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DOCÊNCIA EM SAÚDE ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICA 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842e Enfermagem em clínica médica / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 246p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-66104-13-4 1. Enfermagem - Clínica. I. Portal Educação. II. Título. CDD 610 2 SUMÁRIO 1 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ................................................... 16 2 CONCEITO DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E PROCESSO DE ENFERMAGEM ........................................................................................................ 21 3 EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO ....................................................................................... 25 3.1 REGULAÇÃO DOS COMPARTIMENTOS DE LÍQUIDOS CORPORAIS .................................. 26 3.1.1 Osmose e osmolalidade ............................................................................................................ 26 3.1.2 Difusão ...................................................................................................................................... 26 3.1.3 Filtração ..................................................................................................................................... 27 3.1.4 Bomba de Sódio – Potássio ...................................................................................................... 27 3.1.5 Vias de Ingestão e Excreção ..................................................................................................... 27 3.1.6 Mecanismos Homeostáticos ...................................................................................................... 28 3.2 DISTÚRBIOS DO VOLUME DE LÍQUIDO ................................................................................. 28 3.2.1 Déficit do Volume de Líquido (Hipovolemia) .............................................................................. 28 3.2.1.1Tratamento ................................................................................................................................ 29 3.2.1.2Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 30 3.3 EXCESSO DE VOLUME DE LÍQUIDO (HIPERVOLEMIA) ...................................................... 31 3.3.1 Tratamento ................................................................................................................................ 31 3.3.2 Terapia Farmacológica .............................................................................................................. 32 3.3.3 Hemodiálise ............................................................................................................................... 32 3.3.4 Terapia Nutricional..................................................................................................................... 32 3.3.5 Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 33 4 HOQUE E FALÊNCIA MULTISSISTÊMICA ............................................................................ 34 4.1 CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE ............................................................................................... 34 4.1.1 Choque hipovolêmico ............................................................................................................... 34 4.1.2 Choque cardiogênico ................................................................................................................. 34 3 4.1.3 Choque circulatório ................................................................................................................... 36 4.2 FISIOPATOLOGIA DO CHOQUE.............................................................................................. 37 4.3 ESTÁGIOS DO CHOQUE ......................................................................................................... 38 4.3.1 Estágio Compensatório ............................................................................................................. 38 4.3.2 Estágio Progressivo ................................................................................................................... 39 4.3.3 Estágio Irreversível .................................................................................................................... 40 4.4 TRATAMENTO DO CHOQUE ................................................................................................... 40 4.5 INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM ........................................................................................ 41 5 DISTÚRBIOS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR ......................................................... 43 5.1 REVISÃO ANATÔMICA E FISIOLÓGICA ................................................................................. 43 5.2 DISTÚRBIOS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR .......................................................... 43 5.2.1 Rinite ........................................................................................................................................ 44 5.2.1 Tratamento ................................................................................................................................ 44 5.2.1.2Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 45 5.2.2 Rinite viral (Resfriado Comum) .................................................................................................. 45 5.2.2.1Tratamento ................................................................................................................................ 46 5.2.3 Sinusite aguda ........................................................................................................................... 47 5.2.3.1Tratamento ................................................................................................................................ 48 5.2.4 Faringite aguda .......................................................................................................................... 49 5.2.4.1Tratamento ................................................................................................................................ 49 5.2.4.2Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 50 5.2.5 Faringite crônica ........................................................................................................................ 50 5.2.5.1Tratamento ................................................................................................................................ 51 5.2.6 Laringite ..................................................................................................................................... 51 5.2.6.1Tratamento ................................................................................................................................52 5.2.6.2Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 52 6 DISTÚRBIOS DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR ........................................................... 53 4 6.1 ATELECTASIA .......................................................................................................................... 53 6.1.1 Tratamento ............................................................................................................................... 54 6.2 PNEUMONIA ............................................................................................................................. 55 6.2.1 Fisiopatologia ............................................................................................................................ 56 6.2.2 Manifestações Clínicas .............................................................................................................. 58 6.2.3 Tratamento ................................................................................................................................ 59 6.2.4 Prescrições e Orientações de Enfermagem .............................................................................. 60 6.3 EDEMA PULMONAR ................................................................................................................. 60 6.3.1 Achados Diagnósticos ............................................................................................................... 61 6.3.2 Tratamento ................................................................................................................................ 61 6.3.3 Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 62 6.4 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA .............................................................................. 62 6.4.1 Manifestações Clínicas .............................................................................................................. 