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Direito Eleitoral - Jaime Barreiros 2022.1

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DIREITO ELEITORAL – JAIME BARREIROS NETO 
INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL 
O Direito Eleitoral corresponde ao ramo do Direito Público diretamente relacionado à 
instrumentalização da participação política e à consagração do exercício do poder de sufrágio 
popular, de modo a que se estabeleça a precisa equação entre a vontade do povo e a atividade 
governamental. 
Assim, pode-se compreender o objeto do Direito Eleitoral como sendo a normatização de todo o 
chamado processo eleitoral. E o seu objeto como sendo a busca da garantia da normalidade e da 
legitimidade do exercício do poder de sufrágio popular, viabilizando a democracia. 
Poder de sufrágio compreende o poder inerente ao povo de participar da vida política do Estado. 
Esse poder de materializa, principalmente, mas não unicamente, através do voto. O voto é o grande 
instrumento através do qual temos a masterização do sufrágio. Porém, existem outras maneiras de 
participação. 
A Constituição de 1988 é uma constituição maximalista, em termos democráticos, com uma 
democracia participativa ou semidireta, que não se resume à participação política. Assim, o povo 
participa também através de plebiscito, referendo, iniciativa popular de lei. 
NORMALIDADE: Está presente quando não há vício ou fraude no processo de manifestação da 
vontade, quando todos os procedimentos são realizados da forma correta. Isto é, significa a plena 
garantia da consonância do resultado apurado nas urnas com a vontade soberana expressada pelo 
eleitorado. 
Na história do Brasil, a normalidade sempre encontrou desafios, haja vista até meados dos anos 
1990, fraudes aconteciam devido ao voto em papel. 
OBS.: Boletim de Urna - Com o fim da votação no dia da eleição, o 
mesário presidente coloca um código na urna e o Boletim de Urna é 
impresso. O BU fica exposto dentro do local onde é feita a votação para 
visualização de quem tiver interesse. O boletim contém o resultado 
completo da votação em cada urna, isto é, quantos votos cada 
candidato teve. 
Esse BU, que é impresso pela própria urna, tem o resultado exato de 
votos recebidos pelos candidatos. Só depois é que os dados são 
copiados para um dispositivo parecido com um pendrive e enviados 
para a Justiça Eleitoral. 
LEGITIMIDADE: Vai além do aspecto formal de se evitar uma fraude; materialmente consiste em 
uma garantia à plena autonomia do eleitor. O eleitor precisa exercer seu voto com total autonomia 
e liberdade, sem qualquer pressão ou mando. Somente em uma democracia há preocupação com a 
legitimidade material. Assim, representa o reconhecimento de um resultado justo, de acordo com 
a vontade soberana do eleitor. 
OBS.: A competência privativa para legislar sobre Direito Eleitoral é da 
União, segundo o art. 22, da Constituição Federal. 
FONTES DO DIREITO ELEITORAL: Constituição Federal, 0 Código Eleitoral, a Lei das Eleições (Lei 
n°. 9.504/97), a Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n°. 64/90), a Lei dos Partidos Políticos 
(Lei n°. 9096/95), além das resoluções do Tribunal Superior Eleitoral. 
Art. 105, Lei nº 9.504/97. Até 0 dia 05 de março do ano da eleição, 0 
Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem 
restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta 
Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel 
execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados 
ou representantes dos partidos políticos. 
O legislador, que 0 poder regulamentar da Justiça Eleitoral é limitado, não podendo estabelecer 
restrições a direitos sem embasamento legal. 
DEMOCRACIA COMO CONDIÇÃO À EXISTÊNCIA DO DIREITO ELEITORAL 
O Direito Constitucional serve para tratar da organização política da sociedade; estabelecer quais 
são os direitos, deveres e garantias fundamentais; e instrumentalizar a participação política. O 
Direito Eleitoral é decorrente do Direito Constitucional, em uma sociedade democrática 
preocupada com a legitimidade e que busca a igualdade política. 
Art. 1º, CF. A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - A soberania - A soberania pertence ao povo; é o fundamento da 
participação política. 
II - A cidadania - Compreende o conjunto de direitos e deveres 
políticos fundamentais; é o que fundamenta o voto. 
III - A dignidade da pessoa humana - Consiste naquilo que é inerente 
à condição humana. A política é inerente à condição humana. 
IV - Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - O pluralismo político – Pode ser traduzido como a democratização, 
expansão do poder. Deve-se garantir a diversidade. 
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS – Princípio republicano, igualdade e alternância do poder, 
pressupõe engajamento político. Federação é uma forma de repartição de poder, a participação 
política será repartida em seu exercício., de modo a garantir uma descentralização do poder. 
Fundamento democrático, básico do Direito Eleitoral. 
ROBERTO DAHL, SOBRE A DEMOCRACIA: Há cinco características fundamentais para caracterização 
do regime democrático: 
(1) Inclusão de adultos, isto é, de sufrágio universal, não devendo haver restrições desarrazoadas; 
(2) Participação efetiva de todos os membros da comunidade, que devem ter oportunidades iguais 
e efetivas para expressar suas opiniões; 
(3) Igualdade de voto, todos devem ter o mesmo poder de participação; 
(4) Controle do planejamento, ou seja, transparência pública, possibilidade de intervenção da 
sociedade no Estado, nas decisões políticas; 
(5) Educação, entendimento esclarecido. 
 
Portanto, democracia é um regime político fundamentado na ampla participação popular, na 
igualdade política, na transparência e no desenvolvimento do espírito crítico do povo. 
Segundo Giovanni Sartori, o ideal democrático não define a realidade democrática e, vice-versa. 
Uma democracia legítima não é, e não pode ser, igual a uma democracia ideal, vez que esta pauta-
se em um conceito formal e estático. A democracia, dessa forma, deve ser estudada como um 
processo, em constante evolução e aprimoramento, para o qual todos devem contribuir. 
ESPÉCIES DE DEMOCRACIA 
A. DEMOCRACIA DIRETA – Caracterizada pelo exercício do poder popular sem a presença de 
intermediários. 
B. DEMOCRACIA INDIRETA (REPRESENTATIVA) – É o modelo marcado pela pouca atuação 
efetiva do povo no poder, uma vez que ao povo cabe apenas escolher, através do exercício 
do sufrágio, seus representantes políticos, periodicamente. 
C. DEMOCRACIA SEMIDIRETA (PARTICIPATIVA) – O povo exerce a soberania popular não só 
elegendo representantes políticos, mas também participando de forma direta na vida 
política do Estado, através dos institutos da democracia participativa (plebiscito, referendo 
e iniciativa popular de lei). 
INSTITUTOS DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA 
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal 
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos 
da lei, mediante: 
I - Plebiscito; 
II - Referendo; 
III - Iniciativa popular. 
Art. 2º, Lei nº 9.709/98. Plebiscito e referendo são consultas 
formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada 
relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. 
A. PLEBISCITO – Deve ser convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, 
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido. 
Parágrafo primeiro, art. 2º, Lei n°. 9.709/1998. 
B. REFERENDO – É convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, 
cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição. Parágrafo segundo, art. 2º, Lei n°. 
9.709/1998. 
Art. 3º, Lei nº 9.709/98. Nas questões de relevância nacional, de 
competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do 
§ 3º do art. 18 da Constituição Federal, o plebiscitoe o referendo são 
convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um 
terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do 
Congresso Nacional, de conformidade com esta Lei. 
Art. 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-
se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos 
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população 
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso 
Nacional, por lei complementar. 
A incorporação de estados entre si, a subdivisão e 0 desmembramento para se anexarem a outros, 
ou formarem novos estados ou territórios federais, dependem da aprovação da população 
diretamente interessada. 
Aprovado 0 ato convocatório da consulta popular, 0 presidente do Congresso Nacional dará ciência 
à Justiça Eleitoral, a quem incumbirá, nos limites de sua circunscrição, fixar a data da consulta 
popular, tornar pública a cédula respectiva, expedir instruções, etc. 
O referendo pode ser convocado no prazo de trinta dias, a contar da promulgação de lei ou adoção 
de medida administrativa, que se relacione de maneira direta com a consulta popular (art. 11 da Lei 
n°. 9.709/98). 
O plebiscito ou referendo, convocado nos termos da citada lei, será considerado aprovado ou 
rejeitado por maioria simples, de acordo com 0 resultado homologado pelo Tribunal Superior 
Eleitoral (art. 10 da Lei n°. 9.709/98). 
C. INICIATIVA POPULAR DE LEI – Prerrogativa que o povo tem de apresentar projeto de lei que 
poderá, ou não, se tornar lei. A tramitação de projeto de iniciativa popular de lei federal 
sempre é iniciada na Câmara dos Deputados. 
Art. 13, Lei nº 9.709/98. A iniciativa popular consiste na apresentação 
de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, 
um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco 
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de 
cada um deles. 
§ 1º O projeto de lei de iniciativa popular deverá circunscrever-se a um 
só assunto. 
§ 2º O projeto de lei de iniciativa popular não poderá ser rejeitado por 
vício de forma, cabendo à Câmara dos Deputados, por seu órgão 
competente, providenciar a correção de eventuais impropriedades de 
técnica legislativa ou de redação. 
LEGITIMIDADE DO EXERCÍCIO DO PODER DE SUFRÁGIO 
De acordo com Paulo Bonavides, 0 sufrágio é 0 poder que se reconhece a certo número de pessoas 
(o corpo de cidadãos) de participar direta ou indiretamente na soberania, isto é, na gerência da vida 
pública. 
