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Educação de Jovens e Adultos

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Adultos
Prof. Pablo Rodrigo Bes Oliveira
2a Edição
EducAção dE 
JovEns E
Elaboração:
Prof. Pablo Rodrigo Bes Oliveira
Copyright © UNIASSELVI 2021
Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
O48e
Oliveira, Pablo Rodrigo Bes
Educação de jovens e adultos. / Pablo Rodrigo Bes Oliveira. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
226 p.; il.
ISBN 978-65-5663-572-9 
ISBN Digital 978-65-5663-571-2
1. Educação de adultos. - Brasil. 2. Educação do adolescente. – Brasil. 
II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 374.012
Caro acadêmico, bem-vindo ao nosso livro de Educação de Jovens e Adultos 
(EJA). Neste livro, você conhecerá muitos dos aspectos pertinentes desta modalidade 
educacional que envolve os jovens e adultos em nosso país, contribuindo para consolidar 
sua formação para atuar com êxito como pedagogo. Assim, percorreremos desde 
aspectos históricos e legais até o detalhamento das questões pedagógicas envolvidas 
nas propostas que se direcionam a este público específico.
A Educação de Jovens e Adultos se reveste de importância no Brasil devido 
ao grande número de analfabetos ainda existente na faixa etária acima de 15 anos e, 
principalmente, pelo grande contingente de pessoas jovens e adultas que se enquadram 
nas taxas de analfabetismo funcional em nosso país. Logo, como pedagogos nos cabe 
conhecer os fundamentos, teorias e metodologias que nos habilitam a desenvolver os 
processos de ensino e aprendizagem com esses alunos.
Dessa forma, com o intuito de agregar para a sua formação docente, 
instrumentalizando-o a atuar com os adolescentes e adultos em sua escolarização, 
procuramos distribuir esta obra de acordo com as seguintes unidades:
Na Unidade 1, abordaremos a História da Educação de Jovens e Adultos 
no Brasil, quando iremos percorrer os principais componentes contextuais que 
contribuíram para que a EJA se estabelecesse ao longo do século XX e XXI. 
Nesta unidade, aprenderemos a legislação pertinente a EJA e teremos contato 
com os seus dados estatísticos ao longo do período estudado, procurando estabelecer 
um panorama da atualidade. Abordaremos, ainda, o perfil dos sujeitos que compõe esta 
modalidade educacional e as conquistas e desafios enfrentados pela EJA. 
Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as Conexões da EJA com o Mundo 
do Trabalho e com a Cidadania, momento em que analisaremos as características do 
mundo do trabalho atuais e suas exigências sobre os jovens e adultos. Conheceremos 
a Andragogia e seus princípios e a educação profissional, que se voltam a este público. 
Também analisaremos as principais concepções norteadoras das práticas pedagógicas 
direcionadas para a EJA, discriminando as funções desta modalidade educacional e 
como sua oferta é organizada na atualidade.
APRESENTAÇÃO
Por fim, na Unidade 3, aprenderemos as Particularidades Pedagógicas da 
Docência na EJA, o que faremos a partir da análise das propostas curriculares e políticas 
públicas hoje existentes para a EJA e os atributos necessários ao docente para atuar 
com os estudantes jovens e adultos. Conheceremos, então, as contribuições de Paulo 
Freire para o trabalho com os jovens e adultos. Também exploraremos as principais 
teorias, práticas e metodologias que contribuem para que nossa atuação docente se 
efetive com esse público em questão. 
Ao final de seu estudo desta obra, esperamos ter contribuído com os 
conhecimentos necessários para que seu olhar sobre a EJA tenha se reconfigurado e 
sua prática docente tenha sido aprimorada. 
Bons estudos e sucesso em sua trajetória docente!
Prof. Pablo Rodrigo Bes Oliveira
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a 
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo 
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse 
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade 
para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Você lembra dos UNIs?
Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas 
vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico 
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará 
você a entender melhor o que são essas informações 
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura 
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará 
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que 
complementam o assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os 
acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir 
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual 
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a 
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que 
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados 
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo 
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada 
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo 
o espaço da página – o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por 
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto 
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este 
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a 
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, 
tablet ou computador. 
Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo 
layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual 
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de 
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os 
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, 
possa continuar os seus estudos com um material atualizado 
e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL ...................... 1
TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS ..........................................................3 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 O CONTEXTO BRASILEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX .....................................................3
2.1 AS PRIMEIRAS AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL PARA A EJA ................................................ 10
2.2 AS CAMPANHAS DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ...........................................12
2.3 O PROGRAMA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO DE PAULO FREIRE E O INÍCIO DO REGIME 
MILITAR .................................................................................................................................................. 16
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................20
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 21
TÓPICO 2 — 1 LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA E DADOS ESTATÍSTICOS ..................... 23 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 23
2 CONHECENDO A LEGISLAÇÃO DA EJA .......................................................................... 24
2.1 MARCOS IMPORTANTES PARA A HISTÓRIA RECENTE DA EJA .............................................24
2.1.1 A Conferência Mundial sobre Educação para Todos .........................................................25
2.1.2 Relatório: Educação Um Tesouro a Descobrir ....................................................................26
2.1.3 A V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (CONFINTEA) .................28
2.2 A EJA NA LDB ATUAL ......................................................................................................................29
2.3 A EJA NOS PLANOS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO .......................................................................32
2.3.1 O Plano Nacional de Educação (2001-2010) ......................................................................32
2.3.2 O Plano Nacional de Educação (2014-2024) .....................................................................35
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 50
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 51
TÓPICO 3 — A DIVERSIDADE DE SUJEITOS,
 AS CONQUISTAS E DESAFIOS DA EJA ........................................................... 53
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 53
2 A DIVERSIDADE DE SUJEITOS, 
 AS CONQUISTAS E DESAFIOS DA EJA ........................................................................... 53
2 A DIVERSIDADE DE SUJEITOS DA EJA ............................................................................................54
2.1 OS ADOLESCENTES ............................................................................................................................54
2.2 OS JOVENS E ADULTOS ...................................................................................................................59
2.3 A TERCEIRA IDADE ............................................................................................................................62
3 AS CONQUISTAS E OS DESAFIOS DA EJA ...................................................................... 63
3.1 AS CONQUISTAS JÁ OBSERVADAS ..............................................................................................63
3.2 OS DESAFIOS A SEREM SUPERADOS ..........................................................................................64
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................67
RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................72
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................75
UNIDADE 2 — CONEXÕES DA EJA COM O MUNDO DO TRABALHO
 E COM A CIDADANIA .....................................................................................81
TÓPICO 1 — PANORAMA CONTEMPORÂNEO DO MUNDO DO TRABALHO ....................... 83
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 83
2 AS COMPETÊNCIAS EXIGIDAS........................................................................................ 85
2.1 AS COMPETÊNCIAS PRODUZINDO CAPITAL HUMANO .............................................................85
2.1.1 Competências técnicas ...........................................................................................................89
2.1.2 Competências comportamentais/sociais ...........................................................................89
2.3 ENDIVIDAMENTO E DESALENTO ...................................................................................................93
3 ANDRAGOGIA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................95
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................100
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 101
TÓPICO 2 — EJA: CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS NORTEADORAS .................................103 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................103
2 A EDUCAÇÃO POPULAR DE ADULTOS ......................................................................... 104
2.1 A PEDAGOGIA LIBERTADORA DE PAULO FREIRE ...................................................................... 107
3 A EDUCAÇÃO PERMANENTE .......................................................................................... 110
4 APRENDIZAGEM AO LONGO DE TODA A VIDA ............................................................... 115
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................120
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 121
TÓPICO 3 — FUNÇÕES E ORGANIZAÇÃO DA OFERTA DA EJA ........................................123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................123
2 AS FUNÇÕES E OBJETIVOS DA EJA ..............................................................................123
