Buscar

Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 239 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 239 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 239 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Carrapatos 
Mé 
s 
a, 
· l' ~ I 
, 
.[ 
\ p 
'--~! 
'. 
Carrapatos de Importância 
Médico-Veterinária da. 
Região Neotropical: 
Um guia ilustrado para 
identificação de espécies 
, 
Darci Moraes Barros-Battesti, Márcia Arzua, 
Gervásio Henrique Bechara 
, 
',' ~'­. ~ --. . . , 
Ilustração da capa 
Carrapatos da espécie Amb/yomma incisum sobre uma folha em seu ambiente natural 
(fotografia de Márcio Botelho de Castro, gentilmente cedida por Matias P.J. Szabó). 
Ü Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Regiao Neotropical 
r 
B277g BARROS-BATTESTI, Darci Moraes 
Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical: Um guia 
ilustrado para identificação de espécies; por Darci Moraes Barros-Battesti, 
Márcia Arzua e Gervásio Henrique Bechara. São Paulo, VoxlICTTD-3/Butantan, 
2006. 
223 pgs. llust. 
ISBN: 85-99909-01-0 CDD 616.9 
Bibliotecária Responsável: Lindalva Santana da Silva - CRB 8/5321 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, mes-
mo parcial, e por qualquer processo, sem autorização expressa do Autor e do Editor. 
"A produção e impressão deste guia ilustrado foram patrocinadas pelo Integrated Consortium 
on Ticks and Tick-borne Diseases (lCTTD-3) financiado pela União Européia por meio do 
projeto de ação coordenada n°. 510561, e sua distribuição fo i real izada pelo Instituto 
Butantan, São Paulo, SP, Brasil" . 
Um guia ilustrado para identif icação de espécies iii 
/'" .- . . '-' 
'\ .. --
-"-- ' •. , 
\ 
Agradecimentos 
I I 
, 
Ao International Consortium on Ticks and Tick-borne diseases (ICTTD-2) e Integrated Consortium i 
on Ticks and Tick-borne diseases (lCTTD-3) pela idéia e financiamento deste trabalho. I 
Ao Instituto Butantan pelo apoio na divulgação e distribuição deste livro. 
I 
! 
Ao projeto BIOTAlFAPESP (Processo No. 99/05446-B), sob a coordenação de A.D. Brescovit, 
! 
por financiar as viagens para estudos dos tipos depositados em coleções estrangeiras. ! 
Aos seguintes curadores de coleções científicas que permitiram o exame de espécimes 
I 
tipos depositados em seus acervos: Luca Bartolozzi - Universitá Degli Studi di Firenze, Museo 
Zoologico de La Specola, Sezione dei Museo di Storia Naturale, Florença; Paul Hillyard - The 
Natural History Museum (British Museum), Department of Entomology, Londres; Roland , 
Melzer - Zoologische Staatssammlung München, Munique; Hieronymus Dastych - UHH j 
Zoologisches Institut und Zoologisches Museum, Universitat Hamburg, Hamburgo; Jason A. 
Dunlop - Naturhistorisches Forschungsinstitut, Museum für Naturkunde Zentralinstitut der 
i 
Humboldt-Universitat zu Berlin, Berlim e James E. Keirans - United States National Tick e 
Collection (USNTC), Georgia University, Statesboro, Ga, USA". 
À Gennady Kolonin, Federal Service for Supervision of Natural Resources Management i 
of Russian Federation, Moscou, pela doação de espécimes de Haemaphysalis punctata para I çomparação e validação taxonômica de H. cinnabarina. I 
Aos revisores, Reinaldo J. F. Feres do Laboratório de Acarologia do Departamento de 
?;oologiÇl e Botânica da IBILCE-UNESP de São José do Rio Preto, SP, Gilberto J. Moraes e 
~arlos C W. Flechtmann, do Setor de Zoologia Agrícola da Escola Superior de Agricultura 
buiz de Queiroz (ESALQ-USP), Piracicaba, SP, pelas crítícas e sugestões recebidas para a 
versão final deste livro. 
Aos pesquisadores que contribuíram com as informações contidas em cada um dos capítulos, e 
a todos que .colaboraram nas revisões técnico-científicas, os nossos mais sinceros agradecimentos. 
I -
iv Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
A memória 
do Professor Doutor 
FLAvIO OLIVEIRA RIBEIRO DA FONSECA (1900-1963) 
Diretor. Chefe do Laboratório de Parasitologia e Membro do Conselho do Fundo 
de Pesquisas do Instituto Butantan. foi também um dos fundadores da Escola 
Paulista de Medicina. atuando como professor catedrático de Parasitologia. 
assim como docente das Faculdades de Medicina e de Medicina Veterinária e 
Zootecnia da Universidade de São Paulo. Foi um dos pioneiros no estudo de 
Febre Maculosa no Brasil. sendo considerado um dos maiores acarologistas de 
seu tempo. 
"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina" 
Cora Coralina 
Um guia ilustrado para identificação de espécies V 
Darci Moraes Barros-Battesti é Pesquisadora Científica Nível VI e curadora oficial da 
Coleção Acarológica do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan, São Paulo, SP. 
Mestre em Ciências pelo Departamento de Zoologia da UFPR e Doutora em Saúde Pública 
pelo Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP. Orientadora 
pontual do Curso de Pós-Graduação do Departamento de Parasitologia Animal da Univer-
sidade UFRRJ e do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, 
atuando na área de Taxonomia e Biologia de Carrapatos. Endereço: Av. Vital Brasil 1500, 
05503-900 São Paulo, SP, Brasil. E-mail: dbattesti@butantan.gov.br 
Márcia Arzua é Pesquisadora do Laboratório de Parasitologia e curadora da Coleção 
Ectoparasitológica do Museu de História Natural Capão da Imbuia do Departamento de 
Zoológico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Prefeitura de Curitiba, PRo Mestre 
em Ciências e doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Entomologia do Departamento 
de Zoologia da UFPR. Endereço: Rua Benedito Conceição 407,82810-080 Curitiba, PR, Brasil. 
E-mail: marzua@terra.com.br 
Gervásio Henrique Bechara é Médico Veterinário e Professor Titular de Patologia Ani-
mai da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Jaboticabal, SP. Pós-doutorado na 
University of London, Mestre em Farmacologia e Doutor em Ciências pela FMRP-USP. 
Orientador de Mestrado e Doutorado, Pesquisador 1A do CNPq, Membro do International 
Consortium on Ticks and Tick-Borne Diseases-ICTTD e Conselheiro da Society for Tropical 
Veterinary Medicine-STVM. Endereço: Via de Acesso Prof. Paulo D. Castelllane s/n, 14.884-
900 Jaboticabal, Sp, Brasil. E-mail: bechara@fcav.unesp.br 
vi Carrapatos de ImporUnda MédicoNeterinária da Regiao Neotropical 
Colaboradores 
Adriano Pinter - Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP). 
Av. Praf. Orlando M. de Paiva 87, 05508-000 São Paulo, SP, 8rasil. 
E-mail: adrianopinter@yahoo.com.br 
Agustin Estrada-Pena - Unidad de Parasitologia, Facultad de Veterinaria. Miguel Server 
177, 50013 Zaragoza, Espanha. E-mail: aestrada@unizar.es 
Alberto Alejandro Guglielmone - Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria, 
Estación Experimental Agropecuaria. CC 22, CP 2300 Rafaela, Santa Fe, Argentina. 
E-mail: aguglielmone@rafaela.inta.gov.ar 
Ana Marisa Chudzinski-Tavassi - Laboratório de Bioquímica e Biofisica, Instituto 
Butantan. Av. Vital Brasil 1500, 05503-900 São Paulo, SP, Brasil. 
E-mail: chudzinskitavassi@butantan.gov.br 
Antonio Domingos Brescovit - Laboratório de Artrópodes, Instituto Butantan. Av. Vital 
Brasil 1500, 05503-900 São Paulo, SP, Brasil. E-mail: adbresc@terra.com.br 
Atilio José Mangold - Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria, Estación Experimental 
Agropecuária. CC 22, CP 2300 Rafaela, Santa Fe, Argentina. E-mail: amangold@rafaela.inta.gov.ar 
Fernanda Aparecida Nieri-Bastos - Laboratório de Parasitologia, Instituto Butantan. 
Av. Vital Brasil 1500, 05503-900 São Paulo, SP, Brasil. E-mail: fenieri@butantan.gov.br 
Flávia Grecco Giacomin - Laboratório de Parasitologia, Instituto Butantan. Av. Vital Bra-
sil 1500, 05503-900 São Paulo, SP, Brasil. E-mail: flaviagrecco@butantan.gov.br 
José Manuel Venzal - Departamento de Parasitología, Facultad de Veterinária. Alberto 
Lasplaces 1500, 11600 Montevidéu, Uruguai. E-mail: dpvuru@adinet.com.uy 
João Luiz Horácio Faccini - Departamento de Parasitologia Animal, Instituto de Veteri-
nária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).BR 465 Km 7, 23890-000 
Seropédica, RJ, Brasil. E-mail: faccini@ufrrj.br 
João Ricardo de Souza Martins - Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, Centro de 
Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor. Estrada do Conde 6000, 92990-000 Eldorado do Sul, 
RS, Brasil. E-mail: joaorsm@terra.com.br 
John Furlong - EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa do Gado de Leite. Rua Eugenio 
Nascimento 610, 36038-330 Juiz de Fora, MG, Brasil. E-mail: John@cnpgl.embrapa.br 
Um guia ilustrado para identificação de espécies vii 
Kátia Maria Famadas - Departamento de Parasitologia Animal, Instituto de Veterinária, 
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). BR 465 Km 7, 23890-000 Seropédica, 
RJ, Brasil. E-mail: kfamadas@ufrrj.br 
Lorenza Beati - United States National Tick Collection, Institute of Arthropodology and 
Parasitology, Georgia University. 30460-8056 Statesboro, GA, EUA. 
E-mail: lorenzabeati@georgiasouthern.edu 
Marcelo Bahia Labruna - Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde 
Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Av. 
Prof. Orlando M. de Paiva 87, 05508-000 São Paulo, Brasil. E-mail: labruna@usp.br 
Matias Pablo Juan Szabó - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de 
Uberlândia (UFU). Av. Pará, 1720/Campus Umuarama-Bloco 2T, 38400-902 Uberlândia, MG, 
Brasil. E-mail: szabo@famev.ufu.br 
Romário Cerqueira Leite - Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Escola 
de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Av. Antonio Carlos 6627, 
30123-970, Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail: rcleite@vet.ufmg.br 
Rosangela Zacarias Machado - Departamento de Patologia Veterinária, Faculdade de Ci-
ências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Via de Acesso Prof. 