SUFRÁGIO é o poder inerente ao povo de participar da gerência da vida pública. VOTO é o 
instrumento de materialização do sufrágio. E ESCRUTÍNIO é a forma como se pratica o voto, o seu 
procedimento. 
Assim, 0 poder de sufrágio pode ser exercido através do voto, por meio de escrutínio secreto. O 
sigilo do voto é garantido, no Brasil, através da inviolabilidade do emprego de urnas que assegurem 
a inviolabilidade do sufrágio. 
ESPÉCIES DE SUFRÁGIO - O que distingue 0 sufrágio universal do restrito não é 0 fato de existirem 
restrições ao exercício do poder democrático, mas sim a razoabilidade, ou não, de tais restrições. 
No sufrágio plural, um mesmo indivíduo tem 0 poder de exercer, mais de uma vez, 0 direito ao voto 
em um determinado processo eleitoral, fazendo com que 0 seu poder de sufrágio seja mais forte do 
que 0 de outros cidadãos. No sufrágio singular, cada cidadão deve corresponder a um único voto. 
PRINCÍPIOS DO SUFRÁGIO 
No Brasil vige 0 PRINCÍPIO DA IMEDIATICIDADE do sufrágio, segundo 0 qual 0 voto deve resultar 
imediatamente da vontade do eleitor, sem intermediários, bem como 0 PRINCÍPIO DA 
UNIVERSALIDADE DO SUFRÁGIO, 0 qual impõe, dentro dos parâmetros da razoabilidade, 0 direito 
de sufrágio a todos os cidadãos. 
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal 
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos (...) 
No entanto, é possível, excepcionalmente, o voto indireto, em caso de vacância concomitante dos 
cargos de prefeito e vice-prefeito ou governador e vice-governador, ou ainda presidente e vice-
presidente da República, nos últimos dois anos de mandato, casos em que a Constituição determina 
a realização de eleições indiretas para os cargos vagos, a fim de que sejam completados os mandatos 
vagos. 
MANDATOS POLÍTICOS – REPRESENTAÇÃO POLÍTICA 
O mandato político é o instituto de direito público por meio do qual o povo delega, aos seus 
representantes, poderes para atuar na vida política do Estado. 
Inicialmente, a tradição civilista do mandato influencia decisivamente a concepção do mandato 
político. Com o filósofo inglês John Locke, no século XVII, a teoria do mandato político imperativo 
passa a ser difundida. Assim, corresponde ao processo político através do qual os eleitores conferem 
aos eleitos poderes condicionados, ou seja, sujeitando os atos de representação do mandatário à 
vontade do mandante. 
Já o mandato político-representativo segue a lógica de que há incompetência do povo para tratar 
de assuntos gerais, devendo assim ser eleitos representantes mais preparados e entendidos de tais 
questões, para 0 bem de toda a sociedade. 
São característicos do mandato representativo a generalidade, visto que o mandatário representa a 
nação em seu conjunto; a liberdade, vez que o representante exerce o mandato com inteira 
autonomia de vontade; a independência, que denota que os atos do mandatário se encontram 
desvinculados de qualquer necessidade de retificação por parte do mandante; e, por fim, a 
irrevogabilidade, haja vista o eleitor não poder destituir o mandatário “infiel”, como no mandato 
privado. 
Sob o argumento da necessidade de um maior controle por parte do eleitorado em relação às 
atitudes dos seus mandatários políticos, foi incluído na Lei nº 9.504/97 o inciso IX no art. 11, 
estabelecendo que os candidatos a cargos majoritários do Poder Executivo (prefeitos, governadores 
e presidente da república) deverão juntar, aos seus requerimentos de candidaturas, as suas 
propostas e projetos de campanha. Tal obrigação, ressalte-se, é imputável apenas a candidatos a 
cargos executivos. 
Art. 11, Lei 9.504/97. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça 
Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 
de agosto do ano em que se realizarem as eleições. 
§ 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes 
documentos: IX - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a 
Governador de Estado e a Presidente da República. 
FUNDAMENTOS PRINCIPIOLÓGICOS DO DIREITO ELEITORAL 
PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL QUE SE RELACIONAM AO DIREITO 
ELEITORAL 
1. PRINCÍPIO REPUBLICANO – Um dos fundamentos estruturantes do Direito Eleitoral. Ideia 
do engajamento, participação, direitos fundamentais do cidadão. 
2. PRINCÍPIO DA ALTERNÂNCIA DO PODER – Todos, em tese, são politicamente iguais. Os 
mandatos são temporários, havendo uma alternância periódica mandatária. 
3. PRINCÍPIO DO PLURALISMO POLÍTICO – Pode ser traduzido como a democratização do 
poder, que não se revela no pluripartidarismo. O que deve ser garantido é que a 
complexidade da sociedade seja respeitada, assim como o direito à oposição. 
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO DIREITO ELEITORAL 
1. PRINCÍPIO DA LISURA DAS ELEIÇÕES – Esse princípio respalda-se na busca da verdade real, 
possibilitando até mesmo que o juiz produza provas de ofício, no processo eleitoral, a fim 
de formar o seu convencimento. 
Art. 23, Lei Complementar n° 64/90. O Tribunal formará sua 
convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos 
indícios e presunções e prova produzida, atentando para 
circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas 
partes, mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral. 
O juiz deverá, portanto, se ater a realidade dos fatos ao julgar o caso concreto, utilizando, para isso, 
o conhecimento de fatos públicose notórios. 
2. PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO DO VOTO – O juiz deverá se abster de pronunciar 
nulidades sem prejuízo (in dubio pro voto). 
Art. 224, Lei nº 4.737/65 (Código Eleitoral). Se a nulidade atingir a 
mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado 
nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições 
municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal 
marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 
(quarenta) dias. 
O TSE, abstendo-se de pronunciar nulidades sem prejuízo, de forma a valorizar a legitimidade da 
soberania popular, decidiu que o artigo 224 do Código Eleitoral não se aplica quando, 
voluntariamente, mais da metade dos eleitores decidirem anular 0 voto ou votar em branco, 
preservando, assim, a validade da eleição 
3. PRINCÍPIO DA CELERIDADE – O processo eleitoral, como um todo, ocorre em menos de seis 
meses, contados do registro das candidaturas até a diplomação, 0 que exige que as decisões 
judiciais, em tal matéria, sejam rápidas. 
Art. 97-A, Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições). Nos termos do inciso 
LXXVIII do art. 5o da Constituição Federal, considera-se duração 
razoável do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo 
o período máximo de 1 (um) ano, contado da sua apresentação à Justiça 
Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) 
§ 1º A duração do processo de que trata o caput abrange a tramitação 
em todas as instâncias da Justiça Eleitoral. 
§ 2º Vencido o prazo de que trata o caput, será aplicável o disposto no 
art. 97, sem prejuízo de representação ao Conselho Nacional de Justiça. 
Como se observa, 0 legislador buscou evitar que políticos eleitos irregularmente possam continuar 
a exercer mandato eletivo por tempo demasiado, enquanto aguardam decisão transitada em julgado 
que acarrete a perda do mandato, violando a democracia. 
4. PRINCÍPIO DA ANUALIDADE – Princípio importante para a estabilidade política do processo 
democrático. A regra presente no dispositivo abaixo é de não se mudar as regras em cima 
da hora. 
Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na 
data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um 
ano da data de sua vigência. 
Em 1990, o STF enfrentou esse tema em uma ADI. O Ministro Relator entendeu que “quando a 
Constituição fala em norma que vier a alterar norma de direito eleitoral, diz respeito somente às 
normas processuais eleitorais”. Em 2006, a matéria foi novamente objeto de análise pelo Supremo 
– Lei nº 11.300/06, que alterou regras da propaganda eleitoral. Essa lei impactava no processo 
eleitoral, que deveria ser interpretada como processo democrático, isto é, uma série de atos que 
visam a democracia. 
O STF entendeu que este princípio engloba tanto matéria de direito processual, quanto de direito 
material, e visa a não alteração da estabilidade democrática. . Nesse mesmo julgamento, o STF 
entendeu que nem tudo altera a estabilidade, tem certas mudanças que são válidas para todos, 
então tem que analisar no caso concreto o impacto dessa mudança. 
A conclusão foi que a Lei nº 11.300 poderia ser publicada em 2006 e ser aplicada às eleições do 
mesmo ano, porque muda apenas regras de propaganda e não impacta ninguém, o que, na visão de 
Jaime Barreiros, é um equívoco. 
Em junho de 2010, quando toda a movimentação política já estava firmada em torno de 
determinados candidatos, foi aprovada a Lei da Ficha Limpa, que afastaria várias pessoas que seriam 
potenciais candidatos naquela eleição. 
Terminou por prevalecer, naquela oportunidade, no âmbito do TSE, entretanto, 0 entendimento 
segundo 0 qual a aplicação imediata da nova lei não feria o princípio da anualidade, uma vez que 
ela não geraria desequilíbrio na disputa nem privilégios desmedidos a quaisquer candidatos, não se 
constituindo, assim, em fator perturbador do pleito, capaz de introduzir deformações capazes de 
afetar a normalidade das eleições. 
Todavia, o STF terminou por decidir, por 06 votos a 05, pela inaplicabilidade da lei da Ficha Limpa 
nas eleições 2010 (Tema de Repercussão Geral nº 387). 
