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Prévia do material em texto

Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor 
FRANCIANE HEIDEN RIOS
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Olá. Meu nome é Franciane Heiden Rios. Sou formada 
em Pedagogia, Mestre em Educação, Especialista em 
Educação Especial e Inclusiva e Tecnologias Educacionais. 
Estou na Educação desde o início da minha vida profissional, 
cursei Magistério, ingressei como estagiária e da escola 
nunca mais sai. Esse espaço rico de aprendizagens 
humanas me oportunizou pensar sobre diferentes questões 
e perceber as pessoas em suas diferentes necessidades. 
Durante dez anos fui servidora concursada, professora, 
do Município de São José dos Pinhais, também atuei 
como Educadora pela Prefeitura Municipal de Curitiba e, 
atualmente, sou supervisora do curso de Pedagogia da 
UNIVESP – Universidade Virtual do Estado de São Paulo e 
diretora pedagógica da CuriosaIdade, instituição que atua 
em parceria com redes de ensino para desenvolvimento de 
boas práticas educativas tendo como subsídio a perspectiva 
do Desenho Universal para a Aprendizagem. Acredito no 
princípio básico da Inclusão e no respeito pela diversidade, 
portanto, escrever, palestrar, capacitar ou qualquer outra 
ação ou prática profissional relacionada ao tema são hoje 
meu foco de atuação. Desejo que tenhamos juntos um 
caminho rico de aprendizagens significativas, que o material 
aqui proposto em suas ideias, reflexões e discussões 
permitam a você se construir enquanto um profissional 
interdisciplinar, que navega entre as mais diversas áreas do 
conhecimento em prol de uma melhor prática educativa, 
avançando para a qualidade na educação e consequente 
transformação social. 
Autor 
FRANCIANE HEIDEN RIOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimen-
to de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram 
que ser prioriza-
das para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e 
links para aprofun-
damento do seu 
conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoapren-
dizagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro-
jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de 
aprendizagem toda vez que:
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................10
Competências......................................................................12
Epistemologia e ciência: Caminhos para a 
neuroeducação...................................................................13
Conhecimento: apontamentos gerais....................................13
Origem da epistemologia................................................................15
Epistemologia e neuroeducação...............................................17
Categorização e concepções na epistemologia e sua 
relação com a neuroeducação......................................21
Delineamentos da epistemologia.............................................22
Questões filosóficas para a concepção de Ciência..........23
Categorias Epistemológicas.........................................................26
Epistemologia genética de Jean Piaget.....................32
Jean Piaget: breve biografia..........................................................33
Conceitos-chave da epistemologia genética de Jean 
Piaget............................................................................................................34
Epistemologia histórica de Bachelard.......................39
Gaston Bachelard: uma breve biografia...............................40
Conceitos-chave da Epistemologia Histórica de 
Bachelard,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.........................................................43
Bibliografia...........................................................................48
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 9
UNIDADE
02
BASES EPISTEMOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação10
Você sabe o que é ciência? Será que ciência 
necessitam de verificações sistematizadas e 
comprovações a partir de princípios científicos? Será 
ciência uma organização do conhecimento empírico? 
Será ciência uma “roupagem” para o senso comum? 
Será ciência aquele conhecimento produzido em 
laboratório? Quando falamos a palavra Ciência, 
qual das imagens a seguir você considera ser mais 
compatível? 
Observe as figuras a seguir:
INTRODUÇÃO
Figura 1: O que é Ciência 
Fonte: Pixabay
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 11
Figura 2: O que é Ciência 
Fonte: Pixabay
A relação que você estabeleceu com as imagens 
é fundamental para o que propomos nessa unidade. Se 
você relacionou ciência com a primeira figura, associou 
diretamente com uma perspectiva formal, estruturada 
e controlada da produção do conhecimento. Aquela 
que se faz possível em laboratórios e busca a forma 
absoluta descritiva e comprovada. 
Porém, como seria possível fazer esses experimentos 
nas Ciências Humanas? Em relação à neuroeducação que 
se efetiva na relação humana, nos mais diversos contextos, 
é possível “fazer ciência” e produzir conhecimentos? 
Como “matematicar” o que o aluno aprende no sentido 
mais amplo de sua formação humana? Como relacionar o 
biológico – esse que pode ser registrado com um exame 
de imagem, com a existência?
É aí que a segunda imagem passa a fazer sentido: 
Como produzir conhecimentos em áreas que não “são 
duras”, que permitem e necessitam de interpretações 
e narrativas? É por esse caminho que seguiremos: na 
busca de respostas para essas questões. E de você como 
estudante e entusiasta da área, pedimos curiosidade e 
perspectiva para, juntos, ampliarmos a concepção que 
temos de ciência e, consequentemente, da produção 
do conhecimento. Vamos lá?
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação12
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Bases 
epistemológicas contemporâneas. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes 
competências profissionais até o término desta etapa 
de estudos:
1. Apresentar e discutir as relações entre ciência e 
epistemologia;
2. Conceituar e categorizar epistemologia;
3. Conhecer, conceituar e discutir a Epistemologia 
Genética de Jean Piaget, uma das principais linhas 
epistemológicas contemporâneas; 
4. Conhecer, conceituar e discutir a Epistemologia 
Histórica de Bachelard, outra das principais linhas 
epistemológicas contemporâneas. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta 
rumo ao conhecimento? Ao trabalho!
COMPETÊNCIAS
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 13
Epistemologia e ciência: caminhos para 
a neuroeducação
Ao término deste capítulo você será capaz de 
perceber e refletir sobre as principais relações entre 
epistemologia e ciência, identificando o processo 
complexo de construção de conhecimento que, 
na neuroeducação, é estabelecido a partir desses 
princípios: interdisciplinaridade, complexidade e 
reflexão dinâmica e ininterrupta. Isto será fundamental 
para que você avance na perspectiva da neuroeducação 
enquanto um campo/área de produção de 
conhecimento e não apenas um repositório de saberes 
de outras áreas. Assim, a intenção é que você se 
aproprie do papel de pesquisador e possaativamente 
“fazer ciência”. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante!
