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ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA PROFESSORA Dra. Tereza Cristina de Carvalho ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3596 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. CARVALHO, Tereza Cristina de. Estrutura e Funcionamento da Educação Básica. Tereza Cristina de Carvalho. Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 248 p. “Graduação - EaD”. 1. Funcionamento 2. Educação 3. Básica. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Marcia Previato Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Lucas Pinna Silveira Lima Design Educacional Amanda Peçanha Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira Ilustração André Azevedo Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 370 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-283-7 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Head de Produção de Conteúdo Franklin Portela Correia Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Dra. Tereza Cristina de Carvalho Doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – Campus de Marília-SP, na linha de Educação Especial. Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Presidente Prudente-SP. Especialista em Formação de Professores para Potencializar a Inclusão pela UNESP – Campus de Presidente Prudente-SP. Graduada em Pedagogia pela UNITOLEDO – Araçatuba-SP, Psicopedagoga – UCESP – Araçatuba-SP. Atualmente é Pedagoga do Estado do Paraná, atuando no Núcleo Regional de Educação de Maringá e Professo- ra do Curso de Pedagogia a Distância da Unicesumar – Maringá-PR. Tem experiência na Educação Básica, atuando como professora, Coordenadora Pedagógica e Diretora da Educação Básica. Também tem experiência na área da Educação Especial (Pro- cesso Educacional e Inclusivo de Pessoas com Autismo) e na Formação Continuada Colaborativa. Experiência em Educação a Distância e em cursos de Pós-graduação na área da Educação e da Educação Especial. http://lattes.cnpq.br/0397457113408873. A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! É com alegria que compartilhamos este livro didático como material de estudo da disciplina de Estrutura e Funcionamento da Educação Básica. Ele foi elaborado para ser um conteúdo que tratará de conceitos e definições importantes para a compreensão das temáticas abordadas. Assim, na primeira unidade, conheceremos o percurso da estrutura e organização da educação do Brasil por meio da legislação, bem como a trajetória da Educação nas Constituições brasileiras, além de entendermos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional enquanto política pública brasileira. Por fim, anali- saremos as propostas do Plano Nacional de Educação na Educação brasileira e os avanços ocorridos nesses últimos anos. Na segunda unidade, compreenderemos como se estrutura e se organiza o Sistema de Ensino brasileiro na esfera: Federal, Estadual e Municipal, além de apresentar as características e peculiaridades de cada um dos níveis, etapas e modalidades da Educação Básica. Na terceira unidade, subsidiados pelas discussões das unidades anteriores, apresentaremos as modalidades de ensino da Educação brasileira, realizando inicialmente um apanhado his- tórico em cada uma delas, desvendando desde sua evolução até o momento, pontuando concepções fundamentais para sua compreensão na atualidade. Na quarta unidade, propomos uma análise a respeito das características mais importantes sobre a formação docente, bem como ocorre sua profissionalização e de que maneira as políticas educacionais auxiliam a evolução da carreira do professor da Educação Básica. Além disso, abordaremos também os aspectos mais relevantes a respeito das avaliações Externas e como esse trabalho implica no Trabalho Docente. Enfim, na quinta unidade, trataremos sobre o impacto do neoliberalismo no país e na edu- cação, contextualizando essa concepção com as políticas sociais, empreendidas no Brasil a partir da década de 90. Ainda, trataremos de maneira bastante dialógica a democratização a descentralização do ensino no contexto escolar. Diante disso, desejamos a você, caro(a) aluno(a), momentos de estudo, compreensão, re- flexão e de aprendizagem. Então vamos iniciar a nossa jornada e abrir nossa mente para novos conhecimentos. ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativoUnicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO A PERSPECTIVA HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL 8 A ESTRUTURA E A ORGANIZAÇÃO DAS ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA 54 108 A ORGANIZAÇÃO DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E DE ENSINO NO BRASIL 159 O DOCENTE E SUA RELAÇÃO COM O SISTEMA DE ENSINO 199 AS IMPLICAÇÕES DO NEOLIBERALISMO NO PAÍS 228 CONCLUSÃO GERAL 1 A PERSPECTIVA HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO educacional PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Breve História da Educação Bra- sileira • A Evolução da Educação nas Constituições Brasileiras • A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional enquanto Política Pública • As Propostas e os Avanços Educacionais do Plano Nacional de Educação. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer o percurso da estrutura e organização da educação do Brasil na legislação • Estudar a tra- jetória da Educação nas Constituições brasileiras • Entender a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional enquanto política Pública • Analisar as propostas e os avanços do Plano Nacional de Educação na Educação brasileira. PROFESSORA Dra. Tereza Cristina de Carvalho INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), este material foi elaborado com o objetivo de possibilitar ao futuro profissional da educação compreender o contexto organizacional, pois será o local que exercerá o magistério. A Estrutura e o Funcionamento da Educação Básica se apoiam na en- grenagem denominada legislação. Assim, é necessário adquirir conheci- mento a respeito para compreender todo esse funcionamento. Por isso, retratar a Estrutura, a Organização e o Funcionamento da Educação bra- sileira não é uma tarefa fácil, justamente por toda bagagem histórica cons- truída ao longo dos séculos, com seus avanços e retrocessos envolvendo momentos sóciopolíticos, econômicos ou apenas políticos. Desse modo, não é possível conceituar a história da Educação do país diante de todas as perspectivas e facetas que a envolve, por isso, contex- tualizamos um caminho que abordará alguns aspectos relacionados à sua história, elucidada pela influência que as Constituições Federais, as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Plano Nacional de Educação exerceram na idealização da educação do Brasil. Estudar essa temática é fundamental para que você, futuro(a) profis- sional da educação, tenha subsídios para a sua atuação profissional. Além disso, a disciplina de Estrutura e Funcionamento da Educação Básica visa propiciar conhecimentos essenciais para que você compreenda, a partir das legislações, como um sistema de ensino se organiza, possibilitando que reflita a respeito da realidade educacional brasileira e que se sinta es- timulado(a) a acompanhar as constantes idas e vindas das legislações que interferem diretamente na organização desse sistema. Desse modo, apresentamos, nesta unidade, o processo de construção de uma educação pública, laica, obrigatória e gratuita, com o que permeia a sua efetivação. Desejamos que você, por meio da construção desses co- nhecimentos, tenha suporte para o exercício da cidadania crítica e reflexiva. Sendo assim, orientamos que além da leitura do material, reflita sobre ele e não decore leis, artigos e parágrafos, mas que os compreenda de maneira consciente para sua atuação docente. Boa leitura e bons estudos! U N ID A D E 1 10 1 BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO brasileira Caro(a) aluno(a), para compreendermos como a legislação educacional brasileira foi estruturada ao longo dos anos, é necessário retratar alguns aspectos relacio- nados à história da organização do ensino do país. Partimos do pressuposto de que não podemos pensar a educação como um fato isolado, pois é preciso compreender o sujeito a partir de sua historicidade e individualidade, já que a sociedade não se constitui de forma natural, mas a partir de uma construção histórica e social; e a educação faz parte dessa construção histórica, sendo diretamente influenciada por inúmeros fatores, sejam eles sociais, políticos, legais e econômicos. A construção da educação do nosso país precisa ser revisitada a partir das legislações que fizeram parte de sua construção em cada período histórico, mol- dada a partir das necessidades de cada época. É importante compreender que o Sistema Educacional Brasileiro foi