CASO NOTÓRIO: Joaquim Roriz, ex-governador do Distrito Federal. já havia sido escolhido como 
candidato, com campanha na rua. Durante a campanha, porém, percebeu que a intenção do TSE 
era validar a Lei da Ficha Limpa. Com isso, Roriz renunciou a candidatura e colocou a sua esposa 
em seu lugar, porque sabia que ia ganhar, mas não ia exercer o cargo. Todavia, ela perdeu a eleição, 
os eleitores perceberam que ela não estava preparada. 
CASO NOTÓRIO: Jader Barbalho, senador do Pará. Buscava a reeleição, porém, de acordo com a Lei 
da Ficha Limpa, era considerado ficha suja. Ele concorreu, foi o mais votado no Pará, mas como o 
TSE entendeu que a Lei era aplicável, ele não foi declarado eleito, e os votos nele foram considerados 
nulos. Ele recorreu para o Supremo, e o STF entendeu que a Lei da Ficha Limpa não seria aplicável 
no ano de 2010, e deveria ser aplicável a partir de 2012. 
5. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ELEITORAL - No âmbito da Justiça Eleitoral há 0 debate acerca 
da aplicabilidade imediata ou não do artigo 14, § 9º, da Constituição, no que concerne à 
possibilidade de indeferimento do registro de candidatura de indivíduos que sejam 
considerados indignos e/ou imorais para concorrer nas eleições, independentemente de 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória em seu desfavor, a partir da análise da 
vida pregressa. 
Esse debate se acirrou desde que foi promulgada a ECR 04/94, até a publicação da Lei da Ficha 
Limpa, em 2010. 
Art. 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros casos de 
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a 
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato 
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e 
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o 
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração 
direta ou indireta. 
Súmula n°. 13, Tribunal Superior Eleitoral. Eleitoral. 
Inelegibilidade. CF/88, art. 14, § 9º. Dispositivo não autoaplicável. 
Não é autoaplicável o § 9º art. 14 da CF/88, com a redação da Emenda Constitucional de Revisão 
4/1994. 
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) ajuizou, junto ao Supremo Tribunal Federal, a 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n°. 144, questionando a validade 
constitucional das interpretações emanadas pelo TSE relacionadas ao tema da inelegibilidade 
proveniente da análise da vida pregressa do candidato em face do disposto no art. 14, § 9° da CF/88, 
bem como arguindo a não recepção da Lei Complementar n°. 64/90 pela ECR 04/94 nos seus 
dispositivos que exigem 0 trânsito em julgado para efeito de reconhecimento de inelegibilidade. 
DIREITO ELEITORAL – II UNIDADE 
SISTEMAS ELEITORAIS 
A vontade popular, em uma democracia com representação política, puramente representativa ou 
semidireta, exige que haja uma disputa entre candidatos ao exercício dessa representação. Assim, 
os sistemas eleitorais consistem na fórmula que traduz a vontade popular em representação 
política, conforme entende Eneida Desiree Salgado. 
Assim, os sistemas eleitorais são mecanismos necessários para a definição daqueles que irão exercer, 
de forma efetiva e em nome do povo, o poder soberano, exercendo cargos políticos - Executivo e 
Legislativo -, definindo políticas públicas e determinando o futuro do país e o legado para as 
próximas gerações. Em suma, trata-se dos critérios (regras) utilizados para definir os vencedores da 
disputa eleitoral. 
Para Andrew Reynolds, Ben Reilly e Andrew Ellis, seis são os critérios a serem observados na 
concepção e construção de um sistema eleitoral: 
(01) Deve-se fornecer representação, podendo ser representação geográfica, ideológica, político-
partidária, etc.; 
(02) As eleições devem ser acessíveis e significativas, uma vez que“eleições são muito boas, mas 
podem significar pouco para as pessoas se é difícil votar, ou se no fim das contas o seu voto 
não altera em nada o modo como o país é governado”; 
(03) Deve-se fornecer incentivos para a conciliação entre diferentes grupos de interesses; 
(04) Busca-se facilitar um governo estável e eficiente; 
(05) Pretende-se encorajar a formação e fortalecimento de partidos políticos; 
(06) Importa também promover oposição e fiscalização legislativa. 
EFEITOS DOS SISTEMAS ELEITORAIS 
Os sistemas eleitorais têm a capacidade de produzir efeitos anteriores e posteriores ao exercício do 
voto. 
Quanto a temática dos efeitos dos sistemas eleitorais, destacam-se as “LEIS DE DUVERGER”, 
desenvolvidas no século XX por Maurice Duverger (1917-2014), cientista político francês, as quais 
apontam para tendências nos sistemas partidários decorrentes dos sistemas eleitorais. 
POSSÍVEIS EFEITOS MECÂNICOS SOBRE O SISTEMA POLÍTICO 
Os efeitos mecânicos dizem respeito à relação entre o número de votos conquistados e o número 
de cadeiras obtidas por cada partido em uma eleição, decorrendo, portanto, da aplicação concreta 
das fórmulas eleitorais em um pleito. 
Verifica-se que a mudança de uma fórmula eleitoral pode gerar efeitos mecânicos, muitas vezes não 
calculados, sobre o sistema político como um todo, tais efeitos podem ser: 
(01) Incremento da representação, de modo a pluralizar o debate, fazendo com que as minorias 
sejam representadas – ou restringir, fazendo com que menos grupos da sociedade sejam 
representados, dando um menor acesso à arena decisória. 
(02) Acesso à arena decisória, assim, os sistemas eleitorais podem ampliar o acesso e a relevância 
das eleições; 
(03) Incentivos à convivência entre as pessoas, à pluralidade de opiniões entre diferentes, 
gerando efeitos conciliatórios, assim como instituir um processo eleitoral sustentável – ou 
o contrário; 
(04) Estabilidade dos governos, de maneira que os sistemas podem auxiliar a formação de 
governos estáveis e eficientes. Por exemplo, há a tendência de quanto menor o quadro 
partidário, maior a estabilidade governamental; 
(05) Impactos no sistema partidário: Os sistemas eleitorais podem fortalecer ou enfraquecer os 
partidos políticos. Por exemplo, os sistemas que adotam o princípio majoritário para a 
representação parlamentar, tendem a produzir um sistema bipartidário. 
LEIS DE DUVERGER – Demonstra que no sistema proporcional, existe uma tendência ao aumento 
do número de partidos, já no sistema majoritário, a tendência é a redução do quatro partidário. 
Nesse sentido, para Maurice Duverger, os sistemas majoritários de turno único tenderiam à 
formação de uma polarização entre dois grandes partidos em virtude de, neste tipo de sistema, 
muitas vezes partidos com razoável popularidade não elegem uma quantidade de representantes 
significativa ao seu desempenho eleitoral, uma vez que, em distritos uninominais, vence a eleição 
apenas um candidato, normalmente representante do partido mais forte, e, assim, todos os 
outros partidos deixam de ser representados na referida circunscrição. 
(06) Podem promover a oposição legislativa e os controles do executivo, além de poderem 
facilitar a accountability republicana - fiscalização e responsabilização constante no que se 
refere aos atos praticados por agentes públicos em virtude do uso do poder outorgado pela 
sociedade, fortalecendo a democracia; 
(07) Concentração ou dispersão do poder, de modo em que se apresenta possível, por exemplo, 
que o sistema eleitoral ajude uma nação a fortalecer sua posição internacional. 
EFEITOS PSICOLÓGICOS DOS SISTEMAS ELEITORAIS 
Os chamados efeitos psicológicos, anteriores ao voto, determinam o comportamento de eleitores, 
candidatos e partidos políticos no processo eleitoral. 
A. EFEITO DO “VOTO ÚTIL” 
Quanto ao fenômeno do “voto útil”, é verificado a influência psicológica do eleitor optar por votar 
em um candidato com mais chances de vencer, mesmo que este não seja o seu preferido, sob a 
crença de que isso faria com que sua participação tenha valor e que não seja desperdiçada, ou na 
hipótese de evitar determinado candidato vença. 
Todavia, em uma eleição de dois turnos, o fator psicológico do voto útil tende a ser minimizado, 
uma vez que o eleitor, na maioria das vezes, é convencido a dar o voto útil apenas no segundo turno. 
B. EFEITO BANDWAGON 
Também denominado de “efeito manada” ou “efeito adesão”, trata-se da tendência de que o eleitor 
vote, após acompanhar pesquisas eleitorais ou até mesmo opiniões de pessoas próximas, por 
influência da maioria, mesmo que o(s) candidato(s) não se adeque(m) as suas vontades ou 
ideologias pessoais. 
C. EFEITO UNDERDOG 
Quando ao efeito underdog effect, no qual o eleitor faz uma espécie de voto de protesto ou em uma 
tentativa de evitar que determinado candidato vença, onde o votante opta por um candidato no 
qual acredita que não possui chance de vencer, mesmo que não concorde com aquele candidato. 
ELEMENTOS DOS SISTEMAS ELEITORAIS - ANTÔNIO GIUSTI TAVARES 
CIRCUNSCRIÇÃO ELEITORAL (DISTRITO OU COLÉGIO ELEITORA) 
A imprensa costuma confundir colégio eleitoral com o local de votação, em verdade, o colégio 
eleitoral é o espaço geográfico onde a eleição é disputada, cuja definição deverá levar em conta a 
extensão territorial, o volume da população e o número de representantes a serem eleitos. Assim, 
em uma eleição de prefeito, a circunscrição é o Município, na de governador, a circunscrição será o 
estado e na de presidente será o país como um todo. 
