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TEORIAS DO DOLO

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TEORIAS DO DOLO: diversas teorias tentaram explicitar a definição de dolo, como as teorias da vontade, da representação ou do consentimento.
Teoria da vontade: dolo é a vontade em praticar uma ação para causar determinado resultado. Dessa forma, não basta ter o resultado como provável ou possível, é necessário que ele tenha sido desejado pelo agente.
 Teoria da representação: para a configuração do dolo, basta a previsão de um resultado como certo ou provável de ocorrer, isto é, representa a simples probabilidade de ofensa a um bem jurídico penalmente protegido. Trata-se, na verdade, de simples antecipação mental do resultado.
Teoria do consentimento ou assentimento: Configura-se o dolo quando há consentimento na ocorrência do delito ou, ainda, assunção do risco de produzir determinado resultado.
 O dolo no Código Penal: 
Art. 18 – Diz-se crime
I - Doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
 OBS: o Código Penal adotou a teoria da vontade em relação ao dolo direto e a teoria do consentimento no tocante ao dolo eventual.
 ELEMENTOS DO DOLO: o dolo é a consciência e a vontade de realizar a infração penal, ou seja, compõe-se de um elemento cognitivo, que é a consciência, e de um elemento
volitivo, caracterizado pelo desejo em cometer o delito.
Elemento cognitivo ou intelectual – consciência: para a configuração do dolo, exige-se previsão ou representação daquilo que se pretende praticar. Tal previsão significa o conhecimento, pelo autor do delito, de todos os elementos que integram o tipo penal, bem como a consciência em realizá-los.
Elemento volitivo – vontade: a configuração do dolo exige a vontade (o querer) em realizar a ação/omissão para atingir determinado resultado. A vontade pressupõe a possibilidade de influir no curso causal, uma vez que tudo o que estiver fora do âmbito de atuação concreta do agente pode ser desejado ou esperado, mas não significa querer realizá-lo.
OBS. A caracterização do dolo exige a cumulação da vontade e da consciência.
ESPÉCIES DE DOLO:
 Dolo direto: há dolo direto quando o agente almeja alcançar um resultado e, para tanto, escolhe os meios adequados e admite os efeitos que podem advir de sua conduta.
Dolo direto de primeiro grau: quando o agente pratica um ato dirigido tão somente àquele que pretende atingir, ou seja, pratica atos tendentes a alcançar o fim perseguido, abrangendo, assim, os meios propostos. Exemplo: o agente desfere uma facada em outrem com o intuito de matá-lo.
Dolo direto de segundo grau: ocorre quando o agente direciona sua ação àquele que pretende atingir, mas, ao escolher os meios necessários para atingir o resultado, assume também seus efeitos colaterais. Exemplo: o agente pretendendo matar uma determinada pessoa, coloca uma bomba em um avião que a conduziria a um determinado lugar, matando várias pessoas que estavam ao redor da vítima visada. Nesse caso o agente age com dolo direto de primeiro grau em relação à vítima visada e com dolo direto de segundo grau em relação as demais pessoas atingidas.
Dolo eventual: ocorre quando o agente, embora não queira diretamente o resultado, aceita sua ocorrência como possível ou provável, ou seja, assume o risco de produzi-lo. Para que seja configurada essa modalidade dolosa, é indispensável a presença, no caso concreto, da consciência e vontade em produzir o resultado.
Culpa consciente: ocorre quando o agente, embora preveja o resultado, confia que é capaz de evitar que ele ocorra. Há em comum entre eles a previsão do resultado, mas, enquanto no dolo eventual o agente anui com o advento do resultado e assume o risco de produzi-lo, na culpa consciente o sujeito tem convicção de que não haverá superveniência do resultado, contudo, avalia mal e age, causando o resultado.
Diferença entre Dolo Eventual e Culpa Consciente:
Na culpa consciente, o agente, embora prevendo o resultado, acredita na sua não-ocorrência. O resultado previsto não é querido, nem assumido pelo agente, o agente acredita que pode evitar o resultado, por meio de suas habilidades.
No dolo eventual, embora o agente não queira diretamente o resultado, assume o risco de vir a produzi-lo. O agente não quer produzir o resultado, mas, se este vier a acontecer, pouco importa, ou seja, o agente é indiferente ao resultado.
 
