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1 Ética e Cidadania 1 - Gatos não fumam cachimbo Segundo as definições expressas no Dicionário Escolar da Língua Portuguesa: “Moral. adj.1.Relativo aos bons costumes: valores morais. 2. Pertencente ao domínio do espírito, da consci- ência, por oposição ao físico e material: sofrimento moral. 3. Que segue as regras de conduta socialmente aceitas, correto, austero, ético: atitude moral. 4. Que encerra uma lição, que ensina e educa; edificante: fábula moral. S.m. 5. Conjunto dos valores morais de uma pessoa ou grupo: Aquela gente preza o moral mais que tudo. 6. Disposição de espírito, de ânimo: O médico procurou levantar o moral do paciente. 7. Espírito de luta diante de dificuldades e perigos; brio, energia, coragem: O comandante exaltou o moral da tropa antes do combate. Sf. 8. (Fil.) Parte da filosofia que estabelece as regras de conduta, fundadas na noção do bem e do mal. 9. Conjunto dos princípios normativos do comportamento de um grupo social ou de uma sociedade: moral burguesa, moral cristã. 10. Ensinamento ou lição que e tira de um fato real ou de uma obra de ficção: E esta é a moral da história. 11. coloq. Pretensão de importância ou prestígio diante de outro(s): Achou-se cheio de moral por ter sido promovido” (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, 2008, p. 877). Em sua etimologia, o termo moral deriva-se do latim moralis e quer dizer “relativo aos costumes”. Surgiu, na verdade, na tentativa de tradução da palavra grega ethos, que significa hábito, motivo inicial pelo qual são consideradas sinônimos. “Moral são as regras que orientam os indivíduos no convívio diário na sociedade, norteando suas ações e seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau, ou seja, Moral é o compor- tamento.” (ANDRADE, 2017, p. 11) Percebe-se que a Moral se estabelece como condição da própria vida humana, uma vez que participa das regulações e formulações da existência em sociedade. Esse conjunto de regras é adquirido por meio da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, que passam a orientar o comportamento das pessoas e suas relações sociais. Portanto, ao contrário dos animais, que vivem por instinto (impulso interior que faz um animal executar in- conscientemente atos adequados às necessidades de sobrevivência própria, da sua espécie ou da sua prole), o ser humano é regulado também pelas regras definidas pela moral, definindo seu modo de agir. Entende-se que a moral está relacionada com os ditos “bons costumes, valores e convenções” estabelecidos por uma cultura ou pela sociedade, a partir dos quais seus integrantes devem agir, distinguindo o bem ou mal, certo ou errado, bom ou ruim, aceitável ou inaceitável. “Os princípios morais da honestidade, da bondade, do respeito, e da virtude, dentre outros, são valores uni- versais que regem a conduta humana e tornam as relações harmoniosas.” (ANDRADE, 2017, p. 12) Me dei bem, gabaritei! A condição humana está estabelecida na autonomia e na liberdade, uma vez que fazer escolhas é parte da nossa própria existência. Temos que fazer escolhas, ainda que não queiramos. Portanto, os esforços da filosofia em muito se propõem a orientar a sociedade sobre como aprender a viver, pois consideram que as escolhas predizem atribuição de valor e que a moral é a base dessas escolhas, o gabarito através Do qual se viverá bem. “Ética vem a ser, desta forma, a teoria que dá sustentação às nossas ações, enquanto moral vem a ser a prática desta teoria, ou seja, nessa concepção, moral pode ser compreendida como o conjunto de nossas ações, baseado no conjunto de nossas crenças e valores.” (FERREIRA e ANDRADE, p. 912 e 913) A ética é considerada universal, enquanto a moral se manifesta de diferentes formas, de acordo com cada grupo, logo, aquilo que é aceito ou não em determinada sociedade varia muito. A moral está relacionada aos deveres e, portanto, se baseia em perguntas a respeito do modo como se deve agir. Haveria assim, um sentimento de obrigatoriedade, mesmo quando não há leis sobre tal assunto. A auto-imposição é percebida na ética, quando para atender ao que a sociedade espera, o sentimento de obrigatoriedade influencia a conduta ética do ser humano, como forma de garantia pessoal da moralidade. Ou seja, o comportamento ético se coloca para além da possibilidade de punição. 2 Ética e Cidadania Só tem "nós" aqui, tá de boa... A moral se manifesta de acordo com a consciência de cada pessoa, e se não ocorre como uma escolha livre, o que rege o indivíduo é o medo e não a moral. As normas morais, embora se apresentem como costumeiras, não surgiram nos agrupamentos humanos por uma questão de costume. Elas têm origem na religião ou na convenção. A autoridade é o fundamento para a existência e reconhecimento das regras morais, pois esta se garante e perpetua ao se fazer obedecer. A demonstração do poder ao qual se deve obediência o retira da lógica de mera abstração e a autoridade se torna como que encarnada numa potestade, trata-se, portanto, de um poder é exterior. Atividade extra Nome da atividade: Ética e moral na Contemporaneidade (Dejalma Cremonese) Link para acessar a atividade: https://periodicos.furg.br/cn/article/view/8618/5578 2 - Dois ao bilhão “Entender, compreender e discutir ética é fundamental para viver em sociedade” (ANDRADE, 2017, p.10). O tema ética vem sendo cada vez mais discutido mundo afora, sendo muito presente em nosso cotidiano. A ética é uma palavra da moda, no