63 6.4.2 Tratamento ................................................................................................................................ 64 6.4.3 Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 64 6.5 HIPERTENSÃO PULMONAR .................................................................................................... 64 6.5.1 Manifestações Clínicas .............................................................................................................. 66 6.5.2 Tratamento ................................................................................................................................ 66 6.5.3 Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 66 6.6 EMBOLIA PULMONAR ............................................................................................................. 67 6.6.1 Fisiopatologia ............................................................................................................................ 68 6.6.2 Manifestações Clínicas .............................................................................................................. 68 6.6.3 Tratamento ................................................................................................................................ 69 6.7 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA .................................................................... 70 6.7.1 Manifestações Clínicas .............................................................................................................. 70 6.7.2 Tratamento ................................................................................................................................ 71 6.8 BRONQUIECTASIA................................................................................................................... 71 5 6.8.1 Fisiopatologia ............................................................................................................................ 72 6.8.2 Tratamento ............................................................................................................................... 72 6.8.3 Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 73 6.9 ASMA ........................................................................................................................................ 73 6.9.1 Fisiopatologia ............................................................................................................................ 74 6.9.2 Manifestações Clínicas .............................................................................................................. 75 6.9.3 Tratamento ................................................................................................................................ 76 6.9.4 Intervenção de Enfermagem ..................................................................................................... 77 7 DISRITMIAS .............................................................................................................................. 78 7.1 TIPOS DE DISRITMIAS ............................................................................................................ 78 7.1.1 Disritmias do Nódulo Sinusal ..................................................................................................... 79 7.1.1.1Bradicardia Sinusal ................................................................................................................... 80 7.1.1.2Taquicardia Sinusal .................................................................................................................. 81 7.1.1.3Arritmia Sinusal ......................................................................................................................... 81 7.1.1.4Disritmias Atriais ....................................................................................................................... 82 7.1.2 Disritmias Atriais ........................................................................................................................ 82 7.1.2.1Complexo Atrial Prematuro ....................................................................................................... 82 7.1.2.2Flutter Atrial ............................................................................................................................... 83 7.1.2.3Fibrilação Atrial ......................................................................................................................... 84 7.1.3 Disritmias Juncionais ................................................................................................................. 86 7.1.3.1Complexo Juncional Prematuro ................................................................................................ 86 7.1.3.2Ritmo Juncional ........................................................................................................................ 86 7.1.4 Disritmias Ventriculares ............................................................................................................. 87 7.1.4.1Complexo Ventricular Prematuro .............................................................................................. 87 7.1.4.2Taquicardia Ventricular ............................................................................................................. 88 7.1.4.3Fibrilação Ventricular ................................................................................................................ 89 7.1.4.4Ritmo Idioventricular .................................................................................................................90 6 7.1.4 Assistolia Ventricular ................................................................................................................. 91 7.1.5 Anormalidades de Condução .................................................................................................... 92 7.1.5.1Bloqueio Atrioventricular de Primeiro Grau ............................................................................... 92 7.1.5.2Bloqueio Atrioventricular de Segundo Grau, Tipo I ................................................................... 93 7.1.5.3Bloqueio Atrioventricular de Segundo Grau, Tipo II .................................................................. 94 7.1.5.4Bloqueio Atrioventricular de Terceiro Grau ............................................................................... 95 7.2 MODALIDADES AUXILIARES E TRATAMENTO ...................................................................... 96 8 DOENÇA DA ARTÉRIA CORONÁRIA ..................................................................................... 98 8.1 ATEROSCLEROSE CORONARIANA ....................................................................................... 98 8.1.1 Manifestações Clínicas .............................................................................................................. 99 8.1.2 Fatores de Risco ...................................................................................................................... 100 8.1.3 Tratamento ............................................................................................................................... 100 8.2 ANGINA DO PEITO .................................................................................................................. 100 8.2.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 101 8.2.2 Tratamento ............................................................................................................................... 102 8.3 INFARTO DO MIOCÁRDIO ...................................................................................................... 102 8.3.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 102 8.3.2 Tratamento ............................................................................................................................... 103 9 DOENÇAS INFECCIOSAS DO CORAÇÃO............................................................................. 104 9.1 ENDOCARDITE REUMÁTICA ................................................................................................. 104 9.1.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 105 9.1.2 Tratamento ............................................................................................................................... 106 9.1.3 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 106 9.2 ENDOCARDITE INFECCIOSA ................................................................................................. 106 9.2.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 107 9.2.2 Prevenção ............................................................................................................................... 108 9.2.3 Tratamento ............................................................................................................................... 109 7 9.2.4 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 109 9.3 MIOCARDITE ........................................................................................................................... 