Buscar

Sebenta Ciências do Comportamento Desviante

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 1 de 44 
 
2019/2020 
 
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO DESVIANTE I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROFESSORES: Pedro Almeida e Carla Cardoso 
REALIZADA POR: Letícia Packer Hoff 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 2 de 44 
 
 INTRODUÇÃO: DESVIO, CRIME E PATOLOGIA 
 
Tópicos 
• Desvio/comportamento desviante 
• Noção de normal e patológico – crime como patologia? 
• Crime e tendência antissocial 
 
Desvio 
 Definição sociológica (como fenômeno intra-grupal) 
“conjunto de comportamentos e de situações que os membros de um grupo consideram 
não conformes às suas expectativas, normas ou valores e que, por isso, correm o 
risco de suscitar condenações da sua parte” 
Cusson, 2007 
 
• Contínuo de voluntariedade 
 
Seita → voluntariado 
Terroristas → regidos pela moral (matar negros x matar nazistas) 
Causa orgânica → involuntário/esquizofrenia 
 
• Pressuposição da existência de universo normativo 
o As normas são fluidas no tempo e espaço 
• Propriedade não inerente ao comportamento, mas ao seu meio envolvente 
o Há comportamentos inerentes desviantes? 
• Distribuição 
 
Um comportamento pode ser considerado desviante ou não defendendo do grupo em 
que está inserido. 
Ex. Gangue: Se for normal furtar num gangue, do ponto de vista desses furtar não é um 
comportamento desviante, os membros que não o fizeram são os que tem o 
comportamento desviante, os membros que “ultrapassam” esse ato tornam-se os líderes. 
No entanto, do ponto de vista da sociedade, aquele gangue tem um comportamento 
desviante face à norma. 
 
• Relatividade do desvio de acordo com o discurso sociológico 
o Situação 
o Autor 
o Contexto 
Ex.: fumar 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 3 de 44 
 
• A presença do desvio natural é universal 
o Durkheim (1895) e a função social do desvio como elemento agregador 
do grupo e reforço da norma 
• Atos universalmente reprováveis 
 
• Unidade e diversidade 
o O desvio tende a ser polimórfico e aglutinar-se 
o Existe um fator comum às diversas formas de desvio? 
 
o Relação estreita entre a delinquência e o consumo 
o Relação estreita entre delinquência e suicídio 
o Roubo, violência, toxicodependência, alcoolismo e suicídio 
 
o Relação de causalidade e variáveis potenciadoras comuns (biologia, 
personalidade, atitudes, vida familiar) 
 
• Unidade e diversidade – Predisposição 
o Predisposição para o desvio em determinados indivíduos 
▪ Insuficiente integração social (Durkheim, 1877; Hirschi, 1969) 
▪ Características individuais (E, P, N, SS, AC, psicopatia) 
 
 
 
 
 
 
CAUSAS SOCIAIS + CAUSAS BIOLÓGICAS (genes) 
 
 
Violência familiar Psicopatia em miúdos 
 
Desvio e moralidade 
1- Os domínios da moralidade são mais abrangentes do que julgamos. 
2- A tomada de decisão moral depende, em parte, de processos considerados 
“emocionais”. 
 
Desvio e moralidade 
1- Os domínios da moralidade são mais abrangentes do que julgamos. 
2- A tomada de decisão moral depende, em parte, de processos considerados 
“emocionais”. 
 
Lawrence Kohlberg (1927-1987) 
• Estados universais de desenvolvimento moral 
o Cada estádio é qualitativamente superior (e mais equilibrado do que o 
seu antecessor) 
▪ Pré-convencional (1 e 2) 
▪ Convencional (3 e 4) 
▪ Pós-convencional (5 e 6) 
o Universalista 
o Valores morais não são definidos arbitrariamente 
Afeição ao 
outro 
 Projeto acadêmico 
ou profissional 
Participação 
em atividades 
As leis 
devem ser 
respeitadas 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 4 de 44 
 
 
 
 
• Desenvolvimento de princípios de justiça, reciprocidade e igualdade dos direitos 
humanos. 
• Respeito pela pessoa individual 
 
• Pressupõe colapso entre teorias morais e estruturas psicológicas nos níveis mais 
avançados. 
o Nível 6 é moralmente mais adequado (mais equilibrado) e logicamente 
avançado 
• MAS 
o O nível de raciocínio moral não prevê o comportamento 
Pode ser muito articulado em dizer que sim ou não 
Está muito relacionado com o QI. 
o A moralidade pode estender-se para além dos princípios de justiça e 
igualdade. 
 
Elliot Turiel 
• Domínio moral 
o Grave 
o Independente do contexto 
o Independente da autoridade 
o Justiça, direitos e bem-estar 
As regras que nos dizem como devemos nos comportar, podem ser morais ou 
convencionais. 
 
• Domínio convencional 
 
Os indivíduos com alto nível de psicopatia não conseguem distinguir moral de 
convencional. 
Enviesamento cultural? 
 
Julgamentos morais 
• Universais 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 5 de 44 
 
o Intuição acerca do sentido de justiça 
o Intuição acerca do cuidado 
• Variações 
o Masturbação, homossexualidade, abstinência sexual, poligamia, 
circuncisão, minissaias, cabelo comprido, cabelo curto, ser capitalista, 
ser comunista... 
 
Domínios da moralidade 
Um homem vai ao supermercado uma vez por semana e compra uma galinha. 
 No entanto, antes de cozinhar a galinha tem relações sexuais com ela. Depois 
cozinha-a e come-a. 
 
 O homem fez algo de moralmente errado? 
 
• A preocupação com a individualidade, liberdade e justiça para com o indivíduo 
parece ser uma especificidade ocidental. 
 
“A concepção da pessoa como uma entidade com fronteiras, única, com um universo 
cognitivo e motivacional mais ou menos integrado, um centro dinâmico de consciência, 
emoção e julgamento, e ação organizada num todo distintivo e contrastado com outros 
todos e o seu meio social e natural, é, por muito que nos pareça incorrigível, uma ideia 
peculiar no contexto geral das culturas do mundo.” 
Clifford Geertz, 1984 
 
 
WEIRD morality 
 
Western 
Educated 
Industrialized 
Rich 
Democratic 
 
 
 
 
 
 
 
The battle angels o four nature – Steven Pinker 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 6 de 44 
 
Julgamentos morais 
• 3 éticas deRichard Shweder 
o Autonomia 
▪ Direitos, Igualdade, Liberdade 
o Comunidade 
▪ Dever, estatuto, hierarquia, interdependência 
o Divino 
▪ Pureza, santidade, poluição, pecado 
 
• Teoria das fundações morais (Haidt & Joseph, 2004) 
o Inspiração evolucionária – os nossos mecanismos cognitivos evoluíram 
para propósito da sobrevivência e reprodução. Foram esculpidos pela 
seleção natural para resolver problemas adaptativos. 
o Intuições morais com resultantes de módulos mentais (adaptações 
evolutivas para responder às ameaças e oportunidades da vida social) 
o 5 fundações (+ Liberdade/opressão) 
 
 Cuidado/ 
maus tratos 
Justiça/ 
engano 
Lealdade/ 
traição 
Autoridade/ 
subversão 
Santidade 
(degradação) 
Desafio 
adaptativo 
Proteção e 
cuidado das 
crianças 
Perceber 
benefícios de 
relações a 
dois 
Formação de 
alianças 
Relações 
benéficas 
entre 
hierarquias 
Evitar 
contaminações 
Triggers 
originais 
Sofrimento ou 
necessidade 
expressa pela 
criança 
Engano, 
cooperação 
Ameaças ou 
desafio grupal 
Sinais de 
dominância e 
submissão 
Fezes, urinas, 
doentes 
Triggers 
atuais 
Focas bebês, 
desenhos 
animados 
Fidelidade 
marital, 
máquina de 
vending 
avariadas 
Clubes, nações 
Chefes, 
profissionais 
respeitados 
Ideias tabu 
(comunismo, 
racismo) 
Emoções 
característica
s 
Compaixão 
Raiva, 
gratidão, 
culpa 
Orgulho 
grupal, raiva a 
desviantes 
Respeito, 
medo 
Nojo 
Virtudes 
relevantes 
Cuidado, 
meiguice 
Justiça, 
confiança 
Lealdade, 
patriotismo, 
auto sacrifício 
Obediência, 
deferência 
Temperança, 
castidade, 
piedade, 
limpeza 
 