2.1 FUNÇÃO REPARADORA .................................................................................................................. 124
2.2 FUNÇÃO EQUALIZADORA .............................................................................................................. 127
2.3 FUNÇÃO QUALIFICADORA ............................................................................................................130
3 ORGANIZAÇÃO E OFERTA DA EJA .................................................................................132
3.1 AS CLASSES E POSSIBILIDADES DA EJA ..................................................................................133
3.1.1 Ensino fundamental – primeiro segmento .......................................................................134
3.1.2 Ensino fundamental - segundo segmento.......................................................................136
3.1.3 Ensino médio ............................................................................................................................138
3.1.4 Encceja .......................................................................................................................................141
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................143
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................148
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................149
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 151
UNIDADE 3 — PARTICULARIDADES PEDAGÓGICAS
 DA DOCÊNCIA NA EJA ................................................................................157
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................159
TÓPICO 1 — PROPOSTAS CURRICULARES NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DA EJA ...........159
2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAS DA EJA .......................................................160
2.1 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EJA .........................................................161
2.1.1 O Parecer CNE/CEB 11/2000 ................................................................................................ 166
2.2 RESOLUÇÃO CNE/CEB N°1, DE 2 DE FEVEREIRO DE 2016 ....................................................168
2.2.1 Problematizando a educação à distância na EJA .......................................................... 171
3 A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR .................................................................... 173
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 177
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................178
TÓPICO 2 — IDENTIDADE DOCENTE E SABERES ESSENCIAIS 
 AO PROFESSOR DA EJA ................................................................................ 181 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 181
2 A IDENTIDADE DO PROFESSOR DA EJA ........................................................................ 181
2.1 A FORMAÇÃO DOCENTE PARA EJA .............................................................................................183
2.2 OS PAPÉIS DO PROFESSOR DA EJA ..........................................................................................185
3 OS SABERES ESSENCIAIS AO PROFESSOR DA EJA ....................................................188
3.1 AS CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE .....................................................................................189
3.1.1 Curiosidade, incompletude e discência ..............................................................................189
3.1.2 O esquema da alfabetização de adultos freiriana ..........................................................191
3.1.3 A escuta, o diálogo e o afeto ................................................................................................ 194
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................196
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 197
TÓPICO 3 — TEORIAS, PRÁTICAS E METODOLOGIAS APLICÁVEIS NA EJA...................199
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................199
2 METODOLOGIAS ATIVAS PARA A EJA ......................................................................... 200
2.1 APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL DE KOLB ................................................................................. 202
2.1.1 Outras metodologias ativas interessantes ....................................................................... 204
2.2 PEDAGOGIA DE PROJETOS ......................................................................................................... 206
3 A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE ...........................................................210
3.1 O USO DAS TICS ............................................................................................................................... 212
3.1.1 O ensino híbrido ........................................................................................................................214
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................216
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................219
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 220
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 223
1
UNIDADE 1 - 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
NO BRASIL
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender os aspectos contextuais que envolvem a história da EJA no Brasil;
• conhecer a legislação referente a EJA;
• identificar a diversidade de sujeitos que frequentam modalidade educacional;
• apropriar-se das conquistas e desafios desse segmento educacional ao longo do 
tempo.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS
TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA E DADOS ESTATÍSTICOS
TÓPICO 3 – A DIVERSIDADE DE SUJEITOS, AS CONQUISTAS E DESAFIOS DA EJA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmicos, ao começarmos a aprender sobre a educação de jovens e adultos 
(EJA) no Brasil, no Tópico 1, precisamos entender que as discussões acerca de sua 
importância em nosso país remontam as primeiras décadas do século XX, sobretudo 
à década de 1930, período em que o Brasil se insere em grandes transformações 
econômicas, políticas e culturais que irão modificar a vida em sociedade.
 
Assim, precisamos conhecer esses aspectos contextuais históricos para que 
possamos perceber como os discursos e as práticas que recaem sobre a educação escolar 
e, mais precisamente, sobre a educação de jovens e adultos, vão surgindo e reforçando 
algumas concepções desta modalidade educacional. Embora essas concepções se 
reconfigurem ao longo do tempo, algumas delas ainda mantém resquícios quando se 
trata desta modalidade educacional na contemporaneidade. 
Da mesma forma, o contexto de cada época vai fornecendo base para que a 
legislação educacional e suas políticas públicas para a educação de jovens e adultos 
venha a ser organizada e ofertada pelo Estado. Assim, abrange-se um contingente 
diverso de pessoas, que buscam na educação a emancipação de sua condição social e 
almejam um futuro melhor para si e para o país em que habitam. Existe uma diversidade 
de sujeitos que compõe a EJA, com origens e propósitos distintos, que também nos 
cabe conhecer e problematizar ao longo dessa unidade de aprendizagem.
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 O CONTEXTO BRASILEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX 
O início do século XX para o Brasil foi decisivo nas áreas da economia, política, 
social, cultural e educacional. Iremos explorar ao longo deste tópico esses campos, 
uma vez que se correlacionam com a escolarização dos sujeitos e com os necessários 
níveis de instrução formal (educação) que precisariam possuir para contribuírem com o 
processo de industrialização tardia que se instaura no período em questão. 
O Brasil possui no início do século XX um grande contingente de adultos 
analfabetos, que, por tais motivos, se vê impossibilitado de ocupar as vagas nas indústrias 
que por aqui se instalam, sejam elas nacionais ou multinacionais que passam a ocupar 
nosso território. Assim, se faz urgente que sejam lançadas campanhas nacionais visando 
erradicar o analfabetismo entre os adultos e fornecer instrução mínima necessária para 
que os trabalhadores possam executar com eficiência suas funções. 
4
Vemos, assim, que a economia do país, as imposições do mundo do trabalho e 
os fatores sociais existentes, como a pobreza que impera ao redor dos grandes centros 
urbanos que surgiramno início desse século, irão intervir e proporcionar que a educação 
escolar venha a ser focalizada. 
Acompanhe na linha do tempo a seguir alguns marcos contextuais importantes 
do Brasil no início do século XX:
FIGURA 1 – MARCOS HISTÓRICOS IMPORTANTES PARA A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX NO BRASIL
FONTE: O autor
O Brasil vivenciou, nesse período, a chamada Revolução de 1930, que “[...] insere-
se numa conjuntura de instabilidade gerada pela crise mundial aberta em 1929, que 
caracterizou toda a América Latina” (FAUSTO, 2010, p. 181). 
A crise de 1929 impulsiona a busca por soluções para os problemas de ordem 
econômica que assolavam as nações da época, o que exige aumento do conhecimento 
e estímulo ao intelecto. Reforçamos que, nos anos de 1930 ainda são fortes as 
influências das ideias iluministas que propõe a escola como aquela que irá propiciar o 
acesso à “descoberta da Verdade” e sua incumbência maior de transformar as pessoas 
e, consequentemente o mundo. 
A Revolução de 1930 fez com que houvesse uma substituição no poder político 
que havia se instaurado no país até então, enfraquecendo as oligarquias associadas 
aos grandes produtores rurais e fazendo ascender os militares, aqueles que possuíam 
conhecimento técnico (diploma) e os empresários das indústrias.
5
A criação do primeiro Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1930, foi um 
marco importante para que a educação escolar começasse a ser pensada em termos 
nacionais. Poderíamos nos questionar: qual a implicação de termos um ministério 
que reúna educação e saúde pública nessa época? A resposta é simples, no contexto 
existente, de precariedade e pobreza, a educação escolar assume um papel também 
moral e higienista, sendo a escola a instituição que se encarregará de ensinar boas 
práticas de asseio e cuidados com o corpo, bem como as condutas necessárias para a 
vida em sociedade. 
Sobre o contexto da época, Lima e Pinto (2003, p. 1044) destacam a existência 
dos seguintes pontos: “a aceleração do processo de urbanização, a ampliação da massa 
trabalhadora em precárias condições de higiene, saúde e habitação, a acumulação 
de capital industrial, próprios dessa economia em expansão [...]”. Fatores estes que 
demandavam que políticas sociais fossem postas em funcionamento com urgência. 
Podemos considerar que se aplica no Brasil, em meados do século XX, o que já vinha 
sendo realizado na Europa a partir da metade do século XIX, conforme comentam Varela 
e Alvarez-Uria (1992, p. 20):
IMPORTANTE
REVOLUÇÃO DE 30
 Segundo o historiador Boris Fausto (2010) a Revolução de 30 não foi feita por 
representantes de uma suposta classe social, fosse ela a classe média ou a burguesia 
industrial, sendo que os vitoriosos de 1930 compunham um quadro muito heterogêneo 
tanto do ponto de vista social quanto político, porém, que haviam se unido contra um 
mesmo adversário, os velhos oligarcas, porém com perspectivas muito diferentes. A partir 
de 1930 no Brasil ocorre uma troca da elite do poder sem grandes rupturas. Caíram assim 
os quadros oligárquicos tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados e, um 
pouco mais tarde, os industriais.
