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TUTELA-MEIO-AMBIENTE

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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos , i ncl usive fo tocópias o u 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
RESUMO DA UNIDADE 
 
Esta unidade analisará os principais aspectos da tutela penal e processual penal do 
meio ambiente, bem como os aspectos gerais da Lei de Crimes Ambientais (Lei n. 
9.605/98). Trata-se de uma pesquisa desenvolvida pelo método hipotético-dedutivo, 
que perpassa pela questão da responsabilidade penal ambiental, principalmente em 
relação à responsabilização da pessoa jurídica; a desconsideração da personalidade 
jurídica; a aplicação da pena; o entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca do 
princípio da insignificância; as questões processuais que envolvem tal tutela e 
competência. Em um segundo momento, há a introdução e contextualização dos 
elementos que envolvem os crimes ambientais para que, posteriormente, sejam 
tratados os principais crimes da lei em comento. Justifica-se por sua real e 
persistente relevância, dado que o contexto social, econômico e político que a 
sociedade brasileira tem enfrentado, nos últimos anos, claramente impacta o meio 
ambiente sustentável. 
 
Palavras-chave: Direito Penal Ambiental. Direito Ambiental. Crimes Ambientais. 
Tutela Penal Ambiental. 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
RESUMO DA UNIDADE.........................................................................................................1 
SUMÁRIO .................................................................................................................................2 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .........................................................................................4 
CAPÍTULO 1 – TUTELA PENAL E PROCESSUAL PENAL DO MEIO AMBIENTE ..9 
1.1 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL .......................................................9 
1.2 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA............................. 16 
1.3 APLICAÇÃO DA PENA ......................................................................................... 16 
1.4 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ..................................................................... 19 
1.5 APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO 
ADMINISTRATIVA DO CRIME AMBIENTAL ................................................................... 21 
1.6 TUTELA PROCESSUAL PENAL: COMPETÊNCIA ......................................... 24 
CAPÍTULO 2 - ASPECTOS GERAIS DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS – LEI N. 
9.605/98 .................................................................................................................................. 28 
2.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ........................................................... 28 
2.1.1 Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado como Direito 
Fundamental da Pessoa Humana ...................................................................................... 28 
2.1.2 Princípio da Prevenção e Precaução.................................................................. 28 
2.1.3 Princípio do Poluidor-pagador e do Usuário-pagador ...................................... 30 
2.2 SUJEITO DO CRIME............................................................................................. 32 
2.3 CRIME DE PERIGO E DE DANO ....................................................................... 33 
2.4 ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.................................................................... 34 
2.5 ELEMENTO NORMATIVO ................................................................................... 34 
2.6 NORMAS PENAIS EM BRANCO ........................................................................ 35 
2.7 DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL NA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS . 37 
CAPÍTULO 3 - CRIMES EM ESPÉCIE – LEI N. 9.605/98 ............................................ 39 
3.1 DOS CRIMES CONTRA A FAUNA ..................................................................... 39 
3.1.1 Artigo 29................................................................................................................... 39 
3.1.2 Artigo 30................................................................................................................... 45 
3.1.3 Artigo 31................................................................................................................... 47 
3.1.4 Artigo 32................................................................................................................... 49 
3.1.5 Artigo 34 a 36.......................................................................................................... 51 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos , i ncl usive fo tocópias o u 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
3.1.6 Artigo 37................................................................................................................... 56 
3.2 DOS CRIMES CONTRA A FLORA ..................................................................... 58 
3.2.1 Artigo 38................................................................................................................... 59 
3.2.2 Artigo 40 e 40-A...................................................................................................... 62 
3.2.3 Artigo 41................................................................................................................... 64 
3.2.4 Artigo 48................................................................................................................... 67 
3.2.5 Artigo 51................................................................................................................... 69 
3.2.6 Artigo 52................................................................................................................... 71 
3.2.7 Artigo 53................................................................................................................... 72 
3.3 DA POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS ....................................... 73 
3.3.1 Artigo 54................................................................................................................... 74 
3.3.2 Artigo 55................................................................................................................... 79 
3.3.3 Artigo 58................................................................................................................... 83 
3.3.4 Artigo 60................................................................................................................... 83 
3.4 DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO 
CULTURAL ............................................................................................................................ 85 
3.4.1 Artigo 62................................................................................................................... 86 
3.4.2 Artigo 65................................................................................................................... 88 
3.5 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL ......................... 89 
3.5.1 Artigo 66 e 67..........................................................................................................91 
3.5.2 Artigo 68................................................................................................................... 94 
3.5.3 Artigo 69................................................................................................................... 96 
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 98 
 
 
4 
 
 
 
