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Fundamentos Histórico e Teóricos-Metodológicos do Serviço Social I

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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS-
METODOLÓGICOS E SERVIÇO SOCIAL I 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Bruna Luiza Mendes Leite 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Guilherme Prado Salles 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 Taisser Gustavo de Soares Duarte 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem 
Autorização escrita do Editor. 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
http://www.faculdadeunica.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. 
Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um 
com uma função específica, mostradas a seguir: 
 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos científi-
co (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou 
links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e 
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo 
abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes nas quais você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de 
determinados termos/palavras mostradas ao longo do 
livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões 
citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, 
seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
EXPANSÃO DO CAPITALISMO MONOPOLISTA E O SERVIÇO SOCIAL ... 8 
1.1 O CAPITALISMO MONOPOLISTA......................................................................... 8 
1.2 A EXPANSÃO DOS SERVIÇOS SOCIAIS ............................................................ 12 
1.3 A FUNÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CAPITALISMO MONOPOLISTA ........... 15 
FIXANDO O CONTEUDO .................................................................................... 21 
 
A INFLUÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL EUROPEU E NORTEAMERICANO NA 
CONSTITUIÇÃO DA PROFISSÃO NO BRASIL ........................................... 24 
2.1 A INFLUÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL EUROPEU E NORTEAMERICANO NA 
CONSTITUIÇÃO DA PROFISSÃO NO BRASIL. .................................................... 24 
2.2 AS TÉCNICAS NORTE AMERICANAS E EUROPEIAS ADOTADAS NA PRÁTICA 
PROFISSIONAL NO BRASIL ................................................................................. 27 
2.3 O DESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADE E O DESENVOLVIMENTISMO ........ 33 
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 40 
AS FORMAS DE EXPRESSÃO E ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO SOCIAL 
NA AMÉRICA LATINA, PARTICULARMENTE NO BRASIL ......................... 43 
3.1 A QUESTÃO SOCIAL NAS DÉCADAS DE 20 E 30 E A ORGANIZAÇÃO DOS 
TRABALHADORES ............................................................................................... 43 
3.2 PARTICULARIDADES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL E AS LEIS SOCIAIS .... 46 
3.3 RESPOSTAS DO ESTADO E DA IGREJA NO ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO 
SOCIAL NO BRASIL ............................................................................................ 53 
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 61 
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DO 
CAPITALISMO TARDIO ATÉ A SEGUNDA GUERRA .................................. 65 
4.1 O DESENVOLVIMENTO DAS GRANDES INSTITUIÇÕES SOCIAIS, A 
INSTITUCIONALIZAÇÃO E A PROFISSIONALIZAÇÃO DA PRÁTICA 
PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS. ...................................................... 65 
4.2 O PACTO FORDISTA E A TESE KEYNESIANA ...................................................... 71 
4.3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL NA EUROPA E A CIDADANIA REGULADA 
PELO TRABALHO NO BRASIL .............................................................................. 74 
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................ 6180 
ANÁLISE CRÍTICA DAS INFLUÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS ...... 83 
5.1 O PROCESSO DE RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL E AMÉRICA 
LATINA ................................................................................................................ 83 
5.2 CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO E AS DIREÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS 
QUE A RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ASSUMIU NO BRASIL: 
PERSPECTIVA MODERNIZADORA, REATUALIZAÇÃO DO CONSERVADORISMO 
E INTENÇÃO DE RUPTURA .................................................................................. 87 
5.3 AS CONQUISTAS, LIMITES E REPERCUSSÕES DO MOVIMENTO DE 
RECONCEITUAÇÃO NA ATUALIDADE ............................................................... 92 
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................. 101 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
UNIDADE 
02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
AS FORMAS DE INTERVENÇÃO CONSTRUÍDAS PELA PROFISSÃO ....... 105 
6.1 A NECESSIDADE DA TEORIA NA INSTRUMENTALIZAÇÃO DA PRÁTICA, A 
PARTIR DA RELAÇÃO DIALÉTICA. .................................................................... 105 
6.2 MEDIAÇÕES ENTRE TEORIA E PRÁTICA PROFISSIONAL PARA APREENSÃO 
CRÍTICA DA REALIDADE ................................................................................... 109 
6.3 OS ESPAÇOS SOCIOOCUPACIONAIS DOS ASSISTENTES SOCIAIS ............... 113 
FIXANDO O CONTEUDO .................................................................................. 120 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 124 
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 125 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
Na unidade 01 trataremos de estudar o alargamento das funções 
do Estado no capitalismo monopolista que facilita a expansão do 
setor de serviços e buscaremos tratar da função do Serviço Social 
nesta fase e sua emergência enquanto profissão. 
Trataremos de analisar nesta unidade, a literatura que traz a 
trajetória histórica da profissão, considerando a relação do Brasil 
coma as experiências norte-americanas e europeias de Serviço 
Social para explicar as técnicas adotadas no Serviço Social 
brasileiro no inicio da sua profissionalização e institucionalização. 
 
 
Na unidade 03 apresentaremos as manifestações da questão 
Social na America Latina e no Brasil, refletindo as disparidades 
econômicas, políticas e culturais, envolvendo a formação de 
classes sociais, assim como apontaremos a organização dos 
trabalhadores na luta pela melhoria das condições de vida e 
trabalho. Trataremos de expor a resposta do Estado e da Igreja 
para controlar a forca de trabalho e enfrentar as manifestaçõesda Questão Social. 
Na unidade 04, veremos o processo de institucionalização do 
Serviço Social no contexto do capitalismo tardio. Fruto deste 
processo ocorre à criação das primeiras instituições sociais que 
marcara a profissionalização dos assistentes sociais. Bem como, 
trataremos de entender o pacto fordista, as condições políticas e 
culturais na fase do capitalismo maduro que propiciou nas políticas 
de Bem Estar social na Europa e a criação de leis sociais em 
demais países. 
 
Na unidade 05 trataremos de expor as motivações para o Serviço 
Social tradicional, as mudanças teóricas metodológicas no interior 
da categoria profissional, acompanhadas pelo contexto 
sociohistórico e o amadurecimento profissional com a construção 
de um referencial teórico próprio. 
Na unidade 06, apontaremos a direção social assumida pela 
profissão nos anos 80 e 90, por meio do conhecimento de matrizes 
e da perspectiva crítica dialética. Entenderemos a necessidade 
das mediações entre teoria e pratica para apreensão critica da 
realidade na busca de qualificação profissional, apontando alguns 
equívocos no que se refere aos referencias profissionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
EXPANSÃO DO CAPITALISMO 
MONOPOLISTA E O SERVIÇO 
SOCIAL 
 
 
 
Trataremos de estudar neste capitulo, o processo de alargamento das 
funções do Estado na fase do capitalismo monopolista e a expansão dos serviços 
sociais. Compreenderemos também a inserção da profissão com base nas 
necessidades do capitalismo monopolista e sua emersão no processo de produção 
e reprodução das relações sociais. 
 
1.1 O CAPITALISMO MONOPOLISTA 
Considera-se que, a reprodução é a continuidade do processo social de 
produção, porém, uma continuidade que não se reduz à mera repetição é uma 
continuidade no decorrer da qual o processo se renova, se cria e recria de modo 
peculiar (IAMAMOTO, 2008). Neste sentido, tal autora identifica que é no bojo deste 
movimento da reprodução das relações sociais que podemos compreender a 
emergência do Serviço Social, que no Brasil se afirma enquanto profissão, vinculado 
ao setor público, diante de uma progressiva ampliação do controle e do âmbito da 
ação do Estado junto à sociedade civil. 
Pensando a atuação do Assistente Social nos aparelhos estatais, Iamamoto 
(2008) afirma que pensar a profissão requer analisar a sua relação institucional, ou 
seja, precisa necessariamente entender a sua vinculação com a organização a 
qual o assistente social está empregado. Dessa forma, a autora compreende que a 
atividade profissional não se encerra em si mesma e seus efeitos sociais não 
derivam, exclusivamente, da atuação do profissional. Portanto, devemos considerar 
que, sendo integrante dos aparatos de poder, como uma das categorias 
profissionais envolvidas na implementação de políticas sociais, seu significado social 
só pode ser compreendido levando em conta essa característica. 
Lessa (1999) influenciado pelas ideias de Lukács contribui para o debate do 
trabalho na medida em que afirma que as relações sociais adquirem sentido na 
ação humana. Dessa forma, o fato de existir homem requer uma relação social, 
UNIDADE 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
seja de gênero, técnica e de geração. Sendo assim, podemos afirmar que os 
processos de natureza social possuem características da sociabilidade humana. 
Nesse sentido, pensar o trabalho como atividade social é relacionar com a 
atividade teleológica do ser social, na produção e reprodução social a partir das 
objetivações primárias (é o ato do trabalho na relação de produção material) e 
objetivações secundárias (é o ato da transformação a partir do trabalho humano). 
 