construído e normatizado por meio de legis- lações, sendo que as Constituições brasileiras e as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional são as que norteiam a educação como um todo. Revisitando a história da educação brasileira, percebemos que por muito tempo não haviam políticas públicas específicas que pudessem sistematizá-la para atender a demanda emergente. Prova disso é o que ocorreu durante a segunda metade do século XVII, quando Portugal ainda administrava o país com a chamada “mãos de ferro” pelo Marquês de Pombal, que foi um nobre diplomata, estadista português e U N IC ES U M A R 11 secretário de Estado durante o império de D. José I, considerado até hoje uma das figuras mais emblemáticas da História de Portugal. Ele realizou algumas reformas educacionais, dentre elas, a retirada da educação das mãos da igreja, passando a responsabilidade da criação de um ensino pelo Estado. Além disso, ele foi o respon- sável por conseguir expulsar os jesuítas de Portugal e das colônias. A partir de 1808, com a vinda da família real portuguesa, o ensino começou a se reconfigurar, pois até esse período, o ensino era pautado nas concepções que atendiam prioritariamente as classes dominantes, sem nenhum compromisso com as classes populares. Além disso, tanto o ensino público quanto o particular apresentavam inúmeros problemas, dentre eles: ■ Quantidade de escolas insuficiente para atender a demanda da população. ■ As escolas funcionavam em locais inapropriados, com péssimas condi- ções pedagógicas e de higiene. ■ Era proibido a coeducação dos sexos. ■ Escolaridade formal iniciava a partir dos sete anos. ■ Não havia assiduidade dos estudantes. ■ Os docentes não possuíam habilitações específicas para lecionar, nem vencimentos apropriados. ■ Disciplinas importantes deixaram de ser ensinadas, como: educação fí- sica, intelectual e moral. Com a presença da família real no Brasil, o ensino foi sendo organizado, mesmo que minimamente, pois era preciso atender às novas exigências da presença da burguesia na colônia, já que estavam impedidos de frequentar a Universidade de Coimbra por conta do Bloqueio Continental. Dessa forma, o governo priorizou o ensino superior, com o objetivo de formar aqueles que iriam administrar a colô- nia. Com isso, foram criadas as primeiras faculdades de medicina na Bahia e no Rio de Janeiro. Em 1816, a Escola de Belas Artes incentivou o desenvolvimento científico no país, porém, apesar disso, as primeiras universidades brasileiras foram criadas apenas no início do século XX. Com a Declaração da Independência do Brasil, em 1822, surgem novas con- cepções para a organização do Estado brasileiro. O objetivo naquele momento era a consolidação do Estado Nacional e a educação continuou em segundo plano, tratando apenas do cuidado com as escolas de primeiras letras e de outros esta- belecimentos de educação pagos pelos recursos públicos. U N ID A D E 1 12 2 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO nas constituições brasileiras A partir de 1824, a educação começa a tomar novos rumos, tendo como sub- sídio a legislação que foi, ao longo dos anos subsequentes, delineando a educação diante de uma nova perspectiva política, social e econômica. Caro(a) aluno(a), compreendemos, em linhas gerais, como a Educação foi or- ganizada até a primeira Constituição ser outorgada. A seguir, compreenderemos a educação por outro viés, o da legislação que a rege. Caro(a) aluno(a), a educação brasileira perpassou porinúmeras mudanças ao longo dos séculos, por isso é importante realizar um resgate histórico, desde o im- pério a respeito da incorporação da educação nas Constituições Brasileiras para que você possa compreender os degraus alcançados durante todo esse período. O inciso XXXII, do art. 179 desta Constituição estabelece “Instrução primá- ria, e gratuita a todos os cidadãos” (BRASIL, 1824, on-line). Isso demonstra uma preocupação de D. Pedro I com a oferta da educação formal, porém, esse direito não se estendia a todos os cidadãos brasileiros, pois negros e escravos alforriados não tinham esse direito por não serem considerados cidadãos brasileiros. U N IC ES U M A R 13 Vamos iniciar nossas discussões voltando um pouco no tempo, com data de 1824, em que o imperador D. Pedro I outorgou a primeira Constituição brasileira, conhecida como Constituição Política do Império do Brasil, estabelecendo, entre outros direitos subjetivos, o direito à educação. Em 1827, D. Pedro I criou a Lei de 15 de outubro, que estabeleceu, em seu art. 1º, a “criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império” (BRASIL, 1827, on-line). Essa Lei apresentava de- zessete artigos que abordavam questões relacionadas à educação, por exemplo, os conteúdos que seriam ensinados nessas escolas, a formação das professoras e a remuneração. Um avanço para a época, mesmo sem um currículo formal ou formação específica das mulheres que ensinariam na escola. Com a transição do Regime Monárquico para o Republicano, o governo pen- sou em criar uma Constituição que se adequasse aquele novo momento histórico, por isso, mais de meio século após a promulgação da Constituição de 1824, a nova Constituição foi elaborada. Essa nova Constituição teve como uma de suas inspirações a Carta Magna dos Estados Unidos, com eixo na federalização dos Estados e a descentralização do poder, além disso, até o nome do país teve a influência americana, pois o Brasil passou a chamar-se Estados Unidos do Brasil. U N ID A D E 1 14 A primeira Constituição da era Republicana (1891) foi aprovada em 24 de fe- vereiro de 1891, apresentando um retrocesso em relação à educação, já que passou a não garantir mais o acesso a um ensino livre e gratuito. A única menção à edu- cação está no parágrafo 2º, 3º e 4º do art. 35, afirmando que é de competência do Congresso, mas não privativamente “animar no país o desenvolvimento das letras, artes e ciências […]; criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados e; prover a instrução secundária no Distrito Federal” (BRASIL, 1891, on-line). Portanto, os caminhos percorridos por essa Constituição nos mostram que ela foi aprovada com a intenção de atender a elite paulista que apoiou a procla- mação da república, defendendo a descentralização do Estado. Essa mesma elite que influenciou diretamente os eleitores e fraudaram as eleições com o objetivo de implantar no país o coronelismo. Com o fim da Revolução Constitucionalista de 1932, a Assembleia Constituinte foi convocada pelo Governo Provisório da Revolução de 1930, com o objetivo de aprovar uma nova versão da Constituição, a de 1934, porém durou apenas até 1937. O objetivo desta Constituição de 1934 era melhorar as condições de vida da população brasileira, elaborando leis sobre educação, saúde trabalho e cultura. Ainda, essa Constituição deveria estruturar um regime democrático que asse- gurasse à Nação “a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico” (BRASIL, 1934, on-line), porém, foi a Constituição que vigorou por menos tempo na história das Constituições brasileiras, sendo suspensa pela Lei da Segurança Nacional e, apesar do pouco tempo em vigor, foi muito importante para o país, pois ampliou os direitos da população, possibilitando a organização político-social do país, modificando a perspectiva de vida de grande parte dos brasileiros. Em relação à educação, o Capítulo II da Constituição de 1934, referente à Edu- cação e Cultura, estabelece, em seu art. 149, que: A Lei de Segurança Nacional foi publicada no dia 04 de abril de 1935 e definiu crimes con- tra a ordem política e social. Tinha como objetivo transferir para uma legislação especial os crimes contra a segurança do Estado, sujeitando-os a um processo mais rígido, tendo como bônus as garantias processuais. Para que você caro(a) aluno(a) conheça uma crítica a respeito da Lei de Segurança Nacional, leia o livro de Hélio Bicudo. Disponível em: ht- tps://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/diversos/lei.pdf. Boa leitura! explorando Ideias https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/diversos/lei.pdf https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/diversos/lei.pdf U N IC ES U M A R 15 “ a educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela família e pelos Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasi-leiros e a estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da Nação, e desenvol- va num espírito brasileiro a consciência da solidariedade humana (BRASIL, 1934, on-line). A Constituição de 1934 retoma a proposta da Constituição de 1824 quando pro- põe, em seu inciso XXXII, do art. 179, a “Instrução primária, e gratuita a todos os cidadãos” (BRASIL, 1824, on-line), estabelecendo a educação como um direito de todos, inclusive para os estrangeiros que moravam no