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
Há cerca de dois ou três milhões de anos, o Homem está sobre a Terra 
vivendo em equilíbrio com as outras formas de vida. Com o advento da Revolução 
Industrial no século XVIII, a ação maléfica sobre o meio ambiente global tornou -se 
mais significativa e, apenas, nos últimos 40 anos, esse impacto se tornou, de fato, 
grave ao planeta. No final da década de 60 e início dos anos 70, peritos em 
desenvolvimento e meio ambiente (“Conservation of natural resources”, 1998) 
alertaram para a necessidade de mudanças nas relações físicas, econômicas e 
sociais, sem as quais a sociedade caminharia para o colapso. 
A preservação do meio ambiente tem se constituído no mais importante desafio 
imposto à humanidade, no mundo contemporâneo (MMA, 1998). A questão 
ecológica tomou forma e volume e entrou na ordem do discurso sociocultural a partir 
de uma recente tomada de consciência sobre a íntima relação entre vida e ações 
humanas. As agressões ao meio ambiente poderão provocar danos irreparáveis, o 
que já estamos sentindo no século que se inicia. O esgotamento de recursos 
naturais, entre eles as fontes energéticas, colocam em risco a sobrevivência da 
humanidade. 
Os desastres ambientais ocorrem há centenas de anos em todo o planeta. Seja 
por um acidente ou mesmo por erro humano, esses acontecimentos deixam marcas 
significativas para os habitantes das regiões afetadas, bem como ao meio ambiente, 
cuja recuperação pode levar décadas ou séculos. A seguir, alguns dos principais 
desastres (de cunho nuclear, químico, derramamento de poluentes etc.), em ordem 
cronológica, que causaram danos irreparáveis às populações de diversos países. 
Veja alguns deles ao redor do mundo: 
a) As bombas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945: lançadas pelos Estados 
Unidos contra o Japão, no fim da Segunda Guerra Mundial, essas duas bombas 
nucleares mataram, aproximadamente, mais de 200 mil japoneses. Num raio de um 
quilômetro do centro da explosão, quase todos os animais e plantas morreram 
devido às ondas de choque e calor. 
b) Doença de Minamata em 1954: numa ilha localizada no sudoeste do Japão, 
os animais começaram a apresentar comportamentos estranhos. Em 1956, 
5 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos , i ncl usive fo tocópias o u 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
humanos passaram a ter as mesmas reações: convulsões e perda ou descontrole 
das funções motoras. Após estudos, verificou-se que a doença estava relacionada 
ao envenenamento das águas com mercúrio e outros metais pesados, infectando 
também peixes e mariscos. 
c) Nuvem de Dioxina, em 1976: na cidade de Seveso, na Itália, após explosão 
em uma fábrica de produtos químicos, foi lançada no ar uma espécie de nuvem 
composta de dioxina (subproduto industrial gerado em certos processos químicos, 
como na produção de cloro e inseticida, bem como na incineração de lixo), que 
permaneceu estacionada sobre a cidade. Os primeiros impactos foram observados 
nos animais, que começaram a morrer gradativamente. Já os humanos passaram a 
apresentar feridas na pele, desfiguração, náuseas e visão turva, entre outros 
sintomas. 
d) Three Mile Island, em 1979: conhecido como “Pesadelo Nuclear”, esse 
desastre ocorreu quando o reator de uma usina nuclear da Pensilvânia passou por 
uma falha mecânica, aliada a erro humano. Foram lançados gases radioativos em 
um raio de 16 quilômetros. A população não foi informada sobre o acidente; somente 
dois dias depois, foi retirada do local. Não houve mortes relacionadas ao acidente, e 
nenhum dos habitantes do local ou entorno tiveram sua saúde afetada. 
e) Explosão de Chernobyl, 1986: a explosão de um dos quatro reatores de 
Chernobyl, na Ucrânia, foi o pior acidente nuclear da história, liberando uma 
radiação dezenas de vezes maior que a das bombas de Hiroshima e Nagasaki. 
Imediatamente, 32 pessoas morreram e outros milhares perderam a vida nos anos 
seguintes. A nuvem nuclear atingiu a Europa e contaminou quilômetros de florestas. 
f) Navio Exxon Valdez, 1989: o petroleiro colidiu com rochas submersas na 
costa do Alasca e iniciou um derramamento sem precedentes (cerca de 40 milhões 
de litros de petróleo), contaminando mais de dois mil quilômetros de praias e 
causando a morte de cem mil aves. 
g) Queima de petróleo no Golfo Pérsico, em 1991: o ditador iraquiano Saddam 
Hussein ordenou a destruição de centenas de poços de petróleo no Kuwait. Foram 
lançados mais de um milhão de litros de óleo no Golfo Pérsico, e a fumaça da parte 
que foi queimada bloqueou a luz do Sol. Ao menos mil pessoas morreram de 
problemas respiratórios e animais foram infectados. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos , i ncl usive fo tocópias o u 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
h) Usina Nuclear de Tokaimura, em 1999: no nordeste de Tóquio, houve um 
acidente em uma usina de processamento de urânio. Centenas de operários ficaram 
expostos à radiação e tiveram, além de náuseas, o rosto, as mãos e outras partes 
do corpo queimados. 
2002 - Navio Prestige - o petroleiro grego naufragou na costa da Espanha, e 
despejou mais de dez milhões de litros de óleo no litoral da Galícia, contaminando 
700 praias e matando mais de 20 mil aves. 
No Brasil não foi diferente: 
a) Vale da Morte, em 1980: o jornal americano batizou o polo petroquímico de 
Cubatão (SP) como “Vale da Morte”. As indústrias localizadas na cidade de Cubatão 
despejavam no ar toneladas de gases tóxicos por dia, gerando uma névoa venenosa 
que afetava o sistema respiratório e gerava bebês com deformidades físicas, sem 
cérebros. O polo contaminou também a água e o solo da região, trazendo chuvas 
ácidas e deslizamentos na Serra do Mar. 
b) Vila Socó, em 1984: uma falha em dutos subterrâneos da Petrobras 
espalhou 700 mil litros de gasolina nos arredores dessa vila, localizada também em 
Cubatão (SP). Após o vazamento, um incêndio destruiu parte de uma comunidade 
local, deixando quase cem mortos. 
c) Césio 137, em 1987: um grave caso de exposição ao material radioativo 
Césio 137 ocorreu em Goiânia (GO). Dois catadores de lixo arrombaram um 
aparelho radiológico nos escombros de um antigo hospital, e encontraram um pó 
branco que emitia luminosidade azul. O material foi levado a outros pontos da 
cidade, contaminando pessoas, água, solo e ar, e causando a morte de pelo menos 
quatro pessoas. Anos depois, a Justiça condenou por homicídio culposo os três 
sócios e um funcionário do hospital abandonado, mas a pena foi revertida em 
prestação de serviços voluntários. 
d) Vazamento de óleo na Baía de Guanabara, em 2000: um acidente com um 
navio petroleiroresultou no derramamento de mais de um milhão de litros de óleo in 
natura no Rio de Janeiro. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis (Ibama) aplicou duas multas à Petrobras, uma de R$ 50 
milhões e outra de R$ 1,5 milhão, devido à morte da fauna local e poluição do solo 
em vários municípios. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos , i ncl usive fo tocópias o u 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
e) Vazamento de barragem em Cataguases, em 2003: o rompimento de uma 
barragem de celulose em Minas Gerais ocasionou o derramamento de mais de 500 
mil metros cúbicos de rejeitos, compostos por resíduos orgânicos e soda cáustica. 
Os rios Pomba e Paraíba do Sul foram atingidos, causando sérios danos ao 
ecossistema e à população ribeirinha. As empresas foram multadas em R$ 50 
milhões pelo Ibama. 
f) Rompimento de barragem em Miraí, em 2007: uma barragem rompeu nessa 
cidade mineira, causando um vazamento de mais de dois milhões de metros cúbicos 
de água e argila. A empresa foi multada em R$ 75 milhões, mas os danos ainda 
permanecem evidentes. 
g) Vazamento de óleo na Bacia de Campos, em 2011: houve o vazamento de 
uma grande quantidade de óleo no Rio de Janeiro. A empresa americana Chevron 
despejou no mar cerca de três mil barris de petróleo, provocando uma mancha de 
160 quilômetros de extensão. Animais foram mortos e o Ibama aplicou duas multas 
à empresa, totalizando R$ 60 milhões. A Chevron foi também obrigada a pagar uma 
indenização de R$ 95 milhões ao governo brasileiro pelos danos ambientais. 
h) Incêndio na Ultracargo, em 2015: um incêndio no terminal portuário Alemoa, 
em Santos, litoral Sul de São Paulo, gerou uma multa de R$ 22 milhões, aplicada 
pelo órgão estadual de meio ambiente à Ultracargo, por lançar ef luentes líquidos em 
manguezais e na lagoa contígua ao terminal. Foram também emitidos efluentes 
gasosos na atmosfera, colocando em risco a segurança das comunidades próximas, 
dos funcionários e de outras instalações localizadas na mesma zona industrial. 
i) Rompimento da barragem de Mariana, em 2015 - em 5 de novembro de 
2015, o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), 
provocou a liberação de uma onda de lama de mais de dez metros de altura, 
contendo 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Em Minas Gerais, na última 
década, ocorreram desastres ambientais com mineração em Nova Lima (2001), em 
Miraí (2007), e em Itabirito (2014). 
j) Rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019: o rompimento da 
barragem da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho/MG, deixou 249 pessoas 
mortas e outras 21 desaparecidas. O trabalho de resgate em meio ao mar de lama 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
prossegue e é a maior operação do tipo no Brasil. Desde às 12h20 do dia 25 de 
janeiro as buscas seguem ininterruptas pelo Corpo de Bombeiros. 
Não se pode negar o vulto que os problemas ambientais tomaram desde o 
início do século passado. Com as consequências catastróficas em termos climáticos, 
em seus reflexos quanto à diminuição da biodiversidade natural e na própria 
destruição de habitats e ecossistemas inteiros, muitos cientistas e estudiosos se 
propuseram a tentar encontrar soluções viáveis. 
Nesta esteira, não há que se olvidar da existência da questão do crescimento 
econômico e do afã de desenvolvimento, principalmente no que concerne aos 
países antes ditos “de terceiro mundo”, mas há uma série de possibilidades que 
primam pela harmonia e equilíbrio entre proteção ambiental e desenvolvimento 
econômico. Esta é a chamada concepção de desenvolvimento sustentável. 
Está contido na redação da Lei n. 9.605/98 as sanções penais e administrativas 
relativas a uma conduta e atividade lesiva ao meio ambiente, porquanto, 
oportunidade em que seu texto possui 41 tipos penais incriminadores ao passo que 
há apenas 6 previsões relacionadas à matéria administrativa. 
Ainda, o direito penal vem expandindo seu objeto de tutela de modo gradual e 
incessante ao longo do século XX, com continuação no século atual. Mais que um 
fenômeno a ser analisado, é importante observar e analisar as razões desse 
fenômeno e o resultado de sua operacionalização. 
Os crimes ambientais vêm tomando grandes proporções, sendo necessária, 
deste modo, a efetividade das normas de proteção ao meio ambiente, direito este 
contido na Constituição, mas que ainda enfrenta grandes obstáculos. Ainda, 
observa-se que o direito se apresenta como uma tentativa de conter e disciplinar os 
riscos produzidos por esta sociedade na pós-modernidade, tornando o direito penal 
sola ratio, aumentando a insegurança. 
 
