DE ESTOQUES – CÁLCULO DO VALOR TOTAL MATERIAL Quantidade Valor Valor Total Unitário Material Elétrico 12 R$ 1.000,00 R$ 12.000,00 Vidros 45 R$ 5.000,00 R$ 225.000,00 Canos e tubulação 99 R$ 4.000,00 R$ 396.000,00 Instalação Sanitária 118 R$ 8.000,00 R$ 944.000,00 Tijolo, cimento e areia 25 R$ 12.000,00 R$ 300.000,00 Portas e Janelas 16 R$ 3.000,00 R$ 48.000,00 Jardinagem 9 R$ 1.000,00 R$ 9.000,00 Pintura 6 R$ 1.000,00 R$ 6.000,00 Telhas 11 R$ 20.000,00 R$ 220.000,00 Grades e Portão 15 R$ 2.000,00 R$ 30.000,00 Assoalho 8 R$ 1.000,00 R$ 8.000,00 Azulejos e ladrilhos 17 R$ 2.000,00 R$ 34.000,00 Terraplanagem 1 R$ 98.000,00 R$ 98.000,00 Alvenaria 5 R$ 42.000,00 R$ 210.000,00 387 R$ 200.000,00 R$ 2.540.000,00 FONTE: o Autor O primeiro passo para se realizar a classificação ABC consiste em levantar o valor total financeiro que cada produto representa no almoxarifado. Isso é feito pela multiplicação do calor unitário de cada produto pela quantidade existente de cada um no estoque. Dessa forma, como é mostrado pela Tabela 26, vê-se que o produto “material Elétrico” possui 12 peças em estoque e cada produto vale R$ 1.000,00, o que representa um valor total de R$ 12.000,00. Pode-se ver, também, que o total financeiro investido em estoques corresponde à R$ 2.540.000,00, ou seja, o almoxarifado dessa empresa possui uma quantidade de produtos equivalente a R$ 2.540.000,00. O próximo passo corresponde a identificar qual é a participação percentual de cada produto no montante total dos estoques, ou seja, quanto que cada produto representa, ou participa na construção total dos estoques. Isso é feito pelo cálculo AN02FREV001/REV 4.0 107 proporcional de cada produto pelo total que existe no almoxarifado, isto é, divide-se o valor total de cada produto pelo valor total que está no almoxarifado. O valor encontrado é o valor percentual que o produto representa no estoque todo, como é demonstrado pela Tabela 27. TABELA 27 – EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO ABC DE ESTOQUES – CÁLCULO DOS ÍNDICES PERCENTUAIS MATERIAL Quantidade Valor Valor Total PARTICIPAÇÃO % Unitário Unitário Material Elétrico 12 R$ 1.000,00 R$ 12.000,00 0,47% Vidros 45 R$ 5.000,00 R$ 225.000,00 8,86% Canos e tubulação 99 R$ 4.000,00 R$ 396.000,00 15,59% Instalação Sanitária 118 R$ 8.000,00 R$ 944.000,00 37,17% Tijolo, cimento e areia 25 R$ 12.000,00 R$ 300.000,00 11,81% Portas e Janelas 16 R$ 3.000,00 R$ 48.000,00 1,89% Jardinagem 9 R$ 1.000,00 R$ 9.000,00 0,35% Pintura 6 R$ 1.000,00 R$ 6.000,00 0,24% Telhas 11 R$ 20.000,00 R$ 220.000,00 8,66% Grades e Portão 15 R$ 2.000,00 R$ 30.000,00 1,18% Assoalho 8 R$ 1.000,00 R$ 8.000,00 0,31% Azulejos e ladrilhos 17 R$ 2.000,00 R$ 34.000,00 1,34% Terraplanagem 1 R$ 98.000,00 R$ 98.000,00 3,86% Alvenaria 5 R$ 42.000,00 R$ 210.000,00 8,27% 387 R$ 2.540.000,00 100% FONTE: o Autor AN02FREV001/REV 4.0 108 Dessa forma, pode-se perceber que existem itens que representam 15,59% dos estoques totais (Canos e Tubulações), outros que representam 8,86% (Vidros) e outros que representam 0,31% (Assoalho) dos estoques como um todo. Depois disso, torna-se necessário classificar essas porcentagens obtidas em escala decrescente, ou seja, os itens que representam as maiores percentagens são os colocados na tabela em primeiro lugar e essa classificação vai diminuindo até chegar ao último valor, ou último produto. Além disso, e depois de feito essa etapa, necessita-se arranjar a tabela como forma de valores percentuais de cada produto de forma acumulada, ou seja, iremos somar os índices percentuais de todos os itens, iniciando pelo maior valor. Da forma como foram classificados os itens, até chegar ao menor, ou último. Os dois procedimentos são demonstrados na Tabela 28 abaixo. TABELA 28 – EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO ABC DE ESTOQUES – CÁLCULO DO PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL ACUMULADA MATERIAL Quantidade Valor Valor Total Percentual Valores Unitário Acumulado Instalação Sanitária 118 R$ 8.000,00 R$ 944.000,00 37,17% 37,17% Canos e tubulação 99 R$ 4.000,00 R$ 396.000,00 15,59% 52,76% Tijolo, cimento e areia 25 R$ 12.000,00 R$ 300.000,00 11,81% 64,57% Vidros 45 R$ 5.000,00 R$ 225.000,00 8,86% 73,43% Telhas 11 R$ 20.000,00 R$ 220.000,00 8,66% 82,09% Alvenaria 5 R$ 42.000,00 R$ 210.000,00 8,27% 90,35% Terraplanagem 1 R$ 98.000,00 R$ 98.000,00 3,86% 94,21% Portas e Janelas 16 R$ 3.000,00 R$ 48.000,00 1,89% 96,10% Azulejos e ladrilhos 