país, evidenciando a necessidade de legitimar o que havia sido determinado como “educação para todos”, avançando, desse modo, enquanto legislação brasileira. Essa Constituição ainda deixa claro, em seu art. 150, que compete à União, além de outros fatores, fixar um Plano Nacional de Educação, que, por sua vez, obedecerá como uma das normas a oferta do “ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória extensivo aos adultos” (BRASIL, 1934, on-line) com “tendência à gratuidade do ensino educativo ulterior ao primário, a fim de o tornar mais acessível” (BRASIL, 1934, on-line). Além disso, foi a primeira a vincular os recursos resultantes de impostos para a manutenção do sistema de educação. Ainda, pela primeira vez, alguns dis- positivos constitucionais foram dedicados à educação, entre eles estão: a dis- seminação da instrução pública em todos os seus graus; a isenção de imposto às instituições de ensino privado; a criação de recursos para auxiliar alunos necessitados por meio de auxílio, bolsas de estudo, entre outros; organização da educação nacional a partir da previsão de um plano nacional de educação e competência do Conselho Nacional de Educação para produzi-lo; determi- nação de suprimento de cargos do magistério por meio de concurso público, além de estabelecer o envio de recursos para a manutenção e desenvolvimento do ensino. Essas inovações, contudo, não frutificaram nesse momento histórico, A palavra “ulterior” utilizada na citação acima foi retirada da própria Constituição de 1934, significa aquilo que vêm depois, que está para acontecer ou situado além de certo lugar. Fonte: Priberam ([2020], on-line)1. conceituando U N ID A D E 1 16 pois o golpe de Estado, em 1937, colocou um fim à vigência da Constituição de 1934, antes da votação do Plano Nacional de Educação. Assim, no dia 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas assume o governo, de- nominando esse momento de Estado Novo, uma ditadura implantada que tinha como objetivo direcionar os poderes Executivo e Legislativo no Presidente da República, que legislava por meio de decretos-lei, aplicando-os posteriormente, inviabilizando a execução da Constituição de 1934. Alguns dos retrocessos na Educação inviabilizadas pela Constituição de 1937 em relação à de 1934 foram: a revogação da vinculação obrigatória de recursos para a educação; contribuição mensal dos menos necessitados para o caixa da escola, como “ação solidária”, embora o ensino primário fosse obrigatório e gratui- to; revoga a exigência de um Plano Nacional de Educação;preferência ao ensino profissionalizante para os menos favorecidos; preferência pelo ensino particular, deixando claro as verdadeiras intenções do governo e a sua nova face, com a sua desobrigatoriedade em relação à educação, a diminuição dos direitos civis, com determinações excludentes, autoritárias, absolutistas e ditatoriais. Ainda, a Constituição de 1937 (BRASIL, 1937, on-line) encarregou a família de educar integralmente seus pupilos, e ao Estado o dever de colaborar para que fosse efetivada, porém, em seu texto não havia nenhum direcionamento ao sistema de ensino, em nível federal ou estadual. A Constituição de 1946, denominada Constituição dos Estados Unidos do Brasil, foi a quinta Constituição do país, sendo também a quarta republicana e a terceira de natureza republicano-democrático, decretada após o fim do Estado Novo, em 02 de dezembro de 1945. Um dos objetivos foi restabelecer os valores democráticos, além de resgatar as propostas inseridas na Constituição de 1934, como as educacionais, totalmente descartadas pela Constituição de 1937. Em relação às propostas educacionais revistas e resgatadas estão a liberdade de ensino e o ensino público; o ensino leigo em oposição ao religioso, a retomada da responsabilidade do Estado na estruturação e manutenção do sistema de ensi- no e o direcionamento de verbas para a educação. Ainda, determinou que a União Caro(a) aluno(a), conheça na íntegra o Capítulo referente à Educação na Constituição de 1934, acesse o QR Code a seguir. conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3632 U N IC ES U M A R 17 legislasse a partir de “Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. No entanto, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi promulgada em 1961. O art. 166 desta Constituição estabelece o processo educacional da popula- ção brasileira, definindo que ela é um “direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana” (BRASIL, 1946, on-line). Deixa claro também a organização do Ensi- no em Nível Federal, Estadual, retrata os percentuais mínimos de arrecadação de impostos que serão investidos na educação; da garantia da oferta do ensino público em todos os níveis pelo Estado, entre outros. Após o país vivenciar um período de redemocratização, volta a mergulhar em uma fase marcada pelo autoritarismo. Com o Golpe Militar em 1964, a Consti- tuição de 1967 foi promulgada, retirando inúmeros direitos sociais e políticos, legitimando muitos pontos autoritários do regime militar, nas políticas públicas e, apesar da educação ter sido o meio utilizado para a disseminação dessa ideo- logia autoritária, os principais instrumentos sobre a educação consagrados pela Constituição de 1946 foram mantidos. Para conhecer na íntegra todos os artigos da Constituição de 1946 relaciona- dos à educação, acesse o QR Code a seguir. conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3631 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3631 U N ID A D E 1 18 Nessa Constituição, alguns aspectos relacionados à educação, que deveriam ser melhor debatidos, foram inseridos sem considerar a viabilidade de cada um deles, com as necessidades da população, como: ■ Limitou os recursos e extinguiu os percentuais mínimos a serem aplicados pela União, pelo Distrito Federal e pelos Estados na educação pública. ■ Estabeleceu aos poderes públicos que disponibilizassem assistência téc- nica e financeira ao ensino particular, sem restringir quaisquer regras para isso. ■ Possibilitou que as empresas privadas escolhessem entre efetuar o re- colhimento da contribuição do salário-educação aos cofres públicos ou destinar o percentual de 2,5% da sua folha de pagamento na manutenção de escolas próprias. ■ Ofertou o ensino primário gratuito, porém com limitação de recursos. ■ Ofertou ensino dos sete aos quatorze anos (art. 168, §3º, II), porém permi- tia o trabalho infantil a partir dos doze anos (art. 158, X), uma incoerência entre educação e trabalho. Nesse sentido, percebe-se os avanços e retrocessos da educação brasileira, gerado por um contexto histórico político administrativo que, em muitos momentos, levou em consideração apenas questões de interesse político, sem considerar os aspectos sociais e de desenvolvimento humano da população. Apesar desse movimento, as principais propostas de reforma na educação brasileira só foram direcionadas após a Constituição de 1967, a reforma do ensino superior (Lei nº 5.540/68), cujo objetivo era articular ações que respondessem às demandas do ensino superior que encontravam-se em ascensão nesse período, e a reforma da educação básica, que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1° e 2° graus (Lei nº 5.692/71), cujo objetivo era controlar a demanda ao ensino superior e propiciar a profissionalização de nível médio. Após a Lei nº 5.540/68, houveram alterações por meio da Emenda Consti- tucional nº 1 de 1969, conhecida informalmente como a Constituição de 1969, estabelecendo as seguintes modificações: 1. Inclusão de assistência à educação de excepcionais (parágrafo 4º do Art. 175 (equivale ao parágrafo 4º do Art. 167 da Constituição de 1967). U N IC ES U M A R 19 2. Confirmação da educação como “dever do Estado” Art. 176 (equivale ao Art. 168 da Constituição de 1967). 3. Alteração do inciso VI do Art. 168 da Constituição de 1967, em que es- tabelece a “garantia da liberdade de cátedra”, pelo inciso VII (na Emenda Constitucional de 1969) em que decreta a “liberdade de comunicação de conhecimentos no exercício do magistério [...]”. 4. Acrescentou o texto: “entre os sete e os 14 anos, ou a concorrer para aque- le fim, mediante a constituição do salário-educação, na forma que a lei estabelecer” no Art. 178 (equivalente ao artigo 170 da Constituição de 1967), além de acrescentar ao parágrafo único do Art. 178: “e a promover o preparo de seu pessoal qualificado”. 