A CRISE DE 1929
 A crise econômica que se inicia em 1929 e fica conhecida como “A grande depressão” 
tem seu início nos EUA, com o declínio da produção industrial e quebra da bolsa de valores 
de Nova Iorque. É importante observar que os Estados Unidos tiveram um crescimento de 
sua indústria muito grande, aproveitando-se do enfraquecimento das 
nações europeias por ocasião da Primeira Guerra Mundial e que, com 
a recuperação do mercado europeu, houve uma diminuição brusca 
das importações dos produtos norte-americanos, que fez com que 
a crise fosse iniciada. Dessa forma, viu-se a indústria americana sem 
possíveis compradores para suas mercadorias que lotavam os estoques 
das fábricas. Uma dessas fábricas é a montadora de automóveis de 
Henry Ford, por exemplo. Essa recessão financeira irá atingir o mundo 
inteiro e, no caso do Brasil especialmente o setor cafeeiro, uma vez 
que os Estados Unidos eram os principais compradores desse produto 
base de nossa economia nacional na época. A relação que queremos 
estabelecer ao citar a Grande Depressão com a educação escolar é 
que, como esta representa um grande abalo às ideias capitalistas, era 
necessário que a escola reforçasse tais ideias e procurasse preparar 
ainda melhor as crianças para o mundo do trabalho a partir de então.
6
A educação das classes populares e, mais concretamente, a 
instrução e formação sistemática de seus filhos na escola nacional, 
fazem parte, na segunda metade do século XIX e em princípios do 
século XX, das medidas gerais do bom governo: "...o operário é pobre 
e é forçoso socorrê-lo e ajudá-lo; o operário é ignorante e faz-se 
urgência instruí-lo e educá-lo; o operário tem instintos avessos, e não 
há outro recurso senão moralizá-lo se queremos que as sociedades e 
os estados tenham paz e harmonia, saúde e prosperidade”.
Assim, incumbe-se à escola ensinar regras de conduta e profilaxia a todas as 
crianças desde a sua escolarização inicial. Mas o que fazer com o grande contingente 
de pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola e que, no início 
do século XX somam mais de 50 % da população adulta brasileira? É interessante 
percebermos, ainda, que o século XX será marcado pelo discurso internacional que 
associa o desenvolvimento econômico à prosperidade das nações, com a educação de 
seu povo, o que também impulsionará que o Brasil assuma para si a importância de um 
projeto de escolarização mais abrangente.
Assim, o Brasil, acompanhando a tendência europeia que propunha uma “Escola 
Nova”, produz, em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, liderado por 
inúmeros intelectuais e que objetiva propor outra forma de organização e a produção 
de um novo sentido ou concepção filosófica para a educação em nosso país. Questões 
estas que, segundo este documento, ainda não haviam nem sequer sido pensadas na 
época. Afinal, a escola no manifesto desponta como o músculo central da estrutura 
política e social da Nação.
Ao referir-se às finalidades da educação, o documento Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova (AZEVEDO et al., 2010, p. 39) traz a constatação de que “é evidente que 
as diferentes camadas e grupos (classes) de uma sociedade dada terão respectivamente 
opiniões diferentes sobre a “concepção do mundo [...]”. 
O trecho explicita a preocupação com a estratificação social em classes e sua 
repercussão sobre a área educacional e um apelo para que a educação escolar deixe 
“de constituir um privilégio determinado pela condição econômica e social do indivíduo” 
(AZEVEDO et al., 2010, p. 40). 
NOTA
Os intelectuais que fizeram parte do manifesto da educação nova foram: 
Fernando de Azevedo, Afranio Peixoto A. de Sampaio Doria, Anisio Spinola 
Teixeira, M. Bergstrom Lourenço Filho, Roquette Pinto, J. G. Frota Pessôa, 
Julio de Mesquita Filho Raul Briquet, Mario Casassanta, C. Delgado de 
Carvalho, A. Ferreira de Almeida Jr., J. P. Fontenelle, Roldão Lopes de Barros, 
Noemy M. da Silveira, Hermes Lima, Attilio Vivacqua, Francisco Venâncio 
Filho, Paulo Maranhão, Cecilia Meirelle,s Edgar Sussekind de Mendonça, 
Armanda Álvaro Alberto, Garcia de Rezende, Nobrega da Cunha, Paschoal 
Lemme e Raul Gomes.
7
Percebe-se a necessidade de modificar o cenário da época proporcionando 
a educação escolar a todos e não somente a uma elite dominante, “reconhecendo 
ao indivíduo o direito a ser educado até onde permitiam suas aptidões naturais, 
independente das razões de ordem econômica e social” (AZEVEDO et al., 2010, p. 40, grifo 
nosso). Logo, propunha-se através desse manifesto de 1932 que, com a reconstrução 
e organização da estrutura escolar no Brasil, todos fossem contemplados (crianças, 
jovens e adultos) independentemente de suas posses ou condições financeiras.
A Constituição da República de 1934 propõe a obrigatoriedade e gratuidade do 
ensino primário a todos (BRASIL,1934). Este foi o impulso para que fossem pensadas 
as primeiras ações para escolarizar a grande massa de adultos analfabetos existentes 
na época, ao menos com o ensino primário, ou seja, focalizar a sua alfabetização. Ideia 
esta que se firma a partir do início da década de 1940 com a busca pela criação de uma 
política nacional para a educação de jovens e adultos (EJA). 
É importante destacar que “[...] na década de 1940, quando começaram as 
primeiras iniciativas governamentais para lidar com o analfabetismo entre adultos, 
entendia-se que o seu fim seria fundamental para o crescimento econômico do país. O 
analfabetismo era visto como um mal social e o analfabeto como um sujeito incapaz.” 
(BRASIL, 2006, p. 26). 
Assim, cabe ao Estado promover que a escolarização seja realizada, produzindo 
sujeitos capazes de agir de forma mais produtiva em sociedade.
Para que possamos ter uma noção mais precisa do analfabetismo entre jovens 
e adultos citado anteriormente e sua erradicação ao longo do tempo, acompanhe a 
tabela a seguir:
INTERESSANTE
APTIDÃO
Note que, no início do século XX, existia um posicionamento na ciência 
de que alguns indivíduos tinham aptidão, ou seja, nasciam com maior 
“talento” ou “herança” para realizar algo. Hoje sabemos que as habilidades 
podem ser desenvolvidas, logo, não são inatas como se acreditava 
na época. Temos múltiplas inteligências que nos proporcionam ser 
mais hábeis em algumas áreas, porém, caso queiramos, podemos 
desenvolver todas as demais. Então, não se limite!
8
QUADRO 1 – TAXA DE ANALFABETISMO NO BRASIL
ANO
População de 15 anos ou mais
Total (em 
milhares)
Analfabeta 
(em milhares)
Taxa de 
analfabetismo
1940 23.648 13.269 56,1
1950 30.188 15.272 50,6
1960 40.233 15.964 39,7
1970 53.633 18.100 33.7
1980 74.600 19.356 25,9
1991 94.891 18.682 19,7
2000 119.533 16.295 13,6
2017 164.285 11.500 7
2019 209.276 11.041 6,6
FONTE: Adaptado de Brasil (2019) e IBGE (2019)
Percebemos, ao analisar o Quadro 1, que na década de 1940 o Brasil possuía 
mais da metade de sua população com mais de 15 anos, analfabeta, o que trazia muitos 
prejuízos ao processo tardio de industrialização e urbanização que vivenciava o Brasil. 
Assim, era necessário e urgente que os jovens e adultos – que ofertavam sua mão de 
obra para serem operários nas fábricas existentes – fossem alfabetizados, uma vez 
que a educação era vista como o caminho em direção ao desenvolvimento do país. 
NOTA
Você já deve ter ouvido falar de analfabetismo funcional, não é mesmo? O 
analfabetismo funcional se refere à falta de capacidade de uma pessoa em 
entender mensagens e textos simples. Isto é, ainda que consiga decifrar 
o código escrito, reconhecer palavras e realizar leituras, o indivíduo não 
consegue as entender plenamente, muito menos interpretar ou inferir 
questões a partir do que leu. Segundo o Indicador Nacional do Analfabetismo 
Funcional (INAF), em pesquisa realizada no ano de 2018, três em cada dez 
brasileiros entre 15 e 64 anos de idade são considerados analfabetos 
funcionais! Este tipo de analfabetismo diminui, segundo esta pesquisa, com 
o aumento do tempo de escolarização.
9
A taxa de analfabetismo entre jovens e adultos que apresentamos no Quadro 
1 veio decrescendo na medida em que o Estado foi investindo em políticas públicas que 
focalizassem aumentar a escolarização dessa parcela da população, conforme estaremos 
aprendendo ao longo desta unidade. 
No entanto, cabe salientar que os aspectos da desigualdade social, regional e 
étnico-racial são fatores que acompanham o Brasil nessa luta pela equidade educacional. 