17 R$ 2.000,00 R$ 34.000,00 1,34% 97,44% Grades e Portão 15 R$ 2.000,00 R$ 30.000,00 1,18% 98,62% Material Elétrico 12 R$ 1.000,00 R$ 12.000,00 0,47% 99,09% Jardinagem 9 R$ 1.000,00 R$ 9.000,00 0,35% 99,45% AN02FREV001/REV 4.0 109 Assoalho 8 R$ 1.000,00 R$ 8.000,00 0,31% 99,76% Pintura 6 R$ 1.000,00 R$ 6.000,00 0,24% 100,00% 387 200.000,00 2.540.000,00 100% FONTE: o Autor Assim sendo, pode-se perceber que o produto “Instalação Sanitária” representa 37,17% do estoque total, seguido do produto “Canos e Tubulação” que representa 15,59%. Após vem o produto “Tijolo, Cimento e Areia” que representa 11,81% e assim por diante, até chegar ao produto “Pintura” que representa apenas 0,24% do estoque total que está no almoxarifado. Assim sendo, ao calcularem-se os valores acumulados, percebe-se que a tabela inicia-se com “Instalação Sanitária” que representa 37,17% do estoque total, e vai-se somando com os índices percentuais do produto “Canos e Tubulação” que representa 15,59%, obtendo o valor acumulado de 52,76%, que somado ao produto “Tijolo, Cimento e Areia” que representa 11,81%, obtém-se o valor acumulado de 64,57% e assim por diante até chegar ao final e obter-se a totalidade percentual, ou seja, 100% dos estoques. Por fim, já temos condições de fazer-se a classificação, em que se analisa a coluna de valores percentuais e separam-se os itens de acordo com a classificação ABC, queconsidera cerca de 70% do valor total sendo “Classificação A”, 20% a 30% como sendo “Classificação B” e entre 5% a 10% para a “Classificação C”, como é demonstrado na Tabela 29 abaixo. TABELA 29 – EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO ABC DE ESTOQUES – CLASSIFICAÇÃO FINAL MATERIAL Quantidade Valor Valor Percent ual Valores Total Unitário Acumula do Instalação Sanitária 118 8.000,00 944.000,00 37,17% 37,17% A Canos e tubulação 99 4.000,00 396.000,00 15,59% 52,76% A Tijolo, cimento e areia 25 12.000,00 300.000,00 11,81% 64,57% A Vidros 45 5.000,00 225.000,00 8,86% 73,43% A AN02FREV001/REV 4.0 110 Telhas 11 20.000,00 220.000,00 8,66% 82,09% B Alvenaria 5 42.000,00 210.000,00 8,27% 90,35% B Terraplanagem 1 98.000,00 98.000,00 3,86% 94,21% B Portas e Janelas 16 3.000,00 48.000,00 1,89% 96,10% C Azulejos e ladrilhos 17 2.000,00 34.000,00 1,34% 97,44% C Grades e Portão 15 2.000,00 30.000,00 1,18% 98,62% C Material Elétrico 12 1.000,00 12.000,00 0,47% 99,09% C Jardinagem 9 1.000,00 9.000,00 0,35% 99,45% C Assoalho 8 1.000,00 8.000,00 0,31% 99,76% C Pintura 6 1.000,00 6.000,00 0,24% 100,00% C 387 200.000,00 2.540.000,00 100% FONTE: o Autor. Dessa maneira, pode-se verificar que os itens “Instalação Sanitária”, “Canos e Tubulação”, “Tijolo, Cimento e Areia” e “Vidros” são os produtos que possuem a maior representatividade financeira nos estoques dessa empresa, e que juntos, respondem por 73,43% de todo o estoque. Portanto, esses produtos são classificados como “Classificação A”. Do mesmo modo, os produtos “Telhas”, “Alvenaria” e “Terraplanagem” são os produtos intermediários e, somados representam aproximadamente 22% dos estoques. Ao somarem-se esses produtos com os da “Classificação A”, obtém-se um percentual acumulado de 94,21% dos valores financeiros total dos estoques do almoxarifado dessa empresa. Esses produtos são “Classificação B”. Por fim, os produtos restantes recebem a denominação de “Classificação C”, pois representam cerca de 5% de todo o estoque do almoxarifado da empresa. Assim sendo, pode-se elaborar o gráfico representativo dessa classificação, como é mostrado na Figura 24. AN02FREV001/REV 4.0 111 FIGURA 24 – CURVA DE “CLASSIFICAÇÃO ABC” FONTE: o Autor 4.2 INVENTÁRIOS IMPRESSOS E ELETRÔNICOS Para que o controle de estoques seja realizado de forma correta e coerente, além da utilização de fichas de estoques e classificação ABC, a empresa necessita ter condições de emitir periodicamente inventários de estoques, que nada mais são do que relatórios completos de todos os itens que estão nos estoques, demonstrando as movimentações que foram registradas, detalhando as entradas, saídas e os saldos respectivos em cada momento. Esses relatórios podem ser extraídos por uma infinita gama de possibilidades, e auxiliam no processo de controle dos estoques nos almoxarifados. 