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Blockchain aplicada a resolução de problemas na Administração Pública

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Governo e Transformação Digital; Gestão Pública.
Blockchain aplicada a 
resolução de problemas 
na Administração Pública
Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
Conteudista/s 
Fabro Steibel (Conteudista, 2022).
Sumário 1
Módulo 1: Introdução à Blockchain ...................................................................... 6
Unidade 1: Evolução da Blockchain ...................................................................... 6
1.1 O Que é Blockchain? ........................................................................................... 6
1.2 A História da Blockchain e Porque é uma das Principais Tecnologias 
Emergentes Atuais...................................................................................................12
Referências ..............................................................................................................16
Unidade 2: Do Bloco à Arquitetura: Conceitos Basilares ..................................20
2.1 Definição de Blocos e correntes .....................................................................20
2.2 A Arquitetura da Blockchain .............................................................................23
Referências ..............................................................................................................27
Módulo 2: Dominando os Conceitos da Blockchain ..........................................28
Unidade 1: Aprofundando Conceitos da Blockchain ........................................28
1.1 A Característica Distribuída da Blockchain .....................................................28
1.2 O Conceito de Descentralização ......................................................................29
1.3 Os Princípios de Abertura e Permissão ...........................................................32
Referências ..............................................................................................................36
Unidade 2: Exemplos de Aplicações de Blockchain ...........................................37
2.1 Pontos de Atenção para Aplicação da Blockchain .........................................37
2.2 Áreas de Exponencial Desenvolvimento ........................................................44
Referências ..............................................................................................................49
Módulo 3: A Adoção da Tecnologia Blockchain .................................................51
Unidade 1: Iniciando o Uso de Tecnologias Blockchain ....................................51
1.1 Mitos Sobre a Adoção da Blockchain na Administração Pública .................. 52
1.2 Toolkit e Materiais de Implementação ............................................................61
Referências ..............................................................................................................68
4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Unidade 2: Selecionando Parceiros para Implementação ................................70
2.1 Redes Públicas e Privadas ................................................................................70
2.2 Redes de Iniciativas no Brasil ..........................................................................76
Referências ..............................................................................................................80
Módulo 4: Aplicações na Administração Pública ...............................................82
Unidade 1: Estudos de Caso Brasileiros .............................................................. 82
1.1 O Estudo do Tribunal de Contas da União Sobre a Blockchain ................... 82
1.2 BNDESToken .....................................................................................................83
1.3 B-CPF .................................................................................................................87
Referências ..............................................................................................................92
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5
Apresentação e Boas-vindas 
Este é um curso sobre o potencial das tecnologias blockchain para o setor público. 
Você compreenderá os fundamentos da blockchain e suas aplicações para a 
Administração Pública, além de ter à disposição materiais para tomada de decisão e 
geração de processos de inovação aberta na sua organização. 
Este não é um curso tecnicista apenas sobre conceitos avançados da blockchain, 
pois, alguns conceitos técnicos são apresentados ao longo do curso, mas sempre 
como princípios que você poderá ter em seus projetos na Administração Pública. 
Como você verá, antes de tudo a blockchain traz confiança para a administração, 
uma vez que sistemas que têm problemas de confiança se beneficiam muito das 
tecnologias descentralizadas para ganhar eficiência e agilidade. Você verá também 
que a blockchain raramente é implementada isoladamente, sendo o mais comum 
encontrar soluções que combinam usos da blockchain (processamentos on-chain) e 
de outras tecnologias (processamentos off-chain). 
Para te levar a atingir o objetivo deste curso, ele está estruturado em quatro módulos. 
Nos dois primeiros você conhecerá os conceitos gerais da tecnologia blockchain, 
como também os benefícios e os princípios que mais agregam ao setor público na 
adoção dessa tecnologia. 
Nos dois últimos você se aproximará da prática, conhecendo canvas e toolkits para 
tomada de decisão, assim como o detalhamento de pilotos realizados no Brasil. 
Ao final do curso você conseguirá compreender o que a blockchain é, e os princípios 
que a tecnologia pode agregar para a Administração Pública. Para isso serão 
apresentados exemplos da aplicação da tecnologia e serão fornecidos materiais e 
guias para iniciar a exploração do tema dentro da sua organização. 
A jornada de estudos pelo campo da blockchain será fascinante. Então é hora de 
começar essa viagem! 
Videoaula: Apresentação do Curso
https://
https://cdn.evg.gov.br/cursos/533_EVG/videos/modulo01_video01/index.html
6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 Módulo
Introdução à Blockchain 1
Neste módulo você conhecerá os conceitos gerais da tecnologia blockchain, assim 
como os benefícios e os princípios que mais são agregados ao setor público quando 
essa tecnologia é adotada. 
O módulo se divide em duas partes: 
A primeira parte terá a introdução do conceito geral da blockchain (conjunto de 
blocos que trocam informação entre si) e será apresentada a evolução do Bitcoin 
para tratar dos conceitos adicionais da tecnologia blockchain. 
Na segunda parte serão somadas camadas aos conceitos apresentados, aprofundando 
o conhecimento sobre a definição de blocos, correntes e arquitetura de rede. 
1.1 O Que é Blockchain?
Para abordar este objetivo você terá uma introdução ao tema da blockchain e 
acompanhará momentos centrais do desenvolvimento da tecnologia, incluindo 
iniciativas decisivas realizadas no Brasil. 
Unidade 1: Evolução da Blockchain 
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade você reconhecerá a importância do uso da blockchain na 
transformação digital. 
A discussão sobre as tecnologias blockchain teve início de forma um tanto misteriosa, 
pois foi desenvolvida a partir de um fundador (ou fundadora) que até hoje não foi 
identificado, sendo conhecido apenas o seu pseudônimo “Satoshi Nakamoto” tendo 
sido identificada sua assinatura na autoria de um artigo acadêmico em 2008, no 
qual são definidos os seguintes fundamentos da rede Bitcoin: 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7
“Uma versão puramente peer-to-peer de dinheiro 
eletrônico [que] permitiria que pagamentos on-line 
fossem enviados diretamente de uma parte para 
outra, sem passar por uma instituição financeira.”(NAKAMOTO, [2008]).
Busto de Satoshi Nakamoto em Budapest.
Fonte: Fekist (2021).
Apesar dessa autoria desconhecida, na imagem abaixo você pode ver um registro 
fotográfico do busto Satoshi Nakamoto, que está localizado na capital da Hungria, 
Budapeste, e que simboliza a autoria desconhecida de quem escreveu o artigo 
basilar sobre a rede, e de quem registrou o domínio “bitcoin.org”. 
A identidade do criador do Bitcoin é desconhecida e pode, inclusive, até ser uma 
criação coletiva. Contudo, a especulação sobre essa identidade “secreta” é um fator 
de grande mobilização na comunidade das tecnologias de blockchain. 
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 Ilustração dos três elementos conceituais de um bloco na blockchain.
Fonte: Como um blockchain funciona - Explicação simples (2017). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Após a breve exposição da história desta tecnologia, você será introduzido ao que é 
a blockchain. Um resumo do seu conceito geral é: 
Na imagem abaixo você pode visualizar o conceito triplo de bloco. Na vida real, 
todas essas “faces” dos blocos são representadas por uma expressão de letras e 
números. Para ajudar a compreender o processo, basta imaginar que todo bloco 
representa 3 elementos: uma informação e duas chaves. 
Quanto à blockchain, é importante ressaltar que toda tecnologia serve a um propósito. 
Por isso, mais importante que a tecnologia em si, é a identificação do problema 
que o uso da tecnologia está resolvendo. 
Portanto, existe um risco quanto ao sobreuso da tecnologia para resolver todos os 
problemas sem uma análise crítica anterior. Dentro dos grupos de discussão sobre 
blockchain existe um “meme” comumente usado, relacionado a esse mal uso. Reflita 
sobre o tema enquanto segue com o estudo do conteúdo. 
Blockchain é um conjunto de blocos que trocam informação entre 
si. Essa rede de blocos (também conhecida como rede distribuída 
de registros, ou distributed ledger, no termo técnico) pode ser 
usada para resolver uma infinidade de problemas. 
Blockchain
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9
Meme sobre o uso consciente da blockchain.