110 9.3.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 110 9.3.2 Tratamento ............................................................................................................................... 111 9.4 PERICARDITE ......................................................................................................................... 111 9.4.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 112 9.4.2 Tratamento .............................................................................................................................. 113 10 DISTÚRBIOS ARTERIAIS ....................................................................................................... 114 10.1 DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA OCLUSIVA ...................................................................... 114 10.1.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 115 10.1.2 Tratamento ............................................................................................................................... 116 10.1.3 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 117 10.2 ANEURISMA AÓRTICO ........................................................................................................... 117 10.2.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 119 10.2.2 Tratamento ............................................................................................................................... 119 10.2.3 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 120 11 DISTÚRBIOS VENOSOS ......................................................................................................... 121 11.1 TROMBOSE VENOSA ............................................................................................................. 121 11.1.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 121 11.1.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................ 122 11.1.3 Prevenção ................................................................................................................................ 123 11.1.4 Tratamento ............................................................................................................................... 123 11.1.5 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 124 11.2 INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA ...................................................................................... 124 11.2.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 124 11.2.2 Complicações ........................................................................................................................... 127 11.2.3 Tratamento ............................................................................................................................... 127 8 11.3 VEIAS VARICOSAS ................................................................................................................. 128 11.3.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 129 11.3.2 Prevenção ................................................................................................................................129 11.3.3 Tratamento ............................................................................................................................... 130 11.3.4 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 130 12 HIPERTENSÃO ARTERIAL ..................................................................................................... 131 12.1 HIPERTENSÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA .......................................................................... 132 12.1.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 133 12.1.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 134 12.1.3 Tratamento ............................................................................................................................... 135 12.1.4 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 136 13 CRISES HIPERTENSIVAS ....................................................................................................... 137 13.1 EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA .............................................................................................. 137 13.2 URGÊNCIA HIPERTENSIVA ................................................................................................... 137 14 DISTÚRBIOS HEMATOLÓGICOS ........................................................................................... 139 14.1 ANEMIAS ................................................................................................................................. 139 14.1.1 Classificação das Anemias ....................................................................................................... 140 14.1.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 141 14.1.3 Complicações ........................................................................................................................... 141 14.1.4 Tratamento Médico ................................................................................................................... 141 14.2 ANEMIA FERROPRIVA ............................................................................................................ 142 14.3 LEUCOCITOSE E AS LEUCEMIAS ......................................................................................... 142 14.3.1 Leucemia Mieloide Aguda ....................................................................................................... 143 14.3.1.1Manifestações Clínicas .......................................................................................................... 144 14.3.1.2Tratamento ............................................................................................................................ 144 14.3.2 Leucemia Mieloide Crônica ..................................................................................................... 145 14.3.3 Leucemia Linfocítica Aguda ..................................................................................................... 146 9 14.3.3.1Manifestações Clínicas .......................................................................................................... 146 14.3.3.2Tratamento ............................................................................................................................ 146 14.3.4 Leucemia Linfocítica Crônica ................................................................................................... 147 14.3.4.1Fisiopatologia ......................................................................................................................... 147 14.3.4.2Manifestações Clínicas .......................................................................................................... 147 14.3.4.3Tratamento ............................................................................................................................ 147 15 DISTÚRBIOS GÁSTRICOS E DUODENAIS............................................................................ 148 15.1 GASTRITE ................................................................................................................................ 148 15.1.1Fisiopatologia ............................................................................................................................ 149 15.1.2Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 149 15.1.3Histórico e Achados Diagnósticos ............................................................................................. 150 15.1.4Tratamento ............................................................................................................................... 150 15.1.5Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 151 15.2 ÚLCERAS GÁSTRICAS E DUODENAIS ................................................................................ 151 15.2.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 153 15.2.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 154 15.2.3 Tratamento ............................................................................................................................... 155 15.2.4 Terapia Farmacológica ............................................................................................................. 156 15.2.5 Cessação do Tabagismo .......................................................................................................... 156 15.2.6 Modificação da Dieta ................................................................................................................ 156 15.2.7 Tratamento Cirúrgico ................................................................................................................ 156 16 DISTÚRBIOS INTESTINAIS E RETAIS ................................................................................... 