37,17% 52,76% 64,57% 73,43% 82,09% 90,35% 94,21% 96,10% 97,44% 98,62% 99,09% 99,45% 99,76% 100,00% AN02FREV001/REV 4.0 112 Atualmente, os relatórios gerenciais de estoques, ou inventários são obtidos pelo uso que a empresa faz da informação que possui, ou seja, da forma como a empresa processa a informação é que se obterão os inventários. Caso a empresa utiliza apenas algumas planilhas de controle de movimentação de estoques, ela obterá um inventário com essas informações. Se não possui nada além das fichas de estoque, esse inventário pode não ser possível de ser obtido. No entanto, a empresa utiliza as fichas como inventário, analisando cada uma delas em todas as suas movimentações e nas contagens completas de estoques, os chamados “Balanços” que são feitos periodicamente e onde são conferidos todos os produtos em estoques. Em outras empresas, que utilizam de softwares gerenciais para auxílio da gestão, esses inventários são mais fáceis de ser obtidos e possuem uma infinidade de tipos e formas. Dessa maneira, a empresa necessita inventariar o seu estoque de forma constante, seja mensal, semanal, semestral ou anualmente. Essa contagem serve para identificar as possíveis ocorrências de erros, fraudes, perdas, desvios, e também, como forma de poder visualizar toda a movimentação dos produtos nos estoques. Os inventários podem ser impressos, em que a empresa utiliza-se de formulários em papel para obter os seus inventários, que são baseados em planilhas eletrônicas simples, que a empresa utiliza para fazer os lançamentos das movimentações dos estoques, ou das próprias fichas de controle de estoque, que podem ser copiadas para um formulário, agrupando-se as informações de todos os itens do estoque. Também podem ser eletrônicos, com a compilação de planilhas eletrônicas, ou relatórios gerenciais de estoques obtidos por softwares de gestão. Falando especificamente dos softwares ERP, em que uma grande quantidade de empresas faz uso, e existe no mercado uma imensa quantidade de empresas que oferecem esses programas e seus serviços, adequados para todo tipo e porte de empresas, eles possibilitam obter inventários de estoques de diversas formas. Esses inventários podem ser baseados nos produtos, nas movimentações de entrada e saída, nos saldos de cada produto ou de todos os produtos, nas datas de movimentações dos produtos, na classificação ABC, entre ouras inúmeras AN02FREV001/REV 4.0 113 opções de possibilidades e auxiliam muito na tomada de decisão, principalmente na conferência dos estoques e nas contagens físicas, que podem ser realizadas semanalmente, mensalmente ou outro período de tempo. Essas contagens servem para conferir se existe no estoque físico a mesma quantidade de mercadorias que são descritas nos inventários, visto que, quando as movimentações acontecem, sejam de entradas ou saídas, acontecem no plano físico dos produtos que estão nos estoques, ou seja, os produtos entram no estoque ou saem dele, deixando um saldo, uma quantidade de produtos que ainda está no estoque disponível para o processo produtivo ou comercial. Porém, juntamente com isso acontece o controle dos estoques, por meio de fichas de estoque, ou de controle eletrônico em softwares de gestão. Pode acontecer de o saldo de estoque que aparece nos relatórios gerenciais de estoques, ou inventários seja o mesmo que está no estoque físico e isso surge por inúmeras razões, como por exemplo, saída ou entrada de mercadorias no estoque físico e os operadores não fazem o respectivo lançamento nas fichas de controle, causando as diferenças, entre outras tantas possibilidades que podem ocorrer. Para evitar essas diferenças, torna-se essencial a contagem física baseado nos inventários, em que as diferenças são identificadas e corrigidas, sem deixar algum dano para a empresa. 4.3 PERDAS E EXTRAVIOS DE MERCADORIAS E SUA REPERCUSSÃO NA FUNÇÃO ESTOQUES A utilização de ferramentas para o controle de estoques torna-se de vital importância para o processo de gestão dos estoques e fundamental para o trabalho do almoxarife, visto que o controle é a função que demonstra a capacidade de gestão do almoxarife dentro da empresa, sendo o executor das atividades relacionadas aos estoques e todo o seu complexo contexto empresarial. Nesse contexto, de regra, na maioria do tempo estarão acontecendo diferenças nos controles dos estoques e sua representação física. Isso é ocasionado por diversas situações, que vão desde a falta de gerenciamento dos estoques, a AN02FREV001/REV 4.0 114 inexistência de controle dos estoques e suas movimentações, a interferência de diversas pessoas no contexto da dinâmica dos estoques, em que apenas uma