Fonte: Elaboração do Autor. Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
E afinal, qual seria o problema que a blockchain é mais eficiente em resolver? Para 
tal questionamento a resposta seria: o problema da confiança. 
A blockchain (ou rede distribuída) permite que atores mesmo possuindo mútua 
desconfiança entre eles, confiem no resultado do processo gerado. No artigo 
original de Nakamoto, é exatamente isso que funda a criação do Bitcoin. Confira 
a seguir o que ele afirma:
“Nós propomos uma solução para o problema [...] usando 
uma rede peer-to-peer. A rede insere data e hora nas 
transações através de um hash em uma cadeia contínua 
de prova-de-trabalho à base de hash, formando um 
registro que não pode ser alterado sem refazer a prova-
de-trabalho. A cadeia mais longa não só serve como prova 
da seqüência de eventos testemunhados, mas prova de 
que ela veio do maior pool de CPUs. Enquanto a maioria 
do poder das CPUs é controlado por nós que não estão 
cooperando para atacar a rede, eles irão gerar a cadeia 
mais longa e superar os atacantes. A própria rede requer 
estrutura mínima. As mensagens são espalhadas em 
regime de melhor esforço, e nós podem sair e regressar a 
rede à vontade, aceitando a cadeia mais longa de prova-
de-trabalho, como prova do que aconteceu enquanto 
eles estavam fora.” (NAKAMOTO, [2008?]) 
Eu preciso de 
blockchain?
Não
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Em uma linguagem simplificada, a citação de Nakamoto em relação à moeda 
criptografada trata de seu trabalho da seguinte forma: 
Na rede Bitcoin, a estrutura e a função da aplicação da tecnologia blockchain se 
misturam, motivo pelo qual é fácil confundi-las. Contudo, é necessário entender 
que Bitcoin é um termo usado para definir três conceitos diferentes, contudo 
complementares, veja estes conceitos a seguir: 
• Bitcoin é uma rede distribuída que usa tecnologias blockchain para seu 
funcionamento; 
• Bitcoin é também uma aplicação específica, popularizada pelo termo 
“criptomoedas”, que simula as funções de um sistema econômico de 
pagamentos e recebimentos; 
• Bitcoin é ainda um conjunto de contratos inteligentes (smart contracts), 
descritos no artigo de 2008 e implementados na rede blockchain, que 
permitem que a aplicação de criptomoedas funcione. 
Desse modo, é a combinação desses três conceitos que permite compreender o 
potencial transformador das tecnologias blockchain. Porém a ordem mais comum 
de aprendizado desses conceitos é inversa, como apresentado a seguir:
O Bitcoin cria uma rede que torna possível a confiança entre 
pessoas desconhecidas para pagar e receber valores no ambiente 
digital. Mais do que isso, a confiança na rede Bitcoin permite que 
sejam desempenhadas funções típicas de um Banco Central, como 
administrar uma moeda ou conduzir uma política monetária sem 
que haja de fato um Banco Central. 
1 Primeiro, é observado o Bitcoin, a “moeda” que representa a aplicação das 
tecnologias blockchain; 
3 Por fim, ocorre o questionamento de como tudo funciona sem um ente 
2 Segundo, é percebida a “rede de computadores” que permite ao Bitcoin 
rodar e entender a rede descentralizada (blockchain) que operacionaliza a 
aplicação de criptomoeda. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11
centralizado, entendendo o papel dos contratos inteligentes, os quais descrevem 
regras entre toda a rede de computadores, tornando a aplicação possível.
Veja abaixo um esquema que representa as camadas de aprendizado da tecnologia, 
tendo no lado externo o primeiro conceito com que se costuma ter contato no universo 
da blockchain (o Bitcoin enquanto moeda) e no centro o elemento estruturante e 
menos conhecido, que são os contratos inteligentes. 
Para fixar todas as temáticas trabalhadas até este momento no conteúdo, pode-se 
resumir o seguinte: 
• a blockchain se refere às tecnologias que se baseiam em conjuntos de 
blocos que trocam informação entre si; 
• o Bitcoin é um exemplo de aplicação da blockchain: uma criptomoeda 
que se sustenta por meio de uma rede de computadores descentralizada 
(a rede Bitcoin, que também é a primeira rede escalável implementada). 
Essa rede “entende” o que deve ser feito devido à introdução de “contratos 
inteligentes” nos computadores a ela conectados; 
• uma característica central da blockchain é o estabelecimento de 
confiança. A confiança gerada pela tecnologia é o que a torna única entre 
as demais tecnologias existentes; 
Relação entre conceitos centrais da tecnologia blockchain.
Fonte: Elaboração do Autor. Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Contratos inteligentes
Blockchain
Bitcoin
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
1.2 A História da Blockchain e Porque é uma das Principais 
Tecnologias Emergentes Atuais
Embora os maiores avanços e usos da blockchain sejam recentes, as implementações 
desta tecnologia decorrem de um contínuo processo de aprendizado que antecipa o 
século XXI. Veja a seguir alguns exemplos destas tecnologias: 
• A tecnologia de árvores de Merkle (Merkle trees) é um princípio de 
criptografia fundamental para geração dos blocos nas redes blockchain e 
data do ano de 1979; 
• A implementação do Bitcoin, a partir de 2008, serve como prova de teste 
de diversos componentes e se torna a primeira implementação escalável 
no patamar global da tecnologia; 
• O desenvolvimento da rede Ethereum demonstrou, entre 2013 e 
2015, o potencial ampliado dos contratos inteligentes, fortalecendo o 
conceito de DAO (Autoridade Descentralizada Autônoma na sigla em 
inglês) e introduzindo o princípio de NFTs como “votos” de uma rede 
descentralizada em uma democracia. 
Assim, os desdobramentos dos últimos 10 anos geram experiências sólidas 
e transformadoras. Veja a seguir exemplos existentes no seu cotidiano e que 
demonstram o potencial transformador da tecnologiablockchain: 
• Rastreio de cadeias de distribuição: remessas internacionais marítimas 
envolvem centenas de comunicações e uma infinidade de atores de 
diferentes tipos e países, o que o torna caro e vulnerável à ataques 
cibernéticos (ORCUTT, 2022). 
Para melhorar esses desafios, uma das principais empresas do setor 
implementou uma plataforma em blockchain, chamada TradeLens Platform, 
que permite, em tempo real, interações confiáveis entre todos os atores de 
forma protegida e descentralizada. 
• Aplicações financeiras: para além das moedas que têm perfil de 
investimento, a principal autoridade de transferências internacionais, 
a SWIFT, adota padrões para uso da blockchain para controle de 
remessas internacionais (SWIFT, 2016). Além desse exemplo, há uma 
infinidade de soluções para aplicações financeiras implementadas com 
a tecnologia blockchain, coordenadas pelo BID — Banco Interamericano 
de Desenvolvimento (GUTIERREZ, 2021). Importante mencionar ainda 
https://www.tradelens.com/platform
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13
que a própria Bovespa, no Brasil, tem pilotos de uso de blockchain para 
controle de ativos (JOSA, 2021). 
• Identidade digital: um dos sistemas de identidades digitais mais conhecido 
e bem avaliado é o programa X-Road, da Estônia, que não deve ser confundido 
com a blockchain (clique aqui e veja o motivo). Apesar de não usar blockchain 
de forma originária, os princípios adotados pela Estônia estão sendo 
implementados de forma transformadora na blockchain, permitindo troca de 
informações de maneira eficiente, inclusiva e protegida (GOREY, 2017).