entanto, nem sempre foi assim. Com o passar dos anos, o tema tem ga- nhado mais consistência e hoje é o mais importante a ser tratado e debatido em um curso. A ética é um tema transversal e todos os cursos devem ter seus estudos, podendo ser definida como “a maneira como tenta- mos viver segundo um padrão de comportamento ‘certo’ ou ‘errado’ – tanto em como pensamos e nos com- portamos em relaão aos outros quanto em como gostaríamos que eles pensassem e se comportassem em relação a nós” (GHILLYER, 2015 p.04). Antes da ética, a moral era a palavra da moda. A moral parte do princípio que o indivíduo tem a sua consci- ência, sendo definida como “um conjunto de princípios pessoais segundo os quais você pretende viver sua vida” (GHILLYER, 2015, p.04). E ainda, podemos dizer que a “moral são as regras que orientam os indiví- duos no convívio diário na sociedade, norteando suas ações e seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau, ou seja, Moral é o comportamento” (ANDRADE, 2017, p.11). Mas, como discutimos, a sociedade não conseguiu segurar esse tipo de situação, sendo instalado um caos generalizado. Se cada um de nós ao tomar decisões, as toma de acordo com nossas próprias vontades e comodidades, desrespeitando o todo, a sociedade passa a precisar se defender de outra forma, indo além da moral. A erosão do paradigma da moralidade consiste em sua queda na sociedade. A confiança era a base e a partir do momento que não ocorria confiança, a desconfiança se instalava. Essa desconfiança é o primeiro sintoma de que a moral estava desmoronando. A desconfiança é uma consequência da fragilidade moral da nossa consciência. Nós como seres humanos precisamos confiar e a desconfiança é muito ruim. A fragilidade moral não consegue garantir essa confiança e o protocolo passa a ser o da desconfiança. A ética é a inteligência de todos, buscando soluções adequadas para a convivência entre todos. A ética não possui mais unidade constitutiva a consciência de todos, pois ela é uma produção coletiva. Desta feita, a unidade constitutiva da ética são as relações entre as pessoas. Havendo duas pessoas já teremos ética, buscando uma identificação dos princípios a serem respeitados com o intuito de proteger a convivência, dando a ela a maior harmonia possível. Quer um exemplo de como a ética toma proporções muitomaiores? Desde o final do ano de 2019 o mundo é assolado por uma nova doença, a COVID-19 e após longos meses de discussão acerca do vírus, podemos afirmar que ele precisa ser combativo globalmente. Caso não o seja, sugirão variantes que comprometerão o sucesso dos outros lugares. Sendo assim, existe uma convivência e todos devem atuar em conjunto. A ética é a busca pela convivência mais harmoniosa entre duas ou todas as pessoas no mundo. Podemos afirmar ainda que a ética é a inteligência humana atuando em prol da proteção de um bem maior, a convivência de todos. https://periodicos.furg.br/cn/article/view/8618/5578 3 Ética e Cidadania O vaso e o porco “Somos parte da sociedade mais ampla chamada humanidade, interagimos com outras pessoas que habi- tam na mesma região geográfica que nós” (MATTAR, 2014, p.78). Por termos contato com outras pessoas, nos relacionamos e cada um de nós possui os seus objetivos, que muitas vezes podem ser conflitantes. Surge então a ideia de que a “preservação da convivência pacifica e produtiva entre pessoas ou entre soci- edades depende de que as pessoas ajam de forma a respeitar os direitos do outro e as normas do convívio social que regem aquele ambiente” (MATTAR, 2014, p.80). A ética ganhou maior destaque e relevância nos últimos 30 anos, principalmente porque o ser humano não soube lidar com a liberdade e precisava de regras. A ética corresponde à inteligência de todos buscando a harmonia na convivência, sendo, portanto, “uma condição não só para o convívio saudável entre pessoas, mas para a própria sobrevivência da sociedade” (ARRUDA et al, 2001 apud MATTAR, 2014, p.04). A partir o momento que passamos a conviver com outras pessoas a ética passa a fazer parte, sendo neces- sária para o convívio entre as pessoas. A ética existe porque nós não estamos sozinhos e dividimos o mundo com outros. A ética visa distribuir um pouco de comodidade, prazer e satisfação em quotas equivalentes para todos aqueles que estão em interação em um determinado espaço. A ética é importante porque não estamos sozinhos no mundo. Código de conduta: a ponta do iceberg “A palavra ética possui sua origem no grego ethos, que quer dizer costume, maneira habitual de agir ou índole. Seu significado é muito próximo ao de moral, palavra que vem do latim nos e moris, que significa normas que representam o comportamento esperado” (MATTAR, 2014, p.85). A ética não é uma verdade pronta e sim um conjunto de pensamentos, reflexões, princípios, decisões de quem convive para quem convive, ou seja, são as próprias pessoas envolvidas no processo que devem refletir sobre o bom jeito de agir para uma boa interação. É preciso ir além do que queremos respeitar. E para isso, é importante saber o que o outro acha. A partir dessa resposta, podemos ter algum limite para a nossa ação. Cada espaço de convivência possui os seus valores, aquilo que é importante paa aquelas pessoas. E na hora de serem definidos os limites de cada um, esses valores deverão ser levados em consideração. Serão estabelecidos princípios de conduta, que definem os limites da ação, com o objetivo de proteger os valores daquela convivência. Dependendo