“Circunscrição, colégio ou distrito eleitoral é a unidade territorial da 
qual a distribuição dos votos, entre partidos e entre candidatos, é 
convertida em cadeiras legislativas.” - José Antônio Giusti Tavares. 
MAGNITUDE 
A magnitude é a quantidade de cadeiras em disputa em cada circunscrição. No sistema eleitoral 
proporcional, quanto maior a magnitude, maior a chance de um partido pequeno eleger alguém. 
OBS.: Pega-se o total dos voto válidos e divide-se pelo número de 
cadeiras em disputa para obter o resultado de quantos deputados 
foram eleitos pelo partido. 
Ex.: São Paulo elege 70 deputados federais. Se divide 100% dos votos válidos por 70, dá, mais ou 
menos, 1,4%. Isso significa que um partido político, somando seus candidatos e conquistando, pelo 
menos 1,4% dos votos válidos, terá assegurado uma cadeira na Câmara dos Deputados. 
Ex.: 10 cadeiras em disputa = 100% dos votos válidos / 10 cadeiras = 10% dos votos válidos para 
assegurar uma cadeira. O que torna muito mais difícil para os partidos menores terem sucesso. 
“A magnitude corresponde ao número de cadeiras em disputa em cada distrito eleitoral. 
Distritos uninominais têm magnitude igual a um, enquanto os distritos plurinominais têm 
magnitude superior a um”. - Jaime Barreiros Neto 
Distritos uninominais, nos quais apenas um representante por distrito é eleito, têm magnitude igual 
a um, enquanto os distritos plurinominais, nos quais mais de um representante por distrito é eleito, 
têm magnitude superior a um. 
Segundo Tavares, para existir eficazmente, a representação proporcional, exige distritos 
plurinominais de magnitude média a grande. Em distritos eleitorais de baixa magnitude, com até 
cinco representantes, a tendência é que os resultados obtidos sejam majoritários e concentradores, 
e não proporcionais e difusos, mesmo diante de uma fórmula proporciona. 
A proporcionalidade mais satisfatória, assim, para o referido autor, pressupõe a existência de 
distritos com magnitude igual ou superior a quinze cadeiras em disputa. Países, neste sentido, que 
adotam maior magnitude nos distritos eleitorais, tendem a possibilitar uma maior representação 
dos partidos pequenos. A Holanda e Israel adotam, por exemplo, um único distrito nacional, 
viabilizando assim, teoricamente, a mais pura das representações proporcionais. 
Já na Espanha, onde, após o fim da monarquia,foi adotado o sistema eleitoral proporcional com 
listas fechadas para a formação do parlamento nacional, os parlamentares são eleitos a partir de 
distritos de baixa magnitude, tática utilizada para privilegiar a estabilidade política do governo 
parlamentarista, ante uma possível fragmentação partidária. 
Além disso, uma cláusula de desempenho de 3% dos votos foi estabelecida nacionalmente. Este 
sistema terminou por gerar uma relevante distorção de proporcionalidade, ao permitir que partidos 
mais fortes viessem a ser super-representados em detrimento dos partidos menores, além de 
favorecer partidos fortes regionalmente e fracos nacionalmente em detrimento de partidos mais 
lineares, no plano nacional, com votação mais dispersa por todo o país, sem domínio de redutos 
regionais. Sobre este último fenômeno, salienta Ana Claudia Santano que a estabilidade do governo 
passou a depender do comportamento de pequenos partidos regionais, algo que, a princípio, não 
era esperado pelos criadores do sistema. 
No que se refere, por sua vez, à relação entre a magnitude de uma circunscrição eleitoral e os 
sistemas eleitorais majoritários, destaca ainda Giusti Tavares que nesses sistemas há uma tendência 
a uma maior desproporcionalidade quando o tamanho da circunscrição é maior, bem como quando 
o número de circunscrições é menor. De forma inversa, quanto menor a magnitude do distrito e 
maior for a quantidade de circunscrições, maior, teoricamente, será a tendência de “compensações 
entre os partidos, no conjunto do sistema eleitoral, quanto às posições de maioria e minoria”, fato 
que aproxima a composição da casa legislativa de uma maior proporcionalidade. 
Magnitude alta A partir de 15 cadeiras em disputa. 
Magnitude média De 6 a 14 cadeiras em disputa. 
Magnitude baixa Até 5 cadeiras em disputa. 
 
PROCEDIMENTO DE VOTAÇÃO 
1. VOTO ÚNICO: Quando o eleitor dispõe de um único voto, a ser dado a um candidato ou lista 
partidária; 
2. VOTO MÚLTIPLO: Quando o eleitor pode dar mais de um voto, sendo o número de votos 
disponíveis igual ao número de vagas a serem preenchidas na circunscrição; 
3. VOTO LIMITADO: Quando o eleitor pode dar mais de um voto, em número menor, contudo, 
ao número de vagas a serem preenchidas na circunscrição, a exemplo do que já ocorreu 
durante parte do Brasil Império (1822-1889), na época da vigência da chamada “Lei do Terço” 
(1875-1881); 
4. VOTO PREFERENCIAL: Quando o eleitor, além de dispor de mais de um voto, pode 
estabelecer pesos diferentes entre eles, a fim de demonstrar suas preferências; voto 
alternativo, utilizado em distritos uninominais como forma de evitar a realização de 
segundo turno. Neste modelo, o eleitor pode expressar várias preferências alternativas, a 
serem levadas em conta sempre que o candidato preferido não tiver chance de vitória; 
5. VOTO CUMULATIVO: Quando se possibilita ao eleitor concentrar múltiplos votos em um 
mesmo candidato; 
6. PANACHAGE: Fórmula preferencial de voto interpartidário, na qual é facultada ao eleitor a 
possibilidade de estabelecer preferências entre candidatos de listas partidárias diferentes, 
consagrando, assim, uma grande liberdade de escolha. 
ESPÉCIES DE SISTEMAS ELEITORAIS 
Os três sistemas eleitorais mais conhecidos para determinar os candidatos eleitos em uma eleição 
(pleito) são o sistema majoritário, o sistema proporcional e o sistema misto. No Brasil, adota-se o 
sistema majoritário nas eleições para cargos executivos (prefeito, governador e presidente da 
república) e o sistema proporcional para cargos legislativos (deputados e vereadores). 
SISTEMA ELEITORAL MAJORITÁRIO 
Por meio deste sistema, é considerado eleito o candidato que possui a maior soma de votos sobre 
os seus competidores, sendo os votos atribuídos aos demais candidatos desprezados, prevalecendo, 
assim, o pronunciamento emitido pela maioria. Assim, vence a eleição o candidato mais votado. O 
sistema eleitoral majoritário é subdividido em: 
a. SISTEMA MAJORITÁRIO SIMPLES: É necessário a mera maioria relativa dos votos para que o 
candidato seja eleito, sendo uma eleição que ocorre em apenas um turno. Nele, vence o 
candidato mais votado, independentemente da soma dos votos dos adversários. 
Critica-se esse sistema pela possibilidade de que um candidato com alta rejeição do eleitorado seja 
eleito. Esse sistema é adotado no Brasil nas eleições para senadores da república e prefeitos de 
municípios com até duzentos mil eleitores (e não habitantes). 
b. SISTEMA MAJORITÁRIO ABSOLUTO: É necessário a maioria absoluta dos votos para que o 
candidato seja eleito, ou seja, mais votos do que os de todos os adversários somados. 
Todavia, a maioria absoluta é aferida apenas por meio dos votos válidos, não considerando 
abstenções, votos em branco ou votos nulos. Nesse sistema, caso nenhum candidato alcance 
a maioria absoluta, deverá ocorrer o segundo turno entre os dois candidatos mais votados. 
Esse sistema é adotado no Brasil nas eleições para presidente da república, governadores e 
prefeitos de municípios com mais de duzentos mil eleitores. 
SISTEMA ELEITORAL PROPORCIONAL 
No sistema eleitoral proporcional há a repartição aritmética das vagas, pretendendo-se, dessa 
forma, que a representação de determinado território se distribua em proporção às correntes 
ideológicas ou de interesse, integrada nos partidos políticos concorrentes. 
Foi com a Revolução Francesa, em 1789, que surgiu o ideal do sistema eleitoral proporcional, com 
a ideia de que o Parlamento deveria expressar, da forma mais fiel possível, o perfil do eleitorado.21 
Em 1861, John Stuart Mill (1806-1873), em sua obra "Considerações sobre o Governo Representativo", 
consagrou a defesa do sistema eleitoral proporcional como o mais democrático e representativo. Já 
em 1885, em uma conferência internacional sobre reforma eleitoral, ocorrida na Bélgica, vem a 
fortalecer, definitivamente, a tese do sistema eleitoral proporcional. Consagra-se, neste momento, 
o modelo de representação proporcional formulado por Victor D'Hont (1841-1901), cuja concepção 
era a de que os sistemas eleitorais deveriam viabilizar a representação das diversas correntes de 
opinião presentes na sociedade expressas pelos partidos políticos. 