Há ainda diversos governos que estudam e implementam tecnologias blockchain no 
serviço público, sendo o Brasil um deles. Alguns importantes estudos e mapeamentos 
realizados por governos incluem: 
• em 2016, o Reino Unido lançou um guia de estudos de casos e impactos 
globais da tecnologia, incluindo exemplos de combate à corrupção na cadeia 
de diamantes e de responsabilidade corporativa (UK GOVERNMENT CHIEF 
SCIENTIFIC ADVISER, 2016); 
• em 2017, a National Association of State Chief Information Officers 
(Associação Nacional de Chefes de Informação dos Estados), nos Estados 
Unidos, identificou que quase três em cada quatro4 chefes já tinham 
conversas avançadas sobre adoção da tecnologia; (NASCIO, 2017); 
• em 2017, o World Government Summit elegeu a blockchain como 
tecnologia transformadora, destacando como estudo de caso a 
implementação feita pela Estônia no setor de Saúde (WORLD GOVERNMENT 
SUMMIT; INDRA COMPANY, 2017); 
• em 2017, o Parlamento Europeu identificou 8 áreas da administração pública 
que poderiam ser radicalmente transformadas pela tecnologia, incluindo 
eleições e registro de patentes; (BOUCHER; NASCIMENTO; KRITIKOS, 2017); 
• em 2017, o Banco Mundial iniciou estudos sobre as soluções blockchain 
em suas atividades (NATARAJAN; KRAUSE; GRADSTEIN, 2017), e outras 
organizações internacionais seguiram o mesmo caminho; 
• o Fórum Econômico Mundial, em 2020, lançou inclusive toolkits para 
acelerar a adoção da tecnologia em diversas áreas e setores. (WORLD 
ECONOMIC FORUM, 2020). 
https://e-estonia.com/why-x-road-is-not-blockchain/
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
O Brasil é um dos países pioneiros em desenvolvimento de tecnologias blockchain 
e implementação no setor público. Realizado pela primeira vez com parceria entre 
BNDES e ITS Rio, o Fórum BlockchainGov (2018) realizou o primeiro mapeamento 
de implementações em blockchain no governo e identificou mais de 10 destas ainda 
na primeira edição do evento. 
Antes de continuar em sua jornada de estudos, assista agora a videoaula a seguir 
para conhecer melhor o Fórum BlockchainGov e a relação entre a evolução do 
blockchain e a Estratégia de Governo Digital.
Agora, depois de assistir a videoaula sobre a tecnologia blockchain no Brasil e a 
transformação digital da EGD (Estratégia de Governo Digital), veja exemplos de 
tecnologias pioneiras no país: 
• o projeto b-CPF e b-CNPJ, iniciado em 2017, que reduziu em 4.000% o custo 
de cruzamento de bases com uso da tecnologia blockchain; (THOMPSON, 2019); 
• a plataforma PIER, que no setor de seguros realiza intercâmbio de 
informações entre a Superintendência de Seguros Privados (Susep), o Banco 
Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), integrando dados 
dos reguladores e agilizando os processos de autorizações e registros no 
sistema financeiro; 
• soluções implementadas pelo Serviço Federal de Processamento de Dados 
(Serpro) desde 2017, como o bConnect, que integra autoridades aduaneiras 
no compartilhamento de informações; (SERPRO, 2020); 
• o lançamento da LAC-Chain em 2018, projeto do BID que provê uma 
infraestrutura para desenvolvimento de aplicações públicas e de amplo alcance; 
• o uso pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) da blockchain para 
integração dos diários de bordo (eDB), em estudo desde 2018 e lançado em 
2020, que aumenta a confiança e reduz o custo dos voos; (ANAC, 2021); 
• o BNDESToken, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e 
Social (BNDES), lançado em 2019, que permite maior controle e confiança 
na distribuição de financiamento pelo banco; (BNDES, 2019); 
Videoaula: Blockchain e Estrategia Governo Digital
https://
https://cdn.evg.gov.br/cursos/533_EVG/videos/modulo01_video02/index.html
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15
• o Diploma Digital, da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), de 
2020, reduz custos e impossibilita a fraude de diplomas emitidos por 
universidades públicas. (RNP, [2019]). 
Para acompanhar a história do desenvolvimento da tecnologia no país é fundamental 
rever os registros do Bitcoin Hub, e posteriormente do Blokchain Hub, inciativa 
do ITS Rio em 2014, que gerou o primeiro fórum multissetorial e internacional da 
tecnologia no país. 
Veja na cronologia de eventos abaixo, como o Brasil tem sido pioneiro no 
desenvolvimento da tecnologia blockchain para Administração Pública: 
• Em 2014, o primeiro evento multissetorial sobre Bitcoin realizado em 
português e o primeiro no Brasil, com participação do INPE (Instituto 
Nacional de Pesquisas Aplicadas), do Mercado Bitcoin e do ITS. 
• Em 2016, foi mapeado o impacto da tecnologia no Sul Global e no Brasil 
(LEMOS; ALEIXO, 2016), publicado por Ronaldo Lemos e Gabriel Aleixo. 
Clique aqui para ter acesso a palestra apresentada sobre o tema por um 
dos autores do artigo, Ronaldo Lemos. 
• Em 2017, o primeiro evento no Brasil sobre blockchain e mercado de 
carbono, com perspectivas da academia e do setor privado. 
 
A tecnologia blockchain pode ser recente no universo digital, mas é sempre importante 
valorizar as contribuições que já foram dadas para o seu desenvolvimento. 
Conforme avançar nos estudos do conteúdo, você conhecerá exemplos pioneiros 
de implementação da tecnologia blockchain no país, havendo a maioria deles sido 
idealizados nos eventos do Fórum BlockchainGov mencionado anteriormente. 
Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o 
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 
https://itsrio.org/pt/projetos/bitcoin-hub-criptomoedas-e-o-futuro-da-economia/
https://itsrio.org/pt/projetos/blockchain/
https://itsrio.org/pt/varandas/bitcoin-o-que-a-moeda-digital-pode-ensinar/
https://medium.com/omidyar-network/using-the-blockchain-for-the-public-interest-2ed1f5114036
https://medium.com/omidyar-network/using-the-blockchain-for-the-public-interest-2ed1f5114036
https://www.youtube.com/watch?v=DVwicKKJ3PQ
https://itsrio.org/pt/varandas/blockchain-e-o-mercado-de-carbono/
https://itsrio.org/pt/varandas/blockchain-e-o-mercado-de-carbono/
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL (ANAC). Diário de Bordo Digital será 
utilizado pela primeira vez por uma empresa de transporte aéreo público. 2021. 
Disponível em: https://www.gov.br/anac/pt-br/noticias/2021/diario-de-bordo-digital-sera-utilizado-pela-primeira-vez-por-uma-empresa-de-transporte-aereo-publico. 
Acesso em: 7 mar. 2022. 
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (BNDES). 
Tecnologia Blockchain promete tornar o uso de recursos públicos mais 
transparente e confiável. 2019. Disponível em: https://agenciadenoticias.bndes.
gov.br/detalhe/noticia/Tecnologia-Blockchain-promete-tornar-o-uso-de-recursos-
publicos-mais-transparente-e-confiavel/. Acesso em: 7 mar. 2022. 
BOUCHER, P; NASCIMENTO, S; KRITIKOS, M. How blockchain technology could 
change our lives. Brussels: European Parliamentary Research Service, 2017. Disponível 
em: https://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/IDAN/2017/581948/EPRS_
IDA(2017)581948_EN.pdf. Acesso em: 7 Mar. 2022. 
COMO um blockchain funciona - Explicação simples. [S.L.]: Simply Explained, 2017. 
(6 min.), son., color. Legendado. [YouTube]. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=SSo_EIwHSd4&t=258s. Acesso em: 7 mar. 2022. 
E-ESTONIA (Estonia). Government of Republic of Estonia. Weekly press review: 
x-road not to be confused with blockchain. X-Road not to be confused with blockchain. 
2018. Disponível em: https://e-estonia.com/why-x-road-is-not-blockchain/. 
Acesso em: 7 Mar. 2022. 
FEKIST. Bust of Satoshi Nakamoto in Budapest. 2021. Fotografia. [Wikipedia]. 
Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Bust_of_Satoshi_Nakamoto_in_
Budapest.jpg. Acesso em: 7 Mar. 2022. 
FÓRUM BlockchainGov - Contribuições da blockchain para a transformação digital 
de governos. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
(BNDES), 2018. (152 min.), son., color. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=4uTd3Iz1uic&feature=emb_imp_woyt. Acesso em: 18 maio 2022. 
FÓRUM BlockchainGov - Contribuições da blockchain para a transformação digital de 
governos (Parte 2). Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
e Social (BNDES), 2018. (225 min.), son., color. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=idOBHiDhs4c. Acesso em: 18 maio 2022. 
