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Indaial – 2021 GESTÃO DE PESSOAS, RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Prof. Susan Renée Klein 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. Susan Renée Klein Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: APRESENTAÇÃO O que as palavras acolhimento, empatia, respeito, tecnologia e inovação representam para você? Você conseguiria pensar nas relações humanas sem estes conceitos? Acredite a história nos mostra que em diversas situações, foram necessárias algumas interferências para que o sentimento de empatia voltasse a figurar entre as relações humanas. Iniciamos agora um passeio prazeroso através da modernidade que a cada dia se insere nas práticas dos Recursos Humanos e seu potencial na vida das organizações e da sociedade contemporânea, vamos encarar essas tecnologias e metodologias de gestão como mais uma ferramenta de auxílio a diversos processos, sejam eles educacionais/treinamentos, ou processos de gestão, convivência, de ensino-aprendizagem ou mesmo de desenvolvimento de relacionamentos saudáveis no ambiente organizacional, passando também por situações históricas do passado para compreendermos a base de alguns paradigmas que insistem em acompanhar alguns processos que ainda figuram em algumas corporações. Pense um pouco no seu dia a dia, em casa, nos estudos, no trabalho, perceba como novidades em Tecnologia de Informação e Comunicação se aliam a atividades corriqueiras, que vão desde complexos bancos de dados e sistemas corporativos até aplicativos que buscam simplesmente conectar pessoas, tais implementos potencializam o que hoje é chamada de Sociedade da Informação ou a Sociedade em Rede (CASTELLS, 1999). Já percebeu quantas mudanças? E quanto estas trouxeram para o tecido social novas formas de ação, pensamento e novas ferramentas e práticas comunicacionais? Também já parou para pensar o quanto nosso cotidiano se altera a cada dia de forma tão fluída que nem ao mesmo nos damos conta? Hoje, são inúmeras as formas de se relacionar, gerir pessoas e adquirir conhecimento, o acesso a milhares de dados de diversos níveis de complexidade nos atiram em um mar de informações, que podem estar próximas, em língua nativa, ou ainda do outro lado do globo, em outros idiomas que podem prontamente passar por um tradutor eletrônico. Quem diria que há cerca de cinquenta anos atrás ninguém imaginaria que jornais e revistas, com o passar do tempo, deixariam de ser impressos e se converteriam em versões online, que o aparelho telefônico incluiria também gravador, câmera fotográfica, filmadora, e seria até mesmo instrumento de trabalho e processamento de dados, que todos os nossos documentos estariam guardados em algo chamado ‘Nuvem’ e que até mesmo o ato de assistir TV iria se reconfigurar para telas de smartphones e computadores, e mais ainda, que a própria TV se transformaria em streaming. No mundo corporativo essas mudanças também acontecem a passos rápidos e nos deixam admirados, a automatização de processos de Recursos Humanos, Administração, Marketing, Logística e tantos outros segmentos passam por sistemas complexos compartilhados, gestão eletrônica de documentos, trabalho remoto via Home Office e uma integração entre áreas que vão desde as mais administrativas, passando pelas áreas operacionais e encontrando as áreas de tecnologia, todas trabalhando juntas, em sinergia na busca de agregar valor estratégico para clientes e demais parceiros, a busca por redução de custos, automatização de tarefas, mensuração de resultados, aceleração de processos e simplificação de atividades já é uma realidade nos sistemas corporativos de gestão, que buscam aperfeiçoar cada vez mais os seus processos. Anuncia-se então uma nova era na gestão de pessoas, uma era em que nós seres humanos estamos convivendo de maneira íntima com processos automatizados e inteligentes, mas mais do que isso, estamos em simbiose com esses processos, imersos cada vez mais nos ambientes online e seu potencial como ferramentas de gestão. Seja bem-vindo a disciplina de Recursos Humanos. Esperamos muito que aprecie todo o conteúdo que preparamos para você e desejamos bons estudos. Nuvem: Define-se o armazenamento em nuvem no ato de armazenar arquivos em um local externo a sua máquina, através da internet (COSTA, 2020). Streaming: Tecnologia capaz de transmissão de dados pela internet sem a necessi- dade de o conteúdo ser baixado no computador (COSTA, 2020). NOTA Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE SUMáRiO UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos ........................................................................................................................................ 11 TÓPICO 1 Gestão de Pessoas ............................................................................................................ 13 TÓPICO 2 Indicadores de RH ........................................................................................................... 21 TÓPICO 3 O RH moderno e as Soft Skills ....................................................................................... 36 RESUMO .............................................................................................................................................. 41 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 42 UNIDADE 2 Competências do profissional de Recursos Humanos ........................................... 45 TÓPICO 1 A relação entre tempo e trabalho .................................................................................. 48 TÓPICO 2 Competências de um gestor de recursos humanos .................................................... 53 TÓPICO 3 Aplicabilidade de dados e o gestorde recursos humanos ........................................ 63 TÓPICO 4 Áreas de atuação do RH ................................................................................................. 82 TÓPICO 5 A excelência em Recursos Humanos ............................................................................ 84 RESUMO .............................................................................................................................................. 87 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 88 UNIDADE 3 Planejamento estratégico, processos, seleção e socialização em Recursos Humanos .............................................................................................................................................. 89 TÓPICO 1 Planejamento estratégico em recursos humanos ........................................................ 91 TÓPICO 2 Processos de recrutamento de pessoal ......................................................................... 95 TÓPICO 3 Processo de seleção de pessoas .................................................................................... 102 TÓPICO 4 O RH e o trabalho remoto ............................................................................................ 107 TÓPICO 5 Socialização do novo colaborador ............................................................................... 112 RESUMO ............................................................................................................................................ 118 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 119 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 123 11 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos UNIDADE 1 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – Gestão de pessoas TÓPICO 2 – Indicadores de RH TÓPICO 3 – O RH moderno e as Soft Skills A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Analisar o meio ambiente empresarial e identificar os formatos de gestão de recursos humanos vigentes na empresa; • Extrair o essencial para o desenvolvimento de pessoas e equipes de trabalho; • Reconhecer a importância da interpretação de dados para facilitar processos de tomada de decisões em todas as etapas de trabalho do setor de recursos humanos; • Analisar e definir o posicionamento das linhas de atuação do novo setor de recursos humanos nas empresas contemporâneas. 12 Iniciando nossa caminhada, não podemos nos furtar de observar a força das tecnologias da informação que têm provocado inúmeras modificações no cotidianos de pessoas e empresas, essas mudanças não são de hoje, um grande salto nas tecnologias digitais se deu principalmente a partir do final da Segunda Guerra Mundial, afetado diversas camadas da vida social, e com o passar dos anos foi cada vez mais afetando como nos relacionamos, como aprendemos e como consumimos informação, o mercado, em seus inúmeros segmentos obviamente não ficaria alheio a tantas mudanças, pois sendo um ente que rapidamente se adapta, se reinventa e oferece alternativas, o mundo das organizações certamente não demoraria para incorporar e escalar tais mudanças na busca por produtividade e vantagem competitiva. E o setor de Recursos Humanos certamente não ficaria alheio a esse grande quadro de mudanças. Hoje, um prestador de serviço mediano que no passado estava condicionado a realizar sua atividade apenas em sua localização geográfica próxima pode, através das redes, prestar serviços a qualquer organização em qualquer parte do mundo. Serviços como contabilidade, administração, recursos humanos, marketing, tecnologia da informação, dentre outros não trabalham mais com fronteiras, aproximando indivíduos de organizações e vice-versa, isso dinamiza a economia mundial e, quanto maior a troca de serviços e informações em nível global, mais poder recebem seus protagonistas, os grandes e tradicionais atores do mercado representados por empresas centenárias e sólidas irão cada vez mais dividir espaço com novos protagonistas que estarão no jogo graças a força da comunicação digital. Devemos mais do que nunca pensar no papel da Gestão de Pessoas nesse processo. Obviamente a realidade empresarial acompanha essas mudanças, pois esse cenário globalizado implica em aumento significativo de competitividade, não apenas entre os já citados tradicionais concorrentes representantes de organizações gigantescas e tradicionais, mas com os novos entrantes do mercado, de diversos portes e potencialidades, profissionais cada vez mais trabalham de suas casas, criam novos empreendimentos e cresce o número de prestadores de serviços independentes, o cenário das relações de trabalho muda, novas profissões surgem, novos nichos se abrem, e a Gestão de Pessoas precisa rapidamente se adaptar a essa nova realidade e absorver as novas demandas. Vamos então conhecer mais desse cenário que muda tão rapidamente e o que a Gestão de Pessoas pode fazer para contribuir com a modernidade do trabalho. 