Assim, atualmente existem duas técnicas adotadas para a representação proporcional: 
a. TÉCNICA DO NÚMERO UNIFORME: Utilizada pela primeira vez na Alemanha, nas eleições 
parlamentares ocorridas em 1920, o número de votos correspondentes ao preenchimento de 
uma vaga, em cada circunscrição, é previamente estabelecido por lei, fazendo com que, tantas 
vezes esse montante seja atingido, tantas vagas serão obtidas. 
b. TÉCNICA DO QUOCIENTE ELEITORAL: Baseada no método D’Hont, a técnica é consistente de 
operações aritméticas sucessivas, para que haja a representação proporcional, sendo a adotada 
pelo Direito Eleitoral brasileiro nas eleições para deputados e vereadores. No Brasil, portanto, 
se determina o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo de 
lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou inferior a 
meio, equivalente a um, se superior. Considera-se ainda como votos válidos, nesse sistema, os 
votos dados à candidatos regularmente inscritos e à legendas partidárias. Percebe-se, por fim, 
que o sistema eleitoral proporcional para cargos executivos somente é viável no caso de o Estado 
adotar sistema de governo diretorial, onde a chefia do governo é exercida concorrentemente 
por um determinado grupo de pessoas. 
SISTEMA ELEITORAL MISTO 
O sistema eleitoral misto não é adotado no Brasil e existem duas principais espécies de aplicação: 
a. SISTEMA ELEITORAL MISTO ALEMÃO: mais tendente à proporcionalidade, esse sistema 
busca combinar os princípios decisórios das eleições majoritárias com o modelo 
representativo proporcional, dividindo o voto em duas partes, computadas em separado. 
Elege-se, poreste sistema, a metade dos deputados por circunscrições distritais e a outra 
metade em função de listas de base estadual. 
b. SISTEMA ELEITORAL MISTO MEXICANO: tem como base predominante o sistema eleitoral 
majoritário. Para a eleição dos integrantes da Câmara dos Deputados, dois tipos de unidades 
eleitorais são estabelecidos: são eles os distritos eleitorais uninominais, em número de 300, 
distribuídos pelos trinta e um estados e o Distrito Federal, observando-se o limite mínimo 
de dois deputados, ou seja, dois distritos, para cada unidade federativa; e as circunscrições 
plurinominais, em número de cinco para todo o país, e que constituem a base para a eleição 
de duzentos deputados pelo princípio da representação proporcional. 
Dessa forma, a Câmara dos Deputados mexicana é composta por 500 (quinhentos) deputados, 300 
(trezentos) eleitos pelo sistema de maioria relativa nos distritos e 200 (duzentos) eleitos 
proporcionalmente, com a ressalva de que nenhum partido pode ter mais de 350 (trezentos e 
cinquenta) deputados, ainda que a sua votação permita. 
WALTER BAGEHOT E JOHN STUART MILL 
O grande debate era sobre que tipo de modelo de sistema seria o mais adequado para as eleições 
parlamentares na Inglaterra. Isto é, para eleger os representantes da Câmara dos Comuns – sistema 
de governo parlamentarista; o primeiro ministro é eleito a depender de ter a maioria ou não dos 
deputados apoiando; o primeiro ministro é um representante da maioria parlamentar, assim, um 
partido mais forte ou uma coalização de partidos que se torna majoritária é quem indica o primeiro 
ministro. 
Passou-se a discutir o que é mais relevante em uma democracia – a governabilidade ou a 
representatividade. 
A governabilidade relaciona-se à eficiência do sistema, à capacidade de o sistema operar e 
apresentar respostas aos problemas que são postos. Assim, um sistema político que tem uma boa 
governabilidade é aquele que consegue resolver os problemas e ser eficiente. Por outro lado, a 
representatividade tem a ver com o espelhamento dos governantes com a sociedade, com o cidadão 
se sentir parte daquele sistema, titular de fato do poder, representado, atuante, trazendo maior 
diversidade nas escolhas. 
O que seria melhor, uma ditadura ou uma democracia? A resposta é que depende do objetivo que 
se deseja alcançar. Se o objetivo for eficiência apenas, talvez um regime autoritário seja o mais 
adequado. Mas se o objetivo for a proteção dos direitos humanos e a contenção do abuso de poder, 
o ideal seria a democracia. 
O debate travado entre Belgehot e Mill pautou-se nessa discussão: o que seria melhor para a 
Inglaterra nas eleições para escolha dos deputados – garantir a maior representatividade possível 
ou garantir a eficiência; concentrar o poder em dois partidos políticos ou que o poder seja 
distribuído entre vários partidos e várias pessoas diferentes. 
Belgehot entendia que, apesar de a Inglaterra tem um sistema parlamentarista, formado pela 
maioria, se se tem um quadro partidário complexo, formado por muitos partidos, é difícil criar uma 
maioria consistente. 
Nesse sentido, não tendo nenhum partido majoritário, o primeiro ministro teria de ser produto de 
uma coalizão – essa aliança, porém, poderia ser uma aliança frágil [ex.: Itália, parlamentarismo 
multipartidário; formam-se coalizões para que o governo se estabeleça, coalizões essas que são, 
muitas vezes, corruptas e desonestas]. Ademais, se durante o período de governo dois desses 
partidos que formam essa coalizão brigam, saem da coalizão e vão para a oposição, a oposição passa 
a ser maioria e o primeiro ministro deve ser substituído, o governo cai, forma-se um novo governo 
e tudo começa de novo. 
Belgehot então pensou que, para evitar um cenário como esse, seria melhor se ter um sistema de 
voto distrital [ex.: 400 deputados na Inglaterra. Divide-se a Inglaterra em 400 distrito uninominais, 
assim, naturalmente, a tendência, ao se eleger somente um, é de que ele seja de um partido mais 
forte e mais estruturado]. Para Belgehot, o mais importante é a estabilidade, a governabilidade. É 
muito mais fácil ter governabilidade em um cenário mais restrito – se só se tem dois partidos na 
Câmara dos Comuns, tem um partido com 60% dos deputados e outro com 40%, por exemplo. 
Deste modo, tem-se um partido mais forte e estável, para que o primeiro ministro governe 
tranquilamente. Consequentemente, ter-se-ia uma estabilidade e eficiência maior. 
Stuart Mill, todavia, defendia que não é a governabilidade que importa em uma democracia, mas 
sim que todos sejam representados, que a minoria tenha voz e que as pessoas se vejam como parte 
integrante do governo. Dessa forma, não importa se tem muitos partidos na Câmara dos Comuns. 
Portanto, defendia o sistema proporcional. Contudo, se torna mais difícil governar. 
O Brasil hoje segue a ideia de Mill, com o sistema proporcional. Assim, 0 Presidente da República, 
para governar, precisa negociar com muitos partidos diferentes. A Inglaterra, porém, adota o 
sistema distrital, não tendo essa dificuldade, por existir um partido majoritário. 
PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO 
Arranjo que a Constituição de 1988 buscou de fazer com que o 
Presidente da República tenha a habilidade necessária de construir 
alianças, mantendo a representatividade das minorias, um sistema 
plural e, ao mesmo tempo, construindo a sua governabilidade por meio 
dessas coalizões. Contudo, essa governabilidade, no Brasil, se dá com 
base em corrupções. 
Percebe-se, portanto, que o melhor sistema é aquele que se adapta melhor a cultura de cada país. 
JUSTIÇA ELEITORAL E MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL 
A Justiça Eleitoral é uma justiça federal especializada - Poder Judiciário da União, mas tem a 
peculiaridade de não ter um quadro permanente próprio de magistrados. 
Estrutura-se a partir do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, dos Tribunais Regionais Eleitorais, 
um em cada estado brasileiro e um no Distrito Federal, dos juízes eleitorais e das Juntas (somente 
no período de eleição, atuam nas zonas eleitorais – que são as divisões geográficas da Justiça 
Eleitoral de primeiro grau, o equivalente às comarcas, mas não coincidem, necessariamente, com o 
município). 
Cada zona eleitoral tem um juiz eleitoral, que exerce a jurisdição daquela zona. O juiz eleitoral é 
um juiz estadual que é incumbido de uma função federal, recebendo para isso uma gratificação, 
paga pela União. 
 O TRE é composto por sete membros (desembargadores eleitorais): 
I. Dois são desembargadores do Tribunal de Justiça do estado - Por eleição interna para 
ocupar o cargo por dois anos. Um deles será o Presidente do TRE e o outro será o Vice 
Presidente. Vale a ressalva de que as formas de ingresso são pelo quinto constitucional, 
escolhido pelo governador, ou por promoção por merecimento. 
II. Dois são juízes estaduais, de primeiro grau, escolhidos pelo Tribunal de Justiça. 
III. Um juiz federal, indicado pela Seção Judiciária do estado. 
IV. Dois advogados, que têm a prerrogativa de continuar advogado. 
O TRE informa ao TJ do estado que vai abrir uma vaga para desembargador eleitoral, assim, o TJ 
lança um edital, para que qualquer advogado se inscreva para a eleição. Dos inscritos, o TJ escolhe 
três nomes, cuja lista é enviada ao Presidente da República, que escolhe dois dos três. 
FUNÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL 
Função jurisdicional vinculada às eleições, desde o alistamento eleitoral até a diplomação dos 
eleitos (indicando que o sujeito está apto para ser empossado), e consultas populares (plebiscito e 
referendo). 
Função administrativa, interna – preparação e organização das eleições. Função consultiva, o TSE 
pode ser provocada para se manifestar abstratamente a respeito de uma lei – consulta dissociada 
do caso concreto. Função educacional, levar a informação, incentivar a participação política, 
debater a importância da democracia. 