• Julgamento moral 
• Emoções morais 
• Raciocínio moral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 7 de 44 
 
Julgamento moral 
 
 
• Princípio do duplo efeito 
 
Prejudicou intencionalmente o ambiente? 
Deve ser penalizado por prejudicar o ambiente?Ajudou intencionalmente o ambiente? 
Deve ser premiado por ajudar o ambiente? 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 8 de 44 
 
 
 
 
Social Intuicionismo (Haidt, 2004) 
• Modelo racionalista 
 
 
 
Modelo Intuicionista (Haidt, 2001) 
• Modelo social-intuicionista 
 
 
 A Julie e o Mark, que são irmãos, estão a viajar juntos em França. Ambos estão 
em férias de verão da Universidade. Uma noite estão sozinhos numa cabana perto da 
praia. Decidem que seria interessante e engraçado se tentassem ter relações sexuais um 
com o outro. Pelo menos seria uma experiência nova para cada um deles. A Julie estava 
a tomar a pílula, mas ainda assim o Mark utiliza um preservativo, apenas para ter a 
certeza. Ambos gostaram da experiência, mas decidem não repetir. Mantêm aquela 
noite como um segredo especial entre eles, o que os faz sentir ainda mais perto um do 
outro. 
 
 Foi errado os dois irmãos terem tido relações sexuais? 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 9 de 44 
 
• O domínio moral varia por cultura. Normalmente é mais estreito nas sociedades 
ocidentais educadas e individualistas. As culturas sociocêntricas alargam o 
domínio moral para abarcar regular mais aspectos da vida. 
• As pessoas por vezes têm sentimentos viscerais – particularmente nojo e 
desrespeito, que condicionam o seu raciocínio. O raciocínio moral é muitas 
vezes uma fabricação à posteriori. Julgamento e justificação são processos 
independentes. 
• A moralidade não pode ser completamente autoconstruída pela criança baseada 
no seu entendimento do mal e injustiça. A aprendizagem cultural e a modelação 
devem ter um papel maior do que as teorias racionalistas conferem. 
Haidt, 2012 
 
O nosso raciocínio moral interfere de uma forma subjetiva a ideia, a perceção e o juízo 
sobre outras circunstâncias relativas a nós, se constitui ou não uma infração moral ou 
até mesmo uma desviância. 
O comportamento desviante, tudo aquilo que é considerado desviante, rege-se por um 
trajeto marginal à moral. 
Na área da justiça, nomeadamente do comportamento desviante, todas as respostas 
baseiam-se no “depende”, não há respostas certas. É importante saber a capacidade que 
o individuo tem de conter as emoções, de controlar os próprios impulsos (ex. Pessoa 
que sofre de uma patologia). Não podemos ponderar a moral de um certo individuo 
pensando só na capacidade de distinção do bem e do mal. 
A definição de comportamento desviante não é a mesma que há 20 anos, vai evoluindo 
conforme a sociedade. Este comportamento só pode ser considerado desviante se 
infringir as leis de uma determinada sociedade. Também pode ser denominado por 
comportamento delinquente ou criminal. 
 
Neurociência da Moralidade 
 Utilização de técnicas da Neurociência Cognitiva (EEG, fMRI, MRI,) para 
estudar os processos de julgamento e tomada de decisão. 
Coloca as pessoas a resolver exercícios de moral enquanto mede a atividade cerebral 
deles. 
As técnicas estruturais, essencialmente, estudam a estrutura do cérebro. 
Indivíduos com ansiosas psicopatias tem amidala com maior volume do que pessoas 
normais. 
Técnicas funcionais vêm o cérebro a funcionar, colocam a pessoa a resolver exercício 
moral para ver onde que o sangue vai. 
 
Como é que os mecanismos de tomada de decisão moral são neurobiologicamente 
implementados? 
 
Pode fazer sentido que um miúdo que durante a sua infância foi constantemente 
mantido em maus-tratos. 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 10 de 44 
 
 
 O que é que o estudo do comportamento transgressivo nos pode dizer sobre a 
gênese e implementação dos processos de julgamento e tomada de decisão moral? 
 
Frases morais 
 
 
Imagens com conteúdo moral 
 
 
Moralidade 2 
• Dilema do Trólei 
 
 
Greene, 2002, 2004 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 11 de 44 
 
 
 
• Julgamento e tomada de decisão moral mapeiam em áreas classicamente 
associadas a processos emocionais 
o Intuicionismo/Sócio-Intuicionismo (Haidt, 2010) 
o Emocionismo (Prinz, 2007) 
 
• A capacidade de executar julgamentos morais não se traduz necessariamente em 
conduta moral 
o Sociopatia adquirida 
o Psicopatia 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PERSONALIDADE 
 
Conceitos e principais modelos 
 
Princípios orientadores - Personalidade 
• Procura de elementos que nos ajudem a explicar e prever o comportamento dos 
outros. 
• Procura de elementos que nos permitam compreender o próprio comportamento. 
 
“For some the world is a hostile place where men are evil and dangerous; for others it 
is a stage for fun and frolic. It may appear as a place to do one’s duty grimly; or a 
pasture for cultivating friendship and love.” 
Allport, 1961 
 
Personalidade: introdução ao conceito 
Cada pessoa é única, de uma forma não aleatória. 
• Por que é que as pessoas são diferentes? 
• Qual a origem dessas diferenças? 
• Como podemos medir e organizar essas diferenças? 
 
 
 
Definições 
• Personalidade 
 
Organização dinâmica, no seio do indivíduo, de sistemas psicofísicos que determinam 
o seu comportamento característico e os seus pensamentos. 
Allport, 1937 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 12 de 44 
 
 
Organização mais ou menos firme e durável do caráter, do temperamento, da 
inteligência e da dimensão física de um sujeito. 
Eysenck, 1953 
 
Aquilo que permite uma predição do que uma pessoa, numa dada situação, vai fazer. 
Cattell, 1950 
 
Definições 
• Personalidade 
A personalidade é uma organização dinâmica, no seio do indivíduo, de sistemas 
psicofísicos que determinam o seu co portamento característico e os seus pensamentos. 
É uma organização mais ou menos durável e firme do carácter, do temperamento, da 
inteligência e da dimensão física de um sujeito. É aquilo que permite uma predição do 
que uma pessoa, numa dada situação, vai fazer. 
o Unicidade/distintividade 
o Estabilidade/consistência 
o Causalidade 
 
 
 
 
 
 
 
An individual’s unique variation of the general evolutionary design for human nature, 
expressed as a developing pattern of dispositional traits, characteristic adaption, and 
integrative life stories complexly and differentially situated in culture. 
McAdams & Pals, 2006 
 
• Temperamento 
Elementos característicos da natureza emocional de um individuo, incluindo a sua 
suscetibilidade a estimulação emocional, a sua força e tempos de reação 
característicos, a qualidade do humor prevalente e todas as peculiaridades e 
intensidade do humor; estes elementos sendo considerados como dependentes da 
constituição e assim largamente de origem hereditária. 
Allport, 1937 
 
Relacionado com as características emocionais do indivíduo (nem todos têm o mesmo 
nível de estimulação emocional). 
A psicopatia é a ausência extrema de medo. 
 
• Traços (ou disposições comportamentais 
o Tendências estáveis para se comportar de uma determinada forma em 
diversas situações (e.g., psicopatia, impulsividade, empatia...) 
o Normalmente conceitualizados em continuum 
o Geralmente distribuídos normalmente 
 
 
Apreciação da personalidade 
contendo em si um juízo moral 
Allport, 1937 
Dimensão da personalidade 
resultantes da aprendizagem 
Cloninger, 1992 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 13 de 44 
 
 
 
• Dimensões 
Conjunto de traços, que se assumem estar relacionados, e organizados numa 
categoria supro ordenada. 
 