 
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CAPÍTULO 1 – TUTELA PENAL E PROCESSUAL PENAL DO MEIO AMBIENTE 
 
1.1 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL 
 
Antes da Lei n. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 que promoveu a 
sistematização da responsabilidade penal em termos de meio ambiente, todos os 
crimes e contravenções referentes às condutas lesivas ao meio ambiente 
encontravam-se dispersos na legislação extravagante. Embora alguns outros delitos 
ainda estejam dispostos na legislação extravagante, como por exemplo, crimes na 
Lei de Biossegurança, representou um grande avanço. 
A responsabilização penal dos entes coletivos tem sido matéria bastante 
controvertida há tempos. Todavia, esse tema chama a atenção por ser um 
instrumento bastante eficaz para a proteção do meio ambiente com relação à 
pessoa jurídica, sua maior degradadora. Hoje, a degradação ambiental tem atingido 
níveis alarmantes e a destruição da flora vem provocando a extinção de inúmeras 
espécies. 
A Constituição Federal de 1988 exige que as condutas lesivas ao meio 
ambiente sejam punidas no âmbito penal. Há um "mandado expresso de 
criminalização", ou seja, a Carta Magna estabelece imposição de medidas 
coercitivas aos transgressores do mandamento constitucional de proteção do meio 
ambiente. 
Quanto à responsabilização penal das pessoas físicas, importante verificar o 
que enuncia o artigo 2° da Lei 9.605/98: 
Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos 
nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua 
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho 
e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de 
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de 
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. 
 
Cabe observar que há delitos que somente poderão ser cometidos por 
determinadas pessoas (crimes próprios), como, por exemplo, alguns crimes contra a 
administração ambiental (artigos 66 e 67 da Lei 9 .605/98), que se referem 
expressamente ao funcionário público. 
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gravações, ou, porsistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
É possível haver concurso de pessoas em crimes ambientais, sendo a lei 
ambiental adotada a teoria monista (ou unitária) sobre concurso de pessoas. Por 
essa teoria, todos os agentes respondem pelo mesmo crime, na medida de sua 
culpabilidade. Assim, todos responderão pelo mesmo crime, mas não sofrerão, 
necessariamente, a mesma pena, que é individualizada de acordo com a 
culpabilidade de cada um dos agentes. 
Destaca-se que não vigora, no direito penal, a responsabilidade objetiva, 
aplicável na responsabilidade civil por dano ao meio ambiente. Penalmente torna -se 
imprescindível a comprovação do elemento subjetivo da conduta - dolo ou culpa - do 
agente." 
A Lei n. 9 .605/98 (art. 2°, parte final) exige dois requisitos para que o diretor, o 
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o 
preposto ou mandatário de pessoa jurídica respondam por crime ambiental. Esses 
pressupostos, abaixo especificados, impedem a chamada responsabilidade penal 
objetiva dos representantes da pessoa jurídica. 
1) A pessoa deve ter ciência da existência da conduta criminosa de outrem e 
2) A pessoa deve poder agir para impedir o resultado (omissão penalmente 
relevante). 
Há, portanto, necessidade de se estabelecer a conduta do sujeito para 
imputação do crime. Esse é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça: 
"Colhe-se dos autos, especialmente das peças do Inquérito Policial, que a 
conduta não teria sido perpetrada diretamente pelo paciente, mas por um 
caseiro, que trabalha e reside no local. Tanto que o Parquet aduziu que a 
responsabilidade do acusado derivaria de sua condição de proprietário do 
sírio (art. 2° da Lei 9.605/98 ; entretanto, ainda nessa hipótese mostrava-se 
indispensável que se declinasse qual a atitude, a conduta do responsável 
ou proprietário da área que teria concorrido para o dano, de Forma direta ou 
indireta, sendo vedada a imputação tão-somente pela relação da pessoa 
com a coisa (possuidor, proprietário, gerente, etc)." (STJ, HC 86259/MG, 
Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 1 8/08/2008). 
 
O art. 2° da Lei 9.605/98 versa sobre a "omissão penalmente relevante". 
Diretores, gerentes, administradores, membro de conselho de órgão técnico de 
pessoa jurídica respondem por crimes ambientais tanto por ação quanto por 
omissão. Assim, uma vez criado o dever jurídico de agir para essas pessoas, sua 
omissão torna-se penalmente relevante (vide artigo 13, § 2°, "a" do Código Penal). 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Releva sublinhar que os Tribunais Superiores têm rejeitado a denúncia 
genérica nos crimes societários com o firo de evitar a possibilidade de 
responsabilidade penal objetiva dos administradores das pessoas jurídicas. Assim, o 
mero fato de ostentar tal qualidade não é hábil a incluí-lo na denúncia, sem que seja 
descrita a sua conduta criminosa. A denúncia deve, portanto, conter a exposição 
pormenorizada da conduta do paciente, com todas as suas circunstâncias, sob pen a 
de inépcia e trancamento da ação penal. 
Tema objeto de grandes debates e embates no campo jurídico penal ambiental 
é a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Há correntes doutrinárias sobre o 
tema: 
1ª Corrente: não há previsão constitucional da responsabilização penal da 
pessoa jurídica: Para essa corrente, sequer se discute se a pessoa jurídica pode ou 
não cometer crime ambiental. Utiliza dois argumentos centrais: 
a) pela interpretação do art. 225, §3° da CRFB/88, não há previsão 
constitucional da responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
De acordo com essa corrente, decorre da interpretação constitucional que as 
atividades são exercidas por pessoas jurídicas que sofrem sanções administrativas. 
Já as condutas são praticadas por pessoas físicas, que podem sofrer sanção penal. 
Portanto, as pessoas jurídicas não poderiam sofrer sanção penal, respondendo 
apenas administrativa e/ou civilmente. 
b) o segundo argumento dessa corrente é o de que o princípio da 
personalidade da pena, previsto no art. 5°, inc. XLV da CRFB/88, impede a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. A pena não passará da pessoa do 
infrator (que é sempre uma pessoa física), razão pela qual não se pode transferir a 
responsabilidade penal da pessoa física para a pessoa jurídica. De acordo com Luiz 
Régis Prado, "o princípio da personalidade da pena - nenhuma pena passará da 
pessoa do condenado (art. 5°, XLV, CF) - tradicionalmente enraizado nos textos 
constitucionais brasileiros, impõe que a sanção penal recaia exclusivamente sobre 
os autores materiais do delito e não sobre todos os membros da corporação (v.g., 
operários, sócios minoritários etc.), o que ocorreria caso se lhe impusesse uma 
pena." Sob o enfoque dessa corrente, o art. 3° da lei dos crimes ambientais, é 
inconstitucional por ofensa material aos artigos 225, §3° e 5°, XLV da Constituição, 
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que, interpretados sistematicamente, vetariam a responsabil idade penal da pessoa 
jurídica. 
2ª Corrente: pessoas jurídicas não podem cometer crimes (“societas delinquere 
non potest''). Baseada na teoria da ficção, criada por Savigny, afirma que as pessoas 
jurídicas têm existência fictícia, irreal ou de pura abstração, sendo, portanto, 
incapazes de delinquir (carecem de vontade e de ação). São entes desprovidos de 
consciência e de vontade própria, não podendo realizar atos tipicamente humanos, 
como condutas criminosas. Os principias argumentos dessa corrente são: 
a) as pessoas jurídicas, como são fictícias, não têm capacidade de ação, ou 
seja, não têm consciência e vontade. Logo, não atuam com dolo ou culpa. 
Punir a pessoa jurídica seria admitir a responsabilidade penal objetiva, 
vedada no direito penal. 
b) Pessoa jurídica não tem capacidade de culpabilidade e de sanção penal: 
de acordo com Luiz Régis Prado, "a culpabilidade penal como juízo de 
censura pessoal pela realização do injusto típico só pode ser endereçada 
a um indivíduo (culpabilidade da vontade)." 
c) Pessoa jurídica não tem capacidade de pena (princípio da personalidade 
da pena). Não são elas passíveis sequer de aplicação de medidas de 
segurança de caráter penal, já que para isso faz-se mister uma ação ou 
omissão típica e ilícita. Além disso, as penas, ainda que pudessem ser 
aplicadas à pessoa jurídica, não teriam sentido em relação a elas. Como 
são entes fictícios, seriam as pessoas jurídicas incapazes de assimilar os 
efeitos da sanção penal. 
Sob o enfoque dessa corrente, o artigo 225, §3° da Constituição de 1988, que 
prevê a responsabilidade penal das pessoas jurídicas, é uma norma constitucional 
não autoaplicável, que depende de regulamentação infraconstitucional. 
3ª Corrente: pessoa jurídica pode cometer crimes. Está fundamentada na 
Teoria da Realidade, da personalidade real ou orgânica, de Otto Gierke. Essa teoria 
é oposta à teoria da ficção jurídica de Savigny, ou seja, preconiza que as pessoas 
jurídicas são entes reais com capacidade e vontade próprias, distintas das pessoas 
físicas que as compõem. Luiz Régis Prado chancela que, para essa teoria, "as 
pessoas jurídicas aparecem, pois, como seres coletivos,dotados de vontade real, 
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que podem exercitar em diversos sentidos; e nada impede, em princípio, que seja 
ela dirigida a fins proibidos, especialmente pela lei penal." Logo, elas podem cometer 
crimes e sofrer penas. Em contraposição à teoria de Savigny, os principais 
argumentos em favor da teoria da realidade são: 
a) Pessoas jurídicas são entes reais com capacidade e vontade próprias. 
Portanto, não há que se falar em responsabilidade penal objetiva ao puni -
las. 
b) As pessoas jurídicas têm capacidade de culpabilidade e de sanção penal. 
c) Essas pessoas sofrem de culpabilidade social, também chamada de culpa 
coletiva (vide decisão do STJ: Resp. 610. 114/RN, DJ 1 9/12/2005). A 
culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social, e a 
culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, está relacionada à 
vontade do administrador. 
d) Pessoa jurídica tem capacidade de pena. Não há violação ao princípio da 
personalidade da pena, pois a responsabilidade penal recai sobre o autor 
do crime, pessoa jurídica, que efetivamente comete crimes. A 
responsabilização penal da pessoa jurídica não ofende, portanto, os 
princípios da personalidade e individualização da pena. Sobre a 
inadequabilidade de algumas sanções penais às pessoas jurídicas (ex.: 
pena privativa de liberdade), a teoria da realidade rebate argumentando 
que o ordenamento penal brasileiro prevê outras sanções para as 
pessoas jurídicas. 
e) Há previsão constitucional da responsabilidade penal da pessoa jurídica: 
art. 225, §3° da CRFB/1 988. Além disso, o art. 3° da Lei de Crimes 
Ambientais também a prevê expressamente: 
Art. 3° As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a inf ração 
seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de 
seu órgão colegiado, no interesse ou benef ício da sua entidade. 
 