Conhecimento: apontamentos gerais
Para avançarmos na relação da neuroeducação 
enquanto ciência, é fundamental que alguns conceitos 
relacionados à ciência sejam esclarecidos, entre eles, 
a definição de conhecimento. Afinal, você sabe o que é 
conhecimento? Conseguiria nesse momento esboçar 
uma definição concreta desse termo?
Essas questões não são tão simples, tampouco, 
suas respostas são pontuais ou definitivas. Elaborar 
em conceito o que é conhecimento é uma das buscas 
constantes do campo filosófico que é conhecida como 
Epistemologia ou Teoria do conhecimento. 
Epistemologia significa ciência e conhecimento. 
Consiste no estudo científico das questões relacionadas 
às crenças e aos conhecimentos, em sua natureza e 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação14
limitações. Busca compreender o alcance humano 
sobre o que é conhecimento e suas origens. 
Assim, podemos afirmar que a Epistemologia 
estuda a origem, estrutura, métodos e validade do 
conhecimento, portanto, sendo sinônimo para Teoria 
do Conhecimento. 
Outro aspecto importante é que a epistemologia, 
em diversas e diferentes áreas, busca um “grau 
de certeza” sobre o conhecimento produzido, 
evidenciando a importância desse para a sociedade/
humanidade. 
REFLITA:
Você já parou para pensar sobre alguns 
saberes que tomamos como “verdades”, mas 
que, quando analisados pela perspectiva da 
Teoria do Conhecimento, pouca ou nenhuma 
comprovação é identificada? No campo da 
neuroeducação não é diferente e, por isso, 
é a partir de um método científico coerente 
que será possível separar o “joio do trigo”. Um 
exemplo dessa separação são os neuromitos, 
os quais já vimos na primeira unidade. 
Assim, ao compreender a neuroeducação 
enquanto campo de produção de conhecimento é 
fundamental discutir as concepções “por trás” dessa 
produção, afinal, será que ciência necessita de 
verificações sistematizadas e comprovações a partir de 
princípios científicos? Será ciência uma organização do 
conhecimento empírico? Será ciência uma “roupagem” 
para o senso comum? E como tudo isso se articula em 
áreas que não “são duras”, que permitem e necessitam 
de interpretações e narrativas? 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 15
Entretanto, para podermos buscar essas 
respostas, sé é que elas existem, é preciso percorrer 
um caminho sobre a constituição da ciência de forma 
geral. Vamos lá?
ACESSE:
Acessem e o vídeo “O Mito do Efeito Mozart” 
que apresenta um exemplo de neuromito que 
se tornou uma “verdade” em decorrência de 
sua projeção. Link: https://www.youtube.com/
watch?v=dwPHQaAQtCk
Origem da epistemologia
A epistemologia teve seu início com Platão. Em 
suas buscas, esse filósofo se opunha ao conceito 
de que crença ou opinião podem ser consideradas 
conhecimento. Para ele, a crença ou opinião é 
subjetiva, já o conhecimento é uma crença verdadeira 
e que tem justificativas. 
Exemplo: A grande diferença entre crença e 
conhecimento é a explicação que acompanha o 
discurso sobre o fato. Um exemplo é a relação entre 
“sol” e “Terra”. Quando olhamos para o céu, durante 
o dia, podemos perceber que o “sol” se movimenta, 
até “sumir” no horizonte dando lugar para a noite. 
Essa seria uma explicação que tem uma crença que 
a estrutura, afinal, sabemos que ela não procede. 
Em relação à Terra, o sol não se movimenta, é sim o 
planeta que no movimento de rotação faz com que 
tenhamos essa perspectiva de “dia” e “noite”. Esse 
seria o “conhecimento” pois, apresenta estudos, 
comprovações via tecnologia e outros indícios. 
https://www.youtube.com/watch?v=dwPHQaAQtCk
https://www.youtube.com/watch?v=dwPHQaAQtCk
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação16
Figura 3: Dia e noite 
Figura 3: Empirista X Racionalista 
Fonte: Pixabay
Fonte: Elaborada pela autora (2019)
Sistematizando, podemos afirmar que da 
perspectiva de Platão, o conhecimento é compreendido 
como um conjunto de informações que descrevem e 
explicam o mundo social e natural no qual estamos 
inseridos. E, dessa conceituação, emergem duas 
perspectivas: a empirista e a racionalista. Veja: 
• Conhecimento é 
 baseado na experiência. 
• É resultado do que foi 
 aprendido durante a 
 vida.
• Conhecimento tem 
 como fonte a e não a 
 experiência. 
EMPIRISTA RACIONALISTA
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 17
Na Educação o conhecimento também é resultado 
de processos, porém, essa dualidade entre “empírico” 
e “racional” não permitiria o respeito necessário à 
complexidade da existência humana. Nesse sentido, 
a interdisciplinaridade se fez necessária, permitindo a 
superação da visão fragmentada, compreendendo que 
a ciência emerge do cotidiano e de uma pragmática, 
da relação entre sujeitos, de suas interações e de 
suas escolhas, portanto, o objeto e o sujeito do 
conhecimento assumem concomitantemente esses 
papeis e com isso, o conhecimento em Educação se 
configura como um processo. 
“[...] na base da prática científica existe essa ação 
humana e não um objeto que seria dado. A ciência 
emerge pouco a pouco do discurso cotidiano e/ou 
artesanal” (FOUREZ, 1995, p. 107).
Epistemologia e neuroeducação
Sendo um processo, o conhecimento na 
neuroeducação é conduzido a partir da perspectiva 
que o pesquisador assume, ou seja, do paradigma 
que o orienta. 
Para Kuhn (1997), consiste na estrutura mental que 
é composta por teorias, experiências e métodos, que 
serve para organizar a realidade e os pensamentos. 
Ainda, essa “estrutura mental” é compartilhada por 
sujeitos pertencentes de uma mesma comunidade 
científica, ou seja, quando o conjunto de crenças, 
valores, técnicas e proposições é aceito por todos de 
um grupo científico, consiste em um paradigma. 
Assim, na perspectiva de que a construção do 
conhecimento na neuroeducação, ao se aproximar 
ao da Educação, é coletiva e cultural e diretamente 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação18
influenciada pelo paradigma do pesquisador, faz-se 
necessário uma mudança de perspectiva no campo 
da ciência dessa área na tentativa de caracterizar 
o conhecimento resultante como conhecimento 
científico. Podemos afirmar que, diante da perspectiva 
dualista e fragmentada do processo de construção 
de conhecimento, privilegia-se métodos que não 
sejam determinísticos, tampouco, descritivistas, mas 
sim, flexíveis, adaptáveis, narrativos, metafóricos e 
exemplificáveis em seus métodos. 