 
 
• Tipos 
o Categorias formadas a partir da combinação de traços ou dimensões. 
▪ Assumem-se como categoricamente distintos. 
Categoria natural é uma coisa que existe realmente na natureza sem inventarmos essa 
categoria. 
 
Definições 
• Tipos 
o Categorias formadas a partir da combinação de traços ou dimensões 
▪ Assumem-se como categoricamente distintos. 
 
Determinantes do Comportamento 
 Compreendendo o comportamento 
C = f (P, A) 
• C – Comportamento• P – Características pessoais 
o Estados internos e disposições 
▪ Cognições, emoções, motivações 
• A – Variáveis ambientais 
 
Tudo o que podermos dizer a partir do comportamento, podemos dizer a partir do 
comportamento das pessoas. 
 
Determinantes do comportamento – efeitos principais 
 Predição do comportamento a partir de traços relacionados. 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 14 de 44 
 
 
P – Chutar um gato 
 
 Vs. Predição do comportamento a partir da situação social. 
 
P – Chutar um gato 
 
Determinantes do comportamento – interações 
 Vs. interação Pessoa x Situação 
C = f (P x A) 
 
É preciso compreender a personalidade da criança que está inserida no meio. 
 
Interação P x A 
• O efeito da personalidade no comportamento depende da situação em que a 
pessoa está. 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 15 de 44 
 
• O efeito da situação depende do tipo de pessoa que está nela. 
 
Podemos explicar como as pessoas se comportam com estes 2 pontos, o comportamento 
é absolutamente maleável de acordo com a situação, posição situacionismo. 
1- Situação em que a pessoa está 
2- História de vida da pessoa 
A situação só faz sentido quando a interpretamos de acordo com as lentes das pessoas. 
Cada pessoa tem uma situação para queda diferente. 
 
Determinantes do comportamento 
• Seleção e evocação (e.g. Buss, 1979) 
Seleção é quando as personalidades selecionam ambientes. O ambiente não é passivo na 
determinação do comportamento, a pessoa é que é o agente. Evocação é o próprio 
ambiente responde de forma diferente a diferentes pessoas, se exatamente o mesmo 
ambiente for estimulado por pessoas diferentes, então as pessoas diferem também. É 
fruto da personalidade, exatamente o mesmo grupo de pessoas o ambiente pode reagir 
de maneira diferente. Estas respostas iniciam estímulos que fazem com a linearidade nas 
interações difere. Pequenas variações podem ter efeitos dramáticos. Com os efeitos a 
amplificarem-se quebra-se a linearidade. As interações entre a personalidade e o 
ambiente determinam o comportamento, o comportamento das pessoas também pode 
influenciar o a personalidade e o ambiente. Estas relações causais recíprocas, são 
causais porque à causalidade estaticamente há muitas pessoas que se comportam assim 
 
 Interações dinâmicas personalidade/ambiente. 
 Relações causais recíprocas. 
 
Estudo da Personalidade 
Estudar a personalidade é utilizar um conjunto de adjetivos que achamos que tem 
alguma existência, isto é, conceitos que podem ser utilizados para prever como 
determinada pessoa se vai comportar. 
Quando estamos a estudar um traço de personalidade estamos a fazer 3 exercícios: 
1. Predição- perceber como é que estatisticamente uma pessoa com determinada 
configuração de personalidade vai se comportar em determinadas situações. 
2. Relação- quais os outros traços de personalidade relacionados com os anteriores. 
Estes organizam-se segundo redes, tem relações com outros traços de 
personalidade, ex. o autocontrolo tem uma relação com a impulsividade, se tiver 
muito autocontrolo posso esperar que tenha baixa impulsividade. 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 16 de 44 
 
• Científica? 
• Coerente? 
• Testável? 
• Compreensiva? 
• Aplicável? 
(Pervin & Cervone, 2012) 
 
• 2 preocupações 
o Fidelidade 
▪ Consistência interna 
▪ Fidelidade inter-cotadores 
▪ Estabilidade 
o Validade 
É muito fácil a confusão entre fidelidade e validade. 
Há muitos testes que tem muita fidelidade e pouca validade. 
 
 
Hermann Rorschach 
 
Contextualização histórica – personalidade como domínio de estudo científico 
• Domínio da psiquiatria até aos anos 20 do séc. XX 
o Estudos de casos; psicopatologia. 
• Allport (1921, 1927, 1937) – diferenciação da investigação sobre personalidade 
no domínio da psicologia 
o Definição de traço, temperamento, personalidade e caráter 
o Estudo de psicométrico dos traços de personalidade 
o Estudo da organização idiossincrática de traços 
 
Três Ensaios da Teoria da Sexualidade – Sigmund Freud 
 
• Duas abordagens na psicologia da personalidade 
o Estudo de universais e diferenças individuais 
▪ Perspectiva nomotética, quantitativa 
C = a + w1x1 + w2x2 + ... + w0x0 
 
o Estudo dos indivíduos como um todo integrado e único 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 17 de 44 
 
▪ Compreensão da coerência temática da vida individual 
▪ Perspectiva ideográfica, qualitativa 
 
Perspectiva Conceitos fundamentais 
Principais 
autores 
Psicodinâmica Libido, conflito, id, ego, superego, 
inconsciente, mecanismos de defesa, complexo 
de Édipo, fixação, regressão 
Freud, Jung, 
Adler, Erikson, 
Klein 
Humanista Auto atualização, criatividade, 
responsabilidade individual, liberdade, abertura 
à experiência, aceitação, empatia, hierarquia de 
necessidades 
Rogers, Maslow, 
Seligman 
Comportamentalista Aprendizagem, reforço, punição, estímulo-
resposta, condicionamento, extinção, 
generalização, gradientes de aproximação-
evitamento 
Watson, Skinner 
Sócio Cognitiva Expectativa (de resultado), auto eficácia, 
esquema, determinismo recíproco, modelação 
Mischel, 
Bandura, Kelly, 
Beck 
Traços Traço, tipo, fator, neuroticismo, extroversão Allport, Cattell, 
McCrae e Costa 
Biológica/Sócio 
biológica 
Temperamento, evolução, adaptação, 
altruísmo, ciúme sexual, hereditabilidade, 
neurotransmissão 
Eysenck, Gray, 
Buss, Cloninger 
 
Psicanálise tem uma importância histórica, mas depois, especialmente, temos autores 
psicodinâmicos, que são herdeiros da psicanálise e dizem que podem aproveitar os 
conceitos fundamentais da psicanálise. 
Comportamentalismo surge como reação à psicanálise. 
https://psychclassics.yorku.ca 
 
Condicionamento clássico 
• Medos e fobias 
• Dessensibilização 
• De associação à preparação da resposta 
Associações repetidas entre EI e EC dão origem a RC. 
Ensaios reforçados e não reforçados. Se o estímulo condicionado surge repetidas vezes 
sem o estímulo incondicionado, a associação desaparece - extinção 
Recuperação espontânea. 
Generalização. 
 
Condicionamento aversivo 
 
Condicionamento operante/instrumental 
• Aprendizagem relações entre comportamento e recompensas/punições 
• O que (não) funciona? 
 