 
Referências 
https://www.gov.br/anac/pt-br/noticias/2021/diario-de-bordo-digital-sera-utilizado-pela-primeira-vez-por-uma-empresa-de-transporte-aereo-publico
https://www.gov.br/anac/pt-br/noticias/2021/diario-de-bordo-digital-sera-utilizado-pela-primeira-vez-por-uma-empresa-de-transporte-aereo-publico
https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/detalhe/noticia/Tecnologia-Blockchain-promete-tornar-o-uso-de-recursos-publicos-mais-transparente-e-confiavel/
https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/detalhe/noticia/Tecnologia-Blockchain-promete-tornar-o-uso-de-recursos-publicos-mais-transparente-e-confiavel/
https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/detalhe/noticia/Tecnologia-Blockchain-promete-tornar-o-uso-de-recursos-publicos-mais-transparente-e-confiavel/
https://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/IDAN/2017/581948/EPRS_IDA(2017)581948_EN.pdf
https://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/IDAN/2017/581948/EPRS_IDA(2017)581948_EN.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=SSo_EIwHSd4&t=258s
https://www.youtube.com/watch?v=SSo_EIwHSd4&t=258s
https://e-estonia.com/why-x-road-is-not-blockchain/
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Bust_of_Satoshi_Nakamoto_in_Budapest.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Bust_of_Satoshi_Nakamoto_in_Budapest.jpg
https://www.youtube.com/watch?v=4uTd3Iz1uic&feature=emb_imp_woyt
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20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
2.1 Definição de Blocos e correntes 
O entusiasmo pela adoção de tecnologias blockchain é justificado, uma vez que existem 
ações possíveis em redes distribuídas que eram impossíveis de realizar décadas atrás. 
A Web 3.0, por exemplo, é a próxima geração do ambiente digital. Nela, a 
blockchain ocupa posição central, pois a governança e desenvolvimento da rede 
não deve ser toda centralizada. 
Continue firme com seus estudos à frente!
Unidade 2: Do Bloco à Arquitetura: Conceitos Basilares
Objetivo de aprendizagem
Ao fim desta unidade, você será capaz de compreender os conceitos principais 
referentes à blockchain. 
A tecnologia blockchain é composta por uma rede de blocos que se organizam em 
“correntes”, elos de uma sequência, que associa todos os blocos de forma única e previsível. 
A base da blockchain é o bloco, um pequeno programa digital composto por um “kit” 
de dados que agrega três elementos da seguinte maneira: 
• a informação que se deseja compartilhar; 
• uma chave criptográfica do bloco (do termo técnico “hash”) que singulariza 
a existência daquele bloco em especial; 
• uma segunda chave da corrente singulariza a existência daquele bloco 
em relação a todos os outros blocos previamente gerados. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21
Ilustração conceitual de um bloco nas tecnologias blockchain.
Fonte: Como um blockchain funciona - Explicação simples (2017). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
O primeiro elemento do bloco é a “informação”. Este é o conceito mais simples de ser 
compreendido já que ele está presente nas atividades realizadas no dia-a-dia. 
Para que facilite a sua compreensão, veja alguns exemplos cotidianos de como o elemento 
de bloco “informação” pode ser importante para uma transação: 
• se deseja enviar um e-mail para alguém, a informação seria o conteúdo da 
mensagem que gostaria de comunicar; 
• se pretende autorizar um pagamento, a informação seria a autorização 
para que o pagamento seja efetuado; 
• se quer acessar um site, a informação seria a URL que gostaria de acessar 
na Internet. 
Como regra, os blocos em uma blockchain são bem pequenos e possuem pouquíssimo 
espaço para carregar informação. Essa característica é importante, pois implica que é 
necessário utilizar blocos de forma bastante eficiente.
Na rede Bitcoin, por exemplo, o tamanho reservado 
à informação em cada bloco abrange de poucos Kbs 
a alguns MBs (HAIG, 2019). 
Informação
Hash atual
Hash do bloco antecedente
22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
O que é importante ressaltar, é que no espaço de “informação” de cada bloco será 
incluído o dado que será usado para resolver um problema. Quanto à inclusão do 
elemento “informação” nas redes de criptomoedas, vale ressaltar o seguinte: 
• em uma rede de criptomoedas, como o Bitcoin, a informação inserida no 
bloco descreve “quem paga o que para quem”; 
• em uma rede como a Ethereum, é possível inserir a informação de início ou 
término de um contrato ou ainda a posição de temperatura lida por um sensor. 
Além da informação, as outras duas partes de todo bloco são compostas por um 
hash. O hash é uma função criptográfica que permite a combinação de um conjunto 
de dados em um novo resultado (na prática seria como um texto curto ou uma 
sequência de caracteres). Essa solução é simples de ser verificada, auditada e 
matematicamente impossível de ser invertida ou alterada. 
O hash permite que a blockchain desempenhe três funções centrais que criam uma 
“prova de trabalho”: 
• os hashes atuam como guardiões da informação e representam um 
“carimbo de autenticidade” deque aquela informação existiu exatamente 
naquele preciso período de tempo e foi autorizada por um conjunto 
específico de atores; 
• os hashes ainda funcionam como um livro registro de “solda” do bloco a 
uma corrente de outros blocos. Devido às técnicas de criptografia utilizadas, 
é possível ter certeza da relação entre um bloco específico e todos os 
demais em um período de tempo. Com isso, torna-se fácil e viável verificar 
a qualquer momento se um bloco foi alterado, tornando matematicamente 
improvável um bloco ser fraudado
• por fim, os hashes registram a hora exata em que foram criados, gerando 
uma autenticação temporal que permite afirmar e validar que um 
processamento aconteceu em um espaço de tempo específico. 
Para que você compreenda como a tecnologia blockchain pode ser transformadora, 
veja a seguir o exemplo de registro de imóveis sem (1) e com (2) o uso de blockchain.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23
1. No sistema centralizado, se atribui aos cartórios de imóveis a 
tarefa de registrar todo evento de troca de titularidade de um 
imóvel. Os cartórios registram a informação em livro físico (o 
que dificulta a alteração da informação sem deixar vestígios) e 
compartilham essa informação entre si dentro daquilo que for 
benéfico ou obrigatório a todos. 
2. Com uso da tecnologia blockchain, é criado um contrato 
inteligente que tem a função de transferência de propriedade e 
contém dados sobre o imóvel registrado e seu atual proprietário. 
É executada, então, a função para troca de titularidade, no qual 
um ator (que pode ser tanto um cartório, como o proprietário 
em si) solicita a transferência, e todos os outros computadores 
validam a operação, o que gera um novo bloco em que consta 
não só o bem e a titularidade, como também, de forma imutável, 
a informação exata processada, a data e a assinatura de todos 
os atores envolvidos na operação. De forma semelhante, a 
operação de reconhecimento de firma já é aplicada no Brasil, 
pela plataforma e-Notariado. (Cointelegraph Brasil, 2021). 
Por fim, vale ressaltar que a tecnologia blockchain pode ser compreendida através do 
olhar da Estratégia Digital de Governo (EGD). Você verá na videoaula a seguir os conceitos 
de bloco e arquitetura, fundamentais ao pilar “confiável” da EGD. Clique e assista! 
A arquitetura da blockchain possui como característica geral a criação de redes 
distribuídas de computadores. 
Videoaula: Um Governo Confiável e os Conceitos da Blockchain
2.2 A Arquitetura da Blockchain
Redes distribuídas se baseiam em registros distribuídos e são 
conhecidas pela sigla DLT (distributed ledger technology). A principal 
característica das DLTs é distribuir um banco de dados entre múltiplos 
dispositivos (computadores ou pessoas) e, ao fazer esse processo, 
armazenar informação, eventos e dados de forma distribuída. 
https://
https://cdn.evg.gov.br/cursos/533_EVG/videos/modulo01_video03/index.html
24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
DLTs são o oposto de como a maioria das redes de informação operam, uma vez que 
o comum é centralizar a informação em um ponto (como ocorre em um servidor) e 
sincronizar, a partir desse ponto, as atividades de todos os demais dispositivos. 
Nem todas as redes DLTs são blockchain, mas a blockchain, por ser baseada em 
uma cadeia de blocos relacionados, sempre será uma DLT. 
Na imagem abaixo você pode ver as diferenças entre uma rede centralizada e uma 
rede distribuída ou descentralizada. Repare que na primeira imagem, referente 
à rede centralizada, todos os atores se reportam a um ator central, e na outra há 
relações em diferentes níveis entre atores da rede, havendo alguns mais conectados 
aos demais que outros, mas não há um ator central conectado a todos. 