Exemplo: Para melhor compreender a discussão 
até aqui proposta, observe a imagem. 
Figura 4: Cérebro 
Fonte: Pixabay
Trata-se de um cérebro humano, mas, desse 
cérebro, as apropriações seriam diferentes, bem como 
os métodos para a construção do conhecimento. A 
neurociência poderia utilizar um exame de ressonância 
para observar e registrar o funcionamento cerebral na 
ausência de luz, no escuro, e como essa condição afeta 
as sinapses. A neuropsicologia atuaria na perspectiva 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 19
de compreender como esse “funcionamento biológico” 
se projeta em comportamentos, ou seja, buscaria 
compreender como a ausência de luz interfere nas 
funções cognitivas, como a atenção, por exemplo. 
Já o neuroeducador, teria como objetivo se 
apropriar dos conhecimentos dessas duas áreas 
(neurociência e neuropsicologia), que indicam que a 
ausência da luz interfere nas sinapses e na atenção dos 
alunos, para, em uma turma de Educação de Jovens 
e Adultos, no qual todos trabalhar cerca de 10 horas 
por dia e vão direto para a escola, ou seja, cansados 
física e mentalmente, propor uma aula na qual as luzes 
estejam apagadas para a projeção de slides seria uma 
péssima estratégia. Portanto, para a neuroeducação, 
a construção desse conhecimento percorreu uma 
narrativa pois, é ela que permite compreender e 
considerar: o cansaço, a condição social, a condição 
cultural, a condição econômica, entre outras.
Portanto, conforme aponta Tokuhama-Espinosa 
(2008), aos neuroeducadores que seguemna produção 
de conhecimentos, cabe o exercício constante de 
flexibilidade de pensar, agir e de definir prioridades, 
visto que são várias as áreas que se relacionam, 
sendo necessário integrá-las de forma equilibrada. 
Assim, em linhas gerais, podemos afirmar que com a 
interdisciplinaridade de outras áreas, a neuroeducação 
emerge para evidenciar práticas e processos de 
ensino-aprendizagem aprimorados, articulando 
questões neurobiológicas e neuropsicológicas da 
aprendizagem humana, porém, na perspectiva 
complexa da área da Educação, que tem em sua 
estrutura processos sociais, culturais e históricos. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação20
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve 
ter aprendido que epistemologia significa 
ciência e conhecimento. Consiste no estudo 
científico das questões relacionadas às crenças 
e aos conhecimentos, em sua natureza e 
limitações. Busca compreender o alcance 
humano sobre o que é conhecimento e suas 
origens. Vimo que, diante desse conceito, 
podemos afirmar que a Epistemologia estuda 
a origem, estrutura, métodos e validade do 
conhecimento, portanto, é sinônimo de Teoria 
do Conhecimento, e que busca um “grau de 
certeza” sobre o conhecimento produzido, 
evidenciando a importância desse para a 
sociedade/humanidade. 
Avançamos na perspectiva da neuroeducação 
enquanto campo de produção de conhecimento, 
identificando que, para isso, é fundamental ao 
neuroeducador discutir as concepções “por trás” dessa 
produção, discussão que traz questões filosóficas e 
amplas, para quais necessita-se de uma formação 
interdisciplinar não para responde-las apenas, mas, 
para “navegar” por entre as possibilidades de respostas. 
Ao voltarmos às origens da epistemologia, vimos 
que Platão foi o percursor e, em suas buscas, esse 
filósofo se opunha ao conceito de que crença ou 
opinião podem ser consideradas conhecimento. Para 
ele, a crença ou opinião é subjetiva, já o conhecimento 
é uma crença verdadeira e que tem justificativas. 
Avançando, vimos que o conhecimento é resultado de 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 21
processos e que, especificamente na neuroeducação 
pela sua proximidade com a Educação, é fundamental 
superar a dualidade entre “empírico” e “racional”, 
pois, essa não permitiria o respeito necessário à 
complexidade da existência humana. Esse é um dos 
principais apontamentos para compreendermos o 
porquê de se afirmar a neuroeducação enquanto 
área interdisciplinar. Por fim, na perspectiva de que 
a construção do conhecimento na neuroeducação 
é coletiva e cultural e diretamente influenciada 
pelo paradigma do pesquisador, identificamos a 
necessidade de uma mudança de perspectiva no 
campo da ciência dessa área na tentativa de caracterizar 
o conhecimento resultante como conhecimento 
científico, sendo fundamental privilegiar métodos que 
não sejam determinísticos, tampouco, descritivistas, 
mas sim, flexíveis, adaptáveis, narrativos, metafóricos 
e exemplificáveis em seus métodos. 
 
Categorização e concepções na 
epistemologia e sua relação com a 
neuroeducação
Ao término deste capítulo você será capaz de 
entender como o que é epistemologia e as perspectivas 
que ela assume a partir de diferentes contexto e 
percepções. Enquanto pesquisador e profissional 
que precisará atuar de maneira interdisciplinar, esses 
conhecimentos permitirão que você amplie seus 
conhecimentos gerais e, com isso, tenha “outras 
cartas na manga” para avançar na produção do 
conhecimento na neuroeducação. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. 
Avante!
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação22
Delineamentos da epistemologia
Como vimos, de maneira breve, a epistemologia 
consiste no estudo do processo para a construção do 
conhecimento, ainda, que na neuroeducação esses 
processos são diversos diante da interdisciplinaridade 
dessa área. Nesse sentido, é importante compreender os 
delineamentos das questões epistemológicas. Observe: 
•	 Perspectiva do prolongamento da reflexão gnoseológica e 
metodológica. 
•	 A epistemologia é entendida como uma reflexão filosófica 
sobre o conhecimento científico, pelo que constitui tarefa de 
filósofos. 
•	 Exemplos: Peirce, Husserl ou Cassirer.
•	 A epistemologia é considerada como uma tarefa que só o 
cientista pode realizar, analisando e refletindo sobre a sua 
própria atividade científica, explicitando as suas regras de 
funcionamento, o seu modo próprio de conhecer.
