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Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 1 Farmacologia dos Antidiabéticos – Hipoglicemiantes orais e Insulina - DIABETES MELLITUS: Importante e crescente problema de saúde mundial. Independente do grau de desenvolvimento do país. Uma grande proporção da população vive com o diabetes e percebe-se uma incidência crescente de indivíduos diagnosticados com o DM. O aumento da prevalência está muito associado a fatores de estilo de vida, urbanização, comportamento alimentar, vida mais sedentária, excesso de peso, envelhecimento da população e maior sobrevida dos pacientes. A OMS estima que esse aumento da glicemia é o terceiro fator de causas de mortalidade prematura (superado apenas por HAS e tabagismo). Importante a prevenção primária do diabetes. Principalmente diabetes tipo 2 (adquirido). Diabetes está associado a uma das maiores taxas de hospitalização e utilização de serviços de saúde. Complicações com doenças cardiovasculares. É o Distúrbio endócrino mais comum encontrado na prática médica. É uma síndrome caracterizada por hiperglicemia devido a falta absoluta (diabetes tipo 1) ou relativa de insulina e/ou resistência à insulina (diabetes tipo 2). Conjunto de alterações fisiopatológicas que vão refletir clinicamente como hiperglicemia. Diabetes tipo 1 é uma doença autoimune na qual as células do sistema imune vão reconhecer as células beta pancreáticas com antígenos, destruindo essas células. Não é capaz de produzir insulina e conseuquentemente a farmacoterapia vai ter que ser feita no intuito de uma reposição plena dessa insulina. A insulina faz com que a glicose entre dentro da células em tecidos que são insulino-dependentes. Para que a glicose entre nesse tecido é fundamental a participação da insulina. A falta relativa ou resistência à insulina normalmente é adquirida – mecanismo fisiopatológico observado nos pacientes tipo 2. A idade de diagnostico está cada vez mais precoce. Atualmente existem crianças que são portadoras de diabetes tipo 2. Adquirido de acordo com o padrão alimentar, sedentarismo. Atualmente o padrão ideal de glicose é de 69 a 99mg/DL (jejum de 8 a 10h). Acima de 99 ate 126mg/DL o indivíduo é pré- diabético. Normalmente prescreve uma alteração de estilo de vida, de padrão alimentar e atividade física. É uma doença crônica. Podem ter alterações agudas devido a essa alteração de glicemia: *CETOACIDOSE DIABÉTICA – pacientes diabetes tipo 1, ocasionada quando o pacientes está com uma glicemia muito alta e começa a degradar lipídeos e acúmulo de corpos cetônicos. Quadro de emergência. *GLICOTOXIDADE – glicose sérica do paciente está muito alta e não consegue entrar na célula. Deve fazer insulinoterapia (independente se é tipo 1 ou tipo 2) Mesmo havendo esses problemas em casos agudos, é uma doença silenciosa. Os principais problemas da diabetes são os problemas micro e macrovasculares. As consequências do diabetes são calamitosas e particularmente como complicações vasculares, como: ateroesclerose, infarto do miocárdio e cerebral, amputações, insuficiência renal e a cegueira. O objetivo do tratamento do paciente é evitar essas causas e complicações crônicas. Aumentar a expectativa de vida do paciente. Farmacoterapia do diabetes nos últimos anos teve uma revolução muito grande. Vários medicamentos são benéficos do ponto de vista cardiovascular. - CONTROLE DA GLICEMIA: A glicose é o composto bioquímico responsável pela produção de ATP (energia). A glicose vai sendo quebrada e da quebra vai obtendo elétrons ricos em energia que vai sendo armazenada pelo ATP. Nós respiramos porque o oxigênio é aceptor final da cadeia de elétrons da glicólise. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 2 Controle fisiológico da glicemia reflete as necessidades de manter o aporte adequado. Os hormônios regulam a quantidade de glicose no sangue. O hormônio regulador mais importante é a INSULINA – hormônio hipoglicemiante. Insulina faz com que a glicose entre dentro das células insulino-dependentes. Tecidos insulino-dependentes: Tecido Muscular e Tecido Lipídico. Glicose não é somente importante para a produção de ATP no SNC, mas também importante para a produção de aminoácidos que atuam como neurotransmissores (ex: glutamato, gaba). O SNC somente trabalha com glicose. Devido a isso, os maiores tecidos, como o muscular e o adiposo, são insulino-dependentes para que a glicose somente entre nas células se tiver um valor suficiente na circulação sem que prejudique o SNC. A glicose sempre terá como prioridade o SNC, hemácias. Insulina é um hormônio anabólico e vai ser secretado em momento de abundancia. Ex.: quando acabamos de nos alimentar – refeições ricas em carboidratos, proteínas e lipídeos. A insulina guarda a glicose no fígado na forma de glicogênio, no tecido muscular na forma de glicogênio muscular. A glicose em excesso na circulação a insulina faz com que ela seja armazenada na forma de lipídeo. O lipídeo (triglicerídeo) é utilizado quando acaba o glicogênio. Insulina engorda, um dos principais problemas da insulinoterapia. É secretado no momento de abundancia de nutrientes. Insulina vai ser liberada para diminuir o nível sérico de glicose, guardando-a no fígado, no musculo, transformando-a em lipídeo. Após a sua função, a glicose diminui 1-3h após alimentação. Se a pessoa não se alimentar novamente, hormônios com ação hiperglicemiantes vão agir, pois a glicose é fundamental para o SNC e o nível sérico deve ser mantido. Hipoglicemia não só reduz a secreção de insulina, como estimula a secreção de vários hormônios contrarreguladores: GLUCAGON (secretado pelo pâncreas – células alfa pancreáticas), EPINEFRINA (adrenalina – ação de ativar SN simpático, provoca glicogenólise e gliconeogênese a partir de lipídeo e proteína), CORTISOL (hormônio produzido pelo córtex da suprarrenal, promove glicogenólise), GH (é produzido depois de uma atividade