Paulo D. Castellane s/n, 14.884-900 Jaboticabal, SP, Brasil. E-mail: zacarias@fcav.unesp.br 
Simone Michaela Sirnons - Laboratório de Bioquímica e Biofísica, Instituto Butantan. Av. Vital 
Brasil 1500, 05503-900 São Paulo, Sp, Brasil. E-mail: simonemsimons@butantan.gov.br 
Valeria Castilho Onofrio - Laboratório de Parasitologia, Instituto Butantan. Av. Vital 
Brasil 1500, 05503-900 São Paulo, SP, Brasil. E-mail: valcastilho@butantan.gov.br 
viii Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
..,.. --
.' 
\ 
1 
, 
t 
l , 
., 
Prefácio 
Gervásio Henrique Bechara 
Este livro é, em boa parte, produto do "I tos (ICTTD-2), rede de pesquisa patrocina-
Curso Internacional de Taxonomia de Carra- da pela União Européia, criada em julho de 
patos da Região Neotropical", realizado no 2000 (www.uu.nl). contou com a participa-
Instituto Butantan, São Paulo, em julho de ção de 40 pesquisadores de 32 Instituições 
2003. O curso foi patrocinado pelo de Ensino e Pesquisa de países da Europa, 
International Consortium on Ticks and Tick- África e América Latina, sob a coordena-
Borne Diseases (lCTTD-2) e pela Secretaria de ção do Professor Frans Jongejan, da Uni-
Estado da Saúde do Governo de São Paulo, versidade de Utrecht, Holanda. Esse consór-
Superintendência de Controle e Endemias-
SUCEN. Por sua vez, aquele curso foi fruto 
do "Workshop on Neotropical Ticks", reali-
cio deu continuidade ao ICTTD, criado em 
1996 como uma ação integrada e inserida 
no programa INCO-DEV (I~ternational 
zado em fevereiro de 2002 na Faculdade de Cooperation with Developing Countries). O 
Medicina Veterinária e Zootecnia da Univer- consórcio coordenou pesquisas em desen-
sidade de São Paulo, sob o patrocínio do Con- volvimento sobre a produção de vacinas e 
selho Nacional de Desenvolvimento Científi-
co e Tecnológico (CNPq) e do ICTTD-2. 
O I Curso de Taxonomia de Carrapatos da 
Região Neotropical surgiu a partir do diag-
nóstico da necessidade de formação de mas-
sa crítica de profissionais capacitados em 
taxonomia de carrapatos de interesse em Saú-
de Pública e Sanidade Animal, mormente da 
região Neotropical, incluindo os exóticos. 
De fato, há uma carência mundial de téc-
nicos e profissionais treinados em taxonomia 
de carrapatos, sendo mais acentuada nos 
kits diagnósticos para carrapatos e enfermi-
dades transmitidas por carrapatos, com o 
objetivo de melhorar a sanidade e produ-
ção animais, principalmente em países em 
desenvolvimento. 
As atividades do ICTTD-2 iniciaram-se a 
partir de reunião realizada em 2000, 
Mombassa, Quênia, com a formação de gru-
pos de pesquisas, voltados para: i) criação 
do Museu Virtual do Carrapato, ii) melhoria 
do Diagnóstico Sorológico e Molecular de 
doenças causadas por patógenos transmiti-
países da América Latina e Caribe, o que ex- dos por carrapatos, iii) desenvolvimento de 
plica, pelo menos em parte, a dificuldade vacinas anticarrapato e antipatógenos 
existente na obtenção de informações a res- transmitidos por carrapatos, iv) genômica 
peito da distribuição de carrapatos e de seus de carrapatos e patógenos transmitidos por 
hospedeiros na região Neotropical. Daí a ne- carrapatos. 
cessidade urgente da criação de um sistema O grupo de pesquisa para criação do Mu-
operacional regional, para compreender a seu Virtual do Carrapato, reunido posterior-
situação taxonômica dos carrapatos e de mente em Platja D' Aro, Espanha, em setem-
patógenos por eles transmitidos. bro de 2001, subdividiu-se em três subgrupos, 
O Consórcio Internacional sobre Carra- por região geográfica: Neotropical, Mediter-
patos e Doenças Transmitidas por Carrapa- râneo e Africano sub-saariano. Seus partici-
Um guia ilustrado para identificação de espécies ix \ 
- - , . 
pantes decidiram pela produção de Guias 
Taxonômicos em CDs e livros, criação de um 
Museu Virtual do Carrapato em um website 
do ICTTD-2 e de um Ticksbase com todas as 
espécies de carrapatos do mundo, a ser inse-
rido na base de dados Species 2000. 
Como reflexo do ICTDD-2, pesquisadores 
da Argentina e Brasil, vinculados ao Grupo 
de Pesquisa Museu do Carrapato para a re-
gião Neotropical, somados a colaboradores 
de Cuba e Uruguai, iniciaram uma série de 
pesquisas conjuntas no campo da taxonomia 
Este livro tem como objetivo geral contri-
buir para a formação de massa crítica de téc-
nicos e pesquisadores dos diferentes países 
da América Latina e Caribe, para uma ação 
integrada em conformidade com as metas do 
ICTTD-2, sobre carrapatos e zoonoses. Como 
objetivos específicos, servir para o treina-
mento de técnicos e estudiosos na identifi-
cação de carrapatos em geral, com ênfase na-
quelas espécies de importância em Saúde PÚ-
blica e Sanidade Animal, bem como suas re-
lações com os hospedeiros e fatores ecológi-
de carrapatos da América Latina e Caribe a coso Ademais, estimular a criação e manuten-
partir do Workshop on Neotropical Ticks- ção de coleções científicas de carrapatos para 
ICTTD-2, realizado em São Paulo, em feve- intercâmbio de informações entre as diver-
reiro de 2002. Esse trabalho, que está aberto sas regiões, e ampliar a colaboração científi-
à participação de pesquisadores de outros 
países da região Neotropical, ampliará sobre-
maneira nossos conhecimentos para a reso-
lução dos problemas com carrapatos em nos-
sos países, seja da fauna conhecida e 
endêmica, ou ainda, de espécies exóticas re-
cem-introduzidas. 
O projeto do ICTTD-2 encerrou-se em de-
zembro de 2004, mas foi continuado pelo 
ICTTD-3, em "overlap" iniciado em setembro 
de 2004, com duração de quatro anos. Esse 
projeto apóia estudos sobre bio-sistemática 
de carrapatos, tais como a produção e impres-
são deste guia ilustrado. 
A realização do I curso Internacional de 
Taxonomia de Carrapatos da Região 
Neotropical só foi possível, graças ao traba-
lho abnegado dos organizadores, à colabo-
ração prestada por colegas docentes do Bra-
ca entre os pesquisadores dos países da Amé-
rica Latina e do Caribe. 
Visando reunir várias áreas do conheci-
mento de carrapatos da Região Neotropical, 
este livro foi dividido em trêspartes. A Par-
te I trata dos aspectos biológicos e caracte-
rísticas gerais das famílias Argasidae e 
Ixodidae incluindo as chaves para gêneros 
e espécies; a Parte 11 aborda as espécies de 
importância em sanidade animal, 
imunopatologia da interação carrapato-hos-
pedeiro, controle e zoonoses; a Parte 111 re-
úne informações sobre utilização de ferra-
mentas moleculares na identificação de car-
rapatos, o possível uso de substâncias bio-
químicas isoladas da saliva com potencial 
farmacológico, metodologias de coleta e 
curadoria de coleções científicas. Adicional-
mente, ilustrações de estruturas morfo-
sil e de outros países do Cone Sul, à gentile- lógicas acompanham o glossário de termi-
za do Instituto Butantan na cessão de equi- nologias para auxiliar a utilização das cha-
pamentos técnicos, laboratório, hospedagem, ves de identificação. 
restaurante e ao suporte financeiro recebi-
do do ICTTD-2 e da FESIMA, órgão vinculado 
à Superintendência de Controle de Endemias 
da Secretaria de Estado da Saúde do Gover-
no de São Paulo. 
X Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
Espécies Ilustradas 
Espécies Páginas 
Amb/yomma sp ............................................................................................................. 37 
Amb/yomma a/bopictum .............................................................................................. 83 
Amb/yomma aureo/atum ............................................................................................. 84 
Amb/yomma a uricu/arium ............................................................................................ 85 
Amb/yomma brasi/iense ...................................................... ................................. 86,218 
Amb/yomma cajennense .............................................................. 87,129,217,218,220 
Amb/yomma ca/caratum ...................................................... 88, 212, 214, 219, 220, 221 
Amb/yomma coe/ebs ............................................................................................ 89,217 
Amb/yomma dissimi/e ................................................................................................... 90 
Amb/yomma dubitatum .............. , ................................................................................ 91 
Amb/yomma fuscum ............................................................................. 92,207,211,212 
Amb/yomma geayi . ....................................................................................................... 93 
Amb/yomma goe/dii ..................................................................................................... 94 
1 
Amb/yomma humera/e ................................................................................................. 95 
Amb/yomma incisum ............................................................................................ 96, 218 
I 
I 
Amb/yomma /atepunctatum ... ..................................................................................... 97 
Amb/yomma /ongirostre ...................................................................................... 98, 223 
Amb/yomma mu/tipunctum ......................................................................................... 99 
Amb/yomma naponense ... ......................................................................................... 100 
Amb/yomma nodosum ............................................... ................................................ 101 
Um guia ilustrado para identificação de espécies xi 
~---
Amblyomma oblongoguttatum ................................................................................ 102 
Amblyomma ovale .. .................................................................................... 103, 220, 223 
Amblyomma pacae ................................................. ............................................ 104,217 
Amblyomma parkeri .. ................................................................................................. 105 
Amblyomma parvum .................................................................................................. 106 
Amblyomma pseudoconcolor .................................................................................... 107 
Amblyomma romitii .................................................................................................... 108 
Amblyomma rotundatum .. ........................................................................................ 109 
Amblyomma scalpturatum ......................................................................................... 110 
Amblyomma tigrinum ................................................................................................. 111 
Amblyomma triste .............................................................................................. 112, 219 
Amblyomma variegatum ........................................................................... 131, 205, 223 
Amblyomma varium ........................................................................................... 113, 207 
Antricola sp ...................................................... ........................... 205, 206, 213, 220, 222 
Antricola guglielmonei ....................................................................................... 216, 222 
Argas miniatus .................................................................................... 125,213,216,219 
Dermacentor sp ............................................................................................................ 38 
Dermacentor nitens .................................................................... 133, 205, 206, 219, 220 
Haemaphysalis sp .................................................................................................. 38, 215 
Haemaphysalis juxtakochi .......................................................................................... 221 
H h ri . I . aemap ysa IS eponspa ustns ............................................................................ 38, 221 
Ixodes sp ............................................................................................................ ............ 39 
Ixodes amarali ............................................................................................................... 51 
Ixodes aragaoi .. ............................................................................................... 50, 51, 214 
xii Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
, 
\ 
/xodes auritu/us ..................................................................................... 51, 206, 211, 212 
/xodes fuscipes .............................................................................................................. 51 
/xodes /oricatus ............................................. ......... 50,206,207,209,211,212,214,222 
/xodes /uciae .................................................................................................................. 50 
/xodes paranaensis ............................................ ............................ 51,211,214,220,222 
/xodes schu/zei .............................................................................................................. 51 
Ornithodoros sp .......................................................................................................... 222 
Ornithodoros ta/age ........................................................................................... 213, 216 
Otobios megnini ......................................................................................... 127,216,223 
Rhipicepha/us sp ........................................................................................................... 38 
Rhipicepha/us (Boophi/us) microp/us ................................................. 135, 205, 208, 210 
Rhipicephalus sanguineus............................................ 12,137,144,205,206,208,210 
I 
I 
1 Um guia ilustrado para identificação de espécies xijj 
Sumário 
PARTE I 
Capítulo 1 
DM Barros-Battesti 
Introdução ................................................... 1 
Tabela 1. Caracteristicas comparativas entre 
as famílias .................................................... 3 
Capítulo 2 
JLH Faccini, DM Barros-Battesti 
Aspectos gerais da biologia e 
identificação de carrapatos .................. 5 
1. Introdução ............................................... 5 
2. Aspectos filogenéticos ........................... 5 
3. Aspectos biológicos ................................ 6 
3.1. Ciclo biológico ...................................... 6 
3.2. Especificidade parasitária ................... 7 
4. Problemas na identificação .................... 8 
4.1. Identificação dos diferentes estágios 
biológicos ............................................. 8 
4.2. Hospedeiros .......................................... 8 
4.2.1. Número de hospedeiros ................... 8 
4.2.2. Especificidade .................................... 9 
4.3. Sazonalidade ........................................ 9 
4.4. Distribuição geográfica ....................... 9 
4.5. Ingurgitamento ................................. 10 
5. Considerações finais ............................ 10 
Capítulo 3 
JM Venzal, VC Onofrio, DM Barros-Battesti, 
M Arzua 
Família Argasidae: características 
gerais, comentários e chave para 
gêneros e espécies ................................ 13 
1. Características gerais da família ......... 13 
2. Características gerais dos gêneros ............ 13 
2.1. Antricola Cooley & Kohls, 1942 ........... 13 
2.2. Argas Latreille, 1795 ......................... 14 
2.3. Nothoaspis Keirans & Clifford, 1975 ......... 14 
2.4. Ornithodoros Koch, 1844 ................. 14 
2.5. Otobius Banks, 1912 ......................... 14 
3. Acrônimos de Instituições onde estão 
depositados os tipos de carrapatos 
argasídeos da Região Neotropical ...... 15 
4. Lista e comentários das especles de 
Argasidae da Região Neotropical, basea-
dos em Guglielmone et aI. (2003) e Arzua 
& Barros-Battesti (submetido) ............ 16 
5. Chave para gêneros de Argasidae da Re-
gião Neotropical, traduzida e modifica-
da de Cooley & Kohls (1944) ............... 22 
6. Chave para as espécies de Argas 
(Persicargas) da Região Neotropical, ba-
seada em Kohls et aI. (1970) ................ 22 
7. Chave para a identificação das espécies 
de Ornithodoros, no estágio adulto, que 
ocorrem no Brasil, adaptada de Aragão 
& Fonseca (1961) .................................. 23 
8. Chave para as larvas de Argasidae, traduzida 
e modificada de Kolíls et aI. (1965) ............. 23 
Figura 1. Quetotaxia ilustrada ............... 27 
Capítulo 4 
VC Onofrio, JM Venzal, A Pinter, MPJ Szabó 
Família Ixodidae: características gerais, 
comentários e chave para gêneros .... 29 
1. Características gerais da família ......... 29 
2. Características gerais dos gêneros ........... 29 
2.1. Amblyomma Koch, 1844 .................. 30 
2.2. Dermacentor Koch, 1844 ................. 31 
2.3. Haemaphysalis Koch, 1844 ............... 31 
2.4. Ixodes Latreille, 1795 ........................ 32 
2.5. Rhipicephalus Koch, 1844 ................ 33 
3. Lista das espécies de Ixodidae da Região 
Neotropical, baseada em Guglielmone 
et aI. (2003), Labruna et aI. (2005) ...... 33 
4. Chave para os gêneros de Ixodidae que 
ocorrem na Região Neotropical, baseada 
em Guimarães et aI. (2001) ..................... 35 
Capítulo 5 
VC Onofrio, MB Labruna, DM Barros-Battesti 
Comentários e chaves para as espécies 
do gênero Ixodes ................................... 41 
1. Lista e comentários das espécies de Ixodes 
da Região Neotropical, baseados em 
Guglielmone et ai. (2003) ...................... 41 
2. Espécie conhecida apenas pelo estágio 
imaturo ................................................. 44 
3. Chave para adultos das espécies do gênero 
xiv Carrapatos de Import.1ncia MédiCO-Veterinária da Regiào Neotropical 
Ixodes que ocorrem no Brasil, baseada em 
Onofrio (2003) ...................................... 45 
4. Chave para adultos das espécies de Ixodes 
que ocorrem na Argentina, traduzida e 
modificada de Boero (1957) ................ 46 
5. Chave para fêmeas de Ixodes do Novo 
Mundo que apresentam aurículas retró-
gradas, em forma de chifres, traduzida e 
modificada de Mendez Arocha & Ortiz 
(1958) ..................................................... 47 
Capítulo 6 
VC Onofrio, MB Labruna, A Pinter, FG 
Giacomin, DM Barros-Battesti 
Comentários e chaves para as espécies 
do gênero Amb/yomma ........................ 53 
1. Comentários das espécies de Amblyomma 
da Região Neotropical, baseados em 
Guglielmone et ai. (2003) .......................... 53 
2.Comentário sobre Amblyomma 
tuberculatum ........................................ 59 
3. Chave para as espécies de Amblyomma 
que ocorrem no Brasil, modificada de Gui-
marães et ai. (2001) ................................... 60 
4. Chave para as espécies de Amblyomma 
do Hemisfério Oeste (Ocidental). 
traduzida e modificada de Jones et ai. 