•	 Neste caso, o cientista como que ultrapassa o seu papel 
assumindo o do filósofo.
•	 Exemplos: Einstein, Heinsenberg ou Monod.
Eistemologia como ramo da Filosofia
Epistemologia como atividade emergente da 
própria atividade científica 
Figura 5: Três delineamentos fundamentais da Epistemologia enquanto 
disciplina 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 23
•	 A epistemologia é considerada como uma investigação 
metacientífica, uma “ciência da ciência”, disciplina de segundo 
grau constituindo domínio de epistemólogos e que tem o seu 
próprio objeto: o discurso científico e/ou a atividade científica 
e os seus produtos e o seu próprio método
•	 Exemplos: análise lógica da linguagem científica no neo-
positivismo de Carnap, Hempel, Raichenbach ou Nagel; o 
método psicogenético e histórico-crítico piagetiano de uma 
Epistemologia Genética; o comparativismo transcendental de 
G. G. Granger de uma epistemologia comparatista; ou ainda 
as abordagens mais teoréticas e especulativas de Bachelard, 
Popper, Kuhn ou Lakatos.
Epistemologia como disciplina autônoma
Fonte: Elaborada pela autora com base em Pombo, 2003
Diante dessa categorização, seguiremos para 
ampliá-las no sentido de responder as seguintes 
questões: O que cada delineamento propõe à Ciência? 
Como cada proposta se projeta na neuroeducação?
 
Questões filosóficas para a concepção de 
Ciência
Filosofia e Ciência desde sempre se relacionam 
de maneira íntima. A Ciência é, de fato, um dos objetos 
de reflexão da Filosofia que, com o tempo e diante 
das transformações, também sofre alterações em 
sua perspectiva. De forma sistematizada, podemos 
identificar três períodos de transformação dessa 
relação da Filosofia com a Ciência, no qual as questões 
que orientam as interfaces são transformadas, são eles: 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação24
1º Período: A Ciência é ou não possível? 
Para essa questão, duas perspectivas emergem 
no mundo antigo: a dos céticos, que afirmariam não 
ser possível um conhecimento universal diante da 
subjetividade do mundo e; dos pensadores que 
propunham sistemas filosóficos, como Aristóteles e 
Platão, que afirmavam sua possibilidade. 
Com o Renascimento, uma predileção cética toma 
corpo. Como exemplo, temos Montaigne que afirmava 
ser impossível um conhecimento universal pela própria 
limitação humana de “saber”, ou seja, afirmava “[...] nada 
saber e nada ser possível saber” (POMBO, 2003, online). 
Em contraposição a essa perspectiva, novamente os 
sistemas filosóficos urgem para defender a possibilidade 
da Ciência, tendo como exemplos Descartes e Leibniz, 
que já passam a se apropriar dos avanços da ciência 
experimental de Copérnico e Galileu. 
2º Período: Quais as condições que permitem a 
Ciência ser possível?
Com Kant no século XVIII, tendo como suporte 
toda a produção de Newton, passa-se afirmar que não 
é mais viável questionar se a ciência é ou não possível, 
afinal, trata-se de um fato constituído. Nesse sentido, 
debruça-se para compreender como é possível a 
Ciência, quais as condições que a permitem avançar 
do conhecimento subjetivo determinado para um 
conhecimento universal. 
3º Período: O que é Ciência?
Esse período persiste até os dias atuais e essa 
questão não é tão simples na formulação de sua 
resposta. A priori, a complexidade já está na própria 
formulação da questão, quepode seguir por dois 
caminhos fundamentais: 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 25
a) Quais as condições que diferenciam o que é e o que 
não é uma explicação científica? – Proposta normativa
b) Quais os métodos e a natureza dos processos que se 
relacionam no funcionamento da Ciência? Quais as 
relações que estabelece com os diversos e variados 
tipos de conhecimento? – Proposta descritiva
Na proposta formativa, podemos identificar três 
possíveis respostas à questão identificada: 
Figura 6: Respostas normativas 
•	 os enunciados científicos distanciam-se dos não científicos 
porque têm a possibilidade de serem confirmados positivamente 
pela experiência. Assim, haverá sempre algures, na relação 
entre o sujeito e o mundo, a presença do facto, enquanto forma 
positiva de confirmar um enunciado. Este tipo de resposta 
corresponde à posição positivista e neo-positivista.
•	 um enunciado é científico, não porque possa ser confirmado 
pela experiência, mas precisamente quando por ela pode 
ser refutado. Esta posição, Bachelariana na sua origem, é 
fundamentalmente desenvolvida por Popper o qual afirma que 
um dado enunciado pode ser considerado científico quando for 
possível fazer tentativas no sentido de o refutar.
•	 um enunciado é científico quando é internamente compatível 
com um dado conjunto de proposições que formam um sistema 
a partir do qual podem ser operativamente deduzidas um leque 
significativo de consequências. 
Confirmação positiva
Confirmação negativa
Confirmação formalista
Fonte: Elaborada pela autora (2019)
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação26
Assim, de acordo com a confirmação formalista, 
é possível identificar uma premissa que não tangencia 
ao ceticismo, mas, que também aponta que não há 
possibilidade de confirmar os enunciados científicos 
perante a realidade. Isso resulta em uma proposta que 
atribui à Ciência uma linguagem própria. 
Já a perspectiva descritiva vem a convergir com 
a necessidade da neuroeducação, afinal, apesar dela 
remontar conhecimentos de pesquisas de laboratórios 
e em situações mais restritivas, necessita descrever 
e perceber todo o contexto do processo de ensino-
aprendizagem, sendo esse narrativo e descritivo. 
 Categorias Epistemológicas
Diante da diversidade das respostas à questão 
“O que é Ciência?” É possível evidenciar que não há 
apenas uma, mas sim, várias concepções de ciência. 