13 UNIDADE 1 Gestão de Pessoas TÓPICO 1 Chegou o momento de explorarmos um pouco mais o setor de recursos humanos e seus derivados, vamos entender um pouco de sua origem, aplicações e fundamentos. Essa introdução é necessária para que possamos mais tarde em nossos estudos realizar algumas ligações com os novos paradigmas em processos de RH que envolvem questões de Tecnologia da Informação e nova práticas, para que possamos estabelecer relações entre novos processos e sua área de aplicação, no caso, a área de recursos humanos. Então sem maiores delongas, vamos lá nos aventurar pelas paisagens da Gestão de Pessoas. A Gestão de Pessoas, teve seu início paralelamente ao crescimento da sociedade, sempre que existirem relações de trabalho entre um ou mais indivíduos, existe a necessidade de alguma forma de regulação, mas vista como uma área ligada a administração de organizações, sua história é bem mais recente, até o final do Século XVIII, no início da Revolução Industrial até meados do Século XX (ou final do século XIX) a produção era em sua maioria, artesanal, ou seja, existia um indivíduo ou alguns indivíduos trabalhando em um pequeno local, com a chegada da já citada Revolução Industrial esse quadro começou a mudar, a história da humanidade começou a presencias grandes aglomerados pessoas em um mesmo local de trabalho, sob a tutela de um único empregador. Esse novo contexto criou ao longo do Século XIX, inciativas que visavam organizar o trabalho desses indivíduos, no início era o próprio dono da empresa ou capatazes selecionados por ele que cuidavam de tarefas como recrutamento, seleção, pagamentos, mas com a aproximação do Século XX, por volta de 1890 novas iniciativas foram surgindo e se tornando mais completas nesse sentido, e é nesse período grande parte dos estudiosos da Gestão de Pessoas entende seu início de forma mais institucional. Ainda não havia um termo que definisse essa atividade, historicamente a Gestão de Pessoas foi ocorrendo de formas variadas de acordo com os países e as organizações, mas três grandes períodos se destacam: o das Relações Industriais, da Administração de Recursos Humanos e da Gestão de Pessoas. Revolução Industrial: Período marcado por grande desenvolvimento tecnológico industrial ocorrido na Inglaterra a partis da segunda metade do Século XVIII. NOTA UNIDADE 1 Introduçãoà Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos 14 A primeira fase, das Relações Industriais, se verifica a partir da segunda metade do século 19 até a Segunda Guerra Mundial, quando se dá o surgimento dos primeiros Departamentos Pessoais com o desenvolvimento do conceito de centralizar atividades como a contratação, pagamento e demais registros funcionais, também já aparecem iniciativas de bem-estar no ambiente de trabalho, tais como salas de recepção, centros médicos, livrarias, locais de descanso dentre outros. Na virada do século houve grande influência dos escritos de Taylor, Fayol e Weber, que destacaram em suas obras fatores como a eficiência, a autoridade e o mecanicismo. Com a Primeira Guerra Mundial, por força da produção capitaneada pelo esforço de guerra, uma ênfase muito forte em processos de seleção, estudo da fadiga e aumento da produtividade ganham espaço, durante a crise de 1929 nos EUA, chamada de Grande Depressão, com repercussões em todo o planeta uma série de medidas implicando corte de gastos e corte de benefícios repercutem negativamente na visão popular sobre os profissionais de Gestão de Pessoas, que eram vistos como meros ‘carrascos’ do trabalhador. Para retomar a economia, o governo americano programa o New Deal fortemente influenciado pelo keynesianismo, nessa época emergiu uma forte movimentação sindical, o que resgatou em parte a credibilidade dos Departamentos Pessoais, que passaram a negociar em nome das empresas, as demandas e exigências colocadas pelos sindicatos. A segunda fase, Administração de Recursos Humanos foi do início da Segunda Guerra Mundial até meados da década de 80. Com o advento de uma nova Guerra Mundial, mais uma vez é necessário o desenvolvimento de técnicas mais aprimoradas de recrutamento, treinamento e avaliação de desempenho e benefícios, o que ajudou a resgatar mais um pouco o prestígio e a expansão da área de Gestão de Pessoas, some-se a isso estudos da psicologia, das teorias Segunda Guerra Mundial: Foi um grande conflito militar em escala global que durou de 1939 a 1945. Taylor: Frederick Winslow Taylor influenciou o mercado com sua obra "Os Princípios da Administração Científica", publicado em 1911. Fayol: Jules Henri Fayol foi um dos teóricos clássicos da ciência da administração, fundou a teoria clássica da administração e sua maior obra foi: Administração Industrial e Geral, de 1916. Weber: Max Weber foi o criador da Teoria Burocrática da Administração, estudo fundamental para o desenvolvimento das teorias posteriores da Administração. Primeira Guerra Mundial: Conflito em escala global ocorrido principalmente na Europa de 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. New Deal: Foi uma série de programas desenvolvidos nos EUA entre 1933 e 1937, durante o governo de Franklin Delano Roosevelt, cujo o objetivo foi de recuperar e reformar a economia norte-americana após a Grande Depressão. Keynesianismo: Teoria de revisão liberal que defende que o Estado poderia intervir na economia quando necessário, afim de evitar uma retração econômica. NOTA Gestão de Pessoas 15 organizacionais, a sociologia e a chamada nova administração, essa produção científica contribuiu para uma maior atenção e entendimento da relação entre pessoas em ambiente do trabalho. Marcando uma fase de mais pesquisas e experimentos nesse campo. A terceira fase, a partir da década de 80 marca uma atenção maior na Gestão de Pessoas sob forte influência do aumento da administração estratégica volta-se aos poucos para estratégia e flexibilidade, considerando as características pessoais do indivíduo, como seus conhecimentos, habilidades, e atitudes, o que implicou em um novo papel que paulatinamente vinha sendo desempenhado pela área de gestão de pessoas que passa a exercer mais atividades de consultoria a gerentes e colaboradores, e não apenas atividades operacionais. As pesquisas na área continuaram crescendo e aos poucos originando novos modelos, como a gestão por competências, práticas de trabalho de alto desempenho, arranjos flexíveis de trabalho, preocupações com a qualidade de vida do colaborador e preocupações com a ética, a Gestão de Pessoas foi se consolidando como um campo de estudos e de prática profissional, mudando as configurações nas relações empregado e empregador. Pensando a Gestão de Pessoas Quando o assunto é a gestão de pessoas, não há exatamente um consenso, mas podemos trabalhar com uma definição mais genérica: a de que trata-se de função administrativa que permite sistemas de colaboração eficazes para que pessoas trabalhem em prol dos objetivos organizacionais de uma organização, para que possamos compreender melhor esse conceito, vamos realizar um exercício de imaginação, pensemos em um restaurante, desses que temos perto do trabalho, onde almoçamos todos os dias, para seu bom funcionamento, os funcionários irão desempenhar tarefas específicas, como por exemplo, o garçom, a equipe de cozinheiros, o pessoal da limpeza, o caixa, e para que essa equipe possa trabalhar adequadamente, algumas decisões são necessárias em relação a isso, então vamos continuar nosso exercício: como encontrar essas pessoas no mercado? Como se determina quem atende melhor ao perfil que estou buscando? Qual será a política de remuneração? Como posso mensurar e avaliar o trabalho realizado? Como construir um bom relacionamento dentro da empresa? Como capacitar a equipe? São justamente as técnicas de Gestão de Pessoas que irão oferecer as respostas para essas questões, alguns dos principais processos que podem nortear uma boa gestão de sua equipe e consequentemente seu modelo de negócio são: • Desenho de cargos - trata da decisão das funções necessárias em uma organização e pré-requisitos exigidos para que se ocupem as referidas funções; UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos 16 • Carreiras – uma extensão do desenho de cargos, e referencia as políticas de crescimento, de progressão