Para que haja responsabilização penal da pessoa jurídica, a infração deve ter 
sido cometida no interesse ou benefício da entidade e por decisão de seu 
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado. São essas as 
condicionantes legais para que possa ocorrer. 
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Importante destacar uma recente e significativa alteração de posicionamento 
dos tribunais superiores sobre o tema. O STJ admitia a responsabilidade penal da 
pessoa jurídica em crimes ambientais desde que houvesse a imputação simultânea 
do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício (teoria 
da dupla imputação). O STJ inadmitia, portanto, denúncia apenas contra pessoa 
jurídica, dissociada de pessoa física. 
Como consequência da teoria da dupla imputação tinha-se que, excluída a 
imputação aos dirigentes responsáveis pelas condutas incriminadas, o trancamento 
da ação penal, relativamente à pessoa jurídica, seria de rigor. 
Cabe salientar que o Supremo Tribunal Federal, até então, havia se 
manifestado sobre a responsabilidade penal da pessoa jurídica apenas obiter 
dictum, ou seja, por meio de abordagens laterais, ainda não enfrentando diretamente 
a questão. De toda forma, já sinalizava no sentido de reconhecer a 
responsabilização penal da pessoa jurídica, além da possibilidade da denúncia ser 
dirigida apenas contra a pessoa jurídica, caso não se descubra a autoria ou 
participação das pessoas naturais (Agravo Regimental no Recurso Extraordinário 
628.582, julgado em 6 de setembro de 2011). 
Já na decisão do Recurso Extraordinário 548.181, publicada em 19 de junho de 
2013, o Supremo Tribunal Federal confirma o entendimento de que "é admissível a 
condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental ainda que absolvida 
as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão 
responsável pela prática criminosa". Para o STF, a teoria da dupla imputação 
defendida pelo STJ afronta o parágrafo 3° do artigo 225 da Constituição de 1988. Ao 
se condicionar a imputabilidade da pessoa jurídica à da pessoa humana, estar-se-ia 
quase que a subordinar a responsabilização jurídico-criminal do ente moral à efetiva 
condenação da pessoa física. Dessa forma, o STF rechaça a teoria da dupla 
imputação, admitindo a possibilidade de denúncia apenas contra a pessoa jurídica. 
No que diz respeito à imputação das condutas tipificadas aos dirigentes deve 
ficar comprovado o nexo causal entre a sua condição de dirigente da empresa e as 
imputações a ele atribuídas, sendo apontados os elementos hábeis a descrever a 
relação entre os fatos delituosos e a autoria, sob pena de ofensa direta ao princípio 
da ampla defesa. Caso não haja comprovação, a denúncia será inepta. Portanto, a 
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condição de administrador da empresa não basta para autorizar a instauração de 
processo criminal por crimes praticados no âmbito da sociedade. O STF já se 
manifestou sobre a imputação de crime ambiental a dirigente de empresa: 
1. Habeas Corpus. 2. Responsabilidade penal objetiva. 3. Crime ambienta! 
Previsto no arr. 2° da Lei nº 9.605/98. 4. Evento danoso: vazamento em um 
oleoduto da Petrobrás 5. Ausência de nexo causal. 6. Responsabilidade 
pelo dano ao meio ambiente não-atribuível diretamente ao dirigente da 
Petrobrás. 7. Existência de instâncias gerenciais e de operação para 
f iscalizar o estado de conservação dos 14 mil quilômetros de oleodutos. 8. 
Não-conf iguração de relação de causalidade entre o faro imputado e o 
suposto agente criminoso. 8. Diferenças entre conduta dos dirigentes da 
empresa e atividades da própria empresa. 
 
Por fim, resta analisar a possibilidade de responsabilidade penal da pessoa 
jurídica de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e 
fundações públicas). Aqueles que admiram essa responsabilização têm como 
principal argumento o fato de que nem a Constituição Federal de 1988, nem a Lei 
9.605/98, especificam a quais pessoas jurídicas (de direito público ou de direito 
privado) se aplica a responsabilidade penal. 
Se a norma não distingue, não cabe ao intérprete fazê-lo. Paulo Affonso Leme 
Machado, um dos principais defensores dessa teoria, ensina que, nesses casos, 
o juiz terá a perspicácia de escolher a pena adaptada à pessoa jurídica de 
direito público, entre as previstas no arr. 21 da Lei 9.605/98. A importância 
da sanção cominada é a determinação do comportamento da Administração 
Pública no prestar os serviços à comunidade (...). Dessa forma, o dinheiro 
pago pelo contribuinte terá uma destinação f ixada pelo Poder Judiciário, 
quando provada, no processo penal, a ação ou a omissão criminosa do 
Poder Público." Conclui o ilustre professor que "responsabilizar penalmente 
rodas as pessoas de direito público não é enfraquecê-las, mas apoiá-las no 
cumprimento de suas f inalidades1. 
 