Mas existe uma questão quanto a essas tecnologias. 
Afinal, Quem Financia a Blockchain? 
Em uma arquitetura centralizada, sabe-se que quem financia o servidor principal 
tem interesse em fazer isso e aloca eletricidade, computadores e pessoas para 
manter o servidor funcionando. Mas em um sistema distribuído a lógica é 
diferente e funciona através da criação de dois tipos de atores no código da rede: 
os usuários e os mineradores. 
Os usuários são aqueles que querem registrar uma operação na rede ou alterar um 
bloco de qualquer outra maneira. Na rede Bitcoin, por exemplo, pode ser alguém 
que quer fazer um pagamento para outra pessoa. O usuário faz tudo isso através 
de um computador conectado à rede blockchain desejada, e pode ser tanto um 
Arquitetura de uma rede centralizada e de uma descentralizada.
Fonte: Marco Polo Network (2018). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25
indivíduo comum como uma instituição especializada nisso. 
Já os mineradores são aqueles que têm capacidade de resolver um problema 
matemático e ganhar algo com isso. Geralmente são computadores de 
instituições com grande capacidade de processamento, mas também podem ser 
computadores particulares. 
Os mineradores recebem, através de sorteio, o problema a ser resolvido, e devolvem 
à rede a solução atualizada. Ao fazer isso, o minerador satisfaz a demanda do 
usuário (por exemplo, o usuário tem registrada a transferência de moeda para o 
outro usuário) e satisfaz também a sua necessidade (o contrato inteligente cria um 
bloco novo e atribui a titularidade ao minerador).
Nas grandes redes de blockchain, a participação de mineradores é bastante 
profissionalizada, gerando “fazendas” de mineração de enorme potencial 
computacional. Atualmente cresce a passos largos o número de soluções de energia 
limpa usadas na mineração. 
Imagem de uma “fazenda” de mineradores de redes da blockchain.
Fonte: Forbes (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
A dinâmica de usuários e mineradores está explicitamente descrita no artigo inicial 
do Bitcoin. Na rede Bitcoin, como em outras, os contratos inteligentes em uso 
descrevem regras específicas para usuários e mineradores. 
Em algumas redes é possível ainda criar tipos de usuários adicionais, porém é 
previsível que quanto mais computadores conectados à rede existirem, mais forte a 
rede é, portanto maior a probabilidade de mineradores quererem processar dados 
de usuários, e de usuários terem seus dados processados. 
Que bom que você chegou até aqui! Chegou a hora de você testar seus 
conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no 
ambiente virtual. Bons estudos!
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27
COMO um blockchain funciona - Explicação simples. [S.L.]: Simply Explained, 2017. 
(6 min.), son., color. Legendado. [YouTube]. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=SSo_EIwHSd4&t=258s. Acesso em: 7 mar. 2022. 
COINTELEGRAPH BRASIL. Cartórios do Brasil agora usam blockchain para 
reconhecimento de firma. 2021. [Exame]. Disponível em: https://exame.com/
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HAIG, S. O que é tamanho de bloco do Bitcoin e porque isso gera tanta controvérsia 
na comunidade BTC. 2019. [Cointelegraph]. Disponível em: https://cointelegraph.
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28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 Módulo
Dominando os Conceitos 
da Blockchain 2
Este módulo dará continuidade à introdução dos elementos da tecnologia 
blockchain, aprofundando-se nas formas com que os princípios da Administração 
Pública podem ser aprimorados ao fundir essas tecnologias com arquiteturas de 
sistemas já implementados. 
Na primeira unidade serão apresentadas as características e potencialidades de 
redes distribuídas, com foco em compreender a relação entre redes centralizadas e 
descentralizadas, e entre redes permissionários ou não. 
Na segunda unidade o foco se voltará para as aplicações da blockchain, incluindo 
pontos de atenção para adesão à tecnologia, e áreas de potencial desenvolvimento. 
1.1 A Característica Distribuída da Blockchain
Esta unidade se voltará a apresentar como blocos são transacionados, e como os atores 
que fazem essas operações constituem redes baseadas na tecnologia blockchain. 
Unidade 1: Aprofundando Conceitos da Blockchain 
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer os conceitos principais referentes 
à arquitetura de processamento da blockchain. 
Para compreender a blockchain é necessário se desprender do modelo de arquitetura 
de rede mais conhecida: a arquitetura centralizada. 
Este é o modelo mais comum no setor privado e na Administração Pública, se 
caracterizando por uma instituição com uma grande capacidade de processamento, que 
atende às demandas de todos os outros computadores da rede. Geralmente é assim 
que são certificados documentos, validados acessos ou armazenadas informações.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29
A arquitetura-base da blockchain não é centralizada, mas distribuída. Isso 
significa que existe um número potencialmente infinito de atores, todos eles 
participando do processamento por meio de regras de cooperação e consenso, 
as quais são abertas para todos. 
Para compreender o potencial transformador dessa tecnologia, é possível avaliar 
o relatório do Banco Mundial que mapeou as vantagens e desvantagens dessa 
arquitetura na Administração Pública (WORLD BANK GROUP, 2017). 
Quanto às vantagens das redes distribuídas para a Administração Pública, inspirados 
no levantamento mencionado acima, o Banco Mundial relatou o seguinte: 
• maior transparência e auditabilidade, uma vez que todos os membros 
da rede possuem todos os arquivos para controle; 
• previsibilidade e controle, uma vez que a adoção de contratos inteligentes 
permite maior controle na execução de protocolos; 
• imutabilidade e verificabilidade, pois as tecnologias de criptografia utilizadas 
permitem rastreamento de processos e dificultam a falsificação de eventos; 
• maior velocidade e menor custo nos processamentos, reduzindo a 
redundância no acesso de dados para tomada de decisão; 
• aumento de resiliência cibernética no que se refere à capacidade de 
retornar à operação em caso de ataque cibernético. Isso é possível pois 
diversos terminais da mesma rede podem assumir tarefas caso um seja 
atacado. (NATARAJAN; KRAUSE; GRADSTEIN, 2017). 
1.2 O Conceito de Descentralização
Para começar o estudo deste conteúdo, assista à videoaula a seguir, na qual você irá 
conhecer a relação da identidade descentralizada do ambiente da Web 3.0 com a da 
identidade digital, objetivo da EGD. 
Uma rede distribuída é aquela na qual os registros são distribuídos, ao contrário das 
redes centralizadas, em que os registros são guardados por um único ator. Há redes 
Videoaula: A identidade descentralizada e a identidade digital da EGD
https://
https://cdn.evg.gov.br/cursos/533_EVG/videos/modulo02_video04/index.html
30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
que são totalmente distribuídas e outras que são descentralizadas, compreendendo 
um misto de arquiteturas de redes. 
Veja, a seguir, a diferença entre redes centralizadas, descentralizadas e distribuídas. 
• Em uma rede centralizada todas as operações são sincronizadas por um 
ator. Isso facilita o controle centralizado, mas traz fragilidade a ataques para 
este ator. É o caso, por exemplo, de um serviço de consulta em que todos 
os dados ficam armazenados em um único local e quem quiser consultá-los 
deve se dirigir a este local da rede. 
• Já em uma rede descentralizada existem diferentes atores centrais, 
que comandam cada qual sua rede centralizada. É por essa razão que a 
governança da rede é compartilhada em dois níveis: um grupo de atores 
centrais e outro grupo de atores secundários distribuídos. Algumas redes 
blockchain se organizam assim, e esse é um formato que facilita sistemas 
legados já instalados a operar com interoperabilidade em relação às 
arquiteturas de redes novas. 
• Já uma rede distribuída não possui atores centrais, sendo todos os pontos 
coligados por contratos inteligentes. É o caso da rede Bitcoin e da maioria 
das redes em blockchain. 
Veja na imagem abaixo a ilustração das arquiteturas de rede explicadas acima. 
Ilustração conceitual de três arquiteturas de rede.
Fonte: MARÍN (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31
É incorreto imaginar que há uma arquitetura melhor que a outra, o que acontece 
na verdade é que cada solução é melhor para problemas específicos. O que a 
blockchain agrega é justamente a facilitação dos acessos a redes distribuídas 
ou ainda a utilização de redes distribuídas para fazer redes centralizadas ou 
descentralizadas mais confiáveis. 
