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Flutuações Econômicas e Políticas Monetárias e Fiscais

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764 PARTE 12 FLUTUACI3ES ECONCMICAS NO CURTO PRAZO
aproximadamente quadruplicaram durante aquela decada. E talvez houvesse mesmo
irracionalidade: em 2001 e 2002, o mercado cie a0es tomou de volta parte desses
grandes ganhos quando os prkos das a0es apresentaram queda pronunciada.
Independentemente de como vemos o crescimento sbito do mercado, isso
levanta uma quest5o importante: como o Fecl deveria reag,ir a flutua0es no mer-
cado de a0es? 0 Fed n5o tem motivos para se preocupar com os131-eos das a0es
em si, mas tem a tarefa de monitorar e reagir a .acontecimentos na economia, e o
mercado de a0es e parte do quebra-cabka. Quando o mercado de a0es entra em
boom, as familias enriquecem e essa maior riqueza estimula as despesas de consu-
mo. Alem disso, um aumento no prko das a0es faz con-i que seja mais atraente
para as empresas vender novas 1.->articipa0es em a0es e isso estimula as despesas
de investimento. Por esses dois motivos, um mercado de a0es em boom expande a
demanda agregada por bens e servkos.
Como veremos em detalhes mais adiante, um dos objetivos do Fed e estabilizar
a demanda agregada, uma vez que uma demanda agregada mais estEivel significa
maior estabilidade da prodLk5o e do nivel de prkos. Para tanto, o Fed pode reagir
a um boom do mercado de a0es mantendo a oferta de moeda em niveis menores
e a taxa de juros em niveis mais elevados do que faria na ausencia do boom. Os efei-
tos contracionistas de taxas de juros mais elevadas contrabalanariam os efeitos
expansionistas dos maiores prkos das a0es. De fato, essa an se descreve o com-
portamento do Fed: as taxas de juros reais foram mantidas em niveis elevados rela-
tivamente aos patamares hist6ricos durante o boom "cle exuberkicia irracional" do
mercado de a0es do fim da decada de 1990.
0 contrkio ocorre quando o mercado de a0es cai. As despesas de consumo e
de investimento diminuem, deprimindo a demanda agegada e levando a econo-
mia em dirk5o à recess5o. Para cstabilizar a demanda agregada, o Fed precisa
aumentar a oferta de moeda e reduzir as taxas de juros. E, de fato, é o que costuma
fazer. Por exen-iplo, em 19 de outubro de 1987, o mercado de a0es caiu 22,6% — sua
maior queda em um sO dia em toda a hist6ria. 0 Fed reagiu ao crash do mercado
aumentando a oferta de moeda e reduzindo as taxas de juros. A taxa de fundos
federais caiu de 7,7% no início de outubro para 6,6% no final cio mes. Grgas, em
parte, à r4ida atug -a- o do Fed, a economia evitou uma recess5o. Similarmente,
con-lo discutimos em um estudo de caso no capitulo anterior, o Feci tambem redu-
ziu as taxas de juros durante as quedas no mercado de a0es em 2001 e 2002,
embora dessa vez a politica monetkia ri5o tenha sido ógil o bastante para evitar
uma recess5o.
Enquanto o Fed mantem os olhos no mercado de a0es, os participantes do
mercado tambem mantem os olhos no Fed. Como o Fed é capaz de influenciar as
taxas de juros e a atividade econ(5mica, ele pode alterar o valor das a0es. Por exem-
plo, quando o Fed aumenta as taxas de juros, reduzindo a oferta de moeda, faz com
que seja menos atraente possuir a0es por dois motivos. Primeiro, uma maior taxa
de juros significa que os titulos, a alternativa às a0es, est5o oferecendo maior
retorno. Seg-undo, o aperto da politica monetkia praticado pelo Fed tem o perigo
de levar a economia para uma recess5o, o que reduz os lucros. Como resultado, os
preos das a0es muitas vezes caem quando o Fed eleva as taxas de juros.
Teste R4ido Use a teoria da preferencia pela liquidez para explicar corno uma queda na oferta de
moeda afeta a taxa de juros de equilibrio. Como essa mudanca na politica monetaria afeta a curva de deman-
da agregada?
CAPiTULO 34 A INFLUENCIA DAS POLITICAS NIONETARIA E FISCAL SOBRE A DENIANDA AGREGADA 765
COMO A POLiTICA FISCAL AFLUENCIA
A DEMANDA AGREGADA
0 govern° pode influenciar o comportamento da economia nao so por meio da
politica monetaria, mas tambem corn a politica fiscal. A politica fiscal compreende
as escolhas do govern() quanto ao nivel geral de compras governamentais ou aos
impostos. Ja vimos como a politica fiscal influencia a poupanca, o investimento e o
crescimento no longo prazo. No curt° prazo, contudo, o principal efeito da politica
fiscal se da sobre a demanda agregada de bens e servicos.
AlteracOes nas Compras do Governo
Quando os formuladores de politicas alteram a oferta de moeda ou o nivel dos
impostos, deslocam a curva de demanda agregada, influenciando as decis6es de
despesas das familias e das empresas. Por outro lado, quando o govern° altera suas
proprias compras de bens e servicos, desloca diretamente a curva de demanda
agregada.