(1972) ..................................................... 71 
PARTE 11 
Capítulo 7 
AA Guglielmone, MPJ Szabó, JRS Martins, A 
Estrada-Pena 
Diversidade e importância de 
carrapatos na sanidade animal ....... 115 
1. Família Argasidae .............................. 115 
1.1. Argas miniatus Koch, 1844 ............ 115 
1.2. Otobius megnini (Duges, 1883) ........... 116 
2. Família Ixodidae ................................. 117 
2.1. Amblyomma cajennense (Fabricius, 
1787) ................................................. 117 
2.2. Amblyomma variegatum (Fabricius, 
1794)· ................................................ 119 
2.3. Dermacentor nitens (Neumann, 
1897) ................................................. 120 
2.4. Rhipicephalus (Boophilus) microplus 
(Canestrini, 1887) ........................... 121 
2.5. Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 
1806) ................................................. 122 
3. R. sanguineus em outras 
partes do mundo ................................ 123 
CapítuloS 
GH Bechara 
Imunopatologia da interação 
carrapato-hospedeiro ......................... 139 
Capítulo 9 
JRS Martins, J Furlong, RC Leite 
Controle de carrapatos ...................... 145 
1. Controle com ênfase no carrapato bovi-
no: Rhipicephalus (Boophilus) microplus 
(Canestrini, 1887) ............................... 145 
1.1. O controle químico ......................... 145 
2. Programas de controle ...................... 146 
2.1. Controle integrado de carrapatos ....... 147 
2.1.1. Bovinos resistentes ...................... 147 
2.2. Vacinas ............................................. 147 
3. Métodos de tratamento empre-
gados ...................... L .......................... 148 
3.1. Tratamentos supressivos ................ 148 
3.2. Tratamentos oportunísticos ........... 148 
3.3. Tratamentos estratégicos ............... 148 
3.4. Tratamentos limite .......................... 148 
4. Métodos de aplicação de trata-
mentos ............................................... 148 
4.1. Banhos de imersão .......................... 148 
4.2. Aspersão .............................. : ........... 149 
4.3. Aplicação dorsal (Pour-on) ............ 149 
4.4. Injetáveis .......................................... 149 
5. Controle com ênfase no carrapato de 
eqüino: Amblyomma cajennense 
(Fabricius, 1787) ............................... 149 
6. Controle de outras espécies de carrapatos 
de animais domésticos ....................... 150 
6.1. Argas miniatus Koch, 1844 ............ 150 
6.2. Otobius megnini (Duges, 1884) .......... 151 
6.3. Amblyomma variegatum (Fabricius, 
1794)·· .............................................. 151 
6.4. Dermacentor nitens (Neumann, 
1897) ............................................... 151 
6.5. Rhipicephalussanguineus (Latreille, 
1806) ................................................ 151 
Capítulo 10 
MB Labruna, RZ Machado 
Agentes transmitidos por carrapatos na 
Região Neotropical ............................... 155 
1. Doenças causadas por bactérias ........... 155 
1.1. Gênero Rickettsia ............................ 155 
1.2. Gênero Ehrlichia ............................. 157 
1.3. Gênero Anaplasma ......................... 158 
Um guia ilustrado para identificação de espécies XV 
1.4. Gênero Borrelia ............................... 158 
2. Doenças causadas por protozoários ...... 159 
2.1. Babesia bovis e B. bigemina ........... 159 
2.2. Babesia canis . .................................. 160 
2.3. Agentes da Piroplasmose eqüina ...... 161 
2.4. Gênero Hepatozoon ....................... 162 
PARTE 111 
Capítulo 11 
AJ Mangold 
Utilização de seqüências de DNA 
mitocondrial e nuclear na taxonomia 
de carrapatos ........................................ 165 
1. DNA mitocondrial. ............................. 165 
1.1. Importância do DNA mitocondrial 
como marcador evolutivo ............ 166 
2. Genes ribossomais nucleares ............ 166 
2.1. Importância dos genes ribossomais 
nucleares como marcadores evolu-
tivos ............................................... 166 
3. Obtenção de seqüências de DNA de 
carrapatos .......................................... 167 
4. Análise das seqüências de DNA de 
carrapatos .......................................... 168 
4.1. Alinhamento de seqüências de DNA ...... 169 
4.2. Métodos de análises filogenéticas ... 169 
4.2.1. Métodos baseados em distância ... 170 
4.2.2. Métodos baseados em caracteres .. 170 
4.3. Fidelidade das árvores filogenéticas .... 171 
5. Programas (softwares) para análises de 
seqüências de DNA ........................... 172 
6. Considerações finais .......................... 172 
Capítulo 12 
SM Simons, AM Chudzinski-Tavassi 
Inibidores da coagulação sanguínea e 
da agregação plaquetária presentes na 
saliva de carrapatos ............................ 175 
1. Hemostasia ......................................... 175 
2. Coagulação ......................................... 175 
3. Inibidores de serino proteases .......... 176 
4. Inibidores da coagulação e da agregação 
plaquetária encontrados na salivà de car-
rapatos ................................................ 177 
5. Inibidor de FXa presente na saliva de A. 
cajennense e sua aplicabilidade terapêu-
tica ....................................................... 178 
Tabela 1. Substâncias isoladas de diferentes 
carrapatos, com ação biológica na casca-
ta da coagulação ou agregação 
plaquetária ......................................... 181 
Figura 1. Esquema da cascata da 
coagulação ......................................... 182 
Capítulo 13 
M Arzua, AD Brescovit 
Métodos de coleta e preservação para 
identificação .......................................... 183 
1. Carrapatos em fase de parasitismo ....... 183 
2. Carrapatos em fase de vida livre ...... 184 
3.Cuidados pessoais e medidas 
preventivas ........................................ 184 
4. Curadoria de coleções Ixodológicas ... 184 
4.1. Disponibilização de informações ....... 185 
4.2. Organização e informatização ....... 185 
4.3. Obtenção de espécimes ................. 185 
4.4. Reg istros .......... ~ ............................... 185 
5. Manutenção das coleções . ................ 186 
5.1. Limpeza do material ....................... 186 
5.2. Via úmida ......................................... 186 
5.3. Via seca ............................................ 186 
6. Técnicas de preparações de carrapatos 
imaturos em lâminas .......................... 186 
6.1. Segundo Amorim & Serra-Freire 
(1995) .............................................. 186 
6.2. Segundo Famadas et ai. (1996) ...... 187 
6.3. Montagens não permanentes de larvas 
de carrapatos ................................... 187 
6.4.Desmontagem de lâminas per-
manentes ........................................ 187 
7. Princípios básicos de taxonomia e 
sistemática ........................................ 187 
7.1. Nomenclatura Zoológica ................ 187 
7.2. Homonímia, sinonímia e transfe-
rência .............................................. 187 
7.3. Tipificação ........................................ 188 
7.3.1. Tipologia ....................................... 188 
7.4. Fixação dos nomes genéricos ........ 188 
7.5. Nomes do grupo da família ........... 189 
7.6. Publicação, autoria e data ............. 189 
Capítulo 14 
DM Barros-Battesti, KM Famadas, FA Nieri-
Bastos, L Beati 
Glossário de terminologias .............. 191 
xvi Carrapatos de ImporUncia Médico-Veterinária da Região Neotropical 
1'---__ . _.1_ ...... 
PARTE I 
Capítulo 1 
Introdução 
Darci Moraes Barros-Battesti 
Os carrapatos, juntamente com outros 
invertebrados tais como insetos, aranhas, 
ácaros e crustáceos, pertencem ao filo 
Arthropoda que se divide em dois subfilos, 
Chelicerata e Mandibulata. Muitos tratados 
de filogenia tradicional consideram Acari 
como uma subclasse de Arachnida. No en-
tanto, há controvérsias sobre a posição dos 
taxa superiores de Arachnida. Um estudo 
filogenético de chelicerata utilizando 
Onycophora como grupo externo, realizado 
por Wheller & Hayashi (1998), com base em 
morfologia e em seqüenciamentos de DNA 
ribossômico mitocondrial, mostrou que car-
rapatos, assim como os Mesostigmata e os 
Holothyrida, constituem subordens de 
Arachnida. Segundo a análise molecular do 
fragmento 18S rRNA mitocondrial, verificada 
para 36 taxa, por pesquisadores da Universi-
dade de Queensland, Austrália, em 1999, o 
grupo mais próximo dos carrapatos, entre os 
representantes de Acari, na escala evolutiva, 
seria Holothyrida. Apesar dos estudos 
moleculares não incluírem todos os grupos 
de Acari nas análises, optamos por conside-
rar Acari como uma ordem de Arachnida até 
que a situação taxonômica dos taxa superio-
res seja completamente esclarecida. 
Existem cerca de 870 espécies de carrapa-
tos descritas no mundo, todas agrupadas na 
subordem Ixodida (=Metastigmata). A 
subordem Ixodida divide-se em três famílias 
cujas características gerais estão apresenta-
das na Tabela 1. A familia Ixodidae compre-
ende os carrapatos popularmente conheci-
dos como carrapatos duros, com aproxima-
damente 680 espécies descritas. A família 
Argasidae inclui os carrapatos moles, com 
183 espécies; e a família Nuttalliellidae, com 
características morfológicas intermediárias 
entre as duas primeiras, é representada por 
uma única espécie, Nuttallie/la namaqua 
Bedford, 1931. Argasidae e Ixodidae distri-
buem-se amplamente em todos os continen-
tes, enquanto que a última família é restrita 
ao Continente Africano. 
Os carrapatos são ectoparasitos importan-
tes para a Saúde Pública e animal por trans-
mitirem agentes infecciosos e causarem injú-
rias a seus hospedeiros durante a hematofagia. 
Muitas espécies estão associadas a hospedei-
ros específicos e aos seus habitats, não repre-
sentando perigo para a indústria animal ou 
para a saúde humana. Algumas, no entanto, 
colonizaram regiões extensas do planeta jun-
to com a difusão de seus hospedeiros, geral-
mente animais domésticos, e muitas estão, 
agora, firmemente estabelecidas no 
neotrópico. 
A região zoogeográfica Neotropical com-
preende as ilhas Caribenhas, sul do México, 
Américas Central e do Sul. Trata-se de uma 
vasta área, na qual a subordem Ixodida está 
bem representada por, aproximadamente, 80 
espécies de Argasidae e 120 de Ixodidae. Os 
limites geográficos compreendem, ao norte, 
terras baixas que se estendem de leste a oes-
te da porção sul do platô Mexicano e, ao sul, 
incluem ilhas continentais adjacentes à Ar-
gentina e Chile. Algumas espécies de carra-
patos dessa região podem representar risco 
real ou potencial na transmissão de agentes 
patogênicos. Aquelas autóctones e/ou 
introduzidaspossuem, indubitavelmente, 
grande importância por seus efeitos 
deletérios sobre a produção animal, havendo 
Um guia ilustrado para identificação de espécies 1 
I 
.. ~-
entre elas, algumas de interesse para saúde as quais representam mais de 60% das espé-
pública. Entretanto, são escassas as informa- cies deste gênero no neotrópico. Consideran-
ções sobre diversas espécies, no que diz res- do que na última década houve um avanço 
peito à biologia, ecologia, distribuição geo- significativo nas pesquisas taxonômicas de 
gráfica, entre outras, e para muitas delas per- carrapatos, a fauna brasileira de Ixodida está 
sistem problemas taxonômicos. atualmente representada por 9 espécies de 
Devido à carência de chaves dicotômicas Ornithodoros, 3 de Antrico/a, 1 de Argas, 33 
para todas as espécies neotropicais, apenas as de Amb/yomma, 9 de /xodes, 3 de 
chaves disponíveis são apresentadas. No caso Haemaphysa/is, 2 de Rhipicepha/us e 1 de 
dos argasídeos, foi incluída uma chave pro- Dermacentor, totalizando 61 espécies. Este 
posta recentemente para adultos das espéci- número, certamente deverá aumentar nos 
es do gênero Antrico/a e outra parcial para próximos anos, uma vez que os estudos de 
larvas de gêneros e espécies do neotrópico. biodiversidade têm recebido grande apoio 
No entanto, a situação taxonômica das espé- das Instituições financeiras, as quais têm per-
cies de argasídeos é problemática, uma vez cebido a importância do conhecimento 
que, muitas espécies são conhecidas somente taxonômico na preservação do meio ambi-
do estágio larval, não havendo chaves ente e na prevenção de doenças .. 
atualizadas na literatura. Aquela aqui citada 
é muito antiga, mas, embora não contenha 
todos os táxons descritos, é a que melhor re-
presenta as espécies do neotrópico. 
Com relação aos ixodídeos, a maior dificul-
dade na identificação especifica é observada 
para o gênero /xodes com 46 espécies 
neotropicais. Algumas delas foram incluídas 
numa chave proposta em 1945, juntamente 
com espécies neárticas. No final dos anos 50, 
duas chaves foram preparadas incluindo ape-
nas fêmeas de /xodes, uma para a Argentina 
(1957) e outra para a Venezuela (1958). Nova 
chave foi proposta para o Brasil, em 1961, e 
outra para o Panamá em 1966. No entanto, 
n~o há, formalmente, uma chave contemplan-
do todas elas. Com base em tipos e material 
de coleções científicas foi elaborada recente-
mente a chave brasileira que está parcialmente 
ilustrada neste livro. 
Foram incluídas ainda duas chaves para as 
espécies do gênero Amb/yomma. A primeira 
é de 1972 e, embora muito antiga, compre-
ende espécies neotropicais. A segunda foi 
adaptada daquela proposta em 2001, e in-
clui todas as espécies que ocorrem no Brasil, 
2 Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
Tabela 1. Características comparativas entre as famílias 
Argasidae Nuttalliellidae Ixodidae 
GNATOSSOMA 
Localização Subterminal, não visí· Terminal e anterior 
Terminal anterior, visível sob o 
vel dorsalmente (na aspecto dorsal em todos os 
larva é terminal) estágios. 