do colaborador dentro da organização; • Recrutamento e seleção – como encontrar os perfis condizentes com as funções, tanto fora quanto no interior de uma organização, e dentro de um grupo de candidatos com encontrar a pessoa mais qualificada; • Avaliação de desempenho – como avaliar o cumprimento das metas estabelecidas e a performance do funcionário; • Treinamento e desenvolvimento - refere-se a programas de educação e treinamento nas organizações, durante uma nova contratação ou ainda ao longo da carreira em uma empresa, os funcionários têm a necessidade de aprimorar conhecimentos e desenvolver novas habilidades para desempenhar melhor seu papel, ou ainda galgar uma nova posição. • Qualidade de vida no trabalho - como trabalhar o ambiente e as relações de trabalho e interpessoais na organização proporcionando mais satisfação e consequentemente produtividade; • Remuneração e benefícios – aqui nos referimos a políticas de remuneração, benefícios, análise das mesmas práticas pela concorrência, eventuais planos de saúde, odontológicos, vale-refeição, vale-transporte, participação nos lucros Executar cada um desses processos engloba uma série de práticas que existem para auxiliar as organizações no alcance de certos objetivos, que podem mudar muito de acordo com a natureza e o segmento de mercado de cada empresa, que possui sua visão, missão e valores, mas embora esses objetivos sejam bastante variáveis, alguns deles podem ser considerados universais e até mesmo fundamentais, vejamos alguns deles: • Ajudar nos objetivos da organização; • Aumentar a competitividade; • Buscar para a organização, colaboradores competentes e comprometidos; • Aumentar a satisfação dos colaboradores; • Gerenciar a qualidade de vida em ambiente de trabalho; • Administrar boas mudanças organizacionais; • Ética e responsabilidade social; • Trabalho conjunto com os gestores no planejamento,organização e controle; • Maximizar a produtividade e reduzir custos; Gestão de Pessoas 17 • Gerenciar a diversidade; • Adaptar-se às mudanças externas, como na política, tecnologia, economia e sociedade; A combinação que vimos até aqui entre processos e objetivos são parte do planejamento estratégico das empresas, mas nunca devemos perder de vista o fator humano, uma boa equipe é fundamental para o sucesso de um empreendimento, imagine que sua empresa possui duas ou três filiais em uma mesma cidade, mas uma delas é mais lucrativa que as outras, fatores como localização e marketing certamente contam, mas se o produto é o mesmo, o quanto o comprometimento da equipe faz a diferença? Quantas vezes você optou por ir a um local mais distante porque lá foi melhor atendido? Ou porque sabe que no horário correto a mercadoria desejada estará disponível? A gestão de pessoas é que torna isso possível, é o que faz um dos grandes diferenciais competitivos e agrega valor ao negócio. Subsistemas em RH Em RH subsistemas é um nome dado a um conjunto de elementos que formam um todo integrado chamado administração de recursos humanos, são baseados em atividades-chave e existe uma divisão lógica, sobre a maneira de entender os subsistemas e sua divisão e aplicação. Qualquer empresa necessita de um grupo coeso e comprometido de colaboradores que trabalhe em harmonia, uma gestão de pessoas eficiente não só auxilia na organização como também é fundamental no alcance das metas da corporação. Para ajudar os profissionais nessas tarefas Chiavenato propôs uma maneira de organizar as funções dentro dos subsistemas de RH, para que se tenha maior controle das atividades, esses sistemas são divididos em cinco categorias que agrupam a maior parte das funções do departamento de RH em áreas específicas (CHIAVENATO, 2014): • Agregar pessoas - é a busca por profissionais, está muito ligada na missão, visão e valores, implicando na identificação das necessidades, pesquisa de mercado e recrutamento e seleção. Trata-se do primeiro contato entre a organização e o novo candidato, apresentando a ele a cultura da empresa, seu direcionamento e visão de futuro, assim uma organização pode atrair profissionais alinhados com seus valores, é preciso uma percepção afinada dos profissionais de RH na busca por esses candidatos, uma vez que os mesmos podem vir do mercado interno, ou seja, de um processo de recrutamento realizado no interior da própria organização, utilizando saberes que o colaborador já possui a respeito de processos internos e culturais, o que gera um aproveitamento mais rápido de seu potencial por parte da empresa e uma maior motivação e desenvolvimento de parte do funcionário. Ou ainda esse candidato pode vir do mercado externo, que no caso é a organização buscando oportunizar vagas para quem ainda não componha o quadro funcional da empresa. Momento para agregar UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos 18 ‘sangue novo’, buscar novos olhares e expertises que possam agregar valor a uma organização. É de vital importância que o perfil traçado do candidato esteja claro, e quais são os objetivos da organização para esse novo colaborador. • Aplicar de pessoas - análise e descrição dos cargos, planejamento, alocação interna de pessoal, e plano de carreira. A organização necessita de muita clareza sobre como e onde aplicar seus colaboradores. Cabe lembrar que pessoas costumam se unir em grupos sociais constituindo comunidades de interesse. Isso se dará sem dúvida no ambiente organizacional, por isso apresentar e alinhar o novo funcionário a equipe faz parte desse subsistema, por isso a tarefa aqui é a de aplicar corretamente esse colaborador, identificar competências e interesses afim de explorar positivamente seu potencial em prol da empresa, sendo assim, tal processo cria um desenho das atividades que pessoas e equipes desempenharão, e com isso, deve acompanhar suas taxas de desempenho. • Recompensar Pessoas – sem dúvida uma área de peso na seara de gestão de pessoas, subsistema ligado a todos os outros pela sua força de atração e permanência de talentos em um ambiente organizacional, vista como uma forma de retribuição pelo bom trabalho desenvolvido, é forte instrumento de motivação e rendimento, mas cabe ressaltar que não nos referimos aqui apenas a questões financeiras, as organizações buscam constantemente novas maneiras de prover recompensas a seus talentos, Chiavenato (2014), aponta que em uma perspectiva mais moderna, o ser humano é um organismo complexo em suas semelhanças e principalmente diferenças, por isso buscar o conhecimento sobre as pessoas da organização e formas particulares de recompensa é fator competitivo. Grandes players do mercado possuem diversas maneiras de recompensar bons colaboradores oferecendo viagens, horários flexíveis, presentes, recompensas financeiras, etc. • Desenvolver Pessoas - treinamento e desenvolvimento buscando a melhoria contínua. Conhecido como Treinamento e Desenvolvimento – T&D, esse subsistema desenvolve uma tarefa muito importante na busca pela perenidade do ambiente organizacional. O trabalho contínuo promove domínio e excelência. Em um processo de desenvolvimento de pessoas deve-se atentar para dois momentos: no primeiro temos o treinamento que visa prover conhecimentos mais imediatos, observando ao presente, buscando sanar uma determinada demanda com atividades mais especificas, como aprender um novo software por exemplo. Já um processo focado no desenvolver observa benesse em médio e longo prazo. Através de uma continuidade de capacitação do colaborador lhe fornecendo uma perspectiva mais holística do todo de uma organização, com isso, um funcionário pode ser preparado para alçar cargos decisivos no futuro da organização. Ambos os processos contribuem no desenvolvimento do funcionário e da organização, que vai refinando expertises e aumentando presença Gestão de Pessoas 19 de mercado, melhorando processos e a qualidade do serviço prestado ou produto produzido. É importante destacar que esse crescimento aumenta o grau de satisfação do trabalhador, este como retorno, agrega valor contínuo ao capital humano em nuances tangíveis e intangíveis na empresa. • Manter Pessoas - uma vez que colaboradores estejam devidamente agregados, aplicados, recompensados e com processos de desenvolvimento ativos, os olhares da organização devem voltar-se a manutenção do colaborador na organização, o desafio é manter a motivação, disposição e compromisso do funcionário, a empresa necessita estar aberta ao novo, observar o mercado e oferecer transparência em processos. A manutenção de um bom ambiente de relações é vital. O papel dos líderes é de extrema importância nesse momento. Se o funcionário se sente valorizado e respeitado, percebe que seu esforço é reconhecido e suas opiniões ouvidas, isso o motiva ainda mais. Uma empresa deve investir em políticas de humanização, e que tais atitudes resultem em retorno a longo prazo. • Monitorar Pessoas – a despeito do nome, que suscitar uma semântica de vigilância, tal processo implica na manutenção de informações, atualizadas, organizadas e de fácil acesso quando tal se fizer necessário, repetimos, monitorar não deve ser entendido como controle, mas com um sistema de dados contendo informações sobre o histórico e principalmente a evolução do colaborador, todas devidamente arquivadas e com boa organização no sistema, permitindo a gestores um maior conhecimento do capital humano disponível com todo seu potencial, outro fator é o desenvolvimento de um sistema de comunicação horizontal e eficaz, o que só amplia as possibilidades de interação, compreensão e cumprimento de tarefas, assim, toda a informação criada e disseminada pela direção da organização flui de maneira clara e chega com o menor índice possível de ruído para os colaboradores da empresa. O setor deTecnologia da Informação – TI exerce uma participação fundamental na armazenagem, consulta e manipulação das informações corporativas, ajudando a manter o controle de atividades e informação sem ser coercitivo, buscando mais harmonia organizacional e propagando a visão, políticas e cultura da empresa de forma límpida, bem como as regras de conduta e tarefas a serem cumpridas. 