Suponha, por exemplo, que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos
a Boeing, a grande fabricante de aeronaves, uma encomenda de $ 20 bilhoes ern
novos avi6es de combate. Essa encomenda eleva a demanda pela producao da
Boeing, induzindo a empresa a contratar mais empregados e a aumentar a produ-
c5o. Como a Boeing é parte da economia, o aumento na demanda por aviOes da
Boeing significa urn aumento na quantidade total de bens e servicos demandada a
qualquer nivel de precos. Como resultado, a curva de demanda agregada desloca-
se para a direita.
Ern que medida essa encomenda de $ 20 bilhoes do govern() desloca a curva de
demanda agregada? A primeira vista, pode parecer que a curva de demanda agr, e-
gada se deslocaria para a direita em exatamente $ 20 bilhoes. Ocorre, contudo, que
isso no esti correto. Ha dois efeitos macroeconOmicos que fazem a magnitude do
deslocamento na demanda agregada diferir da variac5o nas compras do govern°.
0 primeiro — o efeito multiplicador — sugere que o deslocamento na demanda agre-
gada poderia ser major do que $ 20 bill-16es. 0 segundo — o efeito deslocamento —
sugere que o deslocamento na demanda agregada poderia ser inenor do que $ 20
Iremos agora discutir cada urn desses efeitos.
0 Efeito Multiplicador
Quando o govern° gasta $ 20 bill-16es ern bens da Boeing, essa compra tern reper-
cuss-6es. 0 impact() imediato da major demanda do governo é aumentar o empre-
go e os lucros na Boeing. Entdo, como os trabalhadores passam a ter maiores sale-
rios e os proprietarios da empresa maiores lucros, eles respondem a esse aumento
na renda aumentando suas despesas de bens de consumo. Como resultado, a corn-
pra que o govern° faz da Boeing eleva a demanda por produtos de muitas outras
empresas da economia. Como cada dOlar gasto pelo govemo pode aumentar a
demanda agregada por bens e servicos em mais de urn Mar, diz-se clue as corn-
pras do governo tem urn efeito multiplicador sobre a demanda agregada.
Esse efeito multiplicador continua mesmo depois dessa primeira rodada.
Quando as despesas de consumo aumentam, as empresas que produzem esses
bens contratam mais pessoas e registram maiores lucros. Os maiores salarios e
lucros estimulam novamente as despesas de consumo, e assim por diante. Por-
tanto, ha uma resposta positiva na medida em clue maior demanda leva a maior
efeito multiplicador
as deslocamentos adicionais
na demanda agregada que
ocorrem quando uma politica
fiscal expansionista aumenta a
renda e, portant°, aumenta as
despesas de consumo
2.... mas o efeito
multiplicador pode
ampliar o deslocamento
na demanda agregada
$ 20 bilhCies‘',,
DA
3
• DA2
Demanda agregada,
Nivel de
Pre9os
766 PARTE 12 FLUTUAOES ECONI5MICAS NO CURTO PRAZO
FIGURA 4
0 Efeito Multiplicador
Um aumento de $ 20 bilhc5es
nas compras do govemo pode
deslocar a curva de demanda
agregada para a direita em mais
do que $ 20 bilfib-es. Esse efeito
multiplicador surge porque
aumentos na renda agregada
estimulam despesas adicionais
por porte dos consumidores
Quantidade
1. Um aumento de $ 20 bilhões nas Produzida
compras do governo inicialmente eleva
a demanda agregada em $ 20 bilhes...
renda que, por sua vez, leva a uma demanda ainda mais elevada. Uma vez soma-
dos todos esses efeitos, o impacto total sobre a quantidade de bens e servi os
den-tandacla pode ser muito maior do que o impulso inicial decorrente das maiores
despesas do governo.A Fig-ura 4 ilustra o efeito multiplicador. 0 aumento de $ 20 bilhOes nas com-
pras do governo inicialmente desloca a curva de demanda agregada para a direita,
de DA i para DA 2 em exatamente $ 20 bilhões. Mas quando os consumidores rea-
gem elevando suas despesas, a curva de den-landa agregada desloca-se ainda mais,
para DA3.
Esse efeito multiplicador decorrente da reac-;, o das despesas de consumo pode
ser reforado pela rea -a- o do investimento aos niveis mais elevados de demanda.
Por exemplo, a Boeing poderia reagir à maior demanda por avies decidindo com-
prar mais equipamentos ou construindo uma nova filbrica. Nesse caso, a maior
demanda do governo impulsiona uma maior demanda por bens de investimento.
Essa resposta positiva da demanda por investimento é por vezes chamada de ace-
lerador do investnnento.
