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História do Serviço Social no Brasil

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DESCRIÇÃO
Compreensão dos antecedentes históricos que se caracterizaram como base teórico-prática
para surgimento do Serviço Social no Brasil.
PROPÓSITO
Apresentar a história do Serviço Social no Brasil e as bases para sua implantação no país, que
marcam a profissão até a atualidade.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer as bases históricas do Serviço Social no território nacional
MÓDULO 2
Identificar o surgimento das primeiras instituições sociais assistenciais no país no contexto
histórico da Era Vargas
MÓDULO 3
Compreender o desenvolvimentismo no Brasil e a expansão do Serviço Social entre 1945 e
1961
INTRODUÇÃO
O Serviço Social é uma profissão com aproximadamente 80 anos, o que confere um caráter
histórico relativamente recente. Conhecer a história do Serviço Social no Brasil, desde as
bases para sua implantação nas décadas de 1920 e 1930, é tarefa muito importante.
Por meio da análise desses fatos históricos, é possível assimilar uma série de desdobramentos
que se espelham na profissão, nos profissionais e nas expressões da questão social brasileira
ainda hoje.
Compreenderemos a importância de realizar uma breve recuperação histórica da profissão,
analisando as bases econômicas e políticas para assentamento da profissão, a influência
significativa da Igreja Católica, do laicato social, dos grupos pioneiros e o surgimento das
primeiras escolas de Serviço Social no Brasil.
Por fim, identificaremos as primeiras instituições sociais e assistenciais (surgidas na Era
Vargas) e o período do Desenvolvimentismo, no qual ocorre significativa expansão profissional
no âmbito nacional, capitaneada pela industrialização do país e com foco na aceleração do
crescimento econômico.
MÓDULO 1
 Reconhecer as bases históricas do Serviço Social no território nacional
CENTRALIDADE DA QUESTÃO SOCIAL
 
Imagem: Shutterstock.com
A questão social é o centro das contradições que atravessam a sociedade nesse período
histórico, no qual surge diretamente relacionada à generalização do trabalho livre, em uma
sociedade em que a escravidão marcou profundamente seu passado recente.
A formação social e econômica brasileira diz respeito a um processo recente de “abolição” da
escravidão, que dava lugar a uma transição na qual se formou um mercado de trabalho em
moldes capitalistas.
Entenda como foi esse processo:
ABOLIÇÃO
A expressão “abolição” é colocada aqui entre aspas propositalmente, pois se trata de
uma parte da história do Brasil contada, muitas vezes, como um processo de libertação,
sem contradições, interesses econômicos e obscurecendo a falta de preparo e estrutura
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para que os escravos, então “libertos”, pudessem de fato obter meios de sustento, de
uma vida digna e realmente livre.

O operário tem diante de si não mais um senhor como proprietário dos meios de produção,
mas, sim, uma classe de capitalistas, para os quais se torna livre para vender sua força de
trabalho, inicialmente com quase nenhuma garantia ou proteção relativa ao trabalho.

Como vendedor livre de sua força de trabalho, a certa altura do desenvolvimento capitalista no
Brasil, esse trabalhador é profundamente afetado pela exploração desmedida do capital, no
sentido da acumulação e geração de lucro sobre a mão de obra.

Diante desse cenário, impõe-se ao empresariado a necessidade de controle social sobre a
exploração da força de trabalho, por meio de uma regulamentação jurídica estatal. Entretanto,
essa regulação ocorreu fortemente marcada pelos valores e princípios que regiam a sociedade
burguesa, de modo a conformar o operariado às suas necessidades e expectativas de
exploração, cada vez mais intensas.

Assim, percebe-se o deslocamento da regulação dos trabalhadores da esfera apenas mercantil
para a esfera legal e estatal. Nesse contexto, as leis sociais figuram como parte mais
importante dessa regulação. As condições sociais muito precárias do operariado
desencadearam movimentos sociais e pressões para a conquista de uma cidadania social.
 
Imagem: Shutterstock.com
Justamente no decurso desse processo histórico, o Serviço Social surge como profissão, em
seus primeiros contornos.
BASES DE SURGIMENTO DA PROFISSÃO
NO BRASIL
 
Imagem: Shutterstock.com
Longe de representar uma resposta às necessidades, pressões e à voz do proletariado para
construir sua cidadania social, o Serviço Social surge da iniciativa particular de grupos e
segmentos da sociedade (representantes da burguesia – classe dominante), que se
manifestam por meio da Igreja Católica.
A adoção de políticas de cunho social demarca os limites de surgimento e atuação do Serviço
Social como profissão, alternando caridade e repressão/controle. As condições insalubres de
vida e o trabalho do operariado e de suas famílias estão diretamente relacionadas à voracidade
do capital por trabalho excedente.
E que condições precárias eram essas?
VERIFICAR
A situação do proletariado urbano nesse período configurava condições precárias acerca de
moradia, água, esgoto e luz. Nos espaços de trabalho, também era significativa a falta de
condições minimamente adequadas a respeito de higiene, segurança no trabalho e renda
obtida do trabalho, sem contar com jornadas e horários desumanos, sem respeito sequer à
questão do trabalho infantil (permitido, sem regulação e com registros até de castigos físicos
aplicados aos aprendizes) e feminino (sem o mínimo amparo à condição da mulher,
maternidade e aleitamento, por exemplo).
Tal situação contribuiu para diminuir o preço da força de trabalho e aumentar o exército
industrial de reserva, regulando por baixo não só as remunerações, mas também postos de
trabalho e condições objetivas de seu desenvolvimento.
AS FREQUENTES CRISES DO SETOR INDUSTRIAL,
AINDA EMERGENTE, SÃO MARCADAS POR
DISPENSAS MACIÇAS E REBAIXAMENTOS
SALARIAIS, QUE TORNAM MAIS SOMBRIA A VIDA DO
PROLETARIADO INDUSTRIAL, ATIRADO AO
PAUPERISMO. PARA SUAS NECESSIDADES DE
ENSINO E CULTURA, FICARÃO, BASICAMENTE, NA
DEPENDÊNCIA DE INICIATIVAS PRÓPRIAS OU DA
CARIDADE E FILANTROPIA. NUMA SOCIEDADE CIVIL
MARCADA PELO PATRIMONIALISMO, ONDE APENAS
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CONTAM FORTUNA E LINHAGEM, SERÃO
CONSIDERADOS – QUANDO MUITO – CIDADÃOS DE
SEGUNDA LINHA, COM DIREITO APENAS À
RESIGNAÇÃO.
(IAMAMOTO; CARVALHO, 1991, p. 132)
Diante dessas expressões da questão social, o operariado inicia o processo de organização
para sua defesa, na luta contra o trabalho excessivo e mutilador, preservando seu único
patrimônio, que é a venda de sua força de trabalho.
Essa forma de organização é a única via possível de participação ativa na sociedade e muda
de acordo com os diferentes estágios do desenvolvimento do modo de produção capitalista.
As medidas quanto à integração do proletariado nesse período, apesar de incipientes, não
podem ser desconsideradas totalmente. A precária aplicação da legislação do trabalho abrange
somente uma parcela de trabalhadores urbanos, ficando os trabalhadores rurais (que
representavam a maioria), alijados da parca proteção possível naquela época.
Nesse sentido, pode-se destacar avanços como:
 
Imagem: Shutterstock.com
Regulação do Estado em parte das relações de trabalho pela via da Primeira Emenda
Constitucional.
 
Imagem: Shutterstock.com
Regulação de férias.
 
Imagem: Shutterstock.com
Regulação de acidentes de trabalho.
 
Imagem: Shutterstock.com
Regulação do código de menores.
 
Imagem: Shutterstock.com
Regulação do trabalho feminino.
 
Imagem: Shutterstock.com
Seguro-doença.
Somente alguns setores e parte dos centros urbanos tinham cobertura limitada de tais
preceitos legais (em especial setores não industriais ligados à agroexportação, como
ferroviários, marítimos e portuários). De modo geral, o Estado segue negando o
reconhecimento da existência da “questão social”.
Para desenvolvimento dos estágios seguintes do modo de produção capitalista, era necessária
à dominação burguesa a organização de alguma maneira do proletariado, impedindo a sua
própriaorganização como classe. Para atingir esse objetivo, a hegemonia burguesa não
poderia usar como recurso somente a coerção, mas, sim, buscar gerir mecanismos de controle
e integração (consenso).
Nessa relação, pode-se observar a interação entre Estado, Burguesia e Igreja, bem como os
reflexos que o Serviço Social sofre e sua constituição inicial. Para o pleno desenvolvimento
daquele estágio do capitalismo, era fundamental a integração entre o Estado e a Igreja, que
aconteceu especialmente em virtude de dois aspectos:
1
Relações capitalistas com aparência “mais social” e mais propensas às obras assistenciais,
diferentes dos modelos mais simplistas e brutais da “luta pela vida” – preocupação em criar,
junto às classes oprimidas, um sistema de adesão.
2
Aparência das relações capitalistas mais organizadas, hierarquizadas, disciplinadas e capazes
de tocar o proletariado em seu plano ideológico, assegurando seu consentimento e sua
obediência.
Nesse contexto, vale destacar que o viés sociológico sempre apresenta o “cuidado com o mais
carente”, por meio da prática da caridade (conceito tipicamente cristão) como forma de
dominação.
ESTA SITUAÇÃO RESULTOU EM UMA RELAÇÃO DE
SUBMISSÃO, NA QUAL AQUELE QUE TEM MENOS
SUJEITA-SE À VONTADE DE QUEM TEM MAIS, POIS
SUA CONDIÇÃO É CONSEQUÊNCIA DE PROBLEMAS
INDIVIDUAIS QUE NÃO FORAM SUPERADOS,
NECESSITANDO DA INTERVENÇÃO DE OUTRO. A
IGREJA CATÓLICA, POR SUA LONGA EXPERIÊNCIA E
TRADIÇÃO NA PRÁTICA DE AJUDA À POPULAÇÃO
EM SITUAÇÃO DE CARÊNCIA, QUALQUER QUE SEJA
ELA, DESENVOLVE, ATRAVÉS DE SEUS MEMBROS,
AÇÕES VOLTADAS PARA O ATENDIMENTO A ESSA
POPULAÇÃO, SEJA A PARTIR DE AÇÕES INDIVIDUAIS
OU DE INSTITUIÇÕES ASSISTENCIAIS.
(SILVA, 2006, p. 329)
Os princípios alinhados com o espírito autoritário e dogmático da Igreja Católica montavam
uma estrutura ideal para atingimento dos objetivos burgueses. Assim, nesse contexto histórico,
surge o Serviço Social como uma espécie de desdobramento da Ação Social e da Ação
Católica, marcando profundamente a profissão.
O LAICATO E AS PRIMEIRAS ESCOLAS DE
SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
 