do valor, o princípio muda. Para os estudantes, o silêncio. Para os milita- res, a disciplina. Para o ancião, o repouso. Para o músico, poder fazer barulho. Dessa forma, nós só podemos definir aquilo que autorizamos ou não se tivermos muito claro em nossa cabeça aquilo que é valoroso para nós mesmos, o que estou fazendo ali. Uma empresa do Vale do Silício possui um princípio curioso: “to have fun”, isto é, se divertir. Pressupõem-se então que os colaboradores que ali estão precisam se divertir, não sendo uma possibilidade, mas sim um princípio de conduta. Ou seja, aquele que não estiver se divertindo, não pode ocupar espaço naquele lugar. • O valor é o estudo. O princípio de conduta é o silêncio. • O valor é a música. O princípio de conduta é o barulho. • O valor é a arte militar. O princípio de conduta é a disciplina. • O valor é a boa velhice. O princípio de conduta é o repouso e o divertimento. É importante destacar que o princípio de conduta precisa ser administrado, pois não podemos fazer apenas o que ele pressupõe. Sendo assim, além do valor e do princípio, temos a norma, que é a implementação prática do princípio. A norma define como, quando e em que condições aquele princípio de conduta deve ser respeitado, sempre visando o valor daquela convivência. Por exemplo, se em uma empresa você se depara com as regras do que pode e do que não pode ser feito, temos o Código de Condutas e Normas. Mas é preciso saber a quais valores essas normas estão ligadas e também quais princípios essas normas estão viabilizando. A ética tem uma preocupação de obter a melhor convivência com o outro, portanto tudo aquilo que for norma ética, deve-se explicar a partir da busca desta melhor convivência. Atividade extra Nome da atividade: Ética e moral Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=4bMzOHlg0yw https://www.youtube.com/watch?v=4bMzOHlg0yw 4 Ética e Cidadania 3 - Cuidado, aquele é mau caráter! As virtudes e o caráter de uma pessoa não podem se manifestar apenas no plano teórico, pois o que, de fato, confere dignidade à nossa vida são os bons hábitos que demonstram as escolhas e posturas éticas e morais do indivíduo. Como se costuma dizer popularmente, “é fazendo que se aprende a fazer”, ou seja, de tanto agirmos de determinada maneira, assim nos tornamos. Em Ética a Nicômaco, Aristóteles fala sobre as diversas perspectivas dos pensadores a respeito da origem da virtude. Segundo ele, alguns “afirmam que é por natureza que as pessoas se tornam boas, outros que é por hábito, e outros que é por instrução”. (DUHIGG, p. 326). Aristóteles defendia a soberania dos hábitos, alegando que os “comportamentos automáticos” (não pensados) são a evidência da nossa verdadeira natu- reza. Aristóteles também advogava em defesa da necessidade de cultivo de bons hábitos (disciplina), afirmava que “assim como um terreno precisa ser preparado de antemão, se deve nutrir a semente, também a mente do aluno tem que ser preparada em seus hábitos, a fim de gostar e desgostar das coisas certas”. (DUHIGG, p. 326) Estudos mostram que é fato que os hábitos podem ser alterados e que precisam da repetição como aliada para que permaneçam vigentes. Não há certezas e permanência sem repetidas e consistentes escolhas, uma vez que sabemos como fazer isso. “Centenas de hábitos influenciam nossos dias — eles orientam o modo como nos vestimos de manhã, como falamos com nossos filhos e adormecemos à noite; eles afetam o que comemos no almoço, como realiza- mos negócios e se vamos fazer exercícios ou tomar uma cerveja depois do trabalho. Cada um deles tem uma deixa diferente e oferece uma recompensa única. Alguns são simples e outros são complexos, apoi- ando-se em gatilhos emocionais e oferecendo prêmios neuroquímicos sutis. Porém todo hábito, por maior que seja sua complexidade, é maleável. Os alcoólatras mais viciados podem ficar sóbrios. As empresas mais disfuncionais podem se transformar. Um menino que largou o ensino médio pode se tornar um gerente bem-sucedido.” (DUHIGG, p. 326) O mundo não é um bolo de chocolate… Os filósofos vincularam a justiça como virtude, que se manifesta como a noção de “Dar a cada um o que é seu. Justiça consiste em tratar igualmente aos iguais e desigualmente aos desiguais, na medida em que são desiguais. A justiça busca uma harmonia entre as pessoas, uma distribuição, um equilíbrio. Exige considerar fundamentalmente as igualdades e as diferenças entre as pessoas, tais como idade, capacidade, esforço etc.” (ANDRADE, p. 24) Aristóteles ressalta um ponto muito importante a respeito das virtudes que é a questão entre a ausência e o excesso, a partir dos hábitos do indivíduo. Para ele, “nosso caráter é formado a partir da repetição e do aperfeiçoamento dos atos que já fizemos antes(para melhor ou para pior) e que, com esse hábito, adquiri- mos as virtudes morais ou os vícios e nos tornamos virtuosos ou viciosos pelo exercício, assim como os homens tornam-se justos ou injustos praticando a justiça ou a injustiça. São as disposições viciosas ou virtuosas que constituem um caráter. Somos todos responsáveis por nossos atos, assim como também pelos nossos vícios. Somente aqueles indivíduos que têm suas atividades con- forme a virtude se tornará virtuoso e, assim, atingem sua finalidade humana, sendo que o fim humano con- siste, portanto, na busca da sabedoria”. (SAMANTA OBADIA, 2016 in ANDRADE, p. 25) Pela frente a espingarda, por trás a flecha e seus arcos Se a prática das virtudes e o cultivo de