 
 
 
 
Essa dimensão social do trabalho do Assistente Social, compreendendo-o na 
dinâmica do modo de produção capitalista emerge das necessidades sociais e 
está organizada a partir das relações sociais estabelecidas entre as pessoas. 
Nesse sentido, Netto (1992) o Estado no capitalismo monopolista assume a 
função essencial da política social que se expressa nos mecanismos de controle e 
preservação da força de trabalho ocupada mediante as legislações trabalhistas, 
políticas educacionais da massa trabalhadora, recursos humanos e/ou 
desempregada assistida pelos seguros sociais. Nesta mesma linha, Iamamoto (2008) 
coloca que o Estado vê-se obrigado, pelo poder de pressão das classes subalternas, 
a incorporar, alguns de seus interesses, desde que não afetam a classe capitalista 
como um todo, dentro de um pacto de dominação. 
https://bit.ly/3cinNHt
https://bit.ly/3gplp35
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
Dessa forma, para os autores, o capitalismo monopolista promove uma 
contradição elementar entre a socialização da produção e a apropriação privada, 
a internacionalizada produção e grupos de monopólios controlam sem considerar a 
soberania dos povos e do Estado. Conforme identifica Mandel (1987), temos nesta 
fase, a expansão do setor terciário que absorveu a demanda por serviços que 
anteriormente estavam na esfera privada da vida social. Além disso, políticas 
setoriais com investimento em maior escala como reformas urbanas; habitação, 
obras viárias, saneamento básico, reduzem, portanto, as dificuldades de 
valorização advindas da supercapitalização. 
Segundo Netto (1992), no estágio monopolista, as funções políticas do Estado 
relacionam-se com as funções econômicas, na forma de gerir a máquina estatal, 
por isso, a ideia central do Estado é garantir os superlucros. O Estado promove a sua 
inserção como empresário nos setores básicos não rentáveis (energia e matérias-
primas) e assume, portanto, o controle das empresas capitalistas em dificuldades e 
também a entrega das riquezas construídas com fundos públicos, fornecendo 
subsídios imediatos aos monopólios e a garantia explícita de lucro pelo Estado. 
Assume, portanto, uma função estratégia investindo no desenvolvimento das 
forças produtivas, através de planos e projetos de médio e longo prazos, 
organizando a economia, operando ainda como administrador das crises. Sendo 
assim, o Estado atua como comitê da burguesia, propiciando “[...] um conjunto de 
condições necessárias à acumulação e valorização do capital monopolista[...]”. 
Como, por exemplo, o controle da força de trabalho. (NETTO, 1992, p. 21). 
Dessa maneira, a atuação do Serviço Social, segundo Mandel (1982) se 
vincula a um processo de socialização de procedimentos reconhecidos pelo 
Estado, através da oferta de serviços, como agentes executores das políticas 
públicas. Sendo assim, se coloca como demanda dos projetos de intervenção dos 
profissionais de serviço social, as demandas dos trabalhadores. 
Para Mandel (1982), ao analisar a produção capitalista, entende que não 
devemos circunscrever os estágios do capitalismo entre o passado e presente, 
porque seu sistema mundial é universal e compreende seu desenvolvimento 
desigual e combinado às demais formas de produção. Portanto, o mesmo concluir 
que este sistema parte do processo de análise considerar que na sociedade 
capitalista, pressupõe a manutenção de determinadas organizações produtivas e a 
coexistência desses modos de maneira a elevar a taxa de exploração da mais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
valia, propiciando um aumento da acumulação do capital. 
Mandel (1982) compreende que, com a crescente socialização do trabalho, 
setores como comércio, transporte e serviços em geral se desenvolvem, isso 
acarretará uma especialização e racionalização das atividades, principalmente 
devido à adoção da eletrônica e cibernética no processo produtivo e produção de 
novos produtos. A expansão do crédito e aquisição de bens duráveis no capitalismo 
tardio também possibilitou essa alteração nas relações sociais, como por exemplo, 
podemos perceber esse movimento pela substituição de atividades de profissionais 
liberais pelo desenvolvimento da indústria têxtil, como os alfaiates,tendo em vista 
que seu trabalho foi substituído pelas lojas de departamentos de roupas feitas. 
Para Mandel (1982) este fenômeno da industrialização massiva e crescente 
se caracteriza por um processo de industrialização generalizada universal, marcada 
pela mecanização, a padronização, a superespecialização e a fragmentação do 
trabalho, considerando que essas alterações no processo produtivo, ressignificam o 
cotidiano da vida social. 
O processo de supercapitalização induz a penetração do capital nas esferas 
da circulação, serviços e reprodução da massa de mais valia. O Estado assume 
funções produtivas do capital, como transporte; promove aceleração do tempo de 
rotação do capital produtivo circulante (comércio e crédito); reduz os custos da 
produção via Estado com adoção de infraestrutura e através dos serviços 
individuais que passam a ser consumidos na esfera do mercado privado, como 
exemplo tem o alfaiate e a loja de roupas. A utilização de serviços de energia com 
a eletrificação; construção de trens de passageiros, estradas, usinas hidrelétricas 
para uso de gás e água encanada aquecem o setor de serviços. (MANDEL, 1982). 
O Estado se reestrutura e se organiza financeiramente. O Estado, portanto, 
nessa fase monopolista, assume uma função política, a partir de mecanismos de 
intervenção extraeconômicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
1.2 A EXPANSÃO DOS SERVIÇOS SOCIAIS 
Para Braverman (1987) o rápido crescimento da prestação de serviços tanto 
na esfera privada quando nos setores públicos da economia se deu com a 
conquista completa das atividades industriais, correspondendo à acumulação de 
capitais nelas, e a junção dessas reservas de trabalho e capital no terreno de novas 
industriais; e o inexorável crescimento das necessidades de serviços à medida que a 
nova forma de sociedade destrói as antigas formas de cooperação mútua social, 
comunitária e familiar. 
Com a expansão urbana, a sociedade começou a questionar o feito em 
casa em detrimento do que fora fabricado e comprado. “Assim, a população [...] 
[vai] ao mercado não apenas para adquirir alimento, vestuário e habitação, mas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
também para recreação, divertimento, segurança, assistência aos jovens, velhos, 
doentes e excepcionais” (BRAVERMAN, 1977, p. 235). 
O movimento da sociedade capitalista nesse sentido liga-se, no aspecto 
econômico, ao impulso capitalista de inovar produtos diversos, novos serviços, 
novas indústrias. O excedente produzido primeiro de tudo nas industriais fabris sob a 
forma de concentrações da riqueza é igualado no espaço do trabalho pelo relativo 
declínio da demanda dos trabalhadores naquelas mesmas indústrias à medida que 
elas são mecanizadas. As novas mercadorias surgem igualando as condições de 
vida do morador urbano, e são postas em circulação nas formas ditadas pela 
organização capitalista da sociedade. Como, por exemplo, temos o rádio, televisão 
e o automóvel (BRAVERMAN, 1987). 
Para Braverman (1987) com o desenvolvimento do capitalismo monopolista, 
a socialização do mercado, incentivado pelo processo de conquista dos bens pela 
população e o consequente crescimento do consumo e expansão dos serviços, 
incentiva a produção de mercadorias, fazendo com que acelere o ciclo produtivo. 
Esse processo ocorre, ao passo que o próprio capitalismo inventa novos produtos e 
serviços para se tornarem acessíveis à população, criando novas necessidades 
sociais à vida moderna. 
 
Os próprios serviços sociais que deveriam facilitar a vida social e a 
solidariedade social tem o efeito contrário. À medida que os 
avanços da indústria de utilidades domésticas e de serviços aliviam o 
trabalho da família, aumentam a futilidade da vida familiar; à 
medida que removem os fardos das relações pessoais, esvazia-as de 
sentimentos; á medida que criam uma intricada vida social, assim 
despindo dos vestígios da comunidade e deixam em seu lugar um 
vínculo monetário (BRAVERMAN, 1987, p. 240). 
 
A apropriação de Iamamoto (2008, p. 92) sobre o debate dos serviços situa 
os serviços sociais como “[...] uma parcela de valor criado pelos trabalhadores e 
apropriado pelos capitalistas e pelo Estado, que é devolvido a toda a sociedade 
(em especial, os trabalhadores, que deles mais fazem uso) [...]”, sob forma de 
serviços sociais”, contudo cabe ressaltar que tal autora não se aprofunda no 
debate sobre os serviços. 
Para Netto (1992), o alargamento das funções do Estado no capitalismo 
monopolista facilita a expansão do setor de serviços. Assim, o Estado passa por um 
processo de hierarquização de natureza técnico-burocrático para assegurar as 
novas funções econômicas e sociais. Essa reorganização se dá principalmente no 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
uso do fundo público para investimentos no mercado. O Estado para gerir o 
trabalho excedente e necessário a partir de taxações sobre o trabalho, 
determinando a forma de financiamento das políticas sociais. 
O Estado, portanto, atua no setor estratégico da economia, operando como 
um administrador dos ciclos de crise. O Estado, como comitê da burguesia atua no 
sistema de poder político e nos centros de decisão que ficam autônomas às 
instâncias representativas formalmente legitimadas. Nesse sentido, próprias ao 
capital monopolista são as condições necessárias à acumulação e valorização do 
capital. (NETTO, 1992). 
Tal autor elenca fenômenos que explicam a consolidação do capitalismo e 
expansão do setor de serviços, como: 
 
a) preço das mercadorias (serviços); b) taxa de lucros nos setores 
monopolizados; c) taxa de acumulação maior e tendência de taxa 
média de lucro; d) taxa de lucro determina o investimento nos 
setores de maior concorrência; e) tendência de organização do 
trabalho 'vivo', com introdução de novas tecnologias; f) sobrem os 
custos de venda no sistema de distribuição (NETTO, 1992, p. 32). 
 
