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Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 1 FARMACOLOGIA DO SNC – DOPAMINA ❖ DOPAMINA - Dopamina é um neurotransmissor envolvido em dois distúrbios do SNC – Parkinson e Psicoses (esquizofrenia). - Envolvida em vários distúrbios comuns da função cerebral, notavelmente a doença de Parkinson, a esquizofrenia e o distúrbio do déficit de atenção, bem como na dependência de drogas e certos distúrbios endócrinos. - Dopamina está envolvida em distúrbios como o Parkinson, Esquizofrenia, déficit de atenção (Medicações para TDH são aquelas que aumentam tanto a transmissão noradrenérgica quanto a dopaminérgica no SNC), foco, prazer, dependência (envolvida com o núcleo Acumbens). Dopamina baixa a pessoa provavelmente terá déficit de atenção. Envolvida no foco, prazer. - Vias muito difusas, espalhadas e a dopamina acaba tendo ação em outras patologias. Ex.: mecanismos de recompensa (ação no núcleo Acumbens). Liberação de dopamina no núcleo Acumbens está envolvido com a dependência/vício. - Temos quatro vias dopaminérgicas. - Medicamento passível de vício está com tarja preta. - Dopamina está em grande quantidade principalmente no Corpo Estriado do SNC, parte que controla o movimento fino. Também está presente em grande quantidade em algumas partes do Sistema Límbico, que promove bem-estar, controla o emocional, o quanto o indivíduo tem satisfação executando uma atividade. Presente também no Hipotálamo regulando a produção de Prolactina. Dopamina ligada na execução e desempenho dos movimentos finos. - Dopamina também está envolvida em alguns distúrbios endócrinos. ❖ FARMACOLOGIA DA NEUROTRANSMISSÃO DOPAMINÉRGICA - Dopamina é uma monoamina (catecolamina), mesmo precursor da adrenalina e noradrenalina. Origem da Tirosina (aminoácido), e a tirosina vai ser internalizada pela proteína co-transportador de sódio e a Tirosina será convertida em Levodopa (Etapa limitante do processo), que será convertida em Dopamina pela enzima DOPA DESCARBOXILASE (ou Aminoácido aromático Descarboxilase). Quando tem um neurônio noradrenérgico (no interior da vesícula tem uma enzima que consegue converter a dopamina em Noradrenalina). Quando o neurônio é Dopaminérgico, ele não terá essa enzima e não consegue fazer a conversão de Dopamina em Noradrenalina. Dopamina após produzida será internalizada em vesícula e em caso de chegar um potencial de ação na membrana, há uma alteração do potencial da membrana e entra cálcio e promove a Exocitose da dopamina. Dopamina atua no receptor do neurônio pró sináptico. Dopamina após sua ação nesse receptor, será metabolizada sendo recaptalizada pela membrana do neurônio pré-sináptico. Assim ela será degradada por uma enzima mitocondrial (MAO – Monoamina oxidase). Existem dois tipos de MAO: ▪ MAO A – específica para degradar Noradrenalina e Serotonina ▪ MAO B – específica para degradar Dopamina Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 2 - A MAO é uma enzima chave cuja função consiste em finalizar a ação das catecolaminas tanto no cérebro quanto na periferia. - Neurotransmissores que vão para a fenda sináptica nada impede que eles caiam na circulação a vão para a periferia com efeito periférico e por isso também precisam ser degradados por enzimas produzidas na periferia. - Neurotransmissores precisam ser metabolizadas por enzimas periféricas. Caso a dopamina chegue na periferia, ela será metabolizada pela COMT (Catecol-orto-metil- transferase). Importante no Parkinson, pois a inibição dessa enzima COMT é utilizada como um ponto de mecanismo de ação de medicações. - COMT é expressa em cérebro, fígado, rim e coração. - Ações da Dopamina: Gratificação tem prazer em exercer mais aquela função. - Vias Centrais da Dopamina: *Via Nigro-Estriatal controla principalmente movimentos finos. Quando tem perda desses neurônios dopaminérgicos nessa via o paciente começa a manifestar o Parkinson (Ausência de dopamina na via nigro-estriatal). *Via Túbero-Infundibular via pequena, em contato direto com hipotálamo e hipófise. Dopamina ação específica na glândula hipófise, estimulando ou bloqueando a produção de determinados hormônios. Dopamina, inibe a produção da prolactina por essa via, durante toda a vida. Na mulher grávida a dopamina é diminuída principalmente por ação da ocitocina na hora do parto. Alguns fármacos (antipsicóticos, antiparkinsonianos) podem alterar essa ação em relação à prolactina. O homem por essa via Tubero-infundibular terá dopamina inibindo a produção de prolactina durante toda a vida. *Via Mesolímbica envolvida com bem estar, cognição. Importante na esquizofrenia (excesso de dopamina). *Via Mesocortical envolvida com sensação de cognição. Importante na esquizofrenia (excesso de dopamina). Dentro dos distúrbios dopaminérgicos, tem dois principais que são Parkinson (ausência da dopamina na via Nigro estriatal) e a Esquizofrenia ou Psicose (dada pelo excesso de dopamina na via Mesolímbica e Mesocortical). Não tem nenhuma medicação que vai atuar em somente uma via dessas quatro. Todo medicamento dopaminérgico vai ter ação nas 4 vias. Importante devido aos efeitos colaterais. Ex.: Pessoa em tratamento de Parkinson pode desenvolver psicose. Paciente em tratamento de psicose pode ter tremor fino. - Receptores da Dopamina: Tem duas famílias de receptor: D1 e D2. Família D1 – excitatório. Acoplados a proteína Gs, aumenta AMPc. Presentes os receptores D1 e D5. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 3 Família D2 – inibitório. Dopamina acoplado a esses receptores provoca inibição. Presente os receptores D2, D3 e D4. Os antagonistas do receptor D2 podem causar Ginecomastia. Está antagonizando o bloqueio, causando a excitação. Para controle do movimento tem receptores D1 e D2. Inibitórios e excitatórios. Esquizofrenia a família D2 são os receptores mais envolvidos. A maioria dos antipsicóticos atuam na família D2. No Parkinson age tanto nas famílias D1 e D2. Parkinson é a diminuição da quantidade de dopamina na via Nigro Estriatal. Para controle do movimento tem tanto receptor D1 quanto receptor D2. No Parkinson tem um bloqueio da via excitatória e uma estimulação da via inibitória – Bloqueio de D1 e uma super ação do D2. A via de controle motor fica bloqueado. Paciente tem rigidez de movimentos, tremor fino, dificuldade na marcha. Sistema Mesocortical – envolvida com alerta, bem-estar, atenção, planejamento da execução da atividade, motivação