Já os que são contrários à responsabilidade penaldas pessoas jurídicas de 
direito público argumentam que elas só podem perseguir fins de interesse público, 
sendo vedado agir (e, portanto, cometer crimes) no seu próprio interesse ou 
benefício. Desta forma, nunca poderão ser responsabilizadas penalmente por crime 
ambiental. 
Segundo Vladimir Passos de Freiras e Gilberto Passos de Freitas, quando a 
pessoa jurídica não busca o interesse público configura-se desvio de poder e, 
em tal hipótese, só a pessoa natural pode ser responsabilizada penalmente. 
Além disso, eventual punição não teria sentido. Imagine-se um município 
 
1 MACHADO, 2011, p. 667. 
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condenado à pena de multa: ela acabaria recaindo sobre os munícipes que 
recolhem tributos à pessoa jurídica. Idem restrição de direitos - por exemplo, 
a pena restritiva de prestação de serviços à comunidade (art. 9°) seria 
inviável, já que cabe ao Poder Público prestar tais serviços. Seria 
redundância2. 
 
1.2 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
O art. 4º da Lei de Crimes Ambientais prevê a possibilidade de que a pessoa 
jurídica seja desconsiderada sempre que sua personalidade seja considerada 
obstáculo para ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 
Cabe destacar que se trata de uma hipótese de desconsideração da 
personalidade jurídica, instituto de caráter civil e administrativo que poderá ser 
utilizado nas ações reparatórias dos danos ambientais. 
Não é exigido o abuso da personalidade jurídica, bastando que a pessoa 
jurídica não possa arcar com a reparação do dano ambiental. Isso se justifica, pois 
se trata o instituto de uma modalidade de disregard of legal entity norteada pela 
Teoria Menor, a exemplo do que ocorre no Código de Defesa do Consumidor. 
 
1.3 APLICAÇÃO DA PENA 
 
A Lei n. 9 .605/98 trata, nos seus artigos 6° ao 24, sobre a aplicação da pena 
nos crimes ambientais. De uma maneira geral, pode-se afirmar que há três grandes 
etapas para a aplicação da pena: inicialmente, é fixada a pena base (art. 59 do 
Código Penal). A partir de então são aplicadas as agravantes e atenuantes 
genéricas e, em seguida, sobre o resultado dessa operação, devem ser 
consideradas as causas de aumento e diminuição de pena. Na segunda etapa deve 
ser estabelecido o regime inicial de cumprimento de pena. Já na terceira etapa 
analisa-se a substituição da pena por restritiva de direitos ou concessão de sursis. 
Para a fixação e a individualização da pena base, o art. 6° prevê critérios 
próprios a serem observados pelo juiz: 
• Gravidade do fato: importante observar que, diferentemente do art. 59 do 
Código Penal (que trata das consequências para a vítima), o inciso I do 
 
2 FREITAS; FREITAS. 2006. p.70. 
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artigo 6° da Lei 9.605/98 determina que seja analisada a gravidade do 
fato para o meio ambiente e para a saúde pública. 
• Antecedentes ambientais do infrator: o juiz analisará se o réu tem bons ou 
maus antecedentes no que se refere ao cumprimento das normas 
ambientais de uma 
• maneira geral, e não apenas em relação às infrações previstas na lei 
9.605/98. Assim, uma autuação administrativa configura maus 
antecedentes ambientais por descumprimento à legislação ambiental, 
apesar de sequer ter sido instaurada ação penal. 
• Situação econômica do infrator, nos casos de pena de multa. 
Vale registrar que os critérios estabelecidos no art. 6° devem ser observados 
juntamente com as regras previstas nos artigos 59 e 60 do Código Penal. 
Uma vez fixada a pena base, deve o juiz analisar as circunstâncias atenuantes 
e agravantes dos artigos 14 e 15 da Lei de Crimes Ambientais. 
São circunstâncias que atenuam a pena, segundo o artigo 14: 
• Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente: trata-se de 
circunstância a ser aferida no caso concreto. Observa-se, no entanto, que 
se o baixo grau de instrução retira a potencial consciência de ilicitude do 
agente, configurar-se-á erro de proibição (artigo 21 do Código Penal). 
• Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do 
dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada: como 
não há disposição expressa sobre o momento do arrependimento, 
entende-se que este pode ocorrer antes ou depois do recebimento da 
denúncia. 
• Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação 
ambiental. 
• Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle 
ambiental. Trata-se, para alguns doutrinadores, de uma espécie de 
delação premiada ambiental. 
As circunstâncias agravantes da pena estão previstas no artigo 15 da Lei de 
Crimes Ambientais, que assim enuncia: 
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou 
qualif icam o crime: 
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I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II - ter o agente cometido a inf ração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução material da inf ração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o 
meio ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do 
Poder Público, a regime especial de uso; 
f ) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; 
n) mediante f raude ou abuso de conf iança; 
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização 
ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas 
públicas ou benef iciada por incentivos f iscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios of iciais das 
autoridades competentes; 
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
 
Releva sublinhar que o inciso I do artigo 15 supratranscrito apresenta a 
"reincidência específica nos crimes de natureza ambiental" como circunstância 
agravante da pena. Cuida-se de reincidência específica em crime ambiental (não 
apenas naqueles previstos na Lei n. 9.605/98, mas em qualquer norma de proteção 
ambiental). O criminoso ambiental só é reincidente, portanto, se tiver condenação 
definitiva anterior por outro crime ambiental, pena de não ser considerado 
reincidente. Segundo Vladimir Passos de Freitas, "se a condenação anterior for por 
outro crime, poderá haver apenas exasperação na dosagem da pena a título de 
antecedente (FREITAS, 2006, p. 298). 
Já a condenação definitiva anterior por crime ambiental seguida de crime 
comum configura reincidência, nos termos do art. 63 do Código Penal. Importante 
salientar ainda que, quando o réu tem condenação definitiva por contravenção 
ambiental e comete crime ambiental,não será reincidente, eis que condenação por 
contravenção não gera reincidência na prática de crime. 
Passada a fase de fixação da pena base, deve ser estabelecido o regime inicial 
de cumprimento de pena para a pessoa física. Observa-se que a Lei n. 9.605/98 não 
apresenta regra específica, pelo que, nesse ponto, aplica - se inteiramente o Código 
Penal. 
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Na terceira etapa deve ser verificada a possibilidade de substituição das penas 
privativas de liberdade por penas restritivas de direitos ou sursis. A teor do artigo 7° 
da Lei de Crimes Ambientais, as penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as privativas de liberdade quando: 
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade 
inferior a quatro anos; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem 
que a substituição seja suf iciente para efeitos de reprovação e prevenção 
do crime. 
 
Dessa forma, se a condenação for por crime culposo ou se for por crime 
doloso, cuja pena aplicada seja inferior a 4 anos, as penas restritivas de direitos 
substituirão as privativas de liberdade. Vale frisar que se a condenação for igual a 4 
anos, não terá o condenado direito à substituição por restritiva de direitos. A lei de 
crimes ambientais traz regra diversa da prevista no Código Penal (art. 44, I), que 
prevê a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos quando a 
condenação é igual ou inferior a 4 anos. 
Observa-se ainda que a pena restritiva de direitos tem a mesma duração da 
pena de prisão substituída (parágrafo único do art. 7°). Essa regra vale para todas 
as penas restritivas de direitos, exceto para a pena de interdição temporária de 
direitos, que já tem sua duração pré-determinada no artigo 10. 
 