Foto: Shutterstock.com
Os grupos pioneiros e as primeiras escolas de Serviço Social têm na Igreja Católica e no
laicato social uma importante influência.
Após o fim da Primeira Guerra Mundial, surgem diversas obras e instituições assistenciais, fato
que está correlacionado às protoformas do Serviço Social no Brasil.
Internacionalmente, registra-se o surgimento da primeira nação socialista e a expansão do
movimento operário por toda a Europa. As primeiras escolas de Serviço Social começam a
surgir pela Europa, muito estimuladas pelo preceito do Tratado de Versalhes quanto ao
trabalho, uma vez que tal tratado versa sobre condições internacionais de maior cuidado, sob o
ponto de vista do trabalho, com a classe operária.
Já no âmbito nacional, os grandes movimentos operários de 1917 a 1921 evidenciaram para a
sociedade a existência da questão social e promoveram um chamamento para sua resolução
ou ao menos para minimizá-la.
LAICATO SOCIAL
O termo laicato social refere-se àqueles que não possuem função religiosa, chamados
leigos, embora façam parte daquela religião (no caso, cristianismo/Igreja Católica). São
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laicato social porque pouco a pouco assumem uma posição de atuação no âmbito social,
seguindo as orientações da Igreja, mas também extrapolando a ela.
É neste contexto brasileiro que surgem as primeiras instituições assistenciais, como a
Associação das Senhoras Brasileiras (1920) no Rio de Janeiro e a Liga das Senhoras
Católicas (1923) em São Paulo, que apresentam atuação diferenciada das formas tradicionais
de caridade até então: envolvimento do nome das famílias que integram a grande burguesia
carioca e paulista, militância feminina dessas famílias e aporte de recursos e contatos de
Estado, que possibilitam o planejamento de obras assistenciais mais amplas, consistentes e
com mais eficiência técnica.
Paralelamente ao surgimento dessas instituições, ocorre um movimento denominado “reação
católica”, que significava a divulgação do pensamento social da Igreja e da formação das bases
de organização e doutrinas do apostolado laico. Essa perspectiva de atuação sobre a questão
social representa não mais o mero socorro aos indigentes, mas, em seu formato inicial, a
prestação de assistência preventiva, de apostolado social, visando atender e atenuar algumas
sequelas do desenvolvimento capitalista, em especial ao trato com crianças e mulheres.
Incorporava-se também uma nova lógica em relação ao trabalho feminino urbano, não apenas
no lugar das famílias operárias, mas admitindo a inserção de mulheres da pequena burguesia.
Em 1922, é fundada a Confederação Católica, que precede a Ação Católica, e é a
responsável pela centralização política e pelo fomento do apostolado laico. A partir do
desenvolvimento do Movimento Laico, essas primeiras iniciativas serão multiplicadas,
desenvolvendo-se dentro da Ação Social Católica. São registradas instituições destinadas a
organizar a juventude católica para a ação social voltada ao operariado e suas famílias, a
chamada Juventude Operária Católica (JOC), ramificando outras organizações semelhantes
destinadas ao atendimento de outros segmentos sociais, como, por exemplo, Juventude
Estudantil Católica (JEC), Juventude Universitária Católica (JUC) etc.
O surgimento do Serviço Social quanto ao aspecto do seu elemento humano e sua base
organizacional são constituídos a partir da mescla de diferentes tendências, conforme elucidam
Iamamoto e Carvalho:
CONFEDERAÇÃO CATÓLICA
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A gênese do Serviço Social no Brasil está intimamente ligada a esse movimento, bem
como às instituições e obras sociais, especialmente quanto ao conteúdo assistencial
paternalista daquele momento histórico, que cria as bases materiais, organizacionais e
humanas para expansão da Ação Social e consequente surgimento das primeiras escolas
de Serviço Social no país.
O ELEMENTO HUMANO E A BASE ORGANIZACIONAL
QUE VIABILIZARAM O SURGIMENTO DO SERVIÇO
SOCIAL SE CONSTITUIRÃO A PARTIR DA MESCLA
ENTRE AS ANTIGAS OBRAS SOCIAIS – QUE SE
DIFERENCIAVAM CRITICAMENTE DA CARIDADE
TRADICIONAL – E OS NOVOS MOVIMENTOS DE
APOSTOLADO SOCIAL, ESPECIALMENTE AQUELES
DESTINADOS A INTERVIR JUNTO AO PROLETARIADO,
AMBOS ENGLOBADOS DENTRO DA ESTRUTURA DO
MOVIMENTO LAICO, IMPULSIONADO E CONTROLADO
PELA HIERARQUIA.
(IAMAMOTO; CARVALHO, 1991, p. 172)
Com o andamento dessa estratégia, tais grupos perceberam a necessidade de melhor
especialização técnica e, em 1932, surge o Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo
(CEAS), como condensação da necessidade sentida por setores da Ação Social e Ação
Católica em otimizar as iniciativas assistenciais promovidas pelas frações da classe dominante
paulista, sob patrocínio da Igreja Católica e mobilizada pelo laicato.
O marco inicial do CEAS foi o Curso Intensivo de Formação Social para Moças, promovido
pelas Cônegas de Santo Agostinho. As participantes do curso, jovens oriundas das famílias
que compõem as classes dominantes e setores abastados da sociedade, tinham como
expectativa se esclarecer e estabelecer um julgamento acertado sobre os problemas sociais
daquela época.
A DIREÇÃO DESSE CURSO COUBE A MADEMOISELLE
ADÈLE DE LONEUX, PROFESSORA DA ESCOLA
CATÓLICA DE SERVIÇO SOCIAL DA BÉLGICA. COM
UMA PROGRAMAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA (QUE
INCLUÍA VISITA A INSTITUIÇÕES BENEFICENTES), O
CURSO ENCONTROU GRANDE ACEITAÇÃO ENTRE
JOVENS CATÓLICAS QUE BUSCAVAM CRIAR UMA
ASSOCIAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL. FOI ESSE O INÍCIO
DO CENTRO, AINDA SOB ORIENTAÇÃO DE MLLE. DE
LONEUX.
(YAZBEK, 2009, p. 7)
Os estudos sobre os registros encontrados apontam para a formação de um núcleo articulador
que vivenciava um período de profundas transformações políticas e sociais e buscava intervir
nesse processo, a partir de uma perspectiva ideológica e de uma prática unificada, adotando
uma orientação definida, baseada no estudo da doutrina social da Igreja.
A nova açãosocial empreendida por esses grupos visava intervir diretamente junto ao
proletariado, afastando-o de influências subversivas, e os centros ofereceriam vantagens para
um desenvolvimento mais amplo de intervenções:
 
Imagem: Shutterstock.com
Constituíam campos de observação e de prática para a trabalhadora social, como um
laboratório de seus estudos teóricos.
 
Imagem: Shutterstock.com
Apresentavam um espaço de educação familiar, no qual se buscava estimular nas jovens
operárias o amor ao lar e prepará-las para o cumprimento de seus deveres.
 