• A existência de um ator central chama para si a atenção de ataques 
cibernéticos. Uma tentativa de fraude, um acesso não autorizado ou um 
vazamento de informação são ações que tendem a se concentrar nesse 
ator, pois ele é o mais poderoso da rede. Por outro lado, um ator central 
tende a ser mais eficiente e mais simples de atualizar ou modificar.
• Em uma rede descentralizada, as ações podem ser compartilhadas entre 
atores centrais de mesmo nível. Com isso o grau de redundância é elevado, 
o que aumenta o custo de processamento, embora possa permitir que um 
serviço continue ativo mesmo que um dos computadores seja atacado.
Veja na imagem abaixo os diferentes graus de centralidade de rede, em relação aos 
tipos de serviço possíveis: 
Grau de diversidade de serviços de um extremo centralizado para o extremo descentralizado.
Fonte: UK Government Chief Scientific Adviser (2016).Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Apesar de existir um foco maior em exemplos totalmente distribuídos, como a rede 
Bitcoin, ou totalmente centralizados, como os serviços digitais tradicionais, há uma 
grande diversidade de configurações de redes entre esses dois polos. 
32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
O importante é identificar que redes distribuídas possuem propriedades únicas 
e que tais particularidades podem ser usadas para aumentar a confiança no 
sistema em soluções que tradicionalmente são realizadas apenas através de 
arquitetura centralizada. 
1.3 Os Princípios de Abertura e Permissão
Ao contrário das redes centralizadas, nas quais apenas o ator central precisa 
necessariamente ter acesso aos registros de eventos e transações, nas redes 
distribuídas é obrigatório que haja algum grau de abertura de dados e processos. 
Veja a seguir como sãoadministradas as arquiteturas de rede centralizadas, 
abertas (não-permissionárias) e permissionárias. 
• Redes centralizadas são mantidas e controladas por um ator central. 
A abertura da rede é limitada (apenas o ator central precisa ter acesso à 
informação). A permissão para participar também é limitada, precisando ser 
autorizada pelo ator central. 
• Redes abertas (não-permissionárias) são mantidas por todos os 
computadores conectados à rede através de contratos inteligentes, como 
a rede Bitcoin. A transparência é alta, pois todos os terminais da rede têm 
acesso aos mesmos dados e a permissão é ampla (qualquer computador 
que “falar” a linguagem da rede pode se registrar e dela participar). 
• Redes permissionárias são intermediárias entre redes centralizadas 
e redes abertas. Para os computadores que fazem parte da rede, aplicam-
se as regras abertas, mas para quem está fora aplicam-se as regras das 
redes centralizadas. 
Na figura a seguir você pode observar exemplos de como um documento é 
compartilhado nas diferentes arquiteturas: 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33
Arquitetura de rede centralizada, permissionária e não-permissionária.
Fonte: Marco Polo Network (2018). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Redes não-permissionárias são aquelas em que todo terminal capaz pode participar. 
Já nas redes permissionárias, o circuito é restrito: não basta ser capaz, é preciso ter 
autorização dos demais atores.
1 Permissionário e centralizado
Um exemplo de sistema permissionário e centralizado é quando a Receita 
Federal realiza um teste de compliance no qual apenas ela pode processar 
os registros a pedido de atores externos à rede. 
1
2
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34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
2 Permissionário e descentralizado 
Um exemplo de sistema permissionário e descentralizado são órgãos de 
controle de identidade civil nos estados, que emitem cada um seus próprios 
documentos, mas podem criar redes entre si para verificação de duplicidade; 
3 Sistema não-permissionário e descentralizado 
Um exemplo de sistema não-permissionário e descentralizado é o serviço 
Diploma Digital, da RNP, que através de contratos inteligentes permite que 
diferentes atores possam emitir diplomas, mas que o processo possa ser 
realizado e verificado por qualquer computador conectado à rede. 
Relativo aos graus de abertura da rede, existem situações em que também é 
vantajoso combinar arquiteturas: 
• sistema centralizado: quando um fornecedor de máquinas autoriza a 
venda de equipamentos a um ente público; 
• sistema permissionário: quando uma rede de pagamentos Pix do Banco 
Central processa a transação financeira; 
• sistema aberto: como o BNDESToken, que faz o registro da operação em um 
contrato de financiamento, permitindo que todos observem a operação feita. 
É importante considerar que a adição de sistemas distribuídos gera benefícios 
únicos. Estes podem substituir sistemas centralizados, quando são a solução mais 
eficiente, ou ainda complementá-los com suas características singulares. Veja a 
seguir alguns exemplos. 
• Tecnologia em Criptomoedas 
No uso da tecnologia em criptomoedas, é possível rastrear a movimentação 
de toda e qualquer quantia, reconstruindo a qualquer momento o “extrato” 
de todas as carteiras por onde aquele dinheiro passou. Em um sistema 
centralizado, como o utilizado por bancos atualmente, é possível tirar 
extratos apenas do “saldo” de movimentações entre contas, sem registro 
de onde o dinheiro passou anteriormente. 
Para portais de transferência, o uso da blockchain permite identificar cada 
centavo que saiu do governo para uma obra. E se todos os contratantes usarem 
a mesma rede, é possível saber exatamente como cada centavo foi gasto até o 
fim do processo. Esse um exemplo do princípio de inovação do BNDESToken.
 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35
• Tecnologia para Registro de Documentos 
No uso da tecnologia para registro de documentos, o sistema se torna à prova de 
fraudes ocultas. Uma informação alterada na blockchain deixa sempre rastros e 
a “prova de tudo certo” de uma informação pode ser feita a cada processamento, 
em vez de auditada apenas posteriormente a esse processamento. 
Diplomas de universidades ou certificados de vacina, por exemplo, podem 
ser armazenados na blockchain, oferecendo certeza para quem quiser 
verificar que a informação escrita não foi alterada. Por conta disso, esse 
sistema pode impedir, por exemplo, a fraude de diplomas em concursos 
públicos e é uma das inovações trazidas pelo Diploma Digital da RNP. 
• Contratos Inteligentes 
Com o uso de contratos inteligentes é simples permitir ou revogar acesso 
a informações armazenadas. Por exemplo, quando um servidor público 
for colocado ou retirado de uma posição, o uso de contratos inteligentes 
permite automatizar a atualização de permissões de acesso. Nesse caso, 
o bloco funciona como uma “chave” de acesso à informação, ao contrário 
de sistemas centralizados no qual a regra é que o dado, uma vez acessado, 
permanece acessível ou pode ser copiado. 
Dados pessoais de saúde pública, por exemplo, podem ser guardados com 
chaves de forma a autorizar apenas funcionários públicos autorizados a ter 
acesso, além de ser possível automatizar sistemas de alertas que notifiquem 
o cidadão em caso de acesso e revogação de acesso automático quando as 
condições de acesso legítimo se encerrarem. Essa é a inovação do sistema 
SOL, do Governo do Ceará. 
Veja agora a aplicação desses conceitos à Estratégia de Governo Digital, relacionando 
o conceito de descentralização ao princípio de ser um governo integrado.
Videoaula: O Governo Integrado e o Conceito de Descentralização
Assim como visto na videoaula, as aplicações da blockchain para Administração Pública 
ainda estão sendo descobertas e desenvolvidas. Mas é certo que a transformação 
digital do país pode se beneficiar da tecnologia, tanto no uso de contratos inteligentes 
como na adoção de modelos não-centralizados de digitalização de processos. 
Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o 
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!
https://
https://cdn.evg.gov.br/cursos/533_EVG/videos/modulo02_video05/index.html
36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
MARCO POLO NETWORK. Difference Blockchain and DLT. 2018. Disponível em: 
https://marcopolonetwork.com/articles/distributed-ledger-technology/. 
Acesso em: 8 Mar. 2022.
MARÍN, Julio. Julio vs Decentralized vs Distributed. quick overview. Medium. 2019. 
Disponível em: Centralized vs Decentralized vs Distributed: a quick overview. 
2019. [Medium]. Disponível em: https://medium.com/@juliomacr/centralized-vs-
decentralized-vs-distributed-a-quick-overview-1f3bd17b8468. Acesso em: 16 May 2022. 