Atualmente ainda possuímos grande parte dos jovens e adultos analfabetos e um grande 
índice de analfabetismo funcional localizado nos estados da região Norte e Nordeste do 
Brasil, segundo apontam os dados estatísticos no INEP, o que confirma uma história de 
desenvolvimento econômico e social assimétrica ao longo das últimas décadas.
 
Você pode perceber estes aspectos analisando a tabela a seguir da Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), conduzida pelo IBGE em 2019:
DICA
Conheça mais sobre o analfabetismo funcional no Brasil, através da 
pesquisa do INAF (Indicador de Analfabetismo Funcional). Disponível em: 
https://acaoeducativa.org.br/wp-content/uploads/2018/08/Inaf2018_
Relat%C3%B3rio-Resultados-Preliminares_v08Ago2018.pdf.
10
QUADRO 2 – TAXA DE ANALFABETISMO DAS PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS POR COR E RAÇA
FONTE: Adaptado de <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/7125#resultado>. Acesso em: 1° jun. 2021.
Percebe-se, analisando o Quadro 2, que as pessoas analfabetas, que não 
conseguem ler nem escrever um recado simples, se concentram em maior quantidade 
em algumas regiões brasileiras (Norte e Nordeste) e são preponderantes nas etnias 
de cor preta/ parda ao longo de todo o território nacional. Esse, provavelmente, é o 
resultado de nossa história de colonização e que veio se afirmando ao longo do século 
XX, criando bolsões de pobreza em algumas regiões e, por vezes, reforçando práticas 
discriminatórias e racistas em algumas regiões brasileiras. 
Cabe à escola, neste caso, colocar em prática uma educação decolonial, 
que busque assimetria de poder entre todas as etnias e grupos culturais existentes e 
estabeleça entre os estudantes uma cultura antirracista.
2.1 AS PRIMEIRAS AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL 
PARA A EJA 
Nas primeiras décadas do século XX, para dar conta de administrar este combate 
ao analfabetismo entre jovens e adultos ao longo do período de desenvolvimentismo 
brasileiro, que viemos estudando ao longo deste primeiro tópico, o governo federal deu 
início às seguintes políticas públicas educacionais:
11
FIGURA 2 – PRIMEIRAS AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL PARA A EJA
FONTE: Adaptada de Di Pierro, Joia e Ribeiro (2001)
O Fundo Nacional do Ensino Primário foi instituído pelo decreto-lei n° 4.958 de 
14 de novembro de 1942 com o objetivo de direcionar os recursos federais provenientes 
de tributos para auxiliar na “[...] ampliação e melhoria do sistema escolar primário de todo 
o país. Esses recursos serão aplicados em auxílios a cada um dos Estados e Territórios 
e ao Distrito Federal, na conformidade de suas maiores necessidades” (BRASIL, 1942). 
Conforme comentamos anteriormente, era urgente começar a combater as 
grandes taxas de analfabetismo, que existiam em todos os grupos sociais (crianças, 
jovens e adultos). Essa iniciativa foi realizada na gestão do então Presidente Vargas, 
tendo como seu ministro da educação Gustavo Capanema.
Lourenço Filho, um dos intelectuais brasileiros, que inclusive fez parte do 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, era um dos defensores da educação 
de adultos. 
Acompanhe um trecho de uma de suas palestras proferida em 1945 para um 
grupo de professores no Rio de Janeiro ao referir-se ao problema da educação de 
adultos no Brasil:
O caso de numerosíssimas pessoas, que chegam à idade adulta, 
sem mesmo haverem logrado o domínio das técnicas elementares 
da cultura – a leitura, a escrita e os rudimentos do cálculo – é, sem 
dúvida, o mais premente. A educação de adultos apresenta-se, 
assim, a um primeiro exame, em sua função supletiva, a de suprir ou 
remediar deficiências, a ineficiência ou incapacidade da organização 
escolar. Aparece, em novos e velhos países, com a mesma feição: 
a do combate ao analfabetismo, muito embora nisso não se possa 
conter todo o seu conceito. Seria inútil, no entanto, obscurecer a 
importância da aprendizagem da leitura e da escrita. Sem o domínio 
dessas técnicas elementares, o homem de hoje permanece em 
minoridade cultural; não pode, por si mesmo, cumprir numerosos 
atos da vida civil; na maioria dos países, está incapacitado para a vida 
política. Tão grave situação encontra justificativa na incapacidade 
que ele tem de intercomunicação social, ou de ligar-se mais fácil, 
pronta e eficientemente, à vida da comunidade a que pertença. Numa 
grande cidade, o homem iletrado é elemento sempre dependente de 
outrem; nas pequenaspovoações, ou no campo, homem “marginal”, 
ao qual não podem chegar, por via direta, os problemas de mais 
12
2.2 AS CAMPANHAS DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS
 E ADULTOS 
O Serviço de Educação de Adultos foi criado, em 1947, pelo Departamento 
Nacional de Educação, órgão que compunha o então Ministério da Educação e Saúde, 
tendo como objetivo orientar e coordenar os trabalhos e os planos que poderiam vir a 
estruturar o ensino supletivo no Brasil. Para isso foi criada a Campanha de Educação de 
Adolescentes e Adultos (CEAA), que se valia do Fundo Nacional de Ensino Primário para 
o seu financiamento. 
Paiva (1973) acrescenta que essa iniciativa também atendia aos apelos 
internacionais da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura 
(UNESCO), em prol da educação popular. Assim, além de incrementar o contingente 
de mão de obra alfabetizada no Brasil, essa iniciativa também visava tornar-se “[...] 
um instrumento para melhorar a situação do Brasil nas estatísticas mundiais de 
analfabetismo” (PAIVA, 1973, p. 178). 
ESTUDOS FUTUROS
Caro aluno, cabe esclarecermos que o ensino supletivo, de fato, somente 
será institucionalizado e organizado em nível nacional a partir da LDB de 
1971, conforme veremos logo mais!
relevância na vida cívica; estão-lhes defesas, em grande parte, as 
conquistas da civilização e da cultura, no país e no mundo. Se toda 
uma pequena povoação do interior é analfabeta, então esse aspecto 
de “marginalidade” se agrava e tende a perdurar (LOURENÇO FILHO, 
1945, p. 170).
Percebemos nas palavras de Lourenço Filho (1945) o quanto a educação de 
adultos na época estava atrelada a ideia de suplência, de continuidade dos estudos, 
para que os adultos pudessem tornar-se capazes de integrar-se à cultura e a vida social 
existentes. Associa-se ainda a ideia de uma possível marginalização àqueles que 
fossem iletrados ou analfabetos, ideias estas que, ainda hoje, produzem representações 
mentais acerca dos pobres e analfabetos, não é mesmo?
13
A Campanha de Educação Rural (CNER), instituída em 1952 pelo Ministério da 
Educação e Saúde, tinha como finalidade a difusão da educação básica no meio rural 
brasileiro. Entendia-se que os baixos índices de escolarização e as taxas de analfabetismo 
altas entre jovens e adultos também se evidenciavam no campo e precisavam ser 
ampliados e reduzidos, respectivamente, com tal iniciativa.
A Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, instituída em 1958 
pelo Ministério da Educação e Cultura, propunham, em conjunto com a CEAA (Campanha 
de Educação de Adolescentes e Adultos) e a CNER (Campanha Nacional de Educação Rural), 
o aperfeiçoamento e desenvolvimento do ensino primário em municípios selecionados, 
procurando, assim, as melhores práticas de erradicação do analfabetismo. Acompanhe 
no Quadro 3 os objetivos de cada campanha, conforme o Decreto n° 47.251, de 17 de 
novembro de 1959:a) 
QUADRO 3 – OBJETIVOS DAS CAMPANHAS VOLTADAS PARA O COMBATE DO ANALFABETISMO DE JOVENS 
E ADULTOS
CAMPANHAS OBJETIVOS
Campanha de 
Educação de 
Adolescentes e Adultos 
(CEAA)
a) A escolarização, em nível primário, onde for mais 
aconselhável, de adolescentes e adultos, tendo em vista 
a elevação do nível cultural do povo brasileiro. 
b) O aproveitamento efetivo de radiodifusão na educação 
popular de base.
Campanha de 
Educação Rural (CNER)
a) O aperfeiçoamento e o desenvolvimento dos meios de 
educação das populações rurais. 
b) A formação e a preparação pedagógica, em caráter de 
emergência, dos professores primários leigos das áreas 
rurais.
Campanha Nacional 
de Erradicação do 
Analfabetismo (CNEA)
a) O aperfeiçoamento e o desenvolvimento do 
ensino primário comum em áreas municipais pré-
estabelecidas.
b) A aplicação intensiva dos métodos e materiais utilizados 
pelas outras duas Campanhas nas mesmas áreas 
municipais pré-estabelecidas.
c) A verificação experimental da validade socioeconômica 
dos métodos e processos de ensino primário, educação 
de base e educação rural, utilizados no Brasil, com 
vistas à determinação dos mais eficientes meios de 
erradicação do analfabetismo.