Uma Frmula para o Multiplicador de Despesas
Um pouco de ffigebra permite derivar uma fOrmula do tamanho do efeito multipli-
cador que surge das despesas de consumo. Um n mero importante dessa fOrn-iula
a propensfio marginal a consumir (PMgC) — a fra o da renda adicional que uma
farnffia consome em vez de poupar. Por exemplo, suponha que a propensk) mar-
ginal a consumir seja de 3/4. Isso significa que, para cada dOlar a mais que uma
familia ganha, ela gasta $ 0,75 (3/4 de dOlar) e poupa $ 0,25. Com uma PMgC de
CAPITULO 34 A INFLUENCIA DAS POLITICAS MONETARIA E FISCAL SOBRE A DEMANDA AGREGADA 767
3/4, quando os trabalhadores e proprietarios da Boeing recebem os $ 20 milhoes do
contrato corn o govern°, eles aumentam suas despesas de consumo ern 3/4 x $ 20
bilhoes, ou $ 15 bill-16es.
Para avaliar o impact° de uma mudanca sobre a demanda ag,regada de uma
variacao nas compras do govern°, seguimos seus efeitos pass° a pass°. 0 proces-
so inicia quando o govern° gasta $ 20 bilhoes, o que implica que a renda nacional
(salarios e lucros) tambem aumenta nesse montante. Esse aumento na renda, por
sua vez, aumenta as despesas de consumo ern PMgC x $ 20 bill-toes, o que aumen-
ta a renda dos trabalhadores e proprietarios das empresas que produzem bens de
consumo. Esse segundo aliment° na renda novamente eleva as despesas de con-
sumo, desta vez ern PMgC x (PMgC x $ 20 bilhoes). E esses efeitos de realimenta-
cao continuam se repetindo.
Para chegar ao impact() total sobre a demanda por bens e servicos, somamos
todos esses efeitos:
Variacao nas compras do govern°
Primeira variacao no consumo
Segunda variacao no consumo
Terceira variacao no consumo
•
$ 20 bill-16es
= PMgC x $ 20 bilhoes
= PMgC2 x $ 20 bill-16es
= PMgC3 x $ 20 bilh6es
•
Variacao total na demanda =
(1 + PMgC + PMgC2 + PMgC3 +...) x $ 20 bilhaes
Aqui, "..." representa urn numero infinito de termos semelhantes. Portant°,
podemos escrever o multiplicador da seguinte maneira:
Multiplicador = 1 + PMgC + PMgC2 + PMgC' +...
Esse multiplicador nos diz a demanda por bens e servicos que cada dOlar de
compras do govern° gera.
Para simplificar a equacao do multiplicador, lembre-se de que, nas aulas de
matematica, voce aprendeu que essa expressao é uma serie geometrica infinita.
Para x entre —1 e +1,
1 + x + + +... = 1/(1 — x)
Em nosso caso, x = PMgC. Assim,
Multiplicador = 1/(1 — PMgC).
Por exemplo, se a PMgC é 3/4, o multiplicador é 1/(1 — 3/4), ou 4. Nesse caso, os
$ 20 bilhaes de compras do govern° geram $ 80 bill-16es em demanda por bens e
servicos.
Essa formula do multiplicador mostra uma conclusao importante: o tamanho do
multiplicador depende da propens5o marginal a consumir. Enquanto uma PMgC
de 3/4 leva a urn multiplicador de 4, uma PMgC de 1/2 leva a urn multiplicador de
apenas 2. Portant°, uma major PMgC sipifica um multiplicador maior. Para enten-
der por que isso é verdade, lembre-se de que o multiplicador surge porque urna
renda maior induz maiores despesas de consumo. Quanto major a PMgC, major
esse efeito induzido sobre o consumo e major é o multiplicador.
768 PARTE 12 FLUTUAC15ES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO
efeito deslocamento
a queda na demanda
agregada que ocorre
quando uma politica fiscal
expansionista eleva a taxa
de juros e, portanto, reduz as
despesas de investimento
Outras AplicacCies do Efeito Multiplicador
Por causa do efeito multiplicador, um d1ar de compras do governo é capaz de gerar
mais do que um dOlar de demanda agregada. A 16g-ica do efeito multiplicador, con-
tudo, mio se restringe a varig5es nas compras do governo. Pelo contuirio, aplica-
se a qualquer evento que altere as despesas em qualquer componente do PIB —
consumo, investimento, compras do govemo ou exporta0es
Por exemplo, suponha que uma recess"&) no exterior reduza a demanda por
exportg5- es liquidas dos Estados Unidos em $ 10 bilh -cies. Essa redu-lo da despe-
sa com bens e servios americanos deprime a renda nacional dos Estados Unidos,
o que reduz as despesas dos consumidores americanos. Se a propens -a. o marginal
ao consumo é de 3/4 e o multiplicador e 4, entho a queda de $ 10 bi1hes nas expor-
tg6- es liquidas significa uma contraio de $ 40 bi1hes na demanda agregada.
Como um outro exemplo, suponha que um boom do mercado de Ei [c5es aumen-
te a renda das familias e estimule suas despesas em bens e servios em $ 20 bi Mes.
Essa despesa de consumo adicional aumenta a renda nacional, o que, por sua vez,
gera ainda mais despesas de consumo. Se a propens - c) marginal a consumir é de
3/4 e o multiplicador e 4, enG-lo o impulso inicial de $ 20 bilh6es em despesas de
consumo se traduz em um aumento de $ 80 bilhes na demanda ag,regada.