	
	Dolo Direto
	Dolo Eventual
	Culpa Consciente
	Culpa Inconsciente
	 
	Prevê o resultado.
	Prevê o resultado.
	Prevê o resultado.
	Não prevê o resultado (que era previsível).
	 
	Deseja o resultado previsto e age para isso.
	Assume o risco do resultado, apesar de não querer que aconteça.
	Acredita que o resultado não irá acontecer, ou que poderá ser evitado.
	Não imagina que determinado resultado possa acontecer.
 
OBS-1. O sujeito que ingere bebida alcoólica ou outras substâncias entorpecentes, ou que conduz seu veículo acima da velocidade máxima permitida na via, assume o risco da produção do resultado, agindo com dolo eventual, ou confia na sua perícia a ponto de evitar o resultado, atuando com culpa consciente?
No Supremo Tribunal Federal há divergência a respeito. A Ministra Carmen Lucia entendeu no julgamento do HC 107801 que somente a embriaguez preordenada leva ao dolo eventual. Já o Ministro Ricardo Lewandowski no HC 115352 entendeu que o fato de o agente imprimir alta velocidade estando embriagado pode levar ao reconhecimento do dolo eventual, desde que demonstrada a aparente indiferença em relação ao resultado lesivo.
 OBS-2. É necessária a análise do caso concreto para determinar a responsabilização a título de dolo eventual ou a culpa consciente, pois não é possível a existência de decisões preestabelecidas que desprezem as peculiaridades de cada caso.
Dolo genérico: é aquele já visto até o momento, consubstanciado na consciência e vontade de praticar o delito. Exemplo: Homicídio (art. 121 do CP).
Dolo específico: é aquele em que, além do dolo genérico, também há uma finalidade específica. Exemplo: Art. 159 do CP – “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”.
Dolo geral: ocorre quando o agente pratica uma ação e supõe erroneamente ter alcançado o resultado. Ocorre que, para encobrir o resultado, realiza nova ação, a qual, de fato, é a responsável pelo resultado lesivo. Um exemplo é de um sujeito que, após golpear outrem, atira o corpo em um rio. Com a autópsia, descobre-se que a morte adveio do afogamento, e não das lesões praticadas. O erro quanto ao nexo causal não influi na imputação do agente.
Dolo alternativo: o agente imagina uma pluralidade de resultados e dirige sua conduta à realização de qualquer um deles (Exemplo: o sujeito deseja praticar lesão corporal ou homicídio).
Dolo cumulativo: o agente pretende alcançar dois resultados, cuja lesão refere-se ao mesmo bem jurídico penalmente protegido (Exemplo: o sujeito deseja ferir e depois matar).
 
dolo natural: é a análise puramente da consciência e vontade, integrantes do tipo penal (defendida pelos finalistas, que propuseram a transposição da análise do dolo e da culpa da culpabilidade para o tipo penal). 
Dolo normativo: compreende a consciência, a vontade e a consciência da ilicitude, cuja análise é feita na culpabilidade. É uma teoria adotada pelo sistema clássico e não possui grande aceitação no Brasil.
 Dolo antecedente: é aquele que existe antes de iniciada a execução do crime. É indiferente para o Direito Penal, eis que o dolo deve ser atual. 
Dolo concomitante: é aquele que existe no momento da execução do crime. É punível para o Direito Penal.
Dolo subsequente: é aquele que existe posteriormente à prática criminosa. Não é punível para o Direito Penal, pois o dolo deve ser atual

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