157 16.1 CONSTIPAÇÃO ....................................................................................................................... 157 16.1.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 158 16.1.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 158 16.1.3 Complicações ........................................................................................................................... 159 16.1.4 Tratamento .............................................................................................................................. 159 10 16.1.5 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 160 16.2 DIARREIA ................................................................................................................................ 160 16.2.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 161 16.2.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 161 16.2.3 Tratamento .............................................................................................................................. 16216.2.4 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 162 16.3 APENDICITE ............................................................................................................................ 163 16.3.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 163 16.3.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 163 16.3.3 Complicações ........................................................................................................................... 164 16.3.4 Tratamento .............................................................................................................................. 165 16.3.5 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 165 16.4 PERITONITE ............................................................................................................................ 165 16.4.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 166 16.4.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 166 16.4.3 Complicações ........................................................................................................................... 167 16.4.4 Tratamento .............................................................................................................................. 167 17 DISTÚRBIOS HEPÁTICOS ...................................................................................................... 169 17.1 ICTERÍCIA ................................................................................................................................ 169 17.1.1 Icterícia Hemolítica ................................................................................................................... 170 17.1.2 Icterícia Hepatocelular .............................................................................................................. 171 17.1.3 Icterícia Obstrutiva .................................................................................................................... 171 17.2 HIPERBILIRRUBINEMIA HEREDITÁRIA ................................................................................. 172 17.3 ASCITE ..................................................................................................................................... 173 17.3.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 173 17.3.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................ 174 17.3.3 Tratamento .............................................................................................................................. 174 11 17.3.3.1Modificação da dieta .............................................................................................................. 174 17.3.3.2Diuréticos ............................................................................................................................... 175 17.3.3.3Repouso no leito .................................................................................................................... 175 17.3.3.4Paracentese ........................................................................................................................... 175 17.3.4Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 176 17.4 HEPATITE VIRAL ..................................................................................................................... 176 17.4.1 Hepatite por vírus A (HAV) ....................................................................................................... 176 17.4.1.1Manifestações clínicas ........................................................................................................... 177 17.4.1.2Tratamento ............................................................................................................................ 178 17.4.2 Hepatite por Vírus B (HBV) ...................................................................................................... 178 17.4.2.1 Manifestações Clínicas ......................................................................................................... 179 17.4.2.2Prevenção .............................................................................................................................. 179 17.4.2.3Tratamento ............................................................................................................................ 180 17.4.3 Hepatite por vírus C (HCV) ....................................................................................................... 180 17.4.4 Hepatite por vírus D (HDV) ....................................................................................................... 181 17.4.5 Hepatite por vírus E (HEV) ....................................................................................................... 182 17.4.6 Hepatite por vírus G (HGV) e vírus GB-C ................................................................................. 182 17.5 CIRROSE HEPÁTICA .............................................................................................................. 183 17.5.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 184 17.5.2 Manifestações clínicas da cirrose ............................................................................................. 184 17.5.3 Tratamento .............................................................................................................................. 185 17.5.4 Intervenções de Enfermagem na cirrose hepática.................................................................... 186 18 DISTÚRBIOS BILIARES .......................................................................................................... 187 18.1 COLECISTITE .......................................................................................................................... 187 18.2 COLELITÍASE .......................................................................................................................... 188 18.2.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 188 18.2.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 189 12 18.2.3 Tratamento .............................................................................................................................. 190 19 DIABETES MELLITUS ............................................................................................................. 192 19.1 CLASSIFICAÇÃO DO DIABETES ............................................................................................ 192 19.2 FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DO DIABETES .................................................................. 194 19.3 DIABETES DO TIPO 1 ............................................................................................................. 195 19.4 DIABETES DO TIPO 2 ............................................................................................................. 195 19.5 DIABETES GESTACIONAL .....................................................................................................196 19.5.1 Manifestações Clínicas ............................................................................................................ 196 19.5.2 Tratamento do Diabetes ........................................................................................................... 197 20 DISFUNÇÃO DO TRATO URINÁRIO SUPERIOR E INFERIOR ............................................. 199 20.1 INCONTINÊNCIA URINÁRIA ................................................................................................... 199 20.1.1 Incontinência por Estresse ...................................................................................................... 199 20.1.2 Incontinência por Urgência ....................................................................................................... 200 20.1.3 Incontinência Reflexa ............................................................................................................... 