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FACULDADE SERRA GERAL JOSÉ AILTON DOS SANTOS IMPACTOS DO SUICÍDIO PARA A FAMÍLIA ENLUTADA FORTALEZA - CEARÁ 2022 FACULDADE SERRA GERAL JOSÉ AILTON DOS SANTOS IMPACTOS DO SUICÍDIO PARA A FAMÍLIA ENLUTADA Artigo Científico apresentado à Faculdade serra Geral, como parte das exigências para a obtenção do título de Pós-graduação Psicoterapia em intervenção em crise e prevenção do suicídio. FORTALEZA - CEARÀ 2022 1.Bacharel em Serviço Social pela Universidade Anhanguera, Licenciatura plena em língua portuguesa e literatura brasileira pela Universidade Federal do Ceará, Membro voluntário do Centro de Valorização da Vida(CVV)-Organização que trabalha dando apoio emocional e prevenção e combate ao suicídio. IMPACTOS DO SUICÍDIO PARA A FAMÍLIA ENLUTADA José Ailton dos Santos1 RESUMO O suicídio está relacionado a sentimentos como ansiedade, depressão, abuso de substâncias químicas legais e/ou ilegais, entre outros fatores; o que é uma preocupação de saúde pública. Esse tema ainda é tabu na sociedade e silenciado por muitos, deixando o sofredor incapaz de expressar seus sentimentos e emoções. Sua família também é vítima dessa violência e deve ser cuidada, pois as consequências desse comportamento para esses sobreviventes são as mais diversas. O luto é uma experiência esperada quando um ente querido é perdido, e se torna ainda mais doloroso quando a morte é devido ao suicídio. Para tanto, foram realizadas pesquisas bibliográficas de cunho qualitativo e caráter descritivo. Palavras-chave: Luto. Morte. Suicídio. Família. ABSTRACT Suicide is related to feelings such as anxiety, depression, abuse of legal and/or illegal chemical substances, among other factors; which is a public health concern. This topic is still taboo in society and silenced by many, leaving the sufferer unable to express their feelings and emotions. His family is also a victim of this violence and must be cared for, as the consequences of this behavior for these survivors are the most diverse. Grief is an expected experience when a loved one is lost, and it becomes even more painful when the death is due to suicide. Therefore, bibliographic research of a qualitative and descriptive nature was carried out. Keywords: Mourning. Death. Suicide. Famil 1. INTRODUÇÃO O indivíduo nasce e morre. Esse é o processamento natural da nossa existência. Inevitavelmente, independente de quaisquer outros fatores que a prolonguem, a morte um dia chegará. Embora este fato seja óbvio e incontestável, na cultura ocidental atual: a morte é um medo, um assunto velado que causa estranhamento no homem. Este medo não é intrínseco ao assunto da morte, porém efetivamente uma construção comunitária feita ao longo do tempo. Trata-se de um erudito preso a vários significados e valores que variam de acordo com o entrecho sociocultural e histórico. O suicídio é uma temática muito debatida na contemporaneidade, devido aos novos estilos de vida. De acordo com a OMS (2020), 1,53 milhão de pessoas cometeram atos suicidas e, maior parte destes acontecimentos foi marcada por indivíduos na fase da adolescência; a justificativa é por ser um período de transição, onde são refletidas alterações psíquicas, físicas e sociais, onde as relações podem ser acompanhadas por dúvidas, conflitos e angústias. A educação para a morte é um termo usado por Kovács (2012), que propõe um desenvolvimento contínuo ao sujeito, a partir da educação. Não se trata de uma receita padronizada, e sim uma maneira de suscitar reflexões que provoquem o homem a refletir sobre a morte e suas consequências. Ainda para o autor, a proposta de educação para a morte se fundamenta pela importância da discussão do tema numa sociedade na qual vivem a morte interdita, a busca da reumanização da morte no cotidiano. Por isso, achamos bastante relevante falarmos sobre o tema, já que acreditamos ser necessário compreendermos melhor o assunto para podermos ter subsídios que facilitem um plano de ação aos enlutados por suicídio. Identificando o impacto que o luto provoca nas famílias enlutadas e podermos proporcionar a estes enlutados um espaço de escuta, informação, acolhimento e aceitação. O nosso trabalho tem como objetivo primordial, favorecer o enfrentamento e a ressignificação da perda por suicídio, estendendo a compreensão sobre seus aspectos, seu histórico, é como ele foi compreendido no tempo por diversos autores. 2. A MORTE A morte, nos dias atuais, se estabelece como um assunto que não é falado abertamente. De acordo com Ariès (1975/2013), no decorrer da história da sociedade, a maneira de como a morte era vista foi sendo mudada. Na antiguidade, por exemplo, este assunto era domado. Cavaleiros medievais recebiam o aviso de que iam partir para sua jornada e que provavelmente poderiam morrer. Morte de forma natural, na maioria dos casos, era exceção; em outros casos, as pessoas eram avisadas sobre o acontecimento. Nesta época o homem aceitava este fato como destino. Na Idade Média, houve algumas mudanças graduais; as pessoas começaram a aparecer em detrimento do coletivo. Entre o século XIX e XX, a morte era vista como ruptura com os membros familiares. Foi onde começaram a aparecer os sentimentos de tristeza pelo fato. A expressão dos que ficaram era reflexo da não aceitação da morte; as pessoas do círculo do que morreu, choravam no leito, na sepultura, com lembranças, etc. Após o desenvolvimento industrial, a morte passou a ser um incômodo para as pessoas, deste modo, a morte não se adaptava a este novo padrão. Os sentimentos de tristeza era o processo de luto. Ao estudarmos a morte, passamos compreender a historicidade que percorre este tema, e nesta abordagem é que aparece o desenvolvimento psicológico do homem. Para Combinato e Queiroz (2006), o uso da teoria sócio histórica tem a finalidade de ressaltar a dimensão psicossocial da morte. Para os autores, é essencial estudar a morte, compreender a historicidade que perpassa esta temática, e para isso, se destacam a forma com que se entende o desenvolvimento psicológico do