5. Incluiu no Art. 179 (equivalente ao Art. 171 da Constituição de 1967), que as ciências, as artes e as letras são livres, “ressalvado o disposto no pará- grafo 8º do artigo 153”; além da Emenda acrescentar os termos “pesquisa” e “ensino” no parágrafo único. As modificações podem parecer simples e desnecessárias, porém a mudança de termos, palavras e a adição de definições mais específicas, demonstra um cuidado em relação ao que se propõe enquanto lei à população, deixando o documento mais claro, desse modo, legitimando-se. Todo processo constituinte resultou na Constituição de 1988, sendo a que teve a maior participação da população na história do país, determinando as modificações relacionadas à política educacional. Ficou conhecida como “Constituição Cidadã”, ampliando os direitos sociais, entre eles, o direito à educação, e as atribuições do poder público. Isso é visto de maneira clara, entre os Arts. 205 ao 214 do Capítulo III, da Seção I, do Título VIII desta Constituição, subsidiando a organização da educação brasileira, por meio dos princípios, dos direitos e dos deveres. O art. 205 apresenta a educação como um direito de todos e dever do Estado, com a promoção do desenvolvimento do sujeito para ter condições de exercer o seu papel dentro da sociedade e ser qualificado para o trabalho. Para conhecer na íntegra todos os artigos da Constituição de 1967 relaciona- dos à educação, acesse o QR Code a seguir conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3633 U N ID A D E 1 20 O art. 206 estabelece alguns princípios que norteiam o ensino e a educação. Os oito incisos que constam nesse artigo trazem recomendações claras a respeito do que se pensou ao estruturá-lo para melhor atender a população brasileira, conforme segue: “ I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensa-mento, a arte e o saber; III- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistên- cia de instituições públicas e privadasde ensino; IV-gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V- valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso sala- rial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União - [atualmente] V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Reda- ção dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006); VI-gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII- garantia de padrão de qualidade; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (BRASIL, 1988, on-line). Esses princípios propostos têm como objetivo atender a demanda do âmbito educacional, efetivar o direito social à educação, fixar a permanência na escola e ofertar uma formação em que o sujeito possa exercer a cidadania e ingressar no mercado de trabalho. No que se refere às concepções filosóficas em relação ao pluralismo de ideias, o modo como serão trabalhados por meio das concepções pedagógicas deixa http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm U N IC ES U M A R 21 claro que esse novo momento é de supressão de qualquer tipo de censura, como forma de garantir um ensino livre. Quanto à qualidade, a proposta é que seja efetivada por meio de uma escola, que agregue concepções filosóficas, sociológicas, humanísticas e pedagógicas que assegurem aos educandos uma formação de qualidade. O art. 207 afirma a necessidade de o ensino superior ter autonomia didá- tico-científica, administrativa, de gestão financeira e patrimonial, a partir da associação entre ensino, pesquisa e extensão. Essa autonomia está relacionada aos direitos fundamentais da comunidade universitária como um benefício de proteção contra emendas constitucionais que possam anulá-las. O Art. 208 estabelece que o Estado tem responsabilidade com a educação e que ela deverá ser efetivada mediante a garantia de: “ I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria, deixando claro que mes-mo os que não tiveram oportunidade de estudar em algum momen- to da vida, poderão retomar os estudos; [atualmente] I- educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009); II - obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio, favorecendo des- se modo, a conclusão da educação básica; [atualmente] II - progres- siva universalização do ensino médio gratuito (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); III - “atendimento educacional especializado aos portadores de de- ficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”, reforçando que a educação é um direito de todos os alunos, inclusive aqueles com deficiência; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; [atualmente] IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006); V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; U N ID A D E 1 22 VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; [atualmente] VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transpor- te, alimentação e assistência à saúde (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (BRASIL, 1988, on-line). Ainda, o Art. 208 estabelece três parágrafos para complementar. O §1º estabelece o “acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo” (BRASIL, 1988, on-line). Por isso, ao pensarmos na obrigatoriedade do ensino, é importante mencionar que ele é obrigatório a partir dos quatro anos de idade aos dezessete anos de idade, devendo ser garantido, e a sua não oferta, de acordo com o § 2º do Art. 208 “pelo Poder Público ou a sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente” (BRASIL, 1988, on-line). Ainda “§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a cha- mada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola” (BRASIL, 1988, on-line), compartilhando a responsabilidade da frequência e permanência na escola entre o poder público e família. O Art. 209 menciona a liberdade do ensino à iniciativa privada, desde que cumpra as normas gerais da educação nacional e que seja autorizada e avaliada pelo Poder Público. O Art. 210 estabelece os conteúdos mínimos a serem fixados no ensino fun- damental, assegurando a formação básica comum, respeitando valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. O Art. 211 determina a forma como os sistemas de ensino se estabelecerão a partir do regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. O Art. 212 estabelece a porcentagem mínima recolhida anualmente de impos- tos que deverá ser investido na manutenção e no desenvolvimento do ensino pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, norteando cada uma dessas instâncias no que refere ao investimento à educação a que lhe cabe. O Art. 213 complementa o Art. 212 quando estabelece que os “recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei” (BRASIL, 1988, U N IC ES U M A R 23 on-line), oportunizando, desse modo, a extensão desses recursos a outros moldes de educação, desde que sigam alguns critérios estabelecidos pelo próprio artigo. Enfim, o Art. 214 fala sobre o Plano Nacional de Educação e as ações propos- tas pelo Poder Público que possibilitem, entre outras questões, a “erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; melhoria da qualidade do ensino; formação para o trabalho; promoção humanística, científica e tecnológica do País” (BRASIL, 1988, on-line). Ainda, incluído pela Emenda Constitucional nº 59 de 2009, o “estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto” (BRASIL, 1988, on-line). Desse modo, foram apresentados acima, os mecanismos constitucionais vi- gentes, deixando claro todos os avanços em relação às constituições anteriores no que se refere ao direito à educação. Para conhecer na íntegra todos os artigos da Constituição de 1988 relaciona- dos à educação, com as modificações ocorridas ao longo dos anos por meios das Emendas Constitucionais, acesse o QR Code a seguir conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3634 U N ID A D E 1 24 No entanto, em 2009, a Emenda Constitucional n° 59 trouxe algumas mudanças e ampliou a obrigatoriedade do ensino gratuito, estabelecendo a colaboração entre os sistemas de ensino e alterando a forma de distribuição dos recursos públicos à educação, impedindo que aquilo que havia sido destinado à manutenção e desenvolvimentodo ensino fosse direcionado para outros fins. Como vimos, a Emenda nº 59/2009 consolida, entre outras questões, a prevalên- cia de ações do poder público na educação, quando estabelece que a educação básica é obrigatória em vez do ensino fundamental obrigatório, garantindo, dessa maneira, a continuidade nas etapas subsequentes como um direito do cidadão e um dever do Estado, sendo efetivado por meio da implementação de políticas públicas. O grande desafio ao estender a obrigatoriedade do ensino é garantia desta cobertura e da oferta de padrões de qualidade na educação a todos os ci- dadãos, pelos entes federativos. Para que você compreenda melhor como essa mudança ocorreu, veja o quadro no link a seguir: https://drive.google.com/file/d/1QefmyOXGXd2N__tt4D0HQ1lXFG3qhobP/view conecte-se U N IC ES U M A R 25 A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 4.024, promulgada em dezembro de 1961, foi debatida e elaborada em meio a redemocratização do país, após o fim do Estado Novo (1937-1945). Foi muito questionada e criticada, porém considerada um avanço em termos de legislação educacional. Essa Lei regulamentou os caminhos a serem seguidos pela educação, propostos na Constituição Federal de 1934. Foram treze anos de debates na esfera Estadual e na sociedade civil, entre o grupo que defendia a prioridade da escola pública e aquele que defendia a liberdade de ensino. De acordo com Cunha (2018, p. 1), “ Para os que defendiam a escola pública, os recursos do Estado de-veriam ser empregados na manutenção e na expansão das escolas oficiais, que deveriam ministrar um ensino obrigatório, gratuito e laico. Para os que defendiam a liberdade do ensino, os recursos deve- riam ser transferidos às instituições particulares, que ministrariam o ensino conforme as orientações ideológicas das famílias, cabendo ao Estado apenas ocupar o espaço não preenchido pela iniciati- va privada. Nesse debate envolveram-se associações profissionais, entidades culturais, sindicatos, entidades estudantis, organizações religiosas e a imprensa. 