20 UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos Como pudemos observar, os subsistemas devem prover as reais necessidades de um RH e inclusive podem fazer uso de outras ferramentas administrativas como a Matriz SWOT, que pode auxiliar para que se entenda o rumo a tomar no que tange a aprimorar o trabalho de equipe, o que será feito, como será desenvolvido, processos seletivos, definição de políticas e estratégias, treinamentos e auditorias (CHIAVENATO, 2014). Então, podemos dizer de forma geral que subsistemas foram criados para permitir que gestores consigam ter maior controle sobre o desempenho das tarefas como um todo, garantindo mais eficiência na gestão das pessoas. As maiores vantagens seriam o número maior de acertos do processo seletivo, diminuição do índice de turn over, mais rapidez na contratação de colaboradores, mais motivação e engajamento, melhoria nas avaliações de desempenho e mais alinhamento entre empresas e colaboradores, ou seja, uma gestão de pessoas mais organizada. Matriz SWOT: Técnica de planejamento estratégico usada com auxílio a pessoas e empresas na identificação de forças, fraquezas, oportunidades, e ameaças inerentes ao mundo dos negócios e planejamento de projetos. NOTA 21 TÓPICO 2 UNIDADE 1 Indicadores de RH Machine Learning: Parte das técnicas da Inteligência Artificial, o Machine Learning pode ser interpretado com aprendizagem de máquina, na unidade 2 estudaremos melhor o conceito. Data Science: A Ciência de Dados é um conjunto de técnicas de coleta, armazenamento e compilação de dados, visando gerar informação de valor para processos preditivos de tomada de decisão. NOTA A importância dos indicadores de RH nunca foi tão grande quanto no momento em que vivemos, graças a entrada da transformação digital, da inteligência artificial e das tecnologias de Machine Learning e Data Science, mais do que nunca os chamados KPIs (sigla em inglês para Key Performance Indicator - Indicador-chave de Performance) ou indicadores são importantes na mensuração da performance de uma equipe ou organização. Indicadores de RH então podem ser interpretados como dados coletados e organizados, que mais tarde servirão como ferramentas para medir, analisar e gerar resultados. Os indicadores de RH funcionam como uma espécie de bússola, direcionando os gestores e ajudando nos processos de tomada de decisão, diminuindo a margem de erro na gestão de pessoas. Indicadores são baseados em métricas e essas métricas estão ligadas à gestão do capital humano. Quais seriam os indicadores mais importantes em RH? Vamos ver isso agora: • Rotatividade ou Turnover - O índice de rotatividade é uma das métricas mais importantes, quanto menor a rotatividade de colaboradores em uma organização, melhor o ambiente de trabalho e os processos de recrutamento e seleção se mostram mais eficientes, é um índice importante, porque um número alto de rescisões gera altos gastos. Uma taxa de Turnover ideal deve estar abaixo dos 5% valores acima disso exigem atenção e uma revisão nas políticas de retenção de talentos. O cálculo dessa taxa se aplica na seguinte fórmula: Turnover (%) = Número de funcionários desligados / número total de funcionários ativos no mesmo período x 100 22 UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos • Absenteísmo - Essa métrica ajuda a calcular as ausências de profissionais em um determinado período, falamos aqui de afastamentos, atrasos e faltas pontuais. A taxa aceitável deve permanecer abaixo de 450. Esse indicador ajuda a medir o nível de satisfação dos colaboradores com suas atividades, ajuda a descobrir se existem problemas recorrentes de engajamento por parte de funcionários. A taxa de absenteísmo é calculada com a seguinte fórmula: Fator Bradford = F x F x D Sendo F a frequência de faltas; e D, a totalidade de dias ausentes. • Frequência - É um indicador que complementa as análises do absenteísmo, pois a pontualidade dos colaboradores também deve ser mensurada e com ele percebemos o comprometimento dos funcionários com a empresa, se existirem muitos problemas com pontualidade podem ser implantadas soluções como programas de incentivo a produtividade, bonificações ou ainda punições se organização assim julgar necessário. • Desempenho - O fator desempenho é medito por três tópicos: custo tempo e qualidade esse indicador, trabalhando junto ao indicador de produtividade permite obter um retorno mais preciso das atividades de cada departamento. E com isso definir quanto de energia e atenção precisam ser dispensados a cada equipe. • Treinamento - Investir em treinamentos é um dos fatores mais importantes para aumentar a capacitação e consequentemente a produtividade dos colaboradores é uma grande ferramenta também de estímulo a um desempenho pessoal e profissional mais elevado e continuo. Treinamentos não devem ser vistos como custo e sim como investimentos que trarão fortalecimento das equipes e retorno sobre investimentos. • Avaliação de aprendizagem - Esse indicador verifica o grau de eficiência dos treinamentos através de avaliações que podem ser aplicadas as equipes. • Headcount - Esse indicador de RH representa quantidade de profissionais em uma organização e identifica se esse número tem aumentado ou diminuído ao longo de um período determinado. Auxilia o setor de RH a entender a flutuação de funcionários e como isso pode ser utilizado estrategicamente para o alcance das metas da corporação. • Indicadores de recrutamento e seleção - Um dos grandes desafios de qualquer corporação é um processo eficaz para escolha e contratação de talentos para funções em aberto, esse indicador examina durante um certo período de tempo as vagas abertas e quantas dessas vagas foram preenchidas, quanto mais perto do valor zero, melhor está o tempo transcorrido entre o anúncio e o fechamento de uma vaga. Seu cálculo é realizado da seguinte maneira: Vagas no prazo (%) = vagas fora do prazo / total de vagas x 100 • Retorno sobre investimentos (ROI) - A famosa sigla ROI (do inglês: Indicadores de RH 23 Return On Investment – retorno de investimento) se refere ao indicador que demonstra resultados sobre cursos e treinamentos aplicados, e como esses treinamentos geram retorno para a empresa. Seu cálculo se da seguinte maneira: ROI (%) = (Retorno obtido – investimento realizado) / Investimento realizado x 100. • Índice de satisfação dos colaboradores ou Clima organizacional - Constitui-se em um dos indicadores mais subjetivos, mas é possível medir a satisfação de uma equipe através de algumas perguntas em um questionário: por exemplo, o quanto satisfeito o colaborador está com seu local de trabalho atual, ou se seu local de trabalho satisfaz suas expectativas, ou ainda se o seu local de trabalho está próximo do que ele considera ideal. Nesse caso os funcionários podem responder às perguntas dando notas em uma escala de 1 a 10, a intenção é buscar um alto nível de satisfação funcional, o que garante mais produtividade e um alcance mais rápido dos objetivos organizacionais. Uma vez coletados os dados, deve-se utilizar a seguinte fórmula: { [ ( Soma de todas as respostas ÷ 3 ) – 1 ] ÷9 } x 100. A cotação ideal deve estar acima dos 66 pontos. • Cálculo de competitividade salarial – Um dos fatores que afetam diretamente na satisfação, engajamento e comprometimento dos colaboradores é um salário competitivo. o cálculo a ser realizado para o indicador o indicador SCR (do inglês: Salary CompetitivenessRatio) é o seguinte: SCR = salário oferecido na empresa / salário oferecido por outras empresas. • Retenção de talentos – Esse indicador tem com objetivo demonstrar o quanto as táticas de manutenção e retenção de pessoal de uma organização são eficientes, e deixa claro se as políticas de retenção de talentos estão sendo satisfatórias para que os profissionais diferenciados continuem interessados a trabalhar no local onde estão. • Índice de reclamações trabalhistas - Este índice, ligado diretamente a questões que envolvem legislações trabalhistas mensura a adequação da organização às leis vigentes e as cargas tributárias originadas pela manutenção de funcionários contratados. • Tempo médio de empresa - É um indicador que através da mensuração da permanência de funcionários em uma organização dá suporte a outros índices como a taxa de turnover e a capacidade de retenção. Aspectos qualitativos devem ser levados em consideração no seu monitoramento: como grau de escolaridade, idade estado civil, situação familiar e plano de carreira. • Custos per capta de benefícios - Esse indicador faz uma comparação entre gastos absolutos com benefícios recebidos pelo colaborador durante um certo período de tempo e contabilizando também o número de profissionais em folha de pagamento. É importante para gerar resultados de avaliação de custo no que diz respeito à planos estratégicos de carreira e a retenção de talentos. 