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EMAIL - Política Municipal do Ensino Fundamental

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Prévia do material em texto

Prefeitura Municipal de Primavera do Leste – MT
Secretaria Municipal de Educação – SME
 
PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE PRIMAVERA DO LESTE – MT
Primavera do Leste – MT
2019
Equipe Organizadora
Jaqueline Maria Giovenardi
Lauricena Rodrigues de Oliveira
Maria Zirlene de Sousa
Rosemary Maia Ferreira das Neves
Silvia Adriana Aguiar Araújo
Solange Aparecida Soares Rezende
Colaboradores
Adércio Vilmar Reder
Adriana Peres Pinheiro
Antônio Luiz Machado
Cristiane Aparecida Zaqui
Gracielle Maria Bruschi
Joysse Virginia da Silva
Lienimar de Souza Almeida
Liliane Maria Scheid Leonarczyk
Marcelo de Souza
Maria Cristina Fagundes Corrêa Rosa
Neusa Pieniz
Rogério Luis Bauer
Rosa Maria de Souza Fai
Rosani Londero
Sérgio da Silva Machado Júnior
Sirleide Maria de Sousa Custódio Barbosa
Tânia Aparecida dos Santos
Kátia Cristina Carse Alcover
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AEE	Atendimento Educacional Especializado
APAE	Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
BNCC		Base Nacional Comum
CDCE	Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar
CEB	Câmara de Educação Básica
CEFAPRO	Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de Mato Grosso
CF		Constituição Federal
CME		Conselho Municipal de Educação
CNE		Conselho Nacional de Educação
C.T.P.P.	Comissão de Trabalho da Proposta Pedagógica
D.O.U.	Diário Oficial da União
DCN	Diretrizes Curriculares Nacionais
DCNEB	Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica
DCNEF	Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
DRC – MT	Documento Referência Curricular para Mato Grosso
DUDH	Declaração Universal dos Direitos Humanos
ECA		Estatuto da Criança e do Adolescente
EMEFTI	Escola Municipal de Ensino Fundamental em Tempo Integral
FEBEM 	Fundação Estadual ao Bem Estar do Menor
FICAI	Ficha de Comunicação de Aluno Infrequente/Indisciplinado/Infrator
FME	Fórum Municipal de Educação
FUNABEM	Fundação Nacional ao Bem Estar do Menor 
Fundeb	Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
Fundef	Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
IBGE	Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEB	Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
IFMT	Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso
INEP	Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDB		Lei de Diretrizes e Bases
LDBEN	Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LGD	Lei de Gestão Democrática
MEC	Ministério da Educação
NAMEI	Núcleo de Atendimento Multidisciplinar da Educação Inclusiva
PAR	Plano de Ações Articuladas
PCNs		Parâmetros Curriculares Nacionais
PDI		Programa de Desenvolvimento Institucional
PEE		Plano Estadual de Educação
PMALFA	Programa Mais Alfabetização
PME		Plano Municipal de Educação
PNAD 	Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
PNAIC	Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
PNE		Plano Nacional de Educação
PPP	Projeto Político Pedagógico
SAM	Serviço de Assistência ao Menor
SECEL	Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer
SME		Secretaria Municipal de Educação
UFBA	Universidade Federal da Bahia
UFRGS	Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNDIME	União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
UNESCO	Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UNIC	Universidade de Cuiabá
 
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 
ABRINDO O DIÁLOGO: A CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE PRIMAVERA DO LESTE – MT
INTRODUÇÃO
1 TRAJETÓRIA DO ENSINO FUNDAMENTAL NO BRASIL
2 MARCOS LEGAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
3 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM PRIMAVERA DO LESTE
4 DIAGNÓSTICO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM PRIMAVERA DO LESTE 
5 O ENSINO FUNDAMENTAL E SUAS MÚLTIPLAS INFÂNCIAS E ADOLESCÊNCIAS
6 AS TRANSIÇÕES NO ENSINO FUNDAMENTAL
7 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E PEDAGÓGICA DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO 
8 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO ENSINO FUNDAMENTAL 
- Éticos
- Estéticos
- Políticos
8.1 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA PROPOSTA 
I. Educação de Qualidade 
II. Gestão Democrática e Participativa 
III. Educação para a Cidadania
IV. Escola Para Todos
V. Acesso, Permanência e Sucesso 
VI. Formação Integral do Educando 
VII. Qualificação Profissional
VIII. Respeito a Diversidade
9 CURRÍCULO
10 ENCAMINHAMENTOS E PRÁTICAS METODOLÓGICAS NO ENSINO FUNDAMENTAL
11 CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO
12 ENSINO FUNDAMENTAL DO/NO CAMPO
13 ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL
14 PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO ESPAÇO ESCOLAR
15 FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFISSIONAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
APRESENTAÇÃO
ABRINDO O DIÁLOGO: A CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE PRIMAVERA DO LESTE – MT 
A Proposta Pedagógica para o Ensino Fundamental das Escolas Municipais de Primavera do Leste – MT é fruto de uma construção coletiva, de diversos olhares pedagógicos e da contribuição de profissionais da educação que assumiram essa responsabilidade.
Esse processo de construção da proposta pedagógica iniciou-se em agosto de 2015 com estudos de várias temáticas, pesquisas, reflexões acerca dos temas considerados importantes para subsidiar as ações sugeridas nesta proposta pedagógica e início da escrita do texto. No ano de 2016 os dados da pesquisa realizada em 2015 foram tabulados e a partir desses dados deu-se continuidade aos estudos das temáticas que necessitavam de aprofundamento teórico, e de outras consideradas importantes, necessárias e pertinentes ao documento. Em 2017, devido à instabilidade política pela qual o município passou, os estudos não aconteceram. No ano de 2018, os estudos foram retomados e mais algumas pesquisas foram realizadas, sendo uma sobre concepção de criança e adolescente, outra sobre concepção de avaliação e a última sobre os encaminhamentos e prática metodológicas adotados nas unidades escolares. Essas pesquisas tinham por finalidade saber como os professores enxergam as crianças e os adolescentes, quais práticas de avaliação são utilizadas nas escolas e com quais finalidades. Saber também quais os encaminhamentos e práticas metodológicas as unidades escolares reconhecem como importantes para suas realidades. Esses levantamentos subsidiaram nossas reflexões sobre os textos que estudamos referentes a essas temáticas. Além disso, as pesquisas acima descritas foram importantes para a construção dos textos da proposta, pois tiveram como propósito, aproximar a prática da teoria estudada e realçar o que as escolas já desenvolvem, sugerindo novas ações e atitudes na complementação do fazer pedagógico de cada unidade escolar.
Neste ano este documento será enviado às escolas para leitura, estudo, reflexão e contribuição de todos os profissionais das unidades escolares juntamente com a sua comunidade.
Ao longo de todo o texto foram realçadas e comentadas as bases que amparam as reflexões e discussões. Amparados pelas Leis e pela legislação vigente sabe-se que este texto tem na verdade milhares de pensamentos, discussões e debates ao longo da história da educação brasileira, por meio de lutas e diálogos para se concretizar em leis, que por sua vez se tornam ações e melhorias na educação. Os princípios de democracia, educação de qualidade, direitos humanos são a todo o momento destacados, visto que são os princípios que norteiam as falas nesta proposta. Abordou-se também que a escola e o currículo podem ser espaços democráticos de discussões e questionamentos, onde o conhecimento deve ser problematizado para que se torne significativo para os educandos de modo a leva-los a elaborar e exercitar suas próprias críticas sobre os problemas vividos no seu cotidiano e aprender a assumir responsabilidades em relação ao que é de todos.
Não se deixou de trazer também a necessidade de avaliar com qualidade, o que implica o mesmo cuidado com o educando ao não vê-lo apenas como um número em uma lista. Há o entendimento e a concordânciade que os índices externos devem ser analisados e acompanhados, mas que o processo de avaliação não pode ter como fim em si somente a avaliação externa, mas as avaliações internas, processual, formativa, participativa de ação pedagógica contínua, cumulativa e diagnóstica devem servir de base para reflexões juntamente com as avaliações externas para redimensionar a ação pedagógica, no intuito de melhorar o aprendizado dos educandos.
Sendo assim, cabe a cada escola, discutir e construir seu currículo coletivamente de acordo com sua realidade, levando em consideração as necessidades dos sujeitos do processo pedagógico e também acompanhar a evolução do educando, identificar suas fragilidades e por meio da formação continuada e dos projetos emanados destas discussões gerar o movimento cíclico de ação-reflexão-ação, num trabalho contínuo de monitoramento. Seguindo os princípios das DCNEF de 9 (nove) anos, da BNCC e do Documento Referência Curricular para Mato Grosso (DRC – MT), escolhendo o material didático, incluindo os educando, respeitando sua diversidade e incentivando a democracia na escola, temos nesta proposta um caminho para complementar os estudos e auxiliar as escolas do município a organizar seu fazer pedagógico.
Cabe ao educador ser mediador no processo ensino aprendizagem, intervindo intencionalmente, para que o educando adquira os conhecimentos sistematizados. Além disso, o professor deve analisar os índices, conhecer seus educandos e planejar ações, com base na proposta pedagógica e nas avaliações, seja ela: processual, formativa, participativa de ação pedagógica contínua, cumulativa e diagnóstica, em conjunto com os seus pares, e em sua disciplina selecionar materiais e métodos que permitam ao educando aprender. Cabe também a este profissional estimular as interações e relações sociais entre os educandos, tendo ciência do seu papel de educador, trabalhando o diálogo entre os educandos, entre educando-professor, educando-meio, de modo que sua aula planejada coletivamente desperte e valorize o conhecimento de cada um.
Deve-se ressaltar que, mesmo com o esforço em comum e diversas revisões, esta proposta pode conter aspectos que possivelmente deverão ser aprimorados no decorrer do processo, ao passo que for colocada em prática, pois é um documento que não está acabado e que precisa ser adequado ao ponto de vista dos profissionais da educação e de cada unidade escolar de Primavera do Leste.
INTRODUÇÃO
O educador é a força invisível por trás de todas as coisas visíveis, é a capacidade de se refazer, é a habilidade humana de construir no plano físico aquilo que foi concebido no plano mental, a compreensão da vida e a expansão do bem maior.
O ser professor é conhecedor, capaz de tecer a sua história e a do outro.
(Rosemary Maia, 2012)
Por ser a educação núcleo fundamental no desenvolvimento de um país, de uma sociedade e também essencial na evolução do ser humano, o município de Primavera do Leste procura estabelecer meios para construir uma educação de qualidade, visto que a mesma é primordial para um processo educacional e social sólido e alicerçado.
No intuito de edificar a educação do Município de Primavera do Leste e em face de cumprir o previsto em leis como: Plano Nacional de Educação - PNE (Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014), Plano Estadual de Educação - PEE (Lei nº 10.111 de 06 de junho de 2014) e Plano Municipal de Educação - PME (Lei nº 1.555 de 24 de junho de 2014), elabora-se uma proposta pedagógica de modo participativo, que permeia a teoria e a prática metodológica dos profissionais do Ensino Fundamental das Escolas Municipais de Primavera do Leste.
Para que uma proposta pedagógica seja adequada às necessidades dos educandos é necessário saber o que se quer e aonde se quer chegar e para que esta proposta se efetive dentro das unidades escolares, torna-se necessário realizar um trabalho coletivo entre a equipe pedagógica e a comunidade escolar.
A proposta em si direciona os profissionais da educação, de modo a orientar suas ações pedagógicas para concretizar, então, uma formação que abarca a diversidade de realidades que abrangem o município de Primavera do Leste.
Em virtude dos avanços tecnológicos e mudanças na sociedade vigente, o processo educacional obriga-se a se reestruturar em todas as suas vertentes. Assim, adequando-se ao momento para reformular o processo educacional, tal proposta estabelece as diretrizes básicas a serem observadas pelas escolas, norteando os profissionais da educação em todo o processo de ensino aprendizagem.
Desta forma, a proposta pedagógica é construída e concretizada coletivamente, formalizando um compromisso entre todos os profissionais da educação, sendo moldada no dia a dia e impulsionada pelos próprios educandos em sua busca por compreensão e aquisição de novos saberes, contribuindo de modo significativo na formação de cidadãos conscientes, críticos e participativos na sociedade da qual fazem parte.
 