do comportamento, recompensa. Diminuição de dopamina nesta via causa Anedonia, não sente prazer em nada. Sistema Mesolímbico – está envolvido com a emoção. Paciente com esquizofrenia tem alteração dessa via mesolímbica. Paciente mais isolado, não gosta de contato com outras pessoas. Estriado – controle motor. Hipotálamo – Ação da prolactina. - Aspectos Funcionais da Dopamina: ▪ Sistemas Motores: Antipsicóticos – efeito adverso pelo bloqueio de receptores D2 na via nigroestriada. Diminui a quantidade de dopamina. ▪ Efeitos Comportamentais: Anfetamina e cocaína – inibem transportador. Aumenta dopamina, aumenta sensação de bem-estar. ▪ Função Neuroendrócrina: via túbero hipofisária – secreção de prolactina. ▪ Vômito: Dopamina são antagonistas – atividade antiemética. Dopamina é uma molécula muito polar e ela por si só não consegue passar na barreira hematoencefálica. Por mais que tenha muita dopamina na periferia, ela não consegue chegar ao SNC. No tratamento do Parkinson não usa dopamina pura e sim disponibiliza Levodopa, que é mais lipofílica e consegue chegar ao SNC. Tomar cuidado que o excesso de dopaminagera psicose. ❖ DOENÇA DE PARKINSON: Dopamina no controle do movimento. Perda seletiva dos neurônios dopaminérgicos na parte compacta da substância negra. Não tem uma manifestação clínica precoce. Quanto mais cedo diagnostica o paciente mais alternativa terapêutica tem e mais evita a progressão da doença, melhora qualidade de vida. 70% dos neurônios da via nigroestriatal já estão destruídos quando aparecem pela primeira vez os sintomas. A destruição desses neurônios resulta nas características motoras fundamentais da doença bradicinesia ou lentidão dos movimentos rigidez, uma resistência ao movimento passivo dos membros, comprometimento do equilíbrio postural, que predispõe a quedas e tremor característico quando os membros estão em repouso. Os mecanismos subjacentes à destruição dos neurônios da DA na substância negra na doença de Parkinson ainda não estão totalmente elucidados. Não se sabe o porquê da destruição dos neurônios dopaminérgicos. Tem caráter genético e multifatorial – em alguns casos precisa de um gatilho ambiental para desenvolver a doença. Dopamina é uma molécula muito polar, e não consegue chegar no SNC. Se tiver dopamina na periferia, ela não consegue chegar no SNC. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 4 Parkinson o que se sabe é a partir de estudos post mortem. Há diminuição da quantidade de dopamina no SNC. Região negra é rica em melanócito, por isso a coloração escura. Os movimentos são aprendidos ao longo da vida. A área motora secundária que planeja o movimento, como ele será executado. O Parkinson está com problema no planejamento do movimento e não consegue ter uma desenvoltura adequada para a execução. Os movimentos são planejados nos núcleos da base e no cerebelo, enviam para o tálamo que envia para o córtex motor cerebral e aí sim o impulso chega nos neurônios motores para executar o movimento. O movimento deve ser planejado no núcleo da base. Temos duas vias: *Direta – planejamento da execução do movimento. Vai direto pelo tálamo para o córtex motor e periferia. Mais neurônio excitatório. *Indireta – movimento será planejado e passa pelo globo pálido estriado, passa por uma série de pontos antes de chegar ao tálamo e enviar ao córtex e periferia. Mais resposta inibitória. Em uma pessoa normal a atividade é controlada e equilibrada, as Vias direta e indireta terão ação – neurônios excitatórios e inibitórios. No Parkinson a via direta está inibida e tem em excesso da via Indireta (via inibitória). Excesso de inibição da via dopaminérgica. - Tratamento do Parkinson: Voltado para manutenção do controle dos níveis de dopamina no SNC. Mas é parcialmente bem sucedida. Isso se deve principalmente a outras alterações neurológicas que o individuo com Parkinson pode ter, como taquicardia, sudorese, tremores, ansiedade, alteração no sono, depressão – sintomas envolvidos com o aumento de noradrenalina. Tratamento de ansiedade são medicações antidepressivas serotoninérgicas. Tratamento é feito com o intuito de aumentar a dopamina no SNC – reposição dopaminérgica. Parkinson não tem cura. Antigamente o tratamento era somente nos pacientes que estavam com sintomas muito avançados, mas hoje em dia sabe-se que o tratamento deve ser feito assim que diagnosticada a doença. Indivíduo com Parkinson pode ter algumas manifestações clínicas: ▪ Noradrenalina (Locus ceruleus) – Sintomas autonômicos, ansiedade (tratamento da ansiedade deve ser serotoninérgica). ▪ Serotonina (núcleos da rafe) – Depressão, ansiedade e alterações no sono. ▪ Colinérgicas (núcleo basal de Meynert) – memória e cognição. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 5 ➢ PRECURSORES DE DOPAMINA: Tratamento primordial é a reposição dopaminérgica. Importante repor a dopamina no tratamento do Parkinson. O problema que a dopamina é muito polar e não entra no SNC, por isso deve dar os precursores. o LEVODOPA: É uma precursora da dopamina no SNC. A partir da conversão da levodopa gera a dopamina. Não se fornece a dopamina direto por não passar em barreira hematoencefálica não consegue chegar no SNC. Levodopa é convertida em dopamina na periferia pela enzima Aminoácido aromático descarboxilase. Temos essa enzima no sangue, e se ela consegue fazer a conversão dentro do neurônio, ela também vai conseguir fazer isso no sangue. Na administração da Levodopa ela já começa a ser metabolizada no próprio TGI e o problema é que a dopamina não passa na barreira hematoencefálica. Então da dose que é disponibilizada ao paciente, somente 1 a 3% chega no SNC. Devido a isso, dificilmente vai dar levodopa isolada e deve ser associada com os adjuvantes. Levodopa penetra no SNC por ser mais apolar. Administração por via oral – conversão em dopamina no trato gastrintestinal Biodisponibilidade muito pequena – Apenas 1 a 3% da dose administrada alcançam o SNC em sua forma inalterada. Antes de chegar ao SNC a levodopa pode ser transformada na periferia em dopamina e ela não passa na barreira. O ideal é evitar a degradação da Levodopa na periferia para aumentar a quantidade de Levodopa que irá chegar no SNC. Primeira coisa que pode fazer é inibir a enzima Aminoácido aromático descarboxilase (AADC) com o fármaco CARBIDOPA. Carbidopa bloqueia essa conversão da Levodopa na periferia. Administrada em associação a Carbidopa um inibidor da AADC – aumenta a fração da levodopa disponível no SNC de 1 a 3% para 10% (10x). Depois que a levodopa chega no SNC é captada pelo neurônio dopaminérgico e convertida em dopamina. Associação da Levodopa com a Carbidopa aumenta a biodisponibilidade da Levodopa. Carbidopa é inibidor da enzima que converte a levodopa em dopamina na periferia, aumentando a disponibilidade de acesso da levodopa no SNC. Com o tempo o paciente pode desenvolver resistência à Levodopa. Então em paciente jovem não se deve ser primeira opção de tratamento. É uma das últimas alternativas de tratamento devido a essa situação de resistência. É a melhor medicação para o tratamento do Parkinson, mas não é a primeira opção, ela é a última alternativa terapêutica pois com o tempo ela vai perdendo o seu efeito. Mantém efeito de 6h, intervalo de administração de 6/6h inicialmente. Com o tempo ele vai diminuindo o tempo de ação, com o tempo começa a durar ao invés de durar 6h, passa a durar 4h, 3h. Com o tempo pode chegar do paciente ter que fazer administração dela a cada 1h. Muitas vezes pode associar medicações para tentar diminuir e manter o nível de dopamina no SNC. Pode associar um inibidor da COMT (ex.: Entacapona) para tentar aumentar a meia vida. Levodopa é medicação que mais melhora o Parkinson, mas não será a primeira alternativa terapêutica. Deve avaliar em qual estado está o Parkinson e qual é a idade do paciente, pois o paciente mais idoso é mais intolerante às outras medicações e por isso normalmente começa pela levodopa. Sempre iniciar a terapia na menor dose possível para evitar que ela pare de fazer efeito com o tempo. Vai ter maior tempo para utiliza-la. Efeitos Colaterais: hipotensão postural (dopamina é um cardiotônico e em baixas concentrações de dopamina na periferia é vasodilatadora – atua também em receptores adrenérgicos β1 e β2), arritmia, alucinações visuais e/ou auditivas (aumento de dopamina no SNC, ela também vai atuar nas outras vias. Aumento de dopamina nas vias Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 6 mesolímbica e mesocortical causa psicose), Discinesias, Mudanças de humor. Discinesias – Flutuações no efeito da levodopa. O medicamento terá períodos ON sob efeito da medicaçãoe períodos OFF sem efeito da medicação (dentro das horas de ação). Com a diminuição do efeito com a progressão do tratamento, o paciente pode ter flutuação no efeito da levodopa e terá períodos que ele vai desenvolver a discinesias (rigidez) nos momentos que a medicação está OFF. Paciente que está tomando dopamina pode apresentar urina escura, devido à degradação da Dopamina. Regiao negra no SNC é rica em dopamina e quando a dopamina é oxidada, ela dá origem à melanina, então o paciente que está fazendo reposição de dopamina pode apresentar essa alteração na coloração da urina. Quando aumenta a dopamina na periferia, tem muito efeito colateral, por exemplo a hipotensão postural. Dopamina com o uso da medicação ele também terá ação nas outras vias, podendo desenvolver psicoses, alucinações, alterações de humor. Alteram o efeito da Levodopa: *Dieta rica em proteína – administrar preferencialmente em jejum ou 1 hora antes de se alimentar. *Vitamina B12 – aumenta a conversão de levodopa em dopamina no tubo digestivo e diminui a biodisponibilidade para o SNC. Evitar associação com medicações que causam hipotensão postural, por exemplo, Antagonistas α1, BCC diidropiridínicos (nifedipino, anlodipino), nitratos. Levodopa normalmente será associada aos inibidores de metabolismo na periferia para evitar que com o tempo diminua o seu efeito: Paciente com o tratamento pode apresentar psicose. Paciente com Parkinson que começa a apresentar psicose precisa tratar com antipsicótico. Efeito colateral de antipsicótico é o Pseudoparkinsonismo. Sintomas causados pela diminuição da dopamina devido ao uso do medicamento. Paciente pode ter efeitos motores – pseudoParkinsonismo. Paciente em uso da dopamina pode ter urina mais escura. Dentro do tratamento do Parkinson tem o tratamento padrão ouro com a Levodopa, mas é a última alternativa terapêutica. Mas devido aos efeitos colaterais com o passar dos anos, a Levodopa não é primeira opção e deve utilizar outras opções terapêuticas antes: *Seleginina – tratamento leve *Pramipexol – tratamento moderado *Levodopa – tratamento grave e/ou >65 anos (paciente mais idoso não tolera muito bem os efeitos colaterais com as outras medicações e também devido a diminuição de expectativa de vida quando comparado a um paciente mais jovem e por isso a escolha para >65 anos) ➢ INIBIDOR DO METABOLISMO DE DOPAMINA – INIBIDORES DA MAO: o SELEGININA Utilizado mais em Parkinson mais leve, com menos sintomas. Utilizado de forma isolada. Seleginina é um inibidor irreversível para a MAO-B. Inibe o metabolismo da dopamina. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 7 MAO é uma enzima que degrada as Catecolaminas (dopamina, noradrenalina, adrenalina). A dopamina que é liberada na fenda vai ser recaptada pela membrana do neurônio pré-sináptico e vai ser degradada pela MAO. MAO é uma enzima intracelular, mitocondrial que faz a quebra de catecolaminas. Tem dois tipos da MAO, A e B. *MAO A – mais seletiva para noradrenalina, serotonina. *MAO B – é mais seletiva para dopamina. Degrada dopamina no SNC. E por isso é uma alternativa terapêutica inibir por isso aumenta dopamina. Se o problema está sendo a diminuição de dopamina no SNC, é uma alternativa terapêutica inibir o metabolismo da dopamina, inibindo a MAO B. Como a MAO-B é encontrada principalmente no cérebro, a Selegilina não inibe o metabolismo periférico da dopamina e pode ser tomada com segurança com levodopa, pensando nos efeitos colaterais. Rasagilina um inibidor mais recente da MAO B. Melhoram a função motora na doença de Parkinson quando utilizadas como monoterapia e ambas podem aumentar a eficiência do tratamento com levodopa. Seleginina pode entrar associado à Levodopa para cobrir o tempo que o paciente vai ficar no efeito OFF da Levodopa. ➢ INIBIDOR DO METABOLISMO DE DOPAMINA – INIBIDORES DA COMT: o ENTACAPONA A COMT é uma enzima que faz o metabolismo periférico da dopamina, principalmente. Entacapona é um inibidor do metabolismo periférico da Levodopa. Diminui a conversão de levodopa em dopamina e aumenta a quantidade de levodopa disponível para chegar no SNC. Principal representante é a Entacapona. Quando a Levodopa começar a ter um efeito mais curto com o passar do tempo