3 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO nacional enquanto política pública U N ID A D E 1 26 Ainda, de acordo com Brzezinski (2010, p. 188), nesse período da história, a luta era pela “organização de um sistema nacional de educação, pela descentra- lização do ensino, pela escola básica e pela universidade pública como direito do cidadão brasileiro”, princípios esses propostos pelo Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932. Portanto, um dos poucos avanços que a Lei nº 4.024/61 trouxe foi a nova forma de organização do ensino secundário brasileiro e das chamadas “classes experimentais” ou “escolas experimentais”, perdendo a sua condição rígida, sendo completamente alterada, passando a ter um currículo flexível, com estratégias de ensino e de avaliação mais autônomas. Ainda, de acordo com esse documento (BRASIL, 1961, on-line), o sistema de ensino se organizou da seguinte maneira: Figura 1 - Organização do sistema de ensino / Fonte: adaptado de Brasil (1961). Essa LDBEN nº 4.024/61 também criou o Conselho Federal de Educação e modi- ficou a administração do ensino, atribuindo ao colegiado funções normativas que incluíam o quadro da educação nacional. Reconhecida a competência do Conse- lho, coube a ele indicar até cinco das disciplinas para os sistemas de ensino médio, ficando a cargo dos Conselhos Estaduais adicionar os respectivos currículos. “ O ingresso na primeira série do 1° ciclo dos cursos de ensino médio depende de aprovação em exame de admissão (art. 36); o ensino técnico de grau médio abrange o industrial, agrícola e comercial (art. 47), o ensino normal manteve a finalidade de formação de profes- • Ensino superior: ministrando cursos em nível de graduação para os que concluíram o ciclo colegial; pós-graduação para os que concluíram o curso de graduação e, especialização, aperfeiçoamento e extensão para aqueles com preparo e requisitos exigidos (art. 69). • Ensino pré-primário: destinado aos menores até sete anos, ministrada em escolas maternais ou jardins de infância (art. 23) • Ensino primário: obrigatório a partir dos sete anos de idade (art. 27), ministrado, no mínimo, em quatro séries anuais (art. 26); • Ensino médio: ministrado em dois ciclos, o ginasial (quatro anos) e o colegial (três anos no mínimo) (§ 1º, art.44); incluindo os cursos, secundário, técnico e de formação de professores para o ensino primário e pré-primário. U N IC ES U M A R 27 sores, orientadores, supervisores e administradores escolares, assim como o desenvolvimento dos conhecimentos e técnicas relativos à educação da infância (art.52). Também propõe que a educação de excepcionais, quando possível, seja incluída no sistema geral de educação, de modo a integrá-los na comunidade (art. 88). Ainda, estabelece o percentual a ser investido na manutenção e desenvol- vimento da educação, pela União no mínimo doze por cento de sua arrecadação de impostos, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- cípios, no mínimo vinte por cento (art. 92) (BRASIL, 1961, on-line). De acordo com Meneses et al. (2002, p. 96), a educação básica, a partir dessa LDBEN, precisa de algumas considerações: “ [...] com a Lei nº 4024/61 dá-se um importante passo no sentido da unificação do sistema de ensino e da eliminação do dualismo administrativo herdado do Império. Inicia-se pela primeira vez, uma relativa descentralização do sistema como um todo, conce- dendo-lhe considerável margem de autonomia aos estados e pro- porcionando-lhes as linhas gerais a serem seguidas na organização de seus sistemas, linhas estas que deveriam responder por uma certa unidade entre eles. Sobre a organização do ensino primário, Meneses et al. (2002, p. 97) também é bastante enfático, ressaltando que, ao manter a autonomia tradicional dos Esta- dos em relação à organização do ensino primário, “a Lei nº 4024/61 limitou-se a um mínimo de dispositivos referentes a esse nível de instrução, não indo muito além da fixação de suas finalidades, duração e obrigatoriedade”. Para ele, essa Lei não solucionou o problema da falta de continuidade entre o ensino primário e o ensino médio, pois se configurava como um entrave para a continuidade e extensão da escolarização desse período. A segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 5.692/71 foi a segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação e ficou conhecida Para você conhecer LDBEN nº 4.024/61 na íntegra, acesse o QR Code e tenha uma.ótima leitura conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3635 U N ID A D E 1 28 como a Lei da Reforma do Ensino de 1º e 2º graus, sucedendo a Reforma Univer- sitária de 1968, que ocorreu devido à pressão da sociedade mediante à defasagem educacional para este nível de ensino e pelos interesses privados para a oferta do ensino superior no país. Antes da LDBEN nº 5.692/71, a Lei 5.540/68 foi aprovada e não chegou a ser uma LDBEN, mas foi uma lei que regulamentou o funcionamento do ensino superior e sua articulação com o Ensino Médio. Algumas pautas que já vinham sendo difundidas desde o início dos anos de 1960 continuaram, porém as críticas eram incisivas em relação à falta de articulação entre aquilo que era proposto e a efetivação na prática, à divisão dos ensinos clássico e científico e à ausência de um ensino que tivesse um viés mais profissionalizante que preparasse o cidadão para o mercado de trabalho estavam presentes no discurso e nas políticas edu- cacionais, com o apoio de capital estrangeiro, e acordos entre o Ministério da Educação e a Agência Internacional de Desenvolvimento Americano (USAID). Com a assistência técnica e financeira garantida, poderia iniciar a reforma do ensino, porém, o objetivo era adaptar o ensino a partir das concepções tayloristas, com um ensino puramente empresarial e técnico. A educação foi submersa pela pedagogia empresarial, imposta pelos militares quetinha como uma de suas frentes a teoria do Capital Humano, de Theodore Schultz, em que deveria atingir maior resultado com o menor custo, tendo em vista o setor privado de modo a intensificar a privatização. O discurso que envolvia essa Lei nº 5.692/71 foi o de transformação e adequação da sociedade por meio de uma ideologia favorável à implementação do capitalismo, e a educação foi vista como o caminho para alcançar o desenvolvimento do país. Aranha (1989, p. 46) relata que os eixos que giravam em torno desta reforma foram: 1. Educação e desenvolvimento - Visava a formação de profissionais que atendessem às necessidades urgentes do país quanto à mão-de-obra es- pecializada para um mercado em expansão. O vídeo a seguir apresenta um resumo da história da educação do Brasil, mostrando as principais leis e decretos. conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3636 U N IC ES U M A R 29 2. Educação e segurança - Visando a formação do cidadão consciente atra- vés da introdução de disciplinas sobre o civismo e sobre os problemas brasileiros (Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil e estudos de Problemas Brasileiros). 