pessoa, ou seja, o almoxarife deve ser o movimentador de produtos e mercadorias que estão nos estoques. É o almoxarife que deveentregar mercadorias para as pessoas responsáveis pela retirada dos mesmos, seja para produção ou venda e também, é o almoxarife que deve receber as mercadorias fazendo os lançamentos nas fichas de controle ou outros controles específicos para cada empresa. Entre todas essas diferenças que podem acontecer, estão àquelas relacionadas a perdas e extravios de produtos dos estoques, que configuram um aspecto negativo no trabalho do almoxarife. Dessa maneira, o almoxarife deve estar centrado no controle dos estoques, realizando periodicamente a contagem física e a conferência dos estoques, a fim de detectar diferenças nos estoques. Quanto menos tempo de intervalo entre as contagens e conferências, menor é a probabilidade de grandes erros e perdas de mercadorias e produtos. Dessa maneira, é imprescindível que o almoxarife realize pelo menos uma contagem semanal, ou até duas por semana, uma vez que os erros e perdas que surgirem serão de fácil resolução em razão de serem poucos dias para se analisar e levantar as causas dos erros, desvios e perdas. Na maioria das vezes, as perdas acontecem por falta de atenção dos almoxarifes nos respectivos lançamentos das movimentações dos estoques, sejam pelo alto volume de trabalho a que estão sujeitos, seja pela elevada frequência das movimentações nos estoques, sejam de entradas ou saídas e até mesmo por outros fatores, como pessoas estranhas fazendo retiradas de mercadorias nos estoques sem o perfeito registro nas fichas de controle. Também podem acontecer os chamados “empréstimos” ou entrega de mercadorias “em consignações”, sem se atentar ao registro dessas saídas. Esse é um fato comum que acontece e que gera grandes perdas e preocupações para os almoxarifes em encontrar tais diferenças. No entanto, podem acontecer perdas e extravios por pessoas mal intencionadas, que acabam furtando mercadorias dos estoques, tendo o almoxarife tal responsabilidade, onde na grande maioria das vezes, é o almoxarife que se torna AN02FREV001/REV 4.0 115 o responsável pela perda e acaba tendo que restituir a mercadoria que foi extraviada. A repercussão de perdas e extravios sempre soa muito mal na direção da empresa e o trabalho do almoxarife é posto em prova, tendo em casos extremos, o encerramento de seu contrato de trabalho e outros prejuízos. Para evitarem-se tais problemas, o controle de estoques é a melhor arma que o almoxarife possui, além de determinar e cumprir regras para o almoxarifado, como a proibição de pessoas estranhas entrando no mesmo, não conceder empréstimos de mercadorias, registrar todos os processos de movimentações que acontecem, mesmo que isso seja de forma precária, todavia assim evitam-se as preocupações das perdas e erros nos estoques. FIM DO MÓDULO IV AN02FREV001/REV 4.0 116 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ALMOXARIFE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 117 CURSO DE ALMOXARIFE MÓDULO V Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 118 MÓDULO V 5 LAYOUT E ARRUMAÇÃO DOS PRODUTOS NO ESTOQUE E PEQUENA DESCRIÇÃO DE CUSTOS DE ESTOQUES O layout consiste na forma como o almoxarifado é montado e organizado para poder receber todos os materiais e produtos que deverão ficar armazenados nele. O objetivo é otimizar o uso do espaço e a melhor forma de organizar as mercadorias, desenvolver as respectivas movimentações de entrada ou saída dos produtos do almoxarifado e o transporte e movimentação de pessoas e máquinas necessárias para que todas as movimentações sejam realizadas, com precisão e rapidez. Dessa forma, cada empresa necessita estudar e desenvolver o melhor tipo de layout para o seu almoxarifado, visando obter ganhos com o arranjo adequado. 