Base Ventralmente é Dorsalmente apresenta Dorsal e ventralmente muito 
quadrangular uma fenda transversal que variável, mas sem divisões 
a subdivide em região ante-
rior e posterior 
Palpos Os quatros artículos são Três artículos. O primeiro Tíbia e tarso fusionados for-
subiguais com exceção (basal) muito curto, o se- mando o artículo IV que se 
de Nolhoaspis(artículo I gundo alargado e aloja numa cavidade do artícu 
diferenciado dos de- quadrangular, e o último lo 111. 
mais) reduzido e encaixado no 
artículo 11. 
Áreas porosas ausentes ausentes presentes 
IOIOSSOMA 
Tegumento Coriáceo, Coriáceo, apresentando 
Liso ou superficialmente 
mamilonado, inúmeros espaços retorci- estriado, com muitos poros 
tuberculado, granulado dos com aspectos de rose-
e rugoso tas 
Escudo dorsal Ausente na maioria 
Presente. No macho é com-
Pseudoescudo coriáceo pleto; na larva, ninfa e fêmea É 
(presença de com textura diferenciada restrito à porção anterior do 
pseudoescudo em do restante do idiossoma. idiossoma 
Nothoaspis) 
Festões Ausentes Ausentes Presentes na maioria das es-
pécies 
Olhos Quando presentes Ausentes Quando presentes localizam-se 
localizam-se nas do- nas margens anterolaterais do 
bras supracoxais escudo 
Glândulas coxais Presentes em adultos Ausentes Ausentes 
e ninfas 
Placas espiraculares Pequenas, situadas Pequenas, situadas poste- Grandes, situadas posterior-
na prega supra-coxal, riormente às coxas IV, de mente às coxas IV, mácula e 
entre as coxas 111 e IV; superfície fendida, mácula aerófilos presentes 
mácula e diminutos presente, aerófilos ausen-
aerófilos presentes tes 
PERNAS 
Coxas Sem espinhos Espinhos nas coxas I e 11 
Com espinhos internos e ex-
ternos na maioria. 
Ausentes ou rudimen- Ausentes Presentes em todos os está-
Pulvilos tares (presentes nas gios 
larvas) 
Um guia ilustrado para identificação de espécies 3 
Literatura consultada 
Aragão HB, Fonseca F. 1961. Notas de Ixodologia, 
VIII. Lista e chave para os representantes da 
fauna ixodológica brasileira. Mem. Inst. 
Oswaldo Cruz 59: 115-129. 
Boero JJ. 1957. Las garra patas de la República Ar-
gentina (Acarina: Ixodoidea). Buenos Aires: 
Departamento Editorial Universidad de 
Buenos Aires .. 113 p. 
Cooley RA, Kohls GM. 1945. The Genus Ixodes in 
North America. Nat. Inst. Health Buli. 184: 1-246. 
Dobson sJ, Barker Se. 1999. Phylogeny of the hard 
ticks (Ixodidae) inferred from 185 rRNA 
indicates that the genus Aponomma is 
paraphyletic. Moi. Phyl. Evol. 11 (2): 288-295. 
Fairlchild GB, Kohls GM, Tipton VJ. 1966. The ticks 
of Panama (Acarina: Ixodoidea), pp. 167-219. In: 
WR Wenzel, VJTipton. Ectoparasites of Panama, 
Field Museum of Natural History, Chicago. 
Guglielmone AA, Estrada-Pena A, Keirans JE, 
Robbins RG. 2003. Ticks (Acari: Ixodida) of the 
Neotropical Zoogeographic Region. Atlanta, 
Houten: International Consortium on Ticks and 
Tick-borne Diseases, 173 p. 
Guglielmone AA, Bechara GH, szabó MPJ, Barros-
Battesti DM, Faccini JLH, Labruna MB, De La 
Vega R, Arzua M, Campos Pereira M, Furlong 
J, Mangold AJ, Martins JR, Rodriguez M, Venzal 
JM. 2004. Ticks of importance for domestic 
animais in Latin America and Caribbean 
countries. Com versão simultânea em espanhol, 
português e inglês. Impresso em disco compacto 
pelo International Consortium on Ticks and 
Tick-Borne Diseases-2 of the European 
Commission INCO-DEV programme. 
Guimarães JH, Tucci ED, Barros-Battesti DM. 2001. 
Ectoparasitos de importância veterinária. São 
Paulo: Plêiade/FAPEsP, 218 p. 
Horak IG, Camicas J-L, Keirans JE. 2002. The 
Argasidae, Ixodidae and Nuttalliellidae (Acari: 
Ixodida): a world list of valid tick names. Exp. 
Appl. Acarol. 28: 27-54. 
Mendez Arocha M, Ortiz I. 1958. Revision de las 
garra patas venezolanas dei genero Ixodes 
Latreille, 1795 y estudio de un nuevo 
Amblyomma (Acarina: Ixodidae). Mem. Soe. 
Ciene. Nat. La Salle 18: 196-208. 
Onofrio Ve. 2003. O gênero Ixodes Latreille, 1795 
(Acari: Ixodidae) no Brasil: distribuição geográ-
fica, hospedeiros, taxonomia e chave de iden-
tificação para as espécies. [Dissertação de 
Mestrado. Universidade Federal Rural do Rio 
de Janeiro, seropédica, RJI. 108 p. 
Wheller WC, Hayashi CY. 1998. The phylogeny ofthe 
extant chelicerate orders. Cladistic 14: 173-198. 
4 Carrapatos de Importância MédicoNeterinária da Região Neotropical 
._( 
Capítulo 2 
Aspectos gerais da biologia e identificação de carrapatos 
João Luiz Horácio Faccini, Darci Moraes Barros-Battesti 
1. Introdução 
Os representantes da ordem Acari apre· 
sentam similaridades, porém, caracteres 
morfológicos presente~ nos carrapatos e au-
sentes nos demais ácaros, são suficientes para 
distingui-los: presença de hipostômio 
denticulado e de uma estrutura quimiorre-
ceptora no primeiro par de pernas denomi-
nada órgão de Haller. Todos os carrapatos se 
alimentam de sangue dos hospedeiros(ver· 
tebrados terrestres), se não em todos, pelo 
menos em um dos estágios pós-embrionários. 
2. Aspectos filogenéticos 
Um dos grandes desafios enfrentados 
pelos estudiosos é, sem dúvida, compreen-
der a imensa diversidade de formas e fun· 
ções existentes nos seres vivos. Para tanto, 
é fundamental estabelecer as relações en· 
tre esses seres e seus ancestrais. O estudo 
desse segmento da biologia denomina·se 
sistemática filogenética. As relações entre 
os seres vivos são expressas através das á r-
vores filogenéticas. 
A publicação do livro de Darwin sobre a 
origem das espécies é considerada um mar-
co na mudança do pensamento cientifico da 
biologia. A partir de então, a simples ativi-
dade de catalogação das espécies existentes, 
consideradas imutáveis, deu lugar ao reco-
nhecimento de que todas as formas de vida 
estariam relacionadas, de uma maneira ou de 
outra, e que teriam evoluído de ancestrais 
comuns. Desde então, os pesquisadores vêm 
tentando descobrir métodos que permitam 
expressar essas relações. 
Como não podemos observar diretamen-
te o processo de evolução por questões ób-
vias, as árvores filogenéticas permitem infe-
rir etapas do processo evolutivo. As relações 
entre os seres vivos podem ser·expressas por 
caracteres de: forma (morfologia) e função 
(biologia, fisiologia, bioquímica, entre ou-
tras), além da interação entre os seres vivos 
e o ambiente (ecologia e biogeografia), e 
técnicas de biologia molecular, isoladas ou 
em conjunto. Quanto mais caracteres são in· 
corporados a uma árvore filogenética, mais 
confiáveis são os resultados obtidos. 
Considerando a evolução dos carrapa-
tos, apesar de toda a tecnologia emprega-
da nos últimos vinte anos, na tentativa de 
estabelecer as relações com seus possíveis 
ancestrais, muitas dúvidas ainda persistem. 
Estima-se que os carrapatos surgiram du-
rante o início do período Triássico (= 240 
milhões de anos). 
Nos estudos de filogenia de carrapatos, 
além de técnicas convencionais, como com-
paração de determinados caracteres 
morfológicos, também são utilizadas técni-
cas biomoleculares, como a variabilidade do 
segundo espaço transcrito interno (IT5-2), 
fragmentos de seqüências gênicas do DNA 
ribossomal mitocondrial ou ainda, a combi-
nação de todas. 
Duas das três famílias conhecidas de carra-
patos (Argasidae e Ixodidae) parecem estar 
definidas na escala evolutiva, sendo a primei-
ra mais antiga e a segunda mais recente. 
A posição taxonômica da terceira 
(Nuttalliellidae) é incerta, uma vez que, além 
de ser monotípica, é pobremente conhecida. 
Algumas de suas caracteristicas morfológicas 
apontam para uma posição intermediária en-
tre as duas primeiras. 
Um guia ilustrado para identificação de espécies I 5 
Os argasídeos seriam mais antigos do pon-
to de vista evolutivo que os ixodideos, por 
utilizarem vários hospedeiros. Dentro da fa-
mília Ixodidae o mesmo raciocínio também 
se aplica; as espécies que utilizam três hos-
pedeiros para completar o ciclo biológico 
seriam mais antigas que aquelas que utilizam 
um único hospedeiro. 
Com relação aos taxa inferiores, ainda pai-
ram muitas dúvidas. Em meados dos anos 90 
foi proposta uma análise filogenética com 
base em caracteres morfológicos, do relacio-
namento genérico e subgenérico da família 
Argasidae. A partir dos resultados obtidos foi 
proposto um número razoável de modifica-
ções taxonõmicas para esta família. Na 
subfamília Argasinae, (a rios Latreille, até en-
tão considerado um subgênero de Argas, foi 
elevado à categoria de gênero e transferido à 
subfamilia Ornithodorinae para incluir o gê-
nero Antrico/a. Apesar dos grupamentos re-
-
marginatus (Banks), as quais foram assumidas 
como do gênero (a rios. No entanto, as espé-
cies melhor caracterizadas de Argas «(arios) 
não foram incluídas naquele estudo. Assim, 
os valores obtidos da análise mostraram alta 
congruência das amostras de O. capensis para 
aquelas de Antricola. Porém, não ficou de-
monstrada a validade do gênero (arios ou 
ainda a inclusão de Antricola naquele gêne-
ro. Embora esses estudos filogenéticos forne-
çam razoável compreensão da evolução dos 
argasídeos, mais dados morfológicos, ecoló-
gicos, biológicos, entre outros, devem ser ava-
liados, preferencialmente acompanhados de 
seqüenciamento gênico, para assegurar a po-
sição taxonômica do grupo. 