Essa variedade pode ser classificada e categorizada 
em quatro categorias epistemológicas: 
Figura 4: Entrevista pessoal
Fonte: Elaborada pela autora com base em Pombo (2003)
Epistemologias Gerais e Regionais
Epistemologias 
Continuístas
e Descontinuistas
Epistemologias 
Cumulativistas
e Não cumulativas
Epistemologia 
Internalistas
e Externalistas
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 27
Figura 7: Augusto Comte
Fonte: Wikimedia Commons
As epistemologias gerais e Regionais dizem 
respeito à extensão de seu campo de análise. Seguem 
uma perspectiva generalista considerando a Ciência 
em sua totalidade. Pensa, portanto, a ciência em 
sua globalidade ou no seu conjunto. As primeiras 
teorias do conhecimento foram regionais, sob a 
forma de história. Como exemplo temos a História da 
Matemática, formulada por Augusto Comte no século 
XIX. Portanto, ao se referir a “regional”, refere-se à área 
específica, trata-se de uma ciência em particular como 
a matemática, a biologia, a sociologia, entre outras. 
Augusto Comte definia que as várias ciências 
consistiam na expressão da “atividade do espírito 
humano”, embora cada tenha suas características e 
especificidades. Assim, é possível se ter Teorias do 
conhecimento, ou seja, epistemologia da física, da 
matemática, das ciências humanas, entretanto, para 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação28
a verdadeira compreensão da ciência é necessário 
articular todas áreas, reconhecendo suas relações ao 
objeto/relação da pesquisa. 
No campo das epistemologias continuístas 
e descontinuístas, pensa-se sobre a compreensão 
do modo como se entende o progresso da ciência. 
Para seus representantes da perspectiva continuísta, 
a ciência se desenvolve a partir de uma anterior: o 
conhecimento anterior em seus fragmentos permite 
que a próxima ciência se desenvolva, sendo uma teoria 
“prolongada” por uma outra. Já para os descontinuístas, 
a ciência avança por meio de rupturas, quando se 
passa a negar as teorias anteriores. Assim, evidenciam 
as diferenças entre as teorias, aquilo que as separa. 
O progresso não se dá pelo acréscimo, mas sim, pela 
quebra da tradição e substituição por uma nova teoria.
IMPORTANTE:
Kuhn convergia com a perspectiva 
descontinuista, afirmando que não é 
apenas a teoria que muda, mas sim, 
todo o paradigma. Vimos anteriormente 
que paradigma é a “orientação” que o 
pesquisador segue para selecionar objetos, 
métodos e relações para a produção do 
conhecimento, sendo assim, Kuhn propõe 
a “quebra de paradigma”, termo recorrente 
na literatura da área da Educação. 
Observe as diferenças entre essas duas 
concepções: 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 29
Teoria 01 Teoria 02 Teoria 03
Nova
teoria-
Teoria 04
Continuístas
Teoria 01 Teoria 02 Teoria 03
Nova
teoria-
Teoria 04
Descontinuístas
Figura 8: Diferença entre as concepções
Fonte: Elaborada pela autora (2019)
No sentido das perspectivas cumulativas e não 
cumulativas, busca-se a compreensão da relação 
temporal entre ciência e verdade. Os epistemólogos 
da vertente cumulativa defendem a ciência como 
progressiva, decorrente de um acréscimo de saber, 
de uma acumulação de conhecimento durante um 
período/escala de tempo. Ou seja, cada nova teoria 
seria mais verdadeira que a anterior. 
Na perspectiva não cumulativista, não 
necessariamente se considera a “nova teoria” como a mais 
verdadeira, mas sim, entende-a como uma outra maneira 
de ver o mundo. A busca pela verdade incontestável não 
é objetivada, que importa é “[...] avaliar de que modo, cada 
nova teoria, além de constituir uma diferente maneira de 
pensar o mundo, possui um campo de aplicação maior 
ou menor que as anteriores.” (POMBO, 2003, online).
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação30
As perspectivas epistemológicas internalistas 
e externalistas pensam sobre as relações que as 
ciências estabelecem com as demais atividades 
humanas. Nessa teoria, a ciência é autônoma em 
relação ao conhecimento que produz. Amplia-se 
a possibilidade de abstração, permitindo que se 
desenvolvam os próprios objetos, leis, métodos e 
processos para a ciência. Ou seja, a ciência deve ser 
estudada independentemente de quem a produz e das 
condições históricas que a permite. Já a perspectiva 
externalista vê a ciência como uma atividade humana 
que, portanto, para ser compreendida necessita ser 
incluída no conjunto de todas as atividades humanas, 
ou seja, o social, econômico, cultural, entre outros 
fatores, influem diretamente na Ciência. Essa última 
perspectiva concebe um modelo de ciência que 
se estabelece frente à três dimensões essenciais: 
psicológica, filosófica e sociológica. 
Diante dessa breve sistematização do sentido e 
concepção de ciência, qual o caminho e perspectiva 
da neuroeducação? Como se dá a análise para esse 
campo que busca se sustentar enquanto ciência? 
Essas questões serão desenvolvidas à frente, tendo 
como premissa a relação entre sujeito e objeto, na 
perspectiva da epistemologia como viva e significativa, 
priorizando nessa unidade a proposta construtivista e 
estruturalista de Jean Piaget e a histórica de Bachelard. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 31
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve 
ter aprendido que é possível compreender 
a Epistemologia a partir de três grandes 
perspectivas: Epistemologia enquanto 
ramo da Filosofia, Epistemologia enquanto 
atividade emergente da própria atividadecientífica e Epistemologia enquanto disciplina 
autônoma. Vimos que Filosofia e Ciência 
desde sempre se relacionam de maneira 
íntima, sendo a produção de conhecimento 
um dos objetos de reflexão da Filosofia que, 
com o tempo e diante das transformações, 
também sofre alterações em sua perspectiva. 
Dessas transformações, vimos que é possível 
sistematizar três períodos, cada qual com uma 
questão norteadora: 
1º Período: A Ciência é ou não possível? - 
do mundo antigo emergem as perspectivas 
céticas e os sistemas filosóficos. 
2º Período: Quais as condições que permitem 
a Ciência ser possível? – do século XVIII 
emergem discussões sobre quais as condições 
que a permitem avançar do conhecimento 
subjetivo determinado para um conhecimento 
universal. 