O multiplicador é um conceito importante em macroeconomia porque mostra
como a economia pode ampliar o impacto de variaQ5es nas despesas. Uma peque-
na varigio inicial no consumo, no investimento, nas compras do govemo ou nas
exporta es liquidas pode acabar tendo um g,rande efeito sobre a demanda agre-
gada e, portanto, sobre a produ o de bens e servios da economia.
0 Efeito Deslocamento
0 efeito multiplicador parece sugerir que, quando o govemo compra $ 20 bilh5es
em avi es da Boeing, a expans - o resultante na demanda agregada e necessaria-
mente maior do que $ 20 bilh5es. Mas outro efeito oF)era na dire -a".o oposta.
Enquanto um aumento das compras do governo estimula a demanda agregada por
bens e servios, ele tambem provoca um aumento na taxa de juros e uma taxa de
juros mais elevada reduz as despesas de investimento e reduz a demanda agrega-
da. A redu o na demanda agregada que resulta quando uma expanso fiscal
aumenta a taxa de juros e chamada de efeito deslocamento.
Para entender por que a expulso acontece, vamos considerar o que ocorre no
mercado de moeda quando o governo compra avi es da Boeing. Como vimos, esse
aumento na demanda eleva a renda dos trabalhadores e dos proprietEirios dessa
empresa (e, por causa do efeito multiplicador, de outras empresas tambern). Como
a renda aumenta, as familias planejam comprar mais bens e servios e, como resul-
tado, optam por manter uma parcela maior de sua riqueza na forma líquida. Isto e,
o aumento na renda causado pela expansa'io fiscal eleva a demanda por moeda.
O efeito desse aumento na demanda por moeda é mostrado no painel (a) da
Figura 5. Como o Fed não alterou a oferta de moeda, a curva de oferta vertical per-
manece a mesma. Quando o maior nivel de renda desloca a curva de demanda por
moeda para a direita, de DM 1 para DM, a taxa de juros precisa se elevar de r 1 para
r, para manter oferta e demanda equilibradas.
O aumento na taxa de juros, por sua vez, reduz a quantidade demandada de
bens e servios. Mais especificamente, como os emprestimos est -a.o mais custosos,
a demanda por investimento em imOveis e empresas diminui. Ou seja, quando um
Taxa de
Juros
Nivel de
PrecosOferta de
moeda
2.... o aumento nas
despesas eleva a
demanda por moeda...
3.... o que
aumenta a
taxa de juros
de equilibrio...
Quantidade fixada
pelo Fed
DM
2
Demanda de
moeda, DM,
Quantidade
de Moeda
4.... que, por sua vez,
contrabalanca o
$ 20 bilhoes aumento inicial na
-.. demanda agregada.
'DA
2
DA
3
1. Quando urn aumento nas
compras do governo elevaa
demanda agregada...
Demanda agregada, DA,
Quantidade
Produzida
CAPITULO 34 A INFLUENCIA DAS POLITICAS PAONETARIA E FISCAL SOBRE A DEIVIANDA AGREGADA 769
FIGUIA 5
0 Efeito Deslocamento
0 painel (a) mostra o mercado de moeda. Quando o govemo aumenta suas compras de bens e servicos, o aumento na renda resultante eleva a
demanda par moeda de DMI para DM2 e isso faz cam que a taxa de juros de equilibrio se eleve de ri para r2. 0 painel (b) mostra os efeitos sabre
a demanda agregada. 0 impact° inicial do aumento nas compras do govemo desloca a cora de demonda agregada de DAI para DA2. Mos, coma
a taxa de juros é o custo dos emprestimos, o aumento no taxa de juros tende o reduzir a quantidade de bens e servicos demandada, especialmente
paw bens de investimento. Esse deslocamento do investimento contrabalanco parcialmente o impacto do expansao fiscal sabre a demondo agrega-
da No final, a demanda ogregada desloco-se apenas ate DA3.
(a) Mercado de Moeda (b) Deslocamento na Demanda Agregada
aumento nas compras do govern° eleva a demanda por bens e servicos, tambem
pode deslocar o investimento. Esse efeito deslocamento contrabalanca parcialmen-
te o impact() das compras do governo sobre a demanda agregada, como ilustra o
painel (b) da Figura 5. 0 impact() inicial do aumento nas compras do govern()
deslocar a curva de demanda agregada, de DA1 para DA2, mas, uma vez que ocor-
ra o efeito deslocamento, a demanda agr, egada volta ate DA3.
Em resumo: Quanda a governo eleva suas cornpras em $ 20 bilhaes, a demanda agre-
gada par bens e servicas pode aurnentar mais ou menos do que $ 20 bilh5es, dependendo
de qual dos efeitos e a major: a efeito multiplicador ou o efrito deslocamento.
Alteracoes nos lmpostos
0 outro instrumento importante da politica fiscal, alem do nivel das compras do
governo, é o nivel de tributacao. Quando o governo reduz o impost° de renda das
pessoas fisicas, por exemplo, ele aumenta a renda disponivel das familias. As fami-
lias pouparao parte dessa renda adicional, mas tambem gastardo parte dela em
bens de consumo. Como os cortes dos impostos aumentam as despesas de consu-
mo, deslocam a curva de demanda agregada para a direita. Similarmente, urn
770 PARTE 12 FLUTUACe•ES ECONCIM1CAS NO CURTO PRAZO
aumento nos impostos deprime as despesas de consumo e desloca a curva de
demanda agregada para a esquerda.