 
 
 
Para Netto (1992), o alargamento das funções do Estado no capitalismo 
monopolista facilita a expansão do setor de serviços, sendo assim, o Exército 
Industrial de Reserva (EIR) será um agente importante na importação do setor de 
serviços. O Estado passa por um processo de hierarquização de natureza técnico-
burocrático para assegurar as novas funções econômicas e sociais. Essa 
reorganização se dá principalmente no uso do fundo público para investimentos no 
mercado. O Estado para gerir o trabalho excedente e necessário deve fazer 
taxações sobre o trabalho, determinando a forma de financiamento das políticas 
sociais. 
Do ponto de vista do capital, os serviços sociais são indispensáveis à 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
manutenção da ordem e do controle social da classe dominada. Nesse sentido, os 
serviços sociais são necessários ao capital na participação da socialização de parte 
dos custos da reprodução da força de trabalho com toda a população, a qual os 
assume, indiretamente, via impostos e taxas que lhes são cobradas; na ampliação 
do campo de investimento capitalista, principalmente no que se refere às ações 
filantrópicas, desenvolvidas nos anos 1990 até hoje; garantem elevados níveis de 
produtividade do trabalho já que a força de trabalho empregada quanto à força 
de trabalho que integra o exército industrial de reserva permanece em constante 
disputa e possibilitam que a classe trabalhadora participe do processo produtivo 
através do consumo. Para a classe trabalhadora esse consumo significa a sua 
sobrevivência, já para o Estado e para os capitalistas, significa a sua reprodução. 
 
1.3 A FUNÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CAPITALISMO MONOPOLISTA 
Para pensar a divisão do trabalho em Marx, como totalidade para 
compreendermos a função do Serviço Social na fase monopolista, devemos 
destacar que sua função social é definida conforme o alargamento as funções do 
Estado, conforme afirma Netto (1992). 
Na fase monopolista, grandes empresas se articulam paradefinir preços de 
mercado. Nesse sentido, cresce a tendência de economizar o trabalho vivo, que 
compreende a força de trabalho. O Estado passa por um processo de alargamento 
das suas funções, como a função econômico-social, definindo fundos públicos, 
investimentos para a economia e regulação do mercado e incentivo às indústrias. 
O Estado regula não somente o trabalho excedente, mas também o trabalho 
necessário, estabelecendo limites na taxa de exploração sobre o trabalho (NETTO, 
1992). 
 
 
 
Netto (1992) reforça que essa é a funcionalidade da política social no 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
capitalismo monopolista, o da preservação e controle da força de trabalho. 
 
Através da política social, o Estado burguês no capitalismo 
monopolista procura administrar as expressões da “questão social”, 
de forma a atender às demandas de ordem monopolítica 
conformando, pela adesão que recebe de categorias e setores sujas 
demandas incorporam, sistemas de consensos variáveis, mas 
operandes (NETTO, 1992, p. 30). 
 
Dessa maneira, não podemos perder de vista que o Estado se estrutura para 
garantir a produção do capital, a gestão de suas crises e também para garantir a 
reprodução ampliada da força de trabalho. Nesse sentido, o Estado passa a 
garantir condições institucionais, sociais e legais para regular o capitalismo 
monopolista e assegurar o pleno funcionamento do modo de produção capitalista. 
Para Netto (1992, p. 29) a funcionalidade da política social no âmbito do 
capitalismo monopolista decorre “[...]da capacidade de mobilização, organização 
da classe operária e do conjunto dos trabalhadores[...]”, considerando que o 
Estado, por vezes, atua de maneira estratégica se antecipando às demandas 
sociais a fim de não esgotar a tensão entre “[...]sociedade demandantes/Estado 
burguês no capitalismo monopolista[...]”. Com isso, a formulação das políticas 
sociais depende dos diversos protagonistas, seus interesses e estratégias. 
As tensões que envolvem o público e o privado se confundem com o 
redimensionamento do Estado burguês no capitalismo monopolista no que tange 
ao enfrentamento das manifestações da Questão Social. Para Netto (1992) a 
incorporação do caráter público da Questão Social vem acompanhada de um 
esforço da aparência da natureza privada das suas manifestações individuais. 
Embora haja a implementação de “[...]medidas públicas para enfrentar as 
refrações da 'questão social', a permanência das suas sequelas são deslocadas 
para a responsabilidade dos sujeitos individuais que dela as experimentam[...]” 
(NETTO, 1992, p. 32). 
Sendo assim, a natureza técnica do Serviço Social se dá na atuação desde a 
formulação, à execução das políticas sociais tanto no enfrentamento público 
quanto privado da chamada Questão Social. Dessa maneira, a atuação do 
Assistente Social nos serviços sociais está ligada às estratégias e mecanismos 
desenvolvidos pelo Estado de preservação e controle da força de trabalho (NETTO, 
1992).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
Com isso podemos verificar, o trabalho do Assistente Social é permeado de 
contradições que envolvem o conflito entre o capital e o trabalho. Como afirma 
Iamamoto (2007, p. 100), sua atuação, “[...] não se limita a reproduzir 
monoliticamente necessidades exclusivas do capital, também de respostas às 
necessidades legítimas de sobrevivência da classe trabalhadora[...]”. A autora 
reforça que é, por meio do enfrentamento coletivo, que a classe trabalhadora 
busca o acesso aos recursos sociais, via equipamentos coletivos que constituem os 
direitos sociais do cidadão. 
Dentre algumas características da prática profissional podemos destacar que 
o trabalho do assistente social se vincula “[...] aos organismos estatais, paraestatais 
ou privados, dedica-se ao planejamento, operacionalização e viabilização dos 
serviços sociais à população[...]”. Quanto à demanda profissional, o Assistente 
Social é chamado atuar na “linha de frente” nas relações entre instituição e 
população, entre os serviços prestados e a solicitação desses mesmos serviços pelos 
interessados. Sendo assim, é no cotidiano das classes populares que o Assistente 
Social executa a sua práxis, a partir da reprodução das relações sociais. Dessa 
forma, este trabalho “[...]é expressão de um modo de vida em que não só se 
reproduzem suas bases, mas em que também são gestadas as bases de uma 
prática inovadora. [...]” (IAMAMOTO, 2007, p.100-102). 
Segundo Iamamoto (2007) sua atividade está presente nas diversas esferas 
da vida: na saúde, na educação, lazer, habitação, família etc. Esse contato direto 
com a população permite, ao profissional, romper com um caráter pragmático e 
empirista que marca a atuação profissional, fortalecendo uma visão totalizadora 
desse cotidiano e da maneira que é vivenciado pelos agentes sociais. Esse contato 
com as classes subalternas pode consistir numa relativa autonomia do exercício de 
suas funções institucionais, a partir da relação singular entre o assistente social e o 
usuário. 
Embora a profissão seja considerada como um trabalho improdutivo e não 
desempenhe funções diretamente ligadas à produção de mais-valia, a sua práxis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
participa da tarefa de “[...] implementação das condições necessárias ao processo 
de reprodução no seu conjunto [...]” (IAMAMOTO, 2008, p. 86). 
 
 
 
Iamamoto (2007) trata de analisar que a solicitação do trabalho do Assistente 
Social nas instituições públicas não é levada pelo caráter técnico-especializado das 
suas ações, mas para desenvolver funções de cunho educativo, moralizador e 
disciplinador que, mediante um suporte adminstrativo-burocrático exerce sobre as 
classes trabalhadoras. Dessa forma, o Assistente Social aparece como “[...] 
profissional da coerção e do consenso, tendo em vista sua ação eminentemente 
política [...]” (IAMAMOTO 2007, p. 42). 
Tal autora confirma que tais características da profissão têm sua base no 
significado da atividade assistencial derivadas da sua trajetória histórica e sua 
atualização. Sua demanda pelos canais oficiais do Estado está relacionada, 
portanto, desde seus primórdios, às tensões e mudanças significativas nas oposições 
de classes configuradas na Questão Social. 
Para Netto (1992) a ruptura do Serviço Social com práticas caritativas e 
voluntárias só pode ser explicada pela sua condição de assalariamento que coloca 
o significado da profissão vinculado à reprodução das relações sociais. Esse 
deslocamento de significado, para ele, se deu devido a um espaço determinado 
na divisão social e técnica do trabalho. Esse espaço só se abriu para a 
consolidação da profissão, devido a sua vinculação à dinâmica da ordem 
monopólica. Essa forma de pensar a profissão rompeu com o caráter da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
profissionalização ligada à que se conhecida como evolução da ajuda, à 
racionalização da filantropia e à organização da caridade e cria bases de 
sustentação da profissão, quando o Estado enfrenta a Questão Social por meio das 
políticas sociais. 
Iamamoto (2007) define o Serviço Social, considerando como uma 
especialização do trabalho coletivo, dentro da divisão social e técnica do trabalho. 
Apesar da crise da categoria trabalho entre os pensadores pós-modernos, a 
profissão para a autora reivindica a centralidade do trabalho no debate sobre os 
fundamentos da categoria profissional. Entende-se que “[...]o trabalho produz as 
condições materiais de sobrevivência, da vida material e reproduz o modo de ser 
dos indivíduos.[...]” (IAMAMOTO 2007,p. 83-84). 
A autora salienta que não devemos considerar a prática profissional como 
uma atividade isolada, é preciso que sejam considerados os condicionantes 
internos que correspondem ao aprimoramento instrumental e seu desempenho 
técnico-operativo e os condicionantes externos que inscrevem as circunstâncias 
sociais e históricasno qual se realiza a prática profissional. (IAMAMOTO, 2007) 
Para Iamamoto (2007, p. 100), o Serviço Social como profissão, situa-se no 
“[...] processo de reprodução das relações sociais, fundamentalmente como uma 
atividade auxiliar e subsidiária no exercício do controle social e na difusão da 
ideologia da classe dominante entre a classe trabalhadora.” Isto é, na criação de 
bases para o exercício do poder de classe, intervindo na criação de condições 
favoráveis para a reprodução da força de trabalho. 
 