3º Período: O que é Ciência? – o momento 
atual, que contempla a complexidade da 
própria questão, evidenciando dois caminhos 
fundamentais: a proposta normativa e a 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação32
Epistemologia Genética de Jean Piaget
Ao término deste capítulo você poderá 
identificar as principais características e discussões 
da Epistemologia Genética de Jean Piaget. Perceberá 
como se configura o processo de construção 
de conhecimento nessa perspectiva. Isto será 
fundamental para que, em atuação interdisciplinar, 
tenha uma base teórica que já é consagrada no campo 
educacional, mas, que não se limita a ele. E então? 
proposta descritiva. Dessas propostas, vimos 
que há categorizações epistemológicas, 
sendo elas:
 
• Epistemologias gerais e Regionais: dizem 
respeito à extensão de seu campo de 
análise. Seguem uma perspectiva generalista 
considerando a Ciência em sua totalidade. 
• Epistemologias continuístas e descontinuístas: 
pensam sobre a compreensão do modo como 
se entende o progresso da ciência, buscando 
a compreensão da relação temporal entre 
ciência e verdade. 
• Epistemologias cumulativa e não cumulativas: 
defende a ciência como progressiva, 
decorrente de um acréscimo de saber, de 
uma acumulação de conhecimento durante 
um período/escala de tempo. Ou entendem 
o “conhecimento novo” como uma outra 
maneira de ver o mundo. 
• Epistemologias internalistas e externalistas: 
pensam sobre as relações que as ciências 
estabelecem com as demais atividades 
humanas. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 33
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Jean Piaget: breve biografia
Figura 9: Jean Piaget 
Fonte: Wikimedia Commons
O biólogo e psicólogo Jean William Fritz Piaget 
nasceu em 9 de agosto de 1896, na cidade de Neuchâtel, 
Genebra. Viveu até 16 de setembro de 1980 e pode ser 
considerado um dos mais importantes pensadores do 
século XX. Como pesquisador, defendeu a abordagem 
interdisciplinar para a construção do conhecimento, ou 
seja, considerava necessária a articulação das diversas 
áreas para a investigação epistemológica. De seus 
estudos e pesquisas, desenvolveu a Epistemologia 
Genética, teoria do conhecimento que tem como base 
a origem psicológica do pensamento humano. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação34
SAIBA MAIS:
Para saber mais leia o artigo “Piaget, o biólogo 
que colocou a aprendizagem no microscópio”, 
por Márcio Ferrari, para a Revista Nova Escola. 
Nele é discutida a perspectiva de Piaget que 
revolucionou o modo de encarar a educação 
de crianças, principalmente, ao afirmar que o 
pensamento infantil difere do adulto e que elas, 
as crianças, constroem o próprio aprendizado. 
Disponível em: https://novaescola.org.br/
conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-
colocou-a-aprendizagem-no-microscopio
Piaget parte da seguinte questão-problema em seus 
estudos: Como se avança de um estado para outro mais 
complexo de conhecimento? Dessa motriz, evidencia o 
papel ativo do sujeito na construção da aprendizagem, 
em suas relações com o universo de significados. 
Ampliando sua questão, podemos identificar que 
o que pretendia Piaget era desenvolver uma teoria 
que permitisse compreender como a humanidade 
avança de um estado menor para um maior. Nessa 
perspectiva, estabeleceu um método clínico, o qual 
previa, a partir de perguntas, compreender como o 
sujeito pensa em determinada situação e como esse 
pensamento resulta em novas perguntas. 
Conceitos-chave da epistemologia genética 
de Jean Piaget
Na sua perspectiva, Piaget especifica quatro 
fatores responsáveis pelo desenvolvimento do 
intelecto da criança. São eles: o fator biológico, o 
exercício e a experiência, as interações e transmissões 
sociais e a equilibração das ações. 
https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microsco
https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microsco
https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microsco
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 35
Para ele, o fator biológico está relacionado ao 
crescimento e à maturação do sistema nervoso. O 
exercício e a experiência se relacionam com a ação 
do sujeito. As interações sociais, que ocorrem por 
meio da linguagem e do processo educacional e, por 
fim, a equilibração, que seria, de modo simplificado, a 
“consolidação” da aprendizagem no sujeito. 
De forma geral, a premissa de Piaget compreende 
o processo de construção do conhecimento da 
seguinte forma: 
Figura 10: Esquematização da construção do conhecimento na Epistemologia 
Genética de Jean Piaget 
Fonte: Elaborada pela autora (2019)
Assim, temos conceitos-chave que são essenciais 
para compreender toda a teoria desenvolvida por 
Piaget na Epistemologia Genética, são eles: 
1. Esquemas mentais: consistem na “estruturação” 
das experiências e exercícios, ou seja, é a síntese das 
ações já realizadas que permitem uma nova atividade e 
a relação entre o conhecimento que se tem com o novo. 
2. Objetos: são os elementos que circundam o 
sujeito e o permitem estabelecer relações: pessoas, 
objetos, textos, ideias, entre outros. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação36
3. Operação: é a ação que se internaliza no sujeito 
e modifica o objeto. 
4.Adaptação: diz respeito ao acesso ao 
conhecimento e está diretamente relacionada com a 
assimilação e acomodação.
4.1: Assimilação: é significar os objetos. Trata-se 
de uma condição própria do sujeito e que, portanto, só 
pode ser realizada por ele. É quando ele transforma o 
objeto em algo compatível com seus esquemas. 
4.2: Acomodação: é a modificação do sujeito 
para compreender o objeto. Consiste na modificação 
dos esquemas mentais. 
Assim, a aprendizagem se efetiva quando o 
processo de equilibração se sustenta. Equilibração 
é a regulação entre a assimilação e a acomodação, 
ou seja, quando a assimilação e a acomodação se 
regulam, entram em equilíbrio, a aprendizagem se 
efetiva. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais assista ao vídeo “Teoria da 
Equilibração” com o Professor Fernando 
Becker, para o canal Lumia, da UFRGS, 
disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=wezvP3pTdEE
Desses conceitos primeiros, podemos perceber 
que a Teoria de Piaget implica na neuroeducação ao: 
Outorgar ao aluno um papel central em suas 
aprendizagens, aceitar que o processo de 
aprendizagem é um processo reconstrutivo, 
lento, no qual o aluno deve carregar o peso da 
https://www.youtube.com/watch?v=wezvP3pTdEE
https://www.youtube.com/watch?v=wezvP3pTdEE
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 37
atribuição de significados, pensar que o processo 
de equilibração é essencial em qualquer construção 
de conhecimentos, defender que o ensino deve 
favorecer as situações nas quais ocorra esta 
aprendizagem significativa e que não deve ser um 
processo mecânico e repetitivo. (MARTI, 1996, p. 23 
apud CORREIA, 2001, p. 557).