É importante ressaltar que os resultados 
poderão ser reavaliados à medida que novos 
dados sejam incorporados aos conhecimen-
tos já adquiridos. 
conhecidos como (a rios (composto por qua- 3. Aspectos biológicos 
se todos os argasídeos associados a morcegos), 
mostrarem-se monofiléticos, os argumentos 
apresentados são pobremente suportados, 
uma vez que nenhum dos caracteres utiliza-
dos para a diagnose de (a rios foi comparti-
lhado por todas as espécies incluídas neste 
táxon. No caso específico de Antrico/a, as lar-
vas da maioria das espécies não foram descri-
tas e, portanto, não podem ser adequadamen-
te incluidas em estudos filogenéticos. Além 
disso, doze das 21 espécies de Ornithodoros 
associadas a morcegos que foram transferidas 
para o gênero (a rios são conhecidas somen-
te do estágio larval. Por outro lado, em 2003, 
nova análise filogenética foi realizada, com 
base em seqüências gênicas do fragmento 165 
RNA mitocondrial, para dar suporte à inclu-
são de Ornithodoros capensis Neumann, no 
gênero (a rios. Para verificar a proximidade 
filogenética, foram utilizadas as espécies 
Antricola mexicanus Hoffmann e Parantricola 
3.1. Ciclo biológico 
O ciclo de vida de argasídeos compre-
ende: ovo embrionado e três estágios ati-
vos (larva, dois ou mais instares ninfais e 
adultos). Para cada estágio imaturo ocorre 
uma refeição antes de cada ecdise, porém, 
em algumas espécies, as ninfas podem mu-
dar do primeiro para o segundo instar sem 
alimentação, ou ainda, pode haver dois 
repastos sanguíneos antes da muda. Os 
adultos alimentam-se múltiplas vezes, ge-
ralmente antes das cópulas e oviposições. 
Na maioria das espécies, ninfas e adultos 
alimentam-se rapidamente (cerca de 30 a 
40 minutos) enquanto as larvas permane-
cem fixas ao hospedeiro de 7 a 10 dias. Al-
gumas espécies de Ornithodoros não se ali-
mentam no estágio larval (autogenia facul-
tativa às vezes determinada pela ausência 
do hospedeiro). O acasalamento se dá fora 
6 Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
/ 
'I;: 
~_.------------~_ •• ------------.~ 
do hospedeiro, sendo que a fêmea ovipõe al-
gumas centenas de ovos após cada repasto 
sanguíneo, em cada ciclo gonotrófico. Trata-
se de estratégia de sobrevivência, especial-
mente para as espécies nidícolas que depen-
dem da presença, nem sempre freqüente, de 
seus hospedeiros. Exceções ocorrem, por 
exemplo, nos gêneros Antrico/a e Otobius, 
que na fase adulta, possuem peças bucais não 
funcíonais e, portanto, a fêmea ovípõe sem 
alímentação (autogenia obrigatória). 
O ciclo biológico que envolve múltiplos 
hospedeiros é típico dos argasídeos, que ha-
bitam ambientes restritos e se alimentam no 
mesmo animal várias vezes ou, em vários 
animais (da mesma espécie ou não), durante 
sua vida. Seu habitat está intimamente asso-
ciado ao do homem e dos animais domésti-
cos, pocilgas, galinheiros, pombais ou caba-
nas rústicas. Ocorrem também em locais re-
motos, longe das habitações humanas, tais 
como solo solto, cascas de árvores, tocas de 
animais, cavernas e em ninhos de aves silves-
tres e marinhas. Aqueles que habitam ninhos 
vivem em micro-habitats relativamente es-
táveis, alimentando-se e reproduzindo-se 
continuamente durante o ano. Neste grupo, 
assim como nos ixodídeos que habitam ni-
nhos, o desenvolvimento pode ser adaptado 
sazonalmente, podendo uma geração levar 
um ano ou mais, em climas temperados. 
Representantes de todos os estágios pós-
Os machos permanecem nos hospedeiros porlongos períodos acasalando com várias fême-
as. O ciclo biológico compreende ovo 
embrionado e três estágios ativos (larva, 
ninfa e adulto). Cada um dos estágios ativos 
faz um repasto sanguíneo antes de mudar 
para o estágio seguinte. A maioria dos car-
rapatos realiza seu ciclo em três hospedei-
ros, caindo ao solo após cada alimentação. 
Alguns utilizam dois hospedeiros, abando-
nando o primeiro somente como ninfa 
ingurgitada. Outros se alimentam em um 
único hospedeiro, onde todas as mudas se 
realizam, caindo no solo somente para 
oviposição. O desprendimento ocorre a in-
tervalos definidos (ritmos). 
As condições climáticas e a latitude repre-
sentam os principais fatores reguladores do 
ciclo biológico dos carrapatos. Neste cená-
rio, a temperatura exerce um papel dominan-
te, regulando a duração de cada fase de de-
senvolvimento passada fora do hospedeiro 
(oviposição, incubação dos ovos e ecdises). 
A latitude retratada pelo foto período exer-
ce influência direta na indução de diapausa, 
modulando os ciclos em ritmos sazonais que 
asseguram aos carrapatos a sincronização de 
suas atividades com as condições climáticas 
apropriadas. Na Região Neotropical, há pou-
cos estudos sobre a ocorrência de diapausa 
em carrapatos, havendo um único relato con-
creto para a diapausa comportamental de lar-
embrionários do ciclo biológico dos Ixodidae vas de Amblyomma cajennense, como fator 
alimentam-se por diversos dias. Com exceção regulador do ciclo biológico deste carrapato 
das poucas espécies partenogenéticas, a ma i- em condições naturais do Sudeste Brasileiro. 
oria dos carrapatos copula sobre o hospedei- Em linhas gerais, os ixodideos são mais 
ro; outros copulam sobre e fora deste (algu- abundantes em número de espécies, em 10-
mas espécies de Ixodes). Após completar a cais mais úmidos. Algumas espécies podem 
alimentação, a fêmea se desprende do hos- sobreviver em jejum por diversos meses ou 
pedeiro para iniciar a oviposição de milhares até mesmo anos. 
de ovos, no solo sob a vegetação, em bura-
cos, cavernas, ou ainda, em ocos de árvores. 3.2. Especificidade parasitária 
Concluida a oviposição, as fêmeas morrem. Os carrapatos possuem especificidade va-
Um guia ilustrado para identificação de esp,écie'sl 7 
I 
i 
riável pelos hospedeiros. Algumas espécies 
só se alimentam em determinados grupos hos-
pedeiros, enquanto outros são menos seleti-
vos. Entretanto, os padrões de especificidade 
podem ser alterados, com a introdução no 
meio ambiente de uma espécie hospedeira fi-
siologicamente aceitável. Em geral, os estági-
os imaturos das espécies que realizam ciclos em 
os diferencia intraespecificamente. Os livros 
textos sobre carrapatos contêm as principais 
características gerais de cada estágio. Em rela-
ção aos ixodídeos da Região Neotropical, há 
poucas chaves dicotômicas disponíveis e res-
tringem-se aos carrapatos adultos, à exceção 
de uma chave parcial e regional para larvas de 
Amb/yomma e outra para Ixodes. Em relação à 
dois ou mais hospedeiros, alimentam-se em ani- identificação de Argasidae, há chaves 
mais de pequeno porte (principalmente roe- dicotômicas de larvas e adultos de espécies 
dores), enquanto os adultos preferem animais neárticas, porém, somente algumas que acor-
de médio e grande porte. rem no neotrópico estão incluídas. Portanto, 
o pesquisador deve fazer uso, sempre que pos-
4. Problemas na identificação sível, das descrições originais. 
Embora alguns séculos tenham se passa- Cumpre alertar que as chaves dicotômicas 
do desde que a existência das espécies e suas são artifícios produzidos por especialistas 
origens foram reconhecidas, incertezas ain- para serem utilizadas por especialistas ou, no 
da existem no reconhecimento de algumas mínimo, por pessoas familiarizadas com o 
espécies, apesar do avanço científico e grupo taxonômico para o qual uma deter-
tecnológico ocorrido desde então. Reconhe- minada chave foi produzida. Uma coleção de 
cer que formigas são completamente dife- referência é fundamental para elucidar qual-
rentes de elefantes é uma tarefa relativamen- quer dúvida que, por acaso, surja durante a 
te fácil. Em contrapartida, reconhecer dife- utilização das chaves dicotômicas. 
rentes espécies de carrapatos é uma tarefa Para a identificação das formas adultas, 
muito mais complexa e difícil que demanda um bom microscópio estereoscópico é su-
a participação de especialistas, os quais utili- ficiente. No entanto, as formas imaturas 
zam métodos e meios específicos para alcan- necessitam de montagem entre lâmina e 
çar seus objetivos. Nesse sentido, os especia- lamínula. Detalhes sobre a preparação do 
listas lançam mão de vários caracteres abran- material podem ser encontrados no capí-
gendo forma (morfologia) e função (biolo- tulo 13. 
gia, comportamento, entre outras). 
Aqueles que pretendem iniciar a árdua 4.2. Hospedeiros 
tarefa de identificar as espécies de carrapa-
tos que ocorrem na Região Neotropical de-
vem ficar alertas sobre as possíveis dificul-
dades que encontrarão. Os tópicos aborda-
dos a seguir são exemplos das dificuldades 
freqüentemente encontradas. 
4.2.1. Número de hospedeiros 
Nas espécies em que todas as fases do ci-
cio biológico utilizam um único hospedeiro, 
como ocorre com Rhipicepha/us (Boophilus) 
microplus, a identificação é facilitada, já que 
as fases do ciclo geralmente se sobrepõem -
4.1. Identificação dos diferentes infestações com novas larvas ocorrem antes 
estágios biológicos do desprendimento das primeiras fêmeas 
Cada um dos estágios biológicos ativos apre- ingurgitadas. Deste modo, a identificação 
senta caracteres morfológicos especificas que dos adultos, geralmente é suficiente. 