200 20.1.4 Incontinência por hiperfluxo ..................................................................................................... 200 20.1.5 Tratamento ............................................................................................................................... 201 20.1.5.1Terapia Comportamental ....................................................................................................... 202 20.1.5.2Terapia Farmacológica .......................................................................................................... 202 20.1.6 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 202 20.2 INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO ....................................................................................... 203 20.2.1 Infecções do Trato Urinário Inferior .......................................................................................... 204 20.2.1.1Fisiopatologia ......................................................................................................................... 204 20.2.1.2Manifestações clínicas ........................................................................................................... 204 20.2.1.3Tratamento ............................................................................................................................ 205 20.2.2 Infecção do Trato Urinário Superior .......................................................................................... 206 20.2.2.1Pielonefrite Aguda .................................................................................................................. 206 20.2.2.2Pielonefrite Crônica ................................................................................................................ 207 13 20.3 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ............................................................................................ 208 20.3.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 208 20.3.2 Categorias da Insuficiência Renal Aguda ................................................................................. 209 20.3.3 Fases da Insuficiência Renal Aguda......................................................................................... 212 20.3.4 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 213 20.3.5 Tratamento .............................................................................................................................. 214 20.3.6 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 215 20.4 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA ........................................................................................ 215 20.4.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 216 20.4.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 216 20.4.3 Complicações ........................................................................................................................... 217 20.4.4 Tratamento ............................................................................................................................... 218 20.4.5 Diálise ...................................................................................................................................... 219 20.4.6 Intervenções de Enfermagem ................................................................................................... 220 21 DISTÚRBIOS VASCULARES CEREBRAIS ............................................................................ 221 21.1 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO ................................................................. 221 21.1.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 222 21.1.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 224 21.1.3 Tratamento ............................................................................................................................... 224 21.2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICO ........................................................... 225 21.2.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 225 21.2.2 Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 226 21.2.3 Tratamento .............................................................................................................................. 227 22 ONCOLOGIA ........................................................................................................................... 228 22.1 PADRÕES PROLIFERATIVOS ................................................................................................ 228 22.2 INVASÃO E METÁSTASE ........................................................................................................ 229 22.3 DETECÇÃO E PREVENÇÃO DO CÂNCER ............................................................................ 229 14 22.4 DIAGNÓSTICO DE CÂNCER ................................................................................................. 230 22.5 TRATAMENTO DO CÂNCER................................................................................................... 230 22.6 TUMORES CEREBRAIS PRIMÁRIOS ..................................................................................... 231 22.6.1 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 232 22.7 GLIOMAS ................................................................................................................................. 232 22.8 MENINGIOMAS ........................................................................................................................ 233 22.9 NEUROMAS ACÚSTICOS ....................................................................................................... 233 22.10 ADENOMAS HIPOFISÁRIOS ................................................................................................... 234 22.11 ANGIOMAS ............................................................................................................................. 234 22.11.1Manifestações clínicas ............................................................................................................ 23522.11.2Tratamento ............................................................................................................................. 235 22.12 TUMORES RAQUIMEDULARES ............................................................................................. 236 22.12.1Tratamento ............................................................................................................................. 236 23 DOENÇAS INFECCIOSAS ...................................................................................................... 238 23.1 ORGANISMOS ETIOLÓGICOS ............................................................................................... 238 23.2 RESERVATÓRIO ..................................................................................................................... 238 23.3 MODALIDADE DE SAÍDA ........................................................................................................ 238 23.4 VIA DE TRANSMISSÃO ........................................................................................................... 239 23.5 HOSPEDEIRO SUSCETÍVEL .................................................................................................. 239 23.6 PORTA DE ENTRADA ............................................................................................................. 240 23.7 COLONIZAÇÃO, INFECÇÃO E DOENÇA ............................................................................... 240 23.7.1 Colonização .............................................................................................................................. 240 23.7.2 Infecção .................................................................................................................................... 241 23.7.3 Doença ..................................................................................................................................... 241 23.8 CONTROLE E PREVENÇAO DA INFECÇÃO.......................................................................... 242 23.8.1 Programas de Vacinação ......................................................................................................... 242 23.8.2 Prevenção da Infecção no Hospital .......................................................................................... 