Imagem: Shutterstock.com
Estabeleciam núcleos de formação de elites que agiriam depois na massa operária, a partir de
seus próprios princípios e valores (cristãos e capitalistas, reforçando a preservação da ordem
moral e social, sobretudo do “papel da mulher”).
Nesse caldo cultural, político e econômico, com as atividades do CEAS orientadas para a
formação técnica especializada, à luz da ação social e da doutrina social da Igreja, é fundada,
em 1936, a Escola de Serviço Social de São Paulo, a primeira desse gênero a existir no
Brasil. Apesar da grande influência da Igreja Católica e do laicato, o Estado também é uma
força significativa na primeira escola de Serviço Social; uma vez que já existe presente uma
demanda de atuação, a partir do Estado, assimilará a formação doutrinária própria do
apostolado social. Tanto assim que os principais patrocinadores de bolsas de estudo da escola
em questão são as prefeituras municipais, os órgãos públicos, o Sesi e o Senai, diversos
institutos e caixas de pensão, a LBA e a Previdência Social da época.
É certo que as pioneiras do Serviço Social, constituídas pelos primeiros quadros profissionais
formados e especializados, têm uma grande importância na história da profissão, visto que
foram responsáveis pela divulgação e institucionalização da profissão, incentivando e
concretizando a demanda por seus serviços.
Entretanto, não se pode desconsiderar que ocorre um processo de mercantilização da força de
trabalho dessas profissionais. Essa mercantilização acontece em consonância com uma
espécie de purificação do perfil profissional, não mais ligado apenas à figura de uma moça da
sociedade devotada ao apostolado social, mas, sim, ao portador da qualificação profissional,
que mais tarde estará englobado na divisão social e técnica do trabalho, ainda que sofrendo as
influências de todo o período de constituição da profissão.
No Rio de Janeiro, a experiência de formação de quadros pela Escola de Serviço Social ocorre
de modo diverso. Ali se concentravam a administração federal, a capital federal, era a maior
cidade do país e detinha os maiores aparatos da Igreja Católica e dos grandes bancos,
constituindo-se o grande centro nervoso da política e da economia no Brasil. Porém,
diferentemente de São Paulo, no Rio de Janeiro, as instituições assistenciais apresentavam
uma participação de órgãos públicos mais intensa, manifestada pelo Juízo de Menores e por
personalidades do setor público nas áreas de saúde, assistência e sanitárias.
Confira, a seguir, os principais marcos para o progresso do Serviço Social no Brasil.
1936
Em 1936, é registrado um importante marco, a Primeira Semana de Ação Social do Rio de
Janeiro, formada por iniciativa da hierarquia e cúpula do movimento laico, do Grupo de Ação
Social (GAS), e que teve por objetivo fazer um balanço da ação social desenvolvida até aquele
momento, com foco no problema da formação e recrutamento de quadros de atuação
profissional e nos problemas de habitação popular e legislação social.
Fica clara a tutela estatal recomendada pela Igreja em relação à classe operária, ao mesmo
tempo em que reclama liberdade de ação para o desenvolvimento das ações sociais,
eventualmente subsidiadas pelo Estado.
Ainda em 1936, é realizado no Rio de Janeiro o primeiro curso intensivo de Serviço Social, com
duração de três meses, formado por palestras sobre temas sociais, legais, educacionais e
médicos, focado na questão da infância abandonada. Em caráter complementar, foi realizado
um curso prático de Serviço Social, ministrado por duas assistentes sociais recém-formadas na
Bélgica.
1944
Finalmente, em 1944, é instituída a Escola de Serviço Social do Rio de Janeiro.
1947
Em 1947, quando acontece o I Congresso Brasileiro de Serviço Social, 14 escolas enviam
representações: fica claro que a maioria das profissionais se formará sob influência da origem
católica e contando com bolsas de estudo. Nas escolas instituídas nas demais regiões do país,
após as de São Paulo e Rio de Janeiro, observa-se que passam a ter subsídio da Legião
Brasileira de Assistência (LBA).
Vamos entender agora a importância do surgimento das Escolas de Serviço Social.
AS PIONEIRAS DO SERVIÇO SOCIAL NO
PAÍS
 
Foto: Shutterstock.com
A formação das pioneiras do Serviço Social no Brasil tem sua origem no bloco católico e na
ação caridosa de mulheres da sociedade, mas também na interrelação entre teoria e
metodologia do Serviço Social com a doutrina social da Igreja e com o apostolado social; esses
fatos marcaram a percepção profissional e suas formas de comportamento e de desempenho.
A assistente social tinha como perfil ser uma pessoa da mais integral formação moral, com
sólido preparo técnico, capacidade de devotamento e amor ao próximo.
Além disso, deveria possuir:
Inteligência
Senso prático
Desprendimento
Modéstia
Simpatia
Bom humor
Calma
Capacidade de influenciar e convencer
O último ponto é interessante na medida em que a forma autoritária e paternalista como o
comportamento das pioneiras reaparece é traduzido e suavizado como se fossem qualidades,
capazes de serem desempenhadas por uma pequena elite virtuosa, com a missão de redimir
os elementos decaídos da sociedade.
Nessa perspectiva moralizadora e julgadora, os problemas sociais e o capitalismo são vistos
como ordem natural das coisas e as situações conflitivas e a luta de classes aparecerão como
desvios. Tais desvios ocorrem por culpa da secularização da sociedade da crise moral, do
paganismo, laicismo das instituições e até mesmo do socialismo. Trata-se de um julgamento
moral que tem por base o esquecimento das bases materiais das relações sociais. Sob essa
perspectiva, em discursos e práticas das pioneiras, a atuação sobre a questão social
desenrola-se negando as transformações econômicas e sociais.
O controle de quase todas as escolas de Serviço Social pela Igreja e a convivência no interior
do bloco católico facilitam a atração e cooptação de vocações. Cria-se assim uma mística em
torno da profissão, relacionada à formação de novos agentes da justiça social e da caridade.
Essa caraterização contribui para obscurecer e dar aparência de qualidades profissionais ao
que diz respeito a um projeto de classe.
A adesão dos agentes profissionais a esse projeto e à visão de mundo da classe dominante é
naturalizada como vocação e ação desinteressada, como se fosse um ato humanístico,
despido de cidadania histórica e social, que serve para tutelar a relação com a população
cliente e acaba por se encarregar de orientar o fazer profissional no sentido dos interesses da
burguesia.
Tanto na formação profissional quanto no discurso das pioneiras, é possível perceber que o
Serviço Social surge em um momento em que o modo de produção capitalista determina a
sociedade em que a Igreja está inserida, e, por conseguinte, a ideologia dominante não mais
pertence à Igreja. A ideologia dominante é, agora, criada e difundida por grupos e classes
sociais que detêm o monopólio dos meios de produção. Tanto assim que o tom dos discursos
das encíclicas papais (Rerum Novarum e Quadragesimo Anno), que orientam a ação do
apostolado laico, mostra-se pró-capitalista, na medida em que se opõe veementemente ao
socialismo e suaviza a crítica ao capitalismo, limitando-a à questão dos excessos e abusos,
vistos não como um efeito do modo de produção predatório, mas, sim, como problemas dos
homens(e originados por eles), portanto passíveis de correção.
Essa percepção e o esquema valorativo acompanharão as profissionais por um longo percurso
do exercício profissional, sendo expresso inclusive durante o período de profissionalização do
Serviço Social, nas instituições sociais assistenciais, durante a Era Vargas, como veremos
adiante.
SOCIALISMO
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“Os Socialistas, para curar este mal [exploração dos trabalhadores], instigam nos pobres
o ódio invejoso contra os que possuem, e pretendem que toda a propriedade de bens
particulares deve ser suprimida, que os bens dum indivíduo qualquer devem ser comuns
a todos [...]. Mas semelhante teoria, longe de ser capaz de pôr termo ao conflito,
prejudicaria o operário se fosse posta em prática. Pelo contrário, é sumamente injusta,
por violar os direitos legítimos dos proprietários, viciar as funções do Estado e tender para
a subversão completa do edifício social” (LEÃO XIII, 1891: 3).
QUESTÃO DOS EXCESSOS E ABUSOS
“É coisa manifesta, como nos nossos tempos não só se amontoam riquezas, mas
acumula-se um poder imenso e um verdadeiro despotismo econômico nas mãos de
poucos. Este mesmo acumular de poderio gera três espécies de luta pelo predomínio:
primeiro luta-se por alcançar o predomínio econômico; depois combate-se renhidamente
por obter predomínio no governo da nação, a fim de poder abusar do seu nome, forças e
autoridade nas lutas econômicas; enfim lutam os Estados entre si, empregando cada um
deles a força e influência política para promover as vantagens econômicas dos seus
cidadãos, ou ao contrário empregando as forças e predomínio econômico para resolver
as questões políticas, que surgem entre as nações” (PIO XI, 1931: III, 1).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE, DE ACORDO COM SUA COMPREENSÃO DO TEXTO, QUAL
ALTERNATIVA DEFINE CORRETAMENTE A RELAÇÃO ESTABELECIDA
ENTRE A IGREJA CATÓLICA E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NO
BRASIL.
A) O Serviço Social surge como resposta à questão social, sem qualquer influência da Igreja
Católica.
B) O Serviço Social surge como profissão decorrente exclusivamente do clamor do
proletariado, contando com um apoio secundário da Igreja Católica.
C) O Serviço Social surge como profissão apostolar, decorrente somente da vontade de ajudar
o próximo, e daí se constitui a vinculação com a Igreja Católica.
D) No Brasil, o Serviço Social surge como profissão a partir da iniciativa particular de grupos e
segmentos sociais, representantes da classe dominante, que materializavam suas ações por
meio da Igreja Católica.
E) No Brasil, o Serviço Social surge como profissão por causa da requisição do empresariado,
movido apenas pela necessidade de repressão e controle dos trabalhadores, com influência
pouco significativa por parte da Igreja Católica.
2. A RESPEITO DAS PIONEIRAS DO SERVIÇO SOCIAL, QUAL
ALTERNATIVA É CORRETA EM RELAÇÃO AO PERFIL PROFISSIONAL DE
ASSISTENTE SOCIAL NA FASE DE CONSTITUIÇÃO DA PROFISSÃO?
A) Capacidade de coerção, perfil aguerrido e desvinculado do apostolado católico.
B) Capacidade de influenciar e convencer, sem parecer autoritária, formação moral íntegra e
preparo técnico sólido.
C) Bastava a capacidade de devotamento, amor ao próximo e disposição para fazer o bem.
D) Rigidez de posição, distanciamento do outro, caráter julgador moral.
E) Inteligência, neutralidade religiosa e senso prático.
GABARITO
1. Assinale, de acordo com sua compreensão do texto, qual alternativa define
corretamente a relação estabelecida entre a Igreja Católica e o surgimento do Serviço
Social no Brasil.
A alternativa "D " está correta.
 