bons hábitos estão vinculados ao senso moral de justiça, desenvolvido a partir de boas escolhas, percebemos que a diferença entre uma vida virtuosa ou viciosa (segundo Aristó- teles) se define nos momentos de dilemas morais. Na filosofia, um dilema moral é aquela situação em que uma pessoa é moralmente obrigada a seguir um curso de ação ou outro, mas não pode seguir ambos. Nesse contexto, realizar uma ação em detrimento de outra implica numa escolha moral. Vários autores discutiram os dilemas morais, como o filósofo E.J. Lem- mon, Earl Conee e a filósofa Ruth Barcan Marcus. A filósofa Philippa Foot, por exemplo, elaborou um dos mais conhecidos casos hipotéticos no meio acadê- mico: “Edward é condutor de um bonde cujos freios falharam. No trilho adiante dele, estão cinco pessoas. As margens são tão íngremes que elas não serão capazes de sair do trilho a tempo. O trilho tem um desvio à direita e Edward pode virar o bonde para este lado. Infelizmente, há uma pessoa neste trilho. Edward pode 5 Ética e Cidadania virar o bonde matando esta pessoa, ou ele pode abster-se de virar o bonde, matando os cinco.” (THOMSON, 1976, p. 206) Percebe-se que no caso exposto, a difícil escolha está pautada na escolha do que seria o “mal menor”. Em geral, os dilemas em filosofia podem ser experimentos de pensamento, desenvolvidos para observarmos nossas intuições e questioná-las. Em outros casos, servem para refletirmos sobre as explicações teóricas dos valores morais. Mas na História e na realidade humana, muitos são os dilemas com os quais já nos deparamos e iremos nos deparar, exigindo de nós soluções adequadas às estruturas morais sob as quais vivemos. Atividade extra Nome da atividade: Conflitos de deveres e dilemas morais: uma problematização a partir da teoria moral de I. KANT (Lauren de Lacerda Nunes) Link para assistir a atividade: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/9085 4 - Causou? Então assume! A ética é um esforço coletivo em prol da busca pela melhor convivência possível e graças a ela, conseguimos definir um orbital de condutas aceitáveis para todos aqueles que participam de um universo de convivência. Sendo assim, tudo que for pensado do ponto de vista ético deve respeitar as condições materiais concretas que estão sendo vividas e enfrentadas. Aristóteles define a situação-limite, onde teremos que tomar decisões importantes. “Ao buscar a definição de limite no dicionário de filosofia, Aristóteles estabelece que o limite fixa o término de uma coisa fora do qual não tem existência, mas é também começo de outra coisa diferente; o limite é, portanto, ponto de finitude e de partida” (NASCIMENTO; ERDMANN, 2009, s.p.). A ética é sempre uma produção da vida para a vida. Isto é, sempre pensamos a melhor maneira de conviver onde estamos convivendo. Dessa forma, podemos entender que Aristóteles entende que sempre viveremos alguma tempestade e que situações excepcionais não podem comprometer a atuação ética. Se você for esperar uma vida pacífica para poder pensar em ética, você não pensará em ética nunca. Desde o ano de 2020 o mundo vive uma pandemia causada pelo Novo Coronavírus. A COVID-19 modificou a forma de viver e ver o mundo, fazendo com que a maior parte das pessoas entenda que após a vacina, tudo voltará a ser como antes, com tranquilidade e paz na vida. No entanto, isso não irá ocorrer. As crises e instabilidades são parte importante e constante em nossas vidas, tanto que podemos entender que a ética corresponde a arte da convivência na instabilidade. Sempre haverá um pretexto para que alguém se aproveite da instabilidade e tente triunfar os seus próprios interesses. É importante então destacar que todos passamos por situações de urgência e importância máxima. No en- tanto, nesses momentos a ética não pode ser deixada de lado. Como seres humanos, normalmente, assumimos a culpa de algo quando fomos os causadores de determi- nada situação. Como em uma relação de causa e efeito, nós somos responsáveis por aquilo que causamos. É importante destacar que mesmo sem fazer nada e sem perceber, sempre estamos causando algo. Em muitos casos, nós agimos. Ao agir, o mundo poderá nos responsabilizar em função das nossas iniciativas. E nós somos responsáveis por tudo aquilo que fazemos. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” (Antoine de Saint-Exupéry, em ‘O Pequeno Príncipe’). O suicida e a gota d´água Segundo Andrade (2017, p.18) “A ética tem se tornado um assunto muito discutido no nosso dia-a-dia, pois temos enfrentado grandes desafios neste século. Se associarmos ética ao caráter do indivíduo, afirmando que a ética é formada pelo convício e que a convivência com a família, com o compartilhamento de valores morais, balizará a conduta humana, no campo pessoal, social e profissional”. A expressão ética advém do grego “ethike”, que em seu sentido próprio signica costume, hábito, índole” (ANDRADE, 2017, p.16). A ética da responsabilidade é entendida como uma ética do que vem depois, ou seja, é uma ética da consequência e portanto é irrelevante aquilo que você queria ou não que acontecesse. “A ética da responsabilidade, em Arendt, não se baseia em normas, sejam de ação, sejam de restrição. Essa ética, então, não é normativa, pois não expõe as regras a serem seguidas, ou os imperativos a serem ob- servados dedutivamente. Também não é uma ética prescritiva, pois não aponta o que deve ser feito ou evitado” (SCHIO, 2010, p.166). https://repositorio.ufsm.br/handle/1/9085 6 Ética e