8 Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
Nos carrapatos que utilizam mais de um 
hospedeiro, como ocorre com a maioria das 
espécies do gênero Amblyomma, por exem-
plo, A. cajennense, a situação é mais com-
plexa, pois cada fase pode ser encontrada 
em hospedeiros diferentes. Em geral, as for-
mas imaturas (menos específicas) parasitam 
uma maior variedade de hospedeiros do que 
a fase adulta (mais específica). 
4.2.2. Especificidade 
Algumas espécies de carrapatos selecionam 
grupos mais específicos de hospedeiros, ao 
passo que outras são menos específicas, sendo 
encontradas numa grande variedade de espé-
cies hospedeiras. Tais variações são influencia-
das basicamente por três grupos de fatores: 
Fatores relacionados ao carrapato: - com-
portamento do carrapato durante a busca 
pelo hospedeiro (por exemplo, a altura da 
vegetação em que os carrapatos ficam espe-
rando um hospedeiro); -resposta a fatores 
estimulantes específicos de um determinado 
hospedeiro, tais como odor e concentração 
de CO, resultante da expiração; - proprieda-
des da saliva do carrapato, no sentido de 
neutralizar as reações de homeostasia do 
hospedeiro. 
Fatores relacionados ao hospedeiro: - efi-
ciência dos mecanismos de defesa contra as 
infestações por carrapatos, tais como barrei-
ras físicas no corpo, comportamento de auto-
limpeza, e reações imunológicas. 
Fatores relacionados ao ambiente: - o 
ambiente exerce influência direta na dispo-
nibilidade qualitativa e quantitativa de hos-
pedeiros para o carrapato. 
4.3. Sazonal idade 
A variação sazonal de uma espécie de car-
rapato é determinada pelos fatores abióticos, 
tais como, temperatura, fotoperíodo e umi-
dade, que agem nas fases de vida livre do 
ciclo biológico e, em menor escala, pelos fa-
tores bióticos relacionados com os hospedei-
ros ou inerentes à espécie de carrapato em 
questão. ° conhecimento adequado desses 
fenômenos é essencial, principalmente, nas 
espécies que utilizam mais de um hospedei-
ro, pois os diferentes estágios podem ocor-
rer em estações distintas. 
4.4. Distribuição geográfica 
Espécies com distribuição mais ampla ten-
dem a apresentar variações de forma e fun-
ção mais acentuadas, resultantesde adapta-
ções às condições abióticas e bióticas encon-
tradas ao longo de suas áreas de ocorrência. 
Nesse cenário, erros na identificação podem 
ocorrer em duas direções: espécies diferen-
tes podem ser consideradas como sendo uma 
única espécie ou vice versa. Estudos de pos-
síveis variações geográficas em duas espéci-
es de carrapatos amplamente distribuídas no 
Brasil, Rhipicephalus (Boophilus) microplus 
(Canestrini) e Rhipicephalus sanguineus 
(Latreille), servem de exemplo. No primeiro 
caso, observou-se em alguns exemplares 
machos, a presença de uma cerda na face 
paraxial do artículo basal dos palpos, caracter 
este utilizado por alguns autores para sepa-
rar espécies do subgênero Boophilus de ou-
tras regiões geográficas, em dois grupos: R. 
(B.) annulatus e R. (B.) microplus - sem cerda; 
R. (B.) decoloratus, R. (B.) kohlsi e R. (B.) 
geigyi - com cerda. No entanto, apesar da 
presença da referida cerda nos espécimes 
brasileiros, todos os outros caracteres eram 
típicos de R. (B.) microplus. Deste modo, o 
material estudado - 420 exemplares 
coletados em oito estados, foi considerado 
como sendo R. (B.) microplus. Situação se-
melhante foi observada quando se estuda-
ram 436 exemplares de R. sanguineus, tam-
bém coletados em oito estados brasileiros. 
Embora variações morfológicas em alguns 
Um guia ilustrado para identificação de espécies 9 
..... 
caracteres, como placas adanais, sugerissem 
a possível presença de outras espécies do 
grupo sanguineus, todos os exemplares fo-
ram considerados R. sanguineus, já que vari-
ações semelhantes àquelas encontradas nas 
populações estudadas, também foram obser-
vadas na progênie de uma única fêmea da 
mesma espécie. 
No caso de duas ou mais espécies crípticas, 
independente de serem filogeneticamente 
próximas ou não, recomenda-se a utilização 
de técnicas de biologia molecular que con-
tribuirão para a determinação do táxon. 
Outra situação encontrada com certa fre-
qüência está relacionada à inespecificidade 
parasitária, ou seja, nem sempre a distribui-
ção das espécies de carrapatos que parasitam 
um determinado hospedeiro acompanha a 
distribuição desse hospedeiro. Neste caso, di-
ferentes hospedeiros podem ser utilizados ao 
longo da área de distribuição de uma espé-
cie de carrapato. 
Literatura consultada 
Amorim M, Serra-Freire NM. 1999. Chave 
dicotômica para identificação de larvas de al-
gumas espécies do gênero Amb/yomma Koch, 
1844 (Acari: Ixodidae). Entom%gia y Vectores 
6(1): 75-90. 
Arzua M, Barros-Battesti DM. 1999. Parasitism of 
Ixodes (Mu/tidentatus) auritu/us Neumann 
(Acari: Ixodidae) on birds from the city of 
Curitiba, State of Paraná, Southern Brazil. Mem. 
Inst. Oswaldo Cruz 94: 597-603. 
Baker SC, Murrel A. 2002. Phylogeny, evolution 
and historical zoogeography of ticks: a 
review of recent progresso Exp. App/. Acarol. 
28 (1-4): 55-68. 
Estrada-Pena A, Venzal JM, Barros-Battesti DM, 
Onofrio VC, Trajano E, Firmino JVL. 2004. Three 
new species of Antrico/a (Acari: Argasidae) from 
Brazil, with a key for the known species in the 
genus. J. Parasit%~~ 90: 490-498. _ 
Famadas KM, Faccini JLH. 1989. Variação 
morfológica de Boophi/us microplus 
(Canestrini, 1887) (Acari: Ixodidae) no Brasil. Arq. 
Univ. Fed. Rur. Rio de Janeiro 12 (1-2): 73-78. 
4.5. Ingurgitamento 
O ingurgitamento pode modificar a com-
preensão de alguns caracteres. Por exem-
plo, em R. sanguineus, os espinhos da coxa 
I, que normalmente alcançam a coxa 11 nas 
fêmeas não ingurgitadas (Figura la), po-
dem não fazê-lo nos espécimes ingur-
gitados (Figura 1 b). Isto porque a cutícula 
entre as coxas I e 11 se expande durante o 
ingurgitamento, separando-as. 
5. Considerações finais 
Apesar de todos os métodos e meios, in-
cluindo as técnicas de biologia molecular, à 
disposição dos especialistas para a identifi-
cação dos carrapatos de uma determinada 
região, uma coleção científica de referência 
contendo o maior número possível de exem-
plares, abrangendo informações sobre hos-
pedeiros, distribuição geográfica e fases do 
ciclo biológico, é indispensável para conferir 
credibilidade à identificação. 
Guimarães JH, Tucci EC, Barros-Battesti D.M. 2001. 
Ectoparasitos de Importância em Veterinária. 
São Paulo: Plêiadel FAPESP, 213 p. 
Hutcheson HJ, Black IV WC, Klompen JSH, Keirans 
JE, Norris DE, Barker Se. 2000. Current progress 
in tick molecular systematics, p. 11-19. In: M. 
Kasimirová, M. Labuda, PA Nuttall (Ed.). 
Proceedings of the 3" International Conference 
"Tick and Tick-borne Pathogens: Into the 21" 
Century". Institute of Zoology, Slovak Academy 
of Sciences, Bratislava, Slovakia. 
Kettle DS. 1995. Medica/ and Veterinary 
Entom%gy. 2n' ed. UK: CAB International, 
725 p. 
Kunz W. 2002. When is a parasite species a species? 
Trends in Parasit%gy 18 (3): 121-124. 
Labruna MB, Kasai N, Ferreira F, Faccini JLH, 
Gennari SM. 2002. Seasonal dynamics of ticks 
(Acari: Ixodidae) on horses in the State of São 
Paulo, Brazil. Vet. Parasit%~~ 105: 65-77. 
Labruna MB, Amaku M, Metzner A. Pinter A, 
Ferreira F. 2003. Larval Behavioral Diapause 
Regulates Life Cycle of Amb/yomma cajennense 
10 Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
I 
\ 
L 
(Acari: Ixodidae) in Southeast Brazil. J. Med. 
Entomol. 40 (2): 171-178. 
Lounibos LP, Duzak D, Linley JR. 1997. Comparative 
egg morphology cf six species of the Albimanus 
section of Anopheles (Nyssorhynchus) (Diptera: 
Culicidae). J. Med. Entomol. 34 (2): 136-155. 
Oliver Jr JH. 1989. Biology and systematics of ticks 
(Acari: Ixodida). Annu. Rev. Ecol. System 20: 
397-430. 
Ribeiro AL, Faccini JLH, Daemon E. 1996. Estudo 
das variações morfológicas de Rhipicephalus 
sanguineus (Latreille, 1806) (Acari: Ixodidae) 
no Brasil. Rev. Univ. Rur. Ser. Ciênc. Vida 181 
(1-2): 25-33. 
Ross HH. 1974. 8iological Systematics. USA: 
Addison-Wesley Publ. Co., 345 p. 
Sonenshine DE. 1991. 8iology of ticks, vol.1. New 
York: Oxford Univ. Press, 447 p. 
Ushijima Y, Oliver JH, Keirans JE, Tsurumi M, 
Kawabata H, Watanabe H, Fukunaga M. 2003. 
Mitochondrial sequence variation in (a rios 
capensis (Neumann), a parasite of sea-birds, 
coliected on Torishima island in Japan. 1. 
Parasito I. 89: 196-198. 
Walker AR, Bouattour A, Camicas JL, Estrada-Pena 
A, Horak IG, Latiff AA, Pegram RG, Preston PM. 
2003. Ticks of domestic animais in Africa: a 
guide to identification of species. Edinburgh, 
UK: Bioscience Reports, 221 p. 
Wiley EO. 1981. Phylogenetics: The theory and 
practice of phylogenetic systematics. New York: 
Wiley & Sons, 456 p. 
~ r~' 
Um guia ilustrado para identificação de espécies 11 
Figuras 1. Fêmea de Rhipicephalus sanguineus, antes (a) e após (b) o ingurgitamento. 
Em destaque os espinhos da coxa I e a distância destes até a coxa 11. 