3. Educação e comunidade - Visava estabelecer a relação entre escola e co- munidade, através da criação de conselhos de empresários e professores. Essa reforma, estabelecida pela Lei nº 5.692/71, reestruturou o ensino da se- guinte maneira: ■ Estabelece o ensino de 1° e 2° graus (Art. 1º). ■ Determina a transferência progressiva do ensino de 1º grau (Ensino Fun- damental) para os municípios (Art. 20). ■ Estende o ensino de primeiro grau de quatro para oito anos, obrigatório e gratuito nas instituições públicas (Art. 18). ■ Unir o antigo primário com o ginasial, extinguindo os exames seletivos de admissão para o curso ginasial (Art. 21). ■ Separa a escola secundária da escola técnica, criando uma escola única profissionalizante, desse modo, assegurou que as escolas de segundo grau deveriam fornecer uma qualificação profissional, tanto em nível técnico (quatro anos de duração) quanto de auxiliar técnico (três anos de dura- ção), denominada profissionalização compulsória (Art.5º). ■ Inclui a Educação Moral e Cívica, a Educação Física, a Educação Artística e os Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º graus (Art. 7º). ■ Estabelece a capacitação do profissional para atender aos quatro primei- ros anos do ensino de 1º grau, como formação mínima para o exercício do magistério, sendo a habilitação específica de 2º grau (Art. 30). ■ Estabelece que os Municípios destinassem 20% dos recursos para o ensino de 1º grau, sem previsão orçamentária para os Estados e a União para a educação (Art. 59). ■ Estabelece o princípio da continuidade e da terminalidade. Da conti- nuidade: passagem de uma série para outra, desde o primeiro grau até o segundo; e da terminalidade: em que o aluno, ao finalizar cada um dos níveis de ensino, estivesse capacitado para ingressar no mercado de tra- balho (Art. 5°). U N ID A D E 1 30 ■ Currículo regulamentado em duas maneiras, sendo educação geral e educação especial. A educação especial era programada de acordo com a região, com habilitações específicas nas três principais áreas de atividade econômica: agricultura, indústria e serviços (Art.5º). Apesar da efetivação documental da reforma do ensino, é importante ressaltar que a Lei n.º 5.692/71 perpassou por um período bastante difícil no regime mi- litar, o que refletiu de maneira expressiva a racionalização do trabalho escolar e no ensino profissionalizante de 2º grau. No entanto, a desativação da Escola Normal de 2º grau não foi vista de maneira positiva, ao transformá-la em curso de formação de professores de 1.ª a 4.ª séries com habilitação de magistério. Assim, a reforma vinculou o sistema educacional ao modelo de desenvolvimento econômico imposto pela ditadura militar. Desse modo, a educação brasileira foi sendo delineada, construindo-se e reconstruindo-se a partir de concepções sociopolíticas que deram um formato a ser seguido por todo sistema. Vamos conhecer, neste momento, a estrutura e o funcionamento da Educação Básica brasileira na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, promulgada em 20 de dezembro de 1996. É importante lembrar que a LDBEN é uma lei ordinária originada dos dispositivos constitucionais relacionados à educação. Ela é composta por 92 artigos, distribuídos em 9 títulos. Não faremos uma análise completa da LDBEN, pois o nosso objetivo é com- preender como se estrutura e se organiza a educação nacional, por isso, enfati- zamos alguns artigos que consideramos relevantes para essa compreensão, des- tacando o conceito de educação que consta no art. 1º do Título I da Educação: “ A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organização da so- ciedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1996, on-line). Para você conhecer LDBEN nº 5.692/71 na íntegra, acesse o QR Code a se- guir. Boa leitura! conecte-se https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3637 U N IC ES U M A R 31 Para Carneiro (2013, p. 38), esse artigo propõe que educar significa promover “[...] ações e processos complexos como: desenvolver, formar, qualificar, aprender a aprender, aprender a pensar, aprender a intervir e aprender a mudar”. O §1º do Art. 1º da LDBEN 9.394/96 estabelece que a educação escolar ocorrerá, predominan- temente, por meio do ensino, em instituições próprias (BRASIL, 1996), prevendo, de acordo com Carneiro (2013, p. 39) “[...] a possibilidade de se trabalhar com formas alternativas de aprendizagem, desencarnadas, portanto, da geografia da escola”. Também estabelece em seu §2º que a educação escolar deverá se associar ao mundo do trabalho e a prática social (BRASIL, 1996). “ Nesse sentido, a educação escolar é a grande porta para a mobiliza-ção plena do sujeito. Ao assegurar a entrada deste sujeito na vida in-telectual, com um processo sistematizado de aprendizagem, ela abre os caminhos de todos e de cada um para uma relação criativa com o saber produzido pelo ser humano trabalhador. Ora, se é verdade que o sujeito aprendente apropria-se de uma parte do patrimônio cultural humano, é também verdade que a conexão entre sujeito e saber – entre educação escolar e vida – se dá pelo trabalho. Por isso, pode-se dizer, em um certo sentido, que o primeiro princípio do saber é o trabalho, fonte de prática social (CARNEIRO, 2013, p. 42). U N ID A D E 1 32 O Título II trata, nos art. 2º e 3º, sobre os princípios e finalidades da educação. O art. 2º estabelece que a educação é um dever do Estado e da família. O Estado precisa garantir a educação, pois é um direito constitucional, garantido também pelo Es- tatuto da Criança e do Adolescente. A família é considerada uma instituição, assim como o Estado e precisa garantir aos seus pupilos a educação. Esse dever da família em garantir a educação não está presente apenas na LDBEN, mas também no art. 205 da Constituição Federal e no art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, como um dever fundamental do Estado e da família (CARNEIRO, 2013). O art. 2º da LDBEN 9.394/96 ainda apresenta três finalidades para a educação nacional, sendo a primeira relacionada ao desenvolvimento pleno do aluno, rela- cionado às potencialidades do educando. A segunda está relacionada ao exercício da cidadania, como um direito subjetivo de um Estado democrático na prática da cidadania. A terceira finalidade é voltada para qualificação da pessoa para o trabalho, como um recurso que propicia a liberdade, tornando-a autônoma. Entende-se ainda que o art. 3º estabelece, com as atualizações de 2013 e 2018, 13 princípios, fundamentais para o desenvolvimento educacional do país, esses Princípios, de acordo com Carneiro (2011, p. 50), deverão: “ [...] serentendidos como elementos recorrentes do diálogo pedagó-gico e da prática de ensino, de tal maneira que o seu valor e o refletir sejam vividos como elementos integradores de ‘situacionalidades’ da sala de aula, de cada curso, de cada escola, de cada Sistema de Ensino e de cada projeto educativo. Veremos, no quadro a seguir, os treze princípios estabelecidos no Art. 3º do Tí- tulo II da LDBEN 9.394/96, com alguns fundamentos elucidativos, a partir das concepções de Carneiro (2011). I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola – vai além da educação como direito de todos, pois para garantir essa isonomia, precisa levar em consideração o critério da inclusão; o critério da Pertinência dos Conteúdos e das Metodologias; e o critério da Avaliação Formativa. II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensa- mento, a arte e o saber – essa liberdade precisa ser desenvolvida em meio a aprendizagem autônoma, criativa, efetivando o conhecimento. U N IC ES U M A R 33 III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas – fundamento de uma escola que preza pela diversidade, pela pluralidade cultural e pela multiplici- dade ideológica. IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância – direcionado para garantia dos direitos humanos, do multiculturalismo e da educação para os valores humanos. V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino – garante a oferta do ensino pelas instituições privadas, desde que atenda aos aspectos legais. VI – a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais - reafirma o dever do Estado na garantia da educação. VII – trata da valorização do profissional da educação escolar – modo de exigir que não somente a legislação, mas que o poder público, por meio de políticas públicas educacionais encontrem meios e recursos para concretizar esse princípio. VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legisla- ção dos sistemas de ensino – escola como um espaço de participação e de construção coletiva. IX – garantia de padrão de qualidade – garantir que a educação seja pro- duzida e disponibilizada a partir das concepções de legalidade, moralidade, eficiência e impessoalidade. X - valorização da experiência extraescolar – reconhecer a construção de conhecimento dos diferentes espaços sociais. XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais – reforça que a escola precisa desenvolver seus alunos, de maneira integral para exercerem a cidadania e estarem preparados para o trabalho. XII - a consideração com a diversidade étnico-racial (Lei nº 12.796, de 2013) – a escola não pode negar as diferenças instituídas nela. XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. (Lei nº 13.632, de 2018) – reforça que a educação é um direito de todos, em qualquer época da vida e em todos os níveis de ensino. Quadro 1 - Treze Princípios da Lei 9.394/96 articuladas às concepções de Carneiro (2011) / Fonte: adaptado de Brasil (1996) e Carneiro (2011). O quadro acima propõe uma releitura