• Thorndike – lei do efeito 
o Os animais adquirem uma nova resposta se um comportamento realizado 
aleatoriamente resulta em recompensa 
https://psychclassics.yorku.ca/
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 18 de 44 
 
o A tendência para realizar um comportamento aumenta quando está é 
recompensada e diminui quando não é 
 
Extensão do condicionamento operante 
• Reforço positivo (= é dada uma recompensa por determinado ato; a frequência 
do comportamento aumenta) 
• Reforço negativo (= também faz o comportamento aumentar em frequência) 
• Punição (a determinado comportamento é atribuído uma consequência; diminui 
a frequência do comportamento) 
 
• Shapping 
 
• Reforçadores primários e secundários (= reforço primário é um estímulo para o 
qual o nosso corpo está apto para responder, ex.: o doce, dor. Secundário: 
estímulo ao qual passamos a responder por condicionamento clássico, ex.: 
dinheiro) 
 
• Drive 
• Força de resposta – taxa de emissão durante a extinção 
 
• Rácio vs. Intervalo 
• Escalas fixas vs. Variáveis 
 
Crítica 
• Crítica ao pressuposto de que não existe conhecimento inato 
• A aprendizagem basta e a contribuição das características do organismo são 
triviais e elementares. 
• O comportamento pode ser explicado pelo estímulo presente e história de 
reforços passados 
o Bastantes evidentes para conhecimento inato (não aprendido) 
• Critica ao pressuposto que é possível e desejável explicar a vida mental sem 
recorrer a noções como desejos e crenças 
o Outras ciências também recorrem a não observáveis 
o Noções como crença e expectativa fazem sentidopara explicar o 
comportamento complexo 
• Crítica ao pressuposto que os mecanismos de aprendizagem se aplicam em todos 
os domínios, em todas as espécies 
o Efeito Garcia = aversão condicionada ao sabor 
o Fobia = medo irracional 
• O reforço é necessário à aprendizagem 
Não explica comportamento humano complexo (ex. identificar e explicar o efeito 
das variáveis mediadoras dos fatores associados ao risco de violência juvenil). 
 
Crítica aos pressupostos de base 
• Falsificável? 
o Quando aplicadas ao comportamento humanos as noções 
comportamentalistas tornam-se tão vagas que deixam de ser científicas 
(Chomsky, 1959) 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 19 de 44 
 
Neobehaviorismo 
 Introdução de fatores cognitivos (e sociais) na aprendizagem. 
 
Teoria da aprendizagem social 
• Julian Rotter (Expectancy theory of social learning) 
o A maior parte do comportamento humano é aprendido em situações sociais; 
o Reforço: qualquer ação, condição ou estado que afete o movimento em relação a 
um objetivo previamente estabelecido 
o Uma das consequências do reforço é o desenvolvimento de representações mentais, 
atitudes ou discurso interno acerca de que circunstâncias vão ou não ser reforçadas - 
EXPECTATIVA 
 
o The occurrence of the behaviour of a persons determined not only by the nature of 
importance of goals or reinforcements, but also by the person's anticipation or 
expectancy that these goals will occur. Such expectations are determined by 
previous experience and can be quantified. (Rotter, 1954) 
 
 
 
• Locus de controlo (Rotter, 1966) 
o Grau em que um indivíduo acredita que as consequências dos seus comportamentos 
têm causa pessoais, ou se devem a fatores aleatórios, como sorte, boa vontade 
alheia ou destino. 
 
• A aprendizagem social ocorre especialmente quando os indivíduos estão emocionalmente 
ativados (Bandura & Walters, 1963) 
• A maioria dos reforços são de natureza social 
o Aprovação 
o Admiração 
o Sorriso 
o Interesse 
o Aceitação 
 
Modelação (aprendizagem por observação) 
• A imitação (aprendizagem vicariante) é um método de aprendizagem comportamental 
especialmente importante em humanos 
• Distinção entre aquisição de resposta e manifestação da resposta 
• Aquisição de um conjunto de expectativas que uma dada resposta produza um 
determinado tipo de reforço, numa dada situação 
 
 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 20 de 44 
 
Fases da modelação (Bandura, 1971) 
 
 
Crítica 
• Consideração do papel fundamental da situação (variáveis ambientais e sociais) 
• Investigação importante acerca de métodos de ensino de novas respostas e treino em 
modos de funcionamento social efetivos 
• Mediação de características internas da pessoa no esquema estímulo-resposta 
• Interação complexa entre determinantes do comportamento 
 
Akers, 1979. 
 
ccardoso@direito.up.pt 
 
Perspectivas biológicas do comportamento desviante 
Perspectiva Histórica 
• Gall: Frenologia 
o A aparência física e Comportamento criminal 
o As capacidades e comportamento dos indivíduos podia ser avaliada pela forma do 
crânio 
• Lombroso: Atavismo 
o Os criminosos podiam ser distinguidos dos indivíduos não criminosos pelas suas 
características físicas. O homem primitivo. Atavismo, degenerescência. 
Determinismo. 
o O conceito "born criminal", mais tarde referiu que representaria 1/3 da população 
criminal. 
• Ferri e Garófalo: 
o Introduzem fatores sociais para além dos biológicos. Conceito de hereditário 
• Sheldon: 
o Associou a personalidade com as características físicas (endomórfico, ectomórfico, 
mesomórfico) 
• Cortes e Gatti, Glueck e Glueck 
o Associam características... 
 
"As divisões da Ciência não se encontram na natureza, só existem no nosso espírito..." (Claude 
Bernard in "Introdução à Medicina Experimental") 
 
 
Comportamento Humano 
• Meio ambiente: família, escola, local onde vive... 
 
 
 
• Biologia: genética (genômica), proteínas e suas interações (proteômica), neurologia, 
fisiologia, neuropsicofisiologia, ... 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 21 de 44 
 
 
 
Biologia: diferentes níveis de estudo 
• Genes (fatores de risco/proteção; probabilidade de...). Heritabilidade. 
• Interação genes e ambiente 
• Epigenética (relativamente recente - sec. XXI - inscrição ambiental nos genomas; 
processo bioquímico nos genomas que modifica a expressão desses genes) 
• Interação entre proteínas (os neurotransmissores e os seus receptores) e sua função 
• Substrato neurológico 
• Reação fisiológica ao exterior 
• Modelos animais e etologia 
• Como integrar? 
 
 
 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 22 de 44 
 
Sampson: "eficácia coletiva" --> coesão social /controlos informais sociais 
 
Genética do Comportamento 
 
 
Fenótipo: características observáveis 
 
• Familiar não é necessariamente sinônimo de genético. Por quê? 
• Heterogeneidade fenotípica vs. heterogeneidade genética. 
• Prevalência na população. É raro? 
 
 
 
• Estuda o efeito relativo dos fatores genéticos (genótipo) ponderando para a contribuição 
dos fatores ambientais num dado traço fenotípico (ex.: ansiedade, inteligência, 
agressividade, etc.) 
 
• Genótipo: composição genética de um individuo (combinação única de genes ou 
sequências de nucleotídeos) 
• Fenótipo: características observáveis e mensuráveis do indivíduo. 
Os fatores genéticos estão sempre apesar perante os fatores ambientais 
 
Estudos Genéticos e Comportamento Criminal 
Níveis de estudo do problema 
• Estudos de Gêmeos 
• Estudos de Adoção 
• Estudos de Genes Candidatos 
• Modelos Animais 
Genética quantitativa: podemos estatisticamente averiguar fatores ambientas e genéticos. 
Genética molecular: estudos de genes candidatos. 
 
Genética Quantitativa 
• Implica métodos estatísticos que procuram distinguir os efeitos dos fatores genéticos e 
os efeitos dos fatores ambientais. 
• Amostra em estudo é geralmente constituída por gêmeos, irmãos, adotados, e suas 
famílias. 
• A estatística e as taxas de hereditabilidade estimadas referem-se a grupos de pessoas e 
não ao indivíduo em si. Não se refere a zonas particulares do genoma ou a genes, nem a 
fatores ambientais específicos. 
• Permite avaliar a contribuição relativa dos diferentes tipos de influência e a sua relação 
entre si. 
 
Genética Quantitativa 
Genética Molecular 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 23 de 44 
 
Genética Molecular 
• Procura identificar variações em genes específicos que possam influenciar o 
comportamento. 
• Difícil de identificar genes candidatos, pois normalmente há um grande número de 
genes envolvidos. 
• Muitas associações que se têm encontrado por um dado grupo de investigadores não 
têm sido replicadas por outros investigadores independentes. 
• Normalmente não há uma explicação funcional. 
 
Modelos Animais 
• Permitem analisar em termos sistêmicos os efeitos de um dado gene. 
• Podem ser obtidos por diferentes formas, nomeadamente através de cruzamentos 
seletivos ou manipulação de determinados genes (animais knock-out ou animais knock-
in). 
• Apesar das grandes similaridades entre humanos e animais, há bastantes diferenças em 
termos de expressão de genes no organismo e durante as diferentes fases de 
desenvolvimento 
 
Genes candidatos: há um conjunto em que não há um gene. 
Os fatores genéticos que têm sido identificados têm sido constituídos como fatores de risco. 
Não quer dizer que premedita, ou seja, o fator daquilo acontecer. 
Ser fator de risco que dizer que pode aumentar a probabilidade, mas não que seja subjacente a 
ocorrer. 
 