1.4 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
Segundo o princípio da insignificância, a lei penal não deve ser aplicada para 
punir as chamadas "ações insignificantes" (sem potencial ofensivo). Trata-se de 
instrumento que leva à atipicidade material. Controversa é a sua aplicabilidade ou 
não aos crimes contra o meio ambiente. 
Primeira corrente: defendida, sobretudo em reiteradas decisões dos Tribunais 
Regionais Federais do País, não é possível a aplicação do princípio da 
insignificância em crimes ambientais, pois toda lesão, por menor que seja, é 
significante por desequilibrar o meio ambiente e provocar o desencadeamento de 
uma série de outros danos ambientais. 
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Esta corrente não admite a aplicação do princípio da insignificância na órbi ta do 
Direito Penal Ambiental porque: 
• é incompatível com o cunho preventivo conferido à tutela penal 
ambiental;68 
• o bem jurídico ambiental é insuscetível, ao menos diretamente, de 
avaliação econômica;69 
• a aplicação do princípio da insignificância na seara ambiental afrontaria os 
princípios da precaução e prevenção; 
• não se pode afirmar que exista um dano ambiental irrelevante, pois 
existem danos ainda desconhecidos pela própria Ciência. 
Segunda corrente: a lei ambiental não deve ser aplicada para punir as 
chamadas "ações insignificantes" (sem potencial ofensivo ao meio ambiente). A 
"Ultima ratio da tutela penal ambiental significa que esta é chamada a intervir 
somente nos casos em que as agressões aos valores fundamentais da sociedade 
alcancem o ponto do intolerável ou sejam objeto de intensa reprovação do corpo 
social." O direito penal deve incidir somente quando as demais instâncias - civil e 
administrativa - se mostrarem insuficientes para coibir a conduta infracional. Para o 
Superior Tribunal de Justiça, "o princípio da insignificância surge como instrumento 
de interpretação restritiva do tipo penal que, de acordo com a dogmática moderna, 
não deve ser considerado apenas em seu aspecto formal, de subsunção do fato à 
norma, mas, primordialmente, em seu conteúdo material, de cunho valorativo, no 
sentido da sua efetiva lesividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal, 
consagrando os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima." (STJ, H 
C 869 1 3/PR, Rei. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 04/08/2008). 
A aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais é, portanto, 
admitida pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme comprovam os julgados a 
seguir. 
"HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO 
PENAL POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. 
INEXISTÊNCIA DE DANO AMBIENTAL PASSÍVEL DE 
ENQUADRAMENTO LEGAL. ACEITAÇÃO DO SURSIS PROCESSUAL. 
ART. 89 DA LEI N.0 9.099/95. RENÚNCIA AO INTERESSE DE AGIR QUE 
NÃO FOI RECONHECIDA PELO STF, QUE DEFERIU ORDEM PARA 
DETERMINAR O EXAME DO MÉRITO PELO STJ. 1. O bem jurídico 
protegido pela lei ambiental diz respeito a áreas cujas dimensões e tipo de 
vegetação efetivamente integrem um ecossistema. A lei de regência não 
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pode ser aplicada para punir insignif icantes ações, sem potencial lesivo à 
área de proteção ambiental, mormente quando o agente se comporta com 
claro intuito de proteger sua propriedade, no caso, com simples levante de 
cerca, em perímetro diminuto, vindo com isso, inclusive, a resguardar a 
própria f loresta nativa. 2. Ordem concedida para trancar a ação penal em 
tela. (STJ, HC 35203/SP, Rei. Min. Laurita Vaz, DJ O 1 /08/2006)" 
"A Lei 9.605/98 objetiva concretizar o direito dos cidadãos ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado e preservado para as futuras gerações, referido 
no art. 225, caput da Constituição Federal, que, em seu § 1°., inciso VII, 
dispõe ser dever do Poder Público, para assegurar a efetividade desse 
direito, proteger a fauna e a f lora, vedadas, na forma da Lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais a crueldade. Dessa forma, para incidir a 
norma penal incriminadora, é indispensável que a guarda, a manutenção 
em cativeiro ou em depósito de animais silvestres, possa, efetivamente, 
causar risco às espécies ou ao ecossistema, o que não se verif ica no caso 
concreto, razão pela qual é plenamente aplicável, à hipótese, o princípio da 
insignif icância penal." (STJ, HC 72234/PE, Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 
DJ 0511112007) 
 
No mesmo direcionamento é a posição do Supremo Tribunal Federal, que já 
teve a oportunidade de se manifestar sobre o rema. 
"CRIME - INSIGNIFICÂNCIA - MEIO AMBIENTE. Surgindo a insignif icância 
do ato em razão do bem protegido, impõe-se a absolvição do acusado." 
(STF, AP 439/SP, Rei. Min. Marco Aurélio, DJe 12.02.2009). 
 
1.5 APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO 
ADMINISTRATIVA DO CRIME AMBIENTAL 
 
O art. 25 da Lei de Crimes Ambientais trata da apreensão do produto e do 
instrumento de infração administrativa ou de crime ambiental, veja: 
Art. 25. Verif icada ainf ração, serão apreendidos seus produtos e 
instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. 
§1º Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo 
tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues 
a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e 
cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. (Redação dada 
pela Lei nº 13.052, de 2014) 
§ 2º Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 
1o deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em 
condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o 
seu bem-estar f ísico. (Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014) 
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados 
e doados a instituições científ icas, hospitalares, penais e outras com f ins 
benef icentes. (Renumerando do §2º para §3º pela Lei nº 13.052, de 2014) 
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruíd os 
ou doados a instituições científ icas, culturais ou educacionais. 
(Renumerando do §3º para §4º pela Lei nº 13.052, de 2014) 
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da inf ração serão vendidos, 
garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos , i ncl usive fo tocópias o u 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
É importante observar que, de acordo com a regra geral do artigo 91 do Código 
Penal, a apreensão dos instrumentos e dos produtos do crime é efeito da 
condenação. Todavia, no caso de infrações relacionadas ao meio ambiente, não se 
espera a condenação do infrator para a realização da apreensão dos produtos e 
instrumentos da infração ou crime ambiental, tendo em vista muitas vezes tratar-se 
de animais ou de produtos perecíveis. Assim, de acordo com o artigo 25 da Lei de 
Crimes Ambientais, os produtos e instrumentos serão apreendidos tão logo 
verificada a infração, dando-se a eles destinação estabelecida nos parágrafos 1 ° a 
5° do mesmo artigo. 
Ainda estabelecendo um paralelo com o Código Penal, verifica-se que o seu 
artigo 91, II, "a'', permite que haja confisco de instrumento de crime como efeito da 
condenação quando o objeto, por si só, é instrumento, ou seja, quando é de fabrico, 
alienação, uso, porte ou detenção ilícitos. Regra diversa é aplicada nos casos de 
infrações ambientais, que permite o confisco de qualquer instrumento utilizado, 
usualmente (e não eventualmente), na prática de infração ambiental, seja lícito ou 
ilícito, como, por exemplo, caminhão que transporta madeira ilegal. O objeto em si 
(caminhão) é lícito, mas se é utilizado usualmente na prática de crime ambiental, 
será confiscado. 
• Apreensão e destinação de animais: 
Os animais silvestres apreendidos serão libertados prioritariamente em seu 
habitat caso se encontrem em condições de ser imediatamente liberados, ou seja, 
sadios e que sua espécie ocorra no local da apreensão.41 Se por questões 
sanitárias tal medida seja inviável ou não recomendável, poderão ser entregues a 
jardins zoológicos, fundações, entidades de caráter cientifico, centros de triagem, 
criadouros regulares ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a 
responsabilidade de técnicos habilitados, podendo ainda, respeitados os 
regulamentos vigentes, ser entregues em guarda doméstica provisória. 
Adverte Milaré que "mesmo na hipótese de não confirmação do auto de 
infração, jamais poderão retornar às mãos do infrator, exatamente por sua natureza 
de res communes omnium." 
Os animais domésticos e exóticos serão apreendidos quando: I) forem 
encontrados no interior de unidade de conservação de proteção integral ou II) forem 
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encontrados em área de preservação permanente ou quando impedirem a 
regeneração natural de vegetação em área cujo corte não tenha sido autorizado, 
desde que, em todos os casos, tenha havido prévio embargo. 
Na segunda hipótese, os proprietários deverão ser previamente noti ficados 
para que promovam a remoção dos animais do local no prazo assinalado pela 
autoridade competente. 
Os animais domésticos ou exóticos apreendidos poderão ser vendidos ou 
doados pela autoridade competente para órgãos e entidades públicas de caráter 
científico, cultural, educacional, hospitalar, penal, militar e social, bem como para 
outras entidades sem fins lucrativos de caráter beneficente. 
Por fim, impende que se sublinhe que o órgão ou entidade ambiental deverá 
estabelecer mecanismos que assegurem a indenização ao proprietário dos animais 
vendidos ou doados, pelo valor de avaliação consignado no termo de apreensão, 
caso esta não seja confirmada na decisão do processo administrativo. 
 