24 UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos • Produtividade no expediente de trabalho - A produtividade durante o horário do expediente é o grande termômetro da eficiência do dia a dia de uma organização, e implica em produzir mais, gastando menos e com menos recursos. Além da tentativa de eli minação de erros. O cálculo de aproveitamento da produtividade no horário de trabalho é feito com a seguinte fórmula: Produtividade (%) = produtos ou serviços gerados / recursos utilizados • Relação de horas extras / horas trabalhadas - Mais um indicador com relação direta com a produtividade, em uma comparação entre a quantidade de horas extras e as horas trabalhadas fica claro se existe um excedente de horas trabalhadas. É também um indicador interessante para que se entenda o desempenho da equipe. Se o número de horas extras for muito alto isso pode significar que as atividades não estão rendendo como esperado durante o expediente, e tais motivos devem ser investigados para que os gestores entendam as causas e aproveitem melhor suas equipes. • Folha de pagamento - O indicador folha de pagamento mostra os valores pagos aos profissionais, as horas-extras, os benefícios e eventuais premiações. Mede a consonância do pagamento real com a remuneração estimada pela empresa. • Índice de reclamação dos clientes - As reclamações estão normalmente relacionadas ao atendimento, ou seja, diretamente associadas ao material humano, e o ideal é que existam treinamentos para as equipes que lidam diretamente com o público visando sempre um atendimento de excelência. O percentual de queixas dos clientes é calculado da seguinte maneira: Índice de reclamações (em %) = número de reclamações / número de clientes x 100 Existem vários indicadores que podem ser muito úteis no planejamento estratégico e bem estruturado de um modelo de negócio. Esses indicadores permitem que para uma tomada de decisão ou aplicação de qualquer tática de caráter corporativo, os dados possam ser mensurados de forma correta, como pudemos perceber, existem muitas fórmulas, variáveis e até questionários que podem ser trabalhados e organizados para mensurar os indicadores de sua equipe de colaboradores. Para que se evitem erros durante a manipulação desse volume de informações que costuma ser muito alto, o ideal é que se faça uso de aplicativos ou plataformas digitais que farão a metrificação de todos esses indicadores para o RH, e após isso, eles serão armazenados para que trabalhos de auditoria e consulta possam ser efetuados mais tarde. Indicadores de RH 25 Verticalizadas: Redes Sociais Verticais são especializadas em uma única temática, como redes sociais para professores, profissionais, cinema. etc. NOTA Tecnologias de informação na área de RH, dos websites de recrutamento e seleção até as HR Techs Quando a internet foi disponibilizada publicamente no início da década de 90 poucos imaginavam o tamanho da revolução que ela traria para a sociedade, o mundo do entretenimento, o mundo dos negócios e claro, para os processos de recrutamento e seleção. Destacam-se em um primeiro momento os sites institucionais que apresentam as empresas, seu ramo de atividade, filiais, parceiros e afins. Algo bastante comum em sites institucionais e que até hoje podemos verificar é o famoso campo trabalhe conosco, nessa área do website temos contato com as vagas disponíveis e com formulários, às vezes bastante extensos e complicados, onde podemos inserir nossos currículos e nos candidatamos a uma vaga em uma organização qualquer. Não demorou muito para que ao lado dos sites institucionais, os famosos classificados dos jornais passassem a exibir em sua versão online, as vagas de emprego. Esses jornais passaram a integrar a sua versão online, que no início eram muito similares a um anúncio tradicional de jornal, ou seja, havia descrição da vaga um número de telefone, a data e o endereço do local de seleção. Até esse momento os classificados online não passavam de meras cópias os classificados tradicionais em jornais de grande circulação. Na segunda metade dos anos 2000, os sites de recrutamento e seleção se popularizaram, trazendo uma proposta mais moderna do que os anúncios veiculados nas versões online dos jornais, tais sites possuíam dois sistemas de cadastramento: o primeiro para empresas que cadastravam diretamente suas vagas nos sites, e o segundo destinado aos usuários que buscavam as vagas disponíveis. Com o tempo esses sites passaram a oferecer mais serviços mediante assinatura, o usuário que adquirisse um plano recebia vantagens como vagas antecipadas, ou ainda vagas destinadas especialmente a seu perfil, consultoria de currículo e acesso à cursos rápidos de extensão. Esse modelo fez muito sucesso e existe até hoje, acrescente-se a isso também o surgimento das redes sociais destinadas a profissionais, assim como qualquer rede social essas redes mais verticalizadas se dedicam ao relacionamento entre pessoas, no caso relacionamentos entre profissionais, também contando com bancos de vagas e apresentação de currículos, e da mesma forma que os sites de recrutamento e seleção mediante um processo de assinatura, oferecem maiores vantagens aos usuários. 26 UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos Mas um novo modelo de recrutamento, seleção, treinamento e acompanhamento de recursos humanos se anunciava no horizonte, com a explosão das Startups as chamadas HR Techs surgiriam, e com elas novos modelos de gestão de pessoas como vamos acompanhar a partir de agora. O fenômeno das Startups, quando aportou no Brasil, focou em seu início muito mais nos mercado de marketing, finanças e jurídico, e levou algum tempo para atingir o mercado de Recursos Humanos, mas o uso da tecnologia para recrutamento e treinamento de talentos está cada vez mais em alta, e tem auxiliado profissionais e empresas a se conectar com essa nova premissa de mercado, pois ao lado das Fintechs (finanças) e das Legaltechs (jurídico) as HR Techs estão trazendo novos ares ao segmento, seu número cresce e segundo a Associação Brasileira de startups elas estão expandindo e sendo responsáveis por uma verdadeira revolução no processo de contratação, recrutamento e treinamento dentro das empresas. O mercado de recrutamento com a presença das HR Techs sofre uma grande ampliação, pois ultrapassa em abrangência as ferramentas de vagas como os sites de recrutamento, umade suas vantagens está na ênfase em aplicativos de uso pelo celular, uma vez que os sistemas mais tradicionais possuem pouca visibilidade principalmente para profissionais das novas carreiras do Século 21, criadas a partir do advento das Tecnologias de Informação como por exemplo os profissionais de Analitycs ou Data Science. Para que se entenda um pouco da versatilidade que surgem no horizonte, algumas HR Techs não trabalham com vagas em aberto, e sim com candidatos que desejam ingressar no mercado, ou mudar de carreira, ou ainda, de empresa, nesse caso, o candidato se cadastra em uma plataforma de RH que fará ela mesma um processo seletivo em etapas, ele é orientado, seu currículo passa por refinamentos, testes técnicos, e por fim uma seleção final torna os melhores candidatos visíveis para as empresas, que poderão conferir seus currículos atualizados e os resultados de todos os testes realizados, decidindo então se entrarão em contato, ou seja, nesse modelo não se privilegiam as vagas, e sim os profissionais, e estes podem gerenciar todo o processo de entrevistas e eventuais contratações na plataforma, que faz a gestão de recrutamento de médias e grandes empresas usando inteligência artificial. Surpreendente não? Outros modelos de HR Techs atuam diretamente com os departamentos de Recursos Humanos dentro das empresas, ajudando a otimizar a atividade de recrutamento na triagem, que chega a consumir 80% do processo, através de inteligência artificial, essa triagem cria um ranking de performance dos candidatos, e após a contratação, esse acompanhamento é mantido, demonstrando as métricas de eficiência que todos eles possuem em comum, criando com isso um perfil, uma persona, uma vez que as qualidades gerais estão devidamente mapeadas, um segundo processo já possui parâmetros seguros de performance, separando mais rapidamente os candidatos qualificados para as entrevistas, nesse modelo, a empresa contratante paga uma mensalidade fixa, gerando previsibilidade orçamentária e assim pode de acordo com o pacote contratado, minerar quantos candidatos desejar e envolver no processo quantos gestores julgar necessários, sistemas similar aos pacotes de streaming tão populares entre os usuários. Nesse Indicadores de RH 27 modelo a empresa tem muita autonomia, controla o processo, deixa para trás um modelo de contratação de processo sob demanda para um modelo de controle com início e fim dentro da ferramenta. Informações dos candidatos ficam armazenadas, seu histórico experiências, formação acadêmica, resultados de testes, demografia, e até mesmo a distância do local de trabalho e transporte utilizado, tudo isso, passa pela análise de um algoritmo que irá calcular qual candidato e situação farão mais sentido para cada vaga disponível. O departamento de Recursos Humanos não se responsabiliza apenas pela contratação de funcionários, mas especialmente pela retenção e capacitação, para isso, existem também modelos de HR Techs que utilizam dispositivos móveis para treinar colaboradores através de lições e exercícios que podem ser diários, não são poucos os casos em que as plataformas