Cidadania Dessa forma, podemos dizer que a ética deve permanecer no nosso horizonte como um indicativo de limite às práticas com resultados perigosos ou duvidosos para a humanidade, versando sobre a responsabilidade pelo mundo. “A ética, diferente da moral, acompanha a política, pois é mais abrangente que os hábitos e comportamentos instituídos por costume e vigentes na sociedade” (SCHIO, 2010, p.165). Muitas vezes nós damos causa a determinados acontecimentos que só acontecem por conta de uma reali- dade que nós não podemos controlar. Ou até mesmo pelo acontecimento de outras causas que participam daquele efeito. A ética da responsabilidade nos apresenta dois pontos importantes: - Ela simplifica a complexidade do mundo; - Apresenta a responsabilidade que precisamos assumir. Dessa forma, podemos perceber que a ética “ é a obrigação que cada um tem pelo mundo, entendido como sendo o espaço que abrange o domínio público” (SCHIO, 2010, p. 165). É possível perceber que o tema é complexo e que preciamos assumir nossas responsabilidades, pois em caso contrário, o mundo será muito pior. Responsável por toda a eternidade A resposabilidade está diretamente atrelada a dar causa a alguma coisa, ou seja, a fazer acontecer, ou seja, aquilo que não aconteceria se você estivesse agido naquele momento. E aqui podemos chegar a uma con- clusão importante: não há causalidade sem responsabilidade. As coisas não acontecem apenas por um único motivo e não são mera causalidade. “O homem, por ter se tornado aquele que mais modifica o entorno, precisa responsabilizar-se pelo que fez e faz, preocupando-se com o futuro” (SCHIO, 2010, p.167). A responsabilidade não tem a ver com o que você quer que aconteça, mas temrelação sim com a conse- quência e com a causalidade. “Esta responsabilidade é individual, pois cabe a cada um refletir sobre os próprios atos e intenções; ela será coletiva enquanto preocupação política, por englobar as questões que são relevantes para todo o grupo humano (existente ou vindouro)” (SCHIO, 2010, p.167). Nossas ações e atitudes possuem consequências e os efeitos não tem fim. Toda ação humana tem efeitos para a eternidade. “As atitudes tomadas fariam com que todos se sentissem responsáveis pelo realizado, mesmo que alguma opinião individual não fosse englobada no processo decisório e, consequentemente, na ação” (SCHIO, 2010, p.167). E é por isso que a ética da responsabilidade precisa ser entendida e debatida. ”A verdadeira ética ocorre quando o exercício da faculdade de julgar ocorre, e ao homem é permitido recobrar a sua dignidade de humanizar o mundo” (SCHIO, 2010, p.167). Nós precisamos definir limites por nossa conta ou nos respon- sabilizaremos por tudo o que fizemos e seus efeitos até nossa morte. Atividade extra Nome da atividade: Situação-limite Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=5ERWbnkvqxA 5 - Cada um por si A definição e estruturação social da ética demonstra uma tentativa de garantir a boa convivência do grupo, de acordo com premissas como vistas a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=5ERWbnkvqxA 7 Ética e Cidadania Por outro lado, a moral se manifesta através do comportamento, como um conjunto de regras que orientam os indivíduos no convívio com a sociedade, norteando suas ações e seus julgamentos de maneira ambiva- lente (certo ou errado, bom ou mau). A partir de uma visão global, se a moral funcionasse melhor, a ética seria menos importante. Porém, como acreditavam os filósofos antigos, a vida moral contrapõe o querer e a realidade. Enquanto a ética se dava ao observar a relação e harmonia entre o caráter do sujeito e os valores da sociedade. Criatura sem vergonha essa! A crise da moral se manifesta como o fim da vergonha de errar. Antigamente, a ética cristã filosófica, definida pela relação com Deus e não com os outros homens, trouxe a ideia de que devemos nos guiar por Deus, de acordo com sua vontade, já que nós somos fracos e tentados ao pecado. Após a revelação da Lei Divina temos a obrigação de obedecer e a ética se torna um ato de dever. Nesse contexto, em que se usa o medo para alcançar as necessidades sociais, não se restringe à época e nem ao âmbito da religião como ferramenta de convencimento, outros campos sociais (Direito, política, mídia, etc), em todas as épocas históricas se prestam ao controle do comportamento social através de figuras de medo. Segundo Bauman (2008, p. 8), medo é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era onde o medo é sentimento conhecido de toda criatura viva. E, por isso mesmo, a revalorização da ética se torna um preceito urgente de e sempre contemporâneo. Morango e o 38 Em diversas narrativas a moral universal é utilizada como justificativa e fundamento para todos, partindo-se da premissa de que estamos todos submetidos aos mesmos preceitos morais, independentemente de con- textos ou realidades diferentes. Já as questões éticas rotineiras estariam associadas à ideia de pluralidade ética. Segundo Bauman, o plura- lismo ético implica em uma ética da incerteza, demonstrada na impossibilidade de uma ética universal, em que o outro passa a representar uma ameaça, dada a incomunicabilidade de valores morais comuns. O professor Barros Filho defende a ética como a inteligência compartilhada a serviço do aperfeiçoamento da convivência humana. No exemplo: "Quando se mora com alguém, você deixa de fazer algumas coisas para não interferir na felicidade do outro. Havendo convivência, não dá para fazer