5.1 MODELOS DE LAYOUT Existem inúmeras formas de se montar o layout de um almoxarifado, mas nesse curso vamos detalhar os layouts que utilizam prateleiras e pallets. O layout que utiliza prateleiras é um dos mais usados e de eficiência comprovada, visto que se torna possível a organização dos estoques de forma prática, rápida e com ótimo aproveitamento dos espaços, pois as prateleiras podem ter vários níveis, que proporcionam agregação de valor aos espaços, não exigindo espaços do almoxarifado muito grandes. No entanto, é necessário que o almoxarifado seja construído com altura propícia para a colocação das prateleiras. Dessa forma, o arranjo das prateleiras AN02FREV001/REV 4.0 119 deve ser feito de maneira que as movimentações físicas com os produtos em estoque sejam feitas de forma adequada. Não adianta colocar diversas prateleiras com espaços reduzidos entre elas, pois não será possível retirar e colocar as mercadorias. FIGURA 25 – MODELO DE LAYOUT DE ALMOXARIFADO COM USO DE PRATELEIRAS ENTRADA SAÍDA PRATELEIRAS PRATELEIRAS PRATELEIRAS CORREDORES CORREDORES FONTE: o Autor. Dessa forma, deve-se na confecção do arranjo por prateleiras considerar o tamanho das prateleiras, em suas diversas formas, seja no comprimento, seja na largura e altura, além de considerar o espaço necessário para as movimentações físicas (Figura 25). Se o almoxarifado utilizar empilhadeiras, as dimensões dos corredores deverão ser calculadas considerando os espaços suficientes para a movimentação das empilhadeiras e todo seu manuseio. Não adianta querer aproveitar o espaço e a empilhadeira não conseguir fazer as manobras necessárias para a retirada e colocação dos produtos nas prateleiras. AN02FREV001/REV 4.0 120 Assim sendo, deve-se considerar o espaço total livre do almoxarifado e estudar a quantidade necessária de prateleiras que serão colocadas no mesmo, bem como definir como serão essas prateleiras, quantos degraus elas terão, e a forma e disposição das mesmas. Podem ser colocadas apenas encostadas nas paredes, fazendo todo o entorno do almoxarifado, deixando um espaço vago no meio delas, ou colocadas frente a frente, com corredores simples ou duplos. Também é possível fazer filas duplas de prateleiras e corredores entre essas filas duplas (Figura 26 e Figura 27). FIGURA 26 – MODELO DE LAYOUT DE ALMOXARIFADO COM USO DE PRATELEIRAS EM CANTOS ENTRADA SAÍDA PRATELEIRAS PRATELEIRAS PR AT EL EI RA S PR AT EL EI RA S FONTE: o Autor. AN02FREV001/REV 4.0 121 FIGURA 27 – MODELO DE LAYOUT DE ALMOXARIFADO COM USO DE PRATELEIRAS DUPLAS ENTRADA SAÍDA PRATELEIRAS DUPLAS CORREDORES CORREDORES PRATELEIRAS DUPLAS PRATELEIRAS DUPLAS FONTE: o Autor. O importante nesse tipo de utilização é que a finalidade de estocagem seja alcançada para que a empresa consiga armazenar os seus produtos de forma organizada, disposta com facilidade de acesso para a entrada e a saída dos produtos, bem como para a contagem física e com a movimentação de pessoas e veículos de forma livre e segura. AN02FREV001/REV 4.0 122 FIGURA 28 – MODELOS DE EMPILHADEIRAS FONTE: Disponível em: <http://www.ctobrasil.com.br/verCurso.asp?curso=40>. Acesso em: 21 dez. 2012. Deve-se atentar para a perfeita fixação das prateleiras, como forma de evitar que elas caiam quando estiverem carregadas de produtos. Outro detalhe diz respeito ao peso das mercadorias que serão colocadas nas prateleiras.Deve-se planejar o peso que a prateleira suporta e colocar apenas a quantidade de produtos que as mesmas possam suportar, evitando-se assim que as prateleiras sejam danificadas, ou caiam com os produtos, estragando-os e gerando prejuízos para a empresa. Outro detalhe importante desse uso diz respeito à colocação das mercadorias nas prateleiras. É necessário definir uma regra para o seu abastecimento. Como regra geral, os produtos mais pesados devem ser colocados nos níveis mais baixos das prateleiras e os produtos mais leves nos níveis mais altos. Dessa forma, evita-se sobrecarregar as prateleiras com mercadorias pesadas nos degraus mais elevados. AN02FREV001/REV 4.0 123 Ainda é possível fazer quantas subdivisões nas prateleiras quanto forem possíveis, visando atender aos requisitos da estocagem. Por exemplo, se a empresa utiliza pequenas peças, como alfinetes, arruelas, botões, etc. em vez de usar grandes espaços nas prateleiras, podem ser usados gavetas, ou potes, onde são acomodados esses produtos e esses potes e gavetas irão para as prateleiras, organizando os espaços e otimizando o uso das prateleiras. FIGURA 29 – EXEMPLO DE ALMOXARIFADO COM USO DE PRATELEIRAS FONTE: Disponível em: <http://www.ctobrasil.com.br/verCurso.asp?curso=40>. Acesso em: 21 dez. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 124 FIGURA 30 – EXEMPLO DE USO DE PRATELEIRAS FONTE: Disponível em: <http://www.pdvativo.info/2009_01_01_archive.html>. Acesso em: 21 dez. 2012. FIGURA 31 – EXEMPLO DE USO DE PRATELEIRAS COM IDENTIFICAÇÃO POR LETRAS FONTE: Disponível em: <http://amigonerd.net/trabalho/17647-armazenagem-no-brasil-do>. Acesso em: 21 dez. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 125 Outro método de layout pode ser feito com a utilização de pallets, em vez de prateleiras. Nesse tipo de armazenamento, a empresa não utiliza prateleiras, mas mantém os produtos em cima de pallets (Figura 32), que nada mais são que estrados de madeira, ou outro material, como metal ou nylon e são colocados no chão mesmo, podendo ser empilhados em diversos andares, ou em um nível simples, onde os produtos são estocados e a movimentação dos estoques, seja consumo ou reposição, acontecem com a retirada ou entrada de mercadorias desses pallets. Dessa forma, o arranjo físico é mais simples, sendo necessária a alocação dos pallets dentro do espaço do almoxarifado. Assim sendo, o layout do almoxarifado pode ser o mesmo usado para as prateleiras, ou seja, no local onde são colocadas as prateleiras, colocam-se os pallets. Dessa maneira, os mesmos layouts apresentados acima, usados para as prateleiras, servem também para os pallets. Um cuidado deve ser ressaltado nesse uso: o arranjo dos produtos que estão nos pallets, visto que os produtos são colocados no pallet sem contorno algum, ou qualquer proteção contra queda. Também no pallet não é possível à colocação de produtos muito pequenos, como parafusos, por exemplo, ou arruelas. É claro que se pode armazenar esses produtos em pallets, mas torna-se necessário a utilização de outros componentes, como caixas, etc. AN02FREV001/REV 4.0 126 FIGURA 32 – MODELO DE PALLET FONTE: Disponível em: <http://amigonerd.net/trabalho/17647-armazenagem-no-brasil-do>. Acesso em: 21 dez. 2012. 5.2 ORGANIZAÇÃO DOS ESTOQUES DE ACORDO COM O LAYOUT Assim sendo, em virtude do layout adotado, a empresa desenvolve a organização dos estoques, ou seja, se a empresa adota o sistema de prateleiras, ou pallets, ou outro tipo de layout, é por meio deste layout que ocorrerá a organização dos produtos, insumos e demais mercadorias no almoxarifado. Se for adotado o sistema de prateleiras, todos os produtos e mercadorias deverão ser colocados nas mesmas. Nesse contexto é importante a identificação das prateleiras, corredores e estantes, a fim de poder identificar os produtos estocados, ainda mais se o almoxarifado for muito grande ou possuir uma imensa variedade de produtos. Outro detalhe se refere à colocação dos produtos nas prateleiras, devendo o almoxarife determinar essa lógica de arrumação e organização. Um detalhe nesse ponto é considerar em separado produtos sólidos de líquidos, produtos tóxicos de outros que não são tóxicos, produtos inflamáveis de produtos não inflamáveis, entre outros aspectos. AN02FREV001/REV 4.0 127 Uma atenção especial deve ser dada ao fato da colocação dos produtos nas prateleiras, pois o almoxarife deve organizar produtos semelhantes e produtos complementares sempre próximos nas estantes. Também é importante concentrar os produtos iguais em um mesmo local, independente da marca do fabricante, a não ser em casos específicos, em que a empresa organize os estoques pelo critério marca do fabricante, como em lojas de calçados por exemplo. Assim sendo, por exemplo, se a empresa mantém em estoque, por exemplo, filtros para veículos, o almoxarife deverá organizar todos os filtros em um mesmo local das prateleiras, independente das marcas de filtros que possua no almoxarifado. Dessa maneira, o almoxarife irá organizando os produtos da maneira que ele perceba que a dinâmica de movimentação dos estoques seja a melhor possível, ou atenda aos objetivos de forma eficiente e eficaz. Outro detalhe na arrumação e organização dos estoques em função do layout diz respeito ao tamanho, forma, porte e peso dos produtos que ficarão no almoxarifado, pois, em virtude desses requisitos, o almoxarife deverá separá-los em locais diferentes do almoxarifado. Por exemplo, digamos que uma empresa agropecuária possua nos estoques pneus de tratores, rodas de caminhões, engrenagens de médio porte e pequenas, óleos lubrificantes em baldes de 20 litros, enxadas, limas, parafusos, torneiras, cimento, pisos, etc. e tudo isso esteja em um mesmo almoxarifado. Assim sendo, o almoxarife deverá organizar os produtos em função de suas características físicas, como formato, peso, finalidade, etc. Dessa maneira, colocaria os pneus de tratores em determinado espaço, de preferência em um local onde não exista movimentação de pessoas e equipamentos, visto que é um produto de grande porte e o ideal é que fique em um local isolado. Após isso, deverá colocar as engrenagens em um