 
1. TRAJETÓRIA DO ENSINO FUNDAMENTAL NO BRASIL
A educação escolar no Brasil teve início em 1549 com a chegada dos padres da Companhia de Jesus (ordem religiosa católica), que ficaram responsáveis de comandar a educação brasileira.
Como nosso país era uma colônia portuguesa e sua economia baseada no latifúndio e no trabalho escravo, a educação escolar não se fazia necessária para o desenvolvimento das atividades de produção no período colonial, sendo direcionada a um pequeno grupo de pessoas pertencentes à classe dominante (donos de terra e senhores de engenho) (ROMANELLI, 1992).
Devido ao incentivo e o subsídio da coroa portuguesa, os jesuítas dominaram a educação brasileira por mais de dois séculos (1549-1759). Neste período as primeiras escolas foram criadas, dentre elas as de primeiras letras, correspondentes ao ensino fundamental de hoje (MONLEVADE, 1997).
Segundo Romanelli (1992), em 1759, os padres jesuítas foram expulsos de Portugal e seus domínios pelo rei, que foi influenciado por seu primeiro-ministro, o Marques de Pombal, pois o sistema jesuítico estava mais articulado aos interesses da própria Companhia de Jesus que àqueles da Coroa. A partir daí, o Estado passou a assumir, pela primeira vez, a organização e os encargos da educação.
O sistema jesuítico foi substituído pelas aulas régias, um sistema não seriado de aulas avulsas, com professores mal-remunerados e vitalícios no cargo, custeado por um tributo colonial, o sistema literário, instituído em 1772, que incidia sobre a venda de carne nos açougues e aguardente.
Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, a partir de 1808 são criados os primeiros cursos superiores, pois a monarquia portuguesa estava preocupada com a formação de quadros militares e administrativos de que necessitava, bem como das elites governantes. A presença da família real no Brasil trouxe sensíveis mudanças apenas para o ensino superior, ficando os demais níveis de ensino em situação de abandono total (ROMANELLI, 1992). E a Independência do Brasil, proclamada em 1822, também não alterou o quadro da situação educacional do país.
Outorgada em 1824, a Constituição do Império, estabeleceu um importante princípio: “a instrução primária é gratuita a todos os cidadãos”. Nesta época, porém, a maior parte da população era analfabeta e o Poder Público não desenvolveu esforços para transformar a educação em política pública, fazendo com que o quadro geral da educação brasileira pouco se diferenciasse da situação herdada do período colonial (OLIVEIRA, 2007).
Em 15 de outubro de 1827 foi aprovada a primeira lei sobre o Ensino Elementar e a mesma vigoraria até o ano de 1846. Esta lei determinava: artigo 1º: “em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias”. e artigo 11: “haverão escolas de meninas nas cidades e vilas mais populosas, em que os Presidentes em Conselho, julgarem necessário este estabelecimento” (BRASIL, 1827), porém esta lei fracassou por várias causas econômicas, técnicase políticas.
Em função do Ato Adicional de 1834, que emendou a Constituição de 1824, houve uma reforma na educação, onde o ensino elementar, secundário e de formação dos professores ficou a cargo das províncias, enquanto a Coroa (poder central) cuidaria do Ensino Superior. Essa reforma contribuiu para a descentralização da educação e consequentemente fragmentou os poucos projetos e recursos existentes, contribuindo para a proliferação de leis contraditórias e pondo por terra a instrução elementar no Brasil imperial (HAIDAR; TANURI, 1998).
Em 1867, o relatório Liberato Barroso apontou que apenas 10% da população em idade escolar estava matriculada nas escolas elementares. Tudo isso mostra que até 1889 ainda não havia no Brasil uma educação organizada.
Em 1889, com a queda da monarquia, inicia-se um novo período conhecido como Primeira República (1889 – 1930). Este também não foi um período de avanços no campo educacional na maior parte do país, tendo algum desenvolvimento apenas em determinadas regiões do sudeste do Brasil, sobretudo em São Paulo (ROMANELLI, 1992).
A partir de 1930, início da Era Vargas (1930 – 1945), a educação brasileira começou a tomar novos rumos e sofrer importantes transformações. Neste ano foi criada uma Secretaria de Estado com a denominação de Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, sob o decreto nº 19.402, de 14 de Novembro de 1930, onde em seu artigo 2º decreta: “este Ministério terá a seu cargo o estudo e despacho de todos os assuntos relativos ao ensino, saúde pública e assistência hospitalar” (BRASIL, 1930).
No ano de 1931, sob o comando do ministro da educação e saúde Francisco Campos, vários decretos foram baixados dispondo sobre a organização do ensino superior, secundário e comercial, os quais constituíram a Reforma Francisco Campos.
Outra medida da Reforma Francisco Campos foi a criação do Conselho Nacional de Educação, sob o decreto 19.850 de 11 de abril de 1931. Uma das atribuições desse conselho, descrita no artigo 5º é: “f) firmar as diretrizes gerais do ensino primário, secundário, técnico e superior, atendendo, acima de tudo, os interesses da civilização e da cultura do país” (BRASIL, 1931).
Contudo, tal Reforma, pecou por tratar “de organizar preferencialmente o sistema educacional das elites”, deixando “completamente marginalizados os ensino primário e os vários ramos do ensino secundário profissional (salvo o comercial)” (ROMANELLI, 1992, p. 134).
Em 1932, alguns intelectuais brasileiros como: Lourenço Filho, Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, dentre outros, assinaram o "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova", que defendia uma educação obrigatória, pública, gratuita, laica, sem qualquer discriminação por cor, sexo ou tipo de estudo, adaptada às características regionais, como dever do Estado, a ser implantada em todo o país. Esses intelectuais perceberam e denunciaram a insuficiência e as deficiências educacionais e concluíram que as instituições escolares deveriam ser atualizadas de acordo com a nova realidade social. Com isso, surgiu o movimento Escola Nova que valorizava os jogos e os exercícios físicos de forma geral e levava em consideração os estudos da psicologia da criança e buscava os métodos mais adequados para estimular o interesse delas, sem privá-las da espontaneidade (BARBOSA, 2012).
Com a Constituição de 1934 surge o primeiro capítulo constitucional dedicado à educação que determinou a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário com duração de 4 (quatro) anos e estabeleceu, pela primeira vez no país, a vinculação de mínimos percentuais orçamentários para a educação, devendo a União e os Municípios aplicar nunca menos de dez por cento e os Estados e Distrito Federal pelo menos vinte por cento da renda resultante dos impostos, na manutenção e no desenvolvimento dos sistemas educativos (artigo 156).
Além das determinações acima citadas, a Constituição de 1934 também incumbiu o Conselho Nacional de Educação de “elaborar o plano nacional de educação para ser aprovado pelo Poder Legislativo e sugerir ao Governo as medidas que julgar necessárias para a melhor solução dos problemas educativos bem como a distribuição adequada dos fundos especiais” (BRASIL, 1934) conforme explicitado no artigo 152 desta constituição.
Observa-se que o movimento do Manifesto dos Pioneiros de 1932 e a Constituição de 1934 contribuíram para os primeiros traçados de uma política educacional brasileira. Porém, com o golpe que instalou o Estado Novo (1937-1945) a Constituição de 1934 durou pouco tempo e foi substituída pela Constituição de 1937, a qual tratou a educação de forma restrita.
Entre 1942 e 1946, o então ministro da educação Gustavo Capanema, incentivou novas leis de reforma do ensino, conhecidas como “Reforma Capanema”. Oito decretos-lei, conhecidos como Leis Orgânicas do Ensino, foram postos em execução neste período visando tal reforma. Em 1946, com a Lei Orgânica do Ensino Primário (LEI N.8.529 – DE 2 DE JANEIRO DE 1946), o ensino primário, que até então não havia recebido a devida atenção do governo central, passa a ser considerado por este governo, que cuida de traçar diretrizes para o mesmo, válidas para todo o país, estruturando-o da seguinte forma:
Art. 2º O ensino primário abrangerá duas categorias de ensino:
a) o ensino primário fundamental, destinado às crianças de sete a doze anos;
b) o ensino primário supletivo, destinado aos adolescentes e adultos.
Art. 3º O ensino primário fundamental será ministrado em dois cursos sucessivos; o elementar e o complementar.
Art. 4º O ensino primário supletivo terá um só curso, o supletivo (BRASIL, 1946a).
Com o término do Estado Novo, surgiu a Constituição de 1946, que além de manter a gratuidade do Ensino Primário, também garantiu sua manutenção na sequência dos estudos, para aqueles que comprovassem falta de recursos (artigo 168, inciso II) (BRASIL, 1946b).
Em 1948, o então Ministro da Educação Clementi Mariani constitui uma comissão de educadores para discutir e propor um projeto para uma reforma geral na Educação do país. Neste mesmo ano, essa comissão, presidida por Lourenço Filho, apresenta um anteprojeto para ser votado na Câmara e no Senado, porém somente em 1961 é que este projeto foi transformado na Lei nº 4.024/61 que fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Surge assim, a primeira LDB (Lei de Diretrizes e Bases) do Brasil, a qual motivou vários debates acerca do tema (RIBEIRO, 1981).