o que se quer e ter prazer o 8 Ética e Cidadania tempo todo. Isso se aplica tanto a um casal compartilhando um apartamento quanto à sociedade comparti- lhando o planeta Terra", define. Diante da crise dos valores universais, "a ética é a vitória da convivência sobre a canalhice", destaca o pro- fessor Clóvis. Uma sociedade que permita que o canalha vença é uma sociedade doente. Por fim, outra interpretação, demasiadamente importante, é feita por Nietzsch ao tratar da concepção de niilismo, nos permitindo interpretar o pluralismo ético de maneira diferente de Bauman e sua moral da incer- teza; temos no niilismo nietzschiano o fim da moral de rebanho, pois o homem é visto como senhor de si mesmo, assim os valores morais não são determinados por estatutos religiosos ou partidários, mas sim pela própria consciência moral. Atividade extra Nome da atividade: Modernidade e Crise Moral (Marcelo Perine) Link para assistir a atividade: https://sindpolmg.org.br/a-crise-moral/ 6 - O mamoeiro, o cachorro e o pensador Agora que você já sabe que a “Ética são os conhecimentos obtidos da investigação do comportamento hu- mano em relação às regras morais, explicadas de forma racional, fundamentada, científica e teórica, ou seja, ética é uma reflexão sobre a moral” (ANDRADE, 2017, p.16), vamos aprofundar na continuação do tema. Essa parte do nosso estudo será pautada no seguinte questionamento: a autonomia moral já nasceu co- nosco ou desenvolvemos ela ao longo da vida? De forma introdutória, é essencial que você entenda o que é autonomia moral. Para Piaget (1994 apud , SOARES, 2003, p.38) “a moral consiste num sistema de regras. A essência da moralidade aparece no res- peito do indivíduo pelas regras. O conceito de moral é bem mais abrangente do que o saber quais são as regras justas e obedecê-las, ou como se deve agir em determinada situação: ele abrange a reflexão sobre o porquê da existência das regras e na motivação do indivíduo para seguir determinadas regras e outras não”. A autonomia moral parte dos entendimentos e estudos de Piaget, que nos diz que “a autonomia moral é atingida quando o indivíduo internaliza e reconhece a importância destas regras para a vida em grupo. O estágio da autonomia é atingido quando o sujeito consegue coordenar outros pontos de vista que não o seu e cooperar com seus iguais” (SOARES, 2003, p.04). Para responder a essa pergunta precisamos entender que viver é lutar para continuar vivendo. Nós, seres humanos, temos a alma intelectiva, que compreende a sensitiva e a vegetativa. Sendo assim, o ser humano pensa na hora de lutar pela vida. A alma é aquilo com o que nós nascemos e sempre esteve em nossas mãos para ser e continuar sendo, viver e continuar vivendo. O recém-nascido, o ovo e o tijolo A automia moral já nasceu conosco ou é desenvolvida ao longo da vida? Nesse momento, já sabemos que cada um de nós nascemos com alma, que aqui tem o significado de princípio da vida, aquilo que todo vivente tem para continuar vivendo. A nossa consciência nasce esvaziada e nosso pensamento precisa de matéria-prima, ou seja, você precisa de conhecimento e palavras. A matéria-prima do pensamento são as palavras. Se o ser humano é pensante, ele irá precisar de palavras para pensar. Quanto maior o seu quantitativo de palavras, mais fácil será transmitir alguma coisa. Em grego, a palavra logos significa palavra e é também linguagem e também possui o significado de pensa- mento. Dessa forma, podemos perceber que é por meio da linguagem que o pensamento pode se operar e pode ser comunicado. Aprendemos a pensar na mesma medida em que aprendemos as palavras. A autonomia da nossa moral depende da nossa inteligência para tomar decisões, de que tipos de hábitos queremos consolidar na nossa vida e para definir que tipo de caráter queremos ter na hora de viver. Aqui cabe relembrar que caráter corresponde a soma de todas as nossas virtudes e morais. https://sindpolmg.org.br/a-crise-moral/ 9 Ética e Cidadania Podemos afirmar que existe autonomia moral daquilo que eu quero para mim e essa autonomia moral de-pende do uso da inteligência. Uso esse que por sua vez, requer uma busca incanssável pela melhoria. Sendo assim, podemos afirmar que a autonomia moral já nasce conosco e também pode ser desenvolvida. A nossa alma intelectiva que já nasce conosco nos guia e também precisamos aprender no mundo, escul- pindo nosso caráter para conseguirmos ser aquilo que queremos ser. Interesseiros não são felizes “A ética surgiu quando o homem se descobriu como um ser racional e despertou para a necessidade de assumir responsabilidades para viver em sociedade, como uma questão de sobrevivência” (ANDRADE, 2017, p.10). As discussões sobre a ética são antigas e foram levantadas por filósofos gregos como Aristóteles, Platão e Sócrates. Os inventores da ética estavam convencidos de que a virtude era o único caminho para a felici- dade. “A Ética está relacionada com a virtude e também com luta do homem para superar seus principais vícios. Isto porque a ética possui como centro de atenção o HOMEM, que é moldado de virtudes e vícios, capaz de ter atitudes que objetivam suprir suas necessidades individuais e coletivas” (ANDRADE, 2017, p.22). A virtude corresponde a toda forma de excelência, assim como alguém que dá o melhor de si em suas atividades. Sendo assim, aquele que dá o melhor de si é virtuoso e pode ser feliz, pois felicidade segundo os gregos, correspondia a plena realização da própria natureza. “A palavra “virtude” é