0 tamanho do deslocamento na curva de demanda agregada decorrente de uma
alterg[do nos impostos tambem é afetado pelos efeitos multiplicador e desloca-
mento. Quando o governo reduz impostos e estimula as despesas de consumo, os
salffiios e lucros aumentam, o que estimula ainda mais as despesas de consumo.
Esse é o efeito multiplicador. Ao mesmo tempo, uma renda mais elevada leva a uma
maior demanda por moeda, o que tende a elevar as taxas de juros. Taxas de juros
mais elevadas aumentam o custo dos emprestimos, o que reduz as despesas de
investimento. Esse e o efeito deslocamento. Dependendo da magfitude de cada um
dos efeitos, o deslocamento na demanda ag,regada pode ser maior ou menor do que
a varigk) nos impostos que o causou.
Alem dos efeitos multiplicador e deslocamento, 1-1E -1 outro importante determi-
nante da magnitude do deslocamento na demanda ag,regada resultante de uma
varig -a. o nos impostos: a percep o das famflias quanto à dura0- o na redu'do nos
impostos: se permanente ou tempora. ria. Por exemplo, suponha que o governo
anuncie um corte de impostos de $ 1 mil por famflia. Ao decidir quanto desses $
mil gastar, as famflias devem se perg,untar quanto tempo durará essa renda extra.
Se elas esperam que o corte de in-ipostos seja permanente, concluirk) que ele farEi
um acrescimo substancial aos seus recursos financeiros e, portanto, aumentam suas
despesas de consumo em gr, ande medida. Nesse caso, o corte dos impostos terEi
forte impacto sobre a demanda agr, egada. Por outro lado, se as familias acharem que
o corte de impostos sen1 temporffi-io, concluHo que haverá pouco aumento em
SAIBA MA1S SOBRE...
COMO A POUTICA FISCAL PODE AFETAR A
OFERTA AGREGADA
Até este ponto, nossa discussk sobre a politica fiscal destacou como
as alteracOes nas compras do governo e nos impostos influenciam a
quantidade demandada de bens e servicos. A maioria dos economis-
tas acredita que os efeitos macroeconOmicos da politica fiscal no curto
prazo operam principalmente por meio da demanda agregada. Mas a
politica fiscal tarn[kn pode, potencialmente, influenciar a quantidade
ofertada de bens e servicos.
Por exemplo, considere os efeitos de alteraces nos impostos
sobre a oferta agregada. Um dos Dez Princlpios de Economia do
Capitulo 1 é o de que as pessoas reagem a incentivos. Quando os for-
muladores de politicas do governo reduzem os impostos, os trabalha-
dores ficam com uma parcela maior de cada dOlar que ganham, de
modo que t&n um maior incentivo para trabalhar e produzir bens e
servicos. Se reagirem a esse incentivo, a quantidade de bens e servi-
cos ofertada será maior para cada nivel de precos e a curva de oferta
agregada se deslocarA para a direita. Alguns economistas, chamados
de economistas do lado da oferta, argumentam que a influ&lcia dos
cortes de impostos sobre a oferta agregada é muito forte. De fato,
alguns economistas do lado da oferta afirmam que essa influncia
t.k grande que uma reduck dos impostos chega a elevar a receita
tributria por causa do aumento dos esforcos dos trabalhadores. A
maioria dos economistas, contudo, acredita que os efeitos dos cortes
de impostos sobre,o lado da oferta são bem menores.
Da mesma forma que as alteracOes nos impostos, as alteraces
nas compras do governo tamb&n podem, potencialmente, afetar a
oferta agregada. Suponha, por exemplo, que o governo aumente suas
despesas sob a forma de capital fornecido por ele, como as estradas.
As estradas são usadas pelas empresas privadas para fazer entregas a
seus clientes; um aumento na quantidade de estradas eleva a produ-
tividade dessas empresas. Portanto, quando o governo gasta mais em
estradas, aumenta a quantidade de bens e servicos ofer-tada a qual-
quer nivel de precos dado e, como resultado, desloca a curva de ofer-
ta agregada para a direita. Esse efeito sobre a oferta agregada é pro-
vavelmente mais importante no longo prazo do que no curto prazo,
que levaria algum tempo para que o governo construisse novas estra-
das e as colocasse ' em uso.
CAP(TULO 34 A INFLUENCIA DAS POLITICAS NIONETARIA E FISCAL SOBRE A DENIANDA AGREGADA 771
seus recursos financeiros e, portanto, aumentardo pouco suas despesas. Nesse
caso, urn corte dos impostos tera pequeno impacto sobre a demanda agregada.