Não se pode perder de vista que a relação entre Igreja Católica e a burguesia empresarial da
época era estreita e fundamentada pela adequação da classe trabalhadora em formação ao
modo de produção capitalista, fatores que até hoje influenciam a profissão.
2. A respeito das pioneiras do Serviço Social, qual alternativa é correta em relação ao
perfil profissional de assistente social na fase de constituição da profissão?
A alternativa "B " está correta.
 
As características profissionais demandadas pelas pioneiras são diretamente ligadas aos
interesses de classe dominante da época (burguesia), com a atuação da Igreja Católica.
Embora, hoje em dia, façamos a crítica a esse perfil profissional e às práticas por elas
desenvolvidas naquele momento, a atuação das pioneiras foi fundamental para as etapas
seguintes do desenvolvimento profissional, especialmente pelo esforço de sistematização da
prática profissional.
MÓDULO 2
 Identificar o surgimento das primeiras instituições sociais assistenciais no país no
contexto histórico da Era Vargas
ERA VARGAS
A caracterização do Serviço Social como profissão se consolida numa época bastante
particular da história do país, chamada de Era Vargas, que compreende o período entre 1930 e
1945, durante o qual o presidente Getúlio Vargas governou ininterruptamente. As medidas
socioeconômicas e políticas adotadas em seu governo, aliadas às mudanças ocorridas na
sociedade brasileira, configuraram uma nova era na história do Brasil.
Vargas foi alçado ao governo federal em decorrência da Revolução de 1930, que marcou a
ruptura política com o regime anterior, denominado de República Velha. A Revolução de 1930
findou o domínio político da oligarquia cafeeira paulista, no comando federal, ocasionando o fim
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da chamada política do café com leite, na alusão entre a alternância de lideranças oligárquicas
de São Paulo e Minas Gerais.
 
Foto: Governo do Brasil / Wikimedia Commons / Domínio Público; Shutterstock.com
 Getúlio Vargas, cerca de 1930.
GETÚLIO VARGAS
“Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja (RS), em 1882. Bacharel pela Faculdade
de Direito de Porto Alegre (1907), elegeu-se pelo Partido Republicano Rio Grandense.
Deputado estadual, deputado federal e líder da bancada gaúcha, entre 1923 e 1926. Foi
Ministro da Fazenda de Washington Luís (1926-27) e presidente do Rio Grande do Sul
(1927-1930). Em 1929, candidatou-se à presidência da República na chapa oposicionista
da Aliança Liberal. Derrotado, chefiou o movimento revolucionário de 1930, através do
qual assumiu em novembro deste mesmo ano. [Em 24 agosto de 1954,] Vargas se viu
confrontado com a eminência da renúncia ou deposição, e suicidou-se com um tiro no
coração, deixando uma carta-testamento em que acusava os inimigos da nação como os
responsáveis por seu suicídio” (FGV, 2001).
O período do governo Vargas foi dividido nas seguintes fases:

 
Foto: Desconhecido / Wikimedia Commons / Domínio Público; Shutterstock.com
 Juarez Távora, Getúlio Vargas e o então interventor da Bahia, Juracy Magalhães, um ano
após a vitória da Revolução de 1930.
1930-1934 – GOVERNO PROVISÓRIO
Período no qual ocorreu a reorganização do Estado nacional e de preparação para uma nova
Constituição. Setores privilegiados de São Paulo, em especial da indústria, ressentiram-se da
demora de efetivação de uma nova Constituição e se voltaram contra o governo Vargas, fato
que desencadeou a Revolução Constitucionalista de 1932. Essa revolução contribuiu
significativamente para que uma nova Constituição fosse promulgada, em função de sua
repercussão e pressão exercida à época.
1934-1937 – GOVERNO CONSTITUCIONAL
Marcado pela efetivação da Constituição e pela manutenção de um regime de governo
democrático-liberal. Nesse período, houve conflitos entre diferentes forças políticas daquele
momento histórico. Havia uma polarização entre comunistas e integralistas e um franco embate
entre o governo Vargas e os comunistas. Essa oposição gerou a chamada Intentona
Comunista de 1935, movimento severamente reprimido com prisões, violência e perda de
direitos, servindo como justificativa para que Vargas empreendesse um novo golpe de Estado.
 
Foto: Desconhecido / Wikimedia Commons / Domínio Público; Shutterstock.com
 Vargas e Franklin D. Roosevelt, presidente dos Estados Unidos.

Foto: Desconhecido / Wikimedia Commons / Domínio Público; Shutterstock.com
 Propaganda do Estado Novo, mostrando Getúlio Vargas ao lado de crianças, símbolos do
futuro do Brasil.
1937-1945 – ESTADO NOVO
Período caracterizado pelo fechamento do Congresso Nacional em 1937 e imposição de uma
nova Constituição. O período do Estado Novo foi construído sob as bases da ditadura
varguista, que foi fortemente influenciada pelo movimento fascista que vigorava na Europa
naquele tempo. O encerramento dessa fase do governo Vargas ocorreu ao mesmo tempo em
que terminava a Segunda Guerra Mundial, tendo em vista não haver mais sustentação possível
após 15 anos de exercício no poder.
Uma das principais características da Era Vargas foi o esforço empreendido para o
enquadramento da sociedade brasileira aos moldes capitalistas, em especial quanto ao
investimento para industrialização da economia nacional.
Para que houvesse o fortalecimento do capitalismo no país, era o Estado o ente quem detinha
o potencial econômico, capaz de levar adiante tal missão, visto que a burguesia brasileira ainda
era bastante incipiente frente à carga necessária de investimentos.
Assim, o Estado seguiu seu plano de criação de condições gerais de produção para a
industrialização brasileira, abarcando representantes da burguesia em seus cargos gestores,
compondo um projeto comum de expansão das atividades produtivas, de acumulação e de
dominação.
Contudo, para o sucesso desse conjunto de estratégias de governo, era necessário atribuir
uma falsa noção de harmonia social, que foi construída com a adoção de legislações que
garantiam alguns direitos à classe trabalhadora, e, ainda, com o controle da ação sindical pelo
Estado (buscando conter a luta de classes).
Os principais marcos da época, que ilustram a estratégia de garantias de direitos à classe
trabalhadora em formação no Brasil, foram:
Criação do Ministério do Trabalho, em 1930.

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943.
Assim estava, resumidamente, configurado o que ficou conhecido como Estado Corporativista
de Vargas. Ainda na análise da estrutura montada para viabilização e fortalecimento do
governo Vargas, duas instituições assumiram destaque:
1
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), criado para formar quadros de
funcionários públicos.
2
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável pela garantia da censura à
imprensa e à expressão artística (estratégia muito comum aos governos ditatoriais) e pela
realização da publicidade do governo, difundindo seu ideário e formando a opinião pública de
acordo com seus interesses.
No cenário mundial, fatos importantes contribuíram para o encerramento da Era Vargas.
CONFIRA
Um acontecimento, por exemplo, foi a luta contra as ditaduras na Europa, durante a Segunda
Guerra Mundial. Tal fato ocasionava uma contradição interna no Brasil, que apontava como via
de resolução o fim do governo ditatorial instaurado no país. A conjuntura política e a pressão
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militar fizeram com que Getúlio Vargas renunciasse ao governo em 1945, pondo fim à Era
Vargas, que durou 15 anos.
Seis anos depois, em 1951, Vargas retornou à presidência do Brasil, por meio de eleições
diretas. Sua campanha foi baseada em forte discurso nacionalista e na promessa de ampliação
do processo de industrialização, com destaque à campanha nacional O Petróleo é Nosso e à
criação da Petrobras.
Embora tenha sido exitoso em reassumir o poder, Vargas enfrentou forte oposição,
encabeçada pela União Democrática Nacional (UDN) e por Carlos Lacerda, que criaram um
ambiente de governo insustentável para Vargas, que se suicidou em agosto de 1954, deixando
uma carta na qual afirmava que saía da vida para entrar na História.
Ficou conhecido pela parte apoiadora da população como Pai dos Pobres, em função das
legislações trabalhistas, e pela parte dissidente da população como Mãe dos Ricos, pela
estrutura montada pelo Estado para expansão do projeto de exploração e dominação
capitalista.
Como tais considerações históricas convergem para a profissionalização do Serviço Social?
PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E
PROFISSIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO
SOCIAL
As instituições assistenciais, assim como as previdenciárias, começaram a surgir no Brasil a
partir de 1920, pela ação do Estado, com bastante ênfase. Até mesmo na República Velha se
registravam ações estatais de cunho reformista, com objetivo de responder à pressão das
novas forças sociais urbanas, que terminavam por coagir a sociedade civil. Contudo, o
desenvolvimento dessa política só se torna mais dinâmico na década de 1930, com o Estado
Novo.
Essas ações nada mais são que respostas à necessidade do processo de industrialização e
enquadramento da classe trabalhadora urbana às requisições impostas para consolidação e
aprofundamento do modo de produção capitalista no Brasil.
As primeiras instituições apresentavam características marcantes, sendo a principal o
'abarcamento previdenciário estatal às principais categorias de trabalhadores assalariados
urbanos. Essa medida permitia a atuação ampliada sobre as mazelas da exploração capitalista
e mantinha intocadas as condições inerentes a essa exploração, atenuando a'penas seus
aspectos mais gritantes, no campo das aposentadorias, pensões, assistência médica, lazer e
moradia, amparando indiretamente aqueles que estavam no processo ativo de trabalho e mais
diretamente os que já se encontravam exauridos ou mutilados.
 