 
 
Como profissional liberal, o assistente social detém de uma relativa 
autonomia no seu atendimento. No Brasil, o Assistente Social atua por meio da 
elaboração, gestão, execução, avaliação de políticas públicas, pois o Estado, 
através dos serviços sociais o contrata executar programas, projetos e políticas 
sociais, em sua maioria. Essa autonomia vai ser conduzida quanto à dinâmica do 
seu trabalho, outros fatores que compõe o processo de trabalho que o Assistente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
Social participa influenciarão sua autonomia como: as relações de poder 
institucional, os recursos disponíveis para as políticas públicas, as políticas sociais 
específicas, os objetivos e demandas da instituição empregadora, a realidade 
social da população usuária dos serviços prestados, entre outros (IAMAMOTO, 2007). 
Nesse sentido, a autora reconhece que existem variados processos de 
trabalho no qual se insere o trabalho do Serviço Social, sendo assim ele se encontra 
dentro de uma organização do processo de trabalho coletivo mais amplo que só 
tem sentido enquanto compreendido na sua totalidade. 
As múltiplas manifestações da questão social são consideradas como 
matéria do trabalho do Assistente Social e por isso conhecer seu objeto de 
intervenção é fundamental para a ação transformadora do trabalho. Sendo assim, 
a autora reforça a ação investigativa como central para o entendimento das 
determinações sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
FIXANDO O CONTEUDO 
1. No livro “Capitalismo Monopolista e Serviço Social (1992)”, o autor elenca 
fenômenos que explicam a consolidação do capitalismo e expansão do setor de 
serviços, podemos citar um entre eles: 
 
a) Tendência de organização do trabalho vivo, com introdução de novas 
tecnologias. 
b) Redução dos lucros. 
c) Terceirização do trabalho. 
d) Precarização do trabalho. 
e) Setor agroexportador. 
 
2. O trabalho do Serviço Social se insere na organização do processo de trabalho 
coletivo mais amplo que só tem sentido enquanto compreendido na sua: 
 
a) Amplitude. 
b) Dinamicidade. 
c) Totalidade. 
d) Particularidade. 
e) Singularidade. 
 
3. Iamamoto (2007) salienta que não devemos considerar a prática profissional 
como uma atividade isolada, para isso precisamos considerar: 
 
a) Os condicionantes técnicos. 
b) Os condicionantes internos e externos. 
c) Os condicionantes científicos. 
d) A prática profissional. 
e) A política social. 
 
4. O significado profissional, segundo Netto (1992) se deu devido a um espaço 
determinado na divisão social e técnica do trabalho. Esse espaço só se abriu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
para a consolidação da profissão, devido a sua vinculação à dinâmica da 
ordem monopólica e rompeu: 
 
a) Com o Serviço Social crítico. 
b) Com o capitalismo monopolista. 
c) Com a filantropia. 
d) Com as praticas de ajuda. 
e) As primeiras instituições. 
 
5. Segundo Iamamoto (2007), o Serviço Social como profissão, situa-se no processo 
de reprodução das relações sociais, isso cria bases para a: 
 
a) Produção capitalista. 
b) Reprodução da forca de trabalho. 
c) Ampliação do fundo público. 
d) Alargamento das funções do Estado. 
e) Marginalidade social. 
 
6. Para Iamamoto (2007), o assistente social pode ser um profissional da coerção e 
do consenso, tendo em vista sua ação eminentemente política. Isto refere-se a: 
 
a) Ao suporte administrativo e burocrático do Estado. 
b) As ações caritativas da Igreja. 
c) A ação violenta que esta impregnada no trabalho do assistente social 
d) Na sua vinculação com as forcas armadas. 
e) A vinculação institucional. 
 
7. Para Iamamoto (2007), a dimensão investigativa é fundamental à profissão para 
o entendimento das determinações sociais, pois: 
 
a) Vincula-se aos órgãos de pesquisas cientificas. 
b) Necessita conhecer seu objeto de intervenção para ação profissional. 
c) Precisa investigar as condições de vida dos trabalhadores. 
d) Entende a importância do fomento à pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
e) Com a pesquisa, aprimora o instrumental técnico. 
 
8. Os serviços sociais são indispensáveis à manutenção da ordem e do controle 
social da classe dominada. Nesse sentido, a socialização dos custos da 
produção, pode se dar de que forma: 
 
a) Pela implantação de impostos e taxas somente a classe trabalhadora 
b) Ações filantrópicas para todos. 
c) Redução de salário 
d) Expansão das Políticas Sociais 
e) Integração da forca de trabalho pelo consumo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
A INFLUÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL 
EUROPEU E NORTEAMERICANO NA 
CONSTITUIÇÃO DA PROFISSÃO NO 
BRASIL 
 
 
 
Trataremos de estudar as principais referências norte-americanas e franco-
belgas na constituição da profissão no Brasil que marcou o início do Serviço Social 
conservador. Apresentaremos traços da profissão no inicio do século XX, o discurso 
profissional e o tratamento dado às manifestações da Questão Social. 
Descreveremos as principais técnicas conhecidas desenvolvidas no período para 
compreendermos o papel da profissão para a sociedade brasileira, entre as 
décadas de 20 e 50. 
 
2.1 A INFLUÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL EUROPEU E NORTEAMERICANO NA 
CONSTITUIÇÃO DA PROFISSÃO NO BRASIL. 
 
Parafraseando Silva (2002), a influência do modelo franco-belga foi bastante 
marcante na formação dos assistentes sociais nos anos 1930-40, considerando a 
priorização dos valores morais e doutrinários no conteúdo curricular obrigatório da 
categoria profissional. Não é por acaso, que Cardoso (2016) verificou o surgimento 
de disciplinas relacionadas às questões sociais dos trabalhadores na indústria. 
No que se refere a essa formação moral-religiosa, Aguiar (1995) coloca, 
primeiro, que a formação científica foi adotada por meio de disciplinas como 
Sociologia, Psicologia, Biologia e Moral, buscando conhecer o homem e sua 
relação com a vida social, mental e moral, econômica e jurídica, social; segundo, a 
formação técnica: assim o assistente social devia conhecer os desajustamentos dos 
indivíduos e coletivos para ensinar como fazer diante de tais problemas, 
compreendendo técnicas morais e auxiliares, como entrevistas, orientação moral, 
etc.; terceiro, a formação prática é a aprendizagem do “como fazer” a partir das 
visitas realizadas a obras sociais e às famílias necessitadas e já incorporava as 
UNIDADE 
02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
iniciativas de estágio e, quarto, a formação pessoal, cabendo à escola orientar 
integralmente o aluno, a partir de uma formação moral sólida, com orientações 
pedagógicas individual, doutrinária, com círculos de estudos. 
O Serviço Social teve por objeto, neste período histórico, remediar as 
deficiências dos indivíduos e das coletividades, buscando o ajustamento de um 
determinado quadro, sanando as deficiências acidentais, decorrentes de certas 
circunstâncias, e não de um defeito estrutural, como retrata nos estudos de 
Iamamoto e Carvalho (2008). Essa leitura sobre a classe trabalhadora nesta época 
é bem característica da influência católica e das encíclicas papais que se colocam 
em oposição ao comunismo, buscando uma harmonia entre as classes sociais. 
No plano da metodologia e das técnicas, também não se observa por parte 
dos profissionais, um trabalho de teorização e adaptação à realidade brasileira. A 
tônica será a do serviço socialde casos individuais; só muito mais tarde se 
começará a pensar na organização e desenvolvimento de comunidade, e isto 
também a partir de influência externa. Verifica-se a partir do discurso dos 
assistentes sociais, a existência de um projeto teórico de intervenção nos diversos 
aspectos da vida do proletariado, tendo em vista a reordenação do conjunto da 
vida social. Segundo tal autora, a incorporação da força de trabalho feminina e 
infantil, as migrações ocasionadas pela transformação da agricultura, as 
transformações técnicas da produção industrial, tem por consequência a existência 
de um imenso exército industrial de reserva – vivendo em condições sub-humanas – 
e permitindo que o preço da força de trabalho possa ser depreciado de seu valor. 
Neste quadro, a reprodução da força de trabalho ativa – da mesma forma que a 
daqueles, total ou parcialmente ocupados, componentes do exército industrial de 
reserva – só pode realizar-se parcialmente sob a forma valor. Torna-se necessária a 
complementação de sua subsistência. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2008). 
De acordo com os referidos autores, a tarefa principal era recristianizar a 
sociedade em geral e recuperar valores que reforçam sentimentos de solidariedade 
e justiça social para justificar as obras católicas e ações sociais com a população, 
na época. Assim, o perfil exigido do assistente social era caracterizado apenas, pela 
sua integridade e formação moral. Portanto, a ausência de uma base técnica 
também marca a atuação profissional dos assistentes socais nas primeiras turmas 
formadas no Rio e São Paulo, como afirma Iamamoto (2008). 
Na década de 1940, conforme identifica Aguiar (1995), a presença europeia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
marcou a constituição do Serviço Social brasileiro, contudo essa realidade mudará 
neste período com o Serviço Social norte-americano. Esta última presença se dará 
por meio de adoção de técnicas para o agir profissional, fundamentadas no 
pressuposto teórico do funcionalismo. Assim, a filosofia neotomista que já tinha raízes 
na formação do assistente social sofrerá influências por meio do desenvolvimento 
de técnicas norte-americanas na prática do serviço social brasileiro. 
Dessa maneira, Aguiar (1995) mostra que neste momento, não haverá a 
ruptura radical com a Igreja Católica, mas a coexistência das duas posições no 
cenário brasileiro do Serviço Social. O Serviço Social permanece na base dos 
princípios católicos e neotomistas, inclusive via Estados Unidos e ao mesmo tempo 
incorpora técnicas norte-americanas. Essa influência estadunidense marcará a 
Conferência Nacional de Serviço Social que se realizou em Atlantic City, promovida 
pela American Association of Schools Work, em 1941, que oferecerá bolsas de 
estudos aos assistentes sociais sulamericanos para aperfeiçoamento e 
especialização nas escolas Norte-americanas, tal parceria durará até 1957, como 
retrata o autor. 
A relação abaixo indica as primeiras assistentes socais que farão esse 
intercâmbio, como segue o Quadro 01: 
 