12 Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical 
" 
~-.-.. ~~._.~----~----------~~ 
Capítulo 3 
Família Argasida~: características gerais, comentários e 
chaves para gêneros e espécies 
José Manuel Venzal. Valeria Castilho Onofrio. 
Darci Moraes Barros-Battesti. Márcia Arzua 
A fauna mundial de argasídeos compre-· localizados lateralmente nas dobras 
ende 183 espécies reconhecidas. 
Na mais recente lista mundial de carra-
patos proposta em 2002, os gêneros 
Antricola, Nothoaspis e parte de 
Ornithodoros foram incluídos no gênero 
Carios, porém, até que novos estudos se-
jam realizados confirmando estas 
sinonímias, eles serão aqui considerados 
como gêneros válidos. 
Para a Região Neotropical são reconhe-
cidas 78 espécies, incluídas em cinco gêne-
ros (Antricola, Argas, Nothoaspis, 
Ornithodoros e Otobius). 
Carrapatos desta família são encontra-
dos, principalmente, em habitats áridos 
ou semi-áridos, vivendo nos nichos de 
seus hospedeiros. 
1. Características gerais da família 
O tegumento pode ser granulado, en-
rugado, mamilado, coriáceo ou com tu-
bérculos; escudo dorsal ausente. Larvas 
comescudo vestigial em alguns gêneros. 
Capítulo terminal nas larvas e ventral nas 
ninfas e adultos; camerostômio mais 
acentuado nos dois últimos estágios. Em 
ninfas e adultos os espiráculos são peque-
nos e localizados posteriormente, entre 
as coxas 111 e IV. Presença de um par de 
glândulas coxais que se abrem ventral-
mente em poros pares, entre as coxas I e 
li. Palpos em forma de pernas; articulo IV 
livre, não envolto por uma depressão do 
artículo 111. Áreas porosas ausentes. 
Olhos, quando presentes, são dois pares 
supracoxais. Pulvilos ausentes ou rudi-
mentares em ninfas e adultos e, algumas 
vezes, bem desenvolvidos nas larvas. 
Dimorfismo sexual pouco acentuado. Na 
maioria das espécies, externamente, o 
macho se diferencia da fêmea somente 
pelo formato da abertura genital. 
2. Características gerais dos gêneros 
2.1. Antricola Cooley & Kohls. 1942 
Das 17 espécies descritas para o gênero 
Antricola na Região Neotropical, 16 são en-
contradas somente nesta região. Elas ocor-
rem principalmente em cavernas quentes e 
úmidas, habitadas por morcegos 
(Chiroptera), do sul do México ao norte da 
América do Sul (Colômbia, Venezuela, regi-
ões Nordeste e Norte do Brasil) e em áreas 
do Caribe, normalmente sobre o guano. 
A maior parte das espécies conhecidas foi 
descrita de Cuba e, segundo a literatura, cada 
caverna nesse pais possui fauna específica de 
Antricola. Uma exceção é A. marginatus 
(Banks, 1910) que ocorre em várias cavernas 
junto com outras espécies deste gênero. 
O relato do encontro de larvas em morce-
gos no Peru e Argentina amplia o conheci-
mento sobre a área de distribuição deste 
gênero. A maioria das espécies foi descrita 
somente no estágio adulto. 
São carrapatos de tamanho médio a gran-
de (fêmea 4-7mm e macho 3-4mm), com o 
corpo de formato variável, muitas vezes 
piriforme. Tubérculos e sulcos dorsomar-
Um guia ilustrado para identificação de espécies 13 
./ 
." c=<' 
T - ?" 
ginais bem definidos. Presença de um sulco 
pós-anal transverso algumas vezes associa-
do a tubérculos. Placas espiraculares varian-
do na forma e tamanho. Capítulo com a 
base tão longa quanto larga. Superfície da 
base do capítulo apresentando pequenos 
mamilos irregularmente distribuídos e nú-
mero variável de cerdas. Hipostômio peque-
no e escavado podendo apresentar diminu-
tos dentículos nas margens anterolaterais; 
palpos curtos e robustos. 
Os adultos possuem peças bucais não fun-
cionais, portanto não realizam repasto sanguí-
neo, e também não há evidências de 
hematofagia nos últimos instares ninfais. Lar-
vas, por sua vez, possuem hipostômio longo e 
são encontradas fixas aos hospedeiros (mor-
cegos). Apresentam desenvolvidos pulvilos que 
facilitam a escalada de paredes em cavernas. 
Fêmea ainda não descrita. Macho com 
peças bucais aparentemente não funcionais; 
olhos ausentes; porção anterior do dorso 
recoberta por um tegumento coriáceo, liso, 
que lembra um escudo de ixodídeo, daí a 
origem do nome Nothoaspis (noto=falso, 
aspis=escudo); coxas l-IV em tamanho decres-
cente. Ninfas apresentam um capuz curto e 
arredondado, não cobrindo inteiramente o 
capítulo. Palpos longos, o artículo I é expan-
dido internamente formando uma grande 
aba que encobre parcialmente o hipostômio 
que é longo, lanceolado e denticulado. 
Larvas com idiossoma alongado, arredon-
dando-se na porção posterior. Presença de 
uma placa dorsal alongada e triangular ocu-
pando quase todo o comprimento do cor-
po. Hipostômio lanceolado com dentículos. 
2.4. Ornithodoros Koch. 1844 
2.2. Argas Latreille. 1795 Este gênero compreende cerca de 100 es-
No mundo são conhecidas, aproximada- pécies no mundo; sendo que 47 ocorrem no ,. 
mente, 60 espécies do gênero Argas, das quais Neotrópico e 37 são endêmicas. Geralmen-
12 são encontradas na região Neotropical, te, todos os estágios ativos se alimentam, 
sendo que oito são exclusivas desta região. com exceção de algumas espécies em que o 
Todos os estágios ativos de Argas são primeiro instar ninfal pode mudar para o se-
hematófagos e a maioria das espécies está gundo, sem alimentação, e outras em que 
associada a aves. larvas não alimentadas mudam para o pri-
Apresentam o corpo achatado no sentido meiro instar ninfal. 
dorso-ventral, são ovais, com sutura e mar- Idiossoma em formato suboval, com a mar-
gem lateral demarcando as faces dorsal e ven- gem geralmente arredondada, sem suturas; 
traI. Olhos ausentes. Tegumento com discos hipostômio bem desenvolvido com dentículos 
ovais ou arredondados, distribuídos quase si- em todos os estágios; capuz presente. As lar-
metricamente. Presença de cerdas pós-pai pais vas possuem placa dorsal cujo formato é vari-
em algumas espécies. ável, sendo con.siderado um importante 
caracter diagnóstico. 
2.3. Nothoaspis Keirans & Clifford. 1975 Várias espécies de Ornithodoros foram 
Pouco se conhece sobre este gênero descritas a partir da larva, sendo os estágios 
monotípico encontrado no guano de caver- de ninfa e adulto ainda desconhecidos. 
nas no sul do México. Todos os espécimes 
conhecidos de N. reddelli foram encontrados 2.5. Otobius Banks. 1912 
em câmaras de cavernas habitadas por mor- O gênero Otobius contém três espécies no 
cegos do gênero Moormops. mundo e somente uma ocorre na Região 
14 Carrapatos de Importância MédicoNeterinária da Região Neotropical 
.' 
-----------------------------~ 
Neotropical, além de outras regiões. Os adul-
tos não se alimentam e, semelhantemente aos 
Antrico/a, possuem as peças bucais não funci-
onais, isto é, o hipostõmio é vestigial e des-
provido de denticulos, enquanto nas ninfas e 
larvas é bem desenvolvido e denticulado. 
Adultos e ninfas apresentam corpo alonga-
do, panduriforme (forma de violino), sendo 
comprimido na região mediana. O tegumento 
nos adultos é granulado e nas ninfas é estriado 
com espinhos, dai o nome de "carrapato espi-
nhoso da orelha". 
3. Acrõnimos de Instituições onde estão 
depositados os tipos de carrapatos 
argasideos da Região Neotropical 
BM: B.P. Bishopp Museum, Honolulu, EUA. 
BMNH: The Natural History Museum, Lon-
dres, Inglaterra. 
BMNY: Brooklyn Museum, Nova Iorque, EUA. 
CB: Colección Boero (particular), município 
desconhecido, Argentina. 
CCCH: Colección Carlos C. Hoffmann (parti-
cular), cidade desconhecida, México. 
CNHM: Chicago Natural History Museum, 
Chicago, EUA. 
CU: Cornell University, Ithaca, EUA. 
CZIES: Colección de Zoologia, Instituto de 
Ecologia y Sistemática, Havana, Cuba. 
OEEZ: Division of Entomology and Economic 
Zoology, University of Minnesota, St. Paul. EUA. 
OEO: Departament of Entomology, 
Oklahoma Agricultural and Mechanical 
College, Stillwater, EUA. 
OEP: Division of Entomology and 
Parasitology, University of California, 
Berkeley, EUA. 
OPFV: Departamento de Parasitologia, 
Facultad de Veterinaria, Zaragoza, 
Espanha. 
OPUN: Departamento de Parasitologia, 
Universidad Nacional, Santiago, Chile. 
EMV: Escuela de Medicina Veterinária, 
Santiago, Chile. 
ENV: École Nationale Vétérinaire, Toulouse, 
França. 
FMNH: Field Museum of Natural History, 
Chicago, EUA. 
FSCA: Florida State Collection of Arthropods, 
Bureau of entomology, Gainesville, EUA. 
GML: Gorgas Memorial Laboratory, Cidade 
do Panama, Panamá. 
IB: Instituto de Biologia, México D.F., México. 
IBAC: Instituto de Biologia, Academia de 
Ciencias de Cuba, Havana, Cuba. 
IBSP: Instituto Butantan, São Paulo, Brasil. 
INTA: Instituto Nacional de Tecnologia 
Agropecuaria, Rafaela, Argentina. 
IOC: Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 
Brasil. 
IPCAS: Institute of Parasitology, Czech (an-
teriormente Czechoslovak) Academy of 
Sciences, Praga, República Tcheca Czech. 
IPG: Instit~te Pasteur, Guyane et du Territoire 
del'lnini, çayenne, Guiana Francesa. 
ISET: Instituto de Salubridad y Enfermedades 
Tropicales, México D. F., México. 
IZAC: Instituto de Zoologia, Academia de 
Ciencias dI! Cuba, Havana,

Continue navegando