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Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 1 INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA DO SNC – GABA E GLUTAMATO - Em função da complexidade do SNC, não há completa compreensão dos efeitos dos fármacos que atuam nesse sistema. - Importância na terapêutica: ▪ Alívio da sensação de dor – AINES, analgésicos, antipiréticos tem uma ação central, trabalham a nível da dor, mas não são os únicos que atuam a nível de SNC. ▪ Redução da temperatura corporal (antipiréticos) ▪ Alteração do apetite ▪ Indução do sono ou promoção da excitação ▪ Alteração de comportamento em geral (antidepressivos, ansiolíticos, etc.) - Maior parte dos medicamentos são divididos por neurotransmissores (transmissão gabaérgica e glutamatérgica, dopaminérgica, serotoninérgica e noradrenérgica). A maior parte dos medicamentos atuam alterando o comportamento no geral. - Tem substâncias que não são fármacos, mas atuam no SNC (cafeína, álcool, nicotina). - Os medicamentos do SNC são controlados, só podem ser vendidas com prescrição do profissional capacitado. - Tem tipos de receituários: *Brancos (em 2 vias – tipo C – medicações com tarja vermelha/de alerta – não causam dependência – antidepressivos, antibióticos – uma via com paciente e outra com a farmácia). *Azul – tipo B, substâncias com tarja preta – ansiolíticos, sedativos. Sustâncias passíveis de vício, não deve utilizar a longo prazo. Ex.: Benzodiazepínicos. Tipo B2 é utilizado para substâncias anorexígenas, tarja preta também. *Amarelo – tipo A, substâncias que tem grande potencial de causar dependência. Nem todo médico pode prescrever. Controle especial. Ex.: Venvance. - Divisão Anatômica do SNC: - O SN é dividido em SNC e SNP. O SNC é dividido em encéfalo e medula espinhal. - A maior parte da organização celular do SNC se dá em forma de núcleos. Ex.: núcleo da Rafe, núcleo Acumbens. - O SNC é constituído por neurônios que fazem os impulsos nervosos através de uma rede. Células da glia são células de sustentação (também chama de células da neuroglia). Ex.: Astrócitos (são células de sustentação e fornecem nutrição para os neurônios e participam ativamente da recaptação e reciclamento de alguns neurotransmissores), Oligodendrócitos (formam bainha de mielina, importante na esclerose múltipla que há a destruição da bainha de mielina – crônico progressivo), Micróglia (são macrófagos, função de proteção, célula fagocitária, importante nos processos autoimunes e de degeneração). Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 2 - Neurônio vai estar em uma rede neuronal pelos dendritos. Corpo celular tem o núcleo e responsável pela recepção do estímulo. Estímulo chega ao neurônio através do corpo neuronal. Recebe vários estímulos, processa e se no final sobrar um potencial excitatório, propaga via axônio. Axônio é responsável pela condução do estímulo e se o estímulo for excitatório ele promove a liberação dos neurotransmissores. No decorrer do neurônio a propagação é elétrica e entre neurônios é propagação química com neurotransmissores. Neurotransmissor vai atuar na membrana do neurônio pós sináptico e vai promover uma abertura de canais, o que gera fluxo iônico e uma resposta do neurônio pós sináptico. - O processo químico de interação entre os neurônios e entre os neurônios e células efetoras acontecem na terminação do neurônio, em uma estrutura chamada sinapse – libera substâncias químicas chamados neurotransmissores, que ligam-se aos receptores químicos do neurônio seguinte e promove mudanças excitatórias ou inibitórias em sua membrana. - Se o neurotransmissor vai estimular o neurônio pós sináptico, ele precisa abrir a membrana com um canal iônico para gerar um fluxo iônico e gerar uma resposta elétrica para ser propagado. - 0,5 milissegundos é o tempo que demora para liberação do neurotransmissor e ação dele na membrana pós sináptica. O que mais demora é a entrada do cálcio que promove a extrusão da vesícula com o neurotransmissor. - A resposta da liberação do neurotransmissor é imediata. Quando o neurotransmissor é liberado na fenda a resposta ocorre naquele momento. Quando o objetivo farmacoterapêutico é uma neuromodulação (alteração na estrutura do neurônio), isso pode ser feito em um maior tempo. Importante para entender um tratamento com antidepressivo. A ação do medicamento sempre é imediata, mas não necessariamente da forma como precisa. A partir do momento que começa a tomar um antidepressivo, a pessoa já começa a liberar serotonina na fenda sináptica imediatamente, por exemplo. Mas o tratamento, com um efeito neuromodulador, vai demorar de 15 a 20 dias para ocorrer. Um fármaco antidepressivo não pode utilizar no resto da vida. - Farmacologia e dividida com o tipo de neurotransmissor. ❖ NEUROTRANSMISSORES DO SNC: ▪ ACETILCOLINA E NORADRENALINA – envolvidos principalmente na sinalização do SN autônomo periférico. Mas também tem funções a nível de SNC. Se a medicação tem efeito noradrenérgico no SNC, o efeito não será restrito ao SNC, ela também vai atuar na periferia e gerar efeitos periféricos. Ex.: uso de Venvance em que a pessoa tem taquicardia e fica mais agitada, é a ação da noradrenalina na periferia. Acetilcolina no SNC entra mais em efeitos colaterais, muitas medicações tem ação antimuscarínica, inibindo a atividade da acetilcolina no SNC e na periferia. O Alzheimer utiliza alguns agentes com atividade colinérgica, pois a acetilcolina está envolvida na manutenção da memória recente. ▪ AMINOÁCIDOS NEUROTRANSMISSORES: *GLUTAMATO – neurotransmissor excitatório. Alguns agentes atuam com bloqueio do glutamato no SNC (antagonistas glutamatérgicos). Glutamato em excesso pode causar neurotoxicidade. Não existe agonista glutamatérgico. Antagonistas Glutamatérgicos são utilizados no tratamento de epilepsia, por exemplo. *ASPARTATO – excitatório. Não é moduladado farmacologicamente. *GABA (ácido Gama Aminobutílico) – principal aminoácido com atividade inibitória no SNC. A ativação dele é utilizado em fármacos que querem inibir o SNC. Fármacos ansiolíticos, hipnóticos, anestésicos gerais – Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 3 são fármacos agonistas do Gaba, potencializam a inibição. ▪ AMINAS BIOGÊNICAS: *DOPAMINA – no SNC tem as vias dopaminérgicas (mesolímbica, mesocortical, tuberoinfundibular, nigroestriatal), envolvidas desde o controle motor, sistema límbico, componente hormonal. Dopamina na periferia tem atividade vasodilatadora em quantidades menores. Em grandes quantidades ativa receptor beta e promove vasoconstrição. Pode utilizar a dopamina como agente cardiotônico. *ADRENALINA – atua mais na região periférica. Não tem muita participação no SNC como a noradrenalina. *HISTAMINA – várias medicações que induzem sonolência (que não são benzodiazepínicos) por antagonizar o receptor H1 no SNC. Entra na parte de efeito colateral. Medicações com ações anti- histaminérgicas – promovem sedação, ganho de peso. *SEROTONINA – neurotransmissor de ação no manejo da ansiedade. O tratamento da ansiedade é feito com antidepressivo, os benzodiazepínicos são utilizados para tratar no momento da crise (sintomáticos) e até o antidepressivo fazer efeito. Serotonina faz com que a pessoa fique menos vulnerável a impactos diários. Ex.: se a pessoa está com a serotonina elevada e recebe uma notícia ruim, impacta menos na pessoa e ela fica mais calma. ▪ PURINAS: *Adenosina *Trifosfato de Adenosina Tem atividade na sinalização, mas não atuam como neurotransmissores. ▪ ÓXIDO NÍTRICO - Temos substâncias que vão atuar como:*NEUROMODULADORES – tem efeito mais prolongado, faz uma neuromodulação. Ex.: quando faz um tratamento para depressão, deve motivar uma neuromodulação com efeito mais demorado. Há um aumento da densidade de receptores na membrana do neurônio, por exemplo. *NEUROTRANSMISSOR – vai ser armazenado na vesícula e vai ser liberado de forma rápida. Vai promover despolarização na membrana do neurônio pós sináptico de maneira rápida e eficiente. - SINAPSE – ponto de contato entre neurônio pré sináptico e pós sináptico. Há a liberação de neurotransmissor que na maioria das vezes vai ser reabsorvido pela membrana do neurônio pré sináptico, e vai ser degradado. No caso do Glutamato e do GABA, esses neurotransmissores também podem ser reabsorvidos pela célula da Glia (Astrócito) que também vai fazer metabolismo dessas substâncias. Importante isso, pois o glutamato em excesso pode ser neurotóxico e gerar convulsão. - O excesso de Glutamato pode gerar crise de convulsão. É um aminoácido excitatório. Há aumento de atividade elétrica do SNC e espalha mais potencial de ação. - Receptor tipo canal iônico e receptor associado a proteína G – a resposta do canal iônico é mais rápida que aquele associado à proteína G que gera respostas mais lentas. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 4 - BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA: Desafio para a passagem de fármacos para o SNC. Somente permite a passagem de moléculas apolares. Quanto mais apolar, maior a penetração da substância no SNC. Deve ser muito lipossolúvel, quanto mais lipofílico mais rápida e maior a penetração no SNC. Principalmente os anestésicos. Os anestésicos tem ele IV, inalatório. Inalatório, todo gás é muito lipossolúvel, passa muito rápido. Já os IV devem ser muito lipofílicos para que tenha um efeito primariamente no SNC. Alguns fármacos passam por alguns transportadores, mas requer ATP. ❖ NEUROTRANSMISSÃO GABAÉRGICA E GLUTAMATÉRGICA: - Correlacionados com o estudo de medicações ansiolíticas e hipnóticas. Fármacos que vão potencializar a transmissão Gabaérgica. Também correlacionado com o tratamento da epilepsia e neurotoxicidade. Potencializa a condução inibitória do SNC (gabaérgica). Epilepsia tem uma descarga generalizada do SNC. - Gaba e Glutamato são Neurotransmissores inibitórios e excitatórios, respectivamente. Regulam uma série diversificada de processos do comportamento, incluindo sono, aprendizagem (quanto mais descansa, maior a chance de captar informações), memória e sensação da dor. Quando inibe o SNC há uma sensibilidade menor à dor, Ex. com o uso da Gabapentina (medicação com ação na epilepsia, mas também utilizada no manejo de distúrbios dolorosos como na herpes zoster). - Tem medicamentos que são Antagonistas Glutamatérgicos e tem outros que são Agonistas Glutamatérgicos (excitatório). - As interações entre os canais iônicos, os receptores que regulam esses canais e os neurotransmissores de aminoácidos no sistema nervoso central (SNC) constituem a base molecular desses processos. - PEPS (Potenciais excitatórios): O neurotransmissor (NT) é EXCITATÓRIO – Glutamato. Aumenta a entrada de sódio na célula. Atua no canal iônico de sódio que se abre, entra sódio na célula, despolariza e a célula responde. - PIPS (Potenciais inibitórios): O NT é INIBITÓRIO – GABA. Atua no canal iônico de cloreto, e quando o gaba atua ele hiperpolariza a célula e deixa a membrana interna mais negativa. Aumenta a entrada de cloreto. Por isso fica inibida. - Fármacos que modulam a neurotransmissão GABAérgica incluindo os benzodiazepínicos e os barbitúricos, formam classes de fármacos de grande importância clínica. Barbitúricos foram os primeiros fármacos utilizados como hipnóticos sedativos, que causam uma depressão grande do SNC. Mas, a chance do paciente entrar em coma e morrer com o uso desses medicamentos é maior do que com Benzodiazepínico. Benzodiazepínico é extremamente seguro e os barbitúricos tem maior chance de óbito. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 5 Devido a segurança do benzodiazepínico eles são mais utilizados na rotina no tratamento de distúrbios ansiosos causados pelo aumento de noradrenalina, principalmente. - Em contrapartida, os agentes farmacológicos cujo alvo consiste na neurotransmissão glutamatérgica ainda continuam, em grande parte, experimentais. Mas atuam principalmente nas crises epiléticas. - Glutamato e Gaba são produzidos a partir do mesmo substrato que é o α-Cetoglutarato, a partir do ciclo de Krebs. Algumas substancias do metabolismo da Lipose são utilizadas para a síntese de alguns sinalizadores. α-cetoglutarato será convertido pela transaminase em Glutamato. Gluatamato sofre ação da enzima Gaba-desidrogenase que produz o GABA a partir do glutamato. A origem biossintética é a mesma. - GLUTAMATO: No neurônio que produz glutamato, o Glutamato vai ser armazenado em vesícula e aguarda um potencial excitatório para sua liberação. Atua nos receptores do tipo canal iônico e tipo proteína G. O Glutamato não pode ficar na sinapse muito tempo, o corpo tem que reabsorver pela célula Glial e pelo transportador da membrana do neurônio pré-sináptico. Degradado a nível intracelular. Receptores para o Glutamato: *Ligados à canal iônico: NMDA – potássio e cálcio – resposta lenta. Para que ele seja ativado ele precisa de uma ligação simultânea do glutamato e glicina e além disso deve ter uma passagem de potencial de ação pela membrana com a ligação do magnésio. Para ativar esse canal ele precisa da passagem do potencial de ação na membrana que faz com que se ligue uma molécula de magnésio, assim ele se abre. AMPA – sódio e potássio – resposta Rápida. CAINATO – sódio e potássio – resposta Rápida. O AMPA e o CAINATO, a medida que o Glutamato atua neles, eles simplesmente se abrem e promove a entrada de sódio, excitando a membrana do neurônio pós sináptico. *Ligados à proteína G: Nenhum fármaco atua em receptores ligados à proteína G. - GABA: As membranas celulares da maioria dos neurônios e astrócitos do SNC de vertebrados expressam receptores de GABA. Os fármacos que modulam os receptores de GABA afetam a reatividade e a atenção, a formação da memória, a ansiedade, o sono e o tônus muscular. A utilização de benzodiazepínico a pessoa fica mais lenta, mais aérea, dificuldade de raciocínio, diminui ansiedade e relaxamento muscular. Benzodiazepínico atua aumentando a transmissão Gabaérgica. Importante para o tratamento da epilepsia, insônia, ansiedade. Modulação da sinalização – importante para o tratamento da hiperatividade neuronal focal ou disseminada na epilepsia. Tratamento de insônia, ansiedade. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 6 Receptores GABAérgicos: *Ligados à proteína G *Ligados à canal Iônico: GABAa – mais importante que os fármacos agem. Fármacos potencializam esse canal, mantém ele mais aberto, aumentam a frequência de abertura desse canal fazendo aumentar a quantidade de cloreto entrando. Com a entrada de cloreto a membrana fica hiperpolarizada e a célula fica irresponsiva. O receptor Gabaérgico na membrana do neurônio tem vários tipos sítios de ligação. Tem ligação para os benzodiazepínicos (mesmo sitio de ligação de outra substancia – Fumazenil), tem outro sitio de ligação para os barbitúricos. Fumazenil é um ANTAGOSNISTA DE BENZODIAZEPÍNICOS. Compete com sítios de ligação de Gabaérgicos, o que é um antagonista. Consegue cortar o efeito dos Benzodiazepínicos utilizando o Fumazenil. Fármacos que atuam nos receptores Gabaérgicos – Álcool, Benzodiazepínicos, Barbitúricos,neuroesteróides e muitos anestésicos gerais. Fármaco Agonista do receptor GABAa são utilizados mais na fase experimental. Imita a psicose. Ex.: Muscimol. Fármacos Antagonistas competitivos dos receptores GABAa são substâncias convulsivantes. Se estou bloqueando a transmissão gabaérgica, está potencializando a transmissão Glutamatérgica. Para algumas patologias pode ser indicado. Induzem convulsão em um ambiente controlado por algum motivo. Fármacos Moduladores dos receptores GABAa que são os benzodiazepínicos (aumentam frequência de abertura do canal GABAa, potencializa a abertura do GABAa) e barbitúricos (aumentam eficácia do GABA, o canal fica mais tempo aberto, além de atividade bloqueando receptor glutamatérgico). No caso dos benzodiazepínicos faz com que tenhamos menos GABA para abrir o canal e o barbitúrico não precisa da presença do GABA para abrir o canal. Normalmente para que o canal se abra, precisa ligar dois GABA’s. Com o uso dos benzodiazepínicos, vai precisar somente de UM GABA para a abertura do canal, vai potencializar a ação do GABA. Mas, ele vai precisar de pelo menos um GABA para a abertura. Os Barbitúricos conseguem eles mesmos se ligar ao canal GABA e abri-lo, mesmo na ausência de GABA. Por isso ele tem um potencial tóxico maior quando comparado aos benzodiazepínicos. Benzodiazepínicos são utilizados como anticonvulsivante e ansiolíticos. ❖ MODULADORES DOS RECEPTORES GABA A: ▪ ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS Relato acima: quadro típico de ansiedade. - Há quadros de ansiedade fisiológicos, gera descargas de andrenalina. Mas o problema da ansiedade é quando ela não é fisiológica e compromete parte das atividades (não consegue dormir, não relaxa, não concentra, não fixa um assunto, etc.) Neste caso patológico, deve ser tratado. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 7 - Ansiedade: É um estado subjetivo de apreensão acompanhado por alterações psicofisiológicas (autônomas) e cognitivo subjetivas. Tem descarga noradrenérgica. Paciente não deve utilizar uma medicação noradrenérgica, pois vai potencializar o quadro de ansiedade. O que trata a ansiedade é reposição de Serotonina – Inibidor seletivo de recaptação de serotonina. Benzodiazepínicos são paliativos. - Pacientes apresentam medo persistente, excessivo e/ou irreal associado à: *Tensão muscular, *Queda de cabelo, *Bruxismo, *Concentração prejudicada, *Estimulação autonômica (aumento FC, aumento sudorese e tremores), *Sensação de catástrofe iminente ou agitação e *Insônia. - Também tem uma depressão conjunta com sintomas de ansiedade. - O que trata ansiedade é reposição de Serotonina. Uso de Inibidor Seletivo de Recaptação de Serotonina. - Benzodiazepínico (BZD) é um tratamento sintomático da ansiedade (tremor, insônia). Atividade sedativa e hipnótica. É um fármaco que induz dependência. Tarja preta. - Propriedade do fármaco fazer hipnose, induz o sono. Efeito sedativo é como se fosse ansiolítico. - Buspirona – atua em receptor serotoninérgico. Alternativa ao tratamento da ansiedade. Só tem efeito clínico satisfatório quando o paciente é virgem de fármacos que atingem SNC. Ex.: pacientes que nunca tomaram um ansiolíticos. Se o paciente já vem de um tratamento com benzodiazepínico ele vai relatar que a Buspirona não faz efeito. Indicado para pacientes que já tem histórico de abuso de substâncias e vícios. Não tem síndrome de retirada, não induz dependência. Tarja vermelha. Deve tomar de forma contínua. Efeito mais ansiolítico. - Antidepressivos alguns tem ação ansiolítica – devem ser inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Tarja vermelha. Ex. de Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina: SERTRALINA, FLUOXETINA, PAROXETINA, CITALOPRAM, ESCITALOPRAM, FLUVOXAMINA. Apesar de estarem na mesma classe, eles possuem efeitos adicionais específicos de cada um. - Antipsicóticos alguns podem utilizar no manejo da crise de ansiedade. Reduz agitação do paciente. Não é de uso crônico. Ex.: Haldol. - Antagonista do receptor beta adrenérgico – Propanolol. Atua no SNC, diminui efeito periférico da ansiedade. - Zolpidem – criado a partir de uma série de compostos que foram obtidos dos BDZ. Composto Z. É um fármaco mais seletivo. Medicação indutora de sono, não tem capacidade de sedar. Paciente dorme mais rápido. - Anti-histamínicos de primeira geração (hidroxizina, difenidramina, prometazina), atuam no receptor histaminérgico e diminuem o estado de vigília. O problema é o efeito residual. A sonolência fica por todo o dia, efeito de ressaca. Ex.: Dramim. ➢ BENZODIAZEPÍNICOS: Efeitos sedativos, hipnóticos, miorrelaxantes, amnésicos e ansiolíticos. Alteram todos os parâmetros envolvidos nos distúrbios ansiosos. Em doses altas, podem causar hipnose e inconsciência profunda. Podem causar amnésia anterógrada, não lembra de nada que ocorreu após aplicação do medicamento. Sintoma mais específico do Midazolam. Utilizado muito em endoscopia. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 8 São moduladores alostéricos, potencializam a ação do GABA no receptor GABAa. Aumenta o influxo de cloreto. Normalmente precisa da ligação de 2 GABA’s para ativar o receptor, e com o uso do BDZ precisa somente de 01 GABA para ativar. Ligando menos GABA no receptor, sobra mais GABA para ativar mais receptores. Potencializa. Ex: se tinha 10 GABA’s para ativar 5 receptores, com o uso de BDZ 10 GABA’s conseguem ativar 10 receptores. BDZ é um modulador alostérico do receptor GABAa. É uma medicação muito segura. Dificilmente o paciente vai ter insuficiência respiratória com o uso. - Efeitos Farmacológicos dos BDZ: *Redução da ansiedade: Inibir as sinapses no sistema límbico. Ex.: Diazepam (tratamentos mais prolongados) e Alprazolam (Síndrome do Pânico). Alprazolam é muito utilizado na ansiedade devido ao seu tempo de ação, meia vida. Consegue ser indutor de sono e manter a ação por aproximadamente 8h. Bom para síndrome do pânico. Diazepam é um dos mais fortes. Quando é metabolizado, o metabólito continua ativo e dura mais tempo. *Sedativos e Hipnóticos: Usados para distúrbio do sono (reduz o tempo de indução do sono e o número de despertares noturnos e aumenta a duração do sono). Ex.: Flurazepam (Dalmadorm®), Temazepam, Triazolam, Clonazepam (Rivotril). *Anticonvulsivante: Usados no tratamento da epilepsia e outros distúrbios convulsivos. Ex.: Diazepam e Clonazepam Paciente que tem epilepsia, se a crise passar de 2 a 3 min já entra em um estado de emergência que deve intervir. E dessa forma deve utilizar fármacos como os BDZ com administração parenteral. *Relaxante Muscular: Usados no tratamento de espasmos da musculatura esquelética (ex.: na distensão muscular) e no tratamento da espasticidade de doenças neurodegenerativas (ex.: esclerose múltipla e paralisia cerebral). Ex.: Diazepam. Potencial de desenvolvimento de tolerância, dependência e adição, seu uso deve ser intermitente. O BDZ promove tolerância e se fizer o uso contínuo vai perceber que vai necessitar de aumento de dose. Tríade da Dependência: *Tolerância, maior a necessidade de utilizar a substância *Dependência Química *Dependência Psíquica Efeito colateral muito comum com o uso contínuo é a tolerância. Por isso somente deve ser utilizado o tempo necessário para tratamento. Frequentemente usadas como sedativos para procedimentos desconfortáveis e de curta duração associados a dor aguda mínima, como a endoscopia. Ex.: Midazolam. Uso em endoscopia, procedimentos cirúrgicos como pré- anestésico, faz com que use uma menor dose de anestésico.Os sedativos diferem quanto à sua velocidade de início, duração dos efeitos e tendência a causar insônia de rebote quando suspensos. O uso vai depender das características, por exemplo uma substancia que é indutora de sono ela deve ter início de ação mais rápido. Se for utilizado para a ansiedade o ideal é que tenha uma meia vida maior. Os fármacos e os metabólitos terão interações medicamentosas. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 9 Os BDZ são metabolizados pela CYP3A4, então os fármacos que agem inibindo a CYP3A4 irão interferir, inibem o metabolismo então aumenta a quantidade de BDZ plasmático, aumentando seu efeito. Ex.: Fenitoína, Carbamazepina, Cimetidina, macrolídeos, Azitromicina, cetoconazol, fluconazol, amiodarona, etanol. Os fármacos que induzem CYP3A4 diminuem a resposta do BDZ, vai ser metabolizada mais rápido e diminuindo o nível plasmático mais rápido. Ex.: Rifampicina, Omeprazol, Nifedipina. Alguns fármacos vão alterar a biodisponibilidade e a atividade dos BDZ conforme a idade, pois são substancias que precisam de metabolismo plasmático. Meia vida do BDZ, principalmente o Diazepam, varia com a idade do paciente. Diazepam o metabólito dele permanece em atividade, por isso é mais ele. BDZ normalmente não deve ser utilizado na infância. Na criança pode desenvolver efeito contrário, ela pode ficar mais agitada, pois vai metabolizar mais. Recém-nascido a idosos tendem a metabolizar menos, com efeito mais pronunciado. BDZ em recém nascidos, por exemplo, utilizados mais em procedimentos anestésicos. A escolha do BDZ depende do objetivo terapêutico e depende da característica farmacocinética de cada um. Fármacos com meia vida mais curta não é ideal para ansiedade, é melhor para induzir sono, por exemplo. Efeitos Adversos: Amnésia anterógrada (não lembra do que ocorreu após o uso da medicação – nem todos fazem esse efeito), sedação excessiva (quanto maior a dose, maior a sedação – ideal começar com doses menores), ataxia (diminuição da resposta). Raramente provocam morte, a não ser que sejam administradas junto com outros fármacos ou substâncias, como etanol, depressores do SNC, analgésicos opioides ou antidepressivos tricíclicos. Dificilmente entra em PCR com o uso sozinho. A superdosagem de benzodiazepinas pode ser revertida pelo uso do antagonista Flumazenil. Chance de ter síndrome de retirada na interrupção do uso. Deve fazer o desmame de maneira gradual e não pode retirar de forma abrupta. Principais sintomas após a interrupção do uso (Síndrome de Abstinência): *Comuns: Ansiedade, Insônia, Irritabilidade, dores musculares, fraqueza, tremor e perda de apetite. *Menos comuns: Náuseas, depressão, visão turva e fadiga. *Raros: Confusão, delírio, psicose e convulsões. BDZ produz dependência, mas não produz vício. Quando o medicamento tem ação de dependência, tem ação no centro Acumbens – dopaminérgica. ➢ BUSPIRONA É um agonista parcial do receptor serotoninérgico 5HT1A. Além disso, também tem atividade dopaminérgica. Atua em receptor serotoninérgico. Atua na ansiedade por ter uma quantidade grande de receptores 5HT1A nas regiões de ansiedade (amigdala). Buspirona é um fármaco para ser utilizado no tratamento dos distúrbios ansiosos. É um ansiolítico de efeito a longo prazo. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 10 Útil no tratamento de distúrbios ansiosos gerais e sua eficácia é comparável à dos BZDs. Mecanismo de ação: Acredita-se que o principal mecanismo ocorra pela interferência na via serotoninérgica (neurotransmissor é a serotonina). Demora mais para fazer efeitos do que os BDZ, então no início os BDZ têm efeito mais agudo e mais rápido. Após 16 semanas (uso mais crônico) a Buspirona tem um efeito equivalente aos BDZ. Utilizada em episódios que não envolve situações agudas. Não deve ser utilizada na síndrome do pânico, por exemplo. Demora para fazer efeito. É alternativa para um paciente que tem quadro ansioso cronificado, que não fez uso de BDZ até aquele momento e que não tem episódios de surtos. Paciente não pode ser usuário de BDZ, pois ele não irá se adaptar à terapia com Buspirona relatando que não estará fazendo efeito. Buspirona não tem efeito equivalente ao BDZ. Não produz efeito de amnesia anterógrada, não tem efeito de miorrelaxante. Buspirona tem ação antidepressiva, atua em receptor serotoninérgico tipo 5HT1A. Vantagem da Buspirona: quando retira a medicação não induz tolerância e não causa crise de rebote. Não causa dependência. Bom para aquele indivíduo que já tem histórico de vício em outras substâncias. Por ser um agonista parcial de receptor serotoninérgico, ela pode ter interação com substancias serotoninérgicas, o que pode potencializar. Cuidado para não ter a síndrome serotoninégica. Efeitos Adversos: Inquietação, insônia, náuseas (efeito comum de medicação com efeito no receptor serotoninérgico, há muitos receptores no TGI), vertigem. Vantagens da Buspirona em relação aos BZD: *não causa sedação – medicação que não tem ação hipnótica. *não causa descoordenação motora *não há efeitos de abstinência *não potencializa o efeito depressor do álcool BDZ é extremamente seguro, mas se for utilizada junto com outros medicamentos que causam depressão respiratória, o paciente pode entrar em episódio de depressão respiratória. Buspirona não tem esse efeito de potencializar igual aos BDZ. ➢ BARBITÚRICOS Primeiros sedativos hipnóticos utilizados. Estão sendo gradualmente substituídos pelos BDZ no tratamento de ansiedade e insônia, pois os BDZ são mais seguros. Atua em receptor GABA e inibe receptor glutamatérgico. Depressão muito grande do SNC. BDZ não se liga a receptor GABA na ausência de GABA, ele somente ajuda o gaba fazer efeito. É um modulador alostérico. Os Barbitúricos agem mesmo sem ação do GABA, tendo uma depressão muito mais intensa e com maior chance de neurotoxicidade. Barbitúricos tem ação antiepiléticos, principalmente o Fenobarbital (Gadernal), ele deprime menos o SNC. Mas, a principal utilização de grande parte dos Barbitúricos é como anestésicos. Também podem agir como sedativos, anestésicos e hipnóticos. Depende da capacidade farmacocinética. Tiopental é utilizado como anestésico. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 11 Os barbitúricos anestésicos Tiopental, Pentobarbital e Metoexital atuam como agonistas nos receptores GABAa e também como potencializadores da resposta dos receptores ao GABA. Reduzem a excitabilidade neuronal basicamente por aumentar a inibição mediada por GABA via receptores GABAa. Causa sedação, amnesia e perda de consciência. Nos neurônios motores da medula espinhal relaxa os músculos e suprime os reflexos. Os barbitúricos anticonvulsivantes, como o fenobarbital, produzem agonismo muito menos direto sobre os receptores GABAA. A principal ação dos barbitúricos consiste em potencializar a eficácia do GABA ao aumentar o tempo de abertura dos canais de Cl. Ele permite que o canal de cloreto se abra mais vezes e além disso aumenta o tempo de abertura dele, o que aumenta a entrada de cloro. Potencial de causar depressão respiratória rapidamente. Cortam o reflexo respiratório ao acumulo de CO2. Barbitúricos não tem antídoto. Barbitúricos reduz a excitabilidade neuronal. Ele faz com que o receptor gabaérgico se abra mais vezes com influxo maior de cloreto. E além disso faz com que esse receptor fique aberto por mais tempo. Depressão intensa. Além de atuar nos receptores gabaérgicos, os Barbitúricos atuam diminuindo a ativação doreceptor Glutamatérgico, de canal iônico. Receptor AMPA pelo glutamato. São lipossolúveis, fácil acesso ao SNC. Tiopental, metoexital e pentobarbital são usados para indução da anestesia geral. Depressão respiratória muito mais intensa. Barbitúricos como o Fenobarbital atuam como antiepilépticos efetivos. As enzimas do citocromo P450 que metabolizam os barbitúricos são CYP3A4, CYP3A5 e CYP3A7 Substâncias que induzem a CYP3A4 podem interferir no metabolismo dos barbitúricos. Ex.: Cimetidina, Fenitoína, Carbamazepina. Se induzem, vão fazer com que a enzima trabalhe mais rápido e assim metaboliza mais o Barbitúrico e diminui a concentração dele na circulação. Diminui a ação. O uso crônico de barbitúricos supra regula acentuadamente a expressão dessas enzimas, acelerando, dessa maneira, seu metabolismo (e contribuindo para o desenvolvimento de tolerância) e de outros substratos dessas enzimas. O próprio uso do Barbitúrico aumenta a ação das enzimas CYP3A4. Substâncias que inibem a CYP3A4, como o Cetoconazol, também vão interferir no metabolismo. Vão aumentar o efeito do medicamento. O barbitúrico também pode aumentar o metabolismo de outros sedativos/hipnóticos, bem como de benzodiazepínicos, fenitoína, digoxina, contraceptivos orais, hormônios esteróides, sais biliares, colesterol e vitaminas D e K, embora a presença simultânea de barbitúricos com esses agentes, diminuem a sua biotransformação. Interação com Fenitoína, com BDZ, Digoxina, contraceptivo oral (diminuição da eficácia). Efeitos Adversos: Principal efeito é a depressão do SNC, com depressão respiratória. Altas doses pode provocar depressão fatal respiratória do SNC. São substâncias utilizadas para anestesia, induz estado anestésico e antes disso há uma depressão respiratória. Administração concomitante de barbitúricos e de outros depressores do SNC, frequentemente o etanol, resulta em depressão do SNC mais grave que a causada por barbitúricos isoladamente. ➢ ETOMIDATO, PROPOFOL, ALFAXALONA Fármacos que atuam em receptor GABAa também são utilizados como anestésicos. Utilizados para indução da anestesia geral. Atuam basicamente nos receptores GABAa, utilizados como anestésicos. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 12 Etomidato é um anestésico geral, é uma substância que é sedativo e hipnótico com propriedades anestésicas. Induz anestesia em pacientes hemodinamicamente instáveis. Muito bom para parte cardiovascular. Mas tem alguns efeitos colaterais que limitam a terapia. Propofol é amplamente utilizado para indução da anestesia. Uma das mais utilizadas na anestesia. Potencializa o receptor GabaA que deprime o SNC, induz influxo de cloreto. Se redistribui menos, fica mais retido no SNC, dessa forma o paciente reverte rapidamente. Alfaxalona é um esteroide neuroativo, que raramente é utilizado na prática clínica. Na imagem acima: Efeitos de BDZ e Barbitúricos sobre a atividade dos receptores GABAa. GABA em baixa concentração, se der um Midazolam ao paciente, ele vai conseguir potencializar a ação do GABA. Mais potente para inibir o SNC. Alta dose de Fenobarbital consegue fazer com que entre mais rapidamente cloro do que Midazolam (BDZ). Ação mais rápida e efetiva. BDZ demora mais por depender da presença do GABA. ➢ MELATONINÉRGICOS – Ramelteon Trata se de um agente agonista com alta seletividade para receptores de melatonina MT1 e MT2 – Indução do sono e regulação do ciclo vigília-sono. Normalmente produzimos melatonina fisiologicamente a noite para induzir o sono e tem o cortisol que contrapõe a ação da melatonina. O cortisol faz o despertar, ativa metabolismos de lipídios, carboidratos, proteínas, etc. Cortisol produzido pela manhã e com o anoitecer tende a diminuir o nível de cortisol e passa a produzir melatonina para induzir sono. Essas substâncias serão agonistas dos receptores da melatonina (MT1 e MT2), induzindo o sono. Poucos efeitos colaterais. É uma substância produzida endogenamente. Melatoninérgicos são metabolizados pela CYP1A2 e pela CYP3A4. É metabolizada pela CYP1A2. Quando combinada com algumas substancias, pode ter interação medicamentosa. Fluvoxamina (inibidor seletivo da recaptação de serotonina), quando combinada com agente Melatoninérgico pode ter alteração do metabolismo. Assim como também em combinação com outros inibidores da CYP1A2, tais como Ciprofloxacino e Norfloxacino. Dessa forma interagem com a CYP1A2 que podem interferir no metabolismo. Aumentam o metabolismo da substância Melatoninérgica. Cetoconazol e fluconazol ou indutores tais como Rifampicina, Carbamazepina ou barbitúricos devem ser evitados. São indutores da CYP3A4, aumentam o metabolismo dos melatoninérgicos. Ausência de potencial para indução de insônia de rebote, sintomas de abstinência, potencial para abuso e/ou dependência, comprometimento cognitivo ou motor. ❖ RECEPTORES DE GABA B: Receptor GABAb é acoplado à proteína G. Tem ação inibitória. Após ativação do receptor GABAb vai gerar abertura do canal de potássio. Para hiperpolarizar a membrana do neurônio (normalmente face interna negativa) retirando carga positiva (ex.: potássio) ou colocando carga negativa (ex. cloreto). O receptor acoplado à proteína G – receptor GABAb, induz uma irresponsividade da célula a partir do momento que a subunidade alfa promove a abertura do canal de potássio, tendo ação inibitória. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 13 ➢ BACLOFEN É utilizado primariamente no tratamento da espasticidade associada a doenças dos neurônios motores (por exemplo, esclerose múltipla, ELA) ou de lesão da medula espinhal. Consegue diminuir a rigidez muscular que alguns estados patológicos geram. Observações clínicas sugerem que ele também modula a dor e a cognição. Receptor GABAb está em maior quantidade na musculatura, dessa forma quando ativado promove relaxamento da musculatura. São medicamentos paliativos, normalmente. Melhoram a qualidade de vida do paciente. ❖ USOS DE DROGAS SEM PRESCRIÇÃO QUE ALTERAM A FISIOLOGIA DO GABA ➢ ETANOL Não é um fármaco. Atual como ansiolítico e sedativo. Efeitos sobre múltiplos alvos, incluindo os receptores GabaA e glutamato. Interage de modo sinérgico com outros sedativos, hipnóticos, antidepressivos, ansiolíticos, anticonvulsivantes e opioides. Convulsão é uma hiperexcitabilidade do SNC, então o tratamento deve deprimir. Se associar com o álcool vai deprimir além do que deveria. ❖ CONVULSÃO: A convulsão pode ser caracterizada por uma alteração transitória do comportamento, ativação desordenada, sincrônica e ritmada. Causada por um curto circuito do SN. Neurônios manifestam de maneira exacerbada, se despolarizam de maneira exacerbada gerando manifestação clínica periférica. Principal causa da convulsão é a descarga local rápida e excessiva dentro do SNC. A manifestação clínica vai ser correlacionada com a parte do SN que está sendo afetada. Pode ser focal (parcial) ou pode ser generalizada acometendo todo o SNC. Pelo menos 10 a 20% da população pode desenvolver episódios convulsivos alguma vez na vida. Ex.: indivíduo com hipoglicemia pode convulsionar por falta de glicose. Indivíduo com febre muito alta, comum em crianças. O que gera o processo convulsivo será a rapidez com que a temperatura será aumentada. Distúrbios hidroeletrolíticos podem causar convulsão – ex. Hiponatremia, hipocalcemia. Traumas em acidentes pode gerar convulsão. Convulsão é uma manifestação isolada. Não necessariamente a pessoa será diagnosticada com Epilepsia. Muitas vezes essa convulsão não precisa ser tratada,somente corrigida naquele momento. ❖ EPILEPSIA: Indivíduo tem dois episódios convulsivos em mais de 24h, intervalo maior de 24h. Episódios repetidos. Se for em um tempo menor, o paciente ainda pode estar tendo o evento devido aquele distúrbio de base que está gerando a convulsão (ex.: febre alta). Ex.: paciente teve AVC isquêmico há um tempo atrás e começa a ter episódios convulsivos, ela será diagnosticada com epilepsia. Devido ao AVC pode ter desenvolvido uma área irresponsiva no SNC. Epilepsia é a doença e a convulsão é o sintoma. Distúrbio da função cerebral caracterizado pela ocorrência periódica e imprevisível de convulsões. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 14 Segundo distúrbio neurológico mais comum, depois do AVE (0,8% da população). Sinais e sintomas determinados pelo sítio (foco) e pela propagação da atividade anormal. Ex. tem pessoas que a convulsão acomete somente um braço, outros somente com distúrbios visuais, ou alterações olfativas. Pode começar focal e se propagar para uma crise generalizada. Epilepsia é uma doença crônica que não tem cura. Se a pessoa tiver uma crise de convulsão isolada, deve aguardar. Se passar de 5 min a pessoa já entra em um estado não epilético e deve intervir e entrar com medicação, pois pode causar danos neuronais. Principal medicamento utilizado é o Diazepam (IV ou retal. Não deve ser dado via IM pois a absorção por essa via não é constante). Como segunda opção seria o Midazolam. Mas no geral as crises duram 30s a 3-4min no máximo. Causas Prováveis: *Infarto cerebral *Tumor *Infecção – sepse *Trauma *Doença degenerativa *Distúrbios vasculares *Fatores genéticos Para desenvolver a epilepsia a pessoa tem uma condição genética para desenvolver. Pessoa epilética que chega convulsionando muitas vezes é devido ao não uso do medicamento. Pessoa epilética não tem cura, consegue somente diminuir os episódios convulsivos com o uso dos medicamentos. 70 a 75% das crises são tratáveis farmacologicamente. Principal medicação para tratar o episódio de convulsões é o Diazepam, via IV, via retal. Não pode ser dado via IM. Em segunda opção pode ser dado o Midazolam, via IM. ▪ Crises Parciais: Acomete uma parte do SNC. *Crises Parcial Simples (consciência não afetada): Pessoa sabe o que está acontecendo e está tendo a convulsão de um membro, por exemplo. Paciente mantém a consciência. Com sinais motores, com sintomas sensoriais ou somatossensitivos, com sintomas autonômicos, com sintomas psíquicos. *Crises Parciais evoluindo para crises Generalizadas secundariamente: Crises parciais simples evoluindo para crises generalizadas; crises parciais complexas evoluindo para generalizadas; crises parciais simples evoluindo para crises parciais complexas e subseqüentemente, para crises generalizadas. *Crises Parciais Complexas (com comprometimento da consciência): Início parcial simples progredindo para comprometimento da consciência; com comprometimento da consciência desde o início. ▪ Crise Generalizada: *Crise de Ausência (pequeno mal) – mais comum em crianças *Crises Mioclônicas *Crises Clônicas *Crises Tônicas *Crises Tônico-clônicas (grande mal) *Crises Atônicas *Formas combinadas Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 15 Na epilepsia há diminuição da atividade sináptica inibitória, aumento da atividade sináptica excitatória, controle da excitabilidade da membrana neuronal e da permeabilidade iônica. Há aumento da permeabilidade aos íons. Os medicamentos que vão atuar na crise epiléptica vão atuar aumentando a atividade sináptica inibitória, diminuindo a atividade sináptica excitatória. A maior parte dos fármacos atuam em canal iônico, em canais de sódio e cálcio. ▪ ANTICONVULSIVANTES: Mecanismo de Ação: potencializa a transmissão GABAérgica. Bloqueio dos canais iônicos de sódio e cálcio. Antagonismo da transmissão glutamatérgica. Quando fármaco bloqueia o canal de sódio, mantém ele mais tempo em estado inativado. Esse fármaco que atua em canal em iônico tem preferência pelos canais que despolarizam mais vezes. Fenitorina, Carbamazepina principalmente atuam em canal de sódio. Se não entra sódio, o neurônio não despolariza, não consegue fazer exocitose de neurotransmissores e consequentemente não terá ação excitatória. Os fármacos que atuam no canal de cálcio talâmico, tipo T, de ativação mais lenta. Ex.: Etossuximida e Ácido Valpróico. Crise de ausência inicia no Tálamo, propaga e atinge o córtex. Nos neurônios talâmicos tem o canal de cálcio tipo T de ativação mais lenta. Então para o fármaco ter ação em crise de ausência, ele precisa ter ação nesse tipo de canal de cálcio talâmico. Deve ter lipossolubilidade suficiente para chegar no SNC e com preferência no tálamo. Alguns fármacos não podem ser utilizados na crise de ausência, como a Fenitoína, pois pode piorar. Os mais utilizados dessa classe são Fenitoína, Ácido Valpróico, Carbamazepina e Fenobarbital. ➢ FÁRMACOS QUE AUMENTAM A INIBIÇÃO MEDIADA PELOS CANAIS DE SÓDIO: FENITOÍNA, CARBAMAZEPINA, LAMOTRIGINA, LACOSAMIDA e ÁCIDO VALPRÓICO Mecanismo de Ação: Bloqueio de canais iônicos de sódio e cálcio. Atuam em crise focal e que progride para crise generalizada. Na crise de ausência que tem disparos mais rápidos eles não são utilizados, exceto o ácido valpróico. *FENITOÍNA: É um dos primeiros fármacos que foram utilizados no tratamento das crises convulsivas. Atua no canal de sódio inibindo a geração de potenciais de ação repetitivos. Se liga ao canal de sódio no estado inativo. Ligação muito grande com proteínas plasmáticas (95% ligam-se à albumina plasmática). A medida que vai aumentando a dose, ele vai se ligando às proteínas plasmáticas. Chega um momento que aumenta a concentração e há saturação de ligação às proteínas plasmáticas. Quando aumenta 10mg a dose (por exemplo), vai duplicar a dose. O efeito clínico é muito maior. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 16 A partir do momento que há saturação, vai ter aumento de fármaco na fração livre, aumentando muito o efeito, não sendo proporcional. Importante em pacientes que tem problema na quantidade de proteínas plasmáticas, ex.: pacientes renais e hepáticos. Fenitoína pode ser dado via IV. Um dos fármacos utilizados na emergência em estados epiléticos. Deve ser suspenso em soro fisiológico, não pode soro glicosado. A molécula da Fenitoína é incompatível e pode precipitar no soro glicosado. Deve ter um acesso somente para ela, não pode utilizar o mesmo acesso de outros medicamentos. Se o acesso sai da veia e tem contato com o tecido, o medicamento pode causar uma reação inflamatória e até necrosar aquele tecido muscular. Efeitos Adversos: Ataxia (movimentos musculares descoordenados), vertigem, hipertrofia gengival (é irreversível), hirsutismo, anemia megaloblástica (carência de vitamina B12 e ácido fólico – pode gerar alteração da absorção de vitamina B12), malformação fetal (não deve ser dado para gestante, mas deve avaliar risco/benefício), reações de hipersensibilidade. Visão turva, diplopia e alargamento dos lábios e nariz estão associados em alguns pacientes com o uso prolongado da droga. Bloqueadores de Canal de cálcio, principalmente o Nifedipino, pode causar Hipertrofia gengival, portanto se associar, pode ter maior chance. Não deve associar com BCC’s. Efeitos associados ao isso prolongado: Neuropatia periférica, linfadenopatia, hiperplasia linfoide, parestesias, visão turva, diplopia, alargamento dos lábiose nariz. Interação Medicamentosa: Fenitoína é um importante fármaco indutor enzimático CYP3A4. Atua induzindo as enzimas do citocromo P450 o que faz interagir com outros fármacos. Fármacos que inibem o sistema P450 como Cloranfenicol, Cimetidina Dissulfiram e isoniazida, aumentam as concentrações plasmáticas de Fenitoína. Esses fármacos diminuem a metabolização da Fenitoína e dessa forma ela fica mais disponível. Carbamazepina induz o sistema P450 hepático, ela induz o metabolismo dela mesma. Carbamazepina pode induzir o metabolismo da Fenitoína e diminui efeito. Fenitoína tem capacidade de induzir o sistema P450 hepático – aumenta o metabolismo – Interage com contraceptivos orais, Quinidina, doxiciclina, ciclosporina, metadona e levodopa. Ex.: Paciente com Parkinson que utiliza Levodopa, ela vai ter uma biodisponibilidade pequena com o uso de Fenitoína. Deve orientar a utilizar medidas contraceptivas adicionais quando em uso de Fenitoína e contraceptivos orais. *CARBAMAZEPINA: Mecanismo de ação igual à Fenitoína, se liga à canais de sódio que se mantém em estado inativado. Bloqueia o canal de sódio. Mecanismos celulares: atividade anticonvulsivante de maneira semelhante à da Fenitoína. Atua bloqueando canal de sódio em estado inativado. Tem ação glutamatérgica. Utilizados em crises focais e principalmente para evitar a propagação da crise focal. É um indutor enzimático muito intenso e forte que pode induzir o metabolismo dela mesma. Ela acaba sendo o próprio substrato da enzima. Devido a isso, para que consiga ter o efeito pleno da Carbamazepina, deve ter utilização de pelo menos um mês. Pega bastante tipos de crises, muito utilizada. Vários processos de convulsão. Crises parciais, mistas, generalizadas. Não pega a crise de ausência. Aplicabilidade além de crise convulsiva. Pega transtorno bipolar, dor neuropática (primeiro fármaco para neuralgia do trigêmio). PRIMEIRA ESCOLHA PARA TRATAMENTO DA NEURALGIA DO TRIGÊMIO. Quando pensa no processo de transmissão da dor, a chega do impulso no SN tem a percepção da dor. A Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 17 carbamazepina diminui o fluxo iônico e assim diminui os impulsos no SN. Dor neuropática não adianta utilizar outros medicamentos para dor como AINES, por exemplo. Muitos anticonvulsivantes trabalham no controle de transtornos bipolares (alterações de humor). Indivíduo oscila entre depressão e mania. A maior parte desses fármacos não conseguem atuar nas duas fases da doença e por isso faz muita conjugação de substâncias. Anticonvulsivante deprime o SNC, utilizado na fase de mania. Tomar cuidado para retirar o anticonvulsivante de pessoa que tem epilepsia. Escolha para as convulsões focais – supressão dos focos convulsivos e na prevenção da propagação da atividade. É um indutor enzimático muito forte e por induzir o metabolismo dela mesma. Se a enzima trabalha mais, ela metaboliza mais e diminui a concentração do nível sérico do substrato que ela utiliza. No caso ela diminui a meia vida desse medicamento utilizado como substrato. Então ela vai interferir no metabolismo de outros fármacos também. Auto indutor enzimático → ± um mês para obtenção de uma concentração plasmática estável. Depois de um tempo que ela terá o seu efeito pleno. Não é uma medicação que prescreve e o paciente já tem uma melhora espontânea. Pode ser associada com outros anticonvulsivantes. Não é utilizada para crise. Alguns dos efeitos adversos da Carbamazepina estão relacionados ao comprometimento cerebelo vestibular. Paciente vai ter tontura, compromete movimento, atrofia de cerebelo (fenitoína também pode gerar essa atrofia de cerebelo). Efeitos Adversos: Ataxia (15% dos pacientes), sedação, visão turva, retenção de água, reações de hipersensibilidade (vermelhidão é o mais comum, mas também pode ocorrer síndromes dermatológicas raras), é possível desenvolver Síndrome de Stevens Johnson (não é comum), leucopenia (benigna – importante o leucograma inicial), insuficiência hepática (rara – importante acompanhar as enzimas hepáticas). Anemia Aplásica e Agranulocitose são efeitos adversos muito raros, mas podem ocorrer. Importante fazer análise laboratorial antes do início do uso para comparação e controle. Pode gerar Hiponatremia, o que pode ocorrer sintomas clínicos pois o corpo pode tentar compensar isso e ter sintomas neurológicos. Pode gerar algumas alterações cardiológicas. Pode gerar arritmias por falta de equilíbrio do fluxo iônico. Diminui nível sérico de anticoncepcional. Problema, pois é contraindicado na gestação, se a mulher pretende engravidar não deve tomar Carbamazepina. Compromete a formação do tubo neural. Se não conseguir retirar, deve repor ácido fólico e acompanhar de perto essa gestante. Para diminuir a sedação quando ela for um problema adverso importante e que não seja necessária a sedação (comprometimento de atividades cotidianas), deve prescrever ela no período noturno (difícil pois deve ser tomado várias vezes ao dia) ou então em formulações de liberação controlada que elas têm menor efeito colateral de sedação e ganho de peso, paciente tem menos cansaço e sonolência. Carbamazepina pode ser utilizada principalmente para dor neuropática. Ex.: neuralgia do trigêmeo. Utilizada no manejo de crises dolorosas. Maior problema é a interação medicamentosa por ser um indutor enzimático muito potente. Sempre que for utilizar Carbamazepina deve fazer um hemograma por poder causar leucopenia. Importante ter um valor de base para comparação. Fazer avaliação hepática, renal e exames de tireoide. Fazer avaliação laboratorial pelo menos a cada 6 meses por poder causar alteração em todo o perfil bioquímico e hematológico. Criança pode fazer o uso de Carbamazepina. Carbamazepina tem aplicabilidade que vai além de crise convulsiva. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 18 Pega muito bem transtorno bipolar, dor neuropática (neuralgia do trigêmeo), transtornos convulsivos. Na transmissão da dor, a dor vem de um neurônio que está na periferia, vai fazer sinapse no corpo dorsal da medula para ser enviado ao SNC. A chegada desse impulso no SNC e percepção da dor. O anticonvulsivante para diminuir esse fluxo iônico ele diminui a percepção do estímulo doloroso nervoso. Muitos anticonvulsivantes têm aplicabilidade no processo de controle de dor neuropática. Dor neuropática não adianta o uso de AINES, analgésicos, opioides. Principal problema da Carbamazepina é a presença das interações medicamentosas. É um indutor enzimático. Para conseguir ter um efeito esperado da Carbamazepina demora +- um mês e ter uma concentração plasmática estável. Uso junto com a Lamotrigina pode diminuir os níveis plasmáticos da Lamotrigina. *LAMOTRIGINA: Atua bloqueando os canais de sódio, assim como Fenitoína e Carbamazepina. Fármaco mais novo dentre os anticonvulsivantes. Não está disponível no SUS, utilização mais diminuída. Menos efeitos colaterais. Atua nas crises parciais, crises mioclônicas (mais comuns na infância – enrijecimento da musculatura), crises de ausência (atua também em canal de cálcio). Utilizado mais para tratamento de transtorno Bipolar, principal aplicação. Bipolar é aquele indivíduo que vai passar pelo episódio de mania, euforia e logo depois terá episódios depressivos. Fármaco para conseguir tratar deve conseguir agir tanto na fase de mania quanto na fase de depressão, muito difícil. Único medicamento que consegue mesmo estabilizar o humor do bipolar é o Lítio, no geral os outros fármacos atuam somente no episódio de mania ou somente no episódio de depressão.Bloqueio de canais de sódio dependentes de voltagem, especialmente os do tipo lento, bloqueando o disparo repetitivo de potenciais de ação. Inibição da liberação de aminoácidos excitatórios (glutamato e aspartato). Ação inibitória um pouco maior. Carbamazepina e Fenitoína bloqueiam somente canais de sódio, já a Lamotrigina, além de bloquear canais de sódio, também inibe a liberação de aminoácidos excitatórios. Bloqueia a liberação de glutamato e também inibe canal de sódio. Efetivo como monoterapia para crises parciais, crises de ausência e mioclônicas (em crianças). É uma alternativa para utilização na crise de ausência, mas não é primeira escolha (primeira escolha para crise de ausência é a Etossuximida e depois o Ácido Valpróico). Para atuar na crise de ausência, deve atuar no canal de cálcio. Bloqueador de canal de sódio e também bloqueador de canal de cálcio. Também utilizada no TRANSTORNO BIPOLAR – principal aplicação. Não tem efeito de sedação muito grande como os outros fármacos terão (Fenitoína e Carbamazepina). Todos os anticonvulsivantes podem representar um ganho de peso representativo, mas a Lamotrigina é um pouco menos. Bem tolerada por jovens e idosos. Alguns anticonvulsivantes, principalmente o Topiramato, pode gerar uma lentidão, dificuldade de formar palavras e de raciocínio, e a Lamotrigina não tem esse efeito, não tem essa alteração cognitiva. Em jovens, por estar em uma idade produtiva, o ideal é evitar o Topiramato devido a esses efeitos colaterais, sendo a Lamotrigina uma escolha. A concentração e meia vida da Lamotrigina são diminuídas com drogas indutoras do CYP3A4 (P450), como Fenitoína, Carbamazepina e Fenobarbital. Reduzem o nível sérico da Lamotrigina. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 19 A concentração e meia vida aumentam com drogas inibidoras enzimáticas, como o Ácido Valpróico. Aumenta a concentração da Lamotrigina. Fatores que aumentam a glucuronidação hepática, como o uso de anticoncepcionais orais e a gestação, também diminuem a concentração sérica da Lamotrigina. Pode ser utilizada na mulher em idade fértil, mas importante saber que o uso de anticoncepcional diminui os níveis séricos de Lamotrigina. Se retirar o anticoncepcional, a Lamotrigina vai aumentar seus níveis séricos e pode ter um efeito tóxico. Lamotrigina X Carbamazepina: interação farmacodinâmica (os dois medicamentos atuam em canais de sódio) – sinais de toxicidade, como tontura, diplopia, ataxia e nistagmo. Efeitos Colaterais: Mais graves são dermatológicos: erupções cutâneas leves, máculas, síndrome de Stevens Johnson em alguns pacientes. Risco de reação alérgica cutânea é maior em crianças, principalmente quando em associação com o Valproato (ácido valpróico). Pode causar insônia e irritabilidade. Pode exacerbar ou provocar mioclonias. Lamotrigina tem interação farmacodinâmica com a Carbamazepina e a chance de reação alérgica aumentada. Se paciente está utilizando Carbamazepina ou o Valproato, a Lamotrigina não é indicada para associar. Outra CONTRAINDICAÇÃO ao uso da Lamotrigina seria as crises Mioclonais, principalmente a crise Mioclonal juvenil. São crises ocasionadas por abalos musculares. Lamotrigina pode piorar essas crises e não deve ser utilizada nesses casos. ➢ FÁRMACOS QUE INIBEM OS CANAIS DE CÁLCIO: Há duas aplicações de canais de cálcio: *Inibem Canal de cálcio do tipo T (talâmico): especificamente utilizados no tratamento das crises de ausência. *Inibem Canal de cálcio ativado por alta voltagem: efeitos Pleiotrópicos. Embora sejam usados principalmente para o tratamento das convulsões focais com ou sem generalização secundária. Podem ser utilizados em crises generalizadas. Aplicação em crises de ausência. Ação mais geral, pois esse canal de cálcio é ativado por qualquer neurônio pré sináptico para que ele libere neurotransmissor na fenda. Não é tão especifico como só na crise de ausência. *ETOSSUXIMIDA: Fármaco de escolha para crises de ausência não complicadas. Não será utilizado em crise generalizada, crise secundária. Reduz as correntes do tipo T (corrente de cálcio mais lenta – presentes no tálamo) de baixo limiar de modo dependente da voltagem. Primeira escolha para as crises de ausência não complicadas. Efeitos Adversos: anorexia (alguns anticonvulsivantes podem gerar), ataxia, tontura, sonolência, cefaleia, soluço, distúrbios gastrointestinais (dor abdominal, diarreia, dor epigástrica), hipertrofia gengival (como a Fenitoína), náusea, vômitos, perda de peso, perda de apetite. Pode ter pancitopenia (diminuição das células), aplasia de medula. Deve fazer hemograma para controle. Paciente pode ter inquietação, fotofobia, cefaleia, soluço, reações de pele, alergias. Também pode apresentar a síndrome de Stevens Johnson. Anorexia é um efeito que alguns anticonvulsivantes podem gerar. Pessoa não terá apetite, perda de peso. Principal população que tem crise de ausência é a população pediátrica, importante no efeito de hipertrofia gengival que pode prejudicar o crescimento da dentição permanente. Interações Medicamentosas: Potencializa os efeitos do álcool e de outros medicamentos depressores do SNC (Ex.: antidepressivo tricíclico, opioide, BDZ, barbitúricos). Álcool é um depressor gabaérgico e, portanto, o uso com Etossuximida pode potencializar o efeito. Não deve ser utilizado com consumo de álcool. Associar com outros depressores do SNC aumenta o risco de depressão respiratória. Não deve associar, deve avaliar dependendo da dose. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 20 Etossuximida pode aumentar as concentrações plasmáticas de Fenitoína. Fenitoina é um indutor da CYP3A4, mas a Etossuximida é um inibidor enzimático e pode inibir o metabolismo da Fenitoína, aumentando a sua concentração. Isso não é um grande problema pois a Etossuximida vai ser utilizada para crise de ausência e a Fenitoína não (inclusive ela pode piorar a crise de ausência). Além disso, a Fenitoína aumenta o metabolismo da Etossuximida por ser indutora. Deve suplementar com ácido fólico para evitar anemia megaloblástica. Existem relatos de que o ácido valproico tanto aumenta quanto diminui as concentrações plasmáticas da Etossuximida, enquanto a carbamazepina, a fenitoína, a primidona e o fenobarbital podem diminuir as concentrações plasmáticas por serem indutores enzimáticos da enzima que degrada a Etossuximida. Ácido Valpróico e Etossuximida pode ser feita sim associação, porque o ácido valpróico também pega crise de ausência. Com antidepressivos tricíclicos (ex.: Amtriptilina, Nortriptilina), IMAO (inibidor da MAO – monoaminooxidase – degradam catecolaminas), Fenotiazínicos há uma diminuição do limiar convulsivo aumentando a depressão central e diminuindo a eficácia do anticonvulsivo. Fenotiazínicos são substâncias que diminuem o limiar convulsivo. A Bupropiona é um antidepressivo atípico e diminui o limiar convulsivo. Toda medicação que diminui o limiar da convulsão vai diminuir a eficácia do anticonvulsivante como a Etossuximida. Com ácido fólico há necessidade de aumentar a sua ingestão suplementar. Com o uso de Etossuximida há uma tendencia à diminuição do ácido fólico (pode desenvolver anemia megaloblástica). Fenitoína, Carbamazepina, fenobarbital são indutores enzimáticos e aumentam o metabolismo da Etossuximida. *ÁCIDO VALPRÓICO: Ácido Valpróico, Valproato de Sódio ou Divalproato de Sódio – o mecanismo de ação entre eles é igual, mas são substancias diferentes. Ex.: Divalproato de sódio é uma substancia que tem efeito terapêutico menor, então para manter o efeitonormalmente a dose deve