Quadro 1: Aproximação Brasil – E.U.A. 
Assistentes Sociais do Rio 
de Janeiro e São Paulo 
Ano de Ingresso 
na ESS 
Universidades ou Instituições 
americanas 
Período 
Maria Josefina Rabello 
Albano (RJ) 1936 
New York School of Social 
Work 
1941-
1943 
Marília Diniz Carneiro (RJ) 
1938 
Fordhan University School of 
Social Service 
1942-
1944 
Nadir Kfouri 
1936 
Universidade de Washington 
National Catholic School of 
Social Service 
1942-
1943 
Balbina Ottoni Vieira (RJ) 1941 National Charities Nova York 1943 
Maria Helena Correia de 
Araujo (RJ) 1942 
National Catholic School of 
Social Service Whashington 
1944-
1946 
Helena Iracy Junqueira 
(SP) 1936 
Universidade de Pittsburg, 
Pensilvânia 
1944-
1945 
Fonte: Aguiar (1995) 
Dessa maneira, essa aproximação EUA-Brasil, se consolidou também a partir 
da disposição de empréstimos norteamericanos ao governo brasileiro para a 
Companhia Siderúrgica Nacional, baseada na política de boa vizinhança em 1942 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
com o governo Roosevelt. Assim, como houve os acordos na área financeira, na 
área cultural também houve, e no que tange ao Serviço Social, Aguiar (1995, p. 60) 
afirma que esses acordos significaram “[...]a mudança na sua prática com a 
importação de técnicas de Serviço Social de Casos de início, depois de Serviço 
Social de Grupo e Comunidade”. 
 
Quando os assistentes sociais foram estudar nas universidades 
americanas, o chamado Serviço Social de casos era o mais 
desenvolvido. O Serviço Social de Caso recebeu, de início, uma 
influência da Sociologia, mas é a Psicologia que fundamentará esse 
método; há preocupação com o indivíduo suas emoções e sua 
personalidade. Isso se fez possível dado o desenvolvimento 
econômico dos Estados Unidos, o que não era e não é o caso do 
Brasil. Mas, como o Serviço Social brasileiro carecia de um aparato 
instrumental, o Serviço Social norte-americano aparece como 
solução. E essa influência virá até nós pelas bolsistas, que foram 
estudar na América do Norte (AGUIAR, 1995, p. 60). 
 
Aguiar (1995) ainda reforça a partir dos estudos de Yasbeck que, a influência 
norte-americana está relacionada neste início, principalmente no que se refere à 
instrumentação do Serviço Social e mostra que, com a passagem da fase franco-
belga para a americana, se apresenta em contrapartida aos conteúdos filosóficos 
e começa a se impor um conteúdo mais técnico e metodológico, representando 
um grande esforço para a racionalização do Serviço Social. 
Dessa maneira, o mesmo coloca que, com a vinda do Serviço Social 
americano para o Serviço Social brasileiro, a perspectiva funcionalista marca até 
hoje o Serviço Social no Brasil, “[...]através da presença das Ciências Sociais com 
Durkheim, Malinovisk, Parsons e Merton.[...]” (AGUIAR, 1995, p. 60). 
 
2.2 AS TÉCNICAS NORTE AMERICANAS E EUROPEIAS ADOTADAS NA 
PRÁTICA PROFISSIONAL NO BRASIL 
Aguiar (1995) afirma que, com o aprofundamento das relações Brasil-EUA no 
que tange ao Serviço Social fica demarcada a importação de técnicas 
norteamericanas, considerando que o Serviço Social necessitava de 
aprimoramento técnico-científico. Não obstante, os postulados cristãos e 
neotomistas, como mostrados anteriormente, não ficarão deslocados da prática 
profissional, presença cristã ainda será marcante nos processos de Caso, Grupo e 
Comunidade (técnicas desenvolvidas pelo Serviço Social até a década de 1960). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
O autor ao analisar o discurso de assistentes sociais na época, confirmou que 
a partir dos depoimentos coletados por ele, havia traduções de “[...] livros, 
referentes aos processos de caso, grupo e comunidade, mas nem sempre eram 
traduções do livro inteiro, mas apenas de capítulos referentes às técnicas [...].” 
(AGUIAR, 1995, p. 61). Dessa forma, o funcionalismo vai sendo empregado na 
prática profissional, aos poucos, à medida que as estudantes vão tendo contato 
com a literatura e desenvolvendo suas práticas profissionais nos campos 
institucionais. 
 
Embora gradativamente, o funcionalismo ganhe corpo, 
constatamos, ao analisar os programas de filosofia de 48,6% das 37 
escolas existentes entre 1936 a 1970, a presença marcante do 
neotomismo até o início da década de 1960. A presença do 
neotomismo até esse período se justifica pelo desenvolvimento que 
ele vai ter, no período de 50, com a influência de Jacques Maritain, 
pela presença da UCISS e pela elaboração do tomismo nos Estados 
Unidos e Canadá, articulando seus pressupostos de Caso, Grupo e 
Comunidade. Para o desenvolvimento do tomismo na America do 
Norte, foi fundamental a presença de Maritain, que viveu longos 
anos nos Estados Unidos. Acreditamos que a influencia funcionalista 
não foi à única herdada dos Estados Unidos – embora possa a ser 
predominante – recebemos também e concomitantementeuma 
influencia neotomista fundamentando as técnicas encontradas pelo 
Serviço Social norte americano (AGUIAR, 1995, p. 61). 
 
Para Aguiar (1995), o Serviço Social de Caso foi o primeiro a ser ensinado no 
Brasil, primeiramente pela corrente sociológica e depois pela psicológica. Sob 
orientação católica, o mesmo afirmou que, em 1956, no Brasil, o Serviço Social de 
Caso era ensinado dentro do espírito cristão. Segundo ensinamentos de São Tomás 
de Aquino, o método do Serviço Social de Casos deve ser concebido dentro de 
uma parte integrante do trabalho social, com a finalidade de proporcionar a 
criatura humana bem-estar e que auxilie na organização da comunidade. 
No que se refere à técnica do Serviço Social de Caso, Gordon (1973) aponta 
que no processo psicossocial, como um dos processos técnicos, o homem é um 
organismo biológico e social. O caso, o problema e o tratamento são sempre 
https://bit.ly/3wXKSXP
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
considerados pelo assistente social como um processo psicossocial. 
 
Um caso social não e determinado pela natureza do cliente (família, 
criança, velho, adolescente) nem pode ser distinguido pela natureza 
do problema (incapacidade econômica ou problema de 
comportamento). Um caso social e um fato humano, no qual 
sempre existem fatores econômicos, físicos, mentais, emocionais e 
sociais, que atuam em maior ou menor intensidade. Um caso social 
e composto de fatores internos e externos ou ambientais. Não se lida 
com pessoas ou com o ambiente, no sentido material do termo, mas 
trata-se dos indivíduos em relação não somente com suas 
experiências sociais, mas também com os sentimentos em relação 
às mesmas. [...] O problema é geralmente interpessoal, além de 
social (GORDON, 1973, p. 19). 
 