FONTE: Adaptado de Brasil (1959)
Acompanhando o Quadro 3, podemos comentar alguns pontos importantes e 
interessantes, que dizem respeito à história da educação no Brasil. O primeiro é a associação 
da cultura com a escolarização. Assim, acompanhando a tendência eurocentrada – que 
entendem a cultura como algo típico das nações que dominam o código escrito – o 
Brasil enxerga a educação escolar como estratégia de incremento cultural.
14
Existe a menção à utilização dos sistemas de radiodifusão para que essas 
campanhas chegassem aos seus públicos de interesse, o que é uma iniciativa de 
educação a distância em seus primórdios no território brasileiro. Basta salientar que 
o rádio tinha um alcance e uma audiência muito grandes na época tanto no ambiente 
urbano quanto no rural. 
Ao tratar-se das iniciativas educacionais que ocorriam no campo, muitas delas eram 
realizadas por professoras que possuíam uma escolarização mínima e que precisariam ser 
preparadas pedagogicamente para exercerem melhor suas funções docentes.
Essas ações além de visarem à erradicação do analfabetismo entre os adultos, a 
partir da escolarização, também visavam atingir e melhorar a participação das crianças na 
escola, a partir do exemplo e da iniciativa de seus pais. 
Alguns dos intelectuais brasileiros da época, como Anísio Teixeira e Lourenço 
Filho, frisavam que era importantíssimo que as crianças convivessem com pais 
alfabetizados para que pudessem inspirar-se e compartilhar do sentimento e benefício 
mútuo da escolarização em suas vidas. Muitas das crianças da época, por possuírem 
pais analfabetos, sentiam-se constrangidas e desanimadas em prosseguir seus estudos, 
pois não queriam assumir uma condição superior aos pais neste quesito. Assim, nesse 
contexto, era imperativo que pai e mãe fossem alfabetizados.
É importante salientar também que, na década de 1950, somente tinham direito 
a votar aqueles que eram alfabetizados, o que também contribui para que os adultos 
tivessem interesse em se alfabetizar. 
Segundo Ceratti (2007, p. 3), na década de 1950 “[...] a alfabetização de adultos teve 
o propósito de transformar o analfabeto em um eleitor em potencial”. Assim, investindo na 
alfabetização, também estaria aumentando o contingente de eleitores que participariam 
das votações, o que, num primeiro momento poderia reforçar o poder político dos oligarcas 
que costumavam estar entre os grandes produtores rurais brasileiros.
Na década de 1960 o Brasil vivenciou inúmeras discussões em torno da 
educação de adultos, destacando-se como principal expoente em nível nacional o 
educador Paulo Freire. 
Foram organizados espaços de discussão da temática e ocorreu o engajamento 
de vários grupos populares nessas problematizações pertinentes à educação 
de adultos, especialmente pobres e analfabetos. “No começo da década de 1960 
a alfabetização juntou-se aos movimentos estudantis e sindicais e a questão do 
analfabetismo passou a ser vista como consequência direta da pobreza e de uma 
política de manutenção de desigualdades” (BRASIL, 2006, p. 26). 
15
Nessa época, a educação de adultos passou, então, a ser uma bandeira política 
em busca de igualdade de acesso à educação para todos. Ao referirem-se a este período 
do início da década de 1960, Di Pierro, Joia e Ribeiro (2001, p. 60) comentam que:
Embaladas pela efervescência política e cultural do período, essas 
experiências evoluíam no sentido da organização de grupos populares 
articulados a sindicatos e outros movimentos sociais. Professavam 
a necessidade de realizar uma educação de adultos crítica, voltada 
à transformação social e não apenas à adaptação da população a 
processos de modernização conduzidos por forças exógenas. O 
paradigma pedagógico que então se gestava preconizava com 
centralidade o diálogo como princípio educativo e a assunção, por parte 
dos educandos adultos, de seu papelde sujeitos de aprendizagem, 
de produção de cultura e de transformação do mundo.
Considerada como a nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
a Lei n° 4.024/61, reconheceu a educação como um direito de todos e em seu Título 
VI, capítulo II, que se refere ao ensino primário, estabelece no Art. 27, que “o ensino 
primário é obrigatório a partir dos sete anos e só será ministrado na língua nacional. 
Para os que o iniciarem depois dessa idade, poderão ser formadas classes especiais ou 
cursos supletivos correspondentes ao seu nível de desenvolvimento” (BRASIL, 1961). 
Observamos aqui o primeiro indício de busca pela institucionalização da formação e 
jovens e adultos de forma reparadora, preenchendo as lacunas de escolarização que 
não haviam ocorrido na infância. E, ainda mais, a partir de classes de aceleração desse 
processo de ensino e aprendizagem.
ESTUDOS FUTUROS
Paulo Freire, hoje patrono da educação nacional, destacou-se nas iniciativas 
pioneiras da educação popular de adultos que viviam em condição de 
pobreza no Brasil, criando um sistema de alfabetização relacionado com a 
vida social desses indivíduos, conhecimentos que aprofundaremos melhor 
na Unidade 3 deste livro.
16
2.3 O PROGRAMA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO DE PAULO 
FREIRE E O INÍCIO DO REGIME MILITAR
Nesse contexto, é criado o Programa Nacional de Alfabetização, pelo Decreto 
n° 53.465, de 21 de Janeiro de 1964 que visa valer-se do sistema de alfabetização 
desenvolvido por Paulo Freire. Esse programa visa tornar-se “[...] um esforço nacional 
concentrado para eliminação do analfabetismo;” (BRASIL, 1964) uma vez que os esforços 
até então empreendidos não tinham correspondido às necessidades da alfabetização 
em massa que se fazia urgente. Assim, conforme propõe o decreto: “[...] urge conclamar 
e unir todas as classes do povo brasileiro no sentido de levar o alfabeto àquelas camadas 
mais desfavorecidas que ainda o desconhecem” (BRASIL, 1964). O Programa Nacional 
de Alfabetização, ainda estabelece que:
Art. 4° A Comissão do Programa Nacional de Alfabetização convocará 
e utilizará a cooperação e os serviços de: agremiações estudantis 
e profissionais, associações esportivas, sociedades de bairro e 
municipalistas, entidades religiosas, organizações governamentais, 
civis e militares, associações patronais, empresas privadas, órgãos 
de difusão, o magistério e todos os setores mobilizáveis.
Essas iniciativas, porém, que propunham valer-se de espaços típicos da 
sociedade em que se encontravam as iniciativas da educação popular propostas por 
Paulo Freire na época, não vieram a se estabelecer devido a tomada do poder pelos 
militares em 1964. Assim, Paulo Freire, de referência a ser utilizada para a alfabetização 
brasileira, passa a ser considerado subversivo e é exilado, ficando distante ao longo dos 
próximos vinte anos.
Dentro do regime militar, aliada as ideias de expansão empresarial que 
comentamos anteriormente, é instituído o MOBRAL (Movimento Brasileiro de 
Alfabetização). 
Valendo-se da lógica discursiva da palavra movimento para dar a conotação 
de ter partido de iniciativa popular, conforme haviam sido os movimentos sociais de 
alfabetização de adultos propostos por Paulo Freire anteriores à ditadura militar, 
porém, “[...] no contexto violador de direitos, da Ditadura Militar, o significado da palavra 
movimento adquiriu os contornos tecnicistas da alfabetização funcional, calcada na 
aprendizagem das técnicas de leitura e escrita sem a reflexão diante das problemáticas 
sociais do momento ditatorial” (SANTOS, 2015, p. 62).
17
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Federal n° 5.692, de 
11 de agosto de 1971, ampliou a obrigatoriedade do ensino da educação básica de 
quatro para oito anos e trouxe também avanços para a educação de jovens e adultos, 
pois instituiu a educação supletiva possível para esse primeiro grau de escolarização 
(BRASIL, 1971), ou seja, aqueles que não tinham podido concluir o ensino obrigatório na 
idade apropriada agora poderiam concluir a partir de “[...] cursos supletivos, centros de 
estudo e ensino a distância, entre outras” (DI PIERRO; JOIA; RIBEIRO, 2001, p. 62). 