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORALTambém não tem uma composição permanente, nem mesmo previsão constitucional expressa. É 
organizado de forma semelhante à Justiça Eleitoral, haja vista não existir uma carreira permanente. 
Nesse sentido, são emprestados membros do Ministério Público para compor o MP Eleitoral. O 
Promotor Eleitoral é um promotor estadual. 
Junto ao TRE, atua o Procurador Regional Eleitoral, como chefe do MP Eleitoral do estado, que 
oficia junto ao TRE, sendo um membro do Ministério Público Federal (Procurador da República). 
Já junto ao TSE, atua o Procurador Geral Eleitoral, que é o próprio Procurador Geral da República, 
pode delegar essa função de Ministério Público ao Vice Procurador Geral Eleitoral, que é um dos 
membros do Ministério Público Federal (sub-Procurador Geral da República). 
DIREITOS POLÍTICOS E ELEGIBILIDADE 
Somente quem está no gozo dos direitos político tem a possibilidade de ser representante político 
da sociedade. Direitos políticos são, em verdade, direitos humanos pela sua essencialidade. 
Poder político é um pressuposto social. O ser humano vive em uma lógica paradoxal em sua própria 
existência – por um lado é um animal social que precisa do outro, havendo uma necessidade de 
convivência; e por outro, termina sendo o grande adversário de si mesmo, com a necessidade de 
dominar uns aos outros. O ponto de equilíbrio entre essa necessidade de convivência e de 
dominação é o poder. Poder se manifesta através de normas que refletem valores e escolhas, que 
variam no tempo e no espaço. A política se revela como uma ação consistente em conquistar, 
manter e exercer poder. 
Para que haja democracia, e para que o Direito Eleitoral se materialize, é necessário que existam 
pessoas no gozo de direitos políticos, exercendo o poder de sufrágio, dotadas, portanto, de 
capacidade política. Fávila Ribeiro define a capacidade política como a aptidão pública reconhecida, 
pela ordem jurídica, ao indivíduo para integrar o poder de sufrágio nacional, adquirindo a cidadania 
e ficando habilitado a exercê-la. 
Direito político, por sua vez, é o direito de participar da organização e funcionamento do Estado. É 
o poder de sufrágio. A aquisição da capacidade política para os brasileiros, firmada a partir do 
alistamento eleitoral, por sua vez, é obrigatória para os maiores de 18 anos e menos de 70 anos de 
idade, e facultativa para os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, maiores de 70 anos e 
analfabetos. 
Com a aquisição da capacidade política, o indivíduo, tornado cidadão, no sentido estrito da palavra, 
habilita-se ao exercício da capacidade eleitoral ativa (votar) e passiva (ser votado). 
O povo é um dos elementos fundamentais do Estado, sendo entendido como o grupo de indivíduos 
que guarda, com o Estado, vínculos jurídicos e político que vão além das próprias fronteiras estatais. 
É o povo que tem a prerrogativa de exercer direitos políticos. 
Nacionalidade primária é aquela que decorre de um fato natural, o nascimento. 0 Brasil ad mite 
tanto 0 jus solis como 0 jus sanguinis. 0 jus solis é 0 critério do território, que defere nacionalidade 
aos nascidos no território do Estado. 0 jus sanguinis é 0 critério do sangue, da família, que defere a 
nacionalidade primária aos nascidos fora do território com laços familiares a nacionais (filhos de 
brasileiros nascidos no exterior). Já a nacionalidade secundária decorre de um ato de vontade, a 
naturalização. 
Art. 12, CF. São brasileiros: I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde 
que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, 
desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou 
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade 
brasileira; 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas 
aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por 
um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
OBS.: Português equiparado a brasileiro nato. Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta. 
Segundo 0 citado tratado, em seu artigo 17, 0 gozo de direitos políticos por brasileiros em Portugal 
e por portugueses no Brasil só será reconhecido aos que tiverem três anos de residência habitual e 
depende de requerimento à autoridade competente. Assim, 0 brasileiro que, porventura, estiver 
exercendo direitos políticos em Portugal, em virtude do Tratado de Amizade, Cooperação e 
Consulta, terá seus direitos políticos no Brasil suspensos, enquanto permanecer nesta condição. 
ALISTAMENTO ELEITORAL 
O alistamento eleitoral, considerado a primeira etapa do processo eleitoral, é 0 ato pelo qual o 
indivíduo se habilita, perante a Justiça Eleitoral, como eleitor e sujeito de direitos políticos, 
conquistando a capacidade eleitoral ativa. 
O alistamento eleitoral, segundo 0 artigo 42 do Código Eleitoral, se faz mediante a qualificação e a 
inscrição do eleitor. A qualificação é 0 ato através do qual 0 indivíduo faz prova que satisfaz as 
exigências legais para se tornar eleitor. Já a inscrição é 0 registro da pretensão à condição de eleitor, 
realizada por servidor da Justiça Eleitoral a partir de postulação do cidadão. 
Art. 91, Lei das Eleições. Nenhum requerimento de inscrição 
eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos cento e 
cinquenta dias anteriores à data da eleição. 
Art. 49, Código Eleitoral. Os cegos alfabetizados pelo sistema 
"Braille", que reunirem as demais condições de alistamento, 
podem qualificar-se mediante o preenchimento da fórmula 
impressa e a aposição do nome com as letras do referido alfabeto. 
 
DOMICÍLIO ELEITORAL 
Art. 42, Código Eleitoral. O alistamento se faz mediante a 
qualificação e inscrição do eleitor. 
Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o 
lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o 
alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas. 
Segundo jurisprudência consolidada do TSE, 0 domicílio eleitoral não se confunde, 
necessariamente, com 0 domicílio civil. Assim, 0 fato de 0 eleitor residir em determinado município 
não constitui óbice para que 0 mesmo se aliste como eleitor de outro, desde que com este outro 
mantenha vínculos (negócios, propriedades, atividades políticas etc.). É 0 chamado "domicílio 
eleitoral afetivo. 
Vale destacar que 0 eleitor só poderá candidatar-se na circunscrição eleitoral que abranja 0 
município em que estiver inscrito como eleitor, e para que seja candidato a um cargo eletivo, 0 
cidadão deverá ter domicílio eleitoral na circunscrição seis meses antes do pleito. 
Segundo 0 art. 18 da Resolução n°. 21.538/03, a transferência do eleitor só será admitida se satisfeitas 
as seguintes exigências: 
I - recebimento do pedido no cartório eleitoral do novo domicílio no prazo estabelecido pela 
legislação vigente; 
II - transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última transferência; 
III - residência mínima de três meses no novo domicílio, declarada, sob as penas da lei, pelo próprio 
eleitor (Lei n°. 6.996/82, art. 8°); 
IV - prova de quitação com a Justiça Eleitoral. 
TÍTULO ELEITORAL - O título eleitoral é 0 documento que comprova 0 alistamento do eleitor. O 
título eleitoral prova a quitação do eleitor para com a Justiça Eleitoral até a data de sua emissão. 
EXCLUSÃO E CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ELEITORAL 
Sempre que um brasileiro estiver inscrito como eleitor com infração à legislação eleitoral,a Justiça 
Eleitoral poderá ser acionada para proceder à exclusão ou ao cancelamento do título irregular. 
São causas de cancelamento do título eleitoral a infração às regras do domicílio eleitoral; a 
suspensão ou perda dos direitos políticos (que serão estudadas ainda neste capítulo); a pluralidade 
de inscrição; 0 falecimento do eleitor e a falta injustificada em três eleições consecutivas, sem 
pagamento de multa. Uma vez cessada a causa do cancelamento, 0 interessado poderá requerer 
nova inscrição. 
CORREIÇÃO E REVISÃO DO ELEITORADO 
O Corregedor-Regional Eleitoral realizará correição do eleitorado, a fim de verificar se existem 
irregularidades no processo de alistamento eleitoral que comprometam a normalidade e a 
legitimidade das eleições (excesso de eleitores em determinado município, acima da média 
populacional, ou inscrição de eleitores falecidos, por exemplo). 
Caso, na correição, seja comprovada irregularidade comprometedora, será realizada a revisão do 
eleitorado, procedimento equivalente a um recadastra mento, a partir do qual todos os eleitores de 
determinada zona ou região serão convocados para uma revisão eleitoral, sob pena de 
cancelamento do título. 0 procedimento de revisão eleitoral poderá ser provocado mediante 
denúncia fundamentada de fraude no alistamento em zona ou município, dirigida ao TRE. 
Não será realizada revisão do eleitorado em ano eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando 
autorizada pelo TSE. 
PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS 
Dada a essencialidade dos direitos políticos, na dúvida, o direito político deve ser preservado. 
Podemos afirmar que a perda dos direitos políticos é definitiva, enquanto a suspensão é temporária. 
Diante desta diferenciação, é possível concluir que a única hipótese de perda de direitos políticos 
prevista no ordenamento jurídico brasileiro ocorre quando 0 indivíduo perde a sua nacionalidade, 
seja em ação de cancelamento de naturalização, ou seja, voluntariamente. 
Assim, todas as demais hipóteses de impedimento pleno ao exercício de direitos políticos se 
vinculam a situações de suspensão de direitos políticos, de caráter temporário. 
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou 
suspensão só se dará nos casos de: 
I - Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; 
Quem perde a nacionalidade brasileira está perdendo definitivamente os direitos políticos, segundo 
a doutrina tradicional. 