Imagem: Shutterstock.com
As maiores instituições assistenciais do Brasil, em especial institutos e caixas de aposentadoria
e pensão, não incorporaram assistentes sociais como trabalhadores sociais especializados em
um primeiro momento. Isso ocorreu pelo fato de que, em suas pesadas hierarquias, já
contavam com uma estrutura que possuía outros agentes institucionais desempenhando
funções assemelhadas às de assistentes sociais, além do intenso jogo de interesses políticos e
corporativos nas instituições, retardando a incorporação mais rápida e ampla de assistentes
sociais.
No cenário mundial, com o fim da Segunda Guerra Mundial, avançam as medidas assistenciais
generalizadas, como o Plano Beveridge, na Inglaterra.
O PLANO BEVERIDGE DE SEGURIDADE SOCIAL
EXPOSTO NO RELATÓRIO SOBRE SEGURO SOCIAL E
SERVIÇOS AFINS (REPORT ON SOCIAL INSURANCE
AND ALLIED SERVICES), APRESENTADO AO
PARLAMENTO BRITÂNICO EM 1942, CONSTITUIU UM
DOS PILARES DO WELFARE STATE. ESSE PLANO, EM
VISTA DE SUA RELEVÂNCIA HISTÓRICA,
PRINCIPALMENTE NO QUE SE REFERE AOS ESTUDOS
SOBRE POLÍTICA SOCIAL, CONFIGURA-SE COMO UM
OBJETO QUE EXIGE ANÁLISE MINUCIOSA. ELE NÃO
FOI DESENVOLVIDO EM UM CENÁRIO QUALQUER [...],
MAS EM CONDIÇÕES HISTÓRICAS ESPECÍFICAS QUE
ENVOLVEM O CONTEXTO DO PERÍODO
ENTREGUERRAS, COM O APROFUNDAMENTO DA
QUESTÃO SOCIAL E O FORTALECIMENTO DE
DEMANDAS POR MELHORIAS NAS FORMAS DE
PROTEÇÃO SOCIAL.
(COSTA, 2019, p. 59)
Trata-se de articular benefícios assistenciais como forma de dominação e enquadramento
político, usando as instituições sociais e assistenciais (e suas práticas assistencialistas) como
instrumento.
Com efeito, os Círculos Operários e suas outras formas de organização são enfraquecidas e se
cria um ambiente favorável ao surgimento de instituições assistenciais até hoje representativas
no Brasil, como, por exemplo, o Serviço Social da Indústria (SESI).
 
Imagem: Chronus / Wikimedia Commons / Domínio Público
 Logo Sesi - Serviço Social da Indústria
Já as primeiras experiências de eleições democráticas após o término da Era Vargas, entre
1945 e 1946, deram ao Partido Comunista uma votação expressiva, fator que contribuiu para o
surgimento de outras instituições, como, por exemplo, a Fundação Leão XIII, no Rio de Janeiro.
Justamente essas entidades que primeiro absorverão de forma contínua a mão de obra
especializada de assistentes sociais, para atuação direta com a população carente e
marginalizada.
A criação de tais instituições sociais e assistenciais proporcionacondições crescentes de
mercado de trabalho para profissões de cunho social, estimulando o desenvolvimento rápido
do ensino especializado de Serviço Social, fator que legitima a profissão e seus profissionais.
A PROFISSÃO DE ASSISTENTE SOCIAL APENAS
PODE SE CONSOLIDAR E ROMPER O ESTREITO
QUADRO DE SUA ORIGEM NO BLOCO CATÓLICO A
PARTIR DO MERCADO DE TRABALHO QUE SE ABRE
COM AQUELAS ENTIDADES [...]. O ASSISTENTE
SOCIAL APARECERÁ COMO UMA CATEGORIA DE
ASSALARIADOS – QUADROS MÉDIOS CUJA
PRINCIPAL INSTÂNCIA MANDATÁRIA SERÁ, DIRETA
OU INDIRETAMENTE, O ESTADO. O SIGNIFICADO
SOCIAL DO SERVIÇO SOCIAL PODE SER
APREENDIDO GLOBALMENTE APENAS EM SUA
RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS SOCIAIS DO ESTADO,
IMPLEMENTADAS PELAS ENTIDADES SOCIAIS E
ASSISTENCIAIS.
(IAMAMOTO; CARVALHO, 1991, P. 315)
Sob o ponto de vista da formação profissional, note que as grandes instituições assistenciais se
desenvolvem em um momento no qual o Serviço Social ainda caminhava no começo de seu
processo de construção de conhecimentos, métodos e técnicas, embora já figurasse como uma
profissão legitimada na divisão social do trabalho e com uma demanda profissional definida.
Nessa fase, a atividade profissional ainda era profundamente marcada e ligada à sua origem
católica e aos segmentos de classe que dominavam o ensino e a prática do Serviço Social no
Brasil.
 ATENÇÃO
Observa-se um deslocamento da atuação profissional da forma mais anterior, assistencial e
implementada pela Igreja, para uma forma mais atualizada, na medida em que foi
institucionalizada e legitimada pelo Estado e pelo conjunto do bloco dominante. As escolas de
formação em Serviço Social contribuem para alargar a base social de recrutamento de
profissionais em formação, na medida em que, além das jovens católicas, outros segmentos da
sociedade passam a ser absorvidos pelas áreas de formação na profissão, como a pequena
burguesia e setores médios da sociedade.
Aos poucos, como se torna uma atividade remunerada, os setores subalternos também são
absorvidos pela profissão, embora se guarde, no conteúdo de formação profissional e dos
métodos de intervenção, seu preceito ideológico de classes dominantes.
Gradativamente, o Serviço Social também deixa de ser uma forma de distribuição controlada
da pouca caridade realizada pelos setores mais abastados da sociedade. Ele assume o papel
de importante peça na estrutura de execução das políticas sociais do Estado e de corporações
empresariais, utilizando um forte componente profissional voltado para enquadramento da
população-alvo das ações ao seu discurso ainda marcado pelo aspecto moralizador das
protoformas da profissão.
 