de E-learning são negligenciadas e acabam não atingindo um número satisfatório de pessoas. A perda de receita por falta de informação pode chegar a 63% (CANALTECH, 2017).Um detalhe que vem sendo observado nesse modelo de Startup é o uso de aplicativos de mensagens, que já faz parte da vida corporativa para trocas de informação, no entanto a segurança da informação pode ser comprometida, a solução está sendo a implantação de uma tendência mundial, o chatbot, que está ganhando força como plataforma de treinamento em RH no Brasil. Dados mostram que ao contrário dos sistemas de E-learning tradicionais, o engajame nto dos funcionários aumenta em média 15% e os custos de treinamento podem diminuir em até 90%. Persona: Em marketing, uma persona é uma representação, um perfil baseado em características reais coletadas de pessoas físicas. E-learning: E-learning é uma modalidade de ensino eletrônico, uma forma não presencial de ensino baseada em Tecnologias da Informação e Comunicação. NOTA Outro fator que está na mira das HR Techs é a gestão a partir do interior das redes sociais, que com protocolos de segurança adequados podem se converter em excelentes plataformas colaborativas de trabalho. As HR Techs ainda são uma novidade no Brasil, e como pudemos constatar, contam com diversas abordagens das práticas de RH, e como parte das aplicações de Tecnologia de Informação estão trazendo resultados muito positivos para o setor, sua tendência é de aumentar muito nos próximos anos e continuar a transformar o mercado, fique de olho nisso! 28 UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos Gestão de pessoas com apoio da TI - Tecnologia da Informação Após termos conhecido um pouco do universa das Startups voltadas ao segmento dos Recursos humanos, vamos agora entender um pouco mais sobre as mudanças de papéis pelas quais passam o mercado, a tecnologia certamente é um forte agente dessa transformação, mas não o único, junto a novas possibilidades técnicas está também em curso uma mudança de mentalidade que busca uma ampliação, humanização e visão mais ampla do papel do RH e da Administração nas organizações, o fazer diário já não é mais somente operacional, mas passa também a ser estratégico. Uma gestão eficiente de Recursos Humanos é crucial no êxito de uma empresa, com as mudanças no mercado e a chegada impositiva da Tecnologia da Informação, aliada a valorização de habilidades chamadas de Soft Skills, as adaptações a um novo cenário organizacional são cada vez mais exigidas. Pesquisas realizadas sobre a gestão de pessoas no Brasil têm apresentado indicadores que deixam clara a fase de transição pela qual a área de RH passa atualmente (FISCHER, 1998; FISCHER, 2002; FISCHER; ALBUQUERQUE, 2001; LACOMBE; TONELLI, 2000), o modo de atuação predominantemente de caráter operacional vai cedendo espaço na direção de formas de gestão mais orgânicas e com foco nas pessoas. Lacombe e Tonelli (2000) realizaram pesquisas aprofundadas que indicam tenazmente essa transição. Outros trabalhos de pesquisa como os de Fischer e Albuquerque (2001) têm demonstrado que pesquisadores do tema gestão de pessoas no Brasil estão atualizando o seu discurso e defendem uma participação mais efetiva é até mesmo ‘política’ dos colaboradores no ambiente organizacional. Esses estudos ainda mostram que o fator ‘aprendizagem’ dentro de uma organização é progressivamente defendido e valorizado como vantagem competitiva. É nesse contexto que a tecnologia da informação está sendo considerada uma ferramenta eficaz na viabilização de novos arranjos organizacionais no tocante a gestão de pessoas, como exemplo de maior autonomia nesse sentido, a implementação cada vez maior nos sistemas de RH auto-atendimento indicam claramente essa tendência, tais sistemas possibilitam o amplo acesso de colaboradores a informações e funções personalizadas, o que aumenta sua participação e relevância na administração e relacionamento com a organização (MASCARENHAS, 2003). Indicadores de RH 29 RH autoatendimento: como funciona? Através de sistemas como intranet ou portais corporativos de RH, um sistema de autoatendimento permite que os integrantes de uma organização acessem seus registros pessoais diretamente e sem intermediários (no caso de gestores esses podem acessar além de seus dados pessoais, detalhes sobre suas equipes) as informações disponibilizadas proporcionam mais agilidade às atividades de Recursos Humanos, uma vez que o próprio colaborador mediante um login e senha pode, no interior de um sistema de autoatendimento mudar seus dados pessoais como endereço, telefone e afins, visualizar holerites de pagamento, solicitar férias, licença-maternidade, registrar justificativas por eventuais ausências, consultar relatórios de horas extras,planilhas de desempenho, avaliações, histórico de treinamentos, benefícios, e até mesmo a ser candidatar a cursos de extensão e vagas em aberto através de um banco de currículos. O sistema de autoatendimento reduz papelada, burocracia, e trabalha com dados mais precisos, diminuindo muito um possível retrabalho, fornece aos colaboradores acesso a informações vitais em tempo real, sem que este precise dirigir-se ao setor de recursos humanos, a integração de todos os sistemas de RH em um banco de dados onde estão reunidas informações sobre funcionários de diferentes fontes e setores aumenta o controle e precisão dos processos. A implantação de melhores práticas reduz consideravelmente os esforços de administração do RH propiciando que o setor trabalhe de maneira mais estratégica em prol de toda a organização, alguns sistemas de autoatendimento também possuem áreas de bate-papo para que os funcionários possam se relacionar melhor e aumentar seu engajamento e comprometimento com a empresa. UNI Iniciativas de automatização de processos mudam o tradicional foco em atividades burocráticas e começa a dividir espaço com ações estratégicas que contam com utilização da tecnologia na gestão das pessoas, ferramentas tecnológicas permitem a utilização de tarefas e a automação de atividades de caráter mais burocrático, isso aumenta o controle de atividades mais triviais, que compõe o dia a dia de uma organização, promove reaproveitamento de informações e redução de retrabalho. Tais mudanças são positivas pois permitem que o tempo gasto na gestão de pessoas seja mais bem aproveitado com outras exigências que o mercado atual impõe. Com um sistema automatizado realizando tarefas de caráter mais burocrático, mesmo uma equipe menor é capaz de voltar suas atenções para questões mais humanas e estratégicas que estejam alinhadas aos objetivos das empresas. Enquanto aqui nos referimos a essas questões mais ‘humanas’ na administração moderna, a gestão estratégica de pessoas já é uma realidade em construção, em empresas de diversos segmentos e diversos portes a tecnologia busca deixar a área de gestão menos operacional, burocrática e analógica utilizando ferramentas digitais para modificar seu modus operandi tornando-a mais ágil, e tal agilidade são fundamentais no mundo corporativo atual. 30 UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos Modus Operandi: Termo do Latim que significa "modo de operação" NOTA O conceito atual de gestão de pessoas realizado estrategicamente através do RH vem de uma linha histórica e passa por modificações e fase distinta como já vem nesse estudo. Chiavenato em “Recursos Humanos: o Capital Humano das Organizações” (2006), afirma que em seu início, o setor possuía como sua maior preocupação a resolução de conflitos entre o que eram chamados de capital e mão de obra, na época, em atritos frequentes e vistos como lados opostos. O período que seguiu ao final da a Segunda Guerra Mundial trouxe uma consolidação de leis trabalhistas, levando a gestão de pessoas em Recursos Humanos para um papel mais voltado para as conformidades da legislação. O objetivo primordial era garantir a manutenção das chamadas normas laborais. Na década de 1970 as empresas já vislumbravam a importância dos funcionários para o resultado dos negócios, mas estes estavam ainda no mesmo patamar dos ativos financeiros, materiais e tecnológicos, ou seja, ‘tudo era a mesma coisa’. A maior mudança, como explica Chiavenato (2006), aconteceu no por volta de 2000, com um aumento no processo de globalização, e por força da alta competitividade gerada nesse contexto, uma forte instabilidade no cenário corporativo e o aumento acentuado da comunicação digital entre público e organizações deixou patente a necessidade de reposicionamento das estratégias de gestão de pessoas, reposicionando sua visão dos colaboradores e mudando o seu papel nas seguintes questões: • Entender e reconhecer diferenças entre pessoas e equipes, não mais almejando uma padronização; • Desenvolvimento de uma visão mais evolutiva dos colaboradores como atores ativos do processo, incentivando seu desenvolvimento e inovação; • Reposicionamento dos colaboradores, deixando a visão de simples peças de um sistema motor e passando a percebê-los como parceiros atuantes da organização. O foco passa a mudar, emergindo a partir de então o paradigma da gestão de pessoas visando o crescim ento do capital humano da empresa. Na contemporaneidade a tendência é o chamado ‘RH Estratégico’ que avança além da gestão de pessoas, o conceito busca o reconhecimento do papel dos colaboradores e do setor onde atuam na construção de vantagens competitivas de caráter sustentável e direta interferência nos resultados organizacionais. Indicadores