de Carneiro (2011) de cada princípio estabelecido no Art. 3º da LDBEN 9.394/96, a fim de esclarecer o significado por detrás de cada um deles. U N ID A D E 1 34 O título IV contém treze artigos que determinam a organização da educação do país em sua totalidade. Assim, iremos apresentá-los a partir de suas especificidades. O art. 8º estabelece a organização do ensino brasileiro a partir da colabora- ção entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a União tem a responsabilidade de coordenar a política educacional, legislar por meio do Le- gislativo, Judiciário e Executivo, reitera também a liberdade de organização dos sistemas de ensino (§ 2º). Os artigos 9º, 10º e 11º apresentam, de maneira sucinta, como a União, os Es- tados e os Municípios organizarão os sistemas de ensino, bem como suas políticas educacionais, a forma do regime de colaboração entre os sistemas, as normas complementares e a organização e oferta dos níveis e modalidades de ensino. Dentre outras responsabilidades, caberá à União elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os outros entes federativos (inciso I) e “assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando [...] a melhoria da qualidade do ensino” (BRASIL, 1996, on-line) (inciso VI). Aos Estados, além de organizar e manter os sistemas de ensino, o inciso VI reafirma a responsabilidade em relação ao ensino fundamental e médio. Já que cabe ao Estado “assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem [...]” (BRASIL, 1996, on-line), incluin- do os jovens e adultos que não completaram seus estudos na idade apropriada. Em relação aos Municípios, o Art. 11 também reafirma a necessidade de organi- zarem e manterem seus estabelecimentos de ensino, porém o inciso V trata especi- ficamente da educação infantil, em que estabelece que a oferta da educação infantil, “ em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vin- culados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino (BRASIL, 1996, on-line). O inciso V deixa claro a prioridade dos municípios em relação à organização e ao funcionamento das primeiras etapas da educação básica, garantindo que todas as crianças de 0 a 3 anos estejam na creche, que todas de 4 a 5 anos estejam na U N IC ES U M A R 35 pré-escola, que todas de 6 a 10 anos estejam no ensino fundamental I e que todas de 11 a 14 anos estejam no fundamental II. Lembrando que a obrigatoriedade ao ensino se inicia a partir da pré-escola para as crianças com 4 anos. Os artigos 12 e 13 é relacionado ao que cabe às escolas e aos docentes, por- tanto, de acordo com Art. 12, as escolas devem: “ I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula esta- belecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendi- mento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009); VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei (Redação dada pela Lei nº 13.803, de 2019); IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018); X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018); XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de pre- venção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) (BRASIL, 1996, on-line). Desse modo, as instituições de ensino devem garantir um processo de ensino e aprendizagem de acordo com o que rege a legislação, dentro de ambiente estrutu- U N ID A D E 1 36 rado, organizado e democrático, onde o conhecimento não seja pautado somente na difusão do conhecimento científico, mas no respeito mútuo e na construção de conhecimento humano para a vida. O Art. 13 trata especificamente da incumbência docente e seus incisos esta- belecem os princípiosnorteadores da ação docente, suas concepções teórico-prá- ticas e o foco no desenvolvimento integral do aluno por meio do conhecimento científico, artístico e filosóficos, conforme segue: “ I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabeleci-mento de ensino;II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pe- dagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de par- ticipar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996, on-line). O Art. 14 direciona a articulação da gestão democrática na educação, e incisos I e II estabelecem que ela deverá efetivar-se por meio da participação dos profissio- nais da educação na elaboração do Projeto Político Pedagógico e da participação das comunidades escolar e local em órgãos colegiados, que assegure a represen- tatividade de todos os envolvidos no processo. O Art. 15 determina que cada sistema de ensino deve assegurar de maneira progressiva a autonomia pedagógica, administrativa e financeira da escola. U N IC ES U M A R 37 Nos Arts. 16, 17 e 18 são vistos como compreendem cada um dos sistemas de ensino. O sistema Federal é composto por instituições mantidas pela União, por instituições de educação superior mantidas pela iniciativa privada e por órgãos federais de educação. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal, por instituições de ensino mantidas por eles, por instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal, por instituições de ensino fundamen- tal e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada e os órgãos de educação estaduais. Os sistemas Municipais por instituições de educação infantil, ensino fundamental e médio mantidas pelos Municípios, as instituições de educação infantil da iniciativa privada e os órgãos municipais de educação. Os Arts. 19 estabelece as categorias das instituições das escolas. Categoriza em públicas, aquelas “[...] criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público” (BRASIL, 1996, on-line); privadas, aquelas “[...] mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado” (BRASIL, 1996, on-line); e comunitárias na forma da lei. O Art. 20 foi inteiro revogado pela Lei nº 13.868 de 2019. Como pudemos verificar, a Lei nº 4.024/61 tinha 120 artigos, a Lei 5.692/71 tinha 88 artigos e a Lei 9.394/96, que é a que está em vigor, tem 92 artigos. Em seus nove títulos e cinco capítulos, a lei trata especificamente da finalidade da educação e também a quem ela compete, ainda, quais os princípios que con- duzirão a educação brasileira, sua organização, níveis e modalidades, além de deixar claro quem são os profissionais da educação, e quais são os recursos que financiarão o ensino. Caro(a) aluno(a), chegamos ao final deste tópico e, com isso, passamos a compreender melhor como a Lei de Diretrizes e Base da Educação foi sendo sistematizada ao longo de suas três versões. Agora, compreenderemos como o Plano Nacional de Educação se encontra, estando próximo do final de sua vi- gência, em 2024. U N ID A D E 1 38 O atual Plano Nacional de Educação foi publicado no dia 25 de junho de 2014, substituindo o anterior que vigorou de 2001 a 2011, a partir da Lei nº 10.172 de 2001. O Plano atual, sancionado sob a Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, apresenta uma estrutura muito similar com o anterior, com algumas propostas parecidas e outras ampliadas, dividido em duas partes, sendo a primeira rela- cionada às disposições gerais, competências das instituições e de prazos a serem cumpridos, e a segunda em que apresenta as vinte metas que devem ser efetiva- das até o final do decênio. Nesse momento, trataremos das vinte metas, a fim de identificar aquelas que já foram cumpridas e as que ainda precisam ser atingidas. A segunda parte do Plano Nacional de Educação - PNE estabelece metas para a melhoria da educação no Brasil. Para entender de maneira mais clara o documento, cada uma das metas estará relacionada com seus respectivos temas. 