homem. Para que aconteça a apropriação da cultura e o desenvolvimento da linguagem e pensamento é preciso um aparato biológico, mas este só não é suficiente. São as ações e interações da pessoa em seu meio que possibilitam o desenvolvimento. Por isso, um conceito que antes era externo ao indivíduo passa a ser internalizado por este, em um processo constante de apropriação da cultura, adquirindo um sentido pessoal e singular. Deste modo, a maneira com a qual as pessoas concebem e lidam com a morte é diferente conforme suas culturas. A concepção sobre o que é morte adquire sentido de algo natural, já dado pela natureza durante o processo de internalizarão, sendo que na verdade é algo construído historicamente. Um outro modo de identificar como a cultura influencia nas concepções que o indivíduo tem sobre a morte é comparar a cultura Oriental com a Ocidental. Para Kovács (1992), este paralelo é diferente na compreensão do entendimento sobre a morte nas duas culturas. Para a autora, se no Ocidente a morte deve ser escondida, significando fracasso, final, no oriente a visão de morte surge naturalmente como um estado de transição e de evolução, para o qual deve haver um preparo. 2.1 COMPREENSÕES DA MORTE Quando é feita uma reconstrução da história em relação a forma como o homem lidou com a morte na cultura ocidental, percebemos que as pessoas nunca aceitaram a morte, recusando-a de seu consciente(KÜBLER-ROSS, 1992). O homem defende-se psicologicamente contra o medo da morte, e esse medo provem de sua incapacidade de prevê-la e dela se proteger, pois, embora ela seja algo que é certo na vida, não tem como se evitar a morte, porém, o inconsciente não compreende, nem sabe lidar com sua própria morte. Não devemos associar a morte, vendo-a apenas como término da vida, afinal desde que se nasce, morre-se aos poucos. As células morrem, sofremos pela perda de entes queridos, uma etapa de transição para outra também é uma morte (KOVÁCS, 1992). A vivência do luto é esclarecida por Freud (1917/2006), ele afirma, que o homem precisa retirar do objeto perdido a energia libidinal que o ligava ao mesmo, afinal o objeto não existe mais. Mas, a pessoa que está em luto, se apega ao objeto por meio de recordações, em uma oposição à realidade. Demora, porém aos poucos, o indivíduo consegue se desligar do objeto perdido. Deste modo, o luto no mundo é visto como vazio, sem sentido. Em caso de melancolia, o próprio eu adquire essa conotação e o indivíduo perde a autoestima, referindo-se a si próprio como desprezível e incapaz, dirigindo a si próprio, autocríticas. É certo que as notícias retratadas na TV e estampada nos jornais, trazem diariamente a morte de alguém, e quer sejam conhecidos ou não, geram desconforto, estranhamento, mas não impactam da mesma maneira como se fosse algum ente querido nosso. A teoria do apego descrita por Bowlby, traz importantes contribuições para a compreensão da morte. Bowlby (1997) postula em sua teoria do apego, existe uma necessidade inata de contato com outro ser humano. O apego se refere a um vínculo no qual o indivíduo associa-se a uma pessoa, geralmente as que trazem segurança e proteção. Trata-se de um mecanismo básico e biológico, tal como necessidade de se alimentar e de fazer sexo. Estes modelos de apego são adquiridos ao longo dos 3 primeiros anos de idade, mas especialmente no primeiro ano de vida, e indicam a maneira com que ela acredita que o mundo e as pessoas significativas para ela se comportarão, em relação à confiança e segurança que irão lhe oferecer. Estas representações estão ligadas ao apego e acabam se constituindo de um modelo interno de funcionamento, que é a base a partir do qual a pessoa estabelecerá suas relações com novas figuras de apego, tais como parceiros, família, circulo de amigos, e até mesmo a própria imagem. Diante destas considerações a respeito da teoria de Bowlby, vale ressaltar que sua relevância para a compreensão do processo da morte reside na ideia de que as reações dos indivíduos antes de uma perda, ou seja, quando acontece uma ruptura de uma figura de afeto, a maneira que esta situação e vivenciada e enfrentada tem relação direta com os vínculos de apego que existiam entre as mesmas. Desta maneira, a compreensão dos recursos que um individuo tem para lidar com o tema da morte está relacionado diretamente aos postulados da teoria do apego: o vínculo criado com as figuras que oferecem pistas para a forma que o indivíduo lidará com experiências futuras de separação. 3. SUICÍDIO O suicídio, de acordo com o dicionário Aurélio, configura-se como uma ação de acabar com a própria vida, de se matar quer utilizando agentes químicos ou por meios físicos. O termo suicídio surgiu do latino “suicidium”, no século XVII. Quando pensamos na palavra “suicídio”, nós, embora não o saibamos, já incluímos um tipo maior de suicídio, ou seja, o homicídio. Essa tolerância teórica, mais do que lexical, se originou de um dos maiores pensadores do Ocidente: Agostinho de Hipona. Isso não quer dizer que não existam oponentes teimosos dessa abordagem no mundo grego, como veremos mais tarde, mas que a estreita conexão entre ela e o assassinato era desconhecida antes de Agostinho. No texto básico "A Cidade de Deus" pelos descendentes da Igreja e da filosofia ocidental, Agostinho habilmente escreveu o sexto mandamento sobre o suicídio, ou seja, a proibição de “não matar” também deve ser aplicada. Segundo ele, é para alguém A situação de tirar a vida nas próprias mãos, embora isso não esteja claramente expresso no texto bíblico. Por muito tempo, o suicídio teve peso homicida e é considerado "autolesão", pertence à mesma categoria do crime e da blasfêmia, e a pena de morte é imposta a quem tenta o suicídio. As leis que entraram em vigor por volta do século 17 (especialmente o decreto de 1670) afirmavam claramente que o suicídio era um crime "da majestade do homem ou de Deus". Porém, desde o século XVIII, a tentativa de suicídio era considerada uma "desordem da alma", portanto, para evitar outra tentativa, uma nova forma de punição foi obtida (FOUCAULT 1984, p. 95). Portanto, o suicídio não é mais visto como blasfêmia, mas como parte do reino neutro da insanidade. 