 
 
Genética Quantitativa 
• Implica métodos estatísticos que procuram distinguir os efeitos dos fatores genéticos e 
os efeitos dos fatores ambientais. 
• Amostra em estudo é geralmente constituída por gêmeos, irmãos, adotados, e suas 
famílias.• Hereditabilidade (varia entre 0-1): Proporção de variância atribuída à transmissão de 
fatores genéticos. 
 
• As taxas de hereditabilidade estimadas referem-se a grupos de pessoas e não ao 
indivíduo em si. Não se referem a zonas particulares do genoma ou a genes, nem a 
fatores ambientais específicos. 
• Quando se atribui uma taxa de hereditabilidade de 0,60, significa que numa dada 
população que varia para um dado fenótipo estima-se que 60% desta variação na 
população como um todo é devida a diferenças no seu genótipo. Estes valores 
modificam-se quando novos ambientes se introduzem na população, pois o seu 
cálculo depende da variância atribuída ao ambiente (S²e). 
• Permite avaliar a contribuição relativa dos diferentes tipos de influência e a sua relação 
entre si. 
Estamos a falar em contas, matemática. Genética formal. 
Implica métodos estatísticos. 
É basicamente perceber qual o peso relativo entre um e outro (fator genético e fator ambiental). 
Não avalia só se o comportamento é subjacente ao genético. 
A variância no fundo mede o que varia. (desvio padrão é o q varia em função da média) 
Depende da população que se está a estudar. 
A. Beaver 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 24 de 44 
 
Sabemos a proporção de fatores genéticos e ambientais que são compartilhadas por esses 
indivíduos. 
0.6 ou 0.5 (60% ou 50%) significa q uma dada população varia num dado fenótipo...fatores 
genéticos. 
 
Estudos de Gêmeos 
• Os gêmeos monozigóticos (MZ) são 100% idênticos geneticamente. 
• Os gêmeos dizigóticos (DZ) em média partilham cerca de 50% dos seus genes. 
• Estes estudos permitem avaliar estatisticamente qual a contribuição do ambiente 
(partilhado e não partilhado) e dos genes para um dado comportamento. 
• Partem do pressuposto que gêmeos MZ e DZ partilham de forma similar o mesmo 
ambiente (alguns problemas metodológicos, pois nem sempre o ambiente partilhado é 
similar, discute-se o fato dos gêmeos MZ terem maior similaridade no ambiente social 
partilhado). 
O que varia são os fatores genéticos e consideramos como pressuposto que os fatores 
ambientais partilhados e expressados por esses gêmeos podem ser... 
MZ são tratados de formas mais homogêneas. 
 
• São usados para investigar a contribuição de fatores genéticos e o ambiente (partilhado 
e não partilhado) em relação ao comportamento criminal. 
• Estes estudos suportam a noção de uma componente genética influenciar o 
comportamento criminal. 
Muito qualitativo, muito clínico. 
Importância olhar para fatores ambientais não partilhados. 
 
 
Comparam (ex. AC) nos conjuntos de pares dos dois grupos. 
Quando a taxa de variação estudada é menor (ou taxa de concordância é maior) em um grupo 
que no outro há fatores genéticos subjacentes a comportamentos. 
Verifica-se a consistência da taxa de concordância entre um grupo e outro. 
 
Estudo de Gêmeos e Comportamento Criminal Auto Revelado (Lyons et al. 1996) 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 25 de 44 
 
 
Foi um dos maiores estudos q foi feito na altura e tem um valor muito importante. 
R = taxa de concordância 
Se calcularmos para diferentes tipos de fenótipos e comportamentos criminais, teremos dados 
diferentes. 
 
Criticismos 
• Método na determinação. 
• Gêmeos poderem ter mais complicações na gravidez e no parto (Vogel e Motulsky, 
1979). 
• Enviesamento ambiental: ambiente partilhado mais similar em gêmeos MZ do que em 
gêmeos DZ. 
• Diferenciação de papel: maior similaridade física e ambiental determinar uma 
diminuição da semelhança comportamental, ou seja, haver um esforço na procura da 
diferenciação comportamental. 
• Forma e metodologias para avaliar o comportamento em causa. 
Fazemos agora com a genética forense. Mas há alguns estudos que não são feitos assim, 
principalmente os estudos mais antigos. 
 
Estudos de Adoção 
• Procuram uma melhor separação entre as influências do ambiente vs. genéticas. 
• Partilham o mesmo background genético com os pais biológicos, mas não partilham o 
ambiente. 
• Partilham o mesmo ambiente com os pais adotivos, mas não distintos geneticamente. 
Passam a ser trios: adotados, pais biológicos, pais adotivos. 
Adotados partilham com pais biológicos fatores genéticos e não ambientais e com pais adotivos 
fatores ambientais e não genéticos. 
Se o comportamento dos adotados for mais próximo dos adotivos compartilham mais fatores 
ambientais (empatia, altruísmo). 
Os homens têm sempre mais condenações do que as mulheres. 
Os pais adotivos têm menos taxas de condenações do que os pais biológicos, igualmente 
nas mães, mas com menos diferenças. 
O facto de o pai adotivo ser criminoso aumenta um bocadinho a probabilidade de ser 
condenado. 
Se ambos os pais, biológico e adotivo, forem criminosos a probabilidade dispara. 
A relação entre o nº de condenações dos pais biológicos com o das crianças, correlação 
positiva apenas para os crimes contra a propriedade. 
Todos os estudos de adotados afirmam que a relação entre pais biológicos e crianças 
adotadas ocorre em crimes menos graves. 
 
 
Estudos em adotados e comportamento criminal em adultos 
(adaptado de Ishikawa &Reine 2002) 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 26 de 44 
 
 
 
 
 
 
 
Estudos de Adoção (Mednick et al 1984) 
 Proporção de sujeitos adotados com um registro criminal de acordo com o 
comportamento criminal dos pais biológicos e adotivos (Mednick et al. 1984). 
 
 
 
Nível de condenação. 
 
• Partem do princípio que o ambiente é diferente entre pais biológicos e filhos. 
• Diferentes estudos independentes sugerem que há uma forte componente genética no 
comportamento criminal. 
 
A reincidência também se relacionava entre filhos e pais biológicos 
(estatisticamente significativo em crimes contra a propriedade apenas e não em crimes 
violentos) 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 27 de 44 
 
 
• Quanto mais registros criminais existissem nos pais biológicos mais registros criminais 
eram observados nos filhos. 
• Independente do nível socioeconômico dos pais biológicos e da idade com que a criança 
tinha sido separada da mãe. 
 
Genética Quantitativa 
• Procura estudar a contribuição genética para uma dada característica – hereditabilidade. 
• Examinar a contribuição de fatores psicossociais, tais como a influência da educação 
dos pais pode aumentar os problemas de comportamento tendo em conta as influências 
genéticas. 
• Interações genes → ambiente. 
 
 
 
Dificuldades 
• Definir ambiente: distinguir ambiente partilhado vs. não partilhado. 
• Definir os traços a estudar, que instrumentos. 
• Métodos de seleção das populações em estudo. 
• Como avaliar o fenótipo, por ex. em criminologia através dos registros ou através da 
delinquência auto revelada. 
• Importância do endofenótipo. 
 
Variável fenotípica = ...ainda está numa dimensão mais próximo do biológico. 
 
Genética 
 Das evoluções aos genes. 
 
História 
 Em 1859 Charles Darwin publicou “A Origem das Espécies”. Enfatizou a natureza 
hereditária da variabilidade entre os membros de uma espécie que considerou importante na 
Evolução. 
 
 1865 – Gregor Mendel descobriu e descreveu os Princípios da Hereditariedade. 
 A partir de experiências com ervilhas de jardim em que cruzou linhagens puras 
diferindo em 1-2 características bem definidas e seguindo os cruzamentos em 2 ou mais 
gerações definiu as LEIS DE MENDEL. 
 