terapêutico, é comum utilizar a Levodopa associada a um inibidor da COMT. Para tentar aumentar o tempo de duração da Levodopa. Utilizado nos casos de tratamento de pacientes mais graves. COMT está principalmente na periferia, como o intestino. Com a inibição da COMT mais dopamina ficará disponível para atuar a nível de SNC. Na presença de um inibidor da descarboxilase (por exemplo, carbidopa a COMT torna se a principal enzima metabolizadora da levodopa que é transformada em 3-O- metildopa no intestino e no fígado. Mais levodopa se torna disponível para o transporte ativo para o sistema nervoso central (SNC). Menos 3-O-metildopa pode competir com a levodopa pelo transporte ativo para o SNC. Inicialmente é dado a Levodopa associado a Carbidopa. Associa a Entacapona ou Tolcapona quando a Levodopa começa a perder o seu efeito. Inicialmente é dado a Carbidopa associado à Levodopa. Quando a levodopa estiver perdendo o efeito, deve associar a Entacapona ou a Tolcapona para tentar manter o efeito. ➢ AGONISTA PARCIAL DOS RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS o PRAMIPEXOL Agonistas dopaminérgico, não precisa da dopamina para ativar o receptor e ter o efeito. Afinidade na família do receptor D2 da dopamina, mas tem afinidade preferencial pelos receptores D3 (esses receptores estão dentro da família D2). Família D2 é inibitória. O medicamento vai ativar essa inibição, equilibra a via. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 8 No controle do movimento, na substância negra, tem um equilíbrio entre a via excitatória (direta) e via indireta (inibitória), o movimento consegue acontecer com fluidez devido ao equilíbrio. No Parkinson não tem esse equilíbrio, no Parkinson a via direta (excitatória) vai estar exacerbada e a via inibitória está inibida. Devido a isso vai ter uma descoordenação entre excitação e inibição. O medicamento Pramipexol vai atuar nesse receptor D2 (inibitório) para ativar essa inibição. O medicamento faz com que a via inibitória fique mais “forte” e esse equilíbrio volte a acontecer. No controle do movimento, tem na substancia negra um equilíbrio entre a via excitatória e via inibitória (indireta) e devido a isso consegue controlar o movimento e ele ocorre com fluidez. No Parkinson vai ter o desequilíbrio na questão de excitação e inibição. Pramipexol é um agonista parcial do receptor D3 que é um receptor inibitório, porque essa via ela vai ficar como se estivesse inibida. A partir do momento que começa a utilizar um agonista da inibição, consegue reativar a via gerando a fluidez de movimento novamente. Pramipexol frequentemente são agentes de primeira linha na terapia antiparkinsoniana especialmente em pacientes mais jovens. Não é utilizado em pacientes mais idosos devido aos efeitos colaterais. Por ele ser um agonista dopaminérgico, ele pode dar alteração aditiva, alteração visual, paciente pode ter episódios de mania, distúrbios de “comprar muito”, em relação a função sexual. No idoso são mais intolerados esses efeitos colaterais – PRAMIPEXOL NÃO É UTILIZADO EM IDOSOS. Importante avisar ao paciente e a família sobre os efeitos, pois caso ele apresente, deve ajustar a dose e se permanecer mesmo assim deve retirar e trocar medicação. Menor incidência de alterações da resposta e discinesias que podem ocorrer com a terapia a longo prazocom levodopa. primeira linha na terapia antiparkinsoniana especialmente em pacientes mais jovens. Principal efeito colateral são os efeitos cognitivos. Tem efeito no TGI, efeitos gástricos. A principal limitação – efeitos adversos indesejáveis: náuseas, edema periférico e hipotensão Efeitos adversos cognitivos: incluindo sedação excessiva (pode comprometer o trabalho do paciente), sonhos vívidos e alucinações, particularmente em pacientes idosos. Também podem desencadear sintomas da síndrome de desregulação dopaminérgica. Muito difícil tratar um paciente que tem Parkinson e Psicose. Ideal seria medicações com dosagem mais baixas, pois o tratamento de uma patologia gera a outra. Os medicamentos dopaminérgicos, como pramipexol levodopa e anfetaminas, etc. são contraindicados em pacientes com história de psicose, pois exacerbam consistentemente os sintomas de distúrbios esquizofrênicos. ➢ AGONISTA DOS RECEPTORES DE DOPAMINA BROMOCRIPTINA e PERGOLIDA Na prática não são utilizados devido a causarem fibrose em diferentes órgãos, incluindo fibrose pulmonar, pleural e retroperitoneal. Estimulam a proliferação de tecido conjuntivo. ➢ ANTICOLINÉRGICO Normalmente, a Dopamina no núcleo estriado é liberada constantemente para inibir a ação da Ach por via de um receptor inibitório. O que vai fazer com que a gente não tenha ação colinérgica dentro do núcleo estriado que gera sintomas de tremores é a presença da dopamina. Inibe liberação de Ach mantendo a fluidez de movimento. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 9 No núcleo estriado o neurônio dopaminérgico faz sinapse com um neurônio colinérgico. Faz com que tenha constante inibição desse neurônio colinérgico. Dopamina inibe a liberação da Ach. No Parkinson pela diminuição da dopamina, tem uma exacerbação da acetilcolina, causando principalmente tremores finos. Um dos primeiros tratamentos do Parkinson foi com medicamentos anticolinérgicos. o BIPERIDENO, BEZTROPINA Atua bloqueando os receptores muscarínicos (tipo M1) no corpo estriado, diminuindo assim o tônus colinérgico anormalmente elevado, que resulta da falta da atividade inibitória da dopamina. No SNC o receptor muscarínico é principalmente tipo M1. Tratamento do tremor em repouso persistente. Paciente não consegue parar. Tem efeitos anticolinérgicos a curto prazo como visão turva, glaucoma, retenção urinária, constipação, boca seca, taquiarritmia, palpitações. A Ach no SNC está relacionada com memória e cognição. Pacientes que utilizam esses medicamentos a longo prazo (tem a via colinérgica bloqueada por alguns anos) podem ter uma maior chance de desenvolver demência. E devido a isso não é utilizado e está em desuso. Utilizado somente no paciente que estiver muito grave, mais idoso, com menos tempo de gerar o efeito colateral. ❖ ESQUIZOFRENIA: ▪ PSICOSE – é uma percepção alterada da realidade. Quando o indivíduo tem episódio psicótico ele tem percepção do ambiente que não corresponde com a realidade. Pode ser induzido por substâncias (como drogas – cocaína, craque, maconha), alguns medicamentos (ex.: medicamentos para o Parkinson), por