física para restaurar tecido muscular). São hormônios com ação hiperglicemiante, aumentando o nível de glicose no sangue. Hipoglicemia é mais grave. Individuo pode morrer de hipoglicemia, e difícil morrer de hiperglicemia. Principal estímulo para secreção de insulina – Conjunto de hormônios chamado de INCRETINAS. Incretinas são hormônios produzidos a nível intestinal. Secetadas sempre que faz a ingestão de uma alimentação (estiramento do estômago serve de estímulo). Quando temos uma ingesta de glicose via oral, por ação das Incretinas (GIP e GLP-1) temos um estimulo maior das células beta pancreáticas para secretar insulina. Ex.: indivíduo que bebeu muita bebida alcoólica, normalmente é dado glicose. O metabolismo do álcool é dependente de glicose, assim aumenta a degradação do álcool em aldeído e ser eliminado. Dessa forma é preferível que a disponibilização de glicose seja via oral para que tenha estimulação das incretinas, que aumentam o estimulo para a secreção de insulina pancreática. Indivíduo em hipoglicemia o ideal é fazer a ingesta oral de glicose. Quando é dado via venosa, não produz um estimulo tão intenso em relação a secreção de insulina. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 3 A célula beta pancreática é mais estimulada pelas Incretinas. - PÂNCREAS: Tem a porção exócrina e porção endócrina. Porção Exócrina – ácinos (suco pancreático) Porção Endócrina – Ilhotas de Langerhans. Produz substâncias de ação hormonal. Tem cinco tipos de Células da Ilhota: *Células B (β) – insulina e peptídeo amilóide das ilhotas (amilina) *Células A (α2) – Glucagon *Células D (delta) – Somatostatina – hormônio de diminuir a secreção de HCl. *CélulasPP – Polipeptídeo pancreático (função exócrina) A insulina vai ser liberada a partir do pâncreas, porção endócrina. Pâncreas é um órgão bem vascularizado e inervado. Na farmacoterapia do diabetes, as células alfa e células beta são as mais importantes por serem elas que vão trabalhar em relação ao controle da eliminação dos níveis séricos de glicose – Insulina e Glucagon - INSULINA: A insulina é o principal hormônio que controla o metabolismo intermediário. Insulina é um hormônio peptídico, de origem proteica. A insulina NUNCA é dada via oral, pois por ser um hormônio proteico, se ele fosse administrado via oral, ele iria ser degradado na mucosa oral e não iria ter a absorção dele. Insulina é administrada via parenteral. É um hormônio que vai controlar o metabolismo intermediário, trabalha estimulando a formação de tecido adiposo, tecido muscular. Em relação ao metabolismo de carboidrato, a insulina: *↓ Gliconeogênese *↑ Glicogenólise *↑ captação de glicose pelas células adiposas *↑ síntese de glicerol *↑ síntese de triglicerídeos Dentro da célula Beta Pancreática: Insulina vai ser inicialmente sintetizada na forma de uma cadeia polipeptídica simples, chamada de PRÉ- PRÓ-INSULINA, produzida no retículo endoplasmático rugoso. Vai ser convertida em PRÓ-INSULINA também no retículo endoplasmático rugoso. A pró-insulina é encaminhada ao complexo de golgi onde ela será quebrada em INSULINA e PEPTÍDEO C. Esse processo é regulado. A insulina será armazenada em grânulos secretores (dentro do grânulo terá insulina + Peptídeo C) até que a célula β pancreática seja ativada pela entrada de glicose. Quando a célula é ativada, ela vai liberar conjuntamente Insulina + Peptídeo C. Primeiramente há a liberação de insulina + Peptídeo C em uma quantidade equivalente (ex: se liberar 10 insulinas, libera também 10 peptídeos C). A meia vida da insulina é muito rápida na circulação, em torno de 5 minutos. A insulina é rapidamente metabolizada pelo fígado, tendo uma subconcentração de insulina na circulação. Para saber se o paciente está secretando insulina, a dosagem de insulina vai ser uma quantidade abaixo Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 4 da quantidade de insulina que realmente está sendo secretada, devido a rápida meia vida dela. Dessa forma, o ideal é fazer a medição do Peptídeo C, por ser uma quantidade equivalente e ter uma meia vida maior do que a insulina (aproximadamente 30 min). A princípio não há uma função bem estabelecida do peptídeo C. Quase todo o peptídeo C que é liberado principalmente pela veia Porta consegue atingir a circulação periférica. O processo de secreção de insulina é muito bem regulado para ter o objetivo de manter uma concentração estável de glicose no sangue. A regulação sérica de insulina é regulada por uma série de hormônios e situações: *Presença de glicose na circulação *Arginina *Ácidos graxos A glicose é a principal substancia que é SECRETOGOGA, ou seja, que vai estimular a liberação de insulina. A secreção de insulina está diretamente relacionada com a quantidade de glicose em um individuo sadio. E essa secreção é muito mais estimulada quando a glicose é dada via oral do que quando é dada via parenteral. O controle da liberação de insulina ocorre nas ilhotas Pancreáticas que são muito inervadas por via noradrenérgica (estimulação de alfa 2 inibe a secreção de insulina e ativação de receptor beta 2 aumenta a liberação de insulina). Condições de stress – o cortisol é um hormônio hiperglicemiante. Em condições de stress há indução de hiperglicemia. Célula β Pancreática é especializada em produzir e secretar a insulina. A liberação da insulina pela célula β pancreática é controlada na maioria das vezes pela glicose. A glicose entra dentro da célula por um transportador de glicose chamado de GLUT (há 12 subtipos de GLUT, cada um com uma função diferente). O GLUT2 não é insulino dependente. A glicose somente consegue entrar na célula quando a célula expressa na membrana o GLUT. Há alguns tipos de GLUT’s que somente conseguem ser expressos na membrana da célula se a insulina mandar (ex: nos tecidos muscular e lipídico). No caso do GLU2 expresso na célula β pancreática, no fígado, ele não é insulino dependente por ser justamente