243 15 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 244 16 1 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A sistematização da assistência de enfermagem é um processo desenvolvido por enfermeiros que visa sistematizar, ou seja, dividir em etapas uma série de cuidados, visando à obtenção de resultados para melhorar a eficiência e agilidade de um atendimento com qualidade. Durante muitas décadas, na maioria das instituições de saúde não havia ou não era utilizado um método para sistematizar a assistência de enfermagem. Mas com o tempo as enfermeiras sentiram necessidade de criar uma forma para ordenar os cuidados prestados. No Brasil, na década de 70, Wanda de Aguiar Horta formulou a Teoria das Necessidades Humanas Básicas e desenvolveu o processo de enfermagem para aplicação na prática. O enfermeiro, em sua rotina diária, sobrecarregado de atividades, parece não priorizar o que é preconizado pela escola, ainda que estabelecido e apoiado legalmente. As atividades de competência e as funções da enfermagem têm ficado cada vez mais definidas pelos órgãos oficiais de legislação da profissão. Um trabalho organizado e sistematizado pode demonstrar a força existente na categoria profissional da enfermagem em produzir novos saberes, dirigir e planejar com autonomia o seu fazer. Por outro lado, o condicionamento do seu trabalho à prescrição de outra categoria profissional traduz uma crise de identidade profissional, sendo necessária e urgente a construção de novos conhecimentos que configurem independência e autonomia para a enfermagem. A resolução do COFEN n° 358/2009 dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional, e dá outras providências. Art. 1º O processo de enfermagem deve ser realizado, de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional. § 1º – os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-se a instituições prestadoras de serviços de internação hospitalar, instituições prestadoras de serviços ambulatoriais de saúde, domicílios, escolas, associações comunitárias, fábricas, entre outros. 17 § 2º – quando realizado em instituições prestadoras de serviços ambulatoriais de saúde, domicílios, escolas, associações comunitárias, entre outros, o processo de saúde de enfermagem corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como consulta de enfermagem. Art. 2º O Processo de Enfermagem organiza-se em cinco etapas inter- relacionadas, interdependentes e recorrentes: I – Coleta de dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem) – processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e técnicas variadas, que têm por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo saúde e doença. II – Diagnóstico de Enfermagem – processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença e que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados. III – Planejamento de Enfermagem – determinação dos resultados que se espera alcançar e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, identificadas na etapa de Diagnóstico de Enfermagem. IV – Implementação – realização das ações ou intervenções determinadas na etapa do Planejamento de Enfermagem. V – Avaliação de Enfermagem – processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde doença, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o 18 resultado esperado e de verificação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem. Art. 3º O Processo de Enfermagem deve estar baseado num suporte teórico que oriente a coleta de dados, o estabelecimento de diagnósticos de enfermagem e o planejamento das ações ou intervenções de enfermagem; e que forneça a base para a avaliação dos resultados de enfermagem alcançados. Art. 4º Ao enfermeiro, observadas as disposições da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986 e do Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987, que a regulamenta, incumbe a liderança na execução e avaliação do Processo de Enfermagem, de modo a alcançar os resultados de enfermagem esperados, cabendo-lhe, privativamente, o diagnóstico de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, bem como a prescrição das ações ou intervenções de enfermagem a serem realizadas, face a essas respostas. Art. 5º O Técnico de Enfermagem e o Auxiliar de Enfermagem, em conformidade com o disposto na Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e do Decreto 94.406, de 8 de junho de 1987, que a regulamenta, participam da execução do Processo de Enfermagem, naquilo que lhes couber, sob a supervisãoe orientação do Enfermeiro. Art. 6º A execução do Processo de Enfermagem deve ser registrada formalmente, envolvendo: a) Um resumo dos dados coletados sobre a pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; b) Os diagnósticos de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; 19 c) As ações ou intervenções de enfermagem realizadas face aos diagnósticos de enfermagem identificados; d) Os resultados alcançados como consequência das ações ou intervenções de enfermagem realizadas. Art. 7º Compete ao Conselho Federal de Enfermagem e aos Conselhos Regionais de Enfermagem, no ato que lhes couber, promover as condições, entre as quais firmar convênios ou estabelecer parcerias, para o cumprimento desta Resolução. e) Art. 8º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições contrárias, em especial, a Resolução COFEN nº 272/2002. A atuação do enfermeiro, planejada e baseada em métodos racionais de resolução de problema, permite uma ampliação e aperfeiçoamento de suas atividades assistenciais. A sistematização da assistência de enfermagem organiza o trabalho de enfermagem por meio da operacionalização de todas as fases da metodologia de planejamento. A negligência da SAE é uma das principais razões da desorganização e falta de confiança nas atividades de enfermagem. (CIANCIARRULO, 2004). A mesma autora reflete sobre os passos do planejamento da assistência de enfermagem, que é altamente dependente da teoria escolhida, pois dela partirá o processo de enfermagem correspondente. Em cada modelo teórico ocorrem variações quanto ao número e denominações de suas fases. Entretanto, destacam-se quatro etapas fundamentais na prestação da assistência de enfermagem, ou seja, levantamento e análise dos dados (histórico), diagnóstico, prescrição e evolução. A implementação da sistematização da assistência de enfermagem é uma experiência que vem demonstrando a qualidade nos serviços de enfermagem, pois se constitui em um elemento organizativo fundamental para as atividades desenvolvidas pelas equipes, beneficiando tanto o paciente, por intermédio de um atendimento individualizado, assim como o enfermeiro, facilitando na tomada de decisões e estabelecendo prioridades e fundamentando os cuidados prestados. 20 A qualidade do cuidado de enfermagem pode ser entendida como um conjunto de ações que envolvem desde o saber-fazer até as atividades complexas, como a formulação do diagnóstico de enfermagem. Isso significa que o enfermeiro deve ser capaz de transferir seus conhecimentos para a prática diária, desenvolver julgamento clínico, avaliar o resultado de suas ações, assim como assumir a responsabilidade dos resultados do planejamento da assistência. O saber específico do cuidado proporciona ao enfermeiro a possibilidade de alcance de uma autonomia profissional. A observação sistemática – também chamada de estruturada ou planejada – é aquela que fazemos para responder a propósitos preestabelecidos, nos quais os dados são colhidos de forma organizada, sendo que o mesmo poderá ser lido por diversos observadores, desde que compreendam as situações e os detalhes da mesma forma. (CIANCIARRULO, 2004). A sistematização da assistência de enfermagem é um assunto amplo e está ligado ao trabalho diário do enfermeiro, mesmo por aqueles que desconhecem o assunto. Diante de suas ações dentro do cuidado assistencial prestado ao paciente se desenvolvem vários pontos que fazem parte do processo da sistematização da assistência de enfermagem, porém ainda tem um desenvolvimento precário e não sistematizado. Este curso tem como objetivo principal esclarecer aos enfermeiros a importância da sistematização da assistência de enfermagem, detalhando suas etapas e seu desenvolvimento auxiliando-os a traçar estratégias para que a sua implantação possa ser realizada com facilidade. 21 2 CONCEITO DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E PROCESSO DE ENFERMAGEM Sistematizar a assistência de enfermagem é, antes de tudo, oferecer ao paciente/cliente uma assistência de enfermagem determinada em lei, que possa garantir a biossegurança e a continuidade do cuidado nos 3 (três) níveis de atenção à saúde, ou seja, primário, secundário e terciário. A sistematização da assistência de enfermagem em qualquer uma das várias áreas de atuação não difere radicalmente, em seus respectivos conceitos, daquela que são desenvolvidos na área assistencial hospitalar e de saúde coletiva, pois os princípios são os mesmos, diferenciando apenas quanto ao foco de atenção, ou seja, o tipo de paciente/cliente a ser assistido. Porém, mesmo esse paciente/cliente específico de uma das áreas de atuação do enfermeiro pode se envolver em um processo saúde-doença que venha a ser estendido para as demais áreas de convívio, em termos familiar, social e comunitário. Assim, o enfermeiro precisa desenvolver o seu trabalho voltado para esses focos de atenção, o que implica em relacionar-se com todas as áreas de atuação profissional. A enfermagem, enquanto profissão é de natureza interpessoal. A importância e o efeito do relacionamento profissional do enfermeiro com o cliente/paciente/trabalhador se fazem vital para o processo de enfermagem. O enfermeiro, por força da característica de sua formação profissional, desenvolve uma visão holística do processo de cuidar. O paciente/cliente é visto de forma ampliada, a mente e o corpo não são considerados separadamente e o que acomete a mente afeta o corpo e vice-versa. O processo de enfermagem possibilita ao enfermeiro organizar, planejar e estruturar a ordem e a direção do cuidado, constituindo-se no instrumento metodológico da profissão, subsidiando o enfermeiro quanto à tomada de decisões e na efetivação do feedback necessário para prever, avaliar e determinar novas intervenções. É um método sistemático de prestação de cuidados humanizados que enfoca a obtenção de resultados desejados de uma maneira rentável. (ALFARO-LEFEVRE, 2005). 