O Serviço Social atuava no esclarecimento do problema, fazendo com que 
o cliente possa agir em relação ao mesmo. Dessa forma, Gordon (1973, p. 19) 
coloca que a Antropologia e Psiquiatria contribuíram neste método, pois 
“[...]auxiliarão o assistente social fazer um bom ajustamento do indivíduo, que 
geralmente estava em situação de angustia, miséria e incapaz nas suas relações 
pessoais”. Dessa forma, a visão profissional é que o indivíduo precisa ser aceito 
socialmente e para isso, precisa desenvolver um bom comportamento no seu 
ambiente que esteja inclinado à desorientação. Portanto, o Serviço Social 
estimulava e incentivava os indivíduos a tomarem decisões coletivas, favorecendo 
sua participação ativa na comunidade que o integra. 
Com essa mudança do Serviço Social, a profissionalização não estava 
ligada apenas às atividades de caridade, mas estavam nos hospitais, orfanatos, na 
assistência aos incapacitados, nas organizações para aperfeiçoamento moral, 
assim, não prestava apenas o auxílio material, como indica Gordon (1973), isso fica 
bem demarcado pelo lugar que o profissional ocupa neste período. A produção 
baixa na indústria, as dificuldades de convivência com os companheiros do 
trabalho, o abandono de crianças, a delinquência são problemas que os 
assistentes sociais trataram com a ajuda mútua, a reabilitação e a recuperação. 
Tratamentos estes dados com o Serviço Social de Casos. 
A ação social também era prática do assistente social, seja por iniciativa 
individual ou grupo de voluntários, com vistas melhorar as condições de habitação, 
reformar o sistema penal, melhorar as instituições e métodos de administração da 
assistência. Sejam em campanhas de previdência social, como no amparo a 
maternidade e infância, auxílio à velhice, a cegueira, difusão de assistência 
médica e harmonia das relações entre empregadores e empregados, nos diversos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
campos, na assistência médica, trabalho, indústria, assistência pública, recreação, 
educação social, prevenção de delinquência e assimilação das diferentes 
culturas, como indica Gordon (1973). Dessa forma, os assistentes sociais tratam tais 
problemas de forma individualizada ou em grupos de modo a possibilitar as 
pessoas a conviverem socialmente. 
O Serviço Social de Grupo, como confirma Aguiar (1995) também se baseia 
nos princípios cristãos na justiça e caridade, incentivando os homens a fazerem 
caridade em comunidades e serem beneficiados por estas obras caritativas, sendo 
justificada pela entrada no Reino dos Deus. Destaca-se, também como uma das 
ações do Serviço Social de Grupo, a formação de comissões, conferências, 
organização da comunidade para desenvolvimento de programas sociais, na 
mobilização de um grupo, incentivando lideranças comunitárias, buscando os 
resultados do trabalho social, educação e aperfeiçoamento popular. Neste 
período, que o Serviço Social começa a unificar a Pesquisa Social, como processos 
básicos do Serviço Social, a partir daí surgem o planejamento para a realização do 
bem-estar social da comunidade. 
Assim, Gordon (1973) aponta que o Serviço Social de Grupo e um processo 
psicossocial que desenvolve a capacidade de liderança e cooperação para 
aproveitamento dos interesses dos grupos em benefício da sociedade. Os 
indivíduos e grupos, a partir da vivencia democrática e participação comunitária 
poderão desenvolver responsabilidades, buscando satisfazer suas necessidades, 
buscando resolução de problemas de forma coletiva, na perspectiva do 
conhecimento de direitos e deveres sociais, experimentando o compartilhamento 
da vida social. A partir da interação grupal e a conscientização das finalidades 
comuns, os grupos podem criar redes de ajuda mutua e formas de ação social. 
O conhecido Serviço Social de Comunidade não se limita, somente nas 
obras de caridade e na ação de grupos de voluntários, como define Gordon 
(1973, p. 32), seu trabalho será baseado em “[...]métodos cooperativistas, em 
pesquisas e estudos sociais em favelas e bairros populares, com o objetivo de 
melhoria das condições de vida, adequando-se as necessidades dos moradores 
aos recursos fornecidos pelo Estado[...]”, promovendo educação social, ou seja, 
educação popular, por meio de distribuição de informação, formando redes de 
divulgação. 
Tanto os programas de assistência econômica e aproveitamento de lazer, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
como parques, jardins para infância eram administrados pelo governo, quanto os 
programas de habitação popular, recreação e creches contribuíram para as 
comunidades. “[...] as técnicas utilizadas são para organizar e atender as 
comunidades, dentro dos resultados esperados nos programas, buscando sempre 
a participação da população nas ações sociais.” (GORDON, 1973, p. 32). Por isso, 
foi necessária a conscientização das ações desenvolvidas pelos assistentes sociais 
para esclarecimento da população e apoio nos programas de bem-estar. 
Deve-se destacar que, nesta época de proliferação da tuberculose, a ação 
dos assistentes sociais estava apoiada numa visão higienista e da medicina sobre o 
comportamento e os problemas de saúde coletiva, por isso, muitos preconceitos 
são disseminados, neste período, sobre o modo de vida dos trabalhadores, por 
meio de ações e tentativas de remoção, justificadas pela falta de higiene e 
insalubridade habitacional da população pobre. Neste sentido, o papel das 
visitadoras sociais durante este período era o de ensinar os trabalhadores a morar 
bem, pois os cortiços e habitações insalubres dos proletários eram foco de “[...] 
ações higienistas e sanitaristas do Estado para controle de doenças, como 
tuberculose e outras que pudessem colocar em risco toda a sociedade.” 
Considerava-se que esta população possuía “[...] costumes depravadados que se 
agravavam pelos hábitos de uma população meio nômade, avessa a toda e 
qualquer regra de higiene”, como reforça Vieira (2013, p. 123). Tais segmentos dos 
trabalhadores viviam em más condições de higiene nas habitações coletivas e 
eram considerados grupos perigosos pelo poder público. 
Vieira (2013) problematizaque a proposta de higienização de lugares e 
pessoas visava combater os desequilíbrios do lar, pois a rotina considerada 
descomedida, sem regras e com comportamentos nocivos decorria da falta de 
educação doméstica. Estas ações constituíam um amplo processo de 
recomposição do espaço urbano fundamentado através desse trabalho social 
molecular, que afirmava a desqualificação dos trabalhadores e suas famílias por 
meio da utilização das suas moradias. 
Neste momento, há um forte vínculo entre higiene e moralização nas ações 
do Estado, impondo não só modelos de habitação por meio dos parques e vilas 
proletárias, como também padrões de comportamento. Dessa forma, o binômio: 
moralização e controle do operariado esteve presente na política do Estado no 
tratamento da questão da moradia na década de 1940 e 1950, em consonância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
com os ideais industriais que desejavam que os “[...] trabalhadores pudessem ficar 
mais próximos do trabalho, diminuindo assim o tempo de locomoção e intervindo 
no lugar de moradia dos trabalhadores e promovendo habitações bem-
construídas, higiênicas e econômicas[...]”, de acordo com os padrões 
arquitetônicos da época (VIEIRA, 2013, p. 124). 
Contudo, conforme problematiza Vieira (2013, p. 125), não bastava construir 
casas consideradas higiênicas, era necessário reeducar os trabalhadores por meio 
de uma nova lógica de “[...] significados, ordenação e função, a partir de novos 
hábitos, atitudes e comportamentos [...]”, pois se acreditava que isso era obstáculo 
ao crescimento econômico. 
Verdés-Lenoux (1986) realiza um estudo sobre a formação dos assistentes no 
final do século XIX e retrata a atuação do trabalhador social na França como um 
dos mecanismos de controle social das classes subalternas, na aceitação de valores 
dominantes, na individualização das questões sociais como forma de educar a 
classe operária, a partir de um olhar de disciplinamento, orientação nas suas 
vestimentas, nos lares, orçamentos domésticos, na maneira de pensar, 
conformando um trabalho de vigilância domiciliar. Segundo a autora, as visitadoras 
construíam uma rede de proteção sanitária e social efetiva, até mesmo com vistas 
a enfrentar a chamada marginalidade social, com o objetivo de trabalhar valores e 
regras sociais. Neste período, o Serviço Social Francês, influenciado pela psicanálise 
trabalhava para o desenvolvimento de ações, enquanto conselheira social. A 
autora também identifica a mudança do discurso de readequação social para 
educação popular no trato da Questão Social. 
Esta atuação do Serviço Social francês possui algumas semelhanças com o 
Serviço Social Brasileiro, no que se refere à sua atuação entre a década de 1940 até 
meados da década de 1950. Com vistas ao enquadramento dos trabalhadores, 
aos comportamentos próprios de uma sociedade industrial, moderna e civilizada, as 
visitadoras sociais realizavam intervenções de modo a produzir diagnósticos sobre o 
modo de vida das famílias dos proletários. Exercia também o serviço de 
orientadoras sociais, serviço este que produzia cursos domésticos para atingir as 
donas de casas, reforçando o lugar da mulher no lar como educadora familiar e 
principal responsável pela higienização dos costumes, dos hábitos, da implantação 
de um novo modo de pensar o ambiente doméstico (VIEIRA, 2013). 
Muitos eram os relatos de desagregação familiar e famílias consideradas mal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
ajustadas. Os assistentes sociais consideravam entre as motivações de tal 
desagregação social: a inserção das mulheres no trabalho (nas fábricas), o 
alcoolismo e a falta de cuidado com os filhos. Acreditava-se na estratégia de 
familização das camadas populares para elevação do papel social da mulher na 
estrutura familiar. Com isso, podemos observar uma atuação dos assistentes sociais 
na perspectiva do enquadramento da força de trabalho e no tratamento moral da 
questão social e de suas refrações sociais e históricas, a partir de um olhar 
fiscalizador da vida social, por meio do entendimento da moradia popular como 
lugar privilegiado para o desempenho das estratégias de ajuste e adequação 
social (VIEIRA, 2013). 
 