traumas (cranianos, cerebrais). Estado no qual o indivíduo perde o contato com a realidade. Alucinações (principalmente auditiva), ilusões, delírios, transtornos do pensamento formal. Psicose é diferente de esquizofrenia. Podem ter quadros de psicose isolados da esquizofrenia. Psicose pode ser um episódio isolado ou pode ser constante. Antipsicóticos – medicações com aplicabilidade para todas as psicoses, não somente os esquizofrênicos. Também podem ser utilizados como adjuvantes (principalmente os de 2ª geração) em quadros de depressão persistente de difícil controle e já utilizou tudo que tinha não obteve resultados. ▪ ESQUIZOFRENIA – o principal transtorno psicótico. É a patologia na qual o paciente manifesta surtos psicóticos, alteração da percepção da realidade. Acomete mais homens do que mulheres. Uma doença que tem incidência na adolescência e início da vida adulta, principalmente por uso de substâncias. Pode ter princípio genético, mas não é comum. O desenvolvimento da doença é muito mais ambiental do que genético. Pessoa que já tem a carga genética e no uso de alguma substância, principalmente ilícita, ela pode desencadear mais facilmente para desenvolver a esquizofrenia. Pacientes podem manifestar transtornos da percepção, pensamento, fala e emoção. Com evolução da doença a pessoa tende a se comunicar menos, se isola. Paciente não expressa seus sentimentos. Não tem cura, consegue controlar a doença com a medicação. É difícil a aderência terapêutica, pois o paciente fica com mania de perseguição e pode não ter noção da sua doença. Esquizofrenia é quando a psicose é constante. Vive com uma distorção da realidade. O início pode ser silencioso. Níveis alterados da Dopamina. Esquizofrenia patologia terá distúrbios de percepção e integração da realidade. Casos de prejuízos de cognição e motivação. Cursa com sintomas positivos e sintomas negativos. Positivos – desenvolvimento de funções anormais. São perceptíveis a qualquer pessoa. *Alucinações (visual, auditiva) *Delírios (crença distorcidas ou falsas) *Fala desorganizada Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 10 Negativos – envolvidos com a via mesocortical, menor ação dela. *Redução ou perda das funções normais *Sabotamento afetivo *Isolamento social Se a pessoa estiver somente com sintomas negativos pode confundir com depressão. Esquizofrenia terá alteração da quantidade de dopamina na via Mesolímbica (excesso de dopamina) e na via Mesocortical (falta de dopamina). Difícil conseguir equilibrar as duas vias. A cada episódio de esquizofrenia, pior é a evolução da doença. O tratamento objetiva a diminuição da incidência das crises. Quanto menos episódios, menor a chance de cronificar o episódio de psicose. É uma doença incapacitante. Se não tratada não consegue ter convívio social. Uma pessoa em uso de antipsicóticos consegue ter uma vida normal. Se deixa de tomar, pode desencadear episódios. ▪ HIPÓTESE DOPAMINÉRGICA: A Clorpromazina foi o primeiro antipsicótico e veio de uma modificação de uma molécula da Prometazina (anti- histamínico). Clorpromazina foi desenvolvida primariamente como um anti-histamínico, mas foi visto que a administração dela melhorava pacientes com psicose. Atua em receptores dopaminérgicos D1, D2, D4, D5. Anti-histamínicos bloqueiam os receptores: *H1 – sedação, sonolência, aumento de peso. Histamina no SNC é responsável por manter a vigília, atenção. Quando bloqueia o receptor, terá sedação. Medicação será sedativa dependendo da dose. *α1 – se bloqueado pode gerar Hipotensão postural. Esse receptor está no endotélio vascular, aumenta resistência vascular. *M1 – Bloqueio causa retenção urinária, boca seca, constipação, aumento da pressão intraocular (glaucoma de ângulo fechado). Toda medicação que tem ação antimuscarínica será contraindicado em Hiperplasia prostática benigna, miastenia gravis, glaucoma, retenção urinária, arritmias. Toda medicação anti-histamínica terá efeito de aumento de peso. Antipsicóticos tem ação bem parecida com anti- histamínico. Tem questão de falta de seletividade como também ocorre com anti-histamínicos. Clorpromazina tem ação em receptor dopaminérgico, mas também tem ação em outros receptores (primeiro antipsicótico que deu o start na síntese de novos medicamentos com ação dopaminérgica). Aloperidol (Haldol) é um antipsicótico que vem muito da molécula de clorpromazina. Tem uma série de antipsicóticos que foram geradosa partir da Clorpromazina. Histamina no SNC é responsável para manter a vigília, atenção. Quando bloqueia o receptor histaminérgico (H1) o efeito colateral é sedação. Muitas vezes então a mediação antipsicótica é sedativa, dependendo da dose. O uso contínuo pode gerar ganho de peso, principalmente os antipsicóticos típicos ou de 1ª geração. Anfetamina – medicações derivadas anfetamínicos. A anfetamina vai exacerbar os sintomas esquizofrênicos ou podem fazer com que o paciente desenvolva uma síndrome psicótica. Aumentam a liberação de neurotransmissores principalmente noradrenalina e dopamina. Aumenta dopamina no SNC. É possível que pacientes em uso de medicamentos derivados anfetamínicos tenham crises psicóticas. *Exacerba os sintomas da esquizofrenia. *Pode fazer com que o paciente desenvolva episódios psicóticos. *administração prolongada em doses elevadas – efeitos semelhantes aos sintomas positivos da esquizofrenia em pessoas normais. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 11 Esquizofrenia é gerada por um distúrbio dopaminérgico no SNC. Medicações antipsicóticas foram formuladas a partir do princípio de bloqueio do receptor D2. ▪ HIPÓTESE SEROTONINÉRGICA: O aumento de Serotonina no SNC pode contribuir com os efeitos psicóticos. Formulada a hipótese de que a serotonina pode contribuir com os quadros de alucinações do paciente. Isso veio a partir do LSD, uma droga ilícita, é um agonista parcial de receptores 5-HT2a e gera alucinações. O quando de alucinação é gerado devido a ação nesse receptor 5-HT2A que é um receptor serotoninérgico. Percebeu-se então que se bloquear esse receptor pode gerar melhoras principalmente dos sintomas Positivos. O nome da serotonina é 5-hidroxitriptamina, todo receptor serotoninérgico é 5-HT. Antipsicóticos Atípicos (ou de segunda geração) – Causam o Bloqueio 5-HT2A > D2. Os medicamentos antipsicóticos também podem bloquear esse receptor. Quadro de alucinação é gerada pelo receptor serotoninérgico 5-HT2A. ▪ HIPÓTESE GLUTAMATÉRGICA: Fenciclidina (“pó de anjo”) é uma droga ilícita que gera alucinação, psicose. Antagonista NMDA induz psicose semelhante à esquizofrenia. A Fenciclidina vem do mesmo grupo da Cetamina. Cetamina é utilizada como fármaco – é um anestésico dissociativo, consegue deprimir algumas partes do SNC e outras não. Paciente anestesiado com Cetamina pode continuar mexendo o olho, lacrimejar, mas está desacordado. Cetamina também tem uma aplicabilidade na psiquiatria, paciente que tem ideação suicida o uso de cetamina diminui a chance de suicídio. Aumento da concentração de glutamato no LCR de pacientes esquizofrênicos, pode gerar psicose. Estudos post mortem – diminuição da concentração de glutamato no córtex frontal e hipocampo. Antagonista NMDA aumenta Dopamina no córtex pré- frontal e estruturas subcorticais. Substâncias que atuam em receptor glutamatérgico não tem uso clínico para a psicose, no geral. ➢ ANTIPSICÓTICOS OU NEUROLÉPTICOS Antigamente os medicamentos eram classificados como Neurolépticos. Hoje em dia o nome mais correto é “Antipsicóticos”. “Neurolépticos” está em desuso. Neuroléptico – ressalta as ações neurológicas do fármaco, que se manifestam comumente como efeitos adversos – consistem nos sintomas parkinsonianos de lentidão, rigidez e tremor. Causam depressão do SNC. Antipsicótico – capacidade desses fármacos de abolir a psicose e de aliviar a desorganização do pensamento nos pacientes esquizofrênicos, consequentemente, poucos efeitos extrapiramidais (efeitos de psedoparkisonismo). Paciente psicótico não consegue organizar a fala, pensamentos. Antipsicóticos podem ser: ▪ ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS – São de 1ª geração. Ações proeminentes no receptor D2. De primeira geração. Predominante antagonizando o receptor D2 (bloqueio de D2). Tem mais efeitos sobre efeitos Positivos. É o excesso de dopamina que causam os efeitos, e precisa exacerbar o bloqueio. A rede neuronal não é continua, não é um neurônio dopaminérgico só. Cada feixe da linha neuronal tem um neurônio excitatório e um inibitório. Precisa bloquear o receptor D2 inibitório para exacerbar a inibição. O antagonismo do D2 vai diminuir a ação da dopamina na via mesolímbica por não ser uma via contínua. *não faz muito sentido, mas é isso. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 12 Na imagem acima (ação do antipsicótico típico): Na via mesolímbica, para que essa via seja ativada, é como se o neurônio dopaminérgico estivesse que liberar dopamina, e a dopamina atua no receptor gabaérgico (inibitório), que vai inibir a liberação de Gaba no próximo neurônio e como esse ultimo estará inibido, ele vai ativar a liberação de dopamina do último neurônio dopaminérgico. Dessa forma, deve bloquear/antagonizar essa inibição do primeiro neurônio gabaérgico, que consequentemente o próximo estará ativado, liberando gaba que irá inibir o ultimo neurônio dopaminérgico, não havendo liberação de dopamina. ▪ ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS – Segunda geração. Antagonismo D2 menos proeminente. Também tem ação no receptor 5-HT2a. Além de bloquear receptor dopaminérgico também atua em receptor serotoninérgico, melhora os sintomas negativos (por também atuarem nos receptores 5-HT2a. Também podem ter aplicação como adjuvante em tratamento de depressão resistente. ➢ ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS: o FENOTIAZÍNICOS: *Alifáticos – Clorpromazina, trifluorpromazina *Piperazínicos – Flufenazina, Trifluperazina, Perfenazina *Piperidínicos – Tioridazina, Mesoridazida o BUTIROFENONAS: Haloperidol, Droperidol o TIOXANTENOS: Clorprotixeno, Tiotixeno o INDOLONA: Molindona o DIFENILBUTILPIPERIDINA: Pimozida Os mais utilizados são Clorpromazina e Haloperidol. Quando dá uma dose muito grande, importante atentar porque podem aumentar a temperatura corporal – hipertermia, diminui a sudorese. Ação antimuscarínica compromete a sudorese, diminui sudorese. o HALOPERIDOL: Formulado depois da Clorpromazina. É um antipsicótico de alta potência, muito potente. Potência é dose. Preciso de menos dose para ter o mesmo efeito de doses mais altas da Clorpromazina. Ex.: 50mg de Haloperidol equivale a 100mg de Clorpromazina, para o mesmo efeito. Não pode ser utilizado em alguns estados de esquizofrenia, como o estado de CATATONIA (Pessoa fica parada, fica o dia todo na mesma posição). Nesse estado o Haloperidol não deve ser utilizado pois ele pode precipitar uma síndrome neuroléptica maligna e aumento de temperatura corporal. Haloperidol muito utilizado em emergências. Normalmente associa com Prometazina (anti- histamínico). Sedação com Haloperidol e induz o sono com a Prometazina (Fenergan). Efeito Colateral – Pseudoparkinsonismo (rigidez muscular, alteração da marcha, distúrbios de movimento). Para melhorar tenta diminuir dose, substituir o medicamento. Paciente que toma Haloperidol precisa tomar o medicamento para o resto da vida. Vantagem: Forma Haloperidol Decanoato – forma de depósito. Paciente administra o medicamento uma vez por mês. Muito bom para pacientes que tem resistência ao tratamento ou que esquece de tomar medicação. Utilizado via IM. Pode causar uma Síndrome Neuroléptica Maligna – agitação, confusão, febre (aumento de temperatura corporal causado pelo medicamento – ação no hipotálamo com diminuição da sudorese), pressão arterial lábil, diaforese profusa, sialorreia (salivação excessiva) e rigidez muscular. Quanto maior a dose, maior a chance de entrar em síndrome neuroléptica maligna com uso de Haloperidol. Se o paciente fizer uso do medicamento IM e logo após realizar atividade física e vasodilatar,vai aumentar a absorção do medicamento. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 13 Clorpromazina – ação em receptor D1, D2, α (principalmente α1), histamínicos e muscarínicos. É o Antipsicótico com maior chance de dar Hipotensão postural quando comparado ao Haloperidol – age em α1. Mais efeito Antimuscarínico e mais Sedação quando comparado ao Haloperidol. Gráfico acima relacionando a dose e a potência do fármaco. Quanto menor a dose, maior a potência. Clorpromazina é pouco potente. Principais Efeitos Adversos: Distonia aguda (alteração de movimento), um sintoma extrapiramidal (distúrbios psíquicos), ataxia, que geralmente ocorrem após alguns dias de terapia neuroléptica em altas doses. Início súbito de posturas anormais breves, como protrusão da língua, torcicolo e posições incomuns do tronco e dos membros. Os efeitos adversos extrapiramidais dos neurolépticos ocorrem mais frequentemente com drogas de alta potência, como o haloperidol. Pode ocorrer acatisia (paciente não para de se mexer). Efeitos Extrapiramidais – bloqueio dos receptores dopaminérgicos na via nigroestriatal provoca sintomas semelhantes aos observados na doença e Parkinson (bradicinesia, rigidez e tremores) – Parkinsinismo iatrogênico ou farmacológico (comum com Haloperidol). O efeito extrapiramidal é gerado pelo bloqueio do receptor D2. Como o Haloperidol é muito melhor no bloqueio desse receptor ele vai ter uma chance maior de efeito extrapiramidal. Discinesia tardia pode ocorrer com o uso das medicações em até 20% dos pacientes. Movimento orofaciais involuntários, movimentos do tronco. Pode ser incapacitante. Sintomas Neuroendócrinos – A dopamina normalmente inibe a secreção de Prolactina. O medicamento está inibindo a ação da dopamina no SNC na via Tuberoinfundibular, consequentemente a prolactina não está mais inibida. Dessa forma a pessoa pode desenvolver: Mulheres – ginecomastia, mastralgia (dor nas mamas), galactorreia (produção de leite na ausência de gestação), amenorreia (ausência de menstruação – Prolactina diminui a produção de estrogênio). Homens – diminuição da libido, diminui espermatogênese (diminui produção de testosterona), galactorreia e ginecomastia. Esquizofrenia tem um aumento da dopamina na via Mesolímbica, que geram os sintomas positivos (alucinações, alterações auditivas). Há uma diminuição da dopamina na via Mesocortical, que geram os sintomas negativos (dificuldade de fala, Paciente antes gostava das atividades cotidianas e depois não gosta mais – anedonia). Todos antagonistas dopaminérgicos (antipsicóticos de 1ª geração) atuam antagonizando o receptor D2 da Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 14 dopamina, para tenta diminuir a quantidade de dopamina na via mesolímbica. O efeito final de antipsicótico típico é a diminuição da quantidade de dopamina na via mesolímbica, melhorando os sintomas Positivos. Como esse paciente já terá uma diminuição patológica da quantidade d dopamina na via Mesocortical, com o tratamento com uso de antipsicóticos típicos há uma piora nos sintomas negativos. Os antipsicóticos típicos não tratam os sintomas negativos e podem piorá-los. Os antipsicóticos de 1ª geração não pegam os sintomas negativos, isso faz com que muitos pacientes que tem psicose, busque por outras substâncias que aumentam dopamina nessa via, como o tabaco por exemplo. O que vai trazer prazer para a vida dele. E pode ocorrer dele não se aderir corretamente ao tratamento. Como com o uso do medicamento terá uma diminuição de dopamina em toda a rede neuronal, também terá uma diminuição de dopamina na via Nigroestriatal e via Tuberoinfudibular. Na via nigroestriatal a diminuição da dopamina gera sintomas motores – discinesia, alteração na fluidez do movimento, tremor fino parado. Pode gerar sintomas de pseudoparkisonismo. Dopamina atua normalmente inibindo a via para liberação de prolactina e com o uso de um antagonista D2 vai começar a secretar prolactina e pode causar ginecomastia, mastralgia, galactorreia – diminuição da dopamina na Via Tuberoinfudibular. ➢ ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS: RISPERIDONA OLANZAPINA QUETIAPINA CLOZAPINA Todo antipsicótico Atípicos (ou de 2ª geração) antagoniza o receptor D2 e também atua antagonizando o receptor serotoninérgico 5HT2a. Efeito de bloqueio da ação da serotonina em algumas vias o que melhora o sintoma motor e galactorreia/ginecomastia. Antagonizam receptores D2 com menor afinidade (bloqueiam um número menor de receptores). Produzem efeitos extrapiramidais mais leves do que os efeitos produzidos pelas drogas típicas. A maioria dos neurolépticos atípicos tem atividade de bloqueio significativa nos receptores alfa 1, portanto a hipotensão postural é um efeito adverso frequente, como neste caso. Provocam menos efeitos Extrapiramidais: Todo antipsicótico de 2ª geração (atípico) antagoniza o receptor D2 e também o receptor de serotonina 5HT2A. Provoca menos efeitos extrapiramidais. Temos uma rede neuronal que controla a ação do movimento. Pela ação do neurônio Serotoninérgico (via receptor 5HT2a) ele estimula o neurônio Glutamatérgico. O neurônio Glutamatérgico libera o Glutamato (excitatório). No núcleo Estriado, normalmente a ação da serotonina é estimular o neurônio glutamatérgico, que vai estimular o neurônio Dopaminérgico a liberar Dopamina. O excesso de dopamina estará envolvido nos sintomas extrapiramidais. Os fármacos antipsicóticos Atípicos bloqueiam a ação da serotonina e consequentemente não há liberação de glutamato e não há excitação para liberação de Dopamina. O que irá melhorar os sintomas extrapiramidais. Paciente que toma os antipsicóticos atípicos terão menos efeitos extrapiramidais devido a essa ação de bloqueio da serotonina e consequente inibição da liberação de Dopamina na via Mesocortical. Na via Tuberoinfudibular, vai ter um neurônio serotoninérgico que controla e estimula a liberação de neurônio glutamatérgico e que controla a liberação do neurônio Gabaérgico (GABA – inibitório) para inibir a liberação de dopamina na hipófise. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 15 Pelo receptor 5HT2a, a serotonina estimula o neurônio glutamatérgico que libera glutamato que estimula o neurônio dopaminérgico, que atua em D2 (inibitório), o que inibe a liberação de dopamina. Esses fármacos bloqueiam essa ação da serotonina no receptor 5HT2a e não tem liberação de glutamato para estimular o neurônio dopaminérgico e assim evita que tenha a inibição da liberação da dopamina e vai liberar mais dopamina. Na via tuberoinfundibular, fisiologicamente, a serotonina estimula o neurônio glutamatérgico que estimula um neurônio gabaérgico e que consequentemente inibe a liberação de dopamina na hipófise e assim a dopamina não consegue agir em D2 e bloquear prolactina, havendo liberação. Com o uso do fármaco, essa via tuberoinfundibular vai ser inibida (bloqueio do receptor de serotonina 5HT2a), assim no final da via o neurônio gabaérgico não consegue inibir a dopamina, havendo liberação dela para atuação no receptor D2 e consequente inibição da liberação de prolactina, evitando os efeitos colaterais relacionados. O antagonista do receptor 5HT2a consegue amenizar os sintomas relacionados à prolactina, vai contrabalancear os sintomas causados pelo antagonismo