O golpe militar de 1964 alterou sensivelmente a estrutura do ensino no país. Foi um período marcado pelo aumento do autoritarismo em todas as esferas nacionais. Na esfera educacional aconteceram inúmeras reformas sem contar com a participação dos maiores interessados: diretores, professores, educandos, pais. Houve proibição de organizações estudantis, obrigatoriedade do ensino de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira (OSPB), criação do vestibular classificatório garantindo a vaga nas universidades apenas até o preenchimento das vagas disponíveis, exílio de grandes nomes da ciência e educação e uma política de arrocho salarial que reflete até hoje. Tudo isso trouxe resultados drásticos para o campo educacional, como: elevados índices de repetência e evasão escolar, escolas com deficiência de recursos materiais e humanos, professores pessimamente remunerados e sem motivação para trabalhar, elevadas taxas de analfabetismo (PILETTI, 2003).
A promulgação da Carta Constitucional de 1967 ampliou a obrigatoriedade do ensino dos 7 (sete) aos 14 (quatorze) anos e, em decorrência, a Lei nº 5.692/71, modificou a estrutura do ensino, unificando o curso primário e o ginásio em um único curso, o chamado 1º grau, eliminando assim, segundo Romanelli, “um dos pontos de estrangulamento do nosso antigo sistema representado pela passagem do primário ao ginasial, passagem que era feita mediante os chamados exames de admissão” (1992, p. 237).
A lei acima referida transformou ainda o ensino de 2º grau – atual Ensino Médio – em ensino profissionalizante, abrangendo dois níveis de habilitaçãoprofissional: auxiliar (3 anos de duração) e técnico (4 anos de duração). Contudo em 1982, a Lei 7044/82 retirou a obrigatoriedade do Ensino Profissionalizante nas Escolas de Ensino Médio.
Importante avanço ocorreu com a “Constituição Cidadã” de 1988, pois com sua promulgação vieram conquistas sociais em diversas áreas, entre estas, a educação. Ao referir-se ao ensino fundamental, além de atribuir-lhe uma nova nomenclatura, também explicita no inciso I do artigo 208, o direito de todos os brasileiros a este nível de ensino, ao afirmar que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: “ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 1988). Isso quer dizer que em relação à conquista de 1967, esta atingiu também aqueles que não tiveram acesso ao ensino fundamental na idade própria.
Outro ponto a ser destacado na Constituição Federal - CF/88 refere-se ao contido no §1º do artigo 208, que afirma: “o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”. Este parágrafo trata do direito de qualquer cidadão brasileiro ter acesso à educação, podendo exigir do Estado vagas para que ocorra efetivamente o acesso ao ensino fundamental e caso não haja vagas na escola pública, o Estado deve providenciá-las nas escolas privadas, mediante o pagamento de bolsas aos estudantes (BRANDÃO, 2007).
A Constituição de 1988 descreve ainda no artigo 211, já alterado pela Emenda Constitucional nº 14 de 1996, especificamente nos parágrafos 2º e 3º, sobre a divisão de responsabilidades na oferta dos níveis de ensino, deixando claro que Estados e Municípios são co-responsáveis pelo ensino fundamental:
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
[...] 
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. 
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. 
[...] (BRASIL, 1988).
Em 1990 foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sob a lei 8069/90, que veio reafirmar o direito à educação de crianças e adolescentes, de até 18 anos, na forma estabelecida na Constituição Federal de 1988 (XIMENES, 2011).
Uma nova reforma na educação brasileira aconteceu em 1996. Trata-se da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), lei n. 9394/96, sancionada e promulgada em 20 de dezembro de 1996. Esta lei trouxe diversas mudanças nas leis anteriores com a inclusão da educação infantil (creches e pré-escola) e a formação adequada dos profissionais da educação básica, que tem um capítulo específico para tratar do assunto, tecendo assim, significativas mudanças no quadro educacional do nosso país (BRASIL, 2015).
Discorre a LDB em caráter global e de aplicabilidade geral, no referido contexto, sobre as normas e direcionamentos que abarcam os princípios da Educação Brasileira, especificando os níveis e modalidades de ensino, regulamentando a estrutura e o funcionamento do sistema de ensino nacional. 
Após a implementação da LDB, uma nova ordem social e educativa emerge alterando a realidade no âmbito educacional, refletindo, assim, um novo olhar sobre a Educação no Brasil.
Em seus artigos, parágrafos e incisos muitas foram as inovações responsáveis por relevantes mudanças em sua estrutura. Uma dessas mudanças foi a de caracterizar a educação como dever da família e do Estado. Além disso, introduziu a autonomia e flexibilização dos sistemas de ensino e de avaliação, a municipalização do ensino e abriu espaço para a educação a distância e também para a educação especial. Mais ainda, a LDB figurou como um importante instrumento de concretização dos direitos educacionais. Junto com as demais leis protetoras dos direitos sociais, contemplou-se no âmbito educacional uma preocupação de formar um indivíduo mais crítico, participativo, questionador e cidadão.
Ainda em 1996 o Ministério da Educação criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Os recursos para o Fundef vinham das receitas dos impostos e das transferências dos estados, do Distrito Federal e dos municípios vinculados à educação.
O Fundef vigorou até 2006, quando foi substituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Toda a educação básica, da creche ao ensino médio, passou a ser beneficiada com recursos federais. Um compromisso da União com a educação básica, que se estenderá até 2020 (BRASIL, 2015).
No ano de 1997 foi elaborado os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs para o ensino fundamental. Este documento foi elaborado pelo Governo Federal, direcionado tanto a rede pública quanto a rede privada e sua função é 
orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual (BRASIL, 1997, p. 13).
Embora não sejam obrigatórios, os PCNs servem como norteadores para professores, coordenadores e diretores, que podem adaptá-los às peculiaridades locais.  Os PCNs nada mais são do que uma referência para a transformação de objetivos, conteúdos e didática do ensino.
Aprovado em 2001, o PNE estabelece como meta 1 universalizar o atendimento de toda clientela do ensino fundamental no prazo de 5 anos, garantindo o acesso e a permanência de todas as crianças na escola. Como meta 2 ampliar para 9 (nove) anos a duração do ensino fundamental obrigatório, com início aos 6 anos de idade, à medida que fosse sendo universalizado o atendimento de 7 a 14 anos (BRASIL, 2013).
Consequentemente, em 2005, torna-se obrigatória a matrícula das crianças de 06 (seis) anos de idade no Ensino Fundamental, que, com a inclusão das crianças nessa idade, passa a ser de 9 (nove) anos de duração. Assim compreende-se que:
O acesso ao Ensino Fundamental aos 6 (seis) anos permite que todas as crianças brasileiras possam usufruir do direito à educação, beneficiando-se de um ambiente educativo mais voltado à alfabetização e ao letramento, à aquisição de conhecimentos de outras áreas e ao desenvolvimento de diversas formas de expressão, ambiente a que já estavam expostas as crianças dos segmentos de rendas média e alta e que pode aumentar a probabilidade de seu sucesso no processo de escolarização (BRASIL, 2013, p. 109).
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (DCNEF) de 9 (nove) anos - e sua respectiva resolução (CNE/CEB nº7/10), revisada e aprovada em 2010, é também um importante documento legal elaborado no Brasil. As diretrizes são leis que trazem as metas e objetivos a serem buscados nesta etapa do ensino.
Este documento apresenta normas obrigatórias para o Ensino Fundamental que orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino, buscando promover a equidade de aprendizagem, garantindo que conteúdos básicos sejam ensinados para todos os educandos, sem deixar de levar em consideração os diversos contextos nos quais eles estão inseridos (BRASIL, 2013).
Em 2013 é criado o documento: Indicadores da Qualidade na Educação – Ensino Fundamental com o objetivo principal de “ajudar a comunidade escolar a avaliar e melhorar a qualidade da escola. Compreendendo seus pontos fortes e fracos, a escola tem condições de intervir para melhorar sua qualidade conforme seus próprios critérios e prioridades” (Ação Educativa, 2013, p. 5).
Segundo a proposta “O uso dos Indicadores da Qualidade na Educação na construção e revisão participativas de Planos de Educação” os indicadores da qualidade na educação constituem de:
uma proposta metodológica de autoavaliação participativa capaz de mobilizar e envolver os diferentes atores da escola – estudantes, professores/as, gestores/as, familiares, funcionários/as, representantes de organizaçõeslocais etc. – em discussões sobre a qualidade da educação escolar (Ação Educação 2013, p. 7). 
O documento apresenta sete dimensões por meio das quais se podem avaliar diferentes aspectos da qualidade de uma escola de maneira ampla e levando em conta as especificidades de cada instituição de ensino e que devem ser consideradas pela escola na reflexão de sua qualidade. São elas: ambiente educativo, prática pedagógica e avaliação, ensino e aprendizagem da leitura e da escrita, gestão escolar democrática, formação e condições de trabalho dos profissionais da escola, acesso e permanência dos educandos na escola e ambiente físico escolar.
Para avaliar essas dimensões foram criados alguns indicadores de qualidade de aspectos importantes da realidade escolar. Os indicadores são sinais que revelam aspectos de determinada realidade e que podem qualificar algo. Sua variação possibilita constatar se houve, ou não, mudanças. Sendo assim, os indicadores apresentam a qualidade da escola em relação às dimensões a serem analisadas.
No ano de 2014, o novo PNE 2014 – 2024, aprovado em 25 de junho de 2014, por meio da meta 2, veio para legitimar a matrícula das crianças de 6 anos de idade no Ensino Fundamental:
	