2.3 O DESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADE E O DESENVOLVIMENTISMO 
O início do Governo Vargas, conforme aponta Aguiar (1995) teve a primeira 
experiência de Desenvolvimento de Comunidade na zona rural, que constituiu 
uma missão em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro. Tal experiência foi fruto do 
Seminário Interamericano de Educação de Adultos, em 1949. 
Os assistentes tinham a visão de que as populações eram: 
 
[...] desajustadas, e era preciso integrá-las, adaptá-las a sociedade. 
Vemos na época, em programas das escolas de Serviço Social, 
referências a conceitos como normalidade e anormalidade, 
ajustamento e desajustamento. Essa visão de integração não levava 
em conta as contradições e desigualdades da sociedade. [...] Os 
assistentes sociais não puderem perceber as contradições, uma vez 
que a sua formação nessa época enfatizava que a sociedade é 
harmônica e que existem apenas alguns desajustes. E era a visão 
sustentada por Vargas, que sempre buscou o consenso entre as 
classes. Várias conferências foram realizadas em 1951, em Porto 
Alegre, por exemplo, teve o Seminário sobre Desenvolvimento de 
Comunidade promovido pela Organização dos Estados Americanos 
(OEA), em 1952, em Madras na Índia, que ocorreu a Conferência 
Internacional sobre Desenvolvimento e em 1953, a ONU promove o 
Seminário de Bem-Estar Social, na Universidade Rural do Brasil. Neste 
último seminário, ocorre a discussão do Serviço Social Rural, com 
presença marcante em 1960. (AGUIAR, 1995, p. 76). 
 
Aguiar (1995) indica que tais missões tinham como pressuposto integrar os 
que eram considerados marginalizados e suprir o atraso cultural do povo rural, com 
a finalidade de discutir os problemas, reunindo grupos de interesse antagônicos, 
tais como latifundiários, diaristas e meeiros. Dessa forma, o Ministério da Agricultura, 
com Vargas foi o espaço que tinha essas experiências de trabalho, sendo que 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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toda a literatura vinha dos Estados Unidos e se apoiava no positivismo de Conte. Já 
em 1953, o Serviço Social tem seu ensino regulamentado e é autorizada a 
permissão para emissão de diplomas no final do governo Vargas. 
 
No governo de Juscelino Kubitschek, o Estado protagoniza um papel forte no 
processo de industrialização brasileira. Ianni (1989) aponta a direção de uma 
política econômica governamental que concentra sua atuação sobre o processo 
de acumulação de capital, proporcionando condições institucionais para esse 
processo que envolve as estruturas de dominação, as relações de classe, o 
imperialismo e suas modalidades recentes de acumulação capitalista. Em síntese, 
para garantir o desenvolvimento econômico, o Estado atua de maneira decisiva no 
controle da força de trabalho, do progresso técnico e na acumulação do capital. 
O dilema do desenvolvimentismo perpassa, segundo seus ideólogos, um 
nacionalismo mais sadio, ou seja, àquele que possa associar os fluxos do capital ao 
progresso econômico do país. Esse nacionalismo, se volta para “[...] uma busca 
racional do poder e bem-estar econômico e da realização cultural de uma 
comunidade nacional. [...]” (IANNI, 1989, p. 103). 
Essa concepção harmonizadora das desigualdades e contradições sociais foi 
a forma que a burguesia nacional assumiu para dar respostas às inquietações das 
classes assalariadas e ter direção do processo político, diante do risco que a classe 
trabalhadora pudesse assumir a direção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
Para garantir o desenvolvimento econômico do país, tivemos traços deste 
projeto nacionalista na implantação do Plano de Metas, durante o governo de 
Juscelino Kubitschek de Oliveira - JK (1956-1961). Este foi um grande exemplo doesforço nacionalista de superação do atraso econômico e social do Brasil. Para 
Ianni (1989) a burguesia industrial joga com as classes assalariadas para vencer a 
indústria agrária com o objetivo de elevar as finanças e controlar o circuito do 
capital. Utilizou-se, portanto, do nacionalismo para atribuir significado e conteúdo 
ao projeto nacional desenvolvimentista e ganhar adesão dos trabalhadores a esse 
projeto. 
Nesse sentido, se observarmos o trabalho dos assistentes sociais em favelas no 
período da década de 1950, com o desenvolvimento de comunidade, o eixo de 
mobilização popular estava associado a um projeto de desenvolvimento urbano 
nacional, cujo objetivo era promover o desenvolvimento econômico aliado ao 
desenvolvimento social. Contudo, como adverte Ammann (2003), tal dimensão do 
desenvolvimento social estava assentada na perspectiva de integração social 
https://bit.ly/3iiVexe
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
através das ações do Estado, como se as mesmas pudessem solucionar problemas 
de ordem estrutural das classes subalternas. 
 
 
 
Nos seminários de Desenvolvimento de Comunidade, de 1951 e 1966, a 
temática sobre Desenvolvimento de Comunidade, geralmente aparece como 
instrumento de trabalho e era compreendida como uma: 
 
[...] técnica que, tendo por base, a discussão de assunto específico, 
em grupos informais de debate, levam seus integrantes, elementos 
representativos da comunidade (lideranças, entidade e povo) 
intencionalmente organizados, a uma tomada de consciência dos 
problemas e recursos da mesma, tornando-os preparados a 
realizarem trabalho onde prevaleça o espírito comunitário em uma 
forma coordenada e harmônica. (AMMANN, 2013, p. 214). 
 
Expressava uma construção ideológica tipicamente funcionalista, com foco 
sobre o controle do processo de intervenção, esmiuçado em procedimentos, 
etapas, instrumentos, onde os instrumentos mais desenvolvidos eram: o diagnóstico, 
a programação e a intervenção social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
No Desenvolvimento de Comunidade tradicional, relata Ammann (2013, p. 
214), o técnico atuará junto às lideranças locais, indicadas estas pelas lideranças 
formais como, “prefeito, vereadores, dirigentes religiosos. Essas lideranças é que 
devem nomear pessoas que vêm atuando na comunidade, há tempos, em ações 
para benefício da comunidade”. Dessa forma, o trabalho desenvolvido tinha um 
caráter elitista, baseado e reprodutor das estruturas de poder existentes, e era 
avaliado conforme os interesses da classe dominante. 
 
 
 
A relação entre o assistente social e a população era baseada entre sujeito e 
objeto: o técnico era o sujeito da ação e considerava-se como objeto a população 
usuária, esta em segundo plano. 
 
O assistente social preocupa-se em conhecer a cultura da 
comunidade, principalmente suas normas e valores. Ele terá o 
cuidado quanto à escolha do projeto, no diagnóstico. Ele deverá 
procurar conhecer as causas maiores das situações ou dos bloqueios 
que intervêm no desenvolvimento local. É preciso que o técnico 
ajude as pessoas a compreenderem os porquês de determinadas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
situações ou bloqueios, considerando os comunitários (AMMANN, 
2013, p. 216). 
 
Essa relação com a comunidade era baseada na ideia de conscientizar a 
população para que eles pudessem olhar seus próprios problemas e resolvê-los 
coletivamente, como se eles mesmos não pudessem identificar esses problemas. 
 
[...] o desenvolvimento de comunidade assume caráter de 
mecanismo de ação sobre o capital humano, a partir de sua 
experiência comunitária, e estimula o próprio povo a participar do 
planejamento e da realização de programas destinados a elevar o 
padrão de suas vidas por meio de esforços somados entre o povo e 
o governo. As comunidades deveriam encerrar as razões e as causas 
de seu desenvolvimento, bem como as condições para que isso 
acontecesse (GUILHERME, 2012, p. 135). 
 
Assim, os problemas da comunidade foram contornados com o tratamento 
assistencial, na perspectiva ideológica integradora, com a oferta de serviços como: 
educação popular para as famílias dos moradores de favelas, organização 
comunitária, educação sanitária, mutirões para a provisão e melhoria de moradias, 
infraestrutura, etc. Assim, é importante observar que esse contato direto com as 
populações subalternas, particularmente a partir do seu lugar de moradia, não 
constitui uma situação ou um lócus da atuação do Serviço Social, na atualidade. 
Esse diálogo permanente com a classe trabalhadora, mediado pela questão da 
moradia como expressão social e urbana das relações capitalistas, se faz presente 
ao longo da nossa trajetória. 
A associação do trabalho dos Assistentes Sociais com um projeto nacional de 
desenvolvimento é histórica na nossa profissão enquanto assistentes sociais. Nesse 
sentido, muitas contradições foram omitidas na perspectiva de inserir as classes 
subalternas no projeto de dominação do capital, naquela época. Por isso, algumas 
reivindicações eram atendidas tais como: educação popular para as famílias dos 
moradores de favelas; organização comunitária; educação sanitária; mutirões para 
a provisão e melhorias de moradias; infraestrutura como foi problematizado 
anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
Devemos considerar que o assistente social se manteve, neste período 
histórico, trabalhando na perspectiva de conciliação entre as classes, embasado 
na perspectiva funcionalista, a medida que, incorporava algumas pautas da classe 
trabalhadora ao projeto da burguesia nacional. Na América Latina, é 
desencadeada, na década de 60, mais forte em 1970, uma clara posição de 
recusa e crítica ao chamado Serviço Social tradicional, a partir de experiências 
desenvolvimentistas. É desenvolvida uma posição contrária às ações paternalistas e 
ações paliativas que se configuram como respostas profissionais aos problemas 
sociais da época, além da crítica à importação de modelos não compatíveis a 
realidade brasileira latino-americana. (RAICHELIS, 1988). 
Outras experiências relacionadas às práticas de educação popular e as 
experiências desenvolvidas pelo MEB (Movimento de Educação de Base) são mais 
progressistas. O reconhecimento da dimensão política profissional, na contribuição 
do processo de conscientização e mobilização social é visto como um confronto de 
posições que possibilita saltos de qualidade na organização da população, esse 
processo vai transformando a visão dos profissionais anteriormente ligados aos 
setores conservadores. A associação com movimentos populares também 
possibilita aos profissionais essa aliança aos valores da classe trabalhadora, o que 
reconfigura aos poucos a linha teórica-metodológica da profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (Adaptada COPESE-UFT 2012). No serviço social o que pode ser considerado 
como fundamento da prática social, no processo de reprodução da vida social: 
 
a) A prática social em si. 
b) O homem como ser social. 
c) A práxis dentro da sociedade. 
d) O trabalho social. 
e) Nenhuma das alternativas. 
 