3.1 CAUSAS MOTIVADORAS AO ATO SUICIDA Afetos são mais bem definidos como uma combinação de dois elementos: uma sensação ou experiência de prazer ou desprazer e uma ideia ou ideias. O que constitui um afeto como fenômeno psicológico é a combinação dos dois, de prazer/desprazer e ideias (BUSH, 2001). Deve-se notar que as ideias ou a sensação de prazer e desprazer podem ser inconscientes e conscientes. Se as ideias são inconscientes e a sensação de prazer ou desprazer é consciente, o que resulta é o que costuma ser chamado de efeito sem conteúdo, por exemplo, ansiedade sem conteúdo. Se as ideias são conscientes e a sensação de prazer ou desprazer é inconsciente, o que resulta é o que é chamado isolamento de afeto. Os efeitos que desencadeiam conflitos psíquicos são desagradáveis. Destes, o mais conhecido e melhor estudado pelos psicanalistas é a ansiedade. Quando o prazer é combinado com uma antecipação consciente ou inconsciente de perigo ou calamidade, rotulamos que afetam a ansiedade. Se o desprazer é intenso, fala-se de terror ou pânico. Se é mínimo, chamamos de preocupação ou desconforto. Se o conteúdo ideacional tem a ver com perda ou solidão, o efeito é chamado de ansiedade de separação; se tem a ver com castração, chama-se ansiedade de castração. Em resumo, desprazer mais perigo, desprazer mais calamidade antecipada é uma ou outra variedade de ansiedade (BUSH, 2001). Dependendo da intensidade do desprazer e da natureza do conteúdo ideacional, ele pode ser classificado como pânico, terror, pavor, preocupação, medo, apreensão etc. etc., mas se uma calamidade for no futuro, se ela imitir, o afeto desagradável é, por definição, uma variedade de ansiedade. Também por definição, a ansiedade sem conteúdo ideacional é uma impossibilidade. É possível que exista uma experiência ou sensação de desprazer sem conteúdo ideacional, e é plausível supor que isso de fato acontece durante os primeiros dias e semanas de vida extrauterina. Para que o termo ansiedade seja significativo, porém, ele deve ser desagradável, combinado com uma expectativa de calamidade. A ansiedade é o efeito desagradável que sinaliza o advento de algo ruim, de calamidade. O papel que a ansiedade desempenha no desencadeamento de conflitos psíquicos é muito conhecido para exigir repetição. Freud (1926) primeiro delineou seu papel e listou quatro calamidades ou perigos como seu conteúdo ideacional na primeira infância: perda de objetos, perda de amor, castração e, após o desenvolvimento do superego, punição, que passa a incluir as outras três. A ansiedade não é a única forma de desprazer que desempenha um papel importante no conflito psíquico (BRENNER; GAZZINELLI, 2009). O desprazer também pode ser combinado com ideias de que uma calamidade já ocorreu. Nesse caso, o afeto não é ansiedade, mas miséria - o que chamei de afeto depressivo por causa de sua relação com o que é chamado de doença depressiva mais tarde na vida. Uma criança que se sente abandonada, não amada, castrada e/ou punida dequalquer uma ou todas essas maneiras não sofre de ansiedade, ou seja, de uma antecipação de calamidade. A calamidade não é um perigo, nem uma questão do futuro, uma questão de expectativa. Para essa criança, a calamidade é um fato da vida, é a realidade atual da criança. Quando uma calamidade é um fato da vida, quando está no presente e não no futuro, o efeito desagradável é, por definição, não ansiedade, mas afeto depressivo. Assim, por exemplo, a ansiedade de separação é desagradável, mais a (s) ideia (s) de que alguém será abandonado no futuro. O efeito depressivo da separação, por outro lado, é desagradável mais a (s) ideia (s) de que um já está abandonado, que já está sozinho. Com alterações adequadas, o mesmo se aplica a cada uma das outras calamidades da infância que Freud (1926) delineou. Em resumo, a partir da infância, existem dois tipos de desprazer associados às calamidades da perda de objetos, perda de amor, castração e punição. Um tipo é a ansiedade; o outro é efeito depressivo (BRENNER; GAZZINELLI, 2009). A diferença entre os dois é que, em um deles, a ansiedade e a calamidade são antecipadas, é um perigo, enquanto no outro, o efeito depressivo, a calamidade está presente como um fato da vida. Sempre que a ansiedade ou o efeito depressivo de intensidade suficiente aparecem em conexão com o desejo de gratificação de um derivado da pulsão, o que se segue é um conflito psíquico. O descontentamento associado à gratificação de um derivado da pulsão é o que desencadeia um conflito psíquico, seja ele um sentimento de ansiedade ou um efeito depressivo. O conflito na vida psíquica tem quatro componentes: conduzir derivados, desprazer na forma de ansiedade e/ou afeto depressivo, defesa e manifestações de superego. Esses componentes interagem de acordo com o princípio do prazer/desprazer, isto é, de maneira a alcançar o máximo prazer ou gratificação e o mínimo desprazer na forma de ansiedade e/ou efeito depressivo (BRENNER; GAZZINELLI, 2009). O resultado da interação, consequência do conflito, é uma formação de compromisso, que pode ser patológica ou normal. . Muitos conflitos que são intensos o suficiente para serem clinicamente significativos se originam, na maioria das vezes na infância. Os conflitos posteriores da vida são uma continuação dos da infância: neles o passado vive no presente. Os desejos da infância nunca deixam de ser ativos na mente até que o cérebro, o órgão da mente, decaia ou pare de funcionar completamente. O que caracteriza os desejos da infância que figuram no conflito psíquico é um desejo de gratificação libidinal e agressiva, gratificação que, na ausência de ansiedade e afeto depressivo, seria intensamente prazerosa. Como Freud (1905) apontou, a gratificação libidinal está intimamente ligada às zonas erógenas. É por esse motivo que se fala de desejos orais, anal e fálico ou genital. Os desejos agressivos também estão conectados às zonas erógenas, mas menos