Meta 2: universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de seis a quatorze anos e garantir que pelo menos noventa e cinco por cento dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE (BRASIL, 2014, p. 51).
Além disso, outras metas importantes do PNE incluem a alfabetização de todas as crianças até o fim do terceiro ano do ensino fundamental, a erradicação do analfabetismo de brasileiros com 15 anos ou mais, a inclusão de todas as crianças de 4 (quatro) e 5 (cinco) anos na pré-escola e o acesso à creche para pelo menos metade das crianças de até três anos. Há ainda o estímulo ao ensino profissionalizante de adolescentes e adultos e à formação continuada de professores (G1, 2014). Em suma, o PNE é um conjunto de medidas, propostas, metas e estratégias que determina como a educação no país deve ser conduzida.
Um dos mais recentes documentos construído para a educação foi a Base Nacional Comum (BNCC). Sua construção, segundo Cleuza Repulho, Dorinha Seabra Rezende e Maria Alice Setubal, integrantes do “Movimento pela Base Nacional Comum”, foi um processo naturalmente complexo, com debates polêmicos e cenário político tumultuado, mas considerado necessário para a legitimidade dessa política.
No momento a BNCC está sendo implementada nas escolas de nosso país. No site “Movimento pela Base Nacional Comum” há orientações de que esse é um processo que deve envolver governo, gestores e professores, em diversas frentes: revisão dos currículos locais, dos materiais didáticos, formação continuada e inicial dos docentes, alinhamento das avaliações.
O último documento homologado para a educação mato-grossense foi o Documento Referência Curricular para Mato Grosso (DRC – MT), que é a parte diversificada da BNCC para o estado de Mato Grosso. Este documento é composto por 04 (quatro) cadernos: 1) Documento de Referência Curricular para Mato Grosso - Concepções para a Educação Básica, 2) Documento de Referência Curricular para Mato Grosso – Educação Infantil, 3) Documento de Referência Curricular para Mato Grosso – Ensino Fundamental – Anos Iniciais e 4) Documento de Referência Curricular para Mato Grosso – Ensino Fundamental – Anos Finais, e subsidiará a reelaboração dos Projetos Pedagógicos das escolas da rede pública e privada, adequando-os ao disposto na BNCC.
Sendo assim a BNCC, o DCR – MT, o Projeto Político Pedagógico (PPP) e os Planos de Aula têm “papéis complementares para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica, uma vez que as aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação” (MATO GROSSO, 2018a, p. 6).
Diante do contexto histórico até aqui exposto, observa-se que muitas são as tentativas de melhorias no processo educacional brasileiro com intuito de promover uma educação básica de qualidade, capaz de transformar a realidade educacional, mesmo que de forma paulatina, em uma educação alicerçada e significativa para formação do povo brasileiro.
2. MARCOS LEGAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
A trajetória histórica do Ensino Fundamental no Brasil demonstra que esta etapa do ensino passou por diversos avanços. Observa-se que a década de 1980 foi um marco importante para a Educação do país, sendo este um período de mudanças e conquistas legais para a Educação brasileira com a promulgação da CF em 1988. Uma das conquistas encontra-se descrita no artigo 6º e nos parágrafos 1º e 2º do artigo 208, respectivamente, os quais preconizam que:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
[...]
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia
de:
[...]
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
Assim, considera-se que a Constituição de 1988 foi um grande avanço com conquistas sociais em diversas áreas, entre estas, a educação.
No ano de 1990 foi aprovada a Lei 8069/90, ECA. Em seu capítulo IV – “do Direito á Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer”, esta lei nos traz que:
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais (BRASIL, 1990).
Destaca-se aqui que, ao tratar do direito à educação, o caput do artigo 53, apresenta em primeiro lugar o pleno desenvolvimento do educando como pessoa, em segundo lugar o preparo para o exercício da cidadania e em terceiro lugar a qualificação para o trabalho. Estes objetivos da ação educativa não pode e não deve ser, em momento algum, ignorado.
Posteriormente, em 1996, a educação avança com a LDB (Lei nº 9394/1996), sendo esta considerada “a Carta Magna da Educação Nacional”. Essas mudanças deram autonomia e autoridade aos Estados e Municípios para que organizassem seus espaços.
Junto com essas mudanças ficou garantido nesses documentos que a educação passaria a ser ministrada com base em diversos princípios, como por exemplo, a Gestão Democrática. Desse modo, fica assegurada a autonomia aos entes federados para organizar e reorganizar a forma que estavam gerindo a educação em seus espaços por meio da criação de leis, portarias, resoluções, normativas e instituição dos conselhos de controle social, passando as comunidades a fazerem parte do processo educacional.
Também ficou assegurado uma Educação como direito de todos com o apoio da família, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, a preparação para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Esse princípio está assegurado tanto no artigo 205 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) que estabelece: “educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” como no artigo 2º da LDB (Lei nº 9394/1996) que diz: “a educação, dever da família e do Estado, inspiradanos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho".
Além destes princípios enunciados na CF e na LDB, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica – DCNEB, alerta que deve-se considerar integradamente o previsto nos artigos 2º, 3º e 4º do ECA (Lei nº 8.069/90), o qual assegura, à criança e ao adolescente de até 18 anos, todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa, as oportunidades oferecidas para o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. São direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito mútuo, à liberdade, à convivência familiar e comunitária.
No mesmo ano que foi promulgada a LDB, o Ministério da Educação criou o Fundef, sob a lei nº 9424/96, com duração prevista para 10 anos. O Fundef foi implantado, nacionalmente, em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao Ensino Fundamental.
O Fundef era uma espécie de caixa central que redistribuía os recursos federais, estaduais e municipais destinados às escolas de 1º grau (hoje Ensino Fundamental) e esta redistribuição era efetuada de acordo com o número de educandos matriculados em cada região de ensino (MENEZES, 2001).
A lei do Fundef vigorou até o ano de 2006 quando foi substituído pelo Fundeb, aprovado sob a lei nº 11494 de 20 de junho de 2007.
O Fundeb ampliou o atendimento para todos os educandos da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e educação de Jovens e Adultos) e sua vigência para 14 anos, isto é, seu atendimento se estenderá até 2020. 
Segundo informações no site do Ministério da Educação – MEC, o “Fundeb tem como principal objetivo promover a redistribuição dos recursos vinculados à educação” (BRASIL, on line).
Em 2001, depois de grandes marcos como: CF, LDB e a Lei do Fundef, foi aprovado o PNE, sob a lei 10.172 de 9 de janeiro de 2001, com os seguintes objetivos:
a elevação global do nível de escolaridade da população;
a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis;
a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 2001, p. 26).
Em 2005, a Lei nº 11.114/2005 torna obrigatória a matrícula das crianças de 6 (seis) anos de idade no Ensino Fundamental, mas somente a Lei nº 11.274/2006, estabelece prazo de implantação do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos de duração, com a inclusão das crianças de 6 (seis) anos de idade pelos Sistemas de Ensino até 2010 e define que:
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
Com a inclusão das crianças de 6 anos no Ensino Fundamental, fica determinado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) que deve-se levar em consideração a data de nascimento dessas crianças para serem matriculadas no primeiro ano. Sendo assim, as Diretrizes Curriculares Nacionais definem que para o ingresso no primeiro ano do Ensino Fundamental, a criança deverá ter 6 (seis) anos completos ou a completar até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula e aquelas que completarem 6 (seis) anos após esta data deverão ser matriculadas na Educação Infantil (BRASIL, 2013). A Resolução nº 2 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, de 9 de outubro de 2018, reafirma esta regulamentação do corte etário para matrícula de crianças tanto na pré-escola como no Ensino Fundamental, já definidas anteriormente pelas DCNEF de 9 (nove) anos, e começa a valer em 2019.