22 Por isso mesmo, torna-se o processo de enfermagem uma prática intelectual deliberada, desenvolvida de maneira ordenada e sistemática. É uma prática deliberada porque existe a intenção de fazer de maneira organizada, atendendo a uma lógica do raciocínio clínico. A eficiência, como resultado do processo, dizemos ser uma prática ordenada e sistemática. O processo de enfermagem, se efetivamente praticado, proporciona a possibilidade plena de o enfermeiro avaliar a qualidade da assistência prestada, justificando a enfermagem como uma ciência pela aplicação de conceitos e teorias próprias, fundamentadas nas ciências biológicas, físicas, comportamentais e humanas sempre presentes no processo de cuidar. Segundo Horta (1979), “o conhecimento científico passa a ser ciência quando se organiza em um sistema de proposições demonstradas experimentalmente e que se relacionam entre si”. Ainda segundo o autor, “o que caracteriza uma ciência é a indicação clara de seu objeto, sua descrição, explicação e previsão. O objeto do conhecimento científico não é o ser, porque esse, por si próprio, é inobjetivável”. O objeto da ciência é o ente concreto que se revela ao homem e todo ente está no habitáculo do ser. Um único ser pode ter seus entes concretos como objeto de várias disciplinas científicas. A psicologia, a sociologia, a história, a economia, a administração, a antropologia, a medicina e todas as demais ciências têm seu ente próprio, um único habitáculo, que é o ser humano. A enfermagem enquanto ciência revela o homem como um ser humano composto e que compõe o indivíduo, a família, a comunidade e todas as influências que exerce ou sofre em termos sociais, profissionais e pessoais, atendendo ao indivíduo emsuas necessidades afetadas, que caracterizam os entes da enfermagem. O enfermeiro, em seu papel primordial, desenvolve um trabalho voltado para o entendimento desses problemas, relacionando-os entre si e agindo sobre esses, caracterizando o aspecto científico do cuidar. A enfermagem como ciência identifica, analisa, estuda os fenômenos reais e sempre passíveis de experimentação, com muitas teorias já desenvolvidas e amplamente validadas, que estabelecem relacionamento entre os fatos e os atos existentes e identificados. Considera como base de suas conclusões a certeza probabilística de que todas as ciências estão presentes, das hermenêuticas às empírico-formais, inclusive a física, 23 caracterizando-se como uma ciência formal ou positiva. O Processo de Enfermagem é descrito em cinco fases essenciais para a sua efetividade e eficácia, quais sejam: Coleta de Dados; Diagnóstico; Planejamento; Implementação; Avaliação. A coleta de dados, fase inicial do processo, leva o enfermeiro a constituir sua base de dados, investigando, levantando problemas e necessidades afetadas, possibilitando a coleta e análise dos dados. É a conhecida consulta de enfermagem, na qual o enfermeiro coloca em prática sua competência na abordagem do paciente, empregando técnicas de entrevistas adequadas ao que se pretende. A coleta ordenada e sistemática de dados torna-se fundamental ao enfermeiro para a perfeita identificação e classificação dos problemas e o enfermeiro deverá avaliar se o conjunto de dados apurados atende ao desenvolvimento das fases posteriores e, se negativo, deverá o enfermeiro realizar tantas quantas investigações se fizerem necessárias. Durante a coleta de dados e a investigação deverá o enfermeiro associar a esta fase o exame físico, aplicando seu conhecimento científico e validando as informações colhidas na entrevista (histórico) junto ao paciente. O diagnóstico de enfermagem, por sua vez, possibilita ao enfermeiro o julgamento clínico das respostas do indivíduo aos estímulos recebidos mediante os problemas reais ou potenciais de saúde ou de processos de vida. Esse indivíduo deverá ser olhado, pelo enfermeiro, como ele próprio, família, comunidade, profissional e todo o universo que o compõe. É a base para a identificação e determinação das intervenções de enfermagem (prescrição de enfermagem) e estabelecimento de metas desejadas. A implementação constitui-se da colocação do plano de cuidados em ação. Segundo Alfaro-LeFevre (2005), esta fase subdivide-se em seis subfases: Preparação para comunicação e para recebimento da comunicação; Estabelecimento das prioridades diárias; Investigação e reinvestigação; Realização das intervenções e das modificações necessárias; Registro; 24 Comunicação. A última fase constitui-se na avaliação de enfermagem, quando o enfermeiro desenvolve a apreciação e afere os resultados da intervenção, possibilitando uma retroalimentação contínua na intervenção necessária ao alcance dos resultados esperados. Alfaro-LeFevre (2005) define como uma etapa sempre dinâmica, que possibilita verificar o quanto as metas e objetivos foram alcançados, se os resultados desejados foram atingidos, além de fornecer subsídios para a enfermeira alterar o plano de cuidados sempre que verificar a necessidade. O enfermeiro, dentro dos princípios que regem o seu trabalho em uma empresa, deve associar esses conceitos à realidade de sua atividade específica, procurando adaptar o ambiente ao indivíduo, considerando os agravos e agentes identificados que interferem no processo saúde-doença. O processo de enfermagem nada mais é que o enfermeiro sistematizar e ordenar o seu trabalho, utilizando os instrumentos científicos aqui dispostos, associados ao seu conhecimento científico. Tem o propósito de identificar agentes ou agravos à saúde, seja em seu ambiente de trabalho, em seu ambiente familiar ou social, determinando as intervenções necessárias, avaliando os resultados e determinando novas intervenções. Isso resultará em um processo aplicado em nível individual ou coletivo, em um contínuo processo de retroalimentação, visando à promoção, proteção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde. O enfermeiro, além de ter o seu papel centrado na promoção, proteção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, desempenha também um papel fundamental na prestação de cuidados primários e secundários, no atendimento e controle de urgências/emergências e na prevenção quanto aos acidentes do trabalho. 25 3 EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO Aproximadamente 60% do peso de um adulto comum são representados por líquido (água e eletrólitos). Os fatores que influenciam a quantidade de líquido corporal são a idade, sexo e gordura corporal. Em geral, as pessoas mais jovens possuem um maior percentual de líquido corporal que as pessoas idosas, e, proporcionalmente, os homens possuem mais líquido que as mulheres. As pessoas obesas apresentam menos líquido que as pessoas magras porque as células adiposas contêm menos água. O líquido corporal localiza-se em dois compartimentos líquidos: o espaço intracelular (líquido nas células) e o espaço extracelular (líquido fora das células). Aproximadamente dois terços do líquido corporal estão no compartimento do líquido intracelular (LIC) e se localizam principalmente na massa muscular esquelética. O compartimento do líquido extracelular (LEC) é ainda dividido nos espaços dos líquidos intravascular, intersticial e transcelular. Os eletrólitos nos líquidos corporais são substâncias químicas ativas (cátions, que carregam cargas positivas, e ânions, que transportam cargas negativas). Os principais cátions nos líquidos corporais são os íons sódio, potássio, cálcio, magnésio e hidrogênio. Os principais ânions são os íons cloreto, bicarbonato, fosfato, sulfato e proteinato. As concentrações eletrolíticas no LIC diferem daquelas no LEC. 26 3.1 REGULAÇÃO DOS COMPARTIMENTOS DE LÍQUIDOS CORPORAIS 3.1.1 Osmose e osmolalidade Quando duas soluções distintas são separadas por uma membrana que é permeável às substâncias dissolvidas, o líquido desloca-se pela membrana a partir da região de baixa concentração de soluto para a região de alta concentração de soluto, até que as soluções tenham igual concentração. Essa difusão da água causada por um gradiente de concentração de líquido é conhecida como osmose. A tonicidade é a capacidade de todos os solutos para provocar uma força de direcionamento osmótico que promove o movimento da água de um compartimento para o outro. O controle da tonicidade determina o estado normal da hidratação celular e o tamanho da célula. Três outros termos estão associados à osmose: pressão osmótica, pressão oncótica e diurese osmótica. A pressão osmótica é a quantidade de pressão hidrostática necessária para parar o fluxo de água por osmose. É determinada principalmente pela concentração dos solutos. A pressão oncótica é a pressão osmótica exercida por proteínas (por exemplo, albumina). A diurese osmótica ocorre quando o débito urinário aumenta em virtude da excreção de substâncias, como glicose, manitol ou agentes de contraste na urina. 