2. (Adaptada CEPERJ-DEGASE 2012). Iamamoto (2008) analisa o Serviço Social 
como uma profissão inserida na sociedade capitalista. Baseada neste 
pressuposto, ela verifica que historicamente o assistente social: 
 
a) Faz parte livremente da administração do Estado em parcerias privadas. 
b) Se localiza no processo de reprodução das relações sociais. 
c) Personifica categorias econômicas e sociais. 
d) Não é afetado pelo antagonismo entre capital e trabalho. 
e) Nega os conflitos sociais, preza pela harmonia social. 
 
3. (Adaptada MS CONCURSOS – 2018) Em relação às influências teórico-
metodológicos do Serviço Social em diferentes contextos históricos, assinale a 
afirmativa correta: 
 
a) A encíclica “Rerum Novarum” do Papa Pio XI, de 1931,vai iniciar o magistério 
social da igreja católica no contexto de busca de restauração de seu papel 
social na sociedade. 
b) O Serviço Social Brasileiro vai fundamentar a formulação de seus primeiros 
objetivos políticos/sociais orientando-se por posicionamentos de cunho 
humanista conservador. 
c) A influência por meio do desenvolvimento de técnicas norte-americanas na 
prática do serviço social brasileiro se dará logo no início do surgimento da 
profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
d) A natureza técnica do Serviço Social somente no enfrentamento privado da 
Questão Social por parte do Estado 
e) Nenhuma das anteriores. 
 
4. Quais eram as características da classe trabalhadora, ou seja, como era vista 
pelos assistentes sociais na emergência da profissão, sob influência neotomista na 
profissão: 
 
a) Desajustada e Marginalizada. 
b) Integrada e Consumista. 
c) Problemática e Esforçada. 
d) Adaptada e atrasada. 
e) Civilizada e educada. 
 
5. O Serviço Social de Casos objetivava: 
 
a) O Serviço Social buscava entender a conjuntura social para pensar estratégias 
profissionais. 
b) O assistente social entrevistava grupos de pessoas para resolver coletivamente os 
problemas sociais dos sujeitos. 
c) Tratava de resolver os desajustes para integra-los a comunidade, numa 
perspectiva de mediar às relações. 
d) O Serviço Social atuava no esclarecimento do problema, fazendo com que o 
cliente possa agir em relação ao mesmo para ajustamento do individuo. 
e) O profissional tratava de tomar o posicionamento de classe para organizar os 
grupos por categorias geracionais. 
 
6. A técnica do Serviço Social de caso enxergava o homem, como um ser: 
 
a) Coletivo e plural. 
b) Biológico e social. 
c) Social e humano. 
d) Abstrato e sentimental. 
e) Sujeito coletivo e amplo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
 
7. O Serviço Social de grupo atuava na perspectiva de integrar os indivíduos na 
comunidade, a partir da interação social, incentivando: 
 
a) Lideranças comunitárias. 
b) Lideranças católicas. 
c) Grupos associativistas. 
d) Partidos políticos. 
e) Grupos humanitários. 
 
8. ) O Serviço Social de comunidade atuava na realização de trabalho comunitário 
para a tomada de consciência dos problemas e recursos da mesma, tornando a 
população preparada a realizar o trabalho, onde prevaleça o espírito 
comunitário em uma forma coordenada e harmônica para desenvolvimento de 
programas sociais em favelas e bairros populares, como retrata Ammann (1980). 
Tal técnica estava aliada a: 
 
a) Um projeto profissional. 
b) Um projeto societário. 
c) Ao projeto democrático-popular. 
d) Ao projeto socialista. 
e) Ao projeto de desenvolvimento nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
AS FORMAS DE EXPRESSÃO E 
ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO 
SOCIAL NA AMÉRICA LATINA, 
PARTICULARMENTE NO BRASIL 
 
 
 
Trataremos de analisar neste capítulo, as formas de enfrentamento da 
Questão Social, as características socio-históricas da formação do capitalismo 
brasileiro para entendermos o processo de constituição das classes sociais no Brasil 
e sua polarização de interesses, ao mesmo tempo abordaremos o tratamento dado 
pelo Estado e pela Igreja para enfrentar os problemas sociais da época. Em 
contrapartida, analisaremos as condições de vida da classe trabalhadora e suas 
formas de resistências. 
 
3.1 A QUESTÃO SOCIAL NAS DÉCADAS DE 20 E 30 E A ORGANIZAÇÃO DOS 
TRABALHADORES 
A violência gerada por parte do Estado e os protestos no campo e na 
cidade geram possibilidade de organização da classe trabalhadora. Nas décadas 
de 20-30 são marcadas pelo populismo e militarismo - a Questão Social é 
considerada como problema de polícia. Em contraposição, Carvalho (1980) nos 
explica que a crise de 1929 e o movimento de outubro de 1930 constituem 
elementos de um processo revolucionário que fará com que o Estado comece a se 
preocupar com as manifestações da Questão Social, visto as condições vividas 
pelos trabalhadores brasileiros. A ênfase do autor será tratar da Questão Social 
neste contexto, a fim de compreender a implantação do Serviço Social no Brasil, 
com destaque para o significado da pressão exercida pela classe trabalhadora, 
vejamos: 
 
A pressão exercida pelo proletariado – presente mesmo nas 
conjunturas específicas em que sua luta não se faça imediata e 
claramente presente enquanto manifestações abertas – permanece 
constantemente como pano de fundo a partir da qual diferentes 
atores sociais mobilizam políticas diferenciadas. Essas políticas 
demarcarão os limites dentro dos quais irá surgir e atuar o Serviço 
UNIDADE 
03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
Social – a caridade e a repressão – limites em relação aos quais deve 
se constituir numa alternativa. (CARVALHO, 1980, p. 130). 
 
Num quadro social, cultural e econômico em que a classe operária vivia em 
condições angustiantes: 
 
Amontam-se em bairros insalubres junto às aglomerações industriais, 
em casas infectas, sendo muito frequente a carência – ou mesmo a 
falta absoluta – de água, esgoto e luz. Grande parte das empresas 
funciona em prédios adaptados, onde são mínimas as condições de 
higiene e segurança, e muito frequentes os acidentes. O poder 
aquisitivo dos salários é de tal forma ínfimo que para uma família 
média, mesmo com o trabalho extenuante da maioria de seus 
membros, a renda obtida fica em nível insuficiente para a 
subsistência. O preço da força de trabalho será constantemente 
pressionado para baixo daquele nível pela progressiva constituição 
de um relativamente amplo exército industrial de reserva [...] É 
comum a observação sobre a existência de crianças operárias de 
até cinco anos e dos castigos corporais infligidos a aprendizes. 
Warren Dean calcula, já para 1920, que dá força de trabalho 
industrial de São Paulo uma terça parte é constituída de mulheres, 
metade aproximadamente são operários e operárias menores de 18 
anos, e 8% menores de 14 anos. A jornada normal de trabalho – 
apesar de diferir por ramos industriais – é, no início do século, de 14 
horas. Em 1911 será em média de 11 horas e, por volta de 1920, no 
entanto, dependerá na maioria das vezes das necessidades das 
empresas. Mulheres e crianças estarão sujeitas à mesma jornada e 
ritmo de trabalho, inclusive noturno, com salários bastante inferiores 
[...] O operário contará para sobreviver apenas com a venda diária 
da força de trabalho, sua e de sua mulher e filhos. Não terá direito à 
férias, descanso semanal remunerado, licença para tratamento de 
saúde ou qualquer espécie de seguro regulado por lei. Dentro da 
fábrica estará sujeito à autoridade absoluta – muitas vezes 
paternalista – de patrões e mestres. Não possuirá também garantia 
empregatícia ou contrato particular entre patrão e empregado, 
regido pelo código civil. As frequentes crises do setor industrial, ainda 
emergente, são marcadas por dispensas maciças e rebaixamentos 
salariais, que tornam mais sombria a vida do proletariado industrial 
atirado ao pauperismo. Para suas necessidades de ensino e cultura 
ficarão, basicamente, na dependência de iniciativas próprias ou da 
caridade e filantropia. [...] cidadãos de segunda linha (CARVALHO, 
1980, p. 131-132). 
 
O referido autor destaca que a organização dos trabalhadores foi diversa e 
constituiu o modo como participavam ativamente da sociedade, que na verdade 
foi uma das principais maneiras nas quais, os trabalhadores participavam 
ativamente da sociedade, foi através da utilização da sua força de trabalho e na 
geração de riquezas. De toda forma, as organizações políticas foram centrais como 
forças de contraposição às condições de vida insalubres e deletérias à própria 
reprodução da classe trabalhadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
No plano cultural e social serão desenvolvidas diversas iniciativas 
baseadas numa forma de ser proletária, constituindo-se

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