por ele que a glicose vai entrar para promover a secreção de insulina. A glicose entra na célula, ela será fosforilada, gera a glicose 6 fosfato, convertida em glicose 6 fosfato, convertido em glicose 1,6 bifosfato e assim a cadeia da glicólise toda. Produz ATP. O aumento de ATP a nível intracelular na célula beta pancreática (resultado da quebra da molécula de glicose) vai ativar o fechamento de um canal de potássio chamado de CANAL DE POTÁSSIO ATPASE. É um canal de potássio sensível à ATP. O que regula a abertura ou fechamento desse canal de potássio é a quantidade de ATP intracelular. O fechamento do canal de potássio gera uma despolarização da membrana, abre canal de cálcio (regulado por voltagem), o cálcio entra na célula e ativa as enzimas que promovem a fusão da vesícula contendo a insulina pré-formada com a membrana da célula β pancreática e consequente exocitose de insulina. Para o fármaco aumentar a secreção de insulina (secretogogo) ele deve agir nessa fase. Tem duas classes de hipoglicemiantes orais que atuam nessa fase com o objetivo de aumentar a secreção de insulina. Ex.: sulfanilureia - TRANSPORTADORES DE GLICOSE (GLUTS): Já identificados transportadores de glicose GLUT 1 ao GLUT 12. Transporte da glicose para dentro da célula. Os mais importantes são: GLUT 1 – Expressa em todos os tipos celulares, respondendo pela maior parte da captação de glicose (insulino-independente). Para a célula colocar GLUT1 na membrana, ela não precisa de insulina. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 5 GLUT 2 – Expresso principalmente no fígado e em células β pancreática. Não é um receptor insulino-dependente. GLUT 3 – Abundante no SNC, tem alta afinidade por glicose. Não é insulino- dependente. GLUT 4 – Músculo esquelético e tecido adiposo (insulino dependente). Glicose somente consegue entrar nesses tecidos com a presença de insulina com o GLUT4. - CONTROLE DA LIBERAÇÃO DE INSULINA: Normalmente o tecido muscular e o tecido adiposo não apresenta o GLUT4 na membrana. Somente conseguem colocar o GLUT4 na membrana das células se a insulina atuar na membrana, provendo a fosforilação e a translocação e fusão – os receptores que, são proteínas, são expressos na membrana da célula do tecido adiposo ou muscular. A maior parte do dano que temos com o aumento da glicose sérica vai refletir principalmente em tecidos que não são insulino dependentes. Se a glicose aumentou, ela vai conseguir entrar em tecido que não é insulino dependente. - GLUCAGON: Sintetizado principalmente na célula α das ilhotas, mas também no trato gastrintestinal superior. Um dos principais estímulos fisiológicos para a secreção de é a concentração de aminoácidos no plasma, particularmente da L-arginina. Uma refeição rica em aminoácidos vai estimular. Atua sobre receptores específicos acoplados a proteína G para estimular a Adenilato Ciclase. - DIABETES MELLITUS: Diabetes mellitus é uma doença metabólica que vai ser caracterizada por um aumento anormal de glicose no sangue. Essa hiperglicemia é gerada devido a uma falha no controle hormonal dos níveis de glicose que é realizado principalmente pela insulina. DM é caracterizado então principalmente pela ausência de insulina (tipo 1) ou pela dificuldade de secreção ou ação da insulina (tipo 2). Atualmentetem um caráter de epidemia mundial, um grande desafio para o sistema de saúde. Com o envelhecimento da população tende a ter algumas alterações metabólicas que favorecem o desenvolvimento do DM tipo 2. DM2 tem a ver com o envelhecimento, estilo de vida, sedentarismo, obesidade. Por ser uma doença crônica, se não for diagnosticada corretamente e tratada, o paciente pode desenvolver muitos problemas micro e macrovasculares. Diabetes tipo I (DMDI) Diabetes tipo II (DMNDI) Diabetes Gestacional *Algumas literaturas podem citar algumas diabetes a mais como Diabetes causada por doença pancreática, infecções que geram quadros de diabetes (rubéola congênita, citomegalovírus). O tratamento do DM tipo 1 e tipo 2 é diferente, pois a fisiopatologia dos dois é diferente. De modo geral há Glicosúria, poliúria, polidipsia (sede). A deficiência de insulina provoca perda de massa muscular através da degradação aumentada e síntese reduzida de proteína. A cetoacidose diabética → degradação acelerada das gorduras em acetil-CoA → convertida em acetoacetato e β-hidroxibutirato e acetona. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 6 A lesão de vasos sanguíneos do olho pode causar perda da visão (retinopatia diabética). A função renal pode ser comprometida – Insuficiência Renal. Paciente pode ter ↑triglicerídeos, ↓HDL, LDL normal. O aumento de triglicerídeos pode ser ocasionado principalmente devido ao aumento da quebra de gordura. Paciente se não tratado pode desenvolver a longo prazo alteração do perfil lipídico. Principalmente no DM tipo I. No DM tipo II também terá acúmulo de triglicerídeos. Dessa forma pode ser que esse paciente precise ser tratado conjuntamente com hipoglicemiantes os Hipolipemiantes. Independente da causa, o tratamento sempre terá duas vertentes: *Insulino terapia – plena ou mista *Hipoglicemiantes Orais O que há de semelhante entre DM tipo I e DM tipo 2 – Hiperglicemia. Causa, curso da doença, alteração bioquímica, tratamento são diferentes. No gráfico acima: Secretamos insulina de duas maneiras principalmente: *INSULINA BASAL (quantidade de insulina secretada continuamente) – sempre teremos um nível de glicose sérica na circulação mesmo nos momentos de intervalos entre as refeições. Dessa forma sempre teremos um nível sérico de insulina para fazer com que essa glicose entre nos tecidos insulino- dependentes. *INSULINA IN BOLUS – faz um pico. Liberada principalmente no período pós prandial (após a refeição). Sempre seguida do padrão basal. DIABETES MELLITUS TIPO I: É um tipo de diabetes que acontece devido a distribuição das células β pancreáticas por processos auto imunes ou por processo idiopático. O aparecimento desse diabetes se da de uma forma mais abrupta. O paciente clinicamente normalmente é magro, perda de peso relevante em curto período de tempo. Sintomas: Poliúria (aumento da frequência urinária), aumento da sede, cansaço, emagrecimento importante, fome excessiva (apesar de estar em hiperglicemia, a glicose não consegue entrar na célula, então o corpo entende que não tem glicose e está precisando de nutriente). Ele vai continuar emagrecendo pois o tecido muscular e o tecido adiposo não está recebendo glicose. Forma de diabetes subaguda ou aguda que acomete normalmente crianças e adultos jovens. Processo imunológico resultante da destruição das células β pancreáticas com formação de anticorpos anti-insulina (IAA), antidescarboxilase do ácido glutâmico e anti-ilhotas de Langerhans. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 7 Esse individuo vai se tornar insulino-dependente. Não vai ter produção endógena de insulina. Deve fazer a insulino terapia plena. Compreende cerca de 5-10% dos casos. Sem tratamento os sintomas evoluem para desidratação severa (corpo tenta compensar com aumento da urina e acaba desidratando), sonolência, vômitos, dificuldades respiratórias e coma. Aumento da penetração de glicose em locais que não são insulino dependentes (SNC). Glicose muito alta, lipólise acentuada, que gera o glicerol e consequente produção de corpos cetônicos. Quadro de CETOACIDOSE DIABÉTICA. Quadro agudo de emergência. DM tipo 1 tem destruição das células β pancreáticas e consequentemente não consegue produzir a insulina. Dessa forma a farmacoterapia vai ser feita com INSULINATERAPIA PLENA. Esquema terapêutico com intuito de mimetizar o mais próximo possível o nosso padrão fisiológico de insulina. Normalmente são prescritos esquemas fixos de insulino terapia. A dose é feita pelo peso. No DM tipo 1 é de 0,5 a 1,0 UI/kg. Não deve ser realizada sempre. Há algumas oscilações de insulina necessárias devido a um momento (ex: stress). Devido as características fisiológicas de cada um também pode ter uma sensibilidade diferente à insulina. Alguns podem ter uma sensibilidade maior do que outros (ex: crianças). Ideal que sempre eduque o paciente, com orientações sobre o seu problema e como deve ser realizado o tratamento. DIABETES MELLITUS TIPO II: Maior parte da população. Compreende 80-90% dos casos. A cada paciente diagnosticado com diabetes tipo 2, temos um paciente pré diabético. O paciente com DM II (antigamente chamado de diabetes não insulino dependente) em algum momento da evolução da doença pode vir a necessitar de insulino terapia. A hiperglicemia do DM tipo 2 resulta de dois mecanismos básicos: *Resistência periférica à ação da insulina – paciente secreta insulina, mas ela não consegue atuar com eficácia na translocação do GLUT 4 nos tecidos insulino dependentes; *Deficiência da produção deste hormônio pelas células β do pâncreas. Há uma diminuição da resposta à insulina. Para que a glicose consiga entrar na célula, vai precisar que o GLUT4 seja translocado para a membrana da célula. No DM 2 ele pode desenvolver a doença porque a insulina não consegue promover a translocação efetiva dos GLUT 4 para a membrana (paciente resistente à insulina), assim as células β pancreáticas vão aumentar a produção de insulina ao longo dos anos. No DM tipo 2 normalmente inicia a doença com uma resistência à ação da insulina e para compensar isso a célula β pancreática começa a produzir mais insulina Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 8 (trabalhar mais) e assim essas células podem ter exaustão, gerando posteriormente a baixa da produção de insulina. Ao contrário do Diabetes tipo 1 geralmente há associação com o aumento de peso e obesidade, acometendo principalmente adultos a partir dos 50 anos. Indivíduos pré diabéticos, se não forem tratados no momento e da forma correta, possuem um grande potencial e chance de adquirir o diabetes ao longo da vida. Primeiramente nesses pacientes orienta uma alteração do estilo de vida, dieta, atividade física. Paciente diabético (DM tipo 2) – a partir do momento em que recebe o diagnostico, ele já tem 50% das células β pancreáticas não funcionando. Neste caso o individuo já não tem controle dos seus níveis glicêmicos e a alteração do estilo de vida deve vir acompanhada de uso de fármacos. Para o diagnostico deve ser realizado o valor de glicose em jejum. Mas não é feito uma vez só (stress, infecção, mecanismos fisiopatológicos podem interferir em resultados gerando hiperglicemia). Ex: indivíduo com exame de glicose em jejum acima de 126 mg/dL em dois momentos já pode ser diagnosticado com DM tipo 2. Se o paciente tem uma glicose aleatória (não necessariamente em jejum, no meio do dia) medindo 180 mg/dL, é indivíduo que deve ficar de olho pois pode ter diabetes, e devemedir em um outro momento e investigar. Teste Oral de tolerância à glicose – deve ser feito mediante a uma carga fixa de glicose. Administrado normalmente 75 mg de glicose, aguardar e fazer a curva glicêmica. Se após 2h o indivíduo tiver uma glicemia acima de 200 mg/dL, pode ser diagnosticado como diabético. Hemoglobina Glicada – um nível aumentado de glicose na circulação, a glicose tende a se ligar em proteínas como a hemoglobina. A ligação da glicose com hemoglobina é boa pois como a hemácia vive 120 dias, ela acaba refletindo o valor de glicose daquele indivíduo até 3 meses antes do exame. Sabe se o individuo teve ou não uma hiperglicemia nos últimos 3 meses. Importante para acompanhar o paciente diabético. Valor de referência: até 6,5 mg/dL. Diagnóstico de DM: *Hemoglobina Glicada >6,5 mg/dL *Glicemia em jejum >126 mg/dL (jejum pelo menos 8h) *Glicemia >200 mg/dL no teste oral de tolerância à glicose (ingestão de 75mg de glicose) Deve sempre associar os valores achados com a clinica do paciente (poliúria, sede, perda de peso, etc). Inicio dos sintomas mais lentos quando