Leis de Mendel 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 28 de 44 
 
 Unidade Hereditária: as características dos pais, embora possam deixar de se 
manifestar na primeira geração, podem aparecer completamente inalteradas numa próxima 
geração. 
 Segregação: os dois membros de um único par de genes nunca se encontram no mesmo 
gameta, segregam e passam para gametas diferentes. 
 Distribuição independente: os membros de diferentes pares de genes se distribuemnos gametas independentemente. Há uma recombinação ao acaso dos cromossomos paternos e 
maternos nos gametas. 
 
ADN 
• Ácido Desoxirribonucleico; 
• Contém a informação necessária para manter e perpetuar a vida. 
• Material genético é passado de uma geração para outra. 
• O ADN é um código constituído por 4 nucleotídeos diferentes: Adenina (A), Guanina 
(G), Citosina (C) e Timina (T). 
• A Adenina emparelha sempre com uma Timina e a Guanina emparelha sempre com a 
Citosina. 
• A molécula de ADN é constituída por duas cadeias azotadas (nucleotídeos) dispostas 
em dupla hélice. 
 
Características do ADN 
 
Tem informação biológica para 
formar proteínas 
Código genético: 3 bases 
codificam para um a.a. (proteína) 
Transmissível aos descendentes Encontra-se nas células germinais 
É estável nos organismos vivos Ligações covalentes e pontes de 
hidrogênio 
É capaz de incorporar forma 
estável mudanças 
As bases alteram-se por 
mecanismos conhecidos. Ex.: 
mutações 
 
 
 
Gene 
• Segmento do ADN que contém instruções para fazer uma dada proteína. 
• As proteínas têm funções muito diversas num organismo. 
• Podemos dividir as proteínas em dois grandes grupos: 
o Proteínas estruturais, que compõem a maioria dos materiais sólidos do 
corpo humano, ex. queratina e colágeno, que fazem parte do cabelo, 
tecido muscular, tendões, unhas, ligamentos e pele. 
o Proteínas funcionais responsáveis pela coordenação das operações e 
atividades do corpo humano. Ex.: hemoglobina (presente nas células 
vermelhas responsável pelo transporte de oxigênio), insulina 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 29 de 44 
 
(metabolismo e armazenamento da glucose), enzimas (envolvidas em 
funções metabólicas e fisiológicas), etc. 
 
 
 
Os genes dos Eucariotas contêm zonas codificantes (exões) e zonas não codificantes 
(intrões) 
 
 
 
Célula Eucariota 
 
 
Genoma Humano 
 
Características do DNA Humano 
• 46 cromossomos (23 pares): 1 par de heterossomos (XX, XY) e 22 pares de 
autossomos. 
• 6 bilhões de pares de bases. 
• 1-2 metros de DNA. 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 30 de 44 
 
• ~35.000 genes 
 
Base cromossômica da hereditariedade 
 Cada espécie tem uma constituição cromossômica característica: 
• Cariótipo: varia em relação ao nº e morfologia dos cromossomos, e aos genes e 
sua localização. 
• Locus: posição precisa dos genes ao longo do cromossomo. 
• Alelos: formas alternativas de um gene que ocupam o mesmo locus. Cada 
cromossomo contém apenas um único alelo num determinado locus. 
• Genótipo de um indivíduo é a sua constituição genética. 
• Fenótipo: expressão do genótipo (morfológico, bioquímico ou fisiológico). 
 
O que é um polimorfismo? 
• Para a maioria dos genes, apenas existe uma forma alélica logo a população 
humana tem a mesma composição genética; no entanto para uma pequena fração 
de genes existem pelo menos duas formas alternativas. 
• Para um gene ser considerado polimórfico é necessário que o alelo raro (ou 
menos frequente) tenha uma frequência não inferior a 1%. 
• Variações do ADN: 
o Num dado nucleotídeo (Single Nucleotide Polymorphisms – SNS) 
o Repetições de porções de ADN (Simple sequence repeats – 
microsatellites) 
o Deleções 
• Podem ou não afetar a composição de uma proteína dependendo da sua 
localização (íntrons, éxon) e do tipo de substituição. 
• As variantes genéticas em geral não são boas nem más. Ex.: cor do cabelo, 
grupos sanguíneos. 
 
SNP 
• Alelo materno: ACTTTACTAGGAGAGTTA 
• Alelo paterno: ACTTTACTAAGAGAGTTA 
• O códon GGA → glicina 
• O códon AGA→ arginina 
• Os SNPs são a mais comum fonte de variação genética, maioria dos SNPs não 
afeta o funcionamento celular. 
 
Repetições de porções de ADN 
• Alelo materno: TAGGAATTATTATTATTATTA 
• Alelo paterno: TAGGAATTATTATTA 
• Neste exemplo, a sequência TTA é repetida 5 vezes no caso do alelo materno e 3 
vezes no alelo paterno. Podendo no caso de o alelo paterno falarmos de variante 
“curta” e no alelo materno variante “longa”. 
 
Deleções 
 Ausência de um dado segmento do ADN, pode ser apenas 1bp ou uma região do 
genoma que compreende um ou mais genes. 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 31 de 44 
 
 
 
Noções Básicas em Biologia 
• Alelos: formas alternativas de um gene (DNA codificantes) ou formas diferentes 
de um marcador genético. 
• Alelo Dominante: é um alelo que é expresso tanto em heterozigótica como em 
homozigótica. 
• Alelo Recessivo: alelo que só é expresso em homozigótica. 
• Alelos codominantes: são alelos diferentes que se expressam simultaneamente 
na forma heterozigótica. 
• Genótipo: composição alélica de um locus. 
• Fenótipo: expressão externa do genótipo, isto é, são características 
laboratorialmente observáveis. 
• Genoma: refere-se ao conjunto da informação genética de um indivíduo e 
corresponde à totalidade do seu DNA. 
• Indivíduos Homozigóticos para uma determinada característica: quando os 
alelos de um gene são idênticos. 
• Indivíduos Heterozigóticos para uma determinada característica, quando possui 
dois alelos diferentes para o mesmo gene. 
• Os genes são transmitidos idênticos a si próprios de geração em geração. Por 
vezes, podem ocorrer de forma espontânea alterações (mutações espontâneas) ou 
podem surgir por ação de agentes físicos ou químicos que atuem como agentes 
mutagênicos (mutações induzidas). 
 
Bases da Hereditariedade 
• Os cromossomos passam de uma geração para a outra como unidades intactas. 
• Genes ou marcadores num mesmo cromossomo são herdados conjuntamente. 
• Genes ou marcadores em cromossomos diferentes são herdados 
independentemente. 
• Cada gene está localizado numa posição específica no cromossomo. 
 
Os 23 pares de cromossomos humanos: um dos pares é herdado da mãe e o outro do 
pai. 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 32 de 44 
 
Características do DNA Humano 
• 46 cromossomos (23 pares: 22 autossomos, 1 par de cromossomos sexuais) 
• 6 bilhões de pares de bases. 
• 1-2 metros de DNA (Weatherall, 1991) 
• ~35.000 genes 
 
Regulação Gênica 
• Em resposta a solicitações ambientais (curto prazo) 
• Determinam modificações desenvolvimentais de longo prazo. 
 
• Fatores de transcrição 
• Genes regulatórios 
• Sequencias reguladores: promotores dos genes. 
 
Características Genéticas Simples (Monogênicas ou Mendelianas) 
• Determinadas apenas por um gene 
o Caracterizam-se pela sua transmissão familiar 
o Permite determinar o risco de um membro familiar em particular de ter a 
“característica” se conhecido o modo de hereditariedade. 
• Obedecem às Leis de Mendel. 
• Modos de Transmissão: autossômico dominante, autossômico recessivo e ligado 
ao sexo. 
 
Características Genéticas Complexas 
• Características com um grande número de fatores contributivos. 
• Variantes em vários genes que vão contribuir para um dado fenótipo. 
• Mais do que um fator genético contribui para um dado fenótipo. 
• O comportamento humano e os traços psicológicos incluem-se neste grupo. 
 