II - Incapacidade civil absoluta; 
Contudo, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, no art. 76, dispõe que 0 poder público deve garantir 
à pessoa com deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em igualdade de 
condições com as demais pessoas. Como se observa, a partir da publicação do Estatuto da Pessoa 
com Deficiência, passa a ser direito fundamental dessas pessoas, de forma inquestionável, a 
participação na vida política do Estado, inclusive no que se refere ao direito de serem votadas. 
No que se refere ao direito de votar, por sua vez, a nova lei estabelece que é dever do Estado, e, por 
conseguinte, da Justiça Eleitoral, garantir que os pro cedimentos, as instalações, os materiais e os 
equipamentos para votação sejam apropriados, acessíveis a todas as pessoas e de fácil compreensão 
e uso, sendo vedada a instalação de seções eleitorais exclusivas para a pessoa com deficiência, 
III - Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem 
seus efeitos; 
Quando alguém é condenado criminalmente de forma definitiva, a pessoa fica com os direitos 
políticos suspensos até cumprir a pena. Na prática, não vota (capacidade política ativa) e nem é 
votado (capacidade política passiva). 
Com a Lei da Ficha Limpa, na maioria dos crimes, se o indivíduo for condenado em decisão 
colegiada, o indivíduo se torna inelegível desde a condenação colegiada, mesmo antes do trânsito 
em julgado, até oito anos após o cumprimento da pena. 
O Tribunal Superior Eleitoral, através da sua súmula n°. 09, firmou de que 0 cumprimento ou 
extinção da pena faz cessar a suspensão dos direitos políticos imediatamente, independentemente 
de reabilitação criminal ou prova de reparação de danos. 
Acerca da condenação por contravenção penal, duas correntes se dividem. A primeira realiza uma 
interpretação literal da Constituição, mais restrita, defendendo que somente a conde nação 
definitiva por prática de crime gera a suspensão dos direitos políticos; a segunda, por sua vez, em 
sentido contrário, realiza uma interpretação teleológica da Constituição, defendendo que 0 objetivo 
do legislador constituinte é a defesa da ordem democrática contra a indignidade penal. 
O TSE aderiu à segunda corrente, interpretando que a condenação com trânsito em julgado por 
contravenção penal gera a suspensão dos direitos políticos do réu. 
Na hipótese de SURSIS, mantém-se a suspensão dos direitos políticos do condenado. Da mesma 
forma, caso um indivíduo condenado com trânsito em julgado por prática de crime promova a 
revisão criminal, continuará 0 mesmo com os direitos políticos suspensos, até que 0 pedido da 
revisão seja julgado definitivamente procedente. 
Já na hipótese de suspensão condicional do processo, como ainda não houve condenação criminal 
transitada em julgado, 0 réu preserva seus direitos políticos intactos. O mesmo ocorre na hipótese 
de transação penal. 
IV - Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
V - Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. 
A improbidade administrativa, conforme previsão da Lei n°. 8.429/92, se caracteriza com a prática 
de atos que importam em enriquecimento ilícito, que causam prejuízos ao erário e que atentam 
contra os princípios da administração pública. Não cabe à Justiça Eleitoral julgar os casos de 
improbidade administrativa, e sim à Justiça Comum. 
Não é efeito imediato da condenação, devendo expressamente contar da decisão para que ocorra. 
CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE X CAUSAS DE INELEGIBILIDADE 
A capacidade eleitoral ativa refere-se ao direito inerente ao cidadão de participar, como eleitor, de 
eleições e consultas populares, bem como propor Ação Popular, promover a Iniciativa Popular de 
Lei, e outras prerrogativas provenientes do exercício do poder de sufrágio. A capacidade eleitoral 
passiva, por sua vez, vincula-se à capacidade que o cidadão tem de ser votado, pleiteando mandatos 
políticos 
A jurisprudência do STF entende que há uma diferença entre condições de elegibilidade e causas 
de inelegibilidade: as condições de elegibilidade são requisitos positivos para que um cidadão possa 
ser elegível – ser votado e eleito em uma eleição; enquanto as hipóteses de inelegibilidade são 
requisitos negativos. Contudo, tanto as condições de elegibilidade quanto as causas de 
inelegibilidade têm o mesmo objetivo – falar quem pode concorrer e quem não pode. 
O problema jurídico encontra-se nas previsões do parágrafo terceiro e parágrafo nono do art. 14 da 
Constituição. 
Lei complementar complementa um mandamento constitucional. O legislador constitucional 
reservou à lei complementar algumas matérias que entendeu como mais importantes e exigem uma 
maior legitimidade no momento da discussão – exigência de um quórum qualificado de maioria 
absoluta presente, e aprovado por maioria absoluta. Para aprovação de uma lei ordinária, é 
necessário que esteja presente a maioria absoluta, por maioria simples. 
Na concepção de Jaime Barreiros, a forma mais restritiva de interpretação, que conduz a uma 
melhor salvaguarda dos direitos fundamentais, é a que aponta para a necessidade de lei 
complementar para disciplinar, no plano infraconstitucional, as condições de elegibilidade, assim 
como ocorre com as causas de inelegibilidade. Não é esta, contudo, a tese abraçada pela 
jurisprudência dominante 
O direito de ser candidato é um direito político, mas também um direito fundamental.A lógica é 
no sentido de que as restrições devem ser as mínimas necessárias. Restringir a capacidade eleitoral 
passiva deve ser exceção, não regra. 
Art. 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros casos de 
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a 
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato 
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e 
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o 
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração 
direta ou indireta. 
Art. 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição → Tem que ser eleitor 
daquele local em que pretende se candidatar, seis meses antes do 
pleito, conforme a Lei n. 9.504/97. 
V - a filiação partidária; Regulamento 
VI - a idade mínima de: 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e 
Senador; 
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do 
Distrito Federal; 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou 
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
d) dezoito anos para Vereador. 
OBS.: De acordo com 0 art. 11, § 2° da Lei n°. 9.504/97 (Lei das Eleições), "a idade mínima 
constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência 
a data da posse". Importante novidade legislativa, contudo, surgiu a partir da promulgação da Lei 
n° 13.165/15, que alterou 0 referido dispositivo legal para dispor que a idade mínima de 18 anos, 
exigível para candidatos a vereador, deverá ser aferida, doravante, na data-limite do pedido de 
registro de candidatura, e não mais na data da posse, como ocorria até então. Para os demais cargos, 
contudo, a idade mínima exigível continuará a ser aferida na data da posse. 
A Lei n. 9.504/97 (Lei das Eleições) determina que para concorrer às eleições deve estar filiado a 
um partido político até seis meses antes da eleição; impedindo, na prática, de quem tem menos de 
seis meses de concorrer. Está criando uma condição de inelegibilidade por lei ordinária, não por lei 
complementar, consequentemente, há uma inconstitucionalidade. 
Há uma discussão acerca da autorização de candidaturas avulsas. Contudo, a Constituição trata de 
forma objetiva acerca da condição de elegibilidade à filiação partidária. Há quem entenda que essa 
disposição viola o Pacto de San José da Costa Rica. 
EC 45/2004; tratados de direitos fundamentais poderão ingressar no ordenamento jurídico 
brasileiro com status de emenda constitucional, desde que seja ratificado com o quórum qualificado 
de emenda]. Gilmar Mendes cria a atese da supralegalidade, assim, o Pacto de San José da Costa 
Rica, anterior a 2004, é intermediário, está acima da lei, mas abaixo da Constituição. Gera um efeito 
paralisante no legislador ordinário, que se torna impedido de legislar sobre a matéria. Assim, o 
Código Civil se tornou incompatível com o tratado, e a norma que tratava da prisão do depositário 
infiel passou a ser incompatível. 
A partir desse cenário, está se discutindo se esse mesmo raciocínio valeria para a filiação partidária. 
Há quem argumente que o art. 23 do Pacto de San José diz que os direitos políticos são direitos 
humanos, que podem ter restrição, mas que serão excepcionais [é possível restringir a elegibilidade 
por haver condenação criminal e ter nacionalidade estrangeira]. Assim, exigir a filiação partidária 
seria restringir esse tratado internacional. 
Todavia, é a Constituição que exige a filiação partidária. Há uma diferença de interpretação acerca 
de se aplicar a lógica do depositário infiel, porém, essa norma era de eficácia limitada. A filiação 
partidária é norma de eficácia, no máximo, contida, tendo aplicabilidade imediata. Nesse caso, 
Jaime Barreiros entende que a exigência de filiação partidária é uma exigência constitucional, 
devendo ser observada. 
Ocorre que o parágrafo nono do art. 14 da CF fala que as hipóteses de inelegibilidade estão previstas 
na Constituição e em lei complementar (Lei Complementar n. 64/90 e Lei da Ficha Limpa). Se o 
Pacto de San José é válido, com natureza supralegal, e fala que só pode restringir a elegibilidade em 
casos de condenação criminal e nas condições de nacionalidade, as restrições da Lei da Ficha Limpa, 
por exemplo, uma punição ético-disciplinar, não seriam válidas. 
HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE 
A classificação mais difundida, entretanto, no estudo das inelegibilidades, é aquela que diferencia 
as inelegibilidades absolutas das inelegibilidades relativas. As INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS valem 
para qualquer cargo (por exemplo, os analfabetos são inelegíveis para qualquer cargo). As 
INELEGIBILIDADES RELATIVAS, por sua vez, só se referem a determinados cargos, podendo ser 
originadas de motivos funcionais ou mesmo decorrentes de parentesco. 