intimamente do que as libidinais. Para os propósitos atuais, basta dizer que, sob certas circunstâncias, os desejos de satisfação libidinal e agressiva (prazer) podem despertar intenso prazer na mente de uma criança. Quando isso acontece, o conflito segue. A criança ou teme a perda de objetos, a perda de amor, a castração ou a punição em conexão com um ou mais desejos instintivos, ou a criança experimenta uma ou todas essas calamidades como tendo ocorrido, como um fato da vida, em consequência de sua desejos. Seja qual for o caso, seja a ansiedade associada à mente de uma criança com seus desejos instintivos ou afetivos depressivos, a criança reage para eliminar ou atenuar o desagrado que sente, ou seja, para atenuar ou evite completamente a ansiedade, o efeito depressivo ou ambos. Todo esforço feito para atingir esse objetivo de reduzir o desprazer faz parte do que chamamos de defesa. A função da defesa é reduzir o desprazer. Tudo o que realiza ou auxilia esse objetivo é, por definição, defensivo. Em geral, a defesa opera opondo-se à gratificação dos desejos instintivos que causaram prazer. A defesa, em geral, é anti-instintiva. Por esse motivo, Freud usou a palavra conflito para designar os eventos psíquicos em discussão. Há um conflito na mente entre um desejo de gratificação instintiva prazerosa e um desejo de suprimir o desejo instintivo, a fim de eliminar o desprazer na forma de ansiedade e afeto depressivo. Esta formulação é apenas aproximadamente correta, no entanto. Oposição ou conflito entre desejo e defesa é apenas parte do que acontece. A história completa é um pouco diferente. Nomeadamente, é alcançado um compromisso entre as várias tendências da mente, um compromisso que segue o princípio do prazer, evitando o desprazer e ao mesmo tempo alcançando o prazer na medida em que cada um é possível (BUSH, 2001). Em outras palavras, o resultado do conflito é que os derivados da pulsão envolvidos são gratificados na medida em que podem ser, sem despertar muito desprazer, o desprazer na forma de ansiedade e afeto depressivo é eliminado, tanto quanto possível, ao mesmo tempo. permitindo alguma gratificação dos desejos envolvidos e, simultaneamente, as demandas do superego são atendidas o máximo possível. Em resumo, a consequência do conflito é uma formação de compromisso, um compromisso entre todos os componentes do conflito, uma formação de compromisso, deve-se acrescentar, que pode ser normal ou patológica. Assim, o desprazer na forma de ansiedade e afeto depressivo sempre faz parte do conflito psíquico. É uma condição sine qua non no que diz respeito ao conflito: sem desprazer, sem defesa, sem conflito. As questões são um pouco diferentes, no entanto, quando se trata de comprometer a formação. Isso pode ser melhor ilustrado considerando-se a ansiedade no conflito e na formação de compromissos, uma vez que essa forma de desprazer é a mais familiar. Quando um esforço defensivo é bem-sucedido na eliminação da ansiedade, a qualquer custo para a saúde mental de um indivíduo, a ansiedade não aparece como parte da experiência consciente dessa pessoa. Para dar um exemplo familiar, se a ansiedade de um adulto em relação aos derivados da pulsão infantil pode ser eliminada como uma experiência consciente, afastando-se dos aviões ou evitando alguma outra situação cotidiana, a pessoa em questão fica livre de ansiedade, mesmo que esteja claramente sofrendo de um sintoma neurótico, uma fobia. A ansiedade é um componente do conflito subjacente, mas não da formação de comprometimento resultante. O mesmo pode ser verdade para um paciente que deve verificar todos os jatos de gás na cozinha duas ou três vezes antes de sair de casa. A ansiedade pode ser evitada como uma experiência consciente, desde que o ritual obsessivo do paciente possa ser realizado. Novamente, a ansiedade faz parte do conflito, mas não necessariamente da formação de compromisso resultante (FÉDIDA, 2017). Existem, no entanto, pacientes que experimentam algum grau de ansiedade, apesar da evitação fóbica ou do ritual obsessivo. Apesar das defesas mobilizadas por esses pacientes, alguma ansiedade aparece na formação de comprometimento resultante. De fato, a experiência mostra que um paciente pode sentir alguma ansiedade junto com um sintoma neurótico em algumas ocasiões, mas não em outras. Sempre que a ansiedade aparece como parte da formação de compromisso resultante de um conflito patogênico, concluímos que 'para aquele paciente naquele momento, os esforços defensivos mitigaram a ansiedade do paciente sem eliminá-la completamente como um fenômeno consciente. Permanece como parte da formação de comprometimento patológico do paciente, apesar dos esforços defensivos do paciente. Repetindo, mesmo que o desprazer na forma de ansiedade tenha um papel importante em um conflito patogênico, ele não necessariamente o faz na formação patológicaresultante. Um paciente pode ser aguda e esmagadoramente ansioso, pode não ter ansiedade consciente, seja o que for, ou qualquer outra coisa. Como sintoma, a ansiedade pode ser proeminente ou ausente, apesar de desempenhar um papel importante no conflito (FÉDIDA, 2017). Uma formação de comprometimento patológico pode ou não incluir a ansiedade como uma de suas características. O mesmo se aplica ao afeto depressivo. Em todo conflito, o efeito depressivo desempenha seu papel no início da defesa, assim como a ansiedade. Às vezes a ansiedade predomina e, às vezes, o efeito depressivo. Ambos desempenham seu papel em todos. Não é a presença ou ausência de afeto depressivo como elemento de conflito que varia de paciente para paciente. O efeito depressivo desempenha um papel nos conflitos de todos os pacientes (FÉDIDA, 2017). O que varia é o papel do efeito depressivo na formação de comprometimento patológico resultante. Como a ansiedade, o efeito depressivo como um elemento da sintomatologia pode ser proeminente, pode estar ausente ou pode estar em algum lugar no meio. Em resumo, então, o prazer, seja a ansiedade ou o efeito depressivo, desempenha um papel crucial e necessário