ponto fixo, ou seja, um local onde não seja preciso a sua movimentação constante, colocando as engrenagens de grande porte na parte baixa da prateleira, ou no próprio chão embaixo da prateleira, visto que possui um peso elevado, que pode até danificar a prateleira. AN02FREV001/REV 4.0 128 Posteriormente, é necessário colocar os óleos lubrificantes em local específico para eles, visto que são produtos inflamáveis e não podem ficar em locais de incidência de raios solares, nem muito calor, pelo risco de explosão. Também precisam ficar em prateleiras em locais mais baixos, pela facilidade de movimentação. Os produtos pequenos vão para as partes mais elevadas das prateleiras, pois não afetariam a sua estrutura, como as limas, enxadas, parafusos, torneiras, etc. Por fim, coloca-se o cimento e as rodas de caminhões em locais onde a movimentação seja pequena e no próprio chão, ou no primeiro nível da prateleira. Dessa forma, o almoxarifado será completado e organizado. Voltando a falar da identificação, é necessário identificar os corredores de prateleiras, geralmente com letras maiúsculas e o lugar onde os produtos estão com identificação com números. Assim sendo, fica fácil para encontrar as mercadorias, pois se faz a conjunção entre as letras das prateleiras e os números das estantes. Por exemplo, digamos que o produto está na prateleira do segundo corredor, ou seja, o corredor B e está na estante 08, como mostrado na Figura 33. FIGURA 33 – EXEMPLO DE IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS NAS PRATELEIRAS 01 02 03 04 05 1210 11 06 0708 09 13 14 15 FONTE: o Autor. AN02FREV001/REV 4.0 129 Pode-se afirmar que o produto localiza-se da forma: FIGURA 34 – EXEMPLO DE IDENTIFICAÇÃO E CODIFICAÇÃO DOS PRODUTOS NAS PRATELEIRAS cBe08 Sequencia de Prateleiras com identificação “B” Identificação da Estante, como sendo o “Número 08” Corredor Estante FONTE: o Autor. Dessa maneira, o produto está no corredor de identificação “B” na prateleira de número 08. Para a organização com o uso de pallets, a orientação é basicamente a mesma, tendo apenas que identificar os pallets em vez das prateleiras. 5.3 ARRUMAÇÃO E LIMPEZA DO LOCAL DE ESTOCAGEM A arrumação e limpeza são fatores de essencial importância na atividade de almoxarife e no contexto da gestão dos estoques, visto que toda empresa necessita de profissionais preocupados com a arrumação e limpeza, e ainda mais no setor de estoques, ou almoxarifado, que possui uma imagem denegrida de desorganização, sujeira e desarrumação. AN02FREV001/REV 4.0 130 Assim sendo, o almoxarife precisa estar a todo o momento realizando a limpeza do espaço que trabalha, ou seja, precisa estar limpando e arrumando o almoxarifado constantemente. Esta limpeza consiste na varrição diária dos corredores de prateleiras, na retirada de poeiras do chão e outros materiais que estejam jogados, como plásticos, papelão, metais, etc., além da limpeza das estantes e dos produtos que devem ser constantemente limpos, retirando-se todas as poeiras que possam acumular. Além disso, o almoxarife necessita verificar as prateleiras e estantes a fim de arrumar produtos que possam estar caídos, quebrados, que estejam fora de seu local designado, etc. como forma de manter a organização inicial que foi feita. Também é necessário estar sempre estudando os locais de armazenamento, a fim de melhorar o ambiente de estocagem, fazendo mudanças na colocação de produtos, ou trocando produtos de local, a fim de melhorar o ambiente. Como já foi dito nesse curso, a avaliação de desempenho do almoxarife é medida, entre outros tantos fatores, pela arrumação, organização e limpeza do almoxarifado. Isso é tarefa essencial do almoxarife e ele deve estar antenado em realizá-la constantemente. 5.4 CONSERVAÇÃO DOS PRODUTOS Esse tópico expõe um conceito que pouco é feito na gestão dos estoques, mas que é de grande importância: a conservação dos produtos. O almoxarife necessita preocupar-se em proporcionar todas as condições necessárias para que os produtos estejam em bom estado de conservação durante o tempo em que os mesmos permanecerem no almoxarifado, visto que a falta de conservação dos produtos acarretará em prejuízos para as empresas e prejudicará também, o trabalho do almoxarife. Assim sendo, torna-se de extrema importância que as mercadorias sejam mantidas em sua embalagem original, com lacres e selos de segurança perfeitamente intactos. Ainda é importante perceber que as embalagens