Urn exemplo extremo de corte temporario de impostos foi o anunciado em
1992. Naquele ano, o presiclente George H. W. Bush enfrentou uma recessao dura-
doura e uma campanha para a reeleicao. Ele reag,iu a essas circunstancias corn o
anuncio de uma reducao no montante do impost° de renda que o govemo federal
descontava sobre os cheques de pagamento dos trabalhadores. Todavia, como as
aliquotas do impost() determinadas por lei nao foram alteradas, cada &Mar de redu-
cao em 1992 significou urn Mar extra a pagar em 15 de abril de 1993, a data de
entrega da declaracao do impost() de renda. Portanto, esse "corte de impostos" na
verdade representou apenas urn emprestimo de curto prazo concedido pelo gover-
no. Nao é de surpreender que o impacto da politica sobre as despesas de consumo
e a demanda agregada tenha sido relativamente pequeno.
Teste Rapid° Suponha que o governo reduza suas despesas em construcao de auto-estradas em $ 10
bilhOes. Em que direcao se deslocaria a curva de demanda agregada? Explique por que o deslocamento pode
ser maior do que $ 10 bilhoes. Explique par que o deslocamento pode ser menor do que $ 10 bilhoes.
USANDO A POLiTICA PARA ESTABILIZAR A ECONOMIA
Vimos como as politicas monetaria e fiscal podem afetar a demanda ag,regada da
economia por bens e servicos. A maneira pela qual esses aspectos teoricos se apre-
sentam a nossa observacao levantam algumas importantesquestoes politicas: Os
formuladores de politicas devem usar esses instrumentos para controlar a deman-
da ag,regada e estabilizar a economia? Se devem usa-los, entao quando? E se nao
devem usa-los, por que?
A Favor da Politica Ativa de Estabilizacao
Vamos voltar a pergunta corn que comecamos este capitulo: quando o presidente e
o Cong,resso cortam as despesas do govern°, como o Federal Reserve deve reagir?
Como vimos, a despesa do governo é urn dos determinantes da posicao da curva
de demanda agr, egada. Quando o governo corta suas despesas, a demanda agrega-
da cai, deprimindo a producao e o emprego no curto prazo. Se o Federal Reserve
deseja impedir esse efeito adverso da politica fiscal, ele pode agir para expandir a
demanda agregada por meio do aumento na oferta de moeda. Uma expansao
monetaria reduziria as taxas de juros, estimulando as despesas de investimento e
expandindo a demanda agregada. Se a politica monetaria reag,ir de maneira ade-
quada, as alteracoes combinadas nas polfticas fiscal e monetaria podem deixar inal-
terada a demanda agregada por bens e servicos.
E exatamente esse o tipo de analise que seguem os membros do Federal Open
Market Committee. Eles sabem que a politica monetaria é urn importante determi-
nante da demanda ag,regada. Sabem ainda que ha outros determinantes importan-
tes, incluindo al a politica fiscal estabelecida pelo presidente e pelo Congresso.
Como resultado, o Federal Open Market Committee do Fed observa atentamente
os debates sobre politica fiscal.
A reacao da politica monetaria a alteracOes na polftica fiscal é urn exemplo de
urn fenemeno mais geral: o uso de instrumentos de politica econemica para esta-
bilizar a demanda agregada e, por decorrencia, a producao e o emprego. A estabi-
lizacao econornica tern sido urn objetivo explicit° da politica dos Estados Unidos
772 PARTE 12 FLUTUACCIES ECONI3MICAS NO CURTO PRAZO
desde o Employment Act de 1946. Essa lei declara que "e politica e responsabilida-
de 1.->ermanentes do governo federal (...) promover o pleno emprego e a produ o".
Essencialmente, o governo optou por se responsabilizar pelo desempenho macroe-
conOmico no curto prazo.
0 Employment Act tem duas implicKOes. A primeira, mais modesta, e a de que
o governo deve evitar ser a causa de flutuaOes econOmicas. Portanto, a maioria dos
economistas adverte contra mudaNas amplas e sbitas nas politicas monetkia e
fiscal porque tais mudaNas provavelrnente causam flutuaOes na demanda agr, e-
gada.Alem disso, quando ocorrem grandes mudaNas, é importante que os formu-
ladores das politicas monetkia e fiscal estejam cientes das gOes uns dos outros e
reajam a elas.
A segunda irnplicação, mais ambiciosa, do Employment Act é que o govemo
deve reagir a mudarwas na economia privada de maneira que estabilize a deman-
da ag,regada. A lei foi aprovada pouco depois da publica o da Teoria Geral do
Emprego, dos Juros e da Moeda, de Keynes, um dos mais influentes livros de econo-
mia já escritos. Nele, Keynes enfatizou o papel da demanda agr, egada na explica-
o das flutuaOes econOmicas de curto prazo. Keynes afirmava que o govemo
deveria estimular ativamente a demanda agregada quando ela parecesse insufi-
ciente para manter a produco em seu nivel de pleno emprego.
Keynes (e muitos de seus seguidores) argumentou que a demanda agyegada
flutua em ondas, bastante irracionais, de otimismo e pessimismo. Ele usou o termo
"espirito de animal"para se referir a essas mudanas arbitrkias de atitude. Quando
reina o pessimismo, as familias reduzem suas despesas de consurno, e as en-ipre-
sas, suas despesas de investimento. 0 resultado é uma redu o na demanda agr, e-
gada, menor produ o e maior desemprego. Inversamente, quando reina o otimis-
as familias e empresas aun-lentam suas despesas. 0 resultado e maior deman-
da agregada, maior produ o e presso inflacionkia. Observe que essas mudaNas
de atitude são, ate certo ponto, auto-realizEiveis.