nos conflitos psíquicos de cada paciente. Pode ou não desempenhar um papel de destaque na sintomatologia de um paciente. No entanto, em todos os casos, quaisquer que sejam as manifestações externas, a ansiedade e o efeito depressivo estão presentes e ativos inconscientemente (JACKSON, 1986). Quais são as implicações disso tudo para a compreensão da psicopatologia e dinâmica dos casos de doença mental em cuja Ansiedade sintomatológica é proeminente? Que luz essas descobertas lançam sobre a chamada doença depressiva? É melhor responder a essas perguntas revisando brevemente o desenvolvimento da teoria psicanalítica da Ansiedade antes da descoberta do papel do afeto depressivo no conflito psíquico. As teorias psicanalíticas da origem e do mecanismo da Ansiedade começaram com o luto de Freud (1917) e a melancolia. Nele, Freud avançou várias ideias sobre Ansiedade que ainda são amplamente aceitas. A primeira é que a depressão patológica tem um análogo normal: pesar e luto por uma pessoa amada ou algo que se perdeu por morte ou separação. Um paciente deprimido, disse Freud, está de luto por alguém que se acredita consciente ou inconscientemente estar morto e desaparecido. Em alguns casos, a perda é real, como quando um paciente se torna patologicamente deprimido após a perda de um cônjuge ou ente querido. Mais frequentemente, um paciente, zangado com um ente querido, por qualquer motivo, deseja que ele seja morto, mata essa pessoa em alguma fantasia inconsciente e lamenta a perda, por mais imaginária que seja. Pode-se notar de passagem que, ao analisar a depressão e o luto, Freud conseguiu oferecer uma explicação de porquê um episódio de Ansiedade costuma ter duração limitada. Quando alguém chora, geralmente o faz por um período limitado - por vários meses ou um ano, talvez. Então, a pessoa termina o luto e retorna, pelo menos em muitos casos, ao estado de pré-perda e pré-luto, assim como um paciente deprimido retorna ao seu estado pré-mórbido após um período de depressão. O ponto principal da analogia entre luto e depressão, no entanto, foi a afirmação de que a depressão é uma consequência da perda de uma pessoa amada, de que a doença resulta da perda de objetos. A perda pode não ser real; pode ser apenas uma perda de fantasia, disse Freud. O paciente pode nem estar ciente de qualquer sensação de perda, ou seja, a percepção de uma perda pode ser bastante inconsciente (JACKSON, 1986). No entanto, com base em suas próprias observações e nas de seu colega Abraham, Freud afirmou que a depressão é uma consequência da perda de uma pessoa amada, que resulta da perda de objetos, reais ou fantasiada, consciente ou inconsciente. Com base em observações clínicas, Freud também ligou a depressão à ansiedade e à agressividade. Seu raciocínio foi por esse caminho. Quando alguém perde uma pessoa amada, tende a se tornar como a pessoa que perdeu. Ao fazer isso, tenta-se mitigar ou desfazer a perda. Tal reação aparece pela primeira vez muito cedo na vida. Uma criança pequena, deixada pela mãe, se identificará com a mãe ao cuidar de uma boneca ou de um animal de estimação, como se para garantir a si mesma que a mãe não se foi, que ela ainda está lá como a criança deseja. Essa reação, essa identificação com um objeto ausente e almejado, disse Freud, é uma característica geral da vida mental humana. A identificação é uma defesa contra a perda de objetos, é a maneira como é usada hoje e tem, como Freud apontou, uma consequência importante (JACKSON, 1986). A consequência resulta do fato de que as pessoas amadas, especialmente as pessoas amadas que abandonam e abandonam uma, são odiadas e amadas. É precisamente quando a ambivalência é intensa, quando um grande amor coexiste com intensa raiva ou ódio, que a identificação com um objeto perdido produz depressão. Freud continuou dizendo que transformar a agressão contra si mesmo dessa maneira explica alguns dos sintomas frequentemente encontrados em pacientes deprimidos: autoestima diminuída, autoacusações, autoagressão, auto tormento e suicídio - ou seja, fazer a si mesmo como alguém gostaria de fazer com o objeto perdido amado e odiado. Em sua maior contribuição para a psicologia da depressão, Abraham (1924) fez uma adição significativa às ideias de Freud. Ele ligou a depressão à oralidade. Como ele e os pesquisadores posteriores colocaram a predisposição para a depressão mais tarde na vida consiste em um trauma psicológico e consequente fixação na fase oral do desenvolvimento, ou seja, nos primeiros 18 meses de vida. Na linguagem cotidiana, se um paciente fica deprimido mais tarde na vida, pode-se supor, de acordo com Abraham e autores posteriores, que na infância o paciente foi abandonado ou negligenciado pela mãe. Uma vez que o papel do afeto depressivo no conflito psíquico é levado em consideração, torna-se aparente que os fatos são de outra maneira. Em alguns casos, o sintoma de depressão de um paciente está relacionado à perda de objetos e à maternidade inadequada, mas não em todos. Da mesma forma, os desejos orais podem predominar, mas nem sempre o fazem. De fato, os casos em que os desejos orais e a maternidade inadequada são as principais razões para a depressão posterior podem estar em minoria. Conflitos fálicos e anais são comuns e geralmente são mais importantes que os orais (JACKSON, 1986). Também é verdade que a identificação pode desempenhar um papel crucial na dinâmica de um paciente deprimido, mas há muitos pacientes nos quais isso não é verdade. Finalmente, a agressão contra si mesmo não é a causa da Ansiedade. É, de fato, uma consequência disso. Repetindo, o efeito depressivo, como a ansiedade, pode estar associado a qualquer uma das calamidades da infância. Não está exclusiva ou principalmente associada à perda de objetos. É verdade que o luto por um objeto perdido, um ente querido perdido, é um análogo normal de uma depressão patológica, como sugeriu Freud em 1917, mas a analogia é enganosa se for levada na medida em que foi levada por Freud e foi realizada por outros analistas desde então (JACKSON, 1986). O afeto