NATARAJAN, H; KRAUSE, S; GRADSTEIN, H. Distributed Ledger Technology and 
Blockchain. Washington, DC: World Bank Group, 2017. Disponível em: https://
openknowledge.worldbank.org/handle/10986/29053. Acesso em: 8 Mar. 2022. 
SOCIETY FOR WORLDWIDE INTERBANK FINANCIAL TELECOMMUNICATION (SWIFT). 
SWIFT on distributed ledger technologies: delivering an industry standard platform 
through community collaboration. La Hulpe: S.W.I.F.T. SC, 2016. 19 p. Disponível em: 
https://www.swift.com/node/22221. Acesso em: 7 Mar. 2022. 
UK GOVERNMENT CHIEF SCIENTIFIC ADVISER. Distributed Ledger Technology: 
beyond block chain. London: Government Office for Science, 2016. 87 p. Disponível 
em:https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/
attachment_data/file/492972/gs-16-1-distributed-ledger-technology.pdf. 
Acesso em: 7 Mar. 2022.
Referências 
https://marcopolonetwork.com/articles/distributed-ledger-technology/
https://medium.com/@juliomacr/centralized-vs-decentralized-vs-distributed-a-quick-overview-1f3bd17b8468
https://medium.com/@juliomacr/centralized-vs-decentralized-vs-distributed-a-quick-overview-1f3bd17b8468
https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/29053https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/29053
https://www.swift.com/node/22221
https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/492972/gs-16-1-distributed-ledger-technology.pdf
https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/492972/gs-16-1-distributed-ledger-technology.pdf
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37
2.1 Pontos de Atenção para Aplicação da Blockchain
Uma vez compreendidos os diferenciais e potenciais da blockchain, é possível avançar 
para conhecer as áreas em que a tecnologia tem sido amplamente utilizada. 
Siga firme em sua jornada de estudos! 
Unidade 2: Exemplos de Aplicações de Blockchain 
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade você irá reconhecer exemplos de aplicações de blockchain, como 
em aplicações gerais e usos em áreas-chave da tecnologia. 
A seguir estão listados alguns temas que ajudam a identificar vantagens e 
desvantagens da aplicação da blockchain na Administração Pública. Através 
desses temas se torna possível entender como a blockchain pode agregar valor à 
transformação digital, seja aumentando, por exemplo, a integridade operacional ou 
a segurança cibernética. 
Integridade Operacional 
O uso de blockchain oferece forte proteção contra manipulação de dados. 
Modificações em dados conferidos e registrados possuem alta rastreabilidade 
e auditabilidade até sua origem. É uma prática comum ainda armazenar apenas 
o resumo da informação na cadeia de dados, usando banco de dados fora da 
blockchain, com isso é possível ter certeza que um arquivo armazenado em sistema 
centralizado não foi alterado, ou seja, é usada uma informação na blockchain para 
validar uma integridade operacional fora da blockchain. 
a solução BBVA/Wave usou a blockchain para automatizar o 
envio eletrônico de documentos em transações de importação-
exportação entre atores da Europa e da América Latina, reduzindo o 
tempo necessário para enviar, verificar e autorizar uma transação 
de comércio internacional de sete dias para 2,5 horas. 
38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
A rede blockchain requer gerenciamento de segurança como qualquer outra 
tecnologia. A Base da segurança cibernética é sempre imaginar que acontecerá 
uma falha, uma invasão, e não se perguntar “se” um acidente acontecerá, mas sim 
“quando” e “como” ele pode acontecer. 
A segurança cibernética é uma grande preocupação para um governo eletrônico, e 
soluções centralizadas sofrem constantes ataques de invasão. O uso de tecnologia 
blockchain não é, no geral, diferente em termos das ameaças que o sistema sofre, de 
forma que tudo depende de adoção de bons princípios, processos e arquiteturas. 
Segurança Cibernética 
Para iniciar o estudo do tema assista a videoaula a seguir, em que se ilustra como os 
desafios de segurança cibernética e proteção de dados da Estratégia de Governo 
Digital estão relacionados com exemplos de aplicações selecionados nessa unidade. 
Atores relacionados através da tecnologia blockchain em um serviço de comércio internacional.
Fonte: ESPINOSA (2017). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Videoaula: A Blockchain e o Princípio de Governo Inteligente
https://
https://cdn.evg.gov.br/cursos/533_EVG/videos/modulo02_video06/index.html
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39
Existem, porém, considerações de segurança cibernética que afetam particularmente 
as tecnologias blockchain, e por isso precisam ser abordadas. 
Para que você compreenda melhor a temática, a imagem a seguir demonstra em um 
esquema as implicações dessa tecnologia em dois níveis para segurança cibernética: 
características da tecnologia e princípio de segurança cibernética. 
Proteção de Dados 
A tecnologia blockchain é compatível com os princípios de proteção de dados, 
permitindo em alguns casos inclusive mais controle sobre dados pessoais do que 
outras tecnologias. 
No passado havia dúvidas se sistemas distribuídos, como os que usam blockchain, 
poderiam permitir boas práticas de proteção de dados pessoais. Mas está claro que 
tudo depende da tomada de decisão correta na hora de definir protocolos e arquitetura. 
Relação entre a tecnologia blockchain e princípios de segurança. 
Fonte: Fórum Econômico Mundial (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Tanto em sistemas centralizados quanto em descentralizados 
é preciso refletir sobre quem é responsável por supervisionar 
o tratamento de dados pessoais ou pagar multas quando as 
obrigações são descumpridas. Uma boa arquitetura de rede 
descentralizada irá definir atores, suas responsabilidades, e a 
partir de contratos inteligentes se torna possível rapidamente 
definir as funções de cada ator e quais responsabilidades são 
atribuídas a eles. 
40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Há, contudo, decisões que são particulares ao uso da tecnologia blockchain. Veja no 
exemplo a seguir: 
Como regra o que se grava de informação em um bloco é 
imutável e irremovível. Isso não acontece necessariamente em 
sistemas centralizados, onde é possível alterar dados e subtrair 
informação sem restrições impostas por contratos inteligentes 
ou prova de consenso entre diferentes atores. 
Uma questão que se apresenta neste momento é “como resolver 
isso na arquitetura da rede?” 
Neste caso, adotar um armazenamento de dados pessoais 
anonimizados, seria um exemplo de resolução. Os dados nesse 
exemplo são obrigatoriamente imutáveis e irremovíveis, e não 
tem uso para atores não autorizados exceto se esses tiverem 
acesso às chaves e sistemas de desanonimização. Nesse sentido, 
é possível ainda instituir controles de acesso e registro, de forma 
a saber não só quem acessou um dado, como também revogar 
esse acesso a qualquer momento. 
É possível ainda ir além e adotar práticas de criptografia 
avançadas, como as PET (sigla em inglês para Tecnologias de 
Privacidade Avançadas), de forma que contratos inteligentes 
gerenciem não apenas as atividades fim do sistema, como façam 
auditoria, em tempo real, e com poder de fiscalizar e impedir 
acessos que não sejam previstos, ou abusos do sistema. 
Veja por exemplo o exemplo do que a Estônia criou para gestão 
de dados de saúde. 
Ao criar a Fundação Estonian E-Health, o país definiu que a 
base de registro e proteção de dados de prontuários seria feita 
usando a tecnologia blockchain. O resultado foi uma arquitetura 
descentralizada, permissionária e aberta. 
Por ser descentralizada, diferentes entidades podem participar 
do processo, incluindo instituições de países vizinhos, como 
a Finlândia. Mas por ser permissionária, é possível controlar e 
cadastrar previamente os atores que terão acesso aos dados, 
garantindo ainda que, como regra, os dados só possam ser 
acessados se autorizados pelo titular. E ao adotar o princípio 
https://nortal.com/blog/blockchain-healthcare-estonia/
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41
de abertura, a solução consegue conciliar o controle externo de 
procedimento de saúde sem permitir a identificação de pacientes 
ou agentes de saúde. 
Identidade Digital
Nas redes blockchain a identidade digital faz parte do design do sistema. A blockchain 
terá diferentes tipos de identidades digitais que se referem, na rede, a uma chave 
digital que tem legitimidade para funcionar em nome de um ator externo. A relação 
entre a identidade digital dentro e fora da blockchain é essencial de ser estabelecida 
para que haja confiança dos resultados gerados. 