comparado ao DM tipo 1. O que pode dificultar o diagnostico e o tratamento. Sabe-se que quanto mais rápido o tratamento, melhor o prognostico. Ao diagnostico é o momento de utilizar tudo que tem de farmacoterapia para abaixar a glicose. Quanto mais efetivo for, melhor o prognostico do paciente. Tratamento DM tipo 2 – feito normalmente com hipoglicemiantes orais. Atuam no intuito ou de aumentar a secreção de insulina ou aumentar a ação da insulina. Se o paciente chegar a ter muita deficiência da produção de insulina, pode ser que seja necessária a insulino terapia. Quando se faz o diagnostico desse paciente, muitas vezes a glicose está tão alta que pode entrar em um estado de GLICOTOXIDADE e se der hipoglicemiante oral para ele não será efetivo naquele momento. Dessa forma nesse momento deve fazer uma insulino terapia para diminuir os níveis de glicose para depois começar o hipoglicemiante oral. Normalmente a primeira insulina que vai tentar cobrir é a insulina basal. Toda situação que gera stress, paciente que está internado e hospitalizado, gera hiperglicemia, então nesse sentido o tratamento mesmo do DM tipo 2 é com insulino terapia. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 9 DM tipo 2 principalmente tende a cursar com problemas cardiológicos, problemas lipídicos. Tendem a induzir uma alteração de perfil lipídico. No DM tipo 2 normalmente tende a ter níveis de insulina elevado em jejum. Isso ocorre devido a uma resistência à ação da insulina. Ele secreta insulina, mas ela não consegue agir. A sensibilidade à insulina é uma situação que conseguimos quantificar. Quando mede a quantidade de glicose que conseguiu sair do sangue em resposta a uma dose de insulina. Quanto de insulina preciso para que essa insulina no sangue abaixe. Isso pode ser diferente para cada paciente. Indivíduos mais novos tem uma maior sensibilidade. Indivíduos obesos tendem a ter uma sensibilidade menor. Atividade física aumenta a sensibilidade. Essa resistência à insulina pode ser causada: *Alteração do Pré-Receptor – Devido problemas na produção da insulina, pró-insulina defeituosa, aumento de hormônios hiperglicemiantes e anticorpos anti-insulina. *Defeitos no Receptor – receptor mutante. *Deficiência Pós-receptor – cascata de sinalização GLUT4 deficiente. DIABETES GESTACIONAL: É o diabetes presente em mulheres grávidas que não eram diabéticas antes da gravidez. A mulher vai ter uma alteração da tolerância à glicose em graus diferentes durante a gestação. Normalmente a gestante deve fazer um teste de tolerância à glicose durante a gestação. Utiliza-se 50 mg/dL para fazer a curva glicêmica. Diabetes gestacional inicia quando está gestante e desaparece quando a gestação termina. É induzida pela gestação. O tratamento normalmente é feito com insulino terapia. Insulina é um hormônio endógeno que já produzimos, com menos riscos em relação teratogenicidade. O principal problema dessa paciente é que ela tem uma chance maior de desenvolver DM tipo 2 ao longo da vida após a gestação. Se não for tratado pode desenvolver bebês com Macrossomia Fetal, bebês nascem com peso muito grande. Pode também gerar más formações fetais, com má formação cardíaca, SNC, musculatura esquelética. Na imagem acima: O paciente tende a desenvolver essa resistência à insulina juntamente com outros fatores que são desencadeados como à obesidade abdominal, hipertensão arterial, aumento de triglicerídeos. - TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: INSULINOTERAPIA: Importante saber a utilização. O que é uma insulina basal, pós prandial. O tempo de ação e quanto tempo duram no organismo. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 10 Sistema de excreção da insulina: Insulina é armazenada em grânulos com padrão de secreção constante. Para manter o suporte energético dos tecidos tem a insulina basal nos momentos de intervalo das refeições. Quando nos alimentamos em grandes refeições tem uma liberação mais exacerbada de insulina. Estimulada pelos alimentos no intestino. Secreção em bolus. Incretina – hormônios liberados pelo TGI que atuam na célula β pancreática estimulando a liberação de insulina. Álcool é hipoglicemiante. Via oral da glicose é mais efetiva por estimular mais a secreção de INCRETINAS no TGI e consequente mais liberação de insulina. Por isso o uso de doce para uma pessoa que bebeu muito é efetivo. Diabetes mellitus tipo 1 a pessoa não produz insulina. Dessa forma o tratamento é necessário o uso de insulina constante. Insulina que atue logo após as refeições (ação rápida) e as insulinas que mantem a insulina basal (ação longa). Fator de sensibilidade – tem indivíduos que se der uma quantidade de insulina vai dar diferença. Crianças são mais sensíveis à insulina do que adultos. Normalmente em crianças utiliza bomba de infusão que consegue ver constantemente a necessidade de insulina. Análogos de insulina e insulina humana. Tipos de insulina: *Bovina – 3 aminoácido diferentes, posições 8 e 10 da cadeia α e posição 30 da cadeia β. *Suína – 1 aminoácido diferente, posição 30 cadeia β. *Humana por DNA recombinante em bactérias (E. coli e Saccharomyces cerevisae) *Análogos – Longa duração e Ultra rápidas. Insulina rápida e NPH são insulinas humanas. Tem tempo de ação diferente, mas a molécula é a mesma. Há um sistema de formar depósitos, a NPH é uma insulina de deposito (a molécula vai liberando aos poucos, lentamente na circulação) A insulina Ultra-rápida tem inicio de ação em ate 15 min. Utilizadas para cobrir o período pós refeição (pós prandial). A diferença entre elas é o aminoácido. LISPRO tem inicio de ação em ate 15 min e duração máxima de 6h. No SUS tem disponível somente a insulina Regular como pós prandial e NPH como insulina basal, devido a isso são mais utilizadas. O que vai diferir entre as insulinas com diferentes ações é a ABSORÇÃO. O tempo que ela demora a chegar à circulação. Quando está na circulação, a ação de insulina é a mesma. Entre as refeições (basal) são utilizadas as insulinas Intermediárias (NPH). Utilizada como forma de suspensão, deve ser homogeneizada para ser utilizada pelo menos 20x, sendo um ponto negativo e de complicação para trabalhar. Nem sempre o paciente vai conseguir homogeneizar da mesma forma todos os dias. Somente a insulina regular pode ser dada via venosa e intramuscular. Utilizada em glicotoxicidade e cetoacidose diabética. Em situações de pacientes descontrolados deve dar reposição de insulinae ainda dar glicose para evitar mais quebras de corpos cetônicos. NPH e ação longa são basais. Os análogos de Insulina seria os de ação Longa e a Ultra-rápida – alterações moleculares da insulina normal para alterar a absorção. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 11 Em resumo: ULTRA RÁPIDA – Análogo RÁPIDA – Insulina humana INTERMEDIÁRIA – Insulina humana + Protamina LONGA – Análogo A vascularização do tecido também influencia a absorção da insulina. Se aplicar, por exemplo, na barriga e faz massagem no local causa vasodilatação, terá uma ação mais rápida. Se colocar gelo no local da aplicação vai causar vasoconstrição e diminui a absorção. INSULINA DE AÇÃO RÁPIDA: LISPRO – ultra rápida ASPARTE – ultra rápida GLULISINA – ultra rápida REGULAR As ultrarrápidas devem ser aplicadas logo após a refeição. A regular deve ser aplicada meia hora antes da refeição. Se não aplicar antes e aplicar logo após a refeição ele vai ter uma hiperglicemia logo após a refeição e terá uma hipoglicemia meia hora após. O ideal é fazer com que o paciente fique em menor tempo possível em hiperglicemia. Evitar os efeitos deletérios a longo prazo. Insulina ultrarrápida mais indicada para crianças por poder ser aplicada logo após a refeição. Insulina de ultrarrápida: Insulina monomérica produzida por tecnologia recombinante em que 2 aa situados próximos à extremidade C-terminal da cadeia B tem sua suas posições invertidas: *PROLINA – posição B28 para B29 *LISINA – Posição B29 para B28 FIASP – insulina nova no mercado, de ação ultrarrápida. A mais rápida que tem. Insulina de Ação Rápida (Regular): Esta insulina apresenta-se como uma solução clara preparada para utilização próximo as refeições. Uma injeção deve ser acompanhada de uma refeição ou lanche contendo carboidratos dentro de 30 minutos. Insulina-zinco cristalina solúvel de curta duração (pH neutro). Vias SC, IM e IV (a diferença para a via de administração é a velocidade de absorção). Insulina de ação rápida pode ser utilizada com segurança na gestação. Diabetes Gestacional – desenvolvido na gestação. 23, 24 semanas deve fazer o teste de tolerância à glicose. O padrão ouro para diagnosticar a diabetes é a curva glicêmica. Para gestantes usa 50mg de destrosol (normalmente utiliza 75mg). A gestante ela tem um diabetes adquirido, mais parecido com diabetes tipo 2. A escolha é a insulina, principalmente a regular que não tem penetração na placenta. Além disso, a gestante deve fazer dieta e atividade física. A METFORMINA é classe B para gestantes, não é primeira escolha. Somente quando tem contraindicação para insulinoterapia. INSULINAS DE AÇÃO INTERMEDIÁRIAS E AÇÃO LONGA: Suspensão de insulina NPH DEGLUDECA – ação longa (a mais longa de todas - ultralonga) Insulina NPH – insulina humana em um sistema farmacêutico que faz com que tenha uma ação mais longa. Tem efeito máximo em 12h e duração de 24h. Pode ser dada de 1 a 2x por dia, depende do esquema e do tipo de diabetes. É uma suspensão que deve ser agitada, o que pode variar a absorção de acordo com a homogeneização realizada. Utilizada antes das refeições. Utilizada de forma SC. Precipitado amorfo de insulina com íon zinco em tampão acetato associado a 70% de insulina ultralenta. Início de ação e o pico de efeito são um pouco mais lentos do que a insulina regular, mas são mantidos por um período mais longo. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 12 Em casos de emergência – insulina regular, efeito na hora, imediato. Pacientes com traumas tem ativação do simpático, o que pode ter liberação de glicose e hiperglicemia momentânea. Nestes casos deve avaliar a Glicose glicada para ver se ele é diabético ou não. Valor de referência da Glicada é 6,5. Na imagem acima: GLARDINA (nome comercial Lantus) deve dar separada, por ter um pH de 4 (mais ácido). Não pode misturar para não precipitar. Os outros tipos de insulina normalmente são mais básicos. Glardina quando entra no músculo, tecido tem um pH mais básico (7,4), assim ela precipita e vai se difundindo para o sangue lentamente. Efeito por até 24h. Insulina pré-mistura: Contém uma combinação de insulina de ação rápida e de ação intermediária em proporções padrão. Este produto elimina a dificuldade que alguns indivíduos têm quando misturam insulinas. Os produtos vêm em uma variedades de combinações pré-misturas contendo 10-50% de insulina de ação rápida e 90-50% de ação intermediária, sendo a proporção de 30% de insulina de ação rápida e 70% de ação intermediária que é a mais utilizada. COMPLICAÇÕES DA INSULINOTERAPIA: Efeito principal de complicação é a hipoglicemia. Pode causar reações alérgicas locais, Lipodistrofia (insulina é anabólico, e se for aplicado todo dia no mesmo local pode ter aumento de gordura naquele local, devido a isso deve ser aplicado todo dia em um lugar diferente) e resistência. Também existe uma Insulina Inalatória (pela Pfizer), de ação ultrarrápida. Aprovado em 2006. Retirado do mercado por não ter tido adesão. Paciente diabético tipo 2 em algum momento da vida pode ser que ele precise da insulinoterapia. Paciente com DM2: *Glicemia: até 200mg/dL – Uso de Antiglicemiante oral 200 até 300 mg/dL – Uso de dois ou mais tipos de Antiglicemiantes orais Acima de 300mg/dL – insulinoterapia Glicada de 9 a 10% – Insulinoterapia OBS – Pré diabetes 100 a 126 mg/dL Quando deve iniciar a insulinoterapia em DM2: utilizada quando a glicose está muito elevada >300mg/dL. Após correção é possível somente a utilização do Antiglicemiante oral. Neste caso de DM2 a insulinoterapia deve ser feita para corrigir insulina basal primeiramente, principalmente antes de dormir (para que a glicemia em jejum pela manhã fique até 110). Se não estiver dentro do ideal pela manhã, deve ir aumentando aos poucos. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 13 DM2 não necessariamente vai suspender a medicação oral. Pode ser que utilize a insulina junto com a terapia oral. Caso a insulina para correção basal não funcionar, deve adicionar a insulina para correção pós prandial. HIPOGLICEMIANTES ORAIS: Utilizados em DM tipo 2, sempre. Estimulam a secreção de insulina (sulfoniluréias e glinidas). Sensibilizadores da ação da insulina (tiazolidinodionas e biguanidas). Redutores da neoglicogênese (biguanidas). Diminuem a produção hepática de glicose (glitazonas) pioglitazona. Reduzem a absorção de glicídios (inibidores das alfaglicosidases) acarbose Nova classe: aumentam a secreção de insulina apenas no estado de hiperglicemia (inibidores da enzima dipeptidilpeptidase IV) sitagliptina, vildagliptina Sensibilizadores da Insulina – Biguanidas (Metformina), Glitazonas, Tiazolidinodionas. Diminui absorção gástrica de glicose – Alfa glicosidose Aumento de eliminação renal de glicose – Inibidores da SGLT2. SULFONILUREIAS: Classe de medicamento que são Secretogogos. Tem como origem a SULFONAMIDA. Sulfonaminas são os primeiros antimicrobianos que surgiram (ex: Bactrim). São grupos de substancias que deram origem a varias outras. Sulga tem enxofre e algumas pessoas são alérgicas. Se a pessoa é alérgica à sulfonamida, ela não é indicada tomas a Sulfonilureias. Sulfonilureias se aproveitam da secreção fisiológica de insulina para aumentar a sua secreção – é uma Secretogogo. Aumenta a secreção pela célula beta pancreática. Mas, não é uma secreção glicose dependente. A glicose consegue entrar nas células pelos receptores GLUT2, a célula fosforila, consegue quebrá-la e aumenta a quantidade de ATP. O aumento de ATPfecha o canal de potássio APTase (sensível ao aumento de ATP), e a célula despolariza. Abre canal de cálcio e cálcio entra, promove fusão da vesícula de insulina e libera a insulina na circulação. Sulfonilureias se liga em um canal de potássio e fecha o canal de potássio ATPase, como se tivesse muito ATP no local. Se fecha o canal de potássio despolariza a membrana e faz a liberação de insulina mesmo sem a presença de glicose. No DM2 na fase inicial o ideal é pensar em um medicamento que a insulina que ele produz, mesmo sendo pouco, seja aumentada. Na fase inicial ele ainda tem a capacidade de produção de insulina, mas em menor quantidade. Portanto o Secretogogo deve ser utilizado quando paciente realmente tiver um problema de secreção de insulina, a partir da segunda fase (de 200 até 300mg/dL). Se tiver que entrar com terapia com insulina já não faz efeito a utilização de um secretogogo. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 14 Glibenclamida, Glipizida, Gliclazida, Glimepirida são os principais (segunda e ultima gerações). No início do uso de Sulfonilureia tem uma liberação muito grande insulina, mas com a progressão da insulina há uma diminuição da liberação da insulina, entrando em homeostase e mantendo a glicose em níveis séricos. Interação Medicamentosa: AINES, cumarínicos (antagonista vitamina K – Varfarina), álcool (hipoglicemiante), alguns antimiocrobianos e antifúngicos. Diuréticos tiazídicos, corticosteroides e Beta- Bloqueador diminuem a ação por serem hipoglicemiantes. Histatina pode aumentar o risco de desenvolver diabetes. Efeitos Colaterais: Hipoglicemia (muito presente neste caso), reações alérgicas. Ganho de peso. Contraindicado em pacientes com insuficiência hepática e renal (é excretada pelo rim e metabolizada pelo fígado) – deve ajustar a dose. METIGLINIDAS (GLINIDAS): Ação semelhante da sulfonilureia, mas com potência menor. Podem ser utilizadas com insuficiência renal e hepática leve e moderada com ajustes de dose. Pode ser utilizado em pacientes com alergia à enxofre. Causa ganho de peso – insulina é um hormônio anabólico. São menos eficazes no controle da HbA1c (hemoglobina glicada) e da glicemia em jejum. INCRETINAS: Incretinas são um conjunto de hormônios liberados com a ingestão de alimentos. Liberadas no TGI. Após alimentação cai na corrente sanguínea e atingem o pâncreas estimulando a liberação de insulina (glicose-dependente). Diminui o glucagon. Incretinas aumentam insulina e diminuem o glucagon. Diminuem a gliconeogênese e a glicogenólise. Incretinas: GLP-1 e GIP. Incretinas são degradas pela DPP-4. O ideal para aumentar a insulina é usar um análogo de incretina ou então inibir a degradação dela. Incretina sintética (análogo da GLP-1) – EXENATIDO, LIRAGLUTIDA. Sinalizam para o pâncreas que nos alimentamos (o que não ocorreu), fazendo com que haja aumento da liberação de insulina pelo pâncreas (Secretogogo). Liraglutida é melhor. Ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 15 Causa diminuição da fome, perda de peso. Liraglutida gera perda de peso dose-dependente, diminui hemoglobina glicada e melhora função de células beta. Perda de peso sustentada. Os mecanismos mediadores na redução de peso pelo liraglutide são provavelmente relacionados a uma combinação de efeitos no trato gastrointestinal (TGI) e no cérebro. Uso diário. Pode causar náuseas, vômitos, prurido. Alterações psiquiátricas (insônia, humor deprimido e nervosismo) Eventos cardiovasculares e palpitações leves foram infrequentes, mas a FC pode aumentar. SEMAGLUTIDA – análogo ao GLP-1. Uso semanal GLIPTINAS – inibidor da DPP4: Sitagliptina (Januviar), Vildagliptina (Galvusr), Linagliptina (Tradjentar). Aumentam os níveis de hormônios que promovem a liberação de insulina após as refeições por bloquear uma enzima, a dipeptidil peptidase–4 ou DPP-4. Usados juntamente com