Segundo informações contidas no site[footnoteRef:1] da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME, para o atual presidente Alessio Costa Lima, a homologação da Resolução citada acima representa uma importante conquista e avanço para o Brasil, pois “ao reafirmar a regulamentação do corte etário, o CNE dá mais estabilidade, organização aos sistemas de ensino e garante proteção aos direitos da infância”. [1: Corte etário aprovado pelo CNE começa a valer em 2019. http://undime.org.br/noticia/16-10-2018-09-34-corte-etario-aprovado-pelo-cne-comeca-a-valer-em-2019 ] 
Em 2010, foi publicado também o parecer CNE/CEB Nº 11/2010 no D.O.U no dia 9/12/2010 e a Resolução CNE/CEB Nº 07/2010 de 14 de dezembro de 2010, dando origem as Novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, a qual recomenda que os três primeiros anos do Ensino Fundamental seja organizado em um único ciclo pedagógico e também o prazo para que todas as crianças fossem alfabetizadas, não havendo retenção nesses anos iniciais do Ensino Fundamental. Essa recomendação também foi feita para as escolas que praticam o sistema seriado.
Com a homologação da BNCC, a proposta é a de que “nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a alfabetização” (BRASIL, 2017, p. 57), sendo assim, a partir de 2019, a alfabetização deverá acontecer até o final o 2º ano do Ensino Fundamental e não mais até o final do 3º ano como previsto anteriormente.
Com essa organização e a ampliação do Ensino Fundamental para 9 (nove) anos, busca-se garantir sua efetiva universalização promovendo acesso à educação, proporcionando condições adequadas para que possa apresentar resultados positivos garantindo a permanência e êxito na aprendizagem dos estudantes e ainda o pleno desenvolvimento do educando e seu preparo para o exercício da cidadania.
Para estabelecer as estratégias das políticas de educação nacional, foi aprovado em 25 de junho de 2014 o Novo PNE 2014 - 2024, sob a lei nº 13005, que prevê metas para melhorar a qualidade do ensino brasileiro. Entre essas metas destaca-se: a erradicação do analfabetismo, a melhoria da qualidade da educação, a valorização dos profissionais de educação, sendo este considerado um dos maiores desafios das políticas educacionais. 
De acordo com o art. 7º do PNE, a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão atuar em regime de colaboração para atingir as metas e implementar as estratégias previstas no texto, o que obedece ao que está previsto tanto no artigo 214 da CF como no inciso I do artigo 9º da LDB:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas [...] (BRASIL, 1988).
Art. 9º. 
 I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (BRASIL, 2010).
Homologada em 20 de dezembro de 2017, a BNCC foi o último documento aprovado para a Educação Nacional. Este documento, previsto na CF de 1988, naLDB 9396/96 e no PNE – 2014
é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), e está orientado pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN) (BRASIL, 2017, p. 7).
Além disso, descreve os conteúdos e saberes necessários para cada ano e segmento da Educação Básica, independentemente do lugar onde os educandos moram ou estudam e todos os currículos de todas as redes públicas e particulares do país deverão conter esses conteúdos (GUIMARÃES; SEMIS, 2017).
Por fim, foi homologado em 20 de dezembro de 2018 o último documento para a Educação de Mato Grosso: Documento de Referência Curricular para Mato Grosso DRC – MT. Este documento tem como marcos legais: a CF de 1988, a LDB 9396/96, os PCNs no período de 1997 e 2000, precedidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, entre 2010 e 2012 e o PNE – 2014. 
O DRC – MT foi elaborado a partir da BNCC e de acordo com o descrito no site[footnoteRef:2] BNCC em Mato Grosso, cada estado “desenvolveu seu Documento de Referência Curricular que traz as aprendizagens essenciais para todo aluno na Educação Básica, acrescido de particularidades estaduais importantes para o desenvolvimento do aluno”. [2: https://sites.google.com/view/bnccmt/perguntas-frequentes-faq] 
Percebe-se que as políticas educacionais no Brasil tiveram grande avanço nas últimas décadas e, a educação, por ser considerada um campo de cunho social, responsável pela transformação positiva da sociedade, necessita ser vista e considerada como um direito fundamental do indivíduo e dever do Estado, que tem a responsabilidade de implementar políticas públicas capazes de garanti-la com qualidade. 
3. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM PRIMAVERA DO LESTE
A educação em Primavera do Leste teve seu início no ano de 1976, ainda quando a cidade era uma localidade pertencente ao município de Poxoréu. Neste ano, atendendo à necessidade de uma área destinada à edificação de uma escola, o Sr. Adivino Castelli doou ao prefeito de Poxoréu um espaço no Parque Castelândia I, um prédio de madeira, às margens da BR 070, onde se desenvolveram as primeiras atividades de educação formal da Escola Municipal Monteiro Lobato (pertencente a rede municipal de ensino de Poxoréu), no primeiro ano com 14 educandos, tendo como professora a Sra. Marlei Hentz. Neste mesmo ano foi criado o Centro Educacional Primavera, da rede particular de ensino.
Devido ao rápido desenvolvimento populacional, com a vinda de migrantes para o cerrado, houve a necessidade de aumentar o número de salas de aulas. Então transferiu-se a Escola Municipal Monteiro Lobato para o já criado Distrito de Primavera e este por sua vez construiu um prédio de alvenaria com 05 salas de aulas, inaugurado em 1983, o qual nomeou-se “Escola Estadual de 1º e 2º Graus Monteiro Lobato, pelo decreto 332/83. 
Com o crescimento da escola também houve a necessidade de aumentar o quadro de professores, passando de 01 (um) para 05 (cinco) docentes. Dentre esses educadores destaca-se a professora Alda Gawlinski Scopel, reconhecida por muitos como exemplo de educadora e que em 1988 passou a ser diretora desta escola, sendo a 1ª diretora eleita pela comunidade escolar, por meio do voto. Em 1989, a professora Alda Gawlinski Scopel falece e em 1990 essa escola passa a chamar-se Escola Estadual de I e II Graus Alda Gawlinski Scopel.
Durante muitos anos essa foi a única escola pública de Primavera do Leste, sendo um local utilizado para reuniões e para as decisões mais importantes para o futuro da comunidade. Atualmente essa escola está localizada na Quadra 42 do Loteamento Primavera I, na Av. São João, 212.
Neste ínterim, no ano de 1980, chegou a Primavera do Leste, Padre Onesto Costa que muito contribuiu na construção de vários centros comunitários e escolas no município, principalmente escolas de Educação Infantil, com recursos vindos de amigos da Itália. A primeira escola de Educação Infantil construída foi a “Creche Lar Maria de Nazaré”, hoje EMEI Lar Maria de Nazaré, que iniciou seu atendimento em 1989, em período integral, com 130 crianças na faixa etária de 2 (dois) a 5 (cinco) anos de idade.
Em 13 de maio de 1986 o Distrito de Primavera passou a categoria de Município de Primavera do Leste, tendo sua primeira administração de 1987 a 1988. 
Na primeira administração houve a construção de 12 escolas rurais, sendo 05 (cinco) com prédios próprios. Na cidade, foi construída e criada a Escola Municipal de 1ª Grau Mauro Wendelino Weis e reformada a Escola Estadual de 1º e 2º Grau Alda Gawlinski Scopel.
Já na segunda administração do município, de 1989 a 1992, a educação sofreu uma mudança radical com o apoio às áreas de infraestrutura e ao aperfeiçoamento na área de recursos humanos, valorizando sob todos os aspectos o professor e todos os demais servidores desse setor. Foram construídas novas escolas com quadras poliesportivas dotadas de iluminação, de laboratórios e de material didático e o ensino foi descentralizado para todos os bairros, bem como para as vilas e fazendas da zona rural.
Entre os anos de 1993 e 1994 foi criada a Escola de 1º Grau na Colônia Russa, para que as crianças e adolescentes de lá pudessem estudar e assim preservar a cultura familiar tão valorizada por esse povo. Durante este período foram criadas mais duas salas de aula no conjunto São José e a Escola Novo Horizonte. 
No decorrer dos anos outras escolas também foram criadas, como: Escola Municipal Marechal Cândido Rondon (2004), Centro de Ensino Cremilda de Oliveira Viana (2007) e Centro Municipal de Ensino Profª Nívea Colognese Denardi (2009). 