ser maior. Triplo mecanismo de Ação: *Atua em canal de sódio inativado (mesmo efeito da Carbamazepina, Fenitoína, Lamotrigina) fazendo com que o canal permaneça mais tempo inativado. *Atua também em canal de cálcio do tipo T – pode ser utilizado para crise de ausência. *Atua aumentando a síntese do GABA e diminuindo a degradação do GABA. Utilizado nas mais diversas crises convulsivas. Pode ser utilizado em epilepsia generalizada, crise mioclônica, crise de ausência (que não responde com etossuximida), convulsão focal. Aplicação importante no Transtorno Bipolar. Tratamento de crise de enxaqueca. O Ácido Valpróico entra na enxaqueca como medicação preventiva, evitando a incidência e gravidade das crises. Diminui a velocidade de recuperação dos canais de Na+ do estado inativado. Faz com que esse canal permaneça mais tempo inativado. Em concentrações ligeiramente mais altas – limita a atividade dos canais de cálcio do tipo T de baixo limiar. Pode ser utilizado em crise de ausência. Aumenta a atividade da ácido glutâmico descarboxilase – síntese do GABA e inibe a atividade das enzimas que degradam o GABA. Aumenta a ação do GABA. Utilizado nas mais diversas crises convulsivas: Utilizado no Tratamento de crise de enxaqueca, utilizado como medicação PREVENTIVA, evitando a incidência das crises e diminui a gravidade das crises. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 21 É um dos anticonvulsivantes que consegue fazer dosagem sérica. É uma vantagem. Ex.: está com a dose máxima com o paciente e ele não está respondendo como deveria, faz a dosagem sérica e verifica se está com dosagem baixa (ou ele não está tomando adequadamente o medicamento ou então o paciente pode ser um metabolizador rápido do medicamento e assim deve alterar). Pode ser utilizado via oral ou parenteral. É um inibidor, inibe a enzima CYP3A4 e pode aumentar a atividade de outras substâncias. Pode inibir o CYP2C9 e a glucuronosiltransferase, diminuindo assim a biotransformação de muitos fármacos, incluindo a lamotrigina, a carbamazepina, a fenitoína, o topiramato e o felbamato. Pode causar Trombocitopenia induzida pelo medicamento (nº abaixo de 150.000 ou pela metade). Diminuição da produção de plaqueta, maior facilidade de sangramento. Estudos in vitro que sugerem que o Valproato estimula a replicação dos vírus HIV e CMV. Pacientes com HIV não deve ser administrado o ácido Valpróico. Pode causar queda de cabelo. Deve suspender o uso. Pode gerar Insuficiência hepática resultado em fatalidade, óbito. Pode gerar sonolência. Em alguns pacientes pode ter um comportamento de idealização suicida. Comportamento e ideação suicida: tem sido relatado em pacientes que utilizam medicamentos antiepilépticos para qualquer indicação. Contraindicado na gravidez, a criança pode ter diminuição de QI. Não utilizar em mulheres em idade fértil. ➢ FÁRMACOS QUE AUMENTAM A INIBIÇÃO MEDIADA PELO GABA PREGABALINA e GABAPENTINA Sintetizadas para estimular abertura do canal na ausência de GABA – Agonistas Gabaérgicos. Utilizadas no tratamento de dor, como na Herpes Zoster. São inibitórios, inibe a transmissão do impulso neuronal. Aumenta a quantidade de GABA no SNC e inibe o canal de cálcio que vai fazer a reabsorção no SNC. Efeito final é o aumento da quantidade de GABA na sinapse. *GABAPENTINA: Aumenta o conteúdo de GABA nos neurônios e nas células gliais. Aumenta quantidade de GABA na sinapse. Principal – inibição dos canais de cálcio HVA. Interrupção abrupta pode desencadear o aparecimento de crises convulsivas. Utilizada na neuropatia diabética e Herpes zoster. ➢ BENZODIAZEPÍNICOS DIAZEPAM, LORAZEPAM e MIDAZOLAM. Geralmente cada um vai ter uma ação no manejo da crise convulsiva em determinada convulsão. Moduladores alostéricos do receptor GABA. Atuam aumentando a eficácia do GABA. Aumentam a afinidade do GABA pelo receptor GABAA. Suprimir o foco da convulsão (ao elevar o limiar do potencial de ação) e de fortalecer a inibição circundante. Diazepam, Lorazepam e Midazolam são bem apropriadas para o tratamento das convulsões focais e tônico clônicas. Somente os três são ideais para o tratamento das crises convulsivas (ex.: não pode substituir por Clonazepam). Não pode ser administrado IM, principalmente Diazepam. Efeitos adversos: incluindo tontura, ataxia e sonolência. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 22 Pode induzir tolerância, crise de rebote, sedação. Capacidade de inibir as correntes do canal de Calcio do tipo T em preparações in vitro de circuitos talamocorticais (principalmente Clonazepam). Utilizada como ultima alternativa em crises de ausência. Clonazepan (Rivotril) é o Quarto fármaco de escolha no tratamento das crises de ausência, depois da Etossuximida do Ácido Valproico e da Lamotrigina. ➢ FENOBARBITAL É o anticonvulsivante mais antigo. Fenobarbital é utilizado como anticonvulsivante e o Tiopental é utilizado como anestésico. O que difere é a potência, tiopental é mais potente. Mecanismos celulares: Potencialização da ação do GABA. Não precisa de GABA para ativar o canal. Inibição da excitação mediada por Glutamato. Principais indicações: Todos os tipos de crises, exceto crises de ausência. Fenobarbital aumenta a ação do CYP3A4, indutor enzimático. Não deve ser utilizado em grávidas, pode causar problemas cardíacos no bebê. Principais efeitos indesejáveis: Sedação e depressão. Diferença do Tiopental e o fenobarbital é a potência. ➢ FÁRMACOS QUE INIBEM OS RECEPTORES DE GLUTAMATO *FELBAMATO: Não é tão utilizado. Utilizado mais a nível experimental. Efeitos colaterais comportamentais, compromete a clínica. Seletividade relativa. Pode dar anemia Aplásica e insuficiência cardíaca de forma mais intensa. *TOPIRAMATO: Medicação com várias aplicações. Utilizado na epilepsia, prevenção de crise de enxaqueca (não é para tomar no caso de dor e sim para prevenir), hipertensão intracraniana (sempre ideal é manitol), transtorno alimentar (reduz ingesta alimentar), dor neurogênica, obesidade, transtorno bipolar, tabagismo, transtornos de estresse pós-traumático (causa lentificação de pensamento, dificuldade da memória e a pessoa lembra menos da situação de estresse que a pessoa passou). Ajuda a pessoas que tem vício, deixa de consumir álcool, drogas, tabagismo. Não é primeira alternativa, normalmente utiliza primeiro a Bupropiona. Utilizado em tratamento de stress pós traumático. Causa uma lentificação no pensamento, dificuldade de memória. Não é a primeira alternativa como anticonvulsivante. Normalmente não se usa para esse fim. Tem anticonvulsivantes muito mais efetivos. Contraindicado em crises de ausência. Efeitos colaterais: parestesias, cansaço, sonolência, tonturas, diminuição da coordenação motora (ataxia), dificuldade de concentração (dificuldade de raciocínio). Pode precipitar cálculo renal, paciente deve tomar muito liquido para evitar formação de cálculo. Não deve indicar em pacientes com glaucoma, induz aumento da pressão ocular. Não pode utilizar na gravidez, causa fenda palatina e retardo mental. Diminui eficácia do contraceptivo oral. ❖ ANTICONVULSIVANTE DURANTE A GRAVIDEZ: Redução da eficácia dos contraceptivos orais em pacientes que receberam vários medicamentos anticonvulsivantes. Carbamazepina, Fenitoína, fenobarbital e felbamato mostraram aumentar o metabolismo de Etinilestradiol e progestinas pela indução de enzimas microssomais. Não devem ser indicados para mulheres em idade fértil e que utilizamanticoncepcional. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Mar./Abr. 2022 23 Este efeito não está associado a Lamotrigina, ácido valpróico, clonazepam, gabapentina e levetiracetam. Em resumo, mulheres idade fértil com uso de anticoncepcional, não pode tomar: Carbamazepina, Fenitoína e Fenobarbital. Reduz efeito contraceptivo. PODE TOMAR Lamotrigina, ácido Valpróico, Clonazepam, Gabapentina. Anticonvulsivantes podem causar risco de nascimento de baixo peso, má formação congênita, principalmente se administrado no primeiro trimestre. Pode causar risco de nascimento abaixo do peso. Gravidez aumenta depuração de Lamotrigina. Muitas vezes vai ter que aumentar a dose. Prejuízo cognitivo: evitar uso de Valproato, Fenitoína, fenobarbital ou politerapia durante todo o período gestacional. Gravidez – aumenta depuração da lamotrigina, fenitoína carbamazepina (presença de estrogênio). Estrogênio aumenta o metabolismo da lamotrigina. Na amamentação: Valproato, Fenobarbital, Fenitoína e carbamazepina não são encontradas no leite materno em concentrações clinicamente relevantes. Contraindicados na gestação.
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