• Produtos perecíveis ou madeiras: 
De acordo com o §3° do artigo 25 da Lei de Crimes Ambientais, tratando-se de 
produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições 
científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. 
Serão consideradas sob risco iminente de perecimento as madeiras que 
estejam acondicionadas a céu aberto ou que não puderem ser guardadas ou 
depositadas em locais próprios, sob vigilância, ou ainda quando inviável o transporte 
e guarda, atestados pelo agente autuante no documento de apreensão. 
• Produtos não perecíveis: 
Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou 
doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. A título de exemplo, são 
considerados produto e subproduto da fauna elementos de origem animal que 
tenham ou não sido beneficiados, alterando ou não suas características, forma ou 
propriedades primárias, como pele, pelo, pena, pluma, osso, chifre, dentre outros. 
Já o produto florestal é aquele que se encontra no seu estado bruto ou in 
natura, na forma de madeira em toras, escoramentos, estacas, mourões, lenha, 
palmito, dentre outros. 
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Por subproduto florestal entende-se aquele que passou por processo de 
beneficiamento como madeira serrada sob qualquer forma, dormentes e postes na 
fase de saída da indústria e carvão vegetal nativo empacotado, na fase posterior à 
exploração e produção. 
• Instrumentos utilizados na prática da infração ambiental: 
Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a 
sua descaracterização por meio da reciclagem quando o instrumento puder ser 
utilizado na prática de novas infrações. 
Os bens sujeitos à venda serão submetidos a leilão, modalidade licitatória 
prevista no §5° do art. 22 da Lei n. 8.666/93. Os custos operacionais de depósito, 
remoção, transporte, beneficiamento e demais encargos legais correrão à conta do 
adquirente. 
De acordo com o artigo 134, IV e V do Decreto n. 6.514/08, os instrumentos 
apreendidos poderão também ser doados ou utilizados pela administração quando 
houver necessidade, conforme decisão motivada da autoridade ambiental. 
Nos casos de doação, é vedada, em regra, a transferência aterceiros, a 
qualquer título, dos animais, produtos, subprodutos, instrumentos, petrechos, 
equipamentos, veículos e embarcações doados. Em situações especiais, todavia, a 
autoridade ambiental poderá autorizar a transferência a terceiros dos bens doados 
quando tal medida for considerada mais adequada à execução dos fins institucionais 
dos beneficiários. 
 
1.6 TUTELA PROCESSUAL PENAL: COMPETÊNCIA 
 
A competência, como regra geral, será determinada pelo lugar da infração, pelo 
domicílio ou residência do infrator, pela natureza da infração, pela distribu ição ou 
pela conexão ou continência (art. 69 do CPP). A competência pelo lugar da infração 
será determinada no local onde se consumar a infração ambiental. Se o crime for 
tentado, será no local onde se deu o último ato de execução (art. 70, caput, do 
CPP). Se incerto o limite jurisdicional entre duas ou mais jurisdições ou incerta a 
jurisdição, a competência se dará pela prevenção (art. 70, § 3º, do CPP). A 
competência, por outro lado, poderá ser fixada pelo domicílio ou residência do réu 
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(art. 72 do CPP) ou em razão da matéria entre as justiças estadual ou Federal (art. 
74 do CPP). 
A competência ambiental será determinada em razão da matéria. Assim, 
compete tanto à Justiça Federal como à justiça estadual processar e julgar esses 
crimes. A competência da Justiça Federal está prevista na própria Constituição. 
Compete, dessa forma, aos “juízes federais processar e julgar os crimes políticos e 
as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços e interesse da União 
ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral” 
(art. 109, IV, da CF). Também “serão processadas e julgadas na justiça estadual, no 
foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem partes 
instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede 
de vara de juízo federal, e, verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras 
causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual” (art. 109, § 3º, 
da CF). 
Antes do advento da Lei Ambiental, a maioria das infrações criminais existentes 
nas legislações esparsas consistia em meras contravenções penais. Essas infrações 
ficaram expressamente excluídas da competência da Justiça Federal, 
independentemente de o crime ter sido cometido em detrimento de bens, serviços 
ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. 
Ressalvou esse dispositivo constitucional a possibilidade de lei infraconstitucional 
delegar a competência de outras causas à justiça estadual. Contudo, não se poderia 
diminuir a competência estadual. Fato que levou o Presidente da República a vetar o 
parágrafo único do art. 26 da LA, que excluía a possibilidade de a justiça estadual 
atuar no processo e julgamento dos crimes ambientais, a despeito de haver no local 
da vara da Justiça Federal. Se assim permanecesse, esse parágrafo seria 
considerado inconstitucional, uma vez que partia do pressuposto de que todos os 
crimes previstos na lei seriam de competência da Justiça Federal. 
Vê-se, pois, que a competência da Justiça Federal está adstrita ao interesse 
público de natureza federal. Dessa forma, o delegado de polícia e o promotor de 
justiça poderão o primeiro instaurar e o segundo requisitar inquérito policial visando 
a apuração de crime de natureza ambiental, se na localidade não houver sede da 
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Polícia Federal e nem da Justiça Federal. Concluído o investigatório, aí sim este 
deverá ser enviado à Justiça Federal. 
Há ainda muitas questões polêmicas sobre competência que deverão ser 
dirimidas pela jurisprudência. Mas a competência, em regra, para processar e julgar 
ilícitos penais contra a flora, será da Justiça Federal, se a unidade de conservação 
pertencer à União, ou da justiça estadual, se dos Estados e Municípios. 
Já a competência para processar e julgar crimes contra a fauna era da União, 
nos termos do art. 1º da Lei n. 5.197, de 3 de janeiro de 1967. Com o cancelamento 
da Súmula 91, do STJ, a competência passou a ser também da Justiça Comum dos 
Estados. Édis Milaré entende que “À Justiça Estadual, portanto, estão hoje afetos o 
processo e o julgamento dos atentados, envolvendo a fauna brasileira” (MILARE, 
2018, 1140). 
No entanto, a competência para apreciar crimes contra a pesca predatória 
poderá ser da justiça local ou Federal. Isso dependerá do interesse da União no 
caso e da época em que tenha sido realizada a pesca. Ainda: a competência para 
julgar o crime de poluição é da Justiça Federal ou Estadual, conforme o caso. Cada 
caso deverá ser analisado concretamente. Isso dependerá da extensão dos danos 
causados ao meio ambiente (local, regional, nacional ou internacional) e de quem for 
o sujeito passivo mediato (União, Estados, Municípios, Distrito Federal e 
particulares), respeitada a competência determinada pelo art. 109, IV e § 3º, da CF. 
A competência para processar e julgar os crimes contra o patrimônio cultural 
será da Justiça Federal, se o patrimônio pertencer à União, e da justiça estadual, se 
dos Estados ou dos Municípios. Por fim, o julgamento dos crimes contra a 
administração ambiental será da Justiça Federal, se se tratar de funcionário público 
federal e, da justiça estadual, se se tratar de funcionário público estadual. 
Aplicam-se, em primeiro lugar, as regras previstas na Constituição Federal e, 
subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal. Nada impede 
também que os órgãos dos Ministérios Públicos federal e estadual atuem 
conjuntamente em havendo interesse da União e do Estado federado. O Ministério 
Público estadual tem legitimidade para atuar na hipótese de degradação ou poluição 
de um rio interestadual (STF, 1ª T., HC 92.921-4/BA, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski). 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 “Com o advento da Lei n. 9.605/98, que dispõe sobre os crimes ambientais , 
mas não estabelece onde tramitarão as respectivas ações penais, a 
def inição da competência se dá com a verif icação da existência, na prática 
tida como delituosa, de lesão a bens, serviço ou interesse da União, com 
aplicação do contido no art. 109, IV, da CF” (STJ, HC 31.109/MG, 6ª T., rel. 
Min. Paulo Gallotti, j. 25-6-2004, DJ de 26-3-2007, p. 285). 
“Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento de feito que visa a 
apuração de possível crime ambiental, consistente na prática, em tese, de 
guarda de animal silvestre previamente abatido, quando não restar 
demonstrada a existência de eventual lesão a bens, serviços ou interesses 
da União, a ensejar a competência da Justiça Federal” (STJ, CComp 
34.730/SP, 3ª T., rel. Min. Gilson Dipp, j. 22-5-2002, DJU de 17-6-2002, RT 
805/549). 
 “Esta colenda CorteSuperior de Justiça já decidiu que inexistindo, em 
princípio, qualquer lesão a bens, serviços ou interesses da União (art. 109 
da CF), afasta-se a competência da Justiça Federal para o processo e o 
julgamento de crimes cometidos contra o meio ambiente, aí compreendidos 
os delitos praticados contra a fauna e a f lora” (STJ, REsp 675.075/PA, 5ª T. , 
rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, j. 7-12-2004, DJU de 14-2-2005, RT 
836/514). 
 “O critério de def inição da competência da Justiça Federal está ligado a 
questões que poderiam afetar interesses federais, englobando, neste 
conceito, o estabelecido pela Constituição Federal, no art. 109, IV, 
competindo-lhe, assim, o julgamento das inf rações penais perpetradas em 
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas” (STJ, HC 47.364/SC, 6ª T., rel. Min. 
Hélio Quaglia Barbosa, j. 4-4-2006, DJ de 4-9-2006, p. 331). 
 “Em sendo a proteção ao meio ambiente matéria de competência comum 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e inexistindo, 
quanto aos crimes ambientais, dispositivo constitucional ou legal expresso 
sobre qual a Justiça competente para o seu julgamento, tem-se que, em 
regra, o processo e julgamento dos crimes ambientais é de competênc ia da 
Justiça Comum Estadual. Inaplicabilidade da Súmula 91/STJ, após o 
advento da Lei n. 9.605/98. Cancelamento da Súmula na Sessão de 8 de 
novembro de 2000. ‘São bens da União: os lagos, rios e quaisquer 
correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um 
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território 
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as 
praias f luviais’ (art. 20, III, da CR)” (STJ, CComp 35.058/SP, 3ª S., rel. Min. 
Hamilton Carvalhido, DJU de 19-12-2002, Revista IOB de Direito Penal e 
Processual Penal, n. 18, p. 130; STJ, CComp 2002.0040.6898/SP, 3ª S., rel. 
Min. Hamilton Carvalhido, j. 12-6-2002, DJ de 19-12-2002, p. 328). 
 