3.1.2 Difusão A difusão é a tendência natural de uma substância para se mover de uma área de concentração mais elevada para outra de menor concentração. Ela ocorre por meio do movimento aleatório dos íons e moléculas. Os exemplos de difusão são a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre os capilares e alvéolos pulmonares. 27 3.1.3 Filtração A pressão hidrostática nos capilares tende a filtrar o líquido para fora do compartimento vascular, para o interior do líquido intersticial. O movimento da água e dos solutos ocorre de uma área de alta pressão hidrostática para uma área de baixa pressãohidrostática. A filtração permite que os rins filtrem 180l de plasma por dia. 3.1.4 Bomba de Sódio - Potássio A concentração de sódio é maior no LEC que no LIC, e, por causa disso, o sódio tende a entrar na célula por difusão. Essa tendência é contrabalançada pela bomba de sódio-potássio, que se localiza na membrana celular e movimenta ativamente o sódio da célula para dentro do LEC. De modo contrário, a concentração de potássio intracelular elevada é mantida pelo bombeamento do potássio para dentro da célula. Por definição, o transporte ativo implica que a energia deve ser gasta para que aconteça o movimento contra um gradiente de concentração. 3.1.5 Vias de Ingestão e Excreção A água e os eletrólitos são ingeridos de várias maneiras. Uma pessoa saudável ingere líquidos ao beber e alimentar-se. Nos pacientes com alguns distúrbios, os líquidos podem ser fornecidos pela via parenteral ou por meio de uma sonda de alimentação enteral no estômago ou intestino. 28 3.1.6 Mecanismos Homeostáticos O corpo é dotado de notáveis mecanismos homeostáticos para manter a composição e o volume dos líquidos corporais dentro dos estreitos limites da normalidade. Os órgãos envolvidos na homeostase incluem os rins, pulmões, coração, glândulas suprarrenais, glândulas paratireoides e hipófise. 3.2 DISTÚRBIOS DO VOLUME DE LÍQUIDO 3.2.1 Déficit do Volume de Líquido (Hipovolemia) O déficit do volume de líquido (DVL) acontece quando a perda do volume do líquido extracelular excede a ingestão de líquido. Ele ocorre quando a água e os eletrólitos são perdidos na mesma proporção que existem nos líquidos corporais normais, de modo que a relação entre os eletrólitos séricos e água permanece inalterada. O DVL pode desenvolver-se a partir da ingestão inadequada isolada, quando a ingestão diminuída for prolongada. As causas do DVL incluem as perdas de líquido, como aquelas decorrentes do vômito, diarreia, aspiração gastrointestinal e sudorese, e ingestão diminuída, como na náusea ou incapacidade de ter acesso aos líquidos. Os fatores de risco adicionais compreendem o diabetes insípido, insuficiência suprarrenal, diurese osmótica, hemorragia e coma. Os deslocamentos de líquido para o terceiro espaço, ou o movimento de líquido a partir do sistema vascular para outros espaços corporais (por exemplo: formação de edema em queimaduras ou ascite com a disfunção hepática), também produzem o DVL. O DVL pode desenvolver-se rapidamente e ser brando moderado ou grave, dependendo do grau da perda de líquidos. As características importantes do DVL incluem: 29 Perda aguda de peso; Turgor cutâneo diminuído; Oligúria; Urina concentrada; Hipotensão postural; Frequência cardíaca rápida e fraca; Veias cervicais colabadas; Temperatura aumentada; Pressão venosa central diminuída; Pele fria e pegajosa relacionada com a vasoconstrição periférica; Sede; Anorexia; Náuseas; Indisposição; Fraqueza muscular; Cãibras. 3.2.1.1 Tratamento Quando planeja a correção da perda de líquidos para o paciente com DVL, o profissional de saúde considera os requisitos de manutenção usuais do paciente e outros fatores (como febre) que podem influenciar as necessidades de líquidos. Quando o déficit não é grave, a via oral é preferida, desde que o paciente possa beber. Quando, no entanto, as perdas de líquidos são agudas ou intensas, a via IV é necessária. As soluções eletrolíticas isotônicas (lactato de Ringer ou cloreto de sódio a 0,9%) são frequentemente utilizadas para tratar o paciente hipotenso com DVL porque elas expandem o volume plasmático. Logo que o paciente se torna normotenso, uma solução eletrolítica hipotônica (cloreto de sódio 0,45%) é geralmente empregada para fornecer eletrólitos e água para a excreção renal dos resíduos metabólicos. 30 As avaliações exatas e frequentes da ingestão e débito, peso, sinais vitais, pressão venosa central, nível de consciência, sons respiratórios e coloração cutânea devem ser efetuados para determinar quando a terapia deve ser lentificada para evitar a sobrecarga de volume. A velocidade da administração de líquido fundamenta-se na gravidade da perda e na resposta hemodinâmica do paciente à reposição do volume. Quando o paciente com DVL grave não está excretando suficientemente e, portanto, está oliguria, o profissional de saúde precisa determinar se a função renal deprimida é o resultado do fluxo sanguíneo renal reduzido secundário ao DVL ou, de forma mais grave, à necrose tubular aguda por DVL prolongado. O teste utilizado nessa situação é referido como um teste de carga hídrica. Durante um teste de carga hídrica, os volumes de líquido são administrados em velocidades e intervalos específicos enquanto se monitora a resposta hemodinâmica do paciente a esse tratamento. 3.2.1.2 Intervenção de Enfermagem Na avaliação do DVL pela enfermeira, a mesma monitora e mede a ingestão e débito de líquidos pelo menos a cada 8 horas e, por vezes, a cada hora. O peso corporal diário é monitorado. Os sinais vitais são rigorosamente monitorados. A enfermeira observa para um pulso fraco e rápido e para a hipotensão postural. A pele e o turgor cutâneo são monitorados em uma base regular. Para evitar o DVL, a enfermeira identifica os pacientes em risco e empreende as medidas para minimizar as perdas de líquido. 31 3.3 EXCESSO DE VOLUME DE LÍQUIDO (HIPERVOLEMIA) O excesso de volume de líquido (EVL) refere-se a uma expansão isotônica do LEC gerada pela retenção anormal de água e sódio em proporções aproximadamente iguais àquelas que existem normalmente no LEC. Ele sempre é secundário a um aumento no conteúdo corporal total de sódio, que, por sua vez, leva a um aumento na água corporal total. Como há retenção isotônica das substâncias corporais, a concentração sérica de sódio permanece praticamente normal. O EVL pode estar relacionado à simples sobrecarga de líquido ou à função diminuída dos mecanismos homeostáticos responsáveis por regular o equilíbrio hídrico. Os fatores contribuintes podem incluir a insuficiência cardíaca, insuficiência renal e cirrose do fígado. Outro fator contribuinte é o consumo de quantidades excessivas de sal de cozinha ou de outros sais de sódio. A administração excessiva de líquidos portadores de sódio em um paciente com mecanismos reguladores prejudicados, também pode predispô-lo a um EVL grave. As manifestações clínicas do EVL advêm da expansão do LEC e incluem o edema, veias cervicais distendidas e estertores (sons pulmonares normais). As outras manifestações compreendem taquicardia; pressão arterial, pressão de pulso e pressão venosa central aumentada; peso aumentado; débito urinário aumentado; falta de ar e sibilância. 3.3.1 Tratamento O tratamento do EVL é direcionado para as causas. Quando o excesso de volume está ligado à administração excessiva de líquidos contendo sódio, a interrupção da infusão pode ser tudo o que é necessário. O tratamento sintomático consiste na administração de diuréticos e na restrição de líquidos e sódio. 32 3.3.2 Terapia Farmacológica Os diuréticos são prescritos quando a restrição de sódio isolada na dieta é insuficiente para diminuir o edema por inibir a reabsorção de sódio e água pelos rins. A escolha do diurético baseia-se na gravidade do estado hipervolêmico, no grau de comprometimento da função renal e na potência do diurético. 3.3.3 Hemodiálise Quando a função renal está tão gravemente prejudicada que os agentes farmacológicos não conseguem agir de maneira eficiente, outras modalidades são consideradas para remover o sódio e o líquido do corpo. Pode-se usar a hemodiálise ou a diálise peritoneal para remover os resíduos nitrogenados e controlar o potássio e o equilíbrio
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