universal e, nesse sentido, normal, relacionado à depressão patológica, é uma variedade de desagrado que pode estar relacionado a qualquer uma das calamidades da infância. Doenças mentais nas quais a ansiedade é uma característica proeminente são um dos principais problemas da psiquiatria atualmente. Os esforços atuais para entender e lidar melhor com o problema abordaram-no do lado da neuroquímica, farmacologia, terapia eletroconvulsiva e biogenética. A abordagem no presente trabalho é baseada em dados recentemente disponíveis sobre um aspecto diferentedo funcionamento do cérebro, a saber, o aspecto psicológico estudado pelo método psicanalítico. Duas conclusões, baseadas nesses dados, são os principais pontos do trabalho. O primeiro tem a ver com a psicodinâmica e a psicogênese da Ansiedade e da Depressão como uma característica da doença mental. O segundo, baseado no primeiro, é que é um erro basear uma nosologia na premissa de que a presença de depressão distingue uma classe de doença mental de alguma maneira fundamentalmente importante. Depressão é um afeto, não uma doença. O conceito atual de doença depressiva, quaisquer que sejam as palavras usadas para designá- lo, é mais enganoso do que útil. Qual o significado da vida? A questão abrangente e talvez melodramática tem sido objeto de debate universal desde o início da humanidade. Freud, em Civilização e os seus descontentamentos (1929), argumenta que a questão em si é dependente do contexto. Para ele, a religião é a única instituição que tenta explicar um significado por trás da vida cotidiana. Freud pergunta, em vez disso, o que a humanidade realmente quer, e a resposta parece ser simples - a felicidade. Parece, portanto, mais apropriado perguntar de onde vem a felicidade. No trabalho psicanalítico, o mecanismo que domina o aparato mental e é a fonte de toda felicidade é o princípio do prazer. Segundo Freud, “o que chamamos de felicidade no sentido mais estrito provém da satisfação (de preferência súbita) de necessidades que foram represadas em alto grau” (1929, p. 264). No entanto, em nossa sociedade moderna, as taxas de indivíduos com ansiedade depressão estão aumentando. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a ansiedade acompanhada pela depressão afeta cerca de 121 milhões de pessoas em todo o mundo e está entre as principais causas de incapacidade no mundo (OMS, 2012). A busca pela felicidade, claramente, não está provando ser proveitosa. FIGURA 1: DEPRESSÃO E ANSIEDADE NO BRASIL Fonte: https://www.papodehomem.com.br/os-numeros-da-depressao-e-da-ansiedade-no-brasil-e-no- mundo https://www.papodehomem.com.br/os-numeros-da-depressao-e-da-ansiedade-no-brasil-e-no-mundo https://www.papodehomem.com.br/os-numeros-da-depressao-e-da-ansiedade-no-brasil-e-no-mundo A teoria psicanalítica da melancolia, hoje referida como depressão, começou principalmente com o trabalho de Karl Abraham e Sigmund Freud no início dos anos 1900. O trabalho seminal nessa área foi Luto e Melancolia, publicado em 1917, no qual ele se baseia na experiência clínica para explicar o estado da melancolia. Ele traça paralelos entre esse e o estado natural do luto e usa essa comparação para explorar os mecanismos psíquicos da depressão. Abraham (1970) também analisa a condição melancólica e detalha alguns fatores necessários para sua psicogênese. Desde o seu início no trabalho desses primeiros teóricos, os modelos psicanalíticos de depressão foram expandidos e refinados para oferecer insights sobre a causa, sintomas e tratamento da ansiedade. A teoria freudiana oferece duas explicações possíveis para a aparente infelicidade geral da população global: o excedente de prazer em nossa sociedade e o próprio estado da civilização. A primeira delas - o excedente de prazer - está novamente ligada ao princípio do prazer e à possibilidade de superexposição, o que significa que “quando qualquer situação desejada pelo princípio do prazer é prolongada, apenas produz uma sensação de satisfação leve” (FREUD, 1929, p. 264). Em uma sociedade ocidental desenvolvida como a nossa, para a maioria das pessoas, todas as necessidades ou desejos podem ser satisfeitos com um esforço mínimo. Como Goethe nos diz - e Freud cita - “nada é mais difícil de suportar do que uma sucessão de dias justos”. A vida moderna tornou-se uma sucessão de “dias justos”, com o aumento dos padrões de vida nos países ocidentais e as taxas de ansiedade e depressão. De acordo com o relatório de 2004 da OMS sobre o ônus global da doença, “a depressão dá uma grande contribuição ao ônus da doença, estando em oitavo lugar em países de baixa renda, mas em primeiro lugar em países de média e alta renda” (OMS, 2012, p. 05). O conceito de superexposição de Freud, baseado no princípio do prazer, pode oferecer uma explicação para a prevalência de depressão nos países desenvolvidos. De acordo com essa teoria, o prazer é, por um lado, onipresente e, por outro, inatingível, pois nos tornamos quase amortecidos pela experiência. A segunda explicação de Freud para o sentimento universal de mal-estar envolve olhar para a própria sociedade e seu efeito sobre o indivíduo. Em Civilização e seus descontentamentos (1929), ele afirma que existem três fontes de sofrimento para um ser humano. O primeiro é o sofrimento infligido pelo próprio corpo, que está inevitavelmente sujeito a doenças e envelhecimento e é propenso a sentimentos de dor e ansiedade. O segundo é o sofrimento provido pelo mundo natural e influências externas. E a terceira, e mais dolorosa, é a mágoa que advém do relacionamento com outros seres humanos. As duas primeiras dessas fontes, na opinião de Freud, são imutáveis e devem ser aceitas. No entanto, o dano causado pelas relações sociais, ele argumenta, ocorre como resultado do estado da civilização. Ele acredita que a civilização impõe restrições aos nossos instintos básicos. Isso está relacionado à construção em três partes do inconsciente de Freud: o id, que é composto de nossos desejos básicos e mais primitivos; o ego, que controla os desejos do id e os traduz em