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 
REIS, Heloiza Beatriz Cruz dos. Os impactos da globalização sobre o meio 
ambiente: uma introdução à análise da comunicação social. Contemporânea. n. 
4. 2005.1. 
CARNEIRO, L.; LANGONI, R. A viabilidade da tutela penal ambiental. Tribuna 
Virtual. Ano 01. Ed. n. 5. Jun. 2013. 
 
 
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CAPÍTULO 2 - ASPECTOS GERAIS DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS – LEI N. 
9.605/98 
 
2.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 
 
2.1.1 Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado como Direito 
Fundamental da Pessoa Humana 
O direito ao meio ambiente equilibrado está expresso na Constituição Federal 
no art. 225. É compreendido como direito fundamental que o homem tem “à 
liberdade, à igualdade, e ao desfrute de adequadas condições de vida em um meio 
cuja qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar e tem a 
solene obrigação de proteger e melhorar esse meio para as gerações presentes e 
futuras". Foi declaradamente reconhecido como direito humano pela Declaração de 
Estocolmo das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano de 1972 e reafirmado pela 
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992. 
Embora não componha o título dos direitos e garantias fundamentais isso não 
lhe retira a posição jusfundamental, independentemente da topologia ocupada. 
O princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental 
da pessoa humana também está contemplado nos arts. 2° e 4° da Lei n. 6.938/81. 
O reconhecimento do meio ambiente saudável como direito fundamental da 
pessoa humana está diretamente ligado ao princípio do mínimo existencial 
ecológico, que apregoa condições mínimas de preservação dos recursos naturais 
para a sobrevivência de todas as espécies vivas do planeta. A existência humana 
dependeria, assim, de condições ambientais mínimas necessárias à vida. 
 
2.1.2 Princípio da Prevenção e Precaução 
A ideia de que é melhor prevenir os danos ambientais do que remediá-los é a 
concepção que envolve os princípios da prevenção e da precaução. São esses os 
dois princípios basilares do direito ambiental na atualidade. Embora alguns tratem 
estes princípios como sinônimos, é preciso dizer que cada um deles possui 
características que os individualiza. 
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O princípio da prevenção destaca como prioridade as medidas que previnam (e 
não simplesmente reparem) a degradação ambiental. O propósito é evitar que o 
dano possa chegar a produzir-se e, portanto, é preciso que medidas preventivas 
sejam adotadas. Ainda assim, este princípio não é aplicado em qualquer situação de 
perigo de dano, pois se apoia na certeza científica do impacto ambiental de 
determinada atividade. 
Ao se conhecer os impactos sobre o meio ambiente, impõe-se a adoção de 
todas as medidas preventivas hábeis a minimizar ou eliminar os efeitos negativos de 
uma atividade sobre o ecossistema. Caso não haja certeza científica, o princípio a 
ser aplicado será o da precaução. 
O princípio da prevenção é o fundamento, por exemplo, do Estudo de Impacto 
Ambiental - E.I.A. - (art. 225, § 1°, inc. IV, da CF) realizado pelos interessados antes 
de iniciada uma atividade potencialmente degradadora do meio ambiente, entre 
outras medidas preventivas a serem exigidas pelos órgãos. O princípio da 
precaução consiste em uma garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com 
o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda iden tificados. 
Só é reconhecido como princípio autônomo no âmbito internacional na 
Segunda Conferência Internacional sobre proteção do Mar do Norte no ano de 1987. 
Seu fortalecimento veio a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o 
Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. 
Para o princípio da precaução, no caso de ausência da certeza científica 
formal, a existência do risco de um dano sério ou irreversível requer a 
implementação de medidas que possam prever, minimizar e/ou evitar este dano. 
Com o fim de proteger o meio ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o 
critério da precaução de acordo com suas capacidades. Quando haja perigo de dano 
grave e irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser u tilizada 
como razão para postergar a adoção de medidas eficazes para impedir a 
degradação do meio ambiente. 
Este princípio tem sido muito utilizado em ações civis públicas, seja requerendo 
a paralisação de obras, seja requerendo a proibição de explorações que possam 
causar, ainda que hipoteticamente, danos ao meio ambiente. Ainda assim, a 
aplicação do princípio da precaução deve ainda limitar-se aos casos de riscos 
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graves e irreversíveis, e não a riscos de qualquer natureza (o que inviabilizaria o 
próprio desenvolvimento científico e econômico). 
Em suma, o princípio da precaução traz na sua essência uma

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