Em 2009, o Ensino Fundamental conjuntamente com a Educação Infantil e o Ensino Médio, passaram a compor a Educação Básica, condição essa alterada pela Emenda Constitucional nº 59/2009, que amplia o dever do Estado em relação à educação ao modificar a faixa de escolarização obrigatória que passa a ser dos 04 (quatro) aos 17 (dezessete) anos. Deste modo, os municípios ficaram responsáveis em atender, prioritariamente, a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, enquanto o Estado a atender o Ensino Fundamental e, prioritariamente, o Ensino Médio. Como a rede municipal atendia mais de 70% da Educação Básica, para equilibrar o atendimento entre os entes federados, município e Estado em Primavera do Leste, as 3 (três) escolas acima citadas foram estadualizadas, sendo que no ano de 2014 o CEI Cremilda de Oliveira Viana e a EMEF Marechal Candido Rondon foram transferidas em sua totalidade e o CME Profª Nívia Colognese Denardi atendeu no mesmo ano, apenas os estudantes do 1º ao 3º ano, com 14 (quatorze) turmas ofertadas e as turmas do 4º ao 9º ano estavam sob a responsabilidade da rede estadual. Em 2015 esta escola foi transferida em sua totalidade para a rede estadual de ensino.
Hoje a rede municipal conta com 07 (sete) escolas que ofertam o Ensino Fundamental: Escola Municipal de Ensino Fundamental 13 de Maio, fundada em 1994, Escola Municipal de Ensino Fundamental Mauro Wendelino Weis, fundada em 1988, Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora Aparecida, fundada em 1990; Escola Municipal de Ensino Fundamental em Tempo Integral Maria Dallafiora Costa – Parma Vida, fundada em 2001, antigo Projeto Parma Vida; Escola Municipal de Ensino Fundamental São José, fundada em 1996, Escola Municipal de Ensino Fundamental Novo Horizonte, fundada em 1996; e Centro Municipal de Ensino Carlos Drummond deAndrade, fundada em 1988.
Um avanço importante na educação municipal aconteceu após a promulgação da Constituição Federal de 1988, a partir da qual o município criou o Conselho Municipal de Educação – CME, em 1991 - Lei Municipal Nº 198/91 – com a finalidade de estabelecer as políticas de educação no município de Primavera do Leste - MT. Posteriormente, em 2004 e 2014, essa lei passou por reformulações, e hoje vigora sob a lei nº 1.506 de 16 de dezembro de 2014. Esse conselho, composto por representantes de segmentos da sociedade propicia um pensar democrático e diversificado nas decisões na área educacional.
Hoje o CME atua efetivamente na educação, fazendo visitas às escolas para conhecer os espaços, dar orientações e apoio necessários para o processo de regulamentação e posterior aprovação.
A aprovação da LDB em 20 de dezembro de 1996, Lei 9394/96, motivou ainda mais os avanços na educação municipal, sendo que em 2001, foi criada a lei nº 681 de 27 de setembro de 2001, que dispõe sobre o Estatuto dos Profissionais da Educação do município de Primavera do Leste - Mato Grosso, o qual organiza a Carreira dos Profissionais da Educação Municipal e estabelece o regime de trabalho de seu pessoal, nos termos da LDB - Lei nº 9.394/96, do FUNDEF – Lei 9.424/96 e nos incisos I, II e III do art. 210 da Lei Orgânica do Município de Primavera do Leste. Além disso, essa lei reforça o sistema de eleição para diretores instituída anteriormente pela lei nº 077 de 26 de junho de 1989.
Sobre a eleição para diretores a lei 681/2001 discorre que: 
Artigo 68 - A função de diretor é considerada eletiva, adotando o voto direto e secreto e deverá recair sempre em integrante do quadro do magistério municipal, conforme art. 64 da Lei nº 9.394, escolhido pela comunidade escolar.
Parágrafo Único - O Diretor de Escola terá mandato de 2 (dois) anos, podendo concorrer a uma única reeleição.
Durante o período de 2004 a 2012 a escolha dos diretores aconteceu por meio de indicação e os coordenadores pedagógicos eram escolhidos entre seus pares. O cargo de diretor voltou a ser eletivo em 2013, quando foram abertas inscrições para o processo de seleção de Profissionais da Educação para o provimento do cargo de comissão de diretor (a) Escolar das Unidades Escolares Públicas Municipais, de acordo com a lei 681/2001.
A escolha para coordenadores pedagógicos, para o ano de 2019, pautou-se no decreto 1.761 de 10 de outubro de 2018 que aprova a alteração da Instrução Normativa SEC - Nº 006 do Sistema Municipal de Ensino da Prefeitura Municipal de Primavera do Leste-MT, que regulamenta os procedimentos para a escolha e atuação da Coordenação Pedagógica das Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino.
Em 2004, a lei nº 839 de 15 de julho de 2004, instituiu o Sistema Municipal de Ensino de Primavera do Leste-MT, o que significou mais autonomia do ensino municipal, adequando as estruturas legais às peculiaridades locais e dando agilidade aos processos.
Com isso o poder público municipal procura garantir o Direito à Educação observando o que determinam a CF de 1988 e a LDB 9394/96. Conforme o artigo 205 da CF “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1998).
No ano de 2006 a Secretaria Municipal de Educação (SME) implantou o currículo apostilado do Sistema Maxi de Ensino no 1º ano do Ensino Fundamental em todas as escolas municipais. No ano de 2007 o método foi expandido para as turmas de 4 (quatro) anos e 5 (cinco) anos da Educação Infantil e também para as turmas do 2º ano do Ensino Fundamental I, em todas as escolas do município, sendo adotado gradativamente, ano a ano, até o 5º ano do Ensino Fundamental. Em 2012, houve mudanças no executivo municipal e a nova gestão da SME realizou pesquisas por meio de diálogos e questionários com os professores da rede. Após análises desse processo, foi considerado o custo de aquisição desse material e a disponibilidade do livro didático ofertado pelo MEC, perpassando principalmente pela concepção do processo de ensino e aprendizagem do educando que parte da interação entre professor e aluno, esse material foi retirado de toda a rede municipal de educação no ano de 2013.
Considerando a importância de se promover momentos de atualização e formação continuada, durante o ano de 2008 e 2009, de acordo com registros de certificação na SME, as unidades escolares de Ensino Fundamental iniciaram um processo de formação continuada com o projeto Formação Continuada, onde eram tratados variados temas.
Em 2010, o Projeto Primando pela Educação, direcionado aos Profissionais da Educação, proporcionou momentos em que os profissionais das Unidades Escolares se reuniam para reflexão, estudos e análise das situações problemas e busca de soluções pertinentes ao fazer pedagógico.
Cientes de que melhorar a educação é uma tarefa de todos os profissionais, o projeto acima descrito proporcionou momentos de formação direcionado aos gestores, por meio do projeto SOUGEST, o qual promoveu encontros de Gestores das Unidades Escolares da Educação Infantil e Fundamental I e II, uma parceria da Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (SECEL), hoje Secretaria Municipal de Educação - SME, com o Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de Mato Grosso (CEFAPRO). A finalidade deste projeto foi a de oportunizar, por meio da formação continuada, reflexão sobre a prática da função de gestor educacional das Escolas Municipais de Ensino Fundamental I e II do Município de Primavera do Leste-MT, numa perspectiva democrática, compartilhando experiências, propondo parcerias, estratégias e soluções para problemas diagnosticados.
Outro momento de formação oferecido por meio do projeto Primando pela Educação, foi o Sala de Profissional SECEL, direcionado aos profissionais da educação no intuito de proporcionar aos professores a oportunidade de reflexão acerca de sua prática pedagógica diária, enfatizando a importância da atuação do professor na aprendizagem do educando.
Em 2015 a formação continuada no município se consolida por meio do projeto Sala de Formação, oferecendo também momentos de formação para os gestores, coordenadores e profissionais da educação.
A lei 1460/2014 que aprovou a carga horária de 30 horas para todos(as) os(as) professores(as) da rede municipal e regularizou a hora atividade dos professores efetivos, sendo destinado 1/3 da jornada semanal para horas-atividades relacionadas ao processo didático-pedagógico, marcou uma conquista em benefício de toda a categoria.
No dia 24 de junho de 2015 o PME, aprovado sob a lei 1555/2015 e sancionado pelo prefeito Érico Piana, foi o primeiro PME realizado no município com vigência de 10 anos (2015 – 2025).