Imagem: Shutterstock.com
Esse discurso e a prática não se voltavam apenas para aquela parcela da população mais
pobre, que mais demandava a assistência material do Estado, mas também sob o viés da
educação, voltada aos usuários considerados de comportamento desviante, ou seja, aqueles
que, de alguma maneira, ameaçavam a ordem do sistema vigente.
Nesse novo estágio da profissão, cabe ao Serviço Social selecionar e manter em
acompanhamento e controle constantes os usuários e suas famílias, sob a égide do
paternalismo institucional, compreendendo os auxílios materiais fora da escala de direitos (são
tidos como concessões) e os atendimentos em geral, sob perspectiva de controle e
disseminação ideológica da classe dominante.
Para além dessas questões do Serviço Social à época, emerge também o caráter
psicologizante das abordagens, expressos especialmente nas atividades empreendidas no
campo da pesquisa social, tendo por base uma escala teórica de desajustamentos
biopsicossociais, promovendo a classificação dos indivíduos, reiterando o viés moralizador, de
enquadramento da clientela e de visão que o problema apresentado passa longe de ser
considerado estrutural; ele ocorre por culpa ou falha do sujeito.
Apesar de todas as contradições e críticas, nesse diapasão, a prática institucional do Serviço
Social serve para seu desenvolvimento profissional e da força de trabalho em geral, conforme
inferem Iamamoto e Carvalho:
MUITO MAIS QUE A PRESTAÇÃO DE AJUDA OU
SERVIÇOS ASSISTENCIAIS – OS QUAIS, APESAR DE
SEU CONTEÚDO PERVERSO, AUXILIAM E SUBSIDIAM
OBJETIVAMENTE A SOBREVIVÊNCIA E REPRODUÇÃO
DA FORÇA DE TRABALHO – O SERVIÇO SOCIAL, ISTO
É, A PRÁTICA INSTITUCIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
SE VINCULA E APARECE COMO ASPECTO DE UM
PROJETO MAIS AMPLO. ESTE PROJETO SE
ARTICULA ATRAVÉS DO CONJUNTO DAS PRÁTICAS
INSTITUCIONAIS ENGLOBADAS NUMA ESTRATÉGIA
DE HEGEMONIA, EM QUE O ESTADO (A PARTIR DO
SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS GRANDES
INSTITUIÇÕES SOCIAIS E ASSISTENCIAIS NA
DÉCADA DE 1920) ASSUME PAULATINAMENTE UM
CONTROLE CRESCENTE.
(IAMAMOTO; CARVALHO, 1991, p. 327)
Seguindo o conteúdo preventista e educativo, a profissão encontrará um campo propício para a
afirmação de seu status profissional, experimentando significativo desenvolvimento da parte
teórica e prática, na medida em que é elevada ao nível de disciplina e tem seus agentes
especializados integrados em equipes multiprofissionais.
Com o estímulo de tantas mudanças e de adoção de um novo instrumental, diferentemente do
ponto de vista teórico e metodológico, os assistentes sociais procurarão afirmar o status teórico
da profissão e apagar o estigma do agente benévolo e autoritário, bem como do agente
intermediário entre a clientela e o agente principal da instituição, abrindo horizontes para novas
atualizações da profissão, que vão se consolidar com as discussões profissionais que se
seguirão nos congressos profissionais e durante o período desenvolvimentista do país, como
veremos adiante.
Conheceremos um pouco mais sobre as primeiras Instituições Assistenciais do Brasil.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. DE ACORDO COM O TEXTO, QUAL A CONEXÃO MAIS ACERTADA EM
RELAÇÃO À PROFISSIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL E O
SURGIMENTO DAS PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E
ASSISTENCIAIS?
A) Com o processo de industrialização, emerge a necessidade de maior controle da massa de
trabalhadores e administração das mazelas sociais, decorrentes da implantação do modo de
produção capitalista. Assim, o Serviço Social tem sua mão de obra absorvida pelas instituições
destinadas a lidar com a parcela marginalizada da sociedade, ainda que não imediatamente.
B) Na verdade não há uma conexão identificada, uma vez que tanto o surgimento das
primeiras instituições sociais e assistenciais quanto a profissionalização do Serviço Social são
processos absolutamente distintos e ocorridos em épocas diferentes, portanto totalmente
independentes.
C) A conexão entre a profissionalização do Serviço Social e o surgimento das primeiras
instituições reside no fato de que imediatamente as instituições assistenciais e sociais
abarcaram a mão de obra especializada de assistentes sociais.
D) Primeiro ocorreu a profissionalização do Serviço Social e, posteriormente, surgiram as
instituições assistenciais, espaços nos quais os assistentes sociais foram desde sempre os
agentes privilegiados, em termos de atuação profissional.
E) A conexão entre o surgimento das primeiras instituições assistenciais e sociais e a
profissionalização do Serviço Social passa pelo fato de os círculos operários exigirem que
houvesse atuação de assistentes sociais para atender a classe trabalhadora e suas famílias.
2. QUAIS OS FATORES PREPONDERANTES PARA CONSOLIDAÇÃO DO
SERVIÇO SOCIAL NOS PRIMÓRDIOS DA PROFISSÃO?
A) Permanência e atualização da vinculação original da profissão com o bloco católico.
B) Manutenção do forte viés apostolar e amor ao próximo como únicas bases profissionais.
C) Abertura de mercado de trabalho e relação de assalariamento.
D) Desvinculação do bloco católico para vinculação direta ao movimento operário.
E) Compromisso de ação apostolar, desinteressada e voluntária.
GABARITO
1. De acordo com o texto, qual a conexão mais acertada em relação à profissionalização
do Serviço Social e o surgimento das primeiras instituições sociais e assistenciais?
A alternativa"A " está correta.
 
A incorporação do Serviço Social como profissão no âmbito das primeiras instituições sociais e
assistenciais já existentes não aconteceu imediatamente, em função da pesada burocracia e
hierarquia já constituída no interior desses organismos.
2. Quais os fatores preponderantes para consolidação do Serviço Social nos primórdios
da profissão?
A alternativa "C " está correta.
 
A abertura do mercado de trabalho e o estabelecimento de relação de assalariamento foram
fundamentais para profissionalização do Serviço Social. Contudo, tanto em relação à prática
quanto em relação à formação profissional, segue ainda profundamente influenciada pela Igreja
Católica, pela iniciativa privada e pelos setores dominantes da sociedade.
MÓDULO 3
 Compreender o desenvolvimentismo no Brasil e a expansão do Serviço Social entre
1945 e 1961
CONTEXTUALIZANDO O
DESENVOLVIMENTISMO NO BRASIL
O desenvolvimentismo ocorre principalmente no governo de Juscelino Kubitschek (1956-
1961) a partir de um plano de metas, que basicamente visava o desenvolvimento do país a fim
de atrair indústrias estrangeiras para auxiliar na questão econômica, na geração de empregos
e no aumento da qualidade de vida, embora este último intento não tenha ocorrido como
planejado. Aliado ao discurso desenvolvimentista, havia um forte discurso nacionalista,
herdado do populismo da Era Vargas.
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Foto: Governo do Brasil / Wikimedia Commons / Domínio Público; Shutterstock.com
 Foto oficial de Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil entre 1956 e 1961.
JUSCELINO KUBITSCHEK
“Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em Diamantina (MG) no dia 12 de setembro de
1902 [...]. Em 1950, Getúlio Vargas elegeu-se presidente da República e Juscelino
Kubitschek conquistou o governo mineiro. Em 31 de janeiro de 1951, ambos tomaram
posse nos cargos para os quais haviam sido eleitos. [Assumiu] a presidência da
República em 31 de janeiro de 1956 [...], e, em 21 de abril de 1960, Kubitschek declarou
inaugurada a nova capital, Brasília. [...] Em 31 de janeiro de 1961, Kubitschek transmitiu o
poder a Jânio Quadros. [...] Em 22 de agosto de 1976, faleceu, vítima de desastre sofrido
na via Dutra, nas proximidades de Resende, RJ” (FGV, 2001).
Em linhas gerais, a ideologia desenvolvimentista se define pela busca da expansão econômica,
no sentido de prosperidade, riqueza, grandeza material e soberania nacional, com a adoção de
uma política econômica que elimine, como consequência, o pauperismo, a miséria, elevando o
nível de vida da população como consequência direta do crescimento econômico. Tal expansão
econômica prometida visava à expansão do próprio sistema capitalista global e, para tanto,
deveria cuidar também da manutenção da ordem social vigente, compreendendo a paz social e
manutenção da ordem como ausência de questionamentos ao sistema (perfeita integração,
não questionada).
A tônica embasada nas questões econômicas para todas as leituras e respostas sobre a
realidade social figura como fator preponderante para que a ideologia desenvolvimentista
tardasse a se aproximar do Serviço Social.
MARCOS PROFISSIONAIS EM BUSCA DE
ATUALIZAÇÃO
 
Foto: Shutterstock.com
O cenário político e econômico nacional desenhado pelo desenvolvimentismo empreende
mudanças também no interior do Serviço Social.
A implantação da profissão, o desenvolvimento e sua legitimação são centrados na demanda
social. Considerando a quase inexistência de uma demanda a partir dos setores da população,
a prática dos assistentes sociais é marcada pelo caráter de imposição, advinda do Estado e
das classes dominantes, para reprodução da força de trabalho.
Com o passar dos anos, a secularização (compreendida como passagem do domínio religioso
para o domínio leigo), e a base de recrutamento da profissão abarcando setores das camadas
subalternas, houve a ultrapassagem do bloco católico, embora a profissão siga marcada por
essa importante influência; além disso, tem a constante necessidade de reafirmar seu status
como profissão e legitimar-se perante a população usuária e perante seus empregadores. Tais
necessidades convergem para a realização de grandes encontros e seminários profissionais,
como resposta da categoria, a fim de construir suas estratégias profissionais em bloco para
aquele momento.
Emerge a necessidade de autojustificação profissional nas esferas de definição de suas
funções específicas e a realização e participação nos congressos profissionais também serve
para esse fim, visto que tais reuniões contavam com a participação de delegados do meio
profissional, das escolas especializadas, das entidades assistências públicas e privadas, do
Estado e da intelectualidade a serviço das classes dominantes e da Igreja e do empresariado.
Assim, ocorria a atualização da profissão e do seu objeto, métodos e técnicas em relação aos
principais problemas sociais daquela conjuntura, no período entre 1941 e 1961, conforme o
quadro:
I CONGRESSO INTERAMERICANO DE SERVIÇO SOCIAL – ATLANTIC
CITY (EUA) – 1941
Marca uma nova hegemonia internacional, afirmando a influência norte-americana no Serviço
Social latino-americano.
I CONGRESSO PAN-AMERICANO DE SERVIÇO SOCIAL – CHILE – 1945
Caráter de oficialidade e presença de diversas delegações. Continuidade também em relação
ao I Congresso Interamericano de Serviço Social.
I CONGRESSO BRASILEIRO DE SERVIÇO SOCIAL – SÃO PAULO – 1947
Promovido pelo CEAS. Foi o primeiro grande encontro da profissão e teve caráter preparatório
para o II Congresso Pan-americano de Serviço Social.
II CONGRESSO PAN-AMERICANO DE SERVIÇO SOCIAL – RIO DE
JANEIRO – 1949
Diferente dos encontros nacionais, passa a ter um tema específico, no lugar de uma
multiplicidade de temas relativos às expressões das questões sociais.
II CONGRESSO BRASILEIRO DE SERVIÇO SOCIAL – RIO DE JANEIRO –
1961
Intervalo de 14 anos em relação ao I Congresso, ocorrido em conjuntura bastante diferente,
decorrente de mais de uma década de desenvolvimentismo. Apresentou caráter preparatório
para a XI Conferência Internacional de Serviço Social, em Petrópolis (1962).
Fonte: Isabel Cristina Silva Marques Paltrinieri.
A cada congresso, eram estabelecidas tônicas ou temáticas e prevalências de posições
políticas e ideológicas, relacionadas à conjuntura nacional, às instituições e às relações sociais
de modo mais abrangente.
Com relação ao estabelecimento de temáticas, observa-se que, no I Congresso Brasileiro de
Serviço Social, havia ausência de uma temática central, expressando que o meio profissional,
ainda bastante restrito, voltava suas preocupações para frentes diversas e pulverizadas.
Tal cenário se explica como reflexo da situação social do Brasil, considerando a expansão do
aparato assistencial desenvolvido pelo Estado Novo e pelas corporações empresariais. A
expansão em questão decorre da necessidade de absorver as pressões desencadeadas pelos
novos setores urbanos, que atingem níveis de crescimento acelerado, por causa do avanço da
industrialização e urbanização nacional.
Com esse registro de crescimento econômico, crescem também as sequelas mais severas,
decorrentes da exploração do modo de produção capitalista sobre o proletariado urbano.
É com esse arcabouço assistencial autoritário e paternalista que o Serviço Social consolida
suas experiências mais representativas, lembrando que tal herança decorre de anos de
ditadura, administrados pelo empresariado e pelo Estado.
Nos congressos seguintes, embora pouco se registrem inovações, são definidas novas
qualidades para os assistentes sociais (voltadas ao equilíbrio psíquico e afetivo), a fim de
eliminar conflitos e não os criar, fixando seu caráter de utilizador de bases científicas.
 