do receptor dopaminérgico. Antagonista do receptor 5HT2a tem ação sobre a via Mesolímbica (antagoniza ação da dopamina que melhoram sintomas positivos), via Nigroestriatal e via Tuberoinfudibular. Também melhoram os sintomas negativos. Pode ter sim ginecomastia com o uso de antipsicóticos atípicos,mas ele vai amenizar esse sintoma. Tem ação sobre o maior número de receptores farmacológicos. O principal efeito de antipsicótico atípico (2ª geração) é em receptor histamínico. Antagonização de receptores colinérgicos (muscarínicos) terá constipação, boca seca, visão turva (importante para contraindicar para pacientes com glaucoma), retenção urinária. Bloqueio do receptor muscarínico a longo prazo pode gerar alterações cognitivas - demência. Qualquer fármaco que tenha essa ação de bloqueio do receptor muscarínico no SNC pode causar demência. Bloqueio dos receptores α-1 gera hipotensão postural, tendo mais sintomas no início do tratamento e com o tempo esse sintoma tende a passar. Importante quando associar com um outro medicamento que já causa hipotensão. Ação no receptor histaminérgico H1 causa sedação. Se o paciente for administrar somente uma vez ao dia, o ideal é que seja a noite. Pode gerar ganho de peso. Podem ser tomados como coadjuvante em tratamento de depressão resistente. Antipsicóticos no geral são os que mais atuam em receptores no corpo e por isso muitos efeitos colaterais. Antipsicóticos atípicos são mais efetivos no tratamento dos sintomas “negativos”. CLOZAPINA é um antipsicótico atípico e foi muito utilizado, melhora muito os sintomas negativos e positivos. Único problema é que se for administrado a Clozapina o paciente tem muita chance de desenvolver AGRANULOCITOSE. Dessa forma ele é utilizado somente em paciente REFRATÁRIO, de difícil controle, em paciente que já utilizou tudo e não resolveu. Seria a última opção. Agranulocitose – granulócitos são os leucócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos), células de defesa. Na agranulocitose está associado a uma neutropenia (diminuição número de neutrófilos). Importante pois o neutrófilo é uma célula da principal linha de defesa, e o paciente fica mais predisposto à infecção. Diminuição dos eosinófilos e basófilos também faz o paciente entrar em processos alérgicos. Para evitar que isso ocorra no paciente com uso de Clozapina, deve realizar um hemograma semanal por 6 semanas e acompanhar a série granulocítica e ver se há diminuição do número de células. Depois de 6 semanas, Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 16 o hemograma deve ser feito quinzenalmente e depois de 3 meses o hemograma deve ser feito mensalmente. Se os leucócitos totais chegarem no valor de 3.000 ou se o valor de neutrófilo chegar a 1.500 mm3, deve parar o uso da Clozapina. Espera reestabilizar os leucócitos e depois retorna o tratamento (pois já é a última opção e o paciente já é resistente às outras medicações). *CLOZAPINA Toda medicação que tem ação dopaminérgica tem chance de ter convulsões, distúrbios convulsivos. Associada principalmente a doses elevadas. Quanto maior a dose de Clozapina (e de qualquer outro medicamento com ação dopaminérgica), maior a chance de convulsão. Se o paciente já apresenta convulsões no seu histórico o ideal é evitar esses medicamentos. Não se sabe o motivo de poder gerar uma cardiomiopatia. Muito efetivo para o tratamento de discinesia tardia (ocasionada pelo uso de alguns antipsicóticos à longo prazo e também muito comum no Parkinson avançado), um dos melhores para tratar esses sintomas na via nigroestriatal. É uma alternativa se essa rigidez for muito extrema. Alternativa de escolha em um paciente refratário. Clozapina é padrão ouro para tratamento da esquizofrenia, sendo ruim somente a situação do efeito colateral de agranulocitose, sendo utilizada somente em último caso. Indicada no caso de hostilidade e agressividade. Reduz a ideação e tentativas de suicídio. *RISPERIDONA É a que atua menos em receptores muscarínicos, com menos efeitos colaterais. Menos efeitos anticolinérgicos. Boa escolha para paciente com hiperplasia prostática benigna, paciente com dificuldade miccional, paciente com glaucoma. Propriedade sedativa. Eficaz nos sintomas positivos e negativos. Pode gerar hiperprolactinemia (não tem ação muito grande na via tuberoinfundibular), hipotensão postural (receptores α1). Maior risco de AVC isquêmicos em idosos. Não sendo boa escolhas em idosos. Efeitos colaterais: insônia, galactorreia, agitação, sedação, tontura, rinite, ganho de peso, distúrbios menstruais, diminuição da espermatogênese. Toda medicação que tem ação aumentando a prolactina pode gerar distúrbio menstrual. A prolactina e o estrogênio não convivem simultaneamente, então o aumento da prolactina reduz a produção de estrogênio. Quanto menor a ação dele na via tuberoinfundibular, maior o efeito na secreção de prolactina – efeitos colaterais. Paciente que tem qualquer contraindicação aos efeitos antimuscarínicos, a Risperidona é uma boa escolha. Quando compara ao Haloperidol (Haldol), a Risperidona tem menos efeitos extrapiramidais. Ela tem uma ação semelhante ao Haloperidol, exceto pelo fato dela atuar também nos sintomas negativos e ter menos efeitos extrapiramidais. *OLANZAPINA Fármaco mais novo. Melhor ou igual ao Haloperidol para os sintomas positivos, principalmente. Mas Olanzapina melhora os sintomas negativos. Principal problema é o ganho de peso, paciente come mais. Maior chance de desenvolver distúrbios bioquímicos (HAS, desvio perfil lipídico, aumento de perfil glicídico). Pacientes que já são obesos é bom evitar o uso. Pode aumentar até 30kg. Muito bom para os sintomas psicóticos gerados no tratamento do Parkinson. Melhora sintomas de humor. Ana Clara Aguilar de Almeida – Farmacologia Médica – Abr. 2022 17 *QUETIAPINA Utilizado como estabilizador de humor – transtorno bipolar. Menos efeitos colaterais, menos efeitos piramidais. Eficácia semelhante aos antipsicóticos de 1ª geração. Estabilizador de humor. *ARIPIPRAZOL Eficácia semelhante aos AP 1ª geração. Não há evidências de ação direta nos sintomas negativos. Não induz ganho de peso como os outros antipsicóticos. Casos relatados de reagudização de psicose – os efeitos colaterais do quadro de psicose aumentam associando medicamentos antipsicóticos de 1ª geração. Bom adjuvante para depressão resistente (associa com antidepressivos).
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