a dieta e a prática regular de exercícios físicos para melhorar o controle da glicemia de pacientes diabéticos tipo 2. GIGUANIDAS – METFORMINA: Aumenta a utilização hepática de glicose. Ativa AMPc especifico e faz com que o fígado utilize mais a glicose. Estimula a retirada de glicose do sangue para os tecidos. Diminui a gliconeogênese hepática. Diminui absorção de glicose pelo TGI. Aumenta a oxidação de ácidos graxos – reduzem níveis de lipoproteínas de baixa densidade como LDL e VLDL. Risco de hipoglicemia isolada com uso de metiformina é baixo. Causa perda de peso. Metformina protege contra danos macrovasculares. Protege o paciente de risco cardiovascular. Primeira alternativa terapêutica para diabetes tipo 2 = METFORMINA. Paciente com taxa de filtração glomerular (Clearance entre 30-45) deve reduzir em 50% a dose de Metformina. Clearance abaixo de 30 não deve utilizar Metformina. Portanto NÃO DEVE UTILIZAR METFORMINA EM PACIENTES COM PROBLEMA RENAL. Efeitos Colaterais: *Mais comum é efeito TGI (náuseas, enjoos). *Acidose lática (se o paciente tem problema renal e problema hepático, insuficiência cardíaca é mais comum de ter a acidose lática). *Diminuição da absorção de vitamina B12 (pessoa pode desenvolver anemia megaloblástica com o tempo, dificulta a divisão das células. Deve acompanhar o paciente sempre com hemograma). Pode tentar diminuir os efeitos colaterais do TGI deve ter início de doses menores ou a Metformina XR (liberação prolongada). Não deve ser utilizado em pessoas com insuficiência cardíaca (diminui a taxa de filtração glomerular), não deve ser utilizado em pacientes com insuficiência hepática e renal. Não provocam hipoglicemia isoladamente. TIAZOLIDINADIONAS – GLITAZONAS: PIOGLITAZONA. Melhoram a sensibilidade à insulina através de sua ligação aos PPARgama (peroxisome proliferator activated receptors). Aumentam a produção dos transportadores específicos de glicose, GLUT4. Deve se fazer monitoramento hepático. Glitazona aumenta a translocação do GLUT4. Aumentam a exposição do GLUT 4 na membrana de um tecido insulino-dependente, faz com que a insulina aumente o efeito dela e aumente a entrada de glicose pela GLUT4. Reduz a liberação hepática de glicose. Aumenta eficácia da insulina, aumenta captação de glicose pelo musculo. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 16 Caso o paciente precise de insulina exógena, a Glitazona reduz a necessidade de insulina exógena necessária para manter o nível ideal de glicemia em aproximadamente 30%. Efeitos Colaterais: Ocorre em menos de 5% dos pacientes. Infecções do trato respiratório superior, cefaleia, elevação de transaminases, aumento de peso, edema, anemia. Hipoglicemia pode ocorrer quando o seu uso for concomitante com secretagogos ou insulina. Contraindica-se o seu uso em crianças, gravidez, hepatopatias ou em indivíduos com elevação dos níveis de transaminases de 2 a 3 vezes os valores de referência. INIBIDORES DA ALFA-GLICOSIDADE: ACARBOSE Inibe a enzima alfa-glicosidade pancreática e as alfa- glicósidos hidrolases ligadas à membrana intestinal. Diminui a digestão de carboidratos e absorve menos carboidrato e menos glicose. Tende a aumentar a quantidade de carboidratos no TGI. Este fármaco retarda a digestão dos carboidratos da dieta através da redução da digestão intestinal de amido e dextrina. Utilizado como adjuvante, não é utilizado isolado. Pode promover perda de peso principalmente no início da terapia. Reduz a glicemia pós prandial principalmente. As contra-indicações para o uso desta droga são as doenças intestinaisinflamatórias, gravidez e lactação, insuficiência hepática ou renal grave. INIBIDORES DE SGLT-2: Normalmente eliminamos a glicose pelo rim. Mas não podemos eliminar tudo e deve ser reabsorvida no TCP. No TCP tem duas proteínas que fazem cotransporte para reabsorver glicose e sódio: SGLT2 – segmento S1 do TCP SGLT1 – segmento S3 do TCP Quando a glicose está muito alta ela é reabsorvida no TCP e normalmente não temos glicosúria. Limiar de reabsorção de glicose é de 160-180. Diabético somente vai reabsorver glicose em um limiar de 200-240, pois há um aumento do limiar dele como adaptação do corpo evitando uma glicosúria. FLORIZINA é uma molécula que deu origem aos Inibidores da SGLT-2. Nome dos medicamentos: DAPAGLIFLOZINA, CANAGLIFLOZINA E EMPAGLIFLOZINA. Não é indicada para pacientes que já tem problema vascular. Essas medicações melhoram a função cardiovascular do paciente. É o padrão ouro para a utilização. Tem ação diurética (liberação de glicose, inibe a reabsorção de sódio e água), retardam a progressão da insuficiência renal. Aumentam a liberação de glicose via renal, o corpo não consegue reabsorver glicose. Não produz hipoglicemia pois somente é ativa quando a taxa de glicose está acima de 100, que seria o momento em que o SGLT-2 seria ativa (neste caso ela será inibida). Causam perda de peso. Efeitos colaterais: Infecção Genital (candidíase poe exemplo), Infecção urinária – Glicosúria – microbiota na uretra será alterada. Bacterias e fungos gostam de glicose. Poliúria, dores nas costas. Não deve ser utilizado em pacientes com taxa de filtração glomerular diminuída. Não devem ser usados com sulfonilureias devido ao risco de hipoglicemia se houver associação. Não deve ser usado junto com diuréticos, uma vez que faz depleção de volume de líquidos. Farmacologia II – Ana Clara Aguilar de Almeida – Nov. 2021. 17 Contraindicado em pacientes com DM1, devido a cetoacidose euglicêmica. Há receptor para SGLT2 no pâncreas (célula alfa pancreática) que controla a secreção de glucagon. Assim essas células podem ser ativadas e liberar glucagon, gerando lipólise, produzindo corpos cetônicos. Neste caso a acidose não é devido ao aumento de glicose, mas sim pelo aumento do Glucagon. Vantagens: baixo risco de hipoglicemia, independe da insensibilidade da insulina, rediz peso.
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