Diante das informações observa-se que a rede municipal de ensino executa algumas ações relacionadas à gestão democrática como: a Escolha do Diretor Escolar e da Coordenação Pedagógica; a participação tanto dos profissionais da educação, quanto da comunidade escolar e da sociedade nas tomadas de decisões dentro das unidades escolares e na elaboração de documentos; assim como a parceria com o Estado e a colaboração do CME para a elaboração do PME.
O município ainda não tem instituído a Lei de Gestão Democrática - LGD, mas percebe-se que a educação evolui no município de Primavera do Leste, porém ainda há muito no que avançar, principalmente com relação à instituição da LGD. Para que esses avanços aconteçam é de suma importância estar ciente que é responsabilidade da sociedade civil, das instituições educacionais, dos profissionais da educação e dos responsáveis pelos educandos, para que a educação possa produzir mudanças na sociedade primaverense.
4. DIAGNÓSTICO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM PRIMAVERA DO LESTE
Para que os avanços aconteçam na educação, é necessário promover um olhar sobre a realidade educacional a partir de dados, informações eindicadores, os quais permitem que seja realizado um diagnóstico para guiar as ações e decisões a serem tomadas. Porém, somente coletar dados não é suficiente para que se tenha uma imagem em detalhes da situação educacional de um determinado local e muito menos uma reflexão para saber qual caminho seguir. É necessário analisar as informações coletadas e é imprescindível atualiza-las, pois os dados podem sofrer alterações conforme mudanças históricas.
Assim, a reflexão e análise do que é produzido é que faz com que os dados ganhem vida e se transformem em informações úteis para melhorias na educação. Então, baseado nos dados contidos no diagnóstico do PME de Primavera do Leste, serão apresentados a seguir os últimos dados da situação educacional no país e no município, para assim poder traçar metas e delinear ações para o avanço da educação municipal.
No Brasil, a busca da universalização do ensino obrigatório tem favorecido, nas últimas décadas, políticas educacionais no sentido de garantir a democratização da educação pública e de qualidade para todos. Em 2016, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua 2016 (PNAD), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE[footnoteRef:3] mostraram que o percentual de crianças e adolescentes de 06 (seis) a 14 (quatorze) anos era 99,2%, o que se pode considerar que a educação nesta etapa está praticamente universalizada. [3: Notícia disponível no site: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-12/ensino-basico-tem-735-dos-alunos-em-escolas-publicas-diz-ibge ] 
Quanto à universalização no município de Primavera do Leste, os resultados têm apontado uma taxa de atendimento escolar que chega, segundo o Censo Escolar de 2017, a 99,7 % do total de crianças de 06 (seis) a 14 (quatorze) anos, o que se pode considerar que, no município, a educação nesta etapa também está praticamente universalizada. Dos 99,7% dos educandos matriculados nas escolas de Ensino Fundamental do município, em 2017, 8,2% dos educandos frequentavam o Ensino Fundamental com distorção idade/série na rede estadual, 11,6% na rede municipal e 2,2% na rede privada de ensino. 
Essa universalização no Ensino Fundamental ocorreu gradativamente nos últimos anos, porém no município houve um aumento considerável no número de matrículas entre 2010 e 2015. Em 2016 houve uma queda nesse número sendo retomado seu aumento a partir de 2017. Esses dados podem ser observados no gráfico 1 a seguir:
Gráfico 1: Matrículas realizadas no município nos últimos 9 (nove) anos
Fonte: Plano Municipal de Educação – PME/2015/ Censo Escolar 2016 a 2018/ Dados da assessoria pedagógica referente às matrículas das unidades escolares da rede particular – referência: maio/2018. Elaboração: C.T.P.P.
Cabe ressaltar que, até 2015, houve o aumento no número de matrículas, porém não houve aumento no número de escolas. Supõe-se que a demanda não foi atendida com a devida qualidade e que o número de alunos em cada turma tenha sido superior ao previsto nos indicativos de qualidade. 
Quanto à queda no número de matrículas no ano de 2016, supõe-se que seja um reflexo da crise econômica[footnoteRef:4] que teve seu auge no ano de 2015, gerando desaceleração da economia mundial e nacional. Outro ponto a ser considerado é o fato das escolas do município serem compostas por uma parte de filhos de trabalhadores migrantes, que com a crise podem ter retornado aos seus lugares de origem durante este período, devido à falta de emprego. [4: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/12/economia-em-2015-o-ano-em-que-o-brasil-andou-para-tras.html] 
No que diz respeito ao desenvolvimento de políticas de oferta de matrículas no Ensino Fundamental, em 2017, o Município de Primavera do Leste atendeu na rede particular cerca de 14,87%, na rede estadual 43,85% e a rede municipal 41,28%. Já em 2018, o Município de Primavera do Leste atendeu na rede particular cerca de 14,47%, na rede estadual 45,46% e a rede municipal 40,07%[footnoteRef:5]. Estes dados só foram alcançados a partir de 2014, devido ao processo de que iniciou em 2010, sendo que até 2013 o município atendia cerca de 73% da Educação Básica Pública no município, enquanto o Estado atendia apenas 27% deste montante. [5: Dados do Censo Escolar 2017 e 2018 obtidos na SME e dados do número de matrículas em 2018 das unidades escolares da rede privada do município obtido pela Assessoria Pedagógica de Primavera do Leste/ maio 2018.] 
Ainda no tocante a universalização, em 2005, a Lei nº 11.114/2005 torna obrigatória a matrícula das crianças de 06 (seis) anos de idade no Ensino Fundamental, que até então era obrigatória a partir dos 07 (sete) anos, conforme descreve o artigo 6º da LDB: “é dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos 07 (sete) anos de idade, no Ensino Fundamental”. E a Lei nº 11.274/2006, estabelece prazo de implantação do Ensino Fundamental de 09 (nove) anos de duração, com a inclusão das crianças de 06 (seis) anos de idade pelos Sistemas de Ensino até 2010.
O Município de Primavera do Leste iniciou o processo de ampliação a partir de 2005 e teve seu atendimento normatizado, por meio da Resolução nº 002/2007 do CME que regulamenta a ampliação do Ensino Fundamental para 9 (nove) anos de duração, no Sistema Municipal de Ensino de Primavera do Leste, a qual amplia a oferta e define os princípios para o Ensino Fundamental, objetivando, assim, o acompanhamento das determinações do Ministério da Educação – MEC, sobre a implantação do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, seguindo orientações do PNE. Diante da resolução acima descrita, fica assegurado a todos os educandos um tempo mais longo no convívio escolar, o que configura mais oportunidades de aprendizagem.
Em 2010, com a publicação do parecer CNE/CEB Nº 11/2010 no D.O.U no dia 9/12/2010 e a Resolução CNE/CEB Nº 07/2010 de 14 de dezembro de 2010 – Novas DCNEF de 9 (nove) anos - fica recomendado que os três primeiros anos do Ensino Fundamental seja organizado em um único ciclo pedagógico, mesmo para as escolas que praticam o sistema seriado, isto significa dizer que nesses anos iniciais do Ensino Fundamental não haverá retenção dos educandos. Deste modo, a partir de 2013 o município de Primavera do Leste para se adequar a esta recomendação adere ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, que é um curso de formação continuada para professores alfabetizadores, para alfabetizar todas as crianças até os 8 (oito) anos de idade, isto é, até o final do 3º ano do ensino fundamental.
De acordo com essas adequações, o Ensino Fundamental do município ficou organizado da seguinte forma: do 1º ao 3º ano em um único ciclo pedagógico e do 4º ao 9º ano de forma seriada.
Quanto ao resultado da aprendizagem dos educandos, o Brasil verifica o índice e estabelece metas para a educação através do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O IDEB funciona como um indicador nacional que possibilita o monitoramento da qualidade da educação pela população por meio de dados, com os quais a sociedade pode se mobilizar em busca de melhorias.
Ao analisar o IDEB do Sistema Municipal de Primavera do Leste-MT observa-se que, de modo geral, tem-se buscado alcançar as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação. No entanto, torna-se fundamental atentar para as médias alcançadas por cada estabelecimento de ensino, visto que há escolas cujas médias encontram-se abaixo da projeção.
Em se tratando da aprendizagem dos estudantes, percebe-se crescimento nos indicadores, conforme demonstrado nas tabelas a seguir:
Tabela 1 – Nota do IDEB das Escolas da Rede Municipal de Primavera do Leste – Anos Iniciais
	4ª série / 5º ano
		