Foto: Shutterstock.com
Além disso, afirma-se o caráter fundamental do Serviço Social com relação aos casos
individuais, integridade da vida familiar e entrevista como principal instrumento de trabalho.
Registra-se também a maior solicitação paraos métodos de grupo e comunidade, além da
preparação do Serviço Social para atuação no meio rural.
Tais ações eram facilitadas pela incidência do Estado sobre a profissão, já que o Estado
figurava como principal empregador dos assistentes sociais. Note que havia uma estratégia de
acumulação de forças e manutenção de posições pela Igreja Católica, uma vez que os
intelectuais e burocratas que participavam destes encontros tinham uma ligação direta com o
movimento católico ou com grupos católicos de extrema direita.
IDEOLOGIA DESENVOLVIMENTISTA E
EXPANSÃO PROFISSIONAL
A década de 1960 representa um marco importante na expansão do Serviço Social. As
transformações profissionais registradas têm como pano de fundo o desenvolvimentismo no
cenário nacional, fato que influencia diretamente os caminhos da profissão.
No decorrer desses anos, a profissão sofrerá acentuadas transformações, apreendidas como
modernização. Esse processo de modernização atinge os agentes profissionais, o corpo
teórico da profissão, os métodos e as técnicas, e a ampliação das funções exercidas pelos
assistentes sociais.
 
Imagem: Maria Silva 14 / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Logo do Serviço Social
Assim, se na década de 1940 e metade da década de 1950, a economia nacional apresenta
taxas de crescimento positivas, em grande parte decorrentes da melhoria das relações de
intercâmbio internacionais, aliadas a medidas econômicas que visavam o aprofundamento da
industrialização, nos anos seguintes, há uma mudança de cenário.
Essa equação começa a deixar de funcionar a partir de 1955, com a reversão dessas
tendências positivas, marcadas pela deterioração das relações de troca, pelo esgotamento das
reservas em moeda forte e aumento da dívida externa.
Desse modo, ocorrem lutas no sentido de viabilizar estratégias favoráveis à expansão
econômica, sem abandono dos marcos do capitalismo dependente da economia internacional,
o que fundamenta a ideologia desenvolvimentista no Brasil.
A estratégia que associa a política de massas getulista à abertura para internacionalização da
economia brasileira, serve como suporte ideal para a eleição de JK como presidente da
República e estabelece o desenvolvimentismo como ideologia dominante.
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Basicamente, trata-se da proposta de crescimento acelerado, continuado e autossustentado da
economia nacional, com a necessidade de superação do estágio de subdesenvolvimento e
atraso. A meta da ideologia desenvolvimentista é atingir a prosperidade, a grandeza material
da nação, a soberania nacional, mantendo a paz e a ordem social; para isso, resgatando a
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riqueza nacional já existente, que se encontrava adormecida. Tal resgate ocorrerá pela
ideologia em questão, com o uso de planejamento e estratégias políticas econômicas
adequadas e com o trabalho constante.
Ao estabelecermos um olhar mais apurado para a relação entre o desenvolvimentismo e o
Serviço Social, percebemos que até o final da década de 1950 a profissão ficará alheia à
ideologia desenvolvimentista.
Embora seja a ideologia dominante no país, o desenvolvimentismo do governo JK subordina a
resolução de todos os problemas ao da expansão econômica, trazendo problemas à
incorporação dessa ideologia pelo Serviço Social:
1
O social aparece em diversos campos nos quais se subdivide, como variável dependente.
2
Todas as políticas sociais têm por eixo a potencialização do desenvolvimento econômico.
3
A perspectiva de integração das massas marginalizadas através das políticas sociais é
marcada pelos esforços da política econômica, restringindo o espaço de atuação profissional
para um reforço da ação assistencial (caráter restritivo, contrário ao da ampliação vislumbrada
pela profissão).
Assim, os assistentes sociais viviam um período no qual consolidavam importantes posições e
campos de atuação no interior do equipamento social e assistencial, e não se sentiam
impelidos a reciclar-se e adequar-se àquela ideologia dominante (sem contar com o choque
entre o apelo à participação da massa trabalhadora – herança da política de massas do
getulismo e a tendência conservadora do Serviço Social, apoiada pela posição da Igreja
naquele momento). As únicas áreas que expressavam essa preocupação no meio profissional
eram as ligadas ao método de Desenvolvimento de Comunidade (DC) e Desenvolvimento e
Organização de Comunidade (DOC).
Embora o Serviço Social se mantivesse relativamente alheio ao desenvolvimentismo,
beneficiava-se dele pelas questões da expansão econômica e das novas pressões pela
ampliação de seu consumo, desencadeadas pelas classes subordinadas, bem como pela
absorção e pelo aprofundamento de novas experiências, que contribuíram para a
institucionalização da profissão, pela via do mercado de trabalho.
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DESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADE (DC)
Em linhas gerais, o DC se baseia em técnicas de desenvolvimento das comunidades e
persegue a modernização da agricultura brasileira, tendo por estratégia a educação de
adultos, buscando a solidificação como nova opção de política social para atuar nos
meios sociais marginalizados pelo desenvolvimento econômico.
No plano do ensino, a influência norte-americana é aprofundada, voltando o foco da atuação do
Serviço Social para o tratamento dos desajustamentos psicossociais, nas linhas da Psicologia
e Psiquiatria.
 