um a palavra originada do latim “vis”, que significa força, energia. Lopes de Sá (1988:65), afirmava que ‘virtude, é condição basilar, ou seja, não se pode conceber o ético sem o virtuoso como princípio, nem deixar de apreciar tal capacidade em relação a terceiros’” (ANDRADE, 2017, p.23). A virtude pode ser entendida ainda como uma qualidade moral, isto é, uma característica positiva do indiví- duo, sendo disposto a praticar o bem. É claro que você pode não buscar a excelência. No entanto, aqueles que se acostumam com o máximo, querem sempre o máximo. Sendo assim, podemos dizer que a excelên- cia é condição para uma vida feliz. A virtude pode ser separada em duas, conforme definição de Aristóteles: - As virtudes intelectuais. - As virtudes éticas (ou morais). A virtude intelectual “é aquela que ‘nasce e progride graças aos resultados da aprendizagem e da educação’” (ANDRADE, 2017, p.23). As virtudes éticas são aquelas relacionadas ao que não é imediatamente racional, ou seja, aquilo que por hábito você faz de forma excelente. Seriam aquelas “que ‘não é gerada em nós por natureza, é o resultado do hábito que nos torna capazes de praticar atos justos’” (ANDRADE, 2017, p.23). Conforme visão de Aristóteles, as virtudes são conquistadas pela repetição dos atos, gerando costume. Es- ses atos para que se tornem virtudes não devem desviar-se nem por falta e nem por excesso, isto é, devem ser na medida, longe dos extremos. Dessa forma, podemos dizer que não existem virtudes inatas. Atividade extra Nome da atividade: Autonomia para Piaget Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=qxzoPzR5wVI 7 - Comboio sujo de sangue A estipulação da responsabilidade está diretamente relacionada à produção de causa e efeito que ela possui. Segundo a perspectiva kantiana, a ética da responsabilidade é a moral de grupo, muito diferente da indivi- dual, pois aquela se refere às decisões tomadas pelo governante para o bem-estar geral, embora muitas das vezes possam parecer erradas aos olhos da moral individual. Na ética da responsabilidade, o que valida um ato é o resultado, e não a intenção. Ou seja, podemos afirmar que a ética da responsabilidade corresponde às decisões tomadas por aqueles que, investidos no poder, tudo fazem para manter a harmonia social. De modo geral, considera-se que as razões que regulam o comportamento dos indivíduos é a repressão externa. As responsabilidades só são cumpridas enquanto estiver passível de responsabilização pelos ou- tros. https://www.youtube.com/watch?v=qxzoPzR5wVI 10 Ética e Cidadania Consequências são causas eternamente O emprego do termo “consequências”, ao lado de suas classificações como boas ou ruins, precisa ser con- siderado atentamente. Não se fará um julgamento adequado partindo meramente de tais qualificadores, como se, por si só, fossem suficientes para nos possibilitarem conclusões inequívocas. Nesse sentido, nem toda ação que produz boas consequências é já, por isso, um mandamento moral, assim como nem toda ação com consequências ruins, em toda e qualquer circunstância, é moralmente proibida. Para Hans Jonas, “o conceito de ação necessita ser redimensionado e uma compreensão adequada implica na consideração de sua relação com a técnica. A técnica, nesse sentido, não é apenas o conjunto dos obje- tos produzidos e aperfeiçoados constantemente pelo homem ao longo dos séculos. A técnica é a própria forma de relação estabelecida pelo homem com o mundo e, portanto, consigo mesmo; ou dito de outro modo, a técnica parece ter se tornado a própria medida do homem.” (DOS SANTOS, p. 423) O autor também expõe que “o elemento decisivo e não considerado pelas chamadas éticas tradicionais é exatamente o caráter cumulativo e irreversível das ações. Mais do que as consequências diretas e previstas, são as consequências das consequências (indiretas e imprevistas) que parecem assumir um peso na ba- lança da moral jonasiana.” (DOS SANTOS, p. 424) Assim, as capacidades de prever, de julgar e de atribuir valor há muito se enfraqueceram, segundo Jonas, ou, ao menos, permanecem secundárias em nossa época, em comparação com o poder de fazer. A morte do Salvador O homem não deve ser representado pelo próprio homem simplesmente como um objeto, isto é, como algo de que se possa dispor a bel-prazer. O homem deve respeitar no outro aquilo que está presente nele mesmo, a saber, sua dignidade humana, isto é, sua condição de existir tendo consciência que não é uma simples coisa e que, além disso, abriga dentro de si um valor. Kant explica que a expressão "servir-se da liberdade para limitar de um modo necessário a liberdade mesma" demonstra que o homem não pode fazer um uso "arbitrário" de sua liberdade. Um uso puramente arbitrário acarretaria a própria perda desse uso, uma vez que atentaria contra a própria ideia de liberdade que lhe é revelada por intermédio de sua razão. É somente através da observância da lei moral, enquanto produto da atividade espontânea da razão, que o homem pode prestar um culto à humanidade presente em sua própria pessoa e na pessoa dos demais homens, razão pela qual Kant afirma que "a moralidade representa a coincidência do livre arbítrio com os fins da humanidade e do ser humano em geral, isto é, com as condições necessárias dos fins universais da humanidade e do homem". Atividade extra Nome da atividade: A ética da responsabilidade | Oswaldo Giacoia Jr. Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=nJm2nofC0Us 8 - O canalha da batata doce Em todo lugar que há convivência, há ética. A ética corresponde à busca inteligente das pessoas para al- cançar a convivência mais harmoniosa e mais justa possível. “O campo da ética estuda como tentamos viver nossas vidas de acordo com um padrão que define o que é “certo” ou “errado” – tanto em como pensamos e nos comportamos em relação aos outros quanto em em como gostaríamos que eles pensassem e se comportassem em relação a nós” (GUILLYER, 2014, p.04). É interessante destacar que as pessoas envolvidas precisam dispor de suas inteligências em prol de uma convivência harmoniosa. Sabemos que nem sempre é assim que funciona. Caso exista alguém que não se disponha a aceitar, essa convivência harmoniosa pode estar ameaçada. Em casos em que alguém da equipe não respeite o proto- colo, toda a equipe pode estar comprometida. A convivência é muito importante, pois é ela que faz com que um grupo vá mais longe. Dessa forma, podemos afirmar que refletir sobre os limites da ação decada um para proteger a convivência é absolutamente essencial. https://www.youtube.com/watch?v=nJm2nofC0Us 11 Ética e Cidadania “Ética é o conjunto de princípios e valores morais que conduzem o comportamento humano na sociedade. As organizações seguem os padrões éticos sociais, aplicando-as em suas regras internas para o bom an- damento dos processos de trabalho, alcance de metas e objetivos” (ANDRADE, 2017 p.31). Uma organização é composta por um grupo de pessoas em busca de um bem comum (SOBRAL; PECI, 2012). Em grupos como esses, devemos entender que essas pessoas possuem suas tarefas, funções e precisam pensar na melhor forma de interagir com os outros, buscando uma preservação da harmonia de todos. Dentro da realidade empresarial, muitas vezes para que consiga de destacar, uma pessoa utiliza de estraté- gias que prejudicam o todo em prol de si mesmo. Com essa atitude, ela prejudica todo o time, colocando tudo a perder. O laboratório, o médico e o paciente O que são os valores? Ao ser contratado por uma determinada organização, você pode se deparar com eles e é importante saber o seu significado. “Valores são crenças básicas a respeito do que é importante e que constituem guias que orientam as práticas em uma organização” (CHIAVENATO, 2007, p. 425). Representam os princípios éticos de uma empresa, como um conjunto de princípios e crenças (CHIAVE- NATO, 2007). Os valores de uma organização podem ser encontrados, também, inseridos na missão da empresa, que será explicada à frente (OLIVEIRA; CASSIMIRO, 2004). A definição dos valores traz à tona os princípios que regem a organização. Sendo assim, a ideia é que a empresa consiga listar valores que orientem seus funcionários e demais stakeholders a respeito de suas principais características. Os valores são capazes de apresentar as principais crenças e atitudes de uma organização, trazendo personalidade para a mesma. Importante nesse ponto destacar que o valor é um assunto da ética e a ética não é um valor. A ética é um campo do conhecimento que discute como devemos agir quando nos relacionamos com as pessoas. Já os valores são um assunto da ética. Os valores advém do que as pessoas consideram em um determinado contexto. Sendo assim, dentro de uma empresa por exemplo, é necessário conversar com os colaboradores para saber o que eles pensam e quais são os valores importantes para elas. A partir disso, devemos chegar em valores comuns para todos. Nós, seres humanos, somos os pensadores e criadores dos valores, mapeando os mais relevantes para nós. Somos ainda os que elaboram as regras e os que devem respeitar as regras. A ética existe em todo espaço de relações que pretende, por meio da inteligência, assegurar mais harmonia na relação entre as pessoas que estão em determinado local. Alfredo não é bolinho Durante toda a nossa vida pessoal e laboral estaremos diante de decisões éticas a serem tomadas. Por isso, é importante entender o meio onde estamos e aquilo que é esperado da nossa conduta. “A ética tem se tornado um assunto muito discutido no nosso dia-a-dia, pois temos enfrentado grandes de- safios neste século. Se associarmos ética ao caráter do indivíduo, afirmando que a ética é formada pelo convívio e que a convivência com a família, com o compartilhamento de valores morais, balizará a conduta humana, no campo pessoal, social e profissional” (ANDRADE, 2017, p.18). É essencial entender que nossas atitudes podem impactar toda a sociedade ou toda uma equipe dentro da empresa. E ainda é preciso destacar que precisamos entender que para refletirmos sobre uma convivência justa, temos que esquecer das hierarquias. É necessario abrir mão de quem manda e de quem obedece. Quem tem o poder e quem a ele se submete. Ao falarmos sobre convivência, as hierarquias desaparecem e uma certa igualdade entre as pessoas que interagem sobressai. “A ética, enquanto conjunto de valores e princípios, não deve deixar de ter sua importância ressaltada diante de qualquer contexto (setor público, privado ou terceiro setor, sociedade ou indivíduo, meio ambiente, etc.)” (ANDRADE, 2017, p.47). Dessa forma, é importante destacar que é nossa obrigação buscar uma convivên- cia justa e digna para todos, dessa forma, os propósitos da organização conseguirão ser alcançados com louvor. Atividade extra Nome da atividade: Valores éticos nas organizações Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=VOlIkzFvVw8 https://www.youtube.com/watch?v=VOlIkzFvVw8
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