Os estudos supletivos que inicialmente eram voltados aos adultos em busca da 
conclusão de seu processo de alfabetização e dos anos de ensino obrigatórios, porém, 
começaram a receber inúmeros jovens que, em virtude de sua inserção e exigências do 
mercado de trabalho buscavam uma aceleração em seus estudos. Sobre esse aspecto 
da inserção de jovens no ensino supletivo, cabe destacarmos que:
A entrada precoce no mercado de trabalho e o aumento das 
exigências de instrução e domínio de habilidades no mundo do 
trabalho constituem os fatores principais a direcionar os adolescentes 
e jovens para os cursos de suplência, que aí chegam com mais 
expectativas que os adultos mais velhos de prolongar a escolaridade 
pelo menos até o ensino médio para inserir-se ou ganhar mobilidade 
no mercado de trabalho (DI PIERRO; JOIA; RIBEIRO, 2001, p. 65).
Essa questão, iniciada na década de 1970, irá perpetuar-se até os dias atuais, 
quando a EJA absorve uma quantidade significativa de jovens que visam conciliar seus 
trabalhos com a sua escolarização, que, aliás, é cada vez mais exigida pelo mercado 
de trabalho. 
IMPORTANTE
A EDUCAÇÃO NO PERÍODO DA DITADURA MILITAR
O Brasil permaneceu em regime de ditadura militar desde 1° de abril 
de 1964 até 15 de março de 1985, tendo sido governado por inúmeros 
presidentes militares ao longo deste período. A educação brasileira durante 
o regime militar passou a receber apoio técnico, pedagógico e financeiro 
dos Estados Unidos, principalmente através da Agência dos Estados 
Unidos para o Desenvolvimento Internacional  (United States Agency 
for International Development – USAID), o que ficou conhecido como os 
Acordos MEC/USAID. A partir desses acordos, novas leis foram criadas e 
reformas foram estabelecidas em todos os níveis educacionais, visando 
colocar o Brasil em sintonia com a educação norte-americana. Aciona-se, 
assim, uma submissão também no campo educacional do Brasil ao seu 
principal financiador do desenvolvimento econômico e industrial que vinha 
acontecendo nas primeiras décadas do século XX.
18
É importante destacarmos as quatro funções que se referiam ao ensino 
supletivo, instituído e organizado a partir da LDB de 1971, segundo o Parecer 699/72: 
A suplência (substituição compensatória do ensino regular pelo 
supletivo via cursos e exames com direito à certificação de ensino de 
1 ° grau para maiores de 18 anos e de ensino de 2 ° grau para maiores 
de 21 anos), o suprimento (complementação do inacabado por meio 
de cursos de aperfeiçoamento e de atualização), a aprendizagem e 
a qualificação (BRASIL, 2000, p. 20).
Assim, são necessárias medidas que compensem, complementem e promovam 
a aprendizagem dos adultos, qualificando-os para o trabalho e para a vida em sociedade. 
Aspectos estes que serão reforçados com a Constituição Federal de 1988.
Ao longo da década de 1980, as discussões em nível nacional e internacional sobre 
a educação de jovens e adultos seguiram estabelecendo aproximações com as questões 
voltadas à qualificação e reparação da escolarização não realizada na “idade própria”. 
Com o processo de abertura política ao final do regime da ditadura militar e a busca 
pela redemocratização brasileira, teremos, com a Constituição Federal de 1988 uma 
retomada no direito educacional extensível a todos, citando em particular os adultos, 
conforme estabelece o texto original da CF/88, em seu Art. 208: “O dever do Estado com 
a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e 
gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;” Atualmente, 
com a Emenda Constitucional n° 59/2009, este artigo se encontra da seguinte forma: 
“I  - educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, 
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todosos que a ela não tiveram acesso na 
idade própria; (BRASIL, 1988). Cabe esclarecer, ainda, que a educação escolar a partir da 
CF/88 torna-se um direito público subjetivo de todo cidadão brasileiro. 
INTERESSANTE
É interessante salientar que a possibilidade da educação a distância como 
apoio ao processo educativo já havia sido manifestada na LDB de 1971, 
o que presenciamos ocorrer na atualidade em algumas iniciativas do 
Ministério da Educação e, com muito mais ênfase, nas escolas privadas.
19
Agora que conhecemos mais detalhadamente como a história da educação de 
jovens e adultos foi se configurando nas primeiras décadas do século XX e os aspectos 
contextuais brasileiros que perpassam essa trajetória, vamos conhecer os eventos e 
legislações mais recentes sobre o tema.
IMPORTANTE
O direito social à educação deve ser garantido pelo Estado, podendo ser 
os órgãos competentes responsabilizados pelos sujeitos em busca da 
concretização desse direito. Assim, todo cidadão brasileiro deve possuir um 
local, uma turma, uma escola para que possa desfrutar dessa escolarização 
obrigatória e gratuita que hoje envolve 14 anos de experiência escolar.
20
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O desenvolvimento de programas e políticas educacionais voltadas para a 
escolarização de jovens e adultos se associa com o contexto político e econômico de 
cada época. 
• As primeiras ações voltadas para a EJA surgem visando combater o analfabetismo em 
adultos que assolava o Brasil no início do século XX, obstaculizando o desenvolvimento 
industrial que se afirmava.
• Campanhas foram criadas no intuito de atingir tanto os públicos (jovens e adultos) dos 
centros urbanos quanto do meio rural com o objetivo de ampliar a instrução primária. 
• No ano de 1964 foi criado o Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, que se 
baseava no sistema de alfabetização desenvolvido pelo educador Paulo Freire para 
esta finalidade. No entanto, com o advento do Regime Militar que fora imposto, este 
plano não chegou a ser posto em execução.
• Ao longo do Regime Militar, sofrendo as influências diretas dos Estados Unidos, 
através da USAID, o Brasil implementa o Movimento Brasileiro de Alfabetização 
(MOBRAL) que se mantém em funcionamento ao longo das décadas de 1970 e 1980, 
porém, sem atingir os objetivos que se propunha, sendo alvo de grandes críticas em 
sua organização.
• A Lei de Diretrizes e Bases de 1971 organiza e estrutura o ensino supletivo, que 
assume as funções de suplência, suprimento, aprendizagem e qualificação do 
contingente de jovens e adultos que não haviam tido acesso à educação escolar.
• Com o movimento de abertura política e busca pela redemocratização do país, os 
temas da educação de jovens e adultos são retomados sendo que na Constituição 
Federal de 1988, a educação torna-se direito social público e subjetivo de todo 
cidadão brasileiro.
RESUMO DO TÓPICO 1
21
RESUMO DO TÓPICO 1
1 No início do século XX, no Brasil, alguns marcos históricos podem ser destacados 
pela contribuição que trouxeram para que a educação de jovens e adultos começasse 
a ser entendida como importante e prioritária. Com base nesses marcos históricos, 
analise as sentenças a seguir:
I- A Revolução de 1930, em que Getúlio Vargas assume como presidente, fez com que 
houvesse uma alternância entre aqueles que ocupavam o poder, permitindo que o 
Brasil pudesse agir frente às questões econômicas que se impunham.
II- A criação do primeiro Ministério da Educação e Saúde de forma integrada, em 1930, 
significa que a educação deveria se empenhar em resolver, também, as demandas 
de higiene e profilaxia da população mais pobre.
III- O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932, fez com que o Brasil 
acompanhasse as ideias da escola nova que se afirmava na Europa e nos Estados 
Unidos, porém sem apresentar ideias ou planos para a nossa educação nacional.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
2 O Brasil implementou algumas campanhas de alfabetização voltadas para o público 
jovem e adulto ao longo das décadas de 1940 – 1960 visando erradicar o analfabetismo 
e compensar àqueles que não haviam frequentado a escola na sua infância. Com base 
no seu estudo desta unidade de aprendizagem acerca destas campanhas, assinale a 
alternativa CORRETA em ordem cronológica:
a) ( ) Campanha de Educação Rural (CER); Campanha Nacional de Erradicação do 
Analfabetismo (CNEA); Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos 
(CEAA).
b) ( ) Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA); Campanha de 
Educação Rural (CER); Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos 
(CEAA).
c) ( ) Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA); Campanha de 
Educação Rural (CER); Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo 
(CNEA).
d) ( ) Campanha de Educação Rural (CER); Campanha de Educação de Adolescentes 
e Adultos (CEAA); Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA).
AUTOATIVIDADE
22
3 Ao longo do século XX, algumas legislações serviram como impulso para que a 
Educação de Jovens e Adultos pudesse reduzir as grandes taxas de analfabetismo 
que existiam entre as pessoas acima de 15 anos de idade. A partir de seu estudo destas 
legislações nesta unidade de aprendizagem, analise as sentenças a seguir e classifique V 
para as verdadeiras e F para as falsas:
( ) A Constituição Federal de 1934 estabeleceu que o ensino primário (1ª – 4ª série) era 
obrigatório e gratuito para todo brasileiro.