Em principio, o govemo pode ajustar suas politicas monetkia e fiscal em res-
posta a essas ondas de otimismo e pessimismo e, com isso, estabilizar a economia.
Por exemplo, quando as pessoas est5o excessivamente pessimistas, o Fed pode
expandir a oferta de moeda para reduzir as taxas de juros e aumentar a demanda
agr, egada. Quando as pessoas esth- o excessivamente otimistas, ele pode contrair a
oferta de moeda para elevar as taxas de juros e deprimir a demanda agregada. 0
ex-presidente do Fed, William McChesney Martin, descreveu em termos rnuito
simples sua visk, da politica monetkia: "A tarefa do Federal Reserve é levar as
bebidas embora assim que a festa comea a ficar animada".
Estudo de Caso
KEYNESIANOS NA CASA BRANCA
Quando um repOrter, em 1961, perguntou ao presidente John F. Kennedy por que ele
defendia urn corte nos impostos, ele respondeu: "Para estin-wlar a economia. Voce
não se lembra das aulas de Introdu -c-lo à Economia?"A politica de Kennedy, de fato,
se baseava na anEilise da politica fiscal que desenvolvemos neste capitulo. Seu obje-
tivo era implementar um corte de impostos que elevaria as despesas cie consumo,
expandiria a demanda agregada e aumentaria a produio e o emprego da economia.
Ao escolher essa politica, Kennedy se apoiava em sua equipe de assessores eco-
nOmicos. Essa equipe incluia alguns economistas proen-tinentes, como James Tobin
e Robert Solow, que mais tarde receberiam o premio Nobel por suas contribui eies
economia. Como estudantes, na decada de 1940, esses economistas se aprofun-
CAPITULO 34 A INFLUENCIA DAS POLITICAS MONETARIA E FISCAL SOBRE A DEIVIANDA AGREGADA 773
daram na Teoria Geral de Keynes, a qual havia sido lancada ha somente poucos
anos. Quando os assessores de Kennedy propuseram cortar os impostos, estavam
pondo em acao as ideias de Keynes.
Embora as mudancas nos impostos possam ter forte influencia sobre a deman-
da agregada, tambem tem outros efeitos. Mais especificamente, ao mudar os incen-
tivos corn que as pessoas se deparam, os impostos podem alterar a oferta agrega-
da de bens e servicos. Parte da proposta de Kennedy era de urn credit() tributario
para investimentos, o qual concede urn beneficio tributario as empresas que inves-
tern cm novo capital. 0 major investimento nao so estimularia a demanda agrega-
da imediatamente como tambem aumentaria a capacidade produtiva da economia
ao longo do tempo. Portant°, o objetivo de curt° prazo de aumentar a producao por
meio de maior demanda agregada estava acoplado ao objetivo de longo prazo de
aumentar a 1,-)roducao por meio de tuna oferta agregada major. E, de fato, quando o
corte de impostos proposto por Kennedy finalmente foi aprovado, em 1964, ajudou
a dar Mid() a urn i.-)eriodo de forte crescimento economic°.
Desde o corte de impostos de 1964, os formuladores de politicas propoem, de
tempos em tempos, o uso da politica fiscal como um instrumento para controlar a
demanda ag,regada. Como vimos anteriormente, o primeiro presidente Bush procu-
rou apressar a recuperacao de uma recessao por meio de menor retencao de impos-
tos em folha. De forma similar, quando o segundo presidente Bush assumiu o Saldo
Oval em 2001, uma de suas primeiras propostas foi urn corte de impostos mais per-
manente e substancial, incluindo urn abatimento imediato dos impostos devidos.
Urn dos objetivos do corte dos impostos era ajudar a economia norte-americana a
se recuperar mais rapidamente da recessao que acabara de comecar. •
0 Caso Contra uma Politica Ativa de Estabilizacao
Alguns economistas argumentam que o governo deveria abster-se do uso ativo
das politicas monetaria e fiscal para tentar estabilizar a economia. Afirmam que
esses instrumentos de politica devem ser usados para ating,ir objetivos de longo
prazo, como urn rapid° crescimento econ8mico e baixa inflacao e que a economia
deve ser deixada livre para lidar por si prOpria corn as flutuagoes de curto prazo.
Embora esses economistas possam admitir que as politicas monetaria e fiscal sao,
teoricamente, capazes de estabilizar a economia, duvidam que isso possa ocorrer
na pratica.
