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Página 1 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Diagnóstico laboratorial O diagnóstico laboratorial de doenças infecciosas envolve duas abordagens principais: Abordagem bacteriológica (microbiológica): Organismo é identificado por meio de técnicas de coloração e cultivo. Nem todas as patologias são possíveis de serem visualizadas por esse método. Muito eficaz em fungos e bactérias, vírus são mais difíceis, bactérias intracelulares também, difícil crescimento em meio externo (exemplo Clamídias e Rickéttsias). Abordagem imunológica (sorológica): Organismo é identificado pela detecção de anticorpos contra o organismo no soro do paciente (presença do complexo antígeno-anticorpo, epítopos). Ligação= aglutinação. ETAPAS IMPORTANTES QUE ANTECEDEM O TRABALHO LABORATORIAL Escolha do espécime apropriado a ser examinado, o que requer um entendimento a respeito da patogênese da infecção; Coleta do espécime de modo apropriado (muito importante), a fim de evitar a contaminação pela microbiota normal (uso de agulhas contaminadas, por exemplo); coleta de escarro é difícil; Transporte do espécime rapidamente ao laboratório, ou sua armazenagem correta (temperaturas, etc); Fornecimento de informações essenciais para orientar os profissionais do laboratório. Cuidado com a contaminação na análise laboratorial. ABORDAGENS ADOTADAS PELO TRABALHO DESENVOLVIDO NO LABORATÓRIO BACTERIOLÓGICO 1. Observação do organismo ao microscópio após coloração (análise da morfologia); 2. Obtenção de uma cultura pura do organismo pela inoculação em um meio bacteriológico (induzir ou inibir o crescimento bacteriano); 3. Identificação do organismo por intermédio de reações bioquímicas, crescimento em meios seletivos, sondas de DNA, ou reações com anticorpos específicos. Nem todos os MO são capazes de crescer em meios seletivos, logo, não conseguem ser identificados por essas técnicas. ABORDAGEM GERAL PARA O DIAGNÓSTICO 1. Obtenção de uma espécie a partir do local infectado; 2. Coloração do espécime, empregando o procedimento apropriada. Identificar a forma, tamanho, organização, entre outros; 3. Cultura do espécime em meios apropriados. As placas devem ser semeadas de modo que permitam a obtenção de colônias isoladas. Ex: presença ou ausência de O2; 4. Identificação do microrganismo por meio de testes apropriados (ex: testes baseados em anticorpos- como aglutinação ou imunofluorescência). Observar características especiais, como hemólise e produção de pigmentos. 5. Realização de teste de suscetibilidade a antibióticos. Infecção bacteriana quando a cultura for negativa: 1. Detectar anticorpos no soro do paciente. Anticorpos do tipo IgM indica uma infecção em curso; 2. Detectar antígenos no espérmice do paciente. Utilizar anticorpos conhecidos para detectar a presença de antígenos dos microrganismos; 3. Detectar ácidos nucleicos no espérmice do paciente. Utilizar a reação em cadeia da polimerase (PCR) e sondas de DNA para detectar o DNA ou RNA do organismo. PCR produzida quando há inflamação aguda. OBSERVAÇÃO AO MICROSCÓPIO Só podem ser utilizados em bactérias que não são intracelulares obrigatórias, vírus não podem ser visualizados também. Método Gram: análise se é + ou -; forma da bactéria, cocos ou bacilos. Morfologia; Método Ziehl-Neelsen: micobactérias (ácido resistentes). Ex: tuberculose; Campo escuro- Fluorescência: formato da bactéria. Espiroquetas da sífilis. Culturas: por esgotamento (para conseguir analisar as colônias isoladas) Agar MacConkey: utilizado no crescimento de bactérias gram-negativas, seletivo, inibe a proliferação de gram-positivas, se houver Página 2 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV crescimento nessa cultura a bactéria é gram- negativa. Além disso, consegue distinguir se a bactéria degrada ou não a lactose. As que não fermentam a lactose e são patogênicas (mais comuns) são a Salmonella e a Shigella. Agar sangue: presença de hemácias, não possuem núcleo e organelas que permitam o crescimento do MO. Podemos analisar ainda se há lise ou não de parte das hemácias (formação do halo), podendo ser beta (lise completa) ou alfa hemolítico (lise parcial), ou se não é hemolítico. TESTE BIOQUÍMICO Catalase: utilizado em gram positivas; estafilococos (borbulha) é catalase positiva, estreptococcus são catalase negativos. TSI: utilizados em gram negativas. MÉTODOS BACTERILÓGICOS Hemoculturas- MO patogênicos no sangue Mais frequência em suspeita de: Sépsis; Endocardite; Oosteomielite; Meningite; Pneumonia. Os organismos mais frequentemente encontrados: Cocos gram-positivos: Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae; Bacilos gram-negativos: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. Uso de uma espécie de caldo que permite distinção entre MO aeróbios e anaeróbios. Pode-se identificar se é sensível a algum antibiótico ou não. Uso de SWAB e coloração Agar Sangue. Culturas de Garganta: utilizadas principalmente para detectar a presença de Estreptococos beta-hemolíticos do grupo A (Streptococcus pyogenes). E também em suspeita de: difteria; faringite gonocóccica ou monilíase (Cândida). Se for Streptococcus pyogenes não se faz coloração, pois outros tipos de Streptococcus não patogênicos podem estar presentes; Culturas de escarro: suspeita de pneumonia ou tuberculose. Mais frequente na comunidade causado por S. pneumoniae. Difícil coleta, pois deve ser de qualidade, sem saliva, apenas escarro. Uso de método lavado e escovado para auxílio na coleta e envio ao laboratório. Pela via brônquica. Patológico. Feito por um pneumologista. Adquiridos em ambiente hospitalar: S. aureus e bacilos gram-negativos, como K pneumoniae e P. aeruginosa. Um espécime confiável apresenta mais de 25 leucócitos e menos de 10 células epiteliais por campo, em um aumento de 100x. Culturas de liquor (LCR): suspeita de meningite. Causas mais importantes meningite bacteriana: Neisseria meningitidis; S. Pneumoniae; Haemophilus influenzae. Nos casos de meningite subaguda: Mycobacterium tuberculosis e o fungo Cryptococcus neoformans são os organismos mais comumente isolados. Culturas de Fezes: em casos de enterocolite. Os patógenos bacterianos mais comuns responsáveis por diarreias são: Shigella; Salmonella; Campylobacter. Exame microscópico direto das fezes pode ser informativo sob dois pontos de vista: Coloração com azul de metileno, que revela muitos leucócitos, indica o envolvimento de um organismo invasivo, em vez de toxigênico; Coloração de Gram pode revelar grandes números de certos organismos, como estafilococos, clostrídios ou campilobactérias (utilização para saber qual o MO), maiorias são gram-negativos, logo, esse método gram não é muito utilizado, os específicos como de fermentação de lactose são mais úteis. Culturas de urina: são realizadas principalmente diante da suspeita de pielonefrite ou cistite. A causa mais frequente: Página 3 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV E. coli; Enterobacterias; Proteus; Enterococcus faecalis. Cuidar com a contaminação. Culturas do trato genital: são realizadas principalmente com espécimes coletados de indivíduos que apresentam secreções anormais, ou em espécimes dos contatos assintomáticos de um indivíduoportando uma doença sexualmente transmitida. Um dos patógenos mais importantes do trato genital é: Neisseria gonorrhoeae. Culturas de ferimentos e abscessos: uma grande variedade de organismos está envolvida em infecções de ferimentos e abscessos. Os abscessos no cérebro, nos pulmões e no abdômen: Bacteroides fragilis, e cocos gram- positivos, como S. aureus e S. pyogenes. As infecções de ferimentos traumáticos abertos: Clostridium perfringens. As infecções de feridas cirúrgicas: S. aureus. As infecções no sítio de mordedura humanas: organismos anaeróbios da cavidade oral. MÉTODOS IMUNOLÓGICOS Existem essencialmente duas abordagens básicas: ● Utilização de anticorpos conhecidos para identificar o microrganismo. ● Utilização de antígenos conhecidos para detectar a presença de anticorpos no soro do paciente. Testes de aglutinação, se coagulou, aglutinou é positivo, se não o fizer é negativo. Teste de aglutinação de látex. Pesquisa de anticorpo anti-HIV. ELISA (cromógeno, coloração) Uma enzima de fácil detecção é ligada a um anticorpo específico, o qual é utilizado para detectar a presença do antígeno homólogo. Esse teste é útil para a detecção de uma ampla variedade de infecções bacterianas, virais e fúngicas. Teste ELISA e depois PCR para confirmar o diagnóstico. Negativo: branco Positivo: marrom Página 4 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Doenças microbianas do Sistema Respiratório DOENÇAS BACTERIANAS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR Trato respiratório superior= localiza-se fora da caixa torácica e compreende o nariz externo, a cavidade nasal, faringe e laringe. Faringite estreptocócica Agente: Estreptococos do grupo A, Streptococcus pyogenes. Características: Cocos gram-positivos em cadeias; Colônias beta-hemolíticas em ágar-sangue; Catalase negativo; Sensível à bacitracina (se o MO não for sensível será do grupo B). Diagnóstico laboratorial: testes