	Ideb Observado
	Metas Projetadas
	Município
	2005
	2007
	2009
	2011
	2013
	2015
	2017
	2007
	2009
	2011
	2013
	2015
	2017
	2019
	2021
	Primavera do Leste
	
3.5
	
4.4
	
4.8
	
4.9
	
5.3
	
5.7
	
5.7
	
3.6
	
3.9
	
4.3
	
4.6
	
4.9
	
5.25.5
	
5.8
Fonte: http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultado.seam?cid=3185377
Tabela 2 – Nota do IDEB das Escolas da Rede Municipal de Primavera do Leste – Anos Finais
	8ª série / 9º ano
		
	Ideb Observado
	Metas Projetadas
	Município
	2005
	2007
	2009
	2011
	2013
	2015
	2017
	2007
	2009
	2011
	2013
	2015
	2017
	2019
	2021
	Primavera do Leste
	
3.3
	
4.5
	
4.1
	
4.7
	
4.3
	
4.7
	
4.9
	
3.4
	
3.5
	
3.8
	
4.2
	
4.6
	
4.8
	
5.1
	
5.4
Fonte: http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultado.seam?cid=3185377 
Esses resultados ainda precisam melhorar, haja vista que de acordo com a meta 7 do PNE a média a ser atingida no Ensino Fundamental é 6,0 para os anos iniciais e 5,5 para os anos finais. 
No período de 2010 a 2014 houve o aumento da aprovação e a redução significativa na taxa de retenção, consequentemente, houve a melhoria da aprendizagem, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, comprovado pelo resultado do IDEB. Já no período de 2015 à 2018 houve manutenção e aumento na taxa de aprovação dos educandos das escolas da rede municipal, que foi acima de 90%, porém há muito que avançar, considerando a estratégia 2.1 da meta 2 do PME que visa a regularização das taxas de aprovação em 98% até o final de sua vigência.
Gráfico nº 2 – Taxa de aprovação e reprovação nos últimos 08 (oito) anos
Fonte: Censo Escolar 2011 a 2017 / Dados do Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI) -2018 das Escolas da Rede Municipal – SME
Além das questões acima abordadas, constatou-se no PDI[footnoteRef:6] das escolas da rede municipal que 5,10% do total de educandos matriculados em 2017 no Ensino Fundamental da rede municipal, frequentaram esta etapa do ensino com distorção de idade/série. Já em 2018 esse índice caiu para 2,23%. [6: Informações obtidas com a responsável pelo PDI na SME.] 
Observa-se que houve uma diminuição significativa do ano de 2017 para o ano de 2018 dos educandos que frequentaram o Ensino Fundamental com distorção idade/série. Para atender essa demanda o Sistema Municipal de Ensino precisa investir mais em Programas de Correção de Fluxo com atendimento e ações que visem correção da distorção idade/série no Ensino Fundamental.
Os investimentos tem sido feito com base nas estratégias da meta 2 do PME. Entendendo que a educação inclui a formação continuada dos profissionais da educação que se desenvolvem na vida escolar e familiar do educando, na convivência humana, no trabalho, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas expressões culturais, uma destas estratégias é criar mecanismos de apoio pedagógico para acompanhamento e monitoramento individualizado do desempenho escolar dos educandos que apresentam dificuldades de aprendizagens e, garantir a colaboração da família na frequência e o apoio à aprendizagem dos mesmos, visando a regularização do fluxo escolar em 100% e das taxas de aprovação em 98%.
Outra estratégia prevista no PME, a de instituir e fortalecer o Projeto FICAI (Ficha de Comunicação de Aluno Infrequente/Indisciplinado/Infrator), foi concretizada no início do ano letivo de 2018, visando o estabelecimento de condições adequadas para o sucesso escolar e permanência, promovendo a busca efetiva de crianças e adolescentes fora da unidade escolar, em colaboração com os órgãos parceiros nesse Projeto.
Também está previsto no PME incentivar a participação dos pais ou responsáveis no acompanhamento das atividades escolares por meio de reuniões, palestras, propiciando orientações necessárias que venham contribuir na aprendizagem dos educandos.
No ano de 2018 o município participou de programas como o “Mais Alfabetização” (PMALFA), proporcionando um suporte pedagógico para os educandos do 1º e 2º anos do Ensino Fundamental com dificuldades de aprendizagem, bem como, assegurar apoio pedagógico para acompanhamento dos educandos que necessitam de uma ajuda contínua e paralela, garantindo o aproveitamento das crianças.
Em relação a análise do nível de proficiência dos estudantes, o Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) aplica a Prova Brasil nos 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e avalia o desempenho dos mesmos nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, utilizando uma escala que varia de acordo com as competências e habilidades em cada disciplina.
Dos estudantes que realizaram a Prova Brasil em 2013, 2015 e 2017 no município, encontravam-se nos níveis: adequado e proficiente:
Quadro 1 - Porcentagem dos níveis de proficiência dos estudantes da rede pública de educação de Primavera do Leste (escolas estaduais e municipais)
	
	PROFICIÊNCIA
	2013
	2015
	2017
	
5º ano
	Língua Portuguesa
	42%
	57%
	63%
	
	Matemática
	33%
	39%
	44%
	
9º ano
	Língua Portuguesa
	32%
	29%
	40%
	
	Matemática
	14%
	13%
	19%
Fonte: http://www.qedu.org.br/cidade/291-primavera-do-leste/proficiencia 
Os demais educandos se encontravam nos níveis: básico e insuficiente. Esse resultado é preocupante, pois os estudantes avaliados nos níveis: básico e insuficiente apresentam pouco ou quase nenhum aprendizado. Observa-se que em 2017 houve um pequeno aumento na proficiência dos educandos dos 5º e 9º anos comparado aos resultados de 2015.
Com relação aos educandos da rede municipal de educação observa-se que houve avanço na porcentagem da proficiência nos níveis adequado e proficiente, tanto dos educandos dos 5º anos quanto dos educandos dos 9º anos, indicando também que houve melhoria na aprendizagem. Esses resultados, assim como os resultados do IDEB, também são pouco expressivos, como observa-se no quadro a seguir:
Quadro 2 - Porcentagem dos níveis de proficiência dos estudantes da rede municipal de educação de Primavera do Leste
	
	PROFICIÊNCIA
	2013
	2015
	2017
	
5º ano
	Língua Portuguesa
	41%
	60%
	68%
	
	Matemática
	34%
	44%
	46%
	
9º ano
	Língua Portuguesa
	35%
	44%
	51%
	
	Matemática
	17%
	22%
	25%
Fonte: http://www.qedu.org.br/cidade/291-primavera-do-leste/proficiencia 
Embora Primavera do Leste tenha avançado nos índices do IDEB, o resultado da Prova Brasil mostra que há necessidade de melhorias no Ensino Fundamental. Ressalta-se ainda, que os resultados obtidos também servem de base para a promoção de ações voltadas para a correção dos pontos mais críticos demonstrados nas avaliações.
Na perspectiva de traçar metas para melhorar o desempenho dos educandos, o município aderiu ao Programa Mais Educação, até o ano de 2016, com o intuito de ampliar a jornada escolar e a organização curricular na perspectiva da educação integral. Porém, pelo fato de algumas escolas não preencherem os requisitos para nova adesão tais como: nota no IDEB, crianças e adolescentes cadastrados no programa bolsa família e perca de prazos, não houve essa adesão em 2017. Além disso, o Município realizava, e continua realizando, orientações, acompanhamento e monitoramento do desempenho dos educandos através de ações como: reforço escolar ofertado no contra turno, projetos interdisciplinares, além de aulas de alfabetização para os educandos não alfabetizados dos anos finais.
Baseado nesses dados do município, o PME apresentou 4 metas (Meta 2, Meta 3, Meta 4 e Meta 5) seguidas de estratégias para o Ensino Fundamental, as quais serão apresentadas a seguir.
META 2 – Universalizar o Ensino Fundamental de 09 (nove) anos para toda a população de 06 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência do PME.
Estratégias:
2.1- criar mecanismos de apoio pedagógico para acompanhamento individualizado do desempenho escolar aos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagens e, garantir a colaboração da família na frequência e o apoio à aprendizagem dos mesmos, visando a regularização do fluxo escolar em 100% e das taxas de aprovação em 98%;
2.2- instituir e fortalecer o Projeto FICAI (Ficha de Comunicação de Aluno Infrequente/Indisciplinado/Infrator), visando o estabelecimento de condições

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