0 principalargument° contra as politicas monetaria e fiscal ativas é o de estas
afetarem a economia corn urn gr, ande atraso. Como vimos, a politica monetaria
funciona pela alteracao das taxas de juros que, por sua vez, influenciam as despe-
sas de investimento. Mas muitas empresas planejam seus investimentos com gran-
de antecedencia. Portant°, a maioria dos economistas acredita que leva pelo menos
seis meses ate que os efeitos das mudancas na politica monetaria se facam sentir
sobre a producao e o emprego. Alem disso, uma vez verificados os efeitos, eles
podem perdurar por diversos anos. Os criticos da politica de estabilizacao argu-
mentam que, por causa desse atraso, o Fed nao deve tentar fazer a sintonia fina da
economia. Afirmam que o Fed frequentemente reage tarde demais a mudancas nas
condicoes economicas e que, como resultado, acaba sendo mais a causa do que a
cura para as flutuacoes econemicas. Esses criticos defendem uma politica moneta-
ria passiva, como crescimento lento e regular da oferta de moeda.
A politica fiscal tambem age corn atraso, mas, ao contrario do atraso da polftica
monetaria, o atraso da politica fiscal pode ser atribuido, em gr, ande parte, ao pro-
cesso politico. Nos Estados Unidos, a maioria das alteracoes das despesas do
govemo e nos impostos precisa ser apreciada por comissoes da Camara e do
Senado, ser aprovada por ambos os Orgaos do Leg-islativo e, finalmente, sanciona-
774 PARTE 12 FLUTUACC/ES ECONCI11/11CAS NO CURTO PRAZO
da pelo presidente. 0 processo todo pode levar meses e, em algims casos, anos.
Quando finalmente a n-ludarwa na politica fiscal é aprovada e fica pronta para ser
implementada, as condi es da economia poden-1 ter mudado.
Esses atrasos nas politicas monetth-ia e fiscal são um problema, em parte, porque
as previses econOmicas s'a- o altamente imprecisas. Se os que fazem as previs-(Ses
pudessem prever com precis -a- o as condi es da economia com um ano de antece-
dencia, enth'o os formuladores de politicas monetkias e fiscais 1.-)ocleriam tomar suas
decis6- es com base em um futuro esperado. Nesse caso, os formuladores de politica
poderiam estabilizar a economia, apesar dos atrasos enfrentados. Na prkica, con-
tudo, as grandes recesses e depress'6es chegam sem muito aviso. 0 n-ielhor que os
formuladores de politicas podem fazer, a qualquer tempo, e reag,ir ‘as mudarw.as
econ8micas à medida que elas ocorrem.
Estabilizadores Automaticos
Todos os economistas — tanto os favorveis à politica de estabilizaio quanto os
contrkios a ela — concordam que as defasagens na implementa o dessas
NOlICIAS
A INDEPENDNCIA DO FEDERAL RESERVE
Estreitomente relacionada à questao de se as poilticas monetana e fiscal deveriam ser usadas para establlizar a economia é a questao a respeito de
quem deve formular essas poilticas. Nos Estados Unidos, a poiltica monetaria é formulada por um bonco central que opera livre da maior parte das
pressaes pollticas. Como esso coluna de opiniao discute o seguir, alguns membros do Congresso desejam reduzir a independ&wia do Fed.
Não Pisem no Fed
Por Martin e Kathleen Feldstein
N6s 1 e muitos outros economistas, damos
notas elevadas ao Federal Reserve pela
maneira como gerenciou a politica moneta-
ria nos últimos anos. Os funcionarios do Fed
responderam, com grande sucesso, à sua
responsabilidade de reduzir a taxa de infla-
cao e o fizeram sem interromper a expansao
econOmica que comecou em 1991.
Apesar desse excelente desempenho,
ha membros influentes do Congresso que
planejam apresentar um projeto de lei que
enfraquecera a capacidade do Federal
Reserve de continuar a tomar decis6es de
politica monetaria sOlidas. Essa lei daria ao
Congresso e ao presidente maior influ&icia
sobre a politica do Federal Reserve, deixando
a politica monetaria sensivel a press6es poli-
ticas. Se isso acontecesse, o risco de inflacao
mais elevada e de maior volatilidade ciclica
aumentaria muito.
Para atingir o bom desempenho econ6-
mico dos últimos cinco anos, o Fed teve de
elevar as taxas de juros por diversas vezes
em 1994 e, mais recentemente, precisou
evitar pedidos politicos em favor de um
acesso mais facil à moeda para acelerar o
ritmo da atividade econ6mica. Olhando
frente, é possivel que a economia desacele-
re no ano que vem. Se isso acontecer, pode-
mos esperar ouvir membros do Congresso
e, talvez, da Casa Branca pedindo que o Fed
reduza as taxas de juros a fim de manter o
ritmo da economia. Mas estamos apostando
que, mesmo que a economia desacelere, as
press6es inflacionarias est'ao se acumulando
e forcarao o Fed a elevar as taxas de juros no
comeco do ano que vem.
Se o Fed efetivamente elevar as taxas de
juros para impedir um aumento da inflacao,
a maior pressao politica sobre o Fed pode
contar com o apoio popular. Sempre ha
resist&icia do público a taxas de juros eleva-
das, que aumentam o custo dos emprti-
mos tanto para as empresas quanto para os
proprietarios da casa prdpria. Além disso, o
objetivo das taxas de juros elevadas seria
reduzir o crescimento das despesas para
impedir um superaquecimento da demanda.
CAPiTULO 34 