( ) Com a criação do Fundo Nacional do Ensino Primário, pelo decreto-lei n° 4.958/ 42 
são direcionados recursos para a ampliação e melhoria do sistema escolar primário 
brasileiro.
( ) Embora a Lei n° 4.024/61 já mencione a possibilidade de existirem turmas de 
suplência, o ensino supletivo somente se estrutura no Brasil a partir da LDB de 1971.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A Educação de Jovens e Adultos no Brasil está muito associada com questões políticas 
e econômicas que eram presentes em nosso contexto ao início do século XX. 
Assim, disserte sobre a necessidade da EJA nas primeiras décadas do século XX, 
considerando as questões de expansão industrial, de aumento das populações 
urbanas e da pobreza que existia no período.
5 A partir da LDB de 1971, se institui o ensino supletivo no Brasil, que, embora fosse 
criado originalmente focalizando o público adulto que não havia tido a oportunidade 
de completar sua escolarização obrigatória na idade apropriada, atraiu milhares de 
jovens que passaram a ocupar suas classes. Disserte sobre os motivos que fizeram 
com que os jovens passassem a frequentar o ensino supletivo.
23
LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA
 E DADOS ESTATÍSTICOS
1 INTRODUÇÃO
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 1 
Após o período de abertura política, consolidado com a eleição indireta que 
elegeu Tancredo Neves e seu vice José Sarney, em 1985, rompe-se com o regime de 
ditadura militar que se impunha nos últimos 20 anos, dando margem para que um 
novo texto constitucional fosse elaborado. Ideias de uma educação progressista, como 
as freirianas, passam a poder ocupar novamente o espaço de discussão acerca dos 
objetivos da educação.
INTERESSANTE
Tancredo Neves, considerado pelo povo, nas eleições de 1985, como 
a grande esperança de renovação do quadro político existente, veio a 
hospitalizar-se e acabou falecendo de uma diverticulite, não chegando a 
assumir o governo. Assim, José Sarney, seu vice, é nomeado o presidente 
da república.
A Constituição Federal de 1988 traz mudanças significativas relacionadas à 
educação escolar, entre elas a ampliação do período de escolarização obrigatória 
e a conversão deste direito social em público e subjetivo conforme aprendemos 
anteriormente. Desdobram-seas finalidades educacionais em três áreas distintas: o 
desenvolvimento integral; a preparação para o trabalho; e o preparo para a cidadania.
 
Assim, aliado às novas tendências internacionais que visam combater o 
analfabetismo e estender o direito à educação a todos, o Brasil irá intensificar em suas 
políticas públicas educacionais ações mais efetivas que se voltem à EJA. Essas ações 
consideram as mudanças advindas na década de 1990 a partir da Globalização, que 
introduzem a educação permanente (longlife learning) e o aprender a aprender como 
condições básicas da vida social para o século XXI.
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos as legislações pertinentes à EJA na 
contemporaneidade, bem como, analisaremos os dados estatísticos referentes a esta 
modalidade educacional visando estabelecer um panorama da sua condição atual.
24
2 CONHECENDO A LEGISLAÇÃO DA EJA
A década de 1990 pode ser considerada como uma época de grande impulso 
das políticas públicas educacionais, que visavam tanto atender aos novos anseios 
democráticos quanto acompanhar as ideias internacionais que entendiam a educação 
como mecanismo essencial para a participação social e para o resgate da cidadania. 
Assim, as legislações que se referem à EJA no Brasil, nessa época, se relacionam com 
marcos legais internacionais que precisamos conhecer.
2.1 MARCOS IMPORTANTES PARA A HISTÓRIA 
RECENTE DA EJA 
Os anos de 1990 ao redor do mundo propuseram novos entendimentos para 
a educação escolar, que se voltavam para uma construção universal deste direito, 
principalmente visando um novo século que se anunciava. Também é interessante 
desatacarmos que se investe em um projeto de desenvolvimento econômico, político e 
cultural que pretende ser global, isto é, atingir a todas as nações capitalistas existentes. 
Esse projeto se consolida a partir da Globalização que, no Brasil, terá seus efeitos a partir 
dos anos de 1995 principalmente.
Assim, para organizar nossa aprendizagem, vamos acompanhar alguns desses 
marcos internacionais que se relacionam com a educação de jovens e adultos, e irão 
impactar as ações no Brasil. Faremos isso a partir da imagem a seguir:
FIGURA 3 – MARCOS IMPORTANTES PARA A HISTÓRIA RECENTE DA EJA
FONTE: O autor
Vamos analisar esses marcos internacionais, pois, a partir deles, a educação 
de jovens e adultos no Brasil e no mundo, começa a ser perseguida de forma mais 
contundente na busca da garantia deste direito social básico: a educação.
25
2.1.1 A Conferência Mundial sobre Educação para Todos
Entre os dias cinco e nove de março de 1990, nações de todos os continentes 
se reuniram sob a organização da Unesco, em Jomtien, na Tailândia, com o intuito 
da criação de um plano de ação que pudesse satisfazer as necessidades básicas de 
aprendizagem que desafiavam o mundo inteiro. Esse encontro ficou conhecido como 
Conferência de Jomtien. 
O panorama da educação mundial, nessa época, apontado pelos dados da 
Declaração Mundial da Educação para Todos, foi o resultado dessa conferência:
• mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 
milhões são meninas, não têm acesso ao ensino primário;
• mais de 960 milhões de adultos – dois terços dos quais 
mulheres são analfabetos, e o analfabetismo funcional é um 
problema significativo em todos os países industrializados ou em 
desenvolvimento;
• mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao 
conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que 
poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a 
adaptar-se às mudanças sociais e culturais; e
• mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não 
conseguem concluir o ciclo básico, e outros milhões, apesar de 
concluí-lo, não conseguem adquirir conhecimentos e habilidades 
essenciais (UNESCO, 1990, s. p.).
Como podemos perceber pelo que os números retratam na própria Declaração 
de Jomtien, era urgente que ações fossem estruturadas em nível global visando garantir 
maior equidade de acesso à educação escolar. 
Deviam, ainda, serem consideradas as distorções de gênero existentes no campo 
educacional mundial, fomentando que as mulheres pudessem ter maior acesso a esse 
direito. Da mesma forma, reforça-se mais uma vez a necessária escolarização para apoiar 
o desenvolvimento de países em desenvolvimento, como era o caso do Brasil. 
Ainda sobre o comprometimento que assinar essa declaração trouxe para 
os países participantes, percebemos que “tendo assinado a Declaração Mundial de 
Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, em 1990, os 155 governos que firmaram 
o acordo se comprometeram em garantir uma educação básica para crianças, jovens e 
adultos, independentemente de sexo, etnia, classe social, religião e ideologia” (PAIVA; 
MACHADO; IRELAND, 2007, p. 7). Assim, todos deveriam ter uma educação básica 
garantida, fossem crianças, jovens ou adultos.
26
2.1.2 Relatório: Educação Um Tesouro a Descobrir
Um dos mais impactantes documentos produzidos na década de 1990, pelos 
seus efeitos na área da educação mundial é o Relatório da Comissão Internacional sobre 
a Educação para o Século XXI (1996), da UNESCO, escrito por uma comissão liderada por 
Jacques Delors. Neste documento, intitulado “Educação: um tesouro a descobrir”, são 
estabelecidos os quatro pilares sobre os quais a educação contemporânea deveria se 
assentar, que são:
FIGURA 4 – OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI
FONTE: Adaptada de Delors et al. (1998)
Assim, a educação escolar deveria perseguir a preparação do homem para a 
vida social plena, indo além dos conhecimentos acumulados na cultura humana, mas 
também focalizando as questões práticas, a convivência e o ser em sua integralidade. 
Em relação à educação de jovens e adultos, esse relatório aponta alguns 
aspectos interessantes, como a necessária separação entre o que seria uma educação 
inicial e a educação permanente, conforme aponta:
[...] a distinção tradicional entre educação inicial e educação 
permanente precisa ser repensada. Uma educação permanente, 
realmente dirigida às necessidades das sociedades modernas não pode 
continuar a definir-se em relação a um período particular da vida — 
educação de adultos, por oposição à dos jovens, por exemplo — ou 
a uma finalidade demasiado circunscrita — a formação profissional, 
distinta da formação geral. Doravante, temos de aprender ao longo 
de toda a vida e uns saberes penetram e enriquecem os outros 
(DELORS et al., 1998, p. 103).