Genética Molecular 
• Exige um conhecimento prévio do problema em termos biológicos e bioquímicos de 
forma a poder identificar genes candidatos. 
• Procura identificar variações em genes específicos que possam influenciar o 
comportamento ou traços psicológicos. Fatores de risco. 
• Difícil de identificar genes candidatos, pois normalmente há um grande número de 
genes envolvidos. 
• Muitas associações que se têm encontrado por um dado grupo de investigadores não 
têm sido replicadas por outros investigadores independentes. 
• Normalmente não há uma explicação funcional. 
 
Formas de estudar os genes candidatos 
 Procuram identificar parte do genoma que provavelmente contém o alelo que causa 
susceptibilidade ou que está a contribuir (parcialmente) para determinado traço fenotípico. 
Localização genética. 
• Estudos de Associação 
• Estudos de Linkage (Ligação).• “Hypotheses-free approach”: quando não há suspeita de nenhum gene em particular e 
se procura uma análise de todo o genoma para encontrar possíveis candidatos a 
explorar. Microarray Technology, SNP. 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 33 de 44 
 
Estudos de Associação 
• Comparam a frequência de determinada variante genética num grupo 
homogêneo (casos) para determinado traço fenotípico (agressividade, ansiedade, 
novelty seeking, etc.) com um grupo controle (case-control studies). 
• São estatisticamente poderosos em detectar alelos de susceptibilidade com 
pequeno efeito. Importantes para estudar o efeito de aditivo de vários genes. 
• Não exige o estudo de famílias apenas de casos individuais portadores de 
determinado fenótipo. 
 
• Locus da característica fenotípica está ligado e em desequilíbrio de ligação com 
o locus marcador. 
• O alelo marcador pode estar envolvido na susceptibilidade para o fenótipo. 
• A associação resulta de um artefato estatístico. 
 
Estudo de Linkage (ligação) 
• Através de análise de famílias e da análise de marcadores genéticos 
polimórficos* procura estabelecer a hereditariedade dos fenótipos. 
• Procura perceber se a variação genética estudada acompanha o traço de 
personalidade avaliado (fenótipo). 
• Muitas vezes não é possível estudar famílias, e estudam-se pares de irmão 
(concordantes vs. não concordantes para um dado traço fenotípico). 
• Necessita de grandes séries. 
• Apenas permite identificar polimorfismos que tenham uma grande contribuição 
para o fenótipo. 
 
• Exceção às Leis de Mendel, referente à segregação independente dos genes: 
durante a meiose alguns genes tinham tendência a permanecer juntos e logo 
serem transmitidos conjuntamente. 
 
• Morgan (1911) propôs que esse fato ocorreria no processo de recombinação da 
meiose e que a frequência de recombinação na meiose era proporcional à 
distância física entre os dois loci. 
 
 
 
• Os loci próximos fisicamente no genoma tendem a ser herdados juntos numa 
mesma família (co-segregados). 
• Permite mapear (localizar) analisando a co-segregação de um dado traço 
fenotípico e o marcador genético em famílias. 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 34 de 44 
 
 Os símbolos principais usados no estudo de pedigrees (heredogramas). 
 As diferentes gerações usualmente são numeradas com números romanos e 
os indivíduos em cada geração com úmeros arábicos. Uma seta → pode identificar o 
primeiro caso a ser estudado. 
 
 As técnicas de Microarrays permitem avaliar a expressão de milhares de 
genes em simultâneo. 
 
 
 
Relembrar termos comuns usados na genética 
• Locus: posição precisa dos genes ao longo do cromossomo. 
• Alelos: formas alternativas de um gene que ocupam o mesmo locus. Cada 
cromossomo contém apenas um único alelo num determinado locus. 
• Polimorfismo: variante numa dada posição de um gene. 
• Genótipo de um indivíduo: é a sua constituição genética. 
• Fenótipo: expressão do genótipo (morfológico, bioquímico ou fisiológico). 
 
Genes Candidatos (Neurotransmissores) 
 
Metabolismo da Serotonina e Comportamento Violento: evidência bioquímica 
• Vários estudos reportam níveis baixos de metabolitos da serotonina no SNC em 
associação com comportamento violento e suicídio. 
• Baixo turnover da serotonina foi encontrado associado a impulsividade e 
comportamento violento (Linnoila & Virkkunen 1992) 
• Marcadores de níveis baixos de metabolitos da serotonina (5-hydroxy-
idoleacetic acid: 5-HIAA) no fluido cerebrospinal foram encontrados em jovens 
delinquentes institucionalizados (Unis et al. 1992), homicidas reclusos com 
diagnóstico de personalidade antissocial (O’Keane et al. 1992), doentes 
psiquiátricos agressivos e doentes deprimidos com história de tentativa de 
suicídio (Coccaro & Kavoussi, 1996; Stanley et al. 2000). 
 
• No entanto, Balaban et al. (1996) numa meta-análise de 39 estudos associando o 
5-HIAA e a agressividade mostravam que não havia diferenças significativas 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 35 de 44 
 
entre os valores médios de 5-HIAA entre doentes psiquiátricos impulsivos e 
violentos e outros doentes quando estes valores eram corrigidos para a idade, 
sexo e peso. No entanto os valores destes indivíduos eram mais baixos 
significativamente do que em controlos saudáveis. 
 
Metabolismo da Serotonina e Comportamento Violento: evidência bioquímica 
• População em geral, e não doente psiquiátricos. 
• Violência medida através das condenações criminais e auto revelada. 
• Ponderado para o uso de drogas, contagem de plaquetas, massa corporal, 
doenças psiquiátricas, classe social, crimes não-violentos, e história famílias. 
 
 
 
• Duas medidas distintas do metabolismo da serotonina: no fluido cerebrospinal e 
no sangue. 
• No fluido cerebrospinal mede-se o metabolito da serotonina (5-HIAA) depois 
desta ser libertada na sinapse e ser usada. Significa que se a comunicação entre 
células é pobre então: 
< 5 − 𝐻𝐼𝐴𝐴 = ≫ < 5 − 𝐻𝑇 𝑛𝑎 𝑠𝑖𝑛𝑎𝑝𝑠𝑒 
• O nível de 5-HT plaquetária pensa-se ser similar a 5-HT nos neurônios. Logo 
quanto > 5-HT armazenada, < 5-HT disponível na sinapse, logo menores níveis 
de 5-HIAA. 
 
Regulação dos neurotransmissores na fenda sináptica 
• Através dos Transportadores: 5HTT (no caso da serotonina) que vão fazer a 
receptação do neurotransmissor pra os neurônios pré-sinápticos. 
• Através da ação de Enzimas que degradam os neurotransmissores os 
transformam em produtos inativos. 
 
Sistema Serotoninérgico 
• Síntese e degradação da serotonina, em que as enzimas hidrolise do triptofano 
(síntese) e a Mono-amina oxidase A (degradação) têm um papel fundamental. 
• Re-uptake da serotonina da fenda sináptica, mediada pelo transportador. 
• Receptores da serotonina. 
 
Do mecanismo de síntese da serotonina a identificação dos genes candidatos. 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 36 de 44 
 
 
 
Identificação de Genes Candidatos 
 Brunner et al. 1993: estudos as 6 gerações desta família com este 
comportamento aberrante que incluía atraso mental, comportamento hipersexual e 
agressividade impulsiva. Encontrou uma mutação pontual que resultava num alelo nulo. 
 Apenas os homens eram afetados. As mulheres não tinham estes 
comportamentos. 
Através da metodologia de Linkage, o padrão de transmissão apontava para um 
gene ligado ao sexo. 
Encontrou uma zona no cromossomo X associado a este fenótipo. O gene 
responsável a MAO-A e encontrou uma mutação pontual que resultava num alelo nulo 
(não funcional). 
 
 
 
 
Os homens afetados tinham uma mutação no gene da MAOA que impedia a formação 
desta proteína. 
O gene MAOA encontra-se no cromossomo X e os homens apenas têm uma cópia 
deste. 
Os homens afetados com essa mutação (verde escuro) mostravam um comportamento 
antissocial. 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 37 de 44 
 
 
 
 “As a rule, what is inherited is not a behavior; rather it is the way in which an 
individual respond to the environment.” (retirado de Fisbein DH. 1990. Biological 
Perspectives in Criminology In: Criminological Theories; Ed: Cote S. SAGE 
publications, pag. 47). 
 