não tenham AN02FREV001/REV 4.0 131 risco de vazarem, explodirem, ou sofrerem algum dano que faça com que o produto que elas acondicionam seja perdido, derramado ou expelido na atmosfera. Também é importante não retirar os produtos de caixas, engradados, contêineres ou outro tipo de armazenamento maior que exista, como forma de proteger as mercadorias. Por fim, um detalhe muito importante consiste na verificação pelo almoxarife da identificação das mercadorias por meio de seu número de lote, data de fabricação e data de vencimento, a fim de poder controlar essas informações e não deixar que aconteçam ocorrências de perdas e danos pelos produtos em função de sua obsolescência ou vencimento dos produtos. É importante que essas informações sejam controladas por meio de relatórios gerenciais e que sejam feitas verificações constantes em todo o estoque. 5.5 CUSTOS DE ESTOQUES Os principais custos gerados pelos estoques são: Custos de armazenagem; Custos de pedido; Custos financeiros. 5.5.1 Custos de Armazenagem Os custos de armazenagem dizem respeito a todos os custos que envolvem a estocagem e armazenamento dos produtos em estoque, ou seja, vão desde a construção do galpão de almoxarifado, aquisição de prateleiras e demais equipamentos, como mesas, computadores, ferramentas, etc. até o uso de pessoas no gerenciamento dos estoques, o custo com equipamentos, como empilhadeiras, o transporte de materiais de um local para outro, os custos com mercadorias vencidas, AN02FREV001/REV 4.0 132 estragadas, extraviadas, perdidas, furtadas, etc., ou seja, todos os custos que estão diretamente envolvidos com o processo de estocagem e armazenamento. Esses custos podem se tornar em detalhes impactantes no negócio da empresa, visto que em muitos casos, são os diferenciais entre o resultado esperado e o resultado realmente obtido. Dessa forma, a empresa necessita a todo tempo, estar analisando e levantando os custos de armazenamento que impactam o negócio e como esses custos estão sendo impactantes no negócio, a fim de poder atingir o alcance dos objetivos propostos pela empresa, e que a função estoque, possa contribuir para a perpetuidade dos negócios da empresa e não seja um empecilho para os negócios empresariais. 5.5.2 Custos de Pedido Os custos de pedido são todos os custos que estão relacionados à reposição dos estoques, ou seja, tudo aquilo que é gasto em recursos financeiros para que possa se fazer a reposição dos estoques. Dessa maneira, estão incluídos nesse tipo de custos, os contatos telefônicos com os fornecedores, o uso de softwares para se fazer pedidos automáticos, a impressão de ordens de compra, a remuneração das pessoas envolvidas com os pedidos, entregas e organização dos produtos nos estoques, entre outros. Dependendo da intensidade de como os pedidos de compra são realizados, o custo de pedido pode ser alto e impactar negativamente a empresa nos seus resultados empresariais. Cabe ao almoxarife, e a toda a empresa, determinar a melhor maneira de se fazer os pedidos de reposição de mercadorias, a fim de reduzir os custos de pedido. AN02FREV001/REV 4.0 133 5.5.3 Custos Financeiros Os custos financeiros são aqueles inerentes a todo o processo de estocagem e incluem todo o capital financeiro que foi investido na aquisição das mercadorias que estão nos estoques, além de outros custos financeiros, como juros e taxas financeiras que a empresa necessita arcar para poder ter o estoque. Dessa maneira, a empresa necessita analisar cautelosamente os aspectos financeiros para poder tomar as decisões empresariais adequadas para o mantimento dos estoques em altos níveis, ou em baixos níveis, como reposição periódica ou contínua, entre outros aspectos, pois sempre estarão consumindo recursos financeiros que são importantes para todos os setores empresariais e para o negócio da empresa como um todo. FIM DO MÓDULO V AN02FREV001/REV 4.0 134 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMOXARIFE. Descrição de cargo. Disponível em: <http://www.catho.com.br/>. Acesso em: 20 dez. 2012. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?gg=3&sg =9&gb=1>. Acesso em: 20 dez. 2012. CTO BRASIL CURSOS: Almoxarife. Disponível em: <http://www.ctobrasil.com.br/verCurso.asp?curso=40>. Acesso em: 19 dez. 2012. DESAFIO SEBRAE: Academia: Índices econômicos. Disponível em: <http://empremania.com.br/arquivo/882/academia-indices-economicos/>. 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