A blockchain pode, por exemplo, determinar atores específicos vinculados a uma 
pessoa jurídica, a um intermediário financeiro ou a um objeto físico. Nesse caso, fora 
da rede caberá ao design do sistema validar a relação entre as identidades, tanto 
dentro quanto fora dessa mesma rede. Isso pode ser feito, por exemplo, utilizando 
registros de identidade civil, ou base de entidades autorizadas. 
A cidade de Zug, na Suíça, criou uma identidade em blockchainpara reduzir a fragmentação de informações em diferentes 
silos administrativos, geradas principalmente pelo crescimento 
vertiginoso de identidades digitais centralizadas. O piloto cria 
uma identidade auto soberana, emitida pelo governo, utilizável 
por todos, e controlada de forma distribuída. 
Aplicações para blockchain podem ser acessadas por aplicativos de última 
milha, como aqueles instalados por usuários nas lojas digitais.
Fonte: Young e Verhulst (2018). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). 
42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Interoperabilidade
A tecnologia blockchain, por sua natureza, baseia-se em interações em torno de 
registros distribuídos e compartilhados. Isso a torna altamente aberta à integração em 
outras cadeias de processamento. A interoperabilidade implica tanto na capacidade 
de sistemas de computador trocarem e fazerem uso de informações, como também de 
transferir um ativo de forma consistente nesses sistemas. 
A imagem a seguir demonstra como a interoperabilidade opera também em camadas 
mais profundas, como na governança de dados, no sistema de autenticação e autorização 
e até nas possibilidades de sistemas conectáveis entre si. 
Ecossistema
Um ecossistema pode ser pensado como uma rede de participantes com 
processos de negócios compartilhados e relacionamentos que criam e alocam 
valor de negócio. Uma rede blockchain depende de uma aliança complexa que 
envolve vários atores com objetivos compartilhados, mas pontos de vista únicos, 
sobre como atingir esses objetivos. O que os une e viabiliza o ecossistema é o valor 
de negócio que ele oferece a cada participante. 
Nesse sentido, é preciso que o design das funções considere os incentivos dos 
demais atores, e de outros sistemas de informação que farão parte, direta ou 
Camadas de atenção relacionadas à interoperabilidade da tecnologia. 
Fonte: World Economic Forum (2022a). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43
indiretamente, do processamento de informações. 
Agora veja, na figura a seguir, a complexidade de um ecossistema de uma rede blockchain:
Ilustração da complexidade de um ecossistema padrão de cadeia de suprimentos, na 
qual uma rede em blockchain atua para fomentar a interação entre os atores.
 Fonte: World Economic Forum (2022b). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Na Coreia do Sul, a província de Gyeonggi-do criou uma plataforma 
na blockchain para que cidadãos votem em projetos de ajuda 
comunitária. Essa forma de orçamento participativo aumentou a 
quantidade de atores integrando o processo, conectando não só os 
residentes como também as empresas e o governo. 
Ator central
Legenda
Varejistas
Reguladores
 
 
Fornecedores
Rede de atores participantes
Reguladores têm acesso à 
rede para ter conhecimento 
das transações
Planta de processamento 1
Processadores e fazendas 
podem fornecer informações 
sobre origem, controle de 
qualidade e uso de produtos
Centros de distribuição
Banco 
Bancos poderiam fornecer 
informações sobre execução e 
validação de pagamentos 
Planta de 
processamento 2
Atacadistas
Atacadistas que possivelmente 
usam ingredientes em outros 
produtos podem tanto encontrar 
informações quanto adicioná-las 
ao ecossistema
Consumidores
Consumidores ganham acesso 
direto a informações sobre os 
produtos e a autenticidade deles
Atacadistas
Consumidores
Consumidores
Fornecedores
Fornecedores
Ecossistema 
mínimo viável
https://en.blocko.io/media/local-government-in-south-korea-taps-blockchain-for-community-vote/
https://en.blocko.io/media/local-government-in-south-korea-taps-blockchain-for-community-vote/
44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Mercado de Moedas e Valores 
Criptomoedas possuem um valor econômico, tal como uma moeda como o Dólar 
e o Euro, o que faz delas uma das aplicações mais conhecidas da blockchain. 
Há um grande número de usos de criptomoedas como o Bitcoin e o Ether, 
como investimento financeiro, sendo bem estabelecidas nas “casas” de troca de 
criptomoedas por moedas correntes. 
O que esses exemplos nos indicam é o potencial da tecnologia em gerar ativos 
fungíveis, e permitir a troca de valores entre atores. Os usos da tecnologia blockchain 
para mercado de moedas e valores vai muito além da troca da moeda em si, atuando 
em diversas etapas relacionadas à troca de ativos. 
A Febrabam, por exemplo, lançou o Device ID, uma solução tecnológica que permite 
aos bancos registrar em blockchain os dados sobre roubo de aparelhos ou tentativas 
de fraudes a partir deles. Já o Banco Central e o BNDES, com o projeto Pier, monitoram 
os investimentos relativos ao Fundo Amazônia (SIMÕES, 2019). 
2.2 Áreas de Exponencial Desenvolvimento 
Há ainda casos de países que adotam criptomoedas 
como uma forma de moeda oficial, como no caso de 
El Salvador (PORTER, 2021). 
Outros projetos de interesse são conduzidos 
pela Comissão de Valores Monetários (CVM), que 
incentiva o desenvolvimento de projetos piloto 
para melhorar a infraestrutura de intermediação 
de ofertas de valores mobiliários, e também a 
prestação de serviços como os de escrituração de 
debêntures (CONVERGÊNCIA DIGITAL, 2021). 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45
Descentralização do Serviço de Identidade Digital 
A interseção entre bancos de registro civil; tecnologias de última milha de 
uso de serviços; e a Internet, abriu grandes oportunidades para aplicação 
da blockchain. Estudos mostram que o Brasil é um dos países que mais se 
beneficiaria do valor econômico gerado por um ecossistema forte de identidade 
digital, estimado em um aumento do PIB de 13% até 2030 caso esse cenário se 
concretize (WHITE, 2019). 
A Receita Federal superou limitações para compartilhamento de informações de 
CPF em 2018 (Portaria nº 1788/2018, RFB), estabelecendo que: 
A Receita Federal criou uma rede permissionária que mantém consigo o 
controle sobre a alteração final de um dado, mas cria duas posições adicionais: 
uma de observador do dado, que facilita o compartilhamento da informação, 
também permitindo a outros atores cadastrarem alteração de dados, e outra 
de colaborador de dado, que pode associar um elemento novo ao dado que 
tenha controle (THOMPSON, 2019). 
Ao ampliar o compartilhamento e participação nas redes, o CPF se torna não só mais 
acessível, trazendo segurança para outros atores (os observadores), como a própria 
Receita Federal se beneficia de informações adicionais geradas pelos colaboradores. 
§ 3º Fica autorizada a disponibilização de dados por 
meio de fornecimento de réplicas, parciais ou totais, 
até 31 de julho de 2019, período em que o órgão ou 
entidade solicitante deverá adotar o mecanismo 
de compartilhamento de dados por meio de rede 
permissionada Blockchain ou outro autorizado pela 
Cotec. (Portaria nº 1788/2018, RFB, grifo nosso). 
46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Outro exemplo é Santa Catarina, que adota a blockchain na emissão de documentos 
de Registro Geral. O objetivo final é combater fraudes nas contratações públicas, e 
reduzir erros na associação entre os registros de RG e CPF (CHINAGLIA, 2021). 
NFTs e Propriedade Intelectual 
Uma obra de criação digital pode facilmente ser vinculada a um token, um identificador 
único. Com isso, é possível singularizar obras, e usar a blockchain para gerenciar direitos. 
A blockchain pode proteger consumidores e criadores de obras digitais de todos os 
tipos, registrando o histórico de posse da propriedade digital e talvez até fazendo 
valer os direitos digitais do proprietário. As possibilidades incluem autenticar 
cópias de obras baixadas, calcular remuneração por obras vendidas, ou ainda 
criar novas obras digitais em escala.
Os tokens não-fungíveis (NFTs) permitem, através 
da blockchain, que haja uma obra única digital. 
O princípio pode ser usado para diversos fins, 
mas tratando especificamente de propriedade 
intelectual, criou mercados de enorme volume

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