ATENÇÃO
A educação básica no Brasil atualmente compreende as etapas da educação 
infantil, o ensino fundamental (anos iniciais e anos finais) e o ensino médio.
27
Assim, procura-se romper com a visão restritiva e que, muitas vezes, segregava 
o adulto que não havia acompanhado a escolarização na infância ou juventude, para 
as questões profissionais unicamente. Estabelece-se para o século XXI o conceito de 
educação permanente (longlife learning), que deveria acompanhar o sujeito em todas 
as etapas de sua vida. 
O relatório também amplia as discussões da educação para outros níveis, além 
da educação primária e da educação básica perseguida em documentos anteriores, 
conforme cita:
A Comissão pensa, porém, que deve constar da agenda das grandes 
conferências internacionais do próximo século um empenho 
semelhante a favor do ensino secundário. Este deve ser concebido como 
uma “plataforma giratória” na vida de cada um: é nessa altura que os 
jovens devem poder decidir em função dos seus gostos e aptidões; 
é aí, também, que podem adquirir as capacidades que os levem a ter 
pleno sucesso na vida de adultos (DELORS et al., 1998, p. 122).
 
Dessa forma, articula-se a educação secundária, direcionada aos jovens com 
os requisitos necessários para que se tornem adultos aptos a viver uma vida plena. Isto 
também implica a continuidade dos estudos no nível superior, que deve ser perseguido 
pelos mesmos e pelos adultos dentro do contexto do longlife learning que se estabelece 
para o século XXI. 
Essas discussões e propostas quefazem parte do Relatório Educação: 
um tesouro a descobrir, conhecido também como Relatório Delors, irão compor as 
iniciativas educacionais internacionais, impactando, também, as discussões e políticas 
educacionais brasileiras, desde então.
NOTA
O termo longlife learning pode ser traduzido como educação permanente 
ou educação ao longo de toda a vida e representa um discurso muito forte 
para o século XXI, pois se refere a uma busca constante por aperfeiçoamento 
de conhecimentos e habilidades. Esta ideia se associa com o chamado 
aprender a aprender que coloca os homens como eternos aprendizes de 
novas formas de realizar aprendizagens ao longo de suas vidas.
28
2.1.3 A V Conferência Internacional sobre Educação de 
Adultos (CONFINTEA)
Vinham sendo realizadas desde a década de 1960 algumas conferências 
internacionais que tinham como foco discutir e implementar a educação de jovens 
e adultos, porém, o alcance dessas mobilizações ainda havia sido incipiente para 
transformação da realidade educacional deste público. No entanto, a V Conferência 
Internacional sobre Educação de Adultos (V CONFINTEA), realizada em Hamburgo, na 
Alemanha, em 1997, teve uma adesão muito maior por parte das nações que já vinham 
perseguindo as metas com as quais haviam se comprometido em Jomtien. Como 
resultado dessa conferência, foi produzida a Declaração de Hamburgo, que procurou 
estabelecer uma agenda para o futuro. 
Segundo a Declaração de Hamburgo (UNESCO, 1999, p. 19), a educação de adultos 
é a “[...] chave para o século XXI. É tanto consequência do exercício da cidadania como 
condição para uma plena participação na sociedade”. Assim, a Declaração de Hamburgo 
vem ao encontro do que estabelece o nosso texto constitucional, o qual associa a cidadania 
com as possibilidades educacionais ofertadas a todo cidadão brasileiro. Afirmam-se, ainda, 
nesta declaração os princípios de uma educação ao longo de todo a vida, discurso que 
costuma se fazer presente nos documentos educacionais internacionais que projetam a 
educação para o século XXI. Sobre esta conferência, podemos acrescentar, ainda, que:
[...] a V CONFINTEA inovou do ponto de vista das participações: 
delegações oficiais e representantes da sociedade civil organizada 
privavam do mesmo espaço, quase sem barreiras. A voz de todos se 
fazia ouvir por igual nas discussões que levaram à formulação de uma 
Agenda para o Futuro da Educação de Adultos, firmada pelos países-
membros, que vem sendo avaliada e reavaliada internacionalmente 
em diferentes momentos [...] (PAIVA; MACHADO; IRELAND, 2007, p. 12).
Inspirado nesse modelo de discussão dos temas e participação de todos os 
agentes de forma democrática e interativa, começam a ocorrer no Brasil os Fóruns de EJA, 
que procuram manter até a atualidade, dentro de cada estado brasileiro, as discussões 
acerca das necessárias políticas públicas para a educação de jovens e adultos.
29
2.2 A EJA NA LDB ATUAL 
A educação de jovens e adultos, como modalidade de ensino, também é 
regulada pela Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, nossa Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (LDB/96) em vigência no momento. Primeiramente, convém 
destacar que a LDB/96 reitera o que está posto na Constituição Federal de 1988, em 
seu Artigo 205 acerca das finalidades da educação, conforme consta em seu “Art. 
2° A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e 
nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do 
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” 
(BRASIL, 1996). Neste artigo, definem-se os agentes corresponsáveis pela educação: 
a família e o Estado; bem como os três principais objetivos da educação escolar, que 
seriam o desenvolvimento pleno, integral do ser humano, seu preparo para exercer a 
sua cidadania e a qualificação necessária para atuar perante o mundo do trabalho. 
A LDB/96 traz em sua Seção V toda uma regulação da EJA para o sistema 
educacional brasileiro, que devemos conhecer, começando por sua conceituação no 
Artigo 37, que estabelece: “Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles 
que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na 
idade própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da 
vida” (BRASIL, 1996). A partir desta denominação da EJA na LDB/96 percebemos o seu 
caráter inclusivo e social, que visa trazer para a escola todos aqueles jovens e adultos 
que não puderam concluir seus estudos na idade própria, normalmente associada com 
a infância e adolescência. Também é importante perceber que já se faz menção da 
aprendizagem ao longo de toda a vida quando se refere a este público específico. Assim, 
os adultos tendem a permanecer estudando como veremos a seguir no Tópico 3 e, para 
que isso seja possível, devem ser ofertadas condições de ingresso tanto na educação 
básica quanto no ensino superior.
 
O parágrafo único do Artigo 37 da LDB/96 estabelece que “§ 1° Os sistemas de 
ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar 
os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as 
características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante 
cursos e exames” (BRASIL, 1996). Aqui destaca-se o caráter gratuito da oferta educacional 
e, mais ainda, os necessários cuidados com este público ao longo do processo de 
NOTA
Na Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205, os agentes responsáveis 
pela educação escolar em nível de sistema são as famílias, o Estado e todos 
os demais que compõe a sociedade.
30
ensino e aprendizagem. Afinal, as metodologias aplicadas para educar jovens e adultos 
devem diferir daquelas utilizadas com as crianças, pois devem ajustar-se ao que a vida 
em sociedade já lhe exige, tornando-os mais aptos para essa vivência social. Neste 
parágrafo citam-se ainda a possibilidade da realização de cursos e exames, isto significa 
que tanto os jovens e adultos poderão estar frequentando uma classe regular para 
complementar seus estudos, quanto simplesmente submeter-se a provas específicas 
para testar se adquiriram as habilidades de cada área de conhecimento pertinentes ao 
nível de escolaridade que almejam.
ESTUDOS FUTUROS
Na Unidade 3 deste livro, você conhecerá uma das políticas públicas 
educacionais que hoje se destina diretamente à Educação de Jovens e 
Adultos, o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e 
Adultos (ENCCEJA).
A EJA na LDB/96 é associada, ainda, com a educação profissional, perseguindo 
a preparação e qualificação para o trabalho, necessária para que jovens e adultos 
possam se inserir de forma produtiva na sociedade. 
Cabe comentarmos que a educação profissional e tecnológica, neste caso, 
abrange, segundo o Artigo 39 da LDB/96, cursos de “[...] formação inicial e continuada ou 
qualificação profissional; de educação profissional técnica de nível médio; de educação 
profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.” Perceba que a educação 
profissional e tecnológica, que deve se articular com a EJA, envolve desde cursos de 
extensão e formação básica para o trabalho como até mesmo formações em nível de 
graduação e pós-graduação, devendo o Estado garantir o acesso e permanência desses 
jovens e adultos nesses ambientes escolares.
A LDB/96 estabelece, ainda, em seu Artigo 38 que “Os sistemas de ensino 
manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum 
do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.” Assim, 
embora deva considerar as especificidades deste público específico, jovens e adultos, 
o professor da EJA deve procurar atender o que determinam as políticas educacionais 
curriculares dessa modalidade de ensino. 
Destacamos que a Base Nacional Comum Curricular comenta que ao decidirem 
pela elaboração dos currículos, processo que envolve desde a organização dos 
componentes

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