de RH 31 Os setores como um todo realizam uma atuação de caráter mais integrado entre as atividades de Recursos Humanos e o planejamento estratégico, que guia o todo de uma empresa, esse novo modelo possui uma série de desdobramentos práticos em relação a atividades desempenhadas pelos Recursos Humanos, algumas das mudanças importantes se ancoram nos seguintes tópicos: • Participação ativa do RH nas decisões estratégicas, atuando mais consultivamente junto aos escalões mais altos da administração. O setor se converte em um parceiro no planejamento, elaboração e ação empreendedora junto aos planos estratégicos e ambiente de negócios; • Um RH estratégico deve também pensar em formas de comunicação interna nos diversos níveis de uma organização, as demandas devem ser mapeadas no processo de gestão; • Outro caminho a ser seguido pelo RH estratégico é desenvolver a habilidade de criar a sinergia necessária para a criação e desenvolvimento de ferramentas organizacionais. Dentre essas demandas, cabe ao setor trabalhar o capital humano auxiliando a formação de novos métodos e competências, formação de lideranças e afins. • O ambiente de negócios, culturas empresariais e adaptação a uma grande mutabilidade do mercado também está no horizonte de atuação de um o RH estratégico. Nas mudanças que se manifestam no posicionamento moderno da gestão de pessoas observam-se diferenças entre a modernidade do RH estratégico e o RH tradicional, no caso mais tradicional, nos evoca o conceito de gestão historicamente atribuído ao departamento como serviços administrativos e cumprimento de obrigações trabalhistas, sendo assim um setor mais isolado do restante da empresa, por exemplo, tomemos o caso de uma contratação realizada pelo departamento nos chamados ‘moldes tradicionais’, que tende a ter um foco maior em suprir as necessidades imediatas de preenchimento de um cargo com habilidades específicas muitas vezes sem observar o longo prazo e a contribuição desse mesmo funcionário contratado na estratégia geral de negócios da empresa. Nesse sentido o trabalho do setor de Recursos Humanos tradicional é mais hermético, fechado, cuidando de atividades mais burocráticas da administração e não atuando mais ativamente na construção de vantagens competitivas e execução de tarefas que visem um plano de negócios. Como resultado, temos em um departamento tradicional de RH como algo que possui um fim em si mesmo. 32 UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos Efetuar mudanças exige uma nova mentalidade, as atitudes devem seguir na direção de uma cultura organizacional bem definida. É muito importante que futuros colaboradores tenham ciência do ambiente no qual desejam entrar, quais as normas de comportamento e convivência, ter isso bem explicitado atrairá o interesse daqueles que de fato comunguem com o estilo da empresa e as possibilidades de desligamentos tende a ser menor, a retenção de talentos aumenta, pois eles estão identificados com o jeito de ser da empresa. Bons exemplos são as modernas empresas de informática, cuja informalidade é bem aceita e a presençade funcionários com cortes diferenciados de cabelo, tatuagens e peircings e até som alto são parte da sua cultura organizacional, por outro lado, outras empresas ainda mantém a formalidade de trajes e comportamento como regra. Uma característica também inerente a uma mentalidade moderna é o próprio uso dos funcionários como replicadores do modo de ser da organização sendo incentivados a divulgar em suas redes sociais e dividam com suas timelines o quanto apreciam estar em determinada empresa, o que antes era realizado por clientes satisfeitos se potencializa com a propaganda positiva do colaborador, o que fortalece a marca do empreendimento. E já que falamos de redes sociais, atitude moderna de ações de RH não podem abrir mão do poder dessas redes, é preciso atenção aos canais sociais com maior retorno, e investir nesses canais, pessoas poderão testemunhar pelas redes sociais as vantagens de se trabalhar nesses locais e isso tem atraído talentos para as empresas em todo o mundo. E claro, voltamos mais uma vez nosso olhar para a tecnologia e seu poder de otimização de processos e menor burocracia, empresas de diversos portes podem buscar a automatização, isso impacta não apenas na rapidez de processos, mas também na satisfação do funcionário, que estará mais ativo, e dará contribuições intelectuais maiores para o crescimento do negócio. Indicadores de RH 33 RH Estratégico e Tecnologia: ferram entas que auxiliam A tecnologia que dá apoio a mudanças que devem ser integradas para a criação de um RH estratégico irão trabalhar na diminuição de erros e agilidade de processos, permitindo atividades diversas como avaliação de desempenho, treinamento, recrutamento e seleção, entre outras, sendo todas essas demandas automatizadas, produzindo relatórios detalhados e dados analíticos de alta consistência. Existem obviamente muitas ferramentas, vejamos aqui algumas das que estão sendo mais utilizadas na transição pelas quais passa o setor de RH. Aplicativos como o Esocial, ferramenta governamental para empregadores pessoa física jurídica facilitam muito o recolhimento de tributos trabalhistas, previdenciários e tributários, auxilia na desburocratização de processos, tornando mais transparente a relação entre empregados e empregadores. Ao cadastrar dados no sistema, qualquer divergência ou erro é sinalizada imediatamente e as orientações procedimentais para a correção imediatamente são oferecidas. Seus objetivos são, por exemplo, simplificar e unificar as informações de trabalhadores que antes se encontravam em plataformas diversas. Dados como folha de pagamento, seguridade social e obrigações fiscais podem ser encontrados em um único lugar, por força de uma parceria entre Secretarias, Ministérios e a Caixa Econômica Federal. Outro aplicativo que merece destaque é o SAP HCM, destinado a atividades de RH com a vantagem de contar com armazenamento em nuvem, o que facilita muito a gestão de capital humano. A ferramenta integra soluções de comunicação, avaliação de desempenho, recrutamento e seleção, processos documentais, treinamentos organogramas interativos, relatórios de indicadores e perfil dos colaboradores além de diversas outras atribuições. Considerado um dos aplicativos mais completos do mercado o SAP HCM simplifica e automatiza processos essenciais de recursos humanos, é dividido em módulos, possibilitando implantar apenas aqueles que atendem a necessidade da empresa. Podemos destacar ainda o Success Factors, aplicativo de gestão que abarca todas as funcionalidades básicas e operacionais de RH, dentro de um sistema SAP, graças a essa interligação entre sistemas, o software permite customização rápida, podendo essa implementação e implantação ser de forma modular, além de funcionar em tablets, computadores e celulares, o que o torna mais ágil. UNI Ainda podemos listar quatro grandes categorias de aplicativos de Tecnologia da Informação que estão revolucionando aas atividade de Recursos Humanos: • Plataformas de contratação - O setor de Recursos Humanos é bastante conhecido por seu forte envolvimento em processos de recrutamento, manutenção e seleção de funcionários. De fato, esse processo é um dos mais importantes para qualquer empresa, nessa etapa e que as possibilidades de contratação de funcionários que realmente venham a somar no interior de uma organização e contribuir efetivamente para o seu crescimento e desenvolvimento. O uso de plataformas online para esse processo está cada vez mais comum e tornando mais ágil a atividade de RH, vagas em aberto ficam visíveis e os candidatos podem concorrer a essas vagas diretamente, todo o processo recebe 34 UNIDADE 1 Introdução à Gestão de Pessoas, processos, sistemas e indicadores em Recursos Humanos muito mais celeridade. Essas plataformas, além do anúncio de vagas e recebimento de candidaturas também possibilitam realizar a triagem inicial dos currículos. • Aplicativos de desdobramento de metas - em qualquer atividade profissional existem metas que são instituídas para manter o time motivado, focado e comprometido dentro de uma linha de trabalho. Na busca pelos resultados desejados pela empresa, criar metas pode demandar uma carga de trabalho bastante elevada para os líderes de cada equipe. Por isso essa categoria de aplicativos pode ser bastante útil na atividade de determinar que metas serão elencadas, contando com painéis de controle dinâmicos, que fornecem em tempo real o monitoramento de resultados. Esse tipo de sistema gera relatórios instantâneos que podem ser utilizados em reuniões com as equipes para averiguação do cumprimento das metas e objetivos e os rumos a serem tomados. • Gerenciamento de Benefícios - Empresas que oferecem benefícios costumam atrair e reter profissionais talentosos, uma boa política de benefícios deixa o profissional mais engajado e satisfeito com sua atividade e com o ambiente empresarial como um todo, no entanto a gestão de benefícios costuma gerar bastante trabalho e tomar um tempo razoável das atividades de RH. Os sistemas de gerenciamento de benefícios também estão cada vez mais sendo utilizados para esse fim, pois a sua gestão torna o processo muito mais simplificado e com alto grau de flexibilidade. Essas plataformas permitem controle via internet dos benefícios de cada colaborador, o próprio sistema encarrega-se de enviar ao profissional de RH responsável por uma determinada equipe ou setor um resumo