comportamentos que são expressáveis no mundo real; e, finalmente, o superego, que internaliza as regras morais e culturais da sociedade em que vivemos. Com o desenvolvimento do superego e as normas culturais que somos forçados a seguir, não somos livres para satisfazer os impulsos primordiais do id, como aceitamos as regras da sociedade como vinculativas, e ir contra elas é arriscar a expulsão dessa sociedade. O prazer primordial foi trocado pela segurança e estabilidade que a vida em uma sociedade civilizada nos oferece. De certa forma, é como se satisfazer o id fosse lutar por uma fatia grande de um bolo pequeno, enquanto obedecer ao superego nos oferece uma fatia menor de um bolo maior. Fazer parte de uma sociedade garante que nossas necessidades sejam satisfeitas regularmente. Em resposta a essa aceitação das regras da civilização, alguns psicanalistas veem a ansiedade acompanhada pela depressão como uma forma de protesto contra a sociedade, uma maneira de dizer "não" ao que devemos ser (KLEIN, 1934). Tomando a civilização como a causa de um sentimento universal de descontentamento, não é de surpreender que, em nossa sociedade moderna, na qual os indivíduos dependem amplamente de relações sociais e de um senso de comunidade, a depressão tenha se tornado cada vez mais prevalente. Embora essas teorias ofereçam uma explicação para a depressão na população em geral, Freud e Abraham também sugerem algumas teorias para a psicogênese da ansiedade em um indivíduo específico. Freud (1917) observa as semelhanças entre os estados de luto e melancolia. Ele descreve o luto como uma resposta a uma perda real de um objeto de amor, como uma pessoa ou mesmo um ideal. Por outro lado, na melancolia, o paciente não pode captar conscientemente o que perdeu ou sabe o que é, mas não o que se trata do objeto que perdeu. Abraham (1924) também oferece algumas causas possíveis para a ansiedade, com base em seu trabalho clínico. Ele expõe quatro fatores que são necessários para a psicogênese da ansiedade e depressão. O primeiro está ligado aos cinco estágios do desenvolvimento psicossexual: oral, anal, fálico, latência e, finalmente, genital. Uma criança deve passar com sucesso por cada um desses estágios para se tornar um adulto psicologicamente saudável, enquanto a fixação em qualquer estágio pode persistirna vida adulta e resultar em neurose no adulto. Abraham acreditava que o paciente melancólico é fixado no estágio oral e, portanto, enfatiza demais o erotismo oral mais tarde na vida. Em segundo lugar, o paciente também terá experimentado decepções precoces e repetidas na infância no amor. Em terceiro lugar, é provável que a primeira dessas decepções tenha ocorrido antes dos desejos edipianos - em que o id da criança deseja acabar com o pai e se reunir com a mãe, mas é impedido de fazê-lo pelo realismo do ego. foi resolvido. Finalmente, também é provável que uma repetição dessa decepção primária no amor tenha ocorrido mais tarde na vida de um paciente melancólico. Esses primeiros conceitos psicanalíticos se valem do trabalho clínico de Freud e Abraham para tentar encontrar exatamente o que causa a melancolia. Essas teorias funcionam no nível social e individual e oferecem algumas explicações para a prevalência e a causa da ansiedade e da depressão. 3.2 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO AO SUICÍDIO Para a consolidação de um projeto profissional na sociedade, perante outras profissões, além de instituições privadas e públicas, perante os usuários dos serviços oferecidos pelo profissional, é necessário ter um corpo profissional altamente organizado em sua base. O projeto profissional do Serviço Social brasileiro é historicamente datado, fruto da expressão de um amplo movimento de lutas pela democratização da sociedade e do Estado no país, com forte presença das lutas trabalhistas. Esse projeto profissional constitui um universo heterogêneo, pois os integrantes da categoria profissional são necessariamente indivíduos diferentes, cujo corpo profissional é uma unidade não homogênea, mas uma unidade de vários; contém diversos projetos individuais e sociais e, portanto, constitui um espaço numeroso de onde podem surgir diversos projetos profissionais. (IAMAMOTO, 2009, p. 223). O projeto profissional é especificado em diferentes dimensões da profissão, por exemplo, em instrumentos legais, que garantem os direitos e deveres do assistente social e representam uma defesa da autonomia profissional no exercício do seu trabalho na luta pelos direitos, autonomia presença política do movimento estudantil no serviço social, um dos espaços em que este projeto se dinamiza. Este projeto profissional é fruto da organização social da categoria e sua qualificação teórica e política, construída a partir do choque entre diferentes projetos sociais que nela se refratam, segmentos importantes da categoria passam a nortear sua atuação, contra uma corrente. da trajetória conservadora que hegemonizou as origens e o desenvolvimento do serviço social brasileiro até a década de 1980 (IAMAMOTO, 2009). O profissional que se encontra no sistema atual encontra grandes dificuldades em se organizar em relação ao seu trabalho, o capitalismo que visa obter lucros abusivos com a exploração do trabalho todos os dias interfere no trabalho do profissional do serviço social ao se voltar para o mesmo. ou ser, como diria Netto, um executor de políticas públicas, totalmente burocratizado pela 'obediência' a regras institucionais. Segundo Bogo (2010), “a organização é „a base da transformação” (. ) E é também considerada um dos principais desafios exigidos no serviço social para uma inserção profissional crítica e direcionada na contemporaneidade. Por meio dessa organização o profissional armazena as informações a serem interpretadas e transmitidas; tornando necessário conhecer os desejos e vontades das massas para que possam interpretar seus motivos. Outro desafio que os assistentes sociais têm de enfrentar é sair da bagagem teórica acumulada para enraizar a profissão na realidade, ao mesmo tempo que dá maior