Identificação de Genes Candidatos 
MAO-A: Mono-amina Oxidase A 
• MAO-A (Xp11.23-11.4): codifica para uma enzima mitocondrial que metaboliza 
e modula a expressão de neurotransmissores como a noradrenalina, serotonina e 
dopamina. 
• Caspi et al. 2002: Encontra-se um polimorfismo funcional no promotor da 
MAO-A associado a um comportamento antissocial e violento quando os 
indivíduos tinham sofrido maus tratos na infância (replicado por Foley et al. 
2004; Nilsson et al. 2006; Kim-Cohen et al. 2006) 
• Estes estudos evidenciavam o papel deste gene como influenciando a 
vulnerabilidade a condições ambientais adversas. 
• No entanto o genótipo por si não tinha influência no comportamento observado. 
 
 
 
DunedinMultidisciplinary Health and Developmental Study 
 Estudo longitudinal. 
 População estudada: 1037 crianças da Nova Zelândia desde a nascença (nascidas 
em 1972-1973). 
 Estudadas nas idades de 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 18, 21 e 26 anos. 
 Medidas de comportamento: autorrevelado, entrevista, revelado pelos pais e 
pelos professores. 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 38 de 44 
 
 Recolha de DNA. 
 
 
 
MAOA, childhood maltreatment and personality disposition towards violence 
 The disposition toward violence at high maltreatment is higher if MAOA 
activity is low. 
 Interaction (b = -0,24, SE = 0,15, t = 1,62, p = 0,10) 
 
 
 
 
 
 Odds ratio (OR) entre indivíduos do sexo masculino que sofreram maus tratos na 
infância e os que não sofreram. 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 39 de 44 
 
 
 OR: mede a razão da probabilidade de um evento ocorrer mais frequentemente 
no grupo experimental (p) do que no grupo controlo (q). 𝑂𝑅 = 𝑝(1 − 𝑞)/𝑞(1 − 𝑝) 
 
 
 
Identificação de Genes Candidatos 
MAO-A: Mono-amina Oxidase A 
• MAO-A (Xp11.23-11.4): codifica para uma enzima mitocondrial que metaboliza 
e modula a expressão de neurotransmissores como a noradrenalina, serotonina e 
dopamina. 
• Brunner et al. 1993: encontrou uma mutação pontual que resultava num alelo 
nulo numa família com um comportamento aberrante que incluía atraso mental, 
comportamento hipersexual e agressividade impulsiva. 
• Caspi et al. 2002: Encontra-se um polimorfismo funcional no promotor da 
MAO-A associado a um comportamento antissocial e violento quando os 
indivíduos tinham sofrido maus tratos na infância (replicado por Foley et al. 
2004; Nilsson et al. 2006; Kim-Cohen et al. 2006) 
• Cases et al. 1995: ratinhos knock-out para a MAO-A tinham um comportamento 
agressivo. 
• Newman et al. 2005: estudos com Rhesus Monkeys encontram que a mesma 
variante funcional (ortóloga com a humana) em animais sujeitos a diferentes 
condições ambientais (criados com a mãe vs criados com os outros animais) 
tinha um impacto no comportamento agressivo (manifesta através da competição 
pela comida e pelo espaço em jaula). 
 
 
 
Transportador da Serotonina 
• Gene do Transportador da Serotonina (5-HTT) (17q12): transportador está 
localizado na zona externa da membrana dos neurônios pré-sinápticos 
controlando a serotonina disponível na sinapse regulando o re-uptake da 
serotonina. 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 40 de 44 
 
• Polimorfismo: consiste na inserção/deleção de 44bp, sendo denominados os 
alelos S (short) e L (long) de acordo com o seu tamanho. Frequências alélicas na 
população: S=0,43 e L=0,57. 
• A atividade basal da forma L é duas vezes superior à da forma S. 
o Lesch et al. 1996: encontra um polimorfismo funcional (portadores da 
forma curta-S) no promotor deste gene associado ao Neuroticismo, 
ansiedade e harmavoidance. 
o Retz et al. 2004: Associação desta variante com o comportamento 
violento. 
o Beitchman et al. 2006: Associação desta variante com o comportamento 
agressivo na infância. 
• Também encontrado associado à depressão e suicídio em relação a 
acontecimentos de vida adversos. (Caspi et al. 2003) 
 
O transportador da serotonina é variável. 
 
 
 
 
Serotonina está envolvida em muitos aspectos relacionados com personalidade e 
comportamento, como ansiedade, depressão, impulsividade e adição. 
 
Diferentes variantes genéticas no transportador da serotonina levam a diferentes 
níveis de atividade. 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 41 de 44 
 
 
 
Transportador da Serotonina (5-HTT) 
• Lesch et al. 1996: Encontra um polimorfismo funcional (portadores da forma 
curta-S) no promotor deste gene associado ao Neuroticismo, ansiedade e harm 
avoidance. 
• Associação da variante S com alcoolismo (Lesch & Mosser 1998; Tucker et al. 
1998) 
• Retz et al. 2004: Associação desta variante com o comportamento violento. 
• Beitchman et al. 2006: Associação desta variante com o comportamento 
agressivo na infância. 
• Também encontrado associado à depressão e suicídio em relação a 
acontecimentos de vida adversos. (Caspi et al. 2003). 
• Ratinhos cuja inibição transiente do 5-HTT tinham comportamentos emocionais 
aberrantes (Ansorge et al. 2004), mimetizando os ratinhos k.o. para este gene. 
 
Efeitos dos maus tratos na infância na depressão moderada pelo gene 5-HTT 
(Caspi et al., 2003) 
 
 
 
Efeito do stress na depressão moderados pelo gene 5-HTT (Caspi et al., 2003) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 42 de 44 
 
Outros genes 
• Hidrolise do Triptofano (TPH) e agressividade. 
• Receptor da Dopamina D4 (DRD4) (éxon 3, promotor) e altos scores para o 
traço novelty seeking; ADHD. 
• Catechol-O-methyltransferase (COMT): variante que leva baixa atividade 
enzimática e comportamento agressivo em doentes esquizofrênicos. 
 
• No entanto estes achados apenas contribuem para cerca de 10% do 
comportamento observado. 
• Uma relação causa direta é muito pouco provável tendo em conta a 
complexidade de mecanismos envolvidos. 
• Influência poligênica. 
• Interações Gene-Ambiente. 
 
 
Sistema Dopaminérgico 
• Tem sido associado a alguns comportamentos como adição, agressividade e 
impulsividade. 
• Faz parte do sistema de recompensa. 
• Picos de dopamina nos neurônios dopaminérgicos conduzem a gratificação 
corporal conduzindo à repetição das ações e comportamentos associados. 
• Dopamina participa em funções regulares como coordenação das capacidades 
motoras, controlo de movimentos, manter a concentração nas competências 
ligadas à resolução de problemas. 
• Também faz parte do sistema de recompensa/prazer associado a numerosas 
ações humanas. 
• Homeostasia. 
• Procura de genes candidatos: 
o Transportador da Dopamina (DAT1) 
o DRD2 
o DRD4 
o Possuem polimorfismos funcionais. 
 
The DRD4 Dopamine Receptor Gene. 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 43 de 44 
 
 
 
O número de genes que possam contribuir para um dado comportamento é 
desconhecido. 
 
 
 
 
 Faculdade de Direito da Universidade do Porto 
Página 44 de 44 
 
 
 
Correlação gene e ambiente 
• Implica a noção de que o ambiente onde o indivíduo se insere é influenciado 
pelo próprio indivíduo (e pelas suas características genéticas). Ou seja, os fatores 
genéticos têm também impacto na forma como os indivíduos selecionam, 
modificam e recriam os seus próprios ambientes. 
o Passiva 
o Evocativa 
o Ativa 
 
Interação Gene x Ambiente

Outros materiais