com os benefícios concedidos, usuários cadastrados e os custos de cada atividade. • Software para análise psicológica - Uma das grandes atividades, e se pode afirmar que é uma atividade-chave na gestão de pessoas é análise psicológica. Bastante utilizada na seleção de profissionais para contratação, no planejamento de programas de treinamento e na promoção ou demissão de quadros funcionais, essa tarefa, sempre a cargo de um psicólogo, conta com uma categoria de software para auxiliar esse profissional. Através de um sistema desenvolvido para essa finalidade, a análise psicológica ganha agilidade e o processo fica mais preciso, e por realizar diversas análises simultaneamente, economiza tempo e custos. Essas análises mais tarde serão conferidas por um profissional habilitado. Esse tipo de sistema gera perfis comportamentais para posterior apreciação do RH através de relatórios claros e objetivos. Uma ferramenta cada vez mais presente em processos de gestão de pessoas. Os paradigmas mais atuais de mercado e sua integração cada vez maior em plataformas de comunicação impulsionam as empresas na direção da criação do RH estratégico, cuja postura costuma ser mais ativa e com trabalho centrado em indicadores que possam contribuir para os planos gerais da organização. A reconfiguração de um RH nos moldes tradicionais para um Recursos Indicadores de RH 35 Humanos de caráter estratégico exige um redesenho do setor, invariavelmente irá afetar as atribuições de todo departamento e até mesmo o perfil idealpara os cargos a serem ocupados, nesse processo que os responsáveis pelo projeto precisam atentar aos pilares que sustentarão a implementação, e a partir disso transformar o setor e torná-lo mais atualizado e adequado frente às demandas atuais do mercado. Para tanto, a primeira mudança é a de mentalidade. A alta administração precisa necessariamente apoiar essa mudança e integração entre setores, pois implica em uma mudança de cultura. Para se parametrizar a gestão de pessoas transformando-as em um ativo participativo nas decisões da organização como um todo, há de ser necessário buscar um equilíbrio para que o trabalho burocrático não se perca, mas não seja mais o único foco. Por isso a automatização de processos é importante para liberar tempo e recursos para as atividades de caráter estratégico, e a gestão de pessoas em Recursos Humanos tem aproveitado de muitos dos avanços tecnológicos para promover essas mudanças, para isso os processos a serem implantados devem ser descritos de forma analítica e comparados os processos atuais de RH e como eles são realizados, o mapeamento de onde se deseja chegar, quais pontos de melhoria estão sendo avisados. Esses pontos devem ser devidamente embasados e monitorados, para tanto, a qualificação dos profissionais de Recursos Humanos é fundamental, pois esses assumirão novas responsabilidades. Cabe a organização dar um prazo para que essa mudança de paradigma com o treinamento e desenvolvimento e a instauração de um pensamento mais empreendedor, a intenção é inserir na cultura dos colaboradores a capacidade de pensar como proprietários. E com isso aprimorar processos de comunicação, planejamento, conhecimentos administrativos, processos de gestão de pessoas e liderança. Qualificações que certamente auxiliarão na reciclagem dos colaboradores. A interação com a tecnologia é necessária para que a organização, ao realinhar seus paradigmas de gestão de pessoas, priorize parceiros que tenham visão tecnológica, sistêmica e planejadora similar, e possam contribuir com conhecimento e experiência, adquirir o software apenas não é suficiente, é preciso desenvolver a capacidade de usar os recursos em prol de uma situação mais estratégica. O capital intelectual é o ativo mais importante. 36 TÓPICO 3 UNIDADE 1 O RH moderno e as Soft Skills A medida que o mercado vai se aprimorando e buscando novos caminhos para resolver suas demandas, junto com a tecnologia novos paradigmas também vão surgindo no horizonte, e cada vez mais, as empresas que buscam diferenciais estão percebendo que habilidades mais ligada à experiência e ao emocional podem ser utilizadas e muito bem utilizadas para criar valor, e se você que realiza essa leitura ainda não ouviu falar das Soft Skills, chegou o momento, pois o mercado está cada vez mais de olho nisso. Em um primeiro momento, vamos dividir as competências profissionais em duas grandes esferas de aptidões: temos as habilidades técnicas (chamadas de hard skills) e as habilidades pessoais (chamadas de soft skills) (PEDROSA; SILVA, 2019). A palavra Skill, do inglês em uma tradução livre significa um conhecimento ou habilidade que alguém domina, um trabalho que demanda um treinamento especial ou específico, ou seja, as Hard Skills são competências técnicas bastante específicas e ligadas a um campo de conhecimento específico, e as Soft Skills, são os atributos ligados a personalidade e comportamento (PEDROSA; SILVA, 2019). Autores, estudiosos e pensadores como Bolli e Renold, Creasy e Anantatmula defendem que as Soft Skills no momento atual e futuro do mercado são e serão mais importantes que as Hard Skills, uma pesquisa foi realizada pela equipe do professor e consultor de tecnologia para negócios (PEDROSA; SILVA, 2019). Na gestão de um ambiente organizacional uma boa estrutura é vital e o bom funcionamento dessa estrutura possui uma relação direta com as capacidades desenvolvidas pelos colaboradores, toda empresa que deseja alcançar objetivos precisar investir no desenvolvimento de seus funcionários, esse desenvolvimento, no paradigma atual está em busca de uma plenitude que envolva habilidades técnicas e emocionais, por isso o mercado volta seus olhares com mais atenção para as Soft Skills Podemos então definir Soft Skills como uma série de habilidades individuais, estas possuem uma relevância crescente nos ambientes profissionais, essas características são de natureza social, mental ou emocional e estão conectadas a conceitos e experiências individuais de cada colaborador, seu repertório, valores, cultura e afins. As Soft Skills, por sua própria estrutura, trabalham com o lado mais emocional, e por isso são mais complexas em sua mensuração pois não são adquiridas em cursos e treinamentos, e sim desenvolvidas ao longo de toda uma vida. O RH moderno e as Soft Skills 37 As Hard Skills vão justamente à direção oposta, pois são competências técnicas oriundas de qualificação profissional, portanto, muito mais objetivas e aplicadas sistematicamente dentro de uma rotina. Entre elas estão por exemplo, o domínio de uma ferramenta, uma metodologia, o uso técnico das tecnologias e assim por diante, ou seja, fatores necessários para exercer uma função nos seus termos mais práticos. Quando estamos tratando de quesitos mais ligados a inteligência emocional como a capacidade de se focar em um processo, a qualidade dos resultados, a produtividade, o engajamento, dentre outros, cabe ao setor de Recursos Humanos de uma empresa estar atento a esses pontos que normalmente não estão visíveis em currículos, estamos falando então de gestão de capital humano, o que é fundamental no desenvolvimento de qualquer modelo de negócio, o profissional precisa ser observado em seu dia a dia e deve haver uma verificação se ele se encaixa dentro dos valores missão e cultura organizacional da empresa, e se possui habilidades requeridas por essa cultura. É preciso que o RH considere quais pontos são relevantes a cada função, pois as constatações podem direcionar mais rapidamente o trabalho e desempenho de funções, por exemplo, se estamos pensando na área de vendas, com certeza será muito mais complexo treinar um funcionário muito tímido, ao contrário de um funcionário mais expansivo. A timidez e a expansibilidade são capacidades inatas a cada um (mas cabe ressaltar que a expansividade e desenvoltura pode ser desenvolvida). O mercado hoje volta seu olhar para importância das Soft Skills no planejamento estratégico, vamos ver as características mais buscadas, que são as seguintes: Ética - A ética é hoje uma Soft Skill de bastante relevância no cenário corporativo, características éticas podem ser percebidas em termos de pontualidade, compromisso, respeito aos colegas, responsabilidades com prazos e prestatividade. O mercado profissional possui um certo grau de competitividade, e esse não deve ser ignorado, muito pelo contrário, deve ser visto como algo saudável e estimulante, mas a ética estabelece os limites entre uma competição harmoniosa e vantajosa para empresa e os colaboradores e uma competição desenfreada e selvagem. Empatia - No ambiente corporativo ganha cada vez mais espaço a capacidade de se colocar no lugar do outro, e tentar entender seu comportamento e motivações é cada vez mais basilar no relacionamento com colegas. A empatia é importante na relação entre liderança e liderados, um gestor deve observar essa Soft Skill na gestão de conflitos. No caso dos colaboradores, ao lidar com clientes, a empatia é igualmente importante. Entender as dores do consumidor é fator competitivo, e a partir disso se devem buscar soluções para seus problemas. Comunicação - A comunicação é a ferramenta do relacionamento humano por excelência. Comunicar-se eficientemente consiste em transmitir clara e objetivamente uma ideia ou conceito, e buscar com isso garantir que seu interlocutor compreenda aquilo que está sendo dito. Lidar com pessoas, investidores ou com clientes exige
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