atenção às estratégias, táticas e técnicas de trabalho profissional, de acordo com as particularidades dos sujeitos objeto de estudo e intervenção da assistente social. Sobre a importância da organização dentro da categoria, Netto (2009, p.). Já "organizou" atividades filantrópicas, parâmetros teórico-científicos e com o objetivo de instrumentação técnica. Segundo Iamamoto (2009), o assistente social, ao atuar na mediação das reivindicações da população regular e no acesso aos serviços sociais, nas esferas pública e privada, é um dos agentes em que o Estado deve entrar em conflito, presente no cotidiano vida das relações sociais. Existe uma dupla possibilidade. Por outro lado, o trabalho do assistente social pode representar uma "invasão de privacidade" por meio de comportamento burocrático autoritário como extensão do braço coercitivo do Estado (ou da empresa). Desde então, ao desviar a vida dos indivíduos, pode, por outro lado, abrir as possibilidades de acesso da família a recursos e serviços, bem como acumular um conjunto de informações sobre as expressões contemporâneas da questão social ao longo do tempo. estudos. Segundo a mesma autora, atualmente esta assistente social atua no campo das relações sociais, com indivíduos, grupos, famílias, comunidades e movimentos sociais, desenvolvendo ações que fortaleçam sua autonomia, participação e exercício de tomada de decisão, com vistas a mudar suas condições de vida. Os princípios dos direitos humanos defendidos e da justiça social são elementos fundamentais para o trabalho social, com vistas à superação das desigualdades sociais e das situações de violência, opressão, pobreza, fome e desemprego. O assistente social desempenha um papel eminentemente "educativo", "organizativo" nas classes trabalhadoras. Seu objetivo é transformar a maneira de ver, agir, se comportar e sentir dos indivíduos em sua inserção na sociedade. A categoria profissional desenvolve uma ação socioeducativa na prestação de serviços sociais, viabilizando o acesso aos direitos e os meios para exercê-los, auxiliando as necessidades e interesses dos sujeitos de direitos a ganhar visibilidade no cenário público e pode, de fato, Ser reconhecido. Esses profissionais afirmaram seu compromisso com os direitos e interesses dos usuários na defesa da qualidade dos serviços prestados, em contraposição ao patrimônio conservador do passado. Importantes investimentos acadêmico-profissionais foram realizados na construção de uma nova forma de pensar e fazer o Serviço Social, norteada por uma perspectiva teórico-metodológica baseada na teoria social crítica e em princípios éticos de um humanismo radicalmente histórico, norteadores do projeto da profissão no Brasil Iamamoto ( 2009). Por fim, deve-se entender que o assistente social, como trabalhador qualificado, deve apresentar propostas profissionais que ofereçam soluções que vão além das necessidades da instituição e cujas solicitações sejam apresentadas na versão burocrática e no senso comum sem tradição ética política interpretação teórico-metodológica. Cabe ao assistente social, portanto, imprimir os conhecimentos adquiridos pela profissão em suas ações e reelaborar as solicitações que lhe são encaminhadas (PAIVA, 2000). CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos dados obtidos por meio deste estudo, pode-se verificar a complexidade do tema e a relevância da discussão, pois os resultados mostram que devido a fatores sociais, psicológicos, familiares e outros, as tentativas de suicídio e as taxas de suicídio entre adolescentes são alarmantes. O principal objetivo deste trabalho de pesquisa foi explorar o possível impacto da psicoterapia breve em pacientes enlutados por suicídio familiar. Para este trabalho, optou-se por definir o suicídio e os fatores psicossociais envolvidos no fenômeno, além de descrever o luto em relação aos seus aspectos psicossociais e sofrimento psíquico, e propor uma justificativa para a psicoterapia breve. Quando este aspecto do suicídio é profundamente compreendido, percebe-se claramente que se trata de um fenômeno multicausal– social, cultural, patológico, subjetivo. Também é possível compreender a importância da estrutura e função dos órgãos psíquicos do sujeito, pois no suicídio fica evidente que o ego do suicida está fraco ou rompido, incapaz de lidar com a frustração e a ansiedade, vendo no suicídio a única saída de dor. Certos aspectos do suicídio tornam mais difícil para a família do falecido falar sobre o assunto, o que certamente sugere no atendimento clínico: violência da morte, eventos súbitos, vergonha pelo que aconteceu, culpa por entes queridos inconscientes. Logo após o suicídio, a pessoa enlutada inicia o processo de luto, a dor de sentir a perda de um ente querido. Para compreender como os enlutados respondem e quais aspectos interferem no enfrentamento da morte suicida, buscou-se caracterizar os aspectos psicossociais e o sofrimento psíquico dos enlutados. REFERÊNCIAS ABRAHAM, K. “Breve estudio del desarrollo de la libido a la luz de los transtornos mentales”. In: Psicoanálisis de la melancolia. Buenos Aires, El Ateneo, 1924. ___________. Teoria Psicanalítica da libido. Rio de Janeiro: Imago, 1970. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (4a ed. texto revisado). Porto Alegre: Artmed, 2000. BOGO, A. Identidade e Luta de Classes. 2ª Ed. – São Paulo, Expressão Popular, 2010. BUSH et al. Even Minimal Symptoms of Depression Increase Mortality Risk after Acute Myocardial Infaction. Am J Cardiol 88:337-41, 2001. BRAVO, M. I. S. Serviço Social e reforma sanitária: lutas sociais e práticas profissionais. São Paulo: Cortez, 1996. CARNEIRO, A. M. F.; ARAUJO, C. C.; ARAUJO, M. DO S. S. DE. Política de Assistência Social no período 1988-2018: construção e desmonte. SER Social, v. 21, n. 44, 2019. FÉDIDA, P. Dos benefícios da depressão: elogio da psicoterapia. São Paulo: Escuta, 2017. FREUD, S. Civilização e os seus descontentamentos. 1929. ________. Luto e Melancolia. 1917. IAMAMOTO, M. V. 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