4 AS PROPOSTAS E OS AVANÇOSEDUCACIONAIS DOPlano Nacional de Educação METAS PARA A MELHORIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL META 1 EDUCAÇÃO INFANTIL META 2 ENSINO FUNDAMENTAL META 3 ENSINO MÉDIO META 4 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA META 5 ALFABETIZAÇÃO META 6 EDUCAÇÃO INTEGRAL META 7 QUALIDADE NA EDUCAÇÃO METAS 8, 9, 10 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS META 11 ENSINO TÉCNICO METAS 12, 13,14 ENSINO SUPERIOR METAS 15, 16 FORMAÇÃO DE PROFESSORES METAS 17, 18 VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA METAS 19 GESTÃO ESCOLAR META 20 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO. Figura 2 - Exemplos de metas para a melhoria da Educação no Brasil Fonte: adaptada do PNE (BRASIL, 2014). U N IC ES U M A R 39 ■ A Meta 1 - Educação Infantil: “ [...] universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infan-til em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência deste PNE (BRASIL, 2014, on-line). A primeira parte dessa Meta está quase cumprida, pois em 2018, 93,8% das crian- ças de 4 a 5 anos estavam na escola, porém a matrícula das crianças a partir dos 4 anos é obrigatória desde 2013, auxiliando no cumprimento dessa meta dentro do prazo preestabelecido. A segunda parte da Meta é mais complicada, pois somente 35,6% das crianças dessa faixa etária eram atendidas em Creches em 2018. Um dos desafios para se fazer cumprir esta meta é o fato da não obrigatoriedade da matrícula para essa idade. ■ A Meta 2 – Ensino Fundamental: [...] universalizar o ensino fundamental de 9 anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE (BRASIL, 2014, on-line). O Ensino Fundamental é obrigatório há mais tempo do que a Educação Infantil, por isso, a primeira parte da Meta não é difícil de ser alcançada, pois 98% das crianças de 6 a 14 anos encontravam-se na escola em 2018. A segunda parte da Meta preocupa um pouco mais, pois 75,8% dos jovens de 16 anos concluíram essa etapa em 2018, porém a melhoria desse percentual está diretamente relacionada ao cumprimento de outras Metas, como a da qualidade da Educação Básica. ■ A Meta 3 - Ensino Médio: “[...] universalizar, até 2016, o atendimento es- colar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%” (BRASIL, 2014, on-line). Essa Meta, que parecia ser um desafio, mostra que 91,5% dos jovens de 15 a 17 anos estavam na escola em 2018. Ela ainda mostra que 68,7% dos jovens de 15 a 17 anos cursavam essa etapa da educação básica em 2018. A grande preocupação com o cum- primento desta meta está relacionada à evasão escolar dos jovens nessa faixa etária. U N ID A D E 1 40 ■ A Meta 4 – Educação Especial/Inclusiva: “ [...] universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiên-cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educa- cional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados (BRASIL, 2014, on-line). Essa Meta é um desafio, pois a Inclusão suscita muitos debates em relação à efe- tivação das políticas públicas inclusivas, à formação de professores, aos percen- tuais mínimos de recursos e de investimento, além da estrutura para atender o estudante do público-alvo da educação especial. ■ A Meta 5 – Alfabetização:“alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º ano do ensino fundamental” (BRASIL, 2014, on-line). Esta meta pode ser considerada uma das mais difíceis a serem concretizadas, pois, em 2016, 45,3% das crianças do 3º ano do Ensino Fundamental tinham aprendizagem adequada em leitura, 66,1% em escrita e 45,5% em matemática. Além disso, em 2017, a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Fundamen- tal estabeleceu que as crianças sejam alfabetizadas até o 2º ano, um ano antes ao estabelecido pelo PNE, dificultando ainda mais o cumprimento da meta. ■ A Meta 6 – Educação Integral: “[...] oferecer educação em tempo integral e, no máximo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da educação básica” (BRASIL, 2014, on-line). Os dados do Observatório do PNE ([2020], on-line)2 mostram que 42% das es- colas públicas ofertavam a Educação em tempo integral no ano de 2014 e que em 2017, as matrículas na Educação em tempo integral eram de 15,3%. A primeira parte desta meta está próxima de ser alcançada, porém ainda falta um percentual significativo para que a segunda parte seja alcançada. U N IC ES U M A R 41 ■ A Meta 7 - Aprendizado adequado na idade certa: “fomentar a qualida- de da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem” (BRASIL, 2014, on-line). Para isso, estabelece as notas a serem alcançadas até 2021 em cada uma das etapas da Educação Básica: Etapas da Ed. Básica 2013 2015 2017 2019 2021 Anos Iniciais do Ensino Fundamental 4,9 5,2 5,5 5,7 6,0 Anos Finais do Ensino Fundamental 4,4 4,7 5,0 5,2 5,5 Ensino Médio 3,9 4,3 4,7 5,0 5,2 Quadro 2 - Notas do IDEB / Fonte: Observatório do PNE ([2020], on-line)1. A meta do IDEB dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental superou as expecta- tivas e atingiu 5,8 no ano de 2017. A meta do IDEB dos Anos Finais do Ensino Fundamental não foi cumprida em 2017, ficando abaixo do esperado, com 4,7. A meta do IDEB do Ensino Médio também não foi cumprida, pois em 2017 chegou a 3,8. Lembrando que até o final da edição deste material, os percentuais do IDEB de 2019 não estavam disponíveis. ■ Meta 8 - Escolaridade Média: “ [...] elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (BRASIL, 2014, on-line). O percentual para o primeiro objetivo desta meta, referente à escolaridade média da população de 18 a 29 anos no ano de 2015 para quem residia no campo era de U N ID A D E 1 42 8,3 anos; para quem residia no Nordeste era de 9,3 anos; e para quem fazia parte dos 25% mais pobres era de 8,5 anos. Para o segundo objetivo da meta, a escola- ridade média da população negra no ano de 2015 era de 9,5 anos, sendo a mesma quantidade dos pardos, porém, os brancos estudam cerca de 10,8 anos (OBSER- VATÓRIO DO PNE, 2020, on-line)2, ficando aquém do percentual proposto. ■ A Meta 9 - Alfabetização e Alfabetismo Funcional de Jovens e Adultos: “alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e re- duzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional” (BRASIL, 2014, on-line). O primeiro objetivo dessa meta não foi cumprido, pois 92% da população foi alfa- betizada em 2015. Em relação ao segundo objetivo dessa meta, 29% dos brasileiros maiores de 15 anos eram considerados analfabetos funcionais no ano de 2018, percentual considerável, já que o objetivo é erradicar o analfabetismo até 2024. ■ Meta 10 – EJA integrada à Educação Profissional: “oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos funda- mental e médio, na forma integrada à educação profissional” (BRASIL, 2014, on-line). O percentual no ano de 2017 estava bastante aquém do proposto por esta meta, pois apenas 0,5% dos alunos de EJA do Ensino Fundamental cursavam Educação Profissional de forma integrada e apenas 3% cursavam a EJA do Ensino Médio. ■ A Meta 11 – Educação Profissional: “[...] triplicar as matrículas da edu- cação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da expansão no segmento público” (BRASIL, 2014, on-line). O objetivo dessa meta ainda está longe de ser cumprido, visto que no ano de 2017, o Brasil teve somente 1,8 milhões de matrículas. O segundo objetivo superou as expectativas no ano de 2017, com 82,2% das novas matrículas dessa modalidade no segmento público. U N IC ES U M A R 43 ■ A Meta 12 – Educação Superior: “ [...] elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público (BRASIL, 2014, on-line). De acordo com o Observatório do PNE ([2020], on-line)1, no ano de 2015, o Brasil possuía uma taxa bruta de matrículas da Educação Superior de 34,6%, faltando um percentual para atingir a proposta. Em relação ao segundo objetivo, 18,1% dos jovens de 18 a 24 anos cursavam essa etapa no ano de 2015, ainda lon- ge do proposto para a meta, com nove anos para conseguir atingi-la. O terceiro objetivo está bastante distante da meta de 40% para 2024, ficando com 7,7% das novas matrículas foram no segmento público no ano de 2016. ■ A Meta 13 – Titulação de professores da Educação Superior: “ elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no con-junto do sistema de educação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% doutores (BRASIL, 2014, on-line). O primeiro objetivo dessa meta já foi cumprido no ano de 2016, com 78,2% de docentes com essa formação acadêmica. O segundo objetivo também já foi cumprido, com 39% de docentes com essa formação acadêmica no ano de 2016. ■ A Meta 14 – Pós-graduação: “elevar gradualmente o número de matrícu- las na pós-graduação stricto-sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 mestres e 25.000 doutores” (BRASIL, 2014, on-line). Os dados do Observatório do PNE ([2020], on-line)1 mostram que o primeiro objetivo dessa meta estava próximo de ser cumprido, no ano de 2016, pois formou 59.614 novos mestres, porém, acredita-se que esta meta já tenha sido cumprida U N ID A D E 1 44 no ano de 2020. O segundo objetivo da meta mostra que no ano de 2016, o Brasil formou 20.603 novos doutores, porém acredita-se que esse objetivo também seja cumprido no ano de 2020. ■ A Meta 15 – Formação de Professores: “ [...] garantir, em regime de colaboração entre União, os Estados, o Distrito federal e os Municípios, no prazo de 1 ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conheci- mento em que atuam (BRASIL, 2014, on-line). O objetivo dessa meta ainda está longe de ser cumprido, pois no ano de 2017, apenas 47,3% dos professores dos Anos Finais do Ensino Fundamental possuíam formação superior na área em que trabalham, e de 55,6% do Ensino Médio, pre- cisando estabelecer novas estratégias para que esta meta seja totalmente efetivada no fim de sua vigência. ■ A Meta 16 – Formação Continuada e Pós-graduação de Professores: “ [...] formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garan-tir a todos (as) os (as) profissionais da educação
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