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O Serviço Social de Grupo, até a década de 1950, vinha sendo utilizado de forma tradicional
(recreação e educação), e, a partir de então, começa a fazer parte dos programas nacionais do
SESI, LBA, SESC, em diversos campos, como hospitais, favelas e escolas.
Na década de 1960, há uma generalização de abordagem que relaciona estudos psicossociais
do participante com os problemas da estrutura social e utilização de técnicas de dinâmica de
grupo.
As iniciativas vinculadas ao Desenvolvimento de Comunidade apresentam franco
desenvolvimento nesse período, registrando-se o surgimento de uma série de organismos e a
realização de seminários importantes, inspirados na experiência norte-americana.
A descoberta do desenvolvimentismo pelo Serviço Social tem, no II Congresso Brasileiro de
Serviço Social, um marco significativo. Após 14 anos da realização do I Congresso e mais de
uma década de desenvolvimentismo, com a vitória de Jânio Quadros em 1961, descortinava-se
para o Serviço Social uma possibilidade de recomeço no sentido de atualização profissional.
A mudança em questão se baseia na preocupação central do projeto desenvolvimentista
janista, focado na formação de uma nação forte, com um povo forte e uma economia
globalmente forte, com uma atenção especial voltada ao social, cuja meta prioritária é o
homem e não o crescimento econômico em si.
PROJETO DESENVOLVIMENTISTA JANISTA
A ideologia desenvolvimentista da era janista tinha como fundamento a diminuição da
pobreza para que a democracia se fizesse no plano econômico e a nação pudesse
constituir um todo harmônico e equilibrado, a fim de que fosse atingido um
desenvolvimento nacional integral e equilibrado. A política janista previa também uma
Reforma Institucional, atingindo as instituições legais, e o regime de propriedade privada,
abrangendo aquelas cujo subaproveitamento produtivo fossem responsáveis pela
marginalização social, econômica e política de amplas parcelas da população, servido
como justificativa para as desapropriações engendradas pelo Estado, com o argumento
do interesse social.
Essa nuance atualizada exibe a crítica ao modelo de crescimento econômico proposto no
governo anterior, visto que marginalizava ainda mais os setores sociais atingidos pela pobreza,
aumentando as disparidades entre renda, nível de vida e questões regionais.
Neste contexto, o II Congresso Brasileiro de Serviço Social aparece como um exemplo
bastante claro de uma estratégia de atualização em relação às ideias que agitam os setores
dominantes, bem como às demandas colocadas ao Serviço Social. A vitória dopopulismo de
direita, em aliança com forças mais conservadoras da sociedade, contribui para que o Serviço
Social procure sintonizar seu discurso e método com as preocupações das classes dominantes
e do Estado em relação à evolução da questão social.
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Nas discussões do II Congresso, são apontadas questões relacionadas às novas concepções
político-sociais e as responsabilidades do Serviço Social diante do processo de
industrialização, que, para melhor desempenho por parte do meio profissional, resultam em
preparos centrados na formação profissional para assumir tais responsabilidades.
Contudo, perdura a perspectiva profissional de modernização, ou seja, modificam-se estilos de
atuação profissional, mas fundamentalmente sem alterações estruturais significativas, seguindo
a facilitação do movimento do capital e a permanência das relações sociais capitalistas.
Observa-se a adesão ao desenvolvimento de métodos considerados adequados, adotam-se
novos ideólogos, são celebradas novas perspectivas para atuação sobre a questão social, o
discurso profissional é alterado com a integração de uma série de novas categorias como
demonstração de sua nova racionalidade (uso de produtividade, programação de atividades,
racionalização de recursos etc.), mas tais transformações acabam ficando na superfície da
estrutura profissional do Serviço Social, mantendo-se, entre outras heranças, a população
cliente como objeto de atuação profissional e nunca como sujeito dessa relação.
O período desenvolvimentista chega ao seu ocaso com a crise do “milagre econômico”,
fazendo com que parcelas da categoria passem a questionar o conteúdo de sua prática. Os
setores médios da sociedade são levados a se organizar na defesa de seus interesses
corporativos, estimulando o reaparecimento dos movimentos sociais reivindicatórios, inclusive
com apoio de setores da Igreja, que se posicionam a favor dos oprimidos.
Todo esse conjunto de fatores e contradições sociais faz com que a categoria profissional se
ocupe, posteriormente, em aprofundar o questionamento da prática profissional, espaço que
será permeado por vertentes mais tradicionalistas, outras modernizadoras e reformistas e
outras mais críticas, questionadoras, apontando no sentido futuro do Movimento de
Reconceituação Profissional.
Nesse sentido, podemos falar (NETTO, 1996) em uma erosão do Serviço Social “tradicional” no
Brasil, que ajuda a entender as etapas seguintes do desenvolvimento da profissão no país.
Portanto, destacam-se cinco fatores relacionados entre si que contribuíram significativamente
para o processo de erosão das formas tradicionais da profissão:
FATOR 1
FATOR 2
FATOR 3
FATOR 4
FATOR 5
FATOR 1
O amadurecimento dos setores do Serviço Social, ocorrido na troca com outros agentes, como
equipes multiprofissionais, usuários, movimentos e grupos sociais organizados e agentes do
aparelho estatal.
FATOR 2
A desvinculação do Serviço Social de grupos da Igreja Católica mais conservadores.
FATOR 3
O surgimento de segmentos católicos considerados mais progressistas e de uma ala de
esquerda católica, com militância política ativa.
FATOR 4
A organização do movimento estudantil em Serviço Social no interior das escolas de Serviço
Social, bem como sua interface direta com a Juventude Universitária Católica (JUC).
FATOR 5
O referencial centrado nas ciências sociais da época (pelo menos em sua maioria), fortemente
marcado por dimensões críticas e nacional-populares.
Todos esses fatores influenciaram o passo seguinte do trajeto do Serviço Social, voltado para o
Desenvolvimento de Comunidades, em suas três vertentes, marcadas pelas seguintes
características:
 
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Utilização metodológica de Desenvolvimento de Comunidade, mantendo procedimentos,
representações e lógicas tradicionais.
 
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Compreensão do Desenvolvimento de Comunidade em uma lógica macrossocietária,
considerando mudanças na estrutura social e econômica da sociedade, mas sempre no modo
de produção capitalista.
 
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Concepção do Desenvolvimento de Comunidade passando necessariamente pela
transformação social de modo profundo, condicionado à libertação social das classes e
camadas subalternas.
Desse modo, o período histórico seguinte, do golpe militar, afetará severamente o processo
democrático no país e, consequentemente, a profissão, indicando novos caminhos e outras
perspectivas de resistência e lutas sociais, no sentido da redemocratização nacional e de
reconceituação profissional, pelo menos no que se refere a uma intenção de ruptura com as
antigas formas profissionais no Serviço Social.
Agora, vamos entender um pouco mais como os governos de Juscelino Kubitschek e de Jânio
Quadros influenciaram o Serviço Social no Brasil.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL ALTERNATIVA REPRESENTA O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DO
DESENVOLVIMENTISMO NO PAÍS, ESPECIALMENTE DURANTE SUA
FASE NO GOVERNO JK?
A) Necessidade de investimento no meio rural.
B) Manutenção das políticas econômicas nos mesmos moldes do governo antecessor.
C) Adoção de política econômica, baseada no capital estrangeiro, que promova o amplo
desenvolvimento do país pela via da industrialização.
D) Resolução de todos os problemas sociais e de subdesenvolvimento no país pela via da
adoção de políticas sociais fortes.
E) Negação do atraso e do subdesenvolvimento, estabelecendo o nacionalismo sem críticas.
2. COMO O DESENVOLVIMENTISMO COLABOROU PARA A EXPANSÃO
DO SERVIÇO SOCIAL PROFISSIONALIZADO?
A) Com o processo de modernização profissional, movimentado pela categoria, que buscou a
ampliação das funções exercidas pelos assistentes sociais para além das demandas
tradicionais de atendimentos.
B) Com a reafirmação acrítica do laicato e de grupos católicos de extrema direita, confirmando
as alianças profissionais já estabelecidas.
C) Com a restrição do investimento na formação profissional.
D) Com a negação da validade de métodos e técnicas de atuação profissional, como, por
exemplo, o Desenvolvimento de Comunidade.
E) Com a independência em relação ao capital estrangeiro.
GABARITO
1. Qual alternativa representa o princípio fundamental do desenvolvimentismo no país,
especialmente durante sua fase no governo JK?
A alternativa "C " está correta.
 
No desenvolvimentismo, havia uma centralidade na política econômica e no capital estrangeiro,
como solução única e “mágica” para expansão da riqueza nacional (já existente, porém
adormecida) e consequente erradicação das desigualdades e superação natural da condição
de subdesenvolvimento.
2. Como o desenvolvimentismo colaborou para a expansão do Serviço Social
profissionalizado?
A alternativa "A " está correta.
 
Um dos grandes avanços profissionais no sentido da expansão profissional do Serviço Social é
devido ao seu aumento de status profissional, em grande parte relacionado às funções de
planejamento e coordenação, além das demandas tradicionais.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao encerrar nosso estudo, é importante que você perceba que o objetivo principal deste tema
foi apresentar o contexto histórico em que ocorreu o processo de consolidação da profissão do
assistente social no país.
Muitos pontos de vistas poderiam ter sido abordados, mas privilegiou-se aqueles sob nomes de
expressão no âmbito do Serviço Social no Brasil e que se dedicaram a produzir conhecimento
na área.
É exatamente a partir dessas abordagens que podemos afirmar a relevância do que aqui foi
apresentado. Afinal, sabemos que conhecer o passado é uma forma de melhor compreender o
presente, além de possibilitar a reflexão sobre os melhores caminhos para o futuro.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
COSTA, A. A seguridade social no Plano Beveridge: história e fundamentos que a
conformam. 2019. 162 f. Dissertação (Mestrado em Política Social) – Universidade de Brasília,
Brasília, 2019.
DICIONÁRIO HISTÓRICO Biográfico Brasileiro pós-1930. 2. ed. Getúlio Vargas.Rio de
Janeiro: FGV, 2001. Consultado em meio eletrônico em: 18 fev. 2021.
DICIONÁRIO HISTÓRICO Biográfico Brasileiro pós-1930. 2. ed. Juscelino Kubitschek. Rio de
Janeiro: FGV, 2001. Consultado em meio eletrônico em: 18 fev. 2021.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de
uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo: Cortez, 1982.
LEÃO XIII. Rerum novarum. Encíclica. Cidade do Vaticano, 1891.
NETTO, J. P. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 3.
ed. São Paulo: Cortez, 1996. p. 115-141.
PIO XI. Quadragesimo anno. Encíclica. Cidade do Vaticano, 1931.
SILVA, C. Igreja católica, assistência social e caridade: aproximações e divergências.
Revista Sociologias, Porto Alegre, ano 8, n. 15, jan/jun 2006, p. 326-351.
YAZBEK, M. O significado sócio-histórico da profissão. In: CFESS/ABEPSS (org.). Serviço
Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
EXPLORE+
Assista ao vídeo Serviço Social no Brasil - 80 anos de história, ousadia e lutas, da Editora
Cortez sobre os 80 anos da profissão. Além da história do Serviço Social no Brasil, é
possível aos discentes ver os rostos de importantes autoras e autores que até então eram
conhecidos somente por seus nomes.
O vídeo Especial apresenta história da Assistência Social no Brasil conta a história da
Assistência Social no Brasil, elaborado pelo Ministério de Desenvolvimento Social em
2010. É muito didático e contém falas de nomes de expressão no Serviço Social.
Possibilita uma boa compreensão da trajetória histórica da Assistência Social no país.
Leia dois artigos sobre a relação entre a caridade e a assistência social (especialmente
diante das pessoas mais necessitadas economicamente), que merecem destaque, por
fugirem do lugar comum:
Quanto mais liberdade econômica, mais solidariedade e caridade – na teoria e na
prática, de André Pereira Gonçalves.
A atual maneira como ajudamos as pessoas não ajuda as pessoas, de Dominic
Frisby.
CONTEUDISTA
Isabel Cristina Silva Marques Paltrinieri
 CURRÍCULO LATTES
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