rápidos de ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (ELISA) para antígenos estreptocócicos do grupo A em swabs de garganta. O ensaio de detecção de anticorpos no soro do paciente não é realizado em infecções supurativas. Patogenicidade acentuada por sua resistência à fagocitose. Também são capazes de produzir enzimas especiais, as estreptoquinases, que lisam coágulos de fibrina, e estreptolisinas, que são citotóxicas para as células dos tecidos, hemácias e leucócitos protetores; e Proteína M. Sintomas: Inflamação das membranas mucosas e febre; tonsilite e otite media também podem ocorrer. Início abrupto: disfagia, febre alta, calafrios, dores musculares e dor de cabeça. Crianças mais novas, podem surgir dores abdominais, náuseas e vômitos. A febre costuma durar três a cinco dias, e a disfagia diminui gradativamente de intensidade até desaparecer depois de uma semana. Febre Escarlate/Escarlatina Streptococcus pyogenes (grupo-A Streptococcus). Causa infecção na garganta, febre e erupções típicas na pele. Bactéria gram-positiva esférica (coccus). Provoca doenças supurativas e não supurativas; Beta-hemolítica; Catalase-negativo; Sensível à bacitracina; Toxina eritrogênica (superantígeno) causa a erupção; Surgimento independe da ação direta do estreptococo - reação de hipersensibilidade às toxinas produzidas; Complicações raras, mas graves; Pode progredir para demais complicações como febre reumática, otite e sinusite; Não possui vacina toxoide; Toxoide Superantígeno (TSST) liga-se às proteínas do MHC, liberando altas quantidades de IL-1 e IL-2. Acomete especialmente crianças em idade escolar, sendo altamente contagiosa. A maioria dos acometidos pela bactéria não desenvolve escarlatina. Transmissão: saliva; secreção nasal. Sintomas: febre alta; dor de garganta; vômitos; dor de barriga; prostração; erupção cutânea iniciando no pescoço e tronco e progredindo à face e membros, língua avermelhada. Diagnóstico: observação clínica majoritariamente; esfregaço da nasofaringe, colhido por swab para pesquisa de estreptococo; exames de sangue (teste sorológico). Tratamento: penicilina (em alérgicos- eritromicina); alívios sintomatológicos com analgésicos e antitérmicos. Prevenção: evitar contato com portadores, sintomáticos ou não. Otite Média Agente: S. pneumoniae (cerca de 35% dos casos), H. influenzae não encapsulado, tipo B (20 a 30%), Moraxella catarrhalis (10 a 15%), S. pyogenes (8 a 10%) e S. aureus (1 a 2%). Vírus sincicial respiratório (RSV). Causada por vírus ou bactérias, sem diferenças na manifestação clínica; Página 5 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Existe uma vacina conjugada que se destina a prevenir a pneumonia causada por S. pneumoniae. A vacina apresenta o efeito colateral benéfico de reduzir a incidência de otite média em 6 a 7%. Organismo produz IgA protease, que degrada IgA secretória, facilitando a adesão à mucosa; Geralmente linhagens sem cápsulas causam OMA; Sem produção de exotoxina; Maior incidência entre 6 meses e 6 anos. A condição é mais frequente na infância, pois a tuba auditiva, que conecta a orelha média à garganta, é pequena e mais horizontal que nos adultos, sendo mais facilmente bloqueada pela infecção. A colonização ocorre após a infiltração e adesão da bactéria no epitélio atrás do tímpano, no qual começa a se proliferar, desencadeando um processo inflamatório. Transmissão: saliva; secreção nasal. Sintomas: Dor de ouvido; Tímpano avermelhado e abaulado; Perda de audição; Irritabilidade; Febre; Náusea; Vômito; Rompimento do tímpano; Dor de cabeça. Acúmulo de pus causa pressão no conduto auditivo 3 a 5% causadas por vírus. Causa perda da audição. Diagnóstico: observação clínica; diagnóstico laboratorial= cultura e busca por polissacarídeo capsular no soro ou líquor. Tratamento: amoxilina-clavulanato; trimetoprim- sulfamexazol; alívio sintomatológico com analgésico, anti-histamínico. Prevenção: profilaxia de contato com rifampina; vacina contra pneumococos; evitar que bebê adormeça mamando (evita refluxo, e que o líquido atinja a tuba auditiva e inflame favorecendo a OMA); evitar fumar próximo de crianças (irrita as vias aéreas); tubos de timpanostomia. Difteria Agente: Corynebacterium diphtheriae. Atinge amígdalas, faringe, laringe, nariz e (ocasionalmente) outras partes do corpo, como pele e mucosas. Acontece com mais frequência nos meses frios e secos. Letalidade varia de 5 a 10% dos casos. Características: Bacilo gram-positivo não formador de esporos. Sua morfologia e pleomórfica, frequentemente claviforme, e que não se cora homogeneamente. Patogenia: colonização da mucosa do trato respiratório superior e produção da exotoxina que inibe a síntese proteica adicionando ADPribose ao fator de elongação 2 (EF-2). Ação local: necrose tecidual no sítio da liberação, causando danos linfáticos e capilares; exsudato fibrino-purulento; estrutura de pseudomembrana; diagnóstico clínico. Ação sistêmica: absorção; sítios-alvo. membrana acinzentada rígida, que se forma na garganta em resposta à infecção, contém fibrina e células humanas e bacterianas mortas e pode bloquear a passagem de ar. Membrana sobre as tonsilas. Embora as bactérias não invadam os tecidos, aquelas que foram infectadas por um fago lisogênico podem produzir uma exotoxina potente, que circula na corrente sanguínea e interfere na síntese de proteínas. Essa inibição pode resultar em dano aocoração, aos rins ou aos nervos. Imunização inclui o toxoide diftérico na vacina DTaP (difteria; tétano e coqueluche). Toxina inativada. Transmissão: contato com infectados; via gotículas de saliva. Sintomas, após 6 dias de infecção: Membrana grossa e acinzentada, cobrindo as amígdalas e outras estruturas; Dor de garganta discreta; Glânglios inchados; Dificuldade em respirar; Palidez; Febre não muito elevada; Mal-estar geral. Virulência: toxina diftérica. Somente 0,01 mg dessa toxina altamente virulenta pode ser fatal. A toxina diftérica é liberada quando se liga ao seu receptor e é endocitada. Uma vez presente dentro da célula, irá inibir a síntese de Página 6 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV proteínas celulares, acarretando a morte celular. Para que a terapia antitoxina seja eficaz, ela deve ser administrada antes que a toxina entre nas células dos tecidos. Formas clínicas da difteria: forma faringoamigdaliana ou diftérica: É a forma mais comum. Após 24h, já se nota a implantação da pseudomembrana. Podem causar complicações como miocardite (por desprendimento da pseudomembrana), neurites (determina paralisias), renais (albuminuria). Diagnóstico laboratoriais: bacterioscopia direta, possui baixa especificidade. A identificação é complicada pela necessidade de se distinguir entre os isolados produtores de toxina e as linhagens que não são toxigênicas; ambos podem ser encontrados no mesmo paciente. Coleta de secreção da oro e nasofaringe; Isolamento. Diagnostico ouro; Teste de toxigenicidade: saber se o bacilo é produtor ou não da toxina. Tratamento: soro diftérico (SAD): via EV, hospitalar, não possui mais efeito sobre as toxinas já ligadas aos seus receptores. Antibióticos como a penicilina e a eritromicina controlem o crescimento das bactérias, mas não neutralizam a toxina diftérica. DOENÇAS VIRAIS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR Resfriado comum Infecção viral benigna e autolimitada do trato respiratório superior. Etiologia: 50% de todos os resfriados são causados por rhinovirus. Coronavirus causam outros 15 a 20%. Podem ser mais de 200 agentes causadores da doença. Período de incubação de 24-72h. Pico de transmissão entre 2º e 3º dias. Duração 3-10 dias. Os rinovírus multiplicam-se muito bem a uma temperatura levemente abaixo da temperatura normal do corpo, como a que pode ser encontrada no trato respiratório superior, que está desprotegido em relação ao ambiente externo. Uma única partícula de rinovírus depositada na mucosa nasal geralmente é suficiente para causar um resfriado. Fisiopatologia: receptores ICAM-1 ou CD54 nas células epiteliais respiratórias. O vírus se adere as células do epitélio respiratório, geralmente na mucosa nasal, e inicia-se a inflamação, com a liberação de citocinas. Transmissão: gotículas produzidas pela tosse e espirros, ou pelo contato de mãos contaminadas com a via aérea de indivíduos sadios. Sintomas: espirros, secreção nasal e congestão. O resfriado sem complicações geralmente não é acompanhado de febre. A infecção pode se espalhar da garganta para os seios faciais, o trato respiratório inferior e o ouvido médio, provocando laringite e otite média. Diagnóstico: Clínico baseado em sinais e sintomas; Exame físico detectando congestão da mucosa nasal e faríngea e hiperemia das membranas timpânicas. Tratamento: Antivirais reduzem a multiplicação do vírus, mas não o matam. Pastilhas de zinco ou vitamina C (fortalecer o sistema imune); Xaropes antitussígenos, anti-histamínicos, descongestionantes nasais. Apenas para alivio dos sintomas. Repouso e hidratação. Prevenção: lavar as mãos frequentemente; utilizar álcool em gel; alimentar-se e dormir adequadamente. Aumento de casos de resfriado comum no frio devido: No ar seco (baixa umidade) as gotículas são menores e permanecem no ar por mais tempo, facilitando a transmissão de pessoa por pessoa. O ar mais frio faz com que os cílios do trato respiratório trabalhem mais lentamente, permitindo que as partículas virais inaladas se espalhem. DOENÇAS MICROBIANAS DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR Trato respiratório inferior= compreende as estruturas que estão localizadas dentro da caixa torácica como a traqueia, Brônquios, Bronquíolos e Alvéolos. Página 7 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Coqueluche ou Pertussis (tosse comprida) Agente etiológico: Bordetella pertussis, bactéria do tipo bacilo gram-negativo pequeno. É um patógeno apenas de humanos. As linhagens virulentas possuem uma cápsula. As bactérias fixam-se especificamente às células ciliadas da traqueia, impedindo, inicialmente, a sua ação ciliar e, em seguida, destruindo progressivamente as células. A citotoxina traqueal, porção da parede celular da bactéria, é responsável pelos danos às células ciliadas, e a toxina pertussis entra na corrente sanguínea e está associada aos sintomas sistêmicos da doença; causa aumento da produção e secreção de muco. Transmissão: gotículas disseminadas pelo ar, produzidas durante episódios de tosse. Epidemiologia: é uma doença altamente contagiosa que ocorre principalmente em bebês e crianças pequenas, e exibe distribuição mundial. Pode ser bastante grave. Virulência: A adesão do organismo aos cílios das células epiteliais é mediada pela hemaglutinina filamentosa presente no pili. Anticorpos contra a hemaglutinina filamentosa inibem a adesão e protegem contra a doença. A toxina pertussis causa linfocitose no sangue, através da inibição da transdução de sinal pelos receptores de quimiocina, resultando na incapacidade de os linfócitos penetrarem no tecido linfoide, aumentando seu número no sangue. Sintomas: se inicia com coriza e tosse. As tosses são acompanhadas de grande quantidade de muco. estágio catarral (inicial)= assemelha-se a um resfriado comum. estágio paroxístico= acessos prolongados de tosse. Perdura de 1 a 4 semanas. Estágio de convalescência= pode durar meses. Quando a ação ciliar é comprometida, o muco acumula-se, e a pessoa infectada tenta desesperadamente tossir esses acúmulos de muco. A violência da tosse em crianças pequenas pode até resultar em costelas quebradas. A ânsia por ar entre as tosses causa um som uivante. Uma vez que os lactentes são menos capazes de lidar com o esforço da tosse para manter uma via aérea, ocasionalmente eles sofrem de lesões irreversíveis no cérebro. Diagnóstico: baseado principalmente nos sinais clínicos e nos sintomas. O patógeno pode ser cultivado a partir de swabs de garganta, coletadas com o auxílio de uma alça fina, que é inserida no nariz e mantida na garganta enquanto o paciente está tossindo. o método de PCR também pode ser utilizado para testar a amostra para a presença do patógeno, um procedimento requerido para o diagnóstico da doença em lactentes. A identificação do microrganismo isolado pode ser realizada por aglutinação com o antissoro específico ou por coloração com anticorpo fluorescente. O isolamento do microrganismo em pacientes com tosse prolongada é difícil. Tratamento: Eritromicina ou azitromicina: não é efetivo após o início do estágio de tosse paroxístico, porém pode reduzir a transmissão. É útil na prevenção da doença em indivíduos não imunizados e exposto. Cuidados de apoio: oxigenoterapia e sucção do muco durante o estágio paroxístico, são importantes, especialmente em bebês. Profilaxia: Existem duas vacinas: uma vacina acelular(menos efeitos colaterais) contendo proteínas purificadas derivadas do organismo e uma vacina morta contendo B. pertussis inativados. A vacina contra a coqueluche é geralmente administrada em combinação com os toxoides diftérico e tetânico (tríplice bacteriana ou DPT) em três doses. Tuberculose Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis. Bactérias ácido resistentes e, também, resistentes a desidratação. É um bacilo delgado, aeróbio obrigatório. Parede celular apresenta ácido micólico, fosfatídeos, proteínas (antígenos). Sintomas: Tosse seca contínua no início que evolui para tosse com presença de secreção por mais de quatro semanas; Febre baixa; Sudorese noturna; Emagrecimento acentuado; Rouquidão; Cansaço excessivo. Casos graves: dificuldade na respiração; colapso do pulmão. O escarro pode ser sanguinolento. Página 8 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Transmissão: horizontal, de pessoa para pessoa, por meio de gotículas de saliva. Patogênese: Não produz endotoxinas e exotoxinas; Infecta macrófagos nos pulmões e se desenvolve no interior dessas células, no fagossomo; Lesão exsudativa, resposta inflamatória aguda, ocorre, principalmente, nos pulmões. Lesão granulomatosa, área central com células gigantes contendo bacilos tuberculosos circundada por células epitelioides. Formação do tubérculo: granuloma circundado por tecido fibroso com necrose caseosa no centro. O hospedeiro isola os patógenos em uma lesão fechada, chamada de tubérculo. Quando a doença é interrompida neste momento, as lesões cicatrizam lentamente, tornando-se calcificadas. Se as defesas do corpo falham nesse estágio, o tubérculo rompe-se e libera bacilos virulentos nas vias aéreas do pulmão e, então, nos sistemas circulatório e linfático. Diagnóstico: Teste cutâneo de tuberculina (PPD): Quando positivo, indica infecção previa, mas não necessariamente a doença ativa. Se mostra positivo 4-6 semanas após a infecção. Exames como baciloscopia, teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB), cultura para micobactérias e raio x do tórax. Teste QuantiFERON-TB (QFT), mede a quantidade de γ-interferon liberada pelos linfócitos do paciente, identificação da tuberculose latente. Tratamento: feito por antibiótico e tem duração de 6 meses. O abandono ou irregularidades no tratamento pode resultar em um agravo na doença e no desenvolvimento de tuberculose resistente as drogas utilizadas. Prevenção: Vacina BCG - induzir resistência parcial à tuberculose - contém uma linhagem de M. bovis viva e atenuada. Deve ser aplicada em crianças ao nascer ou até os 4 anos de idade. É eficaz na prevenção do surgimento de tuberculose na forma de uma doença clínica, especialmente em crianças, embora não previna a infecção por M. tuberculosis. Pneumonia de várias causas A pneumonia é uma doença inflamatória aguda que atinge o espaço alveolar ou o intertício pulmonar causada por microorganismos (vírus, bactérias, fungos, protozoários) ou pela inalação de produtos tóxicos que comprometem os espaços aéreos dos pulmões. Divide- se em pneumonia comunitária e pneumonia hospitalar. Principais agentes etiológicos: Streptococcus pneumoniae (pneumococo); Mycoplasma pneumoniae; Haemophilus influenzae; Clamydia pneumoniae. Difícil transmissão. Pneumonia pneumocócica Pneumonia causada por S. pneumoniae. Envolve ambos os brônquios e os alvéolos. Bactéria ovoide gram-positiva. Esta bactéria também causa otite media, meningite e sepse. Ocorre com frequência aumentada em pacientes com: doenças crônicas (ICC, Diabetes), defeitos na produção de imunoglobulinas. Ainda em pacientes com função diminuída ou ausência do baço (produz moléculas responsáveis por opsonização). Os pulmões tem um aspecto avermelhado, os alvéolos se enchem com algumas hemácias e neutrófilos e liquido dos tecidos circundantes. Os pneumococos podem invadir a corrente sanguínea, a cavidade pleural que circunda o pulmão e, ocasionalmente, as meninges. Sintomas: febre alta, dificuldade de respirar e dor torácica e escarro cor ferrugem, devido ao sangue proveniente dos pulmões, vindo com a tosse. Diagnóstico: pode ser feito por meio do isolamento do pneumococo a partir de amostras de garganta, escarro e outros fluidos. Os pneumococos podem ser diferenciados de outros estreptococos α-hemolíticos observando-se a inibição do crescimento próximo a um disco de optoquina. Virulência: existem muitos portadores saudáveis de pneumococos. A virulência das bactérias parece ser baseada principalmente na resistência do portador, que pode ser reduzida pelo estresse. Muitas doenças de adultos mais idosos terminam em pneumonia pneumocócica. Página 9 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Uma vacina pneumocócica conjugada foi introduzida recentemente e tem sido efetiva na prevenção da infecção pelos sete sorotipos que ela contém. Redução de outras doenças, como a otite média, atribuída aos pneumococos. Pneumonia por Haemophilus influenzae São importantes causas de pneumonias na comunidade (capsulados ou acapsulados). Cocobacilo gram-negativo. Suscetíveis em pacientes em condições como alcoolismo, desnutrição, câncer ou diabetes. Bactéria piogênica (produz pus). Produz IgA protease (degrada esse anticorpo). Pode penetrar na corrente sanguínea e chegar as meninges, acometendo o SNC. Microbiota da nasofaringe e conjuntiva. Tratamento com cefalosporinas de segunda geração, pois são resistentes às β-lactamases produzidas por muitas linhagens de H. influenzae. Previne-se com vacina. Pneumonia por micoplasma Agente causador: Mycoplasma