É, portanto, uma epistemologia da ação, que 
propõe que o sujeito mediante sua ação constitui o 
conhecimento. Consiste na perspectiva do “movimento 
do conhecimento”, esse que sempre avança para 
seu enriquecimento, quando do “desequilíbrio” e 
“equilibração”.ACESSE:
Epistemologia Genética – Por Jean Piaget
Assista aovídeo do próprio Jean Piaget 
descrevendo a Epistemologia Genética em 
1977. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=1rRFtzYvGqE 
https://www.youtube.com/watch?v=1rRFtzYvGqE 
https://www.youtube.com/watch?v=1rRFtzYvGqE 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação38
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve 
ter aprendido que o biólogo e psicólogo Jean 
William Fritz Piaget pode ser considerado um 
dos mais importantes pensadores do século 
XX. Que, como pesquisador, defendeu a 
abordagem interdisciplinar para a construção 
do conhecimento, considerando necessária 
a articulação das diversas áreas para a 
investigação epistemológica. Ainda, que 
de seus estudos e pesquisas, desenvolveu 
a Epistemologia Genética, teoria do 
conhecimento que tem como base a origem 
psicológica do pensamento humano, que 
é uma das abordagens epistemológicas de 
destaque na contemporaneidade. 
Vimo que seus estudos e pesquisas 
partem da questão-problema: Como 
se avança de um estado para outro 
mais complexo de conhecimento? 
Pretendendo, portanto, desenvolver uma 
teoria que permitisse compreender como 
a humanidade avança de um estado menor 
para um maior. Nessa investigação ele 
identifica quatro fatores responsáveis pelo 
desenvolvimento do intelecto da criança: o 
fator biológico, o exercício e a experiência, 
as interações e transmissões sociais e a 
equilibração das ações, sendo:
1. Fator biológico: relacionado ao 
crescimento e à maturação do sistema 
nervoso. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 39
2.Exercício e a experiência: a ação 
do sujeito. 
3.Interações sociais: que significam a 
ação do sujeito.
4.Equilibração: que de modo 
simplificado consiste na “consolidação” da 
aprendizagem no sujeito. 
Foram apresentadas as concepções 
dos conceitos-chave dessa epistemologia, 
com destaque para os esquemas mentais, 
assimilação, acomodação e equilibração. 
Por fim, foi possível identificar essa 
perspectiva como uma epistemologia da 
ação, que propõe que o sujeito mediante 
sua ação constitui o conhecimento, 
coerente com o entendimento do 
“movimento do conhecimento”, esse que 
sempre avança para seu enriquecimento, 
quando do “desequilíbrio” e “equilibração”. 
Epistemologia Histórica de Bachelard
Ao término deste capítulo você poderá 
identificar as principais características e discussões 
da Epistemologia Histórica de Guston Bachelard. 
Perceberá como se configura o processo de 
construção de conhecimento nessa perspectiva. Isto 
será fundamental para que, em atuação interdisciplinar, 
tenha uma base teórica que já é consagrada no campo 
educacional, mas, que não se limita a ele. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação40
Gaston Bachelard: uma breve biografia
Gaston Bachelard pretendia forma-se engenheiro, 
porém, com a Primeira Guerra Mundial, seu projeto 
não seguiu adiante, migrando para a docência em 
cursos secundários, diretamente com as matérias 
de física e química. Passou a estudar Filosofia aos 35 
anos, com o intuito, também, da docência. Em 1930 
é convidado para lecionar na Faculdade de Dijon e, 
em 1940 ingressa em Sorbonne, onde passa a lecionar 
e se destacar pela imensa aceitação e procura de 
suas aulas pelos estudantes. Em 1955 ingressa na 
Academia das Ciências Morais e Políticas da França, 
sendo laureado com o Prêmio Nacional de Letras em 
1961. Em 1962 Bachelard falece com grande destaque 
e produções que são referências em sua área. 
Figura 11: Gaston Bachelard 
Fonte: Wikimédia Commons
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 41
Sua obra se desenvolve no contexto da Revolução 
Científica do século XX, marcada pela Teoria da 
Relatividade de Albert Einstein. Seus estudos tinham 
como objetivo a busca do significado epistemológico 
dessa “nova ciência”, significando uma filosofia 
compatível. 
Teve como principais formulações a historicidade 
da epistemologia e a relatividade do objeto, 
rompendo com as perspectivas anteriores em termos 
epistemológicos, considerando a relação com o 
objeto que, nesse dinâmica, não é mais absoluto, é 
complexo!
Suas reflexões e proposições convergem com 
a perspectiva da descontinuidade, compreendendo 
que o "novo espírito científico" tange à ruptura com o 
anterior. Essa "ruptura epistemológica" entre a ciência 
contemporânea e o senso comum é uma das suas 
principais contribuições. 
IMPORTANTE:
Bachelard atua no âmbito da história das 
ciências, afirmando que o conhecimento não 
pode ser avaliado em termos de acúmulos. 
Em sua perspectiva a avaliação só é possível 
no campo das rupturas, de retificações 
e em um processo dialético. Assim, o 
conhecimento científico é construído na 
constante análise e ponderação dos erros 
anteriores. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação42
O espírito científico é essencialmente uma retificação 
do saber, um alargamento dos quadros do 
conhecimento. Julga o seu passado condenando-o. 
A sua estrutura é a consciência dos seus erros 
históricos. Cientificamente, pensa-se o verdadeiro 
como retificação histórica de um longo erro, pensa-
se a experiência como retificação da ilusão comum 
e primeira. (BACHELARD, 2004, p. 30).
Assim sendo, sua luta era superar a:
“[...] perenidade das ideias científicas e a continuidade 
destas com o senso comum.” (BACHELARD, 2004, p. 
180). Para isso, propôs uma filosofia das ciências que 
prevê revisões e ajustes de concepções conforme 
a sociedade avança. Para ele "todo conhecimento 
é polêmico. Antes de constituir-se, deve destruir 
as construções passadas e abrir lugar a novas 
construções.” (idem). 
Figura 12: Ruptura 
Fonte: Pixabay
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 43
É este movimento dialético que constitui a 
tarefa da nova epistemologia". (BACHELARD, 2004, 
p. 180). Assim, sua perspectiva racionalista tem um 
sentido próprio e uma preocupação constante com a 
aplicação, identificando como necessidade a dialética 
entre a experiência e a teoria.
Conceitos-chave da Epistemologia 
Histórica de Bachelard
“Chega uma altura em que o espírito gosta mais 
daquilo que confirma o seu saber do que daquilo 
que o contradiz, prefere as respostas às perguntas”. 
(Bachelard)
Rompendo com as evidencias cartesianas, a 
Epistemologia histórica propõe uma pedagogia da 
complexidade, que reafirma a necessidade reler 
o simples para o múltiplo, considerando o todo 
complexo. Nesse sentido, podemos citar os seguintes 
conceitos-chave e suas relações na perspectiva da 
epistemologia histórica: 
1. Educação: está diretamente relacionada com as 
interações humanas e psicológicas, no qual a confiança 
e o respeito intelectual são obrigatórios. Considera que 
se desenvolve na tentativa do “aluno superar o mestre”, 
assim, o professor com interesse no desenvolvimento 
intelectual, moral, ético e científico de seu aluno, 
investe para que ele avance exponencialmente. Veja o 
processo de ensinar e aprender para Bachelard: 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação44
Figura 13: Epistemologia em Bachelard 
Fonte: Elaborada pela autora (2019)
1.1. Produção de conhecimento: implica 
nos pressupostos da racionalidade científica e da 
pedagógica. Produzir conhecimento não pode estar 
dissociado da prática: “[...] o ato de ensinar não se 
destaca tão facilmente quanto se crê, da consciência 
de saber”. (Bachelard, 2003, p.74).
1.2. Cultura: identifica como elemento 
que oportuniza raciocinar e pensar a partir de todas 
as variações do pensamento, é a consciência em 
mutação e o ensino que permite não ser dogmático. 
SAIBA MAIS:
Você sabe o que é dogma? Dogma é qualquer 
doutrina de caráter indiscutível, que se assume 
enquanto verdade absoluta e que, portanto, 
não pode ser discutida ou questionada. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação45
1.3. Pesquisa e ensino: são interligados e 
dinâmicos e, portanto, resultam na assunção da 
Educação enquanto prática filosófica, histórica, social 
e crítica. 
1.4. Professor: é a figura que ensina e 
pesquisa, aprende e ensina. Necessita de formação 
multidisciplinar e interdisciplinar para que possa 
desenvolver diálogos teóricos/metodológicos.
2. Defasamento: é a lógica de retificação dos 
conhecimentos anteriores, que consiste na chave de 
todo progresso científico. 
IMPORTANTE:
Ciência, portanto não é um conhecimento 
absoluto, tampouco rigoroso, apenas 
uma aproximação do sentido profundo da 
natureza. 
3. Crítica: a nova pedagogia científica pensada 
por Bachelard é essencialmente crítica e estimula 
professores e alunos a exercitarem o pensamento aberto 
na busca de fenômenos e problemáticas complexos e 
na capacidade de formular questões problemas e de 
construir objetos de pesquisa, “procurando no real aquilo 
que contradiz conhecimentos anteriores”. (Bachelard) 
O professor, na prática pedagógico-científica, pode 
ser muito menos alguém que ensina e mais alguém 
que desperta, estimula, provoca, questiona e se deixa 
questionar. Tal atitude permite estabelecer relações 
pedagógicas colaborativas, abertas e construtivas. 
A ambiência afetiva e pedagógica estimulará, com 
certeza, o aluno a criar, criticar, produzir, inovar, 
pesquisar etc.
4. Ruptura: no campo Educação, especificamente 
da Pedagogia, essa ruptura permite um caráter 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação46
criativo na intenção de instruir novos saberes a partir 
da ruptura com o senso comum. É a superação do 
modelo cartesiano para um modelo dialético, no 
qual seja possível a orientação dos estudantes para 
avançarem do conhecimento estreito e ingênuo para 
o científico. Prevê o “deformar-se” para “formar-se”, 
garantindo múltiplos olhares para o mesmo objeto.
5. Obstáculos: a ciência é, portanto, entendida 
como um processo de negação dos conhecimentos 
atuais. Faz-se críticas às concepções continuístas, 
priorizando o ideário da “descontinuidade”. 
6. Erro: o erro, portanto, é fundamental para que 
o conhecimento se figure em “permanente estado 
de crise”, impelindo na sua constante revisão e 
transformação. 
Assim, na perspectiva da epistemologia histórica, 
é possível compreender o pensamento científico como 
“construções”, no qual há espaço e possibilidades para 
diversas configurações e perspectivas. 
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação 47
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve 
ter aprendido que Gaston Bachelard foi um 
professor de destaque, apesar da docência 
não ser seu plano inicial, pois, pretendia 
forma-se engenheiro. Que, como principais 
formulações nos deixou a historicidade da 
epistemologia e a relatividade do objeto, 
rompendo com as perspectivas anteriores 
em termos epistemológicos, considerando 
a relação com o objeto que, nesse dinâmica, 
não é mais absoluto, é complexo! 
Vimos que suas reflexões e proposições 
convergem com a perspectiva da 
descontinuidade, compreendendo que o 
“novo espírito científico” tange à ruptura com 
o anterior. Essa “ruptura epistemológica” 
entre a ciência contemporânea e o senso 
comum consiste em uma das suas principais 
contribuições. Tinha como objetivo superar 
a “[...] perenidade das ideias científicas e a 
continuidade destas com o senso comum.” 
(BACHELARD, 2004, p. 180) e, para isso, propôs 
uma filosofia das ciências que prevê revisões e 
ajustes de concepções conforme a sociedade 
avança. Para ele “todo conhecimento é 
polêmico. Por fim, a partir de suas análises e 
considerações, é possível compreender a 
Ciência não mais como um conhecimento 
absoluto, tampouco rigoroso, mas sim, como 
uma aproximação do sentido profundo da 
natureza.
Atuação interdisciplinar e Neuroeducação48
BIBLIOGRAFIA
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