1. ANALFABETO E INALISTÁVEL – ANALFABETO, no Brasil, adquiriu o direito de votar com a 
Constituição de 1988, contudo, não tem o direito de ser votado. 
Art. 14, §4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. 
Havendo dúvida quanto à alfabetização, o sujeito pode ser intimado a provar que é alfabetizado [há 
jurisprudência que entende que essa prova viola a dignidade da pessoa humana]. A Carteira 
Nacional de Habilitação gera a presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro de 
candidatura (Súmula n° 55 do TSE). 
Como INALISTÁVEIS, podemos apontar os estrangeiros, uma vez que estes não possuem capacidade 
política no Brasil (a exceção dos portugueses beneficiados pelo Tratado de Amizade, Cooperação e 
Consulta), e os conscritos, que, como já foi explicado nesta obra, são aqueles indivíduos que estão 
prestando 0 serviço militar obrigatório. 
Além desses casos, são inalistáveis os menores de 16 anos e aqueles que tiveram seus direitos 
políticos perdidos ou suspensos. 
A ação de impugnação de registro de candidatura pode ser proposta no prazo de cinco dias a contar 
da solicitação do registro. Os legitimados poderão questionar a ausência das condições de 
elegibilidade que impeça que um candidato tenha seu registro deferido. Se foi uma inelegibilidade 
infraconstitucional, trazidas pela Lei Complementar n 64, deverão ser arguidas necessariamente 
nessa ação de impugnação de registro de candidatura, sob pena de preclusão. Se se tratar de uma 
inelegibilidade de previsão constitucional, se não foi arguida, poderá ser questionada depois da 
diplomação. 
2. REELEIÇÃO – Emenda Constitucional 16/97 possibilitando a reeleição para os mandatos 
executivos. Não é possível a reeleição para três mandatos consecutivos. 
OBS.: Possibilidade, ou não, de prefeito reeleito disputar uma terceira eleição municipal 
consecutiva para prefeito concorrendo, no entanto, na terceira eleição, em outro município (por 
exemplo, 0 prefeito do município de Irecê, na Bahia, no exercício do segundo mandato consecutivo, 
disputando a eleição seguinte para prefeito do município vizinho de João Dourado). Segundo nova 
jurisprudência do TSE, é vedada tal manobra, por se constituir em forma de indevida perpetuação 
no poder. 
3. NECESSIDADE DE DESINCOMPATIBILIZAÇÃO – Presidente da República, governadores e 
prefeitos, a fim de concorrerem a outros cargos, devem renunciar aos respectivos mandatos 
até seis meses antes do pleito. 
4. REFLEXA / POR PARENTESCO – O parente até segundo grau do titular do mandato executivo, 
assim como o cônjuge/companheiro, está impedido de disputar eleições na circunscrição 
onde exerce o mandato. 
A Súmula Vinculante n° 18 do STF dispõe que a dissolução da sociedade ou vínculo conjugal, no 
curso do mandato, não afasta a inelegibilidade reflexa. 
Salvo se o parente já for titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. 
Parentes do prefeito,entretanto, podem ser candidatos a deputados no mesmo estado, sem que tal 
fato gere inelegibilidade reflexa, uma vez que 0 território de jurisdição do prefeito (o município) é 
menor do que a circunscrição das eleições para deputado estadual ou federal (todo 0 estado). A 
Art. 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o 
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou 
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou 
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja 
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular 
de mandato eletivo e candidato à reeleição. 
O falecimento ou a renúncia do prefeito, governador ou Presidente da República, seis meses antes 
da eleição, afasta a inelegibilidade reflexa dos seus parentes e cônjuges. A única hipótese de 
inelegibilidade reflexa, neste caso, ocorre se 0 parente ou cônjuge desejar disputar 0 mesmo cargo 
anteriormente titularizado por seu familiar, caso este já tenha sido ocupado, de forma consecutiva, 
nos dois últimos mandatos por ele. 
5. MILITAR ALISTÁVEL – Pode ser candidato nas eleições, porém, tem que se afastar do serviço. 
Isso porque o militar não pode estar filiado a nenhum partido político. 
Art. 14, § 8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes 
condições: 
I - Se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da 
atividade; 
II - Se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela 
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da 
diplomação, para a inatividade. 
6. HIPÓTESES INFRACONSTITUCIONAIS – LEI COMPLEMENTAR N. 64/90. 
Art. 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros casos de 
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a 
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato 
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e 
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o 
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração 
direta ou indireta. 
A LC 135/10 (Lei da Ficha Limpa) estabeleceu a substituição de diversas penas de inelegibilidade de 
três anos, p revistas no artigo 1° da Lei Complementar n°. 64/90, por outras de oito anos, a contar 
das eleições em que tenham concorrido os condenados. 
OBS.: Foi firmada a tese de repercussão geral número 860, em que foi definida a possibilidade de 
aplicação do prazo de 8 anos de inelegibilidade por abuso de poder previsto na Lei Complementar 
135/2010 às situações anteriores à referida lei em que, por força de decisão transitada em julgado, 0 
prazo de inelegibilidade de 3 anos aplicado com base na redação original do art. 1°, I, "d", da Lei 
Complementar 64/1990 houver sido integralmente cumprido. 
6.1. INALISTÁVEIS E ANALFABETOS – Art. 1º, inciso I, a), LC 64/90. 
6.2. PARLAMENTARES COM MANDATOS CASSADOS – Os parlamentares cujo procedimento 
for declarado incompatível com o decoro parlamentar ficarão inelegíveis pelo tempo 
equivalente ao restante do mandato, somado ao tempo de 08 anos subsequentes ao 
término da legislatura. 
Na mesma sanção, de acordo com 0 dispositivo normativo supracitado, incorrem os parlamentares 
que tenham perdido seus mandatos em virtude da infringência às normas do artigo 54 da CF/88, 
uma vez que 0 referido inciso I do artigo 55 da Constituição remete ao artigo anterior da Carta 
Maior. 
Resumidamente, então, ficarão inelegíveis para as eleições que se realizarem durante 0 período 
remanescente do mandato para 0 qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da 
legislatura. 
Art. 1º, I, b), LC 64. São inelegíveis: para qualquer cargos: os membros 
do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara 
Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os 
respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do 
art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre 
perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos 
Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem 
durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos 
e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura; 
6.3. GOVERNADORES, PREFEITOS E VICES POR VIOLAÇÃO A DISPOSITIVO DA CONSTITUIÇÃO 
ESTADUAL, LEI ORGÂNICA DO DF OU DO MUNICÍPIO – 
Art. 1º, I, c), LC 64. São inelegíveis: para qualquer cargos: o Governador 
e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o 
Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a 
dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito 
Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se 
realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos 
subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos; 
6.4. ABUSO DO PODER NAS ELEIÇÕES – 8 anos contados da data do primeiro turno das 
eleições no ano em que foi condenado. Importa o dia da eleição para saber se o indivíduo 
pode concorrer. 
Foi admitida a imposição da sanção de inelegibilidade independentemente de condenação 
transitada em julgado em desfavor do candidato, bastando 0 proferimento de tal decisão por órgão 
colegiado, mesmo que a causa ainda esteja pendente de recurso, flexibilizando, assim, 0 princípio 
da presunção da inocência. 
Em regra, as inelegibilidades são auferidas no dia do registro da candidatura, mas, se um fato 
superveniente acontecer entre essa data e a data da eleição, e esse fato levar a não existir mais aquela 
inelegibilidade, o sujeito poderá disputar o pleito. 
Art. 1º, I, d), LC 64. São inelegíveis: para qualquer cargos: os que 
tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela 
Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por 
órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder 
econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham 
sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos 
seguintes 
ABUSO DO PODER POLÍTICO – Tradicionalmente entende-se que se refere ao abuso da 
administração pública. Porém, a política não se exerce somente pelo Estado. Há abuso de poder 
político na esfera privada, quando há finalidade eleitoral. Se o ato altera o comportamento do 
indivíduo, pode se considerar abuso de poder, (ex.: ato de abuso poder religioso – “ou vota em 
fulano, ou vai para o inferno”). 
6.5. INCOMPATIBILIDADE OU INDIGNIDADE DO OFICIALATO 
Art. 1º, I, f), LC 64. São inelegíveis: para qualquer cargos: os que forem 
declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo 
prazo de 8 (oito) anos; 
6.6. CONDENAÇÃO CRIMINAL – A inelegibilidade será aplicada a partir da condenação, em 
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, gerando efeitos 
até 08 anos após o cumprimento da pena. 
Caso, no entanto, a condenação se dê por outros crimes, não previstos nesta lista, 0 eleitor terá 
apenas seus direitos políticos suspensos enquanto durarem os efeitos da condenação, de acordo 
com 0 previsto no artigo 15, III da Constituição Federal de 1988. 
Art. 1º, I, e), LC 64. São inelegíveis: para qualquer cargos: Os que forem 
condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão 
judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 
(oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: 
6.7. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - Não bastará, para a declaração da 
inelegibilidade, decisão de órgão colegiado, sendo necessária decisão irrecorrível do 
órgão competente para 0 julgamento das contas. 
Art. 1º, I, LC 64. São inelegíveis: para qualquer cargos: g) os que 
tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas 
rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de 
improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão 
competente, salvo se esta houver sido suspensa

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