pneumoniae. Responsável por cerca de 20% das pneumonias. Tipo comum de pneumonia em jovens adultos e crianças. Os micoplasmas não possuem paredes celulares, não crescem sob as condições normalmente usadas na recuperação da maioria dos patógenos bacterianos. Por isso, frequentemente são confundidas com pneumonias virais. Sintomas: persistem por três semanas ou mais, e incluem febre baixa, tosse e cefaleia. Diagnóstico: inclue testes sorológicos e de PCR. Tratamento: os antibióticos, como as tetraciclinas, normalmente induzem o desaparecimento dos sintomas, porém não eliminam as bactérias, as quais são carregadas pelos pacientes por muitas semanas. Pneumonia por Legionella ou doença do legionário Um bastonete aeróbico gram-negativo. Capaz de se replicar dentro dos macrófagos. Patógeno intracelular. Pode ser facilmente isolada de fontes naturais de água. Pode crescer na água das torres de resfriamento de ar condicionado. Resiste mais ao cloro que as outras bactérias e pode sobreviver por longos períodos em água com baixo nível de cloração. Protegidas em biofilmes. Transmissão: as bactérias, com frequência, são ingeridas por amebas transmissíveis pela água, quando presentes, mas continuam a proliferar e podem até mesmo sobreviver dentro de amebas encistadas. Não parece haver transmissão interpessoal. Sintomas: febre alta de 40,5°C, tosse e sintomas gerais de pneumonia. A maioria dos hospitais mantém a temperatura das tubulações de água quente relativamente baixa (43- 55 °C) como medida de segurança e, nas partes mais frias do sistema, isso mantém inadvertidamente uma boa temperatura de crescimento para a Legionella. Homens com mais de 50 anos tem maior probabilidade de contrair a legionelose, especialmente fumantes com sobrepeso, alcoólatras ou pessoas cronicamente doentes. AL. pneumophila também e responsável pela febre de Pontiac (sem sintomas pneumônicos). Diagnóstico: cultura em um meio seletivo contendo extrato de levedura e carvão. O exame de amostras respiratórias pode ser feito por métodos de anticorpo fluorescente, e um teste com sonda de DNA também está disponível. Tratamento: eritromicina e outros antibióticos macrolídeos, como a azitromicina. DOENÇAS VIRAIS DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR Pneumonia viral Causas virais: Coronavírus; Vírus sincicial respiratório (VSR); Adenovírus; Vírus da influenza; Metapneumovirus; Vírus da parainfluenza; rubéola, vírus da Varicela. Tratamento: Suplementação de oxigênio, analgésicos, antipiréticos; Terapia antiviral está indicada nos casos graves e em imunocomprometidos. Os vírus são isolados e identificados em menos de 1% das infecções pneumônicas - falta de equipamentos exclusão de pneumonia por micoplasma. Página 10 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Os fatores que favorecem essa extensão da infecção incluem extremos de idade, desnutrição, alcoolismo e doenças debilitantes de base. Vírus Influenza Infecção das vias aéreas inferiores pelo Influenzavírus humano; - Vírus sazonal - surtos anuais, sobretudo no inverno. Classificação: Não complicada: costuma melhorar em até 5 dias após o início dos sintomas. Complicada: pode propiciar o desenvolvimento de pneumonia viral, bacteriana e outras enfermidades. Síndrome gripal: Febre de início súbito; Tosse; Dor de garganta; Coriza; Cefaleia, mialgia e artralgia. Influenzavírus: São os únicos membros da família Ortomixovírus; São vírus envelopados com RNA segmentado em oito porções, nucleocapsídeo helicoidal. Dividem-se em: Alphainfluenzavirus (Influenza A): está presente em humanos, aves, suínos. Betainfluenzavirus (Influenza B): tem como reservatório somente seres humanos e focas. Existem ainda o Gammainfluenzavirus (Influenza C) e o Deltainfluenzavirus (Influenza D). O envelope dos influenzavírus é recoberto por dois tipos de espículas: Hemaglutinina: glicoproteína com função de se ligar a um receptor da superfície da célula hospedeira (ácido neuramínico) para iniciar a infecção; Neuraminidase: enzima que cliva o ácido neuramínico ou ácido siálico, a fim de permitir que o vírus adentre a célula hospedeira. Também degrada o muco protetor do trato respiratório, após a penetração. Variabilidade viral: Alterações Antigênicas e Derivas Antigênicas. Influenzavírus A: apresentam a maior variabilidade. Fisiopatologia Transmissão através de gotículas respiratórias. Com o auxílio das hemaglutininas e neuromidases, o vírus irá replicar-se, causando alterações e destruição do epitélio pseudoestratificado ciliado, glândulas e interstício. Reação inflamatória exacerbada Extensa infiltração celular no parênquima pulmonar Edema; Acúmulo de material mucopurulento; Dano tecidual. Diagnóstico: Principalmente clínico, com base na apresentação dos sinais e sintomas. Também há testes laboratoriais para detecção dos vírus em espécimes, como em swabs nasais ou de garganta, e escarro; - testes rápidos moleculares (antígeno/anticorpo) no soro do paciente; - outros. Tratamento: repouso e hidratação; anti-inflamatórios, analgésicos e expectorantes. No brasil, dois medicamentos antivirais para influenza são recomendados: oseltamivir (tamiflu); zanamivir (relenza). Prevenção: Boas práticas de higiene; evitar manipular objetos usados por uma pessoa doente; utilizar o cotovelo ou lenço descartável ao espirrar, tossir ou falar; uso de máscaras. Vacinas: são reformuladas anualmente a fim de conter linhagens antigênicas recentes. Disponíveis no Brasil: Trivalente (A- H1N1, H3N2; BVictoria) ofertada pelo PNI e Quadrivalente (A- H1N1, H3N2; BVictoria, Yamagata) ofertada apenas por clínicas particulares. DOENÇAS FÚNGICAS DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR Histoplasmose, micose sistêmica. Agente etiológico: fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum. Presente no solo em forma de bolor e nos tecidos como levedura. Transmissão: microrganismo presente no solo contaminado com excrementos de pássaros. Ser humano inala esses esporos e acaba se contaminando. Patogênese: Os esporos inalados alcançam os alvéolos pulmonares, induzindo a resposta inflamatória. São fagocitados por macrófagos alveolares, transformam- se em leveduras e continuam se multiplicando. Deslocam-se para os linfonodos, atingem a circulação sanguínea e invadem outros órgãos. Virulência: essas leveduras conseguem se desenvolver no interior do fagolisossomo do macrófago, pois Página 11 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV produzem substâncias alcalinas que inativam as enzimas digestivas (elevam o pH). Achados clínicos: a maioria das infecções são assintomáticas e os focos de granulomas sofrem calcificações. A histoplasmose disseminada severa ocorre em crianças e pessoa imunocomprometidas (AIDS). Lesões ulceradas na língua de pacientes com AIDS. Sintomas: mal-estar, tosse, dores, febre, úlceras intestinais, perda de peso e dificuldades respiratórias. Diagnóstico: Isolamento do patógeno ou identificação do mesmo em amostras de tecidos. São observadas células ovais de leveduras no interior de macrófagos. Pacientes imunocomprometidos: teste de urina detecta a presença do antígeno antes da formação do anticorpo. Testes sorológicos que pesquisam a presença de anticorpos: fixação do complemento e imunodifusão. Tratamento: para assintomático não é necessário intervenção. Em casos de lesões pulmonares: itraconazol oral; e em casos de Histoplasmose disseminada: anfotericina B. Não há formas de prevenção. Blastomicose É uma doença pulmonar causada pela inalação de esporos do fungo dimórfico Blastomyces dermatitidis. B. dermatitidis cresce como fungo à temperatura ambiente em solo enriquecido com excretas de animais e em material úmido e deteriora-se com ácidos orgânicos, quase sempre perto de rios. Nos pulmões, esporos inalados convertem-se em grandes leveduras invasivas (15 a 20 micrômetros) que formam brotamentos característicos. Patogênese: uma vez nos pulmões a infecção pode permanecer localizada, ou disseminar-se hematogenicamente. A disseminação hematogênica causa infecção focal em vários órgãos. Sinais pulmonares: doença aguda, autolimitada, que frequentemente evolui sem ser reconhecida. Infecção crônica e progressiva, com presença de: tosse produtiva ou seca, dor no peito, dispneia, febre, calafrios, sudorese profusa. Sinais extrapulmonares: depende do órgão envolvido. Diagnóstico: Culturas e esfregaços fúngicos; O patógeno pode ser isolado do pus e de biópsias. Antígeno de Blastomyces na urina (reatividade cruzada com o Histoplasma é alta). Se suspeitar-se de blastomicose, deve-se fazer radiografia de tórax. Infiltrados focais ou difusos podem estar presentes, algumas vezes como áreas de broncopneumonia saindo do hilo. Esses resultados devem ser distinguidos de outras micoses, tuberculose e tumores. Tratamento: depende da gravidade da infecção. Para infecção leve a moderada, itraconazol. Para infecção grave, anfotericina B. Sem tratamento, a blastomicose costuma ser lentamente progressiva e raramente leva ao óbito. Coccidioidomicose Agente etiológico: doença ocasionada pelo fungo dimórfico Coccidioides Immitis; o qual se apresenta na forma de bolor no solo e como esférula nos tecidos. Transmissão: no solo este fungo formahifas com artrósporos alternando-se as células ocas, as quais são muito leves e podem ser transportados pelo vento e serem inalados, infectando os pulmões. Página 12 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Patogênese: Os artrósporos diferenciam-se em esférulas nos pulmões. As esférulas rompem-se, liberando endósporos que formam novas esférulas, disseminando, assim, a infecção pelo corpo. Na maioria dos indivíduos, uma resposta imune mediada por células contém a infecção (exceto casos de indivíduos imunocomprometidos). Lesões granulomatosas podem ocorrer em virtualmente qualquer órgão, entretanto são observadas principalmente nos ossos e no sistema nervoso central (meningite). Sintomas: A infecção pulmonar é frequentemente assintomática. A coccidioidomicose geralmente apresenta-se com resolução espontânea. Seus sintomas incluem: dor torácica, febre, tosse (geralmente seca), e perda de peso. Diagnóstico: o escarro ou tecido devem ser examinados microscopicamente para detecção de esférulas e cultivados em ágar Sabouraud. Teste cutâneo: Coccidioidina, um extrato micelial, ou esferulina, um extrato de esférulas, são os antígenos. Útil para determinar se o paciente foi infectado. Um teste positivo indica infecção prévia, mas não necessariamente doença ativa. Utilizado para a triagem. Tratamento: Anfotericina B para tratamentos mais graves. Cetoconazol e o itraconazol são alternativas úteis, pois são fármacos imidazólicos menos tóxicos. Quando ocorre meningite, fluconazol é o fármaco de escolha. Não há forma de prevenção, como vacinas, deve-se evitar viagens às regiões endêmicas. Aspergillus Espécies de Aspergillus, especialmente Aspergillus fumigatus: aspergilose. É a causa mais comum de sinusite fúngica. Em indivíduos imunocomprometidos, especialmente aqueles com neutropenia, o fungo pode invadir os pulmões e outros órgãos, produzindo hemoptise e granulomas. Transmissão: disseminados pelo ar. Patogênese: A. fumigatus pode colonizar e posteriormente invadir abrasões cutâneas, ferimentos, queimaduras, córnea, ouvido externo ou seios paranasais. Os aspergilos são conhecidos por sua capacidade de crescer em cavidades no interior dos pulmões, especialmente cavidades causadas pela tuberculose. No interior das cavidades, produzem um aspergiloma (bola fúngica), que pode ser visualizado no raio X de tórax como uma estrutura radiopaca que troca de posição quando o paciente alterna da posição ereta para a posição supina. A aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) é uma infecção dos brônquios por espécies de Aspergillus. Pacientes com ABPA apresentam sintomas asmáticos e um alto título de IgE contra antígenos de Aspergillus, assim como expectoram tampões brônquicos marrons contendo hifas. Também ocorre asma causada pela inalação de conídios transmitidos pelo ar, especialmente em determinados ambientes ocupacionais. Aspergillus flavus que crescem em cereais ou nozes produzem aflatoxinas, as quais podem ser carcinogênicas ou agudamente tóxicas. Doenças microbianas do Sistema Digestório ESOFAGITE Fisiopatologia Esofagite infecciosa: é a inflamação esofágica oriunda de uma infecção (geralmente viral ou fúngica). Ocorre principalmente em indivíduos imunocomprometidos (Ex. portadores de HIV). Principais manifestações clínicas: odinofagia e disfagia. Patógenos: Cândida: cândida albicans e cândida tropicalis. Herpes-vírus: citomegalovírus e herpes-vírus simples. causas não infecciosas: refluxo ácido do estômago; doenças induzidas por medicamentos (ex:doxiciclina). Fatores de risco para Candidíase Esofageana Uso de corticoides tópicos e sistêmicos; Presença de diabetes mellitus; Terapias antineoplásicas; Terapias antiácidas (inibidores de bomba de prótons e bloqueadores de H2); Página 13 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Uso recente de antibióticos ou imunossupressores; Tabagismo; Distúrbios de motilidade esofágicos que podem gerar estase (acalasia). Diagnóstico Endoscopia digestiva alta e análise histopatológica Biópsia: placas esbranquiçadas aderidas a mucosa esofágica; Diagnóstico empírico: comprovado por meio de uma melhora no quadro do paciente após tratamento com flucozanol- indica infecção por cândida. Tratamento Candidíase esofágica: flucozanol; No caso de outro agente causador, o tratamento instituído será feito com base no diagnóstico; Em casos mais graves: anfotericina B e equinocandinas. Prevenção Candidíase esofágica: profilaxia com flucozanol (não é muito indicada); Restauração imune em pacientes infectados por HIV. GASTRENTERITE Inflamação do estômago ou dos intestinos que reflete em sintomas como desconforto abdominal, diarreias e vômito. Gastrenterite Aguda Duração menor que 2 semanas. Pode ser não inflamatória, aquosa e não sanguinolenta, ou inflamatória, sanguinolenta, também conhecida como disenteria. Gastrenterite Crônica Persistente por mais de 4 semanas. A identificação é feita individualmente, mas normalmente considera-se casos de 3 a 5 evacuações por dia. Aquosa Ausência de inflamação, ou seja, sem hemácias e leucócitos nas fezes; Normalmente sem febre; Volume grande de diarreia; Geralmente acomete o intestino delgado. Sanguinolenta Presença típica de ambos, hemácias e leucócitos, nas fezes, isto é, resposta inflamatória; Frequentemente apresenta febre; Normalmente um pequeno volume de diarreia; A infecção geralmente acomete o colo. Fisiopatologia: os patógenos ou suas toxinas interrompem a absorção normal e os processos secretórios no intestino delgado. Gastrenterite aguda não inflamatória= é causada por exotoxinas pré formadas presentes nos alimentos ou pelos agentes infecciosos presentes no trato intestinal (produção de enterotoxina e citotoxina, ou pela invasão de mucosa. Patógenos que produzem exotoxinas pré formadas: Staphylococcus aureus; Bacillus cereus; Clostridium perfringens. Patógenos que produzem enterotoxinas: Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC); Vibrio cholerae. Manifestações clínicas Diarreia não inflamatória Por bactérias: Bacillus cereus: vômito, dor epigástrica e diarreia; E. Coli (ETEC) ausência de febre, diarreia aquosa. Por vírus: Norovírus: ausência de febre, vômito, cefaléia e diarreia; Rotavírus: febre e vômitos prodrômicos, seguidos de diarreia. Por protozoários: Giardia lamblia: cólicas abdominais, flatulência, diarreia (aguda ou crônica), fezes gordurosas, malcheirosas e flutuam; Cryptosporidium hominis: dor e cólicas abdominais, diarreia aquosa. Diarreia inflamatória Por protozoários: Página 14 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Entamoeba histolytica: diarreia sanguinolenta, febre e dor abdominal. Sintomas Vômito como principal queixa: sugere intoxicação alimentar por S. aureus ou gastrenterite viral. Sintomas com início até 6 horas após a ingestão de alimentos "suspeitos": sugere a presença da toxina pré formada de S. aureus e B. cereus. Características quanto aos patógenos Diarreia branda e de curta duração: causa comum por vírus. Diarreia grave: causa comum por bactérias Salmonella, Shigella, Campylobacter, C. difficile e STEC (E.coli). Em geral sanguinolenta/inflamatória. Pacientes que retornaram de viagens oupacientes imunocomprometidos: sugerem gastrenterite por protozoários, Giardia, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium e microsporídeos. Diagnóstico: procura-se diagnóstico específico em casos de: Diarreia aquosa grave; Diarreia sanguinolenta; Febre; Idade avançada; Comorbidades; Pacientes imunocomprometidos. Diarreia não inflamatória aguda Staphylococcus aureus e Bacillus aureus: diagnóstico clínico + análise de alimentos e fezes; Escherichia coli: coprocultura; Noro vírus e Rotavírus: PCR para análise de fezes; Giardia lambila: teste de antígeno fecal, observação de ovos e parasitas; Cryptosporidium hominis: observação de cistos fecais com coloração acidoresistente. Diarreia inflamatória aguda E. coli: cultura fecal com crescimento bacteriano - não fermenta sorbitol + testes específicos (PCR) para linhagem de toxina Shiga; Cllostridium dificille: exame de fezes para identificar toxinas + colonoscopia para conferência de placas amareladas; Shigella: coprocultura Salmonella: coprocultura; Campylobacter jejuni: exame de fezes em meio especial; Yersinia enterocolítica: exame de fezes em meio especial Entamoeba histolytica: sorologia (observação de ovos e parasitas nas fezes). INTOXICAÇÃO ALIMENTAR ESTAFILOCÓCICA Uma das principais causas de gastrenterite é a intoxicação alimentar estafilocócica, intoxicação causada pela ingestão de uma enterotoxina produzida por S. aureus. Causa gastroenterite não inflamatória. Características do S. aureus: Resistência bastante alta ao calor. Produz várias toxinas que causam danos aos tecidos ou aumentam a virulência do microrganismo. A produção da toxina do tipo sorológico A (que é responsável pela maioria dos casos) frequentemente é correlacionada com a produção de uma enzima que coagula o plasma sanguíneo. Essas bactérias são descritas como coagulase- positivas. Tende a crescer excessivamente em relação à maioria das bactérias competidoras sob essas condições. Diagnóstico: geralmente é baseado nos sintomas, em especial o curto período de incubação, característico da intoxicação. Os isolados de S. aureus podem ser testados por fagotipagem, um método usado para rastrear a fonte da contaminação. Os estafilococos patogênicos, em geral, fermentam manitol, produzem hemolisinas e coagulase e formam colônias amarelo-ouro. Quando crescem nos alimentos, eles não provocam nenhuma deterioração evidente. Sintomas: vômitos, dor epigástrica, diarreia branda. Prevenção: consiste em uma refrigeração adequada durante a estocagem, a fim de impedir a formação da toxina. A toxina em si é estável ao calor e pode sobreviver a até 30 minutos de cozimento. Portanto, uma vez formada, a toxina não é destruída quando o Página 15 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV alimento é reaquecido, embora as bactérias sejam destruídas. SHIGELOSE (DISENTERIA BACILAR) A infecção bacteriana shigelose, geralmente tem período de incubação mais longo (de 12 horas a 2 semanas) que as intoxicações bacterianas. Gastroenterite aguda inflamatória. Agente etiológico Shigella. Bastonetes gram-negativos anaeróbios facultativos. Não têm nenhum reservatório natural nos animais e se disseminam apenas de pessoa a pessoa. Surtos são mais frequentemente observados em famílias, creches e cenários similares. As bactérias não são muito afetadas pela acidez do estômago. Principal sítio da doença é o intestino grosso. Invasão e destruição das células da parede intestinal. Destrói os macrófagos. Sintomas: pode causar até 20 evacuações em um dia, com presença de sangue e muco nas fezes (fezes muco- pio-sanguinolentas), cólicas abdominais e febre. As infecções por S. dysenteriae resultam em ulceração da mucosa intestinal. Diarreia grave. Diagnóstico: em geral é baseado na recuperação de micróbios de swabs retais. Tratamento: Em casos graves de shigelose, a antibioticoterapia e a reidratação oral são indicadas. Atualmente, as fluoroquinolonas são os antibióticos de escolha. GASTRENTERITE POR SALMONELLA As bactérias Salmonella entérica são bastonetes gram- negativos, anaeróbios facultativos, não formadores de endósporos. Gastroenterite aguda inflamatória. Seu hábitat normal é o trato intestinal dos seres humanos e de muitos animais. Patogenicamente as salmonelas são divididas em salmonela tifoide e salmonela não tifoide, que causa uma salmonelose branda. As salmonelas inicialmente invadem a mucosa intestinal e se multiplicam nesse local. Ocasionalmente, elas conseguem atravessar a mucosa intestinal através das células M para penetrar nos sistemas linfático e circulatório, e de lá elas podem se disseminar e, por fim, afetar muitos órgãos. Elas se replicam rapidamente dentro dos macrófagos. Tem um período de incubação de cerca de 12 a 36 horas. A gravidade e o período de incubação podem depender do número de Salmonella ingerido. Sintomas: Em geral, há uma febre moderada, acompanhada de náuseas, dor abdominal, cólicas e diarreia grave, que pode ser sanguinolenta. Choque séptico pode ocorrer em lactentes e idosos. Diagnóstico: geralmente depende do isolamento do patógeno a partir de fezes do paciente ou de restos de alimento. O isolamento requer meio especializado seletivo e diferencial; esses métodos são relativamente lentos. Tratamento: A terapia antibiótica não é útil no tratamento da salmonelose ou, de fato, de muitas doenças diarreicas; o tratamento consiste em terapia de reidratação oral. Prevenção: boas práticas de manipulação para deter a contaminação e de uma refrigeração correta. FEBRE TIFÓIDE Fisiopatologia A bactéria penetra através do epitélio da mucosa intestinal por transcitose. Se replicam nos macrófagos das placas de Peyer, nódulos linfáticos mesentéricos e baço. As células sofrem lise e liberam a S. typhi na corrente sanguínea. A bacteremia se desenvolve com a disseminação da bactéria para os pulmões, vesícula biliar, rins ou sistema nervoso central. Patógenos: Salmonella typhi; S. paratyphi A; S. paratyphi B. Manifestações clínicas Fase prodrômica: sintomas constitucionais, como mal- estar, associado a dor abdominal, constipação e cefaleia. A febre se eleva ao longo dos próximos dias. Sintomas duram de 2ª/3ª semanas, erupção transitória típica de lesões maculopapulares rosadas (manchas rosadas) pode ser observada. Diarreia pode surgir. Casos fatais: ulceração e perfuração da parede. A esplenomegalia ocorre com mais frequência do que a hepatomegalia, mas ambas podem se manifestar. Bradicardia relativa e leucopenia são frequentemente observadas. Página 16 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV O estado de portador crônico é observado em aproximadamente 3% dos pacientes com febre tifóide. Os organismos, em geral, residem na vesícula biliar e são excretados nas fezes, que, por sua vez, atuam como uma fonte de infecção para outros indivíduos. Transmissão: contato com fezes humanas. Diagnóstico Histórico de viagem para áreas endêmicas + apresentação clínica compatível. Início da doença: as culturas de sangue positivas e as culturas de fezes são negativas. Fase tardia da doença e no estado de portador: culturas de fezes são positivas e culturas de sangue negativas. As culturas de fezes apresentam-se positivas nessa fase da doença devido ao fato de a bile, oriunda de uma vesícula biliar infectada, carrear os organismos para as fezes. Tratamento Drogas antitifóides: as mais efetivassão as quinolonas ou cefalosporinas de terceira geração. O tratamento do estado de portador requer semanas de antibioticoterapia e a resistência a antibióticos é um problema frequente. A recuperação da febre tifoide confere imunidade por toda a vida. Prevenção Medidas de higiene visando a proteção dos alimentos e das fontes hídricas da contaminação fecal humana. A imunização pode não ser sempre eficiente, mas pode ser considerada em surtos epidêmicos, em indivíduos que viajam para países endêmicos e em contatos domésticos de portadores da febre tifoide. Pessoas expostas a altos riscos. Vacina 1: contendo o polissacarídeo capsular Vi de S. typhi; Vacina 2: contém bactérias S. typhi vivas e atenuadas. CÓLERA O agente causador do cólera, uma das doenças gastrintestinais mais severas, é a bactéria Vibrio cholerae, bastonete gram-negativo ligeiramente curvo, com um único flagelo polar. Os bastonetes do cólera crescem no intestino delgado e produzem uma exotoxina, a toxina colérica, que induz as células do hospedeiro a secretarem água e eletrólitos, sobretudo potássio. O resultado são fezes aquosas contendo massas de muco intestinal e células epiteliais. Cerca de 12 a 20 litros de líquidos podem ser perdidos em um dia, e a perda súbita desses fluidos e eletrólitos causa choque, colapso e, frequentemente, morte. Devido à perda de líquido, o sangue torna-se tão viscoso que os órgãos vitais são incapazes de funcionar adequadamente. Vômitos violentos podem ocorrer. Os micróbios não são invasivos, e a febre geralmente não está presente. Transmissão: contato com águas salobras, água doce contaminada. Sintomas: vômitos e diarreia. Duram poucos dias. Diagnóstico: baseado nos sintomas e no isolamento de V. cholerae das fezes. Formam biofilmes e colonizam copépodes (pequenos crustáceos), algas e outras plantas aquáticas e plânctons, os quais ajudam na sua sobrevivência. Sob condições desfavoráveis, V. cholerae pode se tornar dormente; a célula encolhe-se até um estado esférico, não cultivável. Uma mudança favorável no ambiente induz uma rápida reversão à forma cultivável. Ambas as formas são infecciosas. São excepcionalmente sensíveis aos ácidos estomacais. Pessoas com secreção de ácido estomacal prejudicada ou que estejam tomando antiácidos apresentam alto risco de infecção. Existem também linhagens não epidêmicas de V. cholerae, que apenas raramente são associadas a grandes surtos de cólera. Elas ocasionalmente causam infecções de feridas ou sepse, principalmente em pessoas com doença hepática ou que são imunossuprimidas. Tratamento: uso de antibióticos, como a doxiciclina, porém a terapia mais efetiva é a reposição intravenosa de fluidos e eletrólitos perdidos. O cólera não tratado tem taxa de mortalidade de 50%. GASTRENTERITE POR ESCHERICHIA COLI Um dos microrganismos mais prolíficos no trato intestinal dos seres humanos é Escherichia coli. Causa gastroenterite aguda inflamatória. Página 17 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Bacilos Gram-negativos facultativos; fermentam lactose. O hábitat é o cólon humano; a bactéria coloniza a vagina e a uretra. A partir da uretra, ascende e causa ITU. É adquirida por via fecal-oral. Elementos genéticos móveis podem transformar a bactéria E. coli em um patógeno altamente adaptado, capaz de causar uma variedade de doenças. Algumas linhagens patogênicas secretoras de toxina são bem adaptadas à invasão das células epiteliais intestinais. E. coli enteropatogênica (ETEC) é a principal causa de diarreia nos países em desenvolvimento e é potencialmente fatal em lactentes. À medida que as bactérias se fixam à parede intestinal, elas eliminam as microvilosidades circundantes e estimulam a actina da célula hospedeira a formar pedestais sob seu sítio de fixação. As bactérias EPEC secretam várias proteínas efetoras, as quais são translocadas para as células hospedeiras, algumas contribuindo para a diarreia. E. coli enteroinvasiva (EIEC) em geral tem os mesmos mecanismos patogênicos que a Shigella. A EIEC consegue acesso à submucosa do trato intestinal através das células M, da mesma forma que Shigella. Essa invasão resulta em inflamação, febre e em disenteria semelhante à causada por Shigella. E. coli entero-hemorrágica (STEC) o principal fator de virulência dessas bactérias é uma toxina do tipo Shiga. Como a toxina é liberada em consequência da lise celular, a antibioticoterapia pode agravar os danos ao provocar a liberação de mais toxina. Em seres humanos, as toxinas Shiga frequentemente causam apenas uma diarreia autolimitada, mas em cerca de 6% das pessoas infectadas, elas produzem uma inflamação do colo envolvendo um sangramento profuso. Diferentemente da Shigella, estas bactérias E. coli não invadem a parede intestinal, mas, em vez disso, elas liberam a toxina no lúmen (espaço) intestinal. de colite hemorrágica. As causas mais comuns de diarreia do viajante são E. coli enterotoxigênica e enteroagregativa. ETEC- diarreia não inflamatória: ausência de febre, diarreia aquosa. STEC- diarreia inflamatória: diarreia sanguinolenta, dor abdominal, normalmente com ausência de febre. Diagnóstico: ETEC- cropocultura; STEC- cultura fecal com crescimento bacteriano, PCR para linhagem da toxina Shiga. GASTRENTERITE POR CAMPYLOBACTER Campylobacter são bactérias gram-negativas, microaerófilas (cresce em ambiente com alto CO2 e baixo O2), curvadas em espiral. Uma complicação rara da infecção por Campylobacter é que ela está associada, à doença neurológica denominada síndrome de Guillain-Barré, uma paralisia temporária. Aparentemente, uma molécula de superfície da bactéria assemelha-se a um componente lipídico do tecido nervoso e desencadeia uma resposta autoimune. Gastroenterite aguda inflamatória. Sintomas: diarreia grave, febre. Transmissão: leite de vaca. Diagnóstico: exame de fezes em meio especial. GASTRENTERITE POR YERSINIA Yersinia enterocolitica e Y. pseudotuberculosis. Essas bactérias gram-negativas são habitantes do trato intestinal de muitos animais domésticos. Transmissão: se da pela carne e pelo leite. Ambos os micróbios apresentam a capacidade distintiva de crescer em temperaturas de refrigeração de 4°C. Yersinia tem sido ocasionalmente responsável por reações graves quando contamina sangue de transfusão. Esses patógenos causam gastrenterite por Yersinia, ou yersiniose. Sintomas: diarreia, febre, cefaleia e dor abdominal. A dor frequentemente é intensa o suficiente para causar um diagnóstico errôneo de apendicite. Diagnóstico: requer a cultura do organismo, que pode, então, ser avaliado por testes sorológicos. Adultos sofrendo de yersiniose, em geral, recuperam- se em 1 a 2 semanas; crianças podem requerer um tempo maior para recuperação. Tratamentos: com antibióticos e reidratação oral. DIARREIA ASSOCIADA AO CLOSTRIDIUM DIFFICILE C. difficile é uma bactéria anaeróbia, gram-positiva, formadora de endósporos, encontrada nas fezes de muitos adultos saudáveis. As exotoxinas produzidas por essa bactéria causam uma doença que se manifesta em sintomas que variam de um caso brando de diarreia até colite (inflamação Página 18 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV do colo) que apresenta risco à vida. A colite pode resultar em ulceração e possível perfuração da parede intestinal. A doença é geralmente precipitada pelo uso intensivo de antibióticos, sobretudo fluoroquinolonas. A eliminação da maioria das bactérias intestinais competidoras permitea rápida proliferação de C. difficile produtor de toxina. Ocorrendo principalmente como uma doença associada aos cuidados de saúde em hospitais e lares de idosos, mas atualmente a diarreia associada ao C. difficile também está afetando a comunidade em geral. A taxa de mortalidade é mais elevada em pacientes idosos. Gastrenterite aguda inflamatória. Diarreia sanguinolenta, febre. Diagnóstico: exame de fezes para identificar toxinas + colonoscopia para conferência de placas amareladas. GASTRENTERITE POR BACILLUS CEREUS Bacillus cereus é uma bactéria grande, gram-positiva, formadora de endósporos, que é muito comum no solo e na vegetação, e geralmente é considerada inofensiva. Transmissão: por alimentos. O aquecimento do alimento nem sempre destrói os esporos, que germinam à medida que o alimento esfria. Como os micróbios competidores foram eliminados no alimento cozido, B. cereus cresce rapidamente e produz toxinas. Sintomas: diarreia, náuseas e vômitos. Suspeita-se de que diferentes toxinas estejam envolvidas na produção de diferentes sintomas. Ambas as formas da doença são autolimitadas. A toxinfeção pela toxina termoestável causa forma emética da gastroenterite, enquanto a toxinfecção por cepas produtoras de toxina termolábil causam a forma diarréica da doença ÚLCERA PÉPTIDICA POR HELICOBACTER Bactéria espiralada, microaerofila. Causam ulceras gástricas e duodenais. A infecção por H. pylori representa um fator de risco para carcinoma gástrico e está associada a linfomas de tecido linfoide associado às mucosas. A gastrite e a úlcera péptica são caracterizadas por dor recorrente no abdome superior, frequentemente acompanhada por sangramento no trato gastrintestinal. Não há ocorrência de bacteriemia, nem de doença disseminada. H. pylori é urease-positivo. A produção de urease é a base de um teste diagnóstico não invasivo, denominado teste do “hálito de ureia”. Um teste para a presença do antígeno de Helicobacter nas fezes pode ser utilizado para o diagnóstico, bem como para confirmar que o tratamento eliminou o organismo. A presença de anticorpos IgG no soro do paciente pode também ser utilizada como evidência de infecção. DOENÇAS VIRAIS DO SISTEMA DIGESTÓRIO A gastroenterite viral é mais frequentemente causada por um rotavírus ou por um novovírus. Norovírus Não possuem um envelope lipídico. Transmissão: fecal-oral a partir de água e alimentos contaminados e até mesmo de aerossóis de vômito. Os vírus continuam a ser disseminados por muitos dias após os pacientes estarem assintomático. Os vírus apresentam uma persistência incomum em superfícies ambientais, incluindo maçanetas de portas ou botões de elevador. Sintomas: período de incubação de 18 a 48 horas, o paciente apresenta vômito e/ou diarreia por 2 ou 3 dias. A diarreia é o sintoma mais prevalente em crianças; a maioria dos adultos apresenta quadros diarreicos, embora muitos adultos tenham somente vômitos. A gravidade dos sintomas, com frequência, depende da dose infectiva. Diagnóstico: para a detecção de norovírus em amostras fecais, os laboratórios utilizam testes sensíveis de PCR e ensaios imunoenzimáticos. Tratamento: reidratação oral, ou, em casos excepcionais, a reidratação intravenosa. DOENÇAS PROTOZOÓTICAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO Giardíase Giardia intestinalis (também conhecida como G. lamblia e, ocasionalmente, como G. duodenalis) é um protozoário flagelado capaz de se aderir firmemente à parede intestinal humano. Transmissão: suprimentos de água contaminada. Sintomas: diarreia prolongada, algumas vezes persistindo por semanas, mal-estar, náuseas, flatulência, fraqueza, perda de peso e cólicas abdominais. O odor distinto do sulfeto de hidrogênio frequentemente pode ser detectado no hálito ou nas fezes. Página 19 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV O protozoário muitas vezes ocupa um espaço tão grande na parede intestinal que interfere na absorção dos alimentos. Diagnóstico: teste de fita, pois G. intestinalis não pode ser detectada de maneira confiável nas fezes por meio de exames microscópicos. testes ELISA detectam tanto os ovos quanto o parasito em amostras de fezes. Esses testes são especialmente úteis para a triagem epidemiológica. Tratamento: com metronidazol ou hidrocloreto de quinacrina geralmente é efetivo dentro de uma semana. Criptosporidiose Causada pelo protozoário Cryptosporidium. As espécies mais prevalentes que afetam seres humanos são C. parvum e C. hominis. A infecção ocorre quando um indivíduo ingere oocistos de Cryptosporidium. Os oocistos, eventualmente, liberam esporozoítos no intestino delgado. Os esporozoítos móveis invadem as células epiteliais do intestino e passam por um ciclo que, eventualmente, libera oocistos que serão excretados nas fezes. Em pacientes imunossuprimidos a doença prolonga-se por meses. Transmissão: através de sistemas de água para recreação e para consumo, contaminados com oocistos de Cryptosporidium, principalmente oriundos de dejetos de animais. A transmissão fecal-oral resultante de um saneamento inadequado também ocorre. Sintomas: diarreia. Diagnóstico: forma mais confiável em laboratório pela detecção de oocistos em amostras fecais por meio de um exame microscópico, muitas vezes acompanhados de ensaios para a detecção de anticorpos utilizando os testes FA (testagem da água). Tratamento: o fármaco recomendado para tratamento é a recentemente introduzida nitazoxanida, também efetiva nos tratamentos de giardíase. COLITE PSEUDOMEMBRANOSA Predisposição pelo uso de antibióticos Prevenção Evitar fontes de água potencialmente contaminadas; Realizar limpeza adequada de alimentos como frutas e verduras; Administração de ciprofloxacina em viajantes se episódio diarreico; Vacinação completa contra rotavírus - programa de vacinação infantil; Lactentes e imunodeprimidos devem evitar contato com répteis, aves e anfíbios – salmonella; Evitar engolir água ao nadar em áreas recreativas. Tratamento: para serem administrados, os antibióticos necessitam do resultado da coprocultura. Tratamento essencial: hidratação. Infecções graves: vancomicina oral. Tratamento suporte: Staphylococcus aureus; Bacillus aureus; Norovírus Rotavírus; E. coliprodutora de toxina. Ciprofloxacina: E. colli Shigella Salmonella Yersinia enterocolítica Campylobacter jejuni. Metronidazol/Tinidazol: Giardia lamblia Clostridium difficile Entamoeba histolytica. Nitazonida: Cryptosporidium hominis. DIVERTICULITE Inflamação de uma saliência em forma de saco da parede do colo, prevalente no sigmoide. Fisiopatologia: anos de uma dieta deficiente em fibras. Manifestações clínicas: depende do grau de perfuração. Dor abdominal no quadrante inferior esquerdo; Febre baixa; Leucocitose; Náuseas e vômitos. Página 20 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Patogênese: Bacteroides fragilis; microbiota intestinal; anaeróbia; gram-negativo. Família Enterobacteriaceae; gram-negativos. Diagnóstico: tomografia abdominal Visualização dos divertículos; Paredes espessas; Infiltração de gordura; Abcessos Gases extraluminais. Tratamento Antibióticos orais- atividade anaeróbia. Amoxicilina + Clavulanato Ciprofloxacina + Metronidazol. Hospitaização: fluidos intravenosos e antibióticos + repouso intestinal. Abcesso abdominal + peritonite: intervenção cirúrgica. GASTRITE Inflamação da mucosa do estômago, causada por diversos fatores. Pode ser erosiva ou não.Fisiopatologia Ligação do patógeno H. pylori na mucosa gástrica. A bactéria promove a produção de amônia a partir da ureia. A sobrevivência do patógeno aumenta com a neutralização do ácido estomacal provocada pela amônia. A resposta inflamatória do hospedeiro provoca danos. O flagelo do bacilo permite boa movimentação no muco viscoso e a urease faz tamponamento do ácido gástrico. O bacilo não invade a mucosa gástrica, mas causa respostas inflamatória e imune, estimulando fatores pró-inflamatórios. Manifestações clínicas Dispepsia, dor, desconforto epigástrico Náusea, vômito. Podem haver complicações secundárias: Hemorragia; Úlceras pépticas (complicação - peritonite); Metaplasia. Patógenos Etiologias infecciosas: H. pylori (maioria dos casos); Citomegalovírus Mucor (fungo negro); Anisakis (larva); Micobactérias; Giardia. Diagnóstico: principalmente por meio da endoscopia digestiva superior com biópsia gástrica. Teste respiratório da ureia e teste do antígeno fecal. Tratamento Direcionado ao agente patogênico. Independente da causa, os sintomas podem ser aliviados com antiácidos H. pylori - combinação com dois antibióticos e inibidor da bomba de prótons. Associação Amplicina + Claritromicina + Omeprazol ou Bismuto. Prevenção A transmissão da H. pylori não é completamente conhecida. Sabe-se que cuidados de higiene são uma forma de prevenção: Lavar as mãos antes de refeições e depois de usar o banheiro; Evitar compartilhar talheres e copos; Comer alimentos bem lavados e cozidos. APENDICITE Consiste na inflamação do apêndice vermiforme vestigial e é a causa mais comum de emergência abdominal cirúrgica no mundo. Em condições normais, o apêndice é encontrado na fossa ilíaca direita se insinu Fisiopatologia Obstrução; Aumento da pressão intralumial; Distensão do órgão; Isquemia; Proliferação bacteriana; Possível perfuração. Patógenos: E. coli; Bacteroides fragilis. Diagnóstico A dor deve ser investigada no exame abdominal através da compressão e descompressão brusca do ponto de McBurney Pode ser observada leucocitose com desvio a esquerda em exames laboratoriais. Página 21 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV Exames de imagem como TC de abdome, ultrassonografia e ressonância magnética revelam espessamento da parede apendicular, diâmetro do apêndice aumentado com oclusão luminal, densificação da gordura periapendicular e/ou presença de apendicolito. Manifestações clínicas e tratamento Pode iniciar com sintomas inespecíficos como indigestão, flatulências e diarreia. Tipicamente o que ocorre é dor abdominal periumbilical que migra para o quadrante inferior direito, anorexia, náuseas, vômitos e, mais tardiamente, febre. Os pacientes recebem hidratação venosa, antibióticos intravenosos e controle da dor enquanto aguardam a apendicectomia, a qual pode ser aberta ou por laparoscopia. Infecções do Trato Geniturinário INFECÇÕES BACTERIANAS Uretrite A bactéria da clamídia, Clamydia trachomatis, é a responsável por causar a uretrite não gonocócica, uma das DSTs mais comuns. Atinge homens e mulheres sexualmente ativos. É uma bactéria intracelular obrigatória. Patogênese Em homens, C. trachomatis é uma causa comum de uretrite não gonocócica que pode progredir para epididimite, prostatite ou proctite; Em mulheres, desenvolve-se cervicite, podendo progredir para salpingite e doença inflamatória pélvica (DIP). Episódios repetidos de salpingite ou de DIP podem causar infertilidade ou gravidez ectópica; Pacientes com infecções genitais causadas por C. trachomatis apresentam uma alta incidência de síndrome de Reiter, que se caracteriza por uretrite, artrite e uveíte; é uma doença autoimune. Sintomas: pouco corrimento esbranquiçado; ardor ao urinar; coceira na uretra; discreta dificuldade em urinar. Transmissão Transmitida por contato sexual ou pela passagem do neonato através do canal de parto, de mãe para filho; Indivíduos com infecções assintomáticas do trato genital correspondem a um importante reservatório de infecção para terceiros. Diagnóstico laboratorial Inclusões citoplasmáticas visualizadas em esfregaço submetido à coloração de Giemsa ou coloração com anticorpos fluorescentes; Inclusões citoplasmáticas contendo glicogênio podem ser visualizadas com iodo; Ensaios de PCR e ELISA, utilizando urina do paciente, também são disponíveis. Tratamento: todas as clamídias são suscetíveis a tetraciclinas; Azitromicina é o fármaco de escolha para DSTs. Prevenção Eritromicina é efetiva em mães infectadas para prevenir a doença neonatal; Não há vacina disponível; Limitar a transmissão pelo tratamento tanto do paciente como dos parceiros sexuais, incluindo os indivíduos assintomáticos (os contatos sexuais devem ser localizados e aqueles que mantiveram contato em um período de 60 dias devem ser tratados). Gonorreia Neisseria gonorrhoeae (Gonococo) causa Gonorreia e também pode causar conjuntivite neonatal e doença pélvica inflamatória. Diplococo gram-negativo, encapsulado e anaeróbico facultativo. Oxidase-positivo. Apresenta cerca de 10 espécies saprófitas ou patogênicas ao homem. Apresenta alta contagiosidade, sendo o homem o reservatório natural do gonococo. Doença Pélvica Inflamatória: ocorre quando há a entrada do MO no útero, trompas e ovários causando Página 22 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC T-XXXV inflamações. Esse quadro acontece principalmente quando a gonorreia não é tratada. Transmissão Em adultos ocorre pelo contato sexual; Em neonatos ocorre durante o parto. Patogênese Afeta membranas mucosas do trato genital inferior, e mais raramente, as mucosas do reto, orofaringe e conjuntiva. Endotoxina presente; Não são identificadas exotoxinas; IgA protease e fímbrias são fatores de virulência. Para infectar, o gonococo precisa se ligar através das fímbrias às células mucosas da parede epitelial. O patógeno invade os espaços que separam as células epiteliais colunares, as quais são encontradas na área orofaríngea, nos olhos, no reto, na uretra, na abertura do colo uterino e na área externa genital das mulheres pré-puberais. Endocardite gonorreica, meningite gonorreica e artrite gonorreica são complicações que afetam ambos os sexos se a infecção gonorreica não for tratada. Sintomas Homens: dor ao urinar e descarga de pus. O bloqueio da uretra e a esterilidade são complicações dos casos não tratados. Mulheres: geralmente assintomáticas, pois o período de incubação da gonorreia é mais variável e menos definido do que nos homens. A maioria se torna sintomáticas em 10 dias após o contato, apresentando dores na região inferior do abdome, dor ao urinar, dor na relação sexual e sangramento intermenstrual. Presença de corrimento amarelado ou claro, febre e proctite (inflamação no reto). Diagnóstico laboratorial Esfregaço submetido à coloração de Gram e cultura; Teste ELISA ou amplificação do ácido nucleico. Organismo visível intracelularmente em neutrófilos do exsudato uretral. Colônias oxidase-positivas em meio Thayer- Martin. Gonococos não fermentam maltose. Testes sorológicos não são úteis. Tratamento A penicilina Benzatina já foi utilizada para o tratamento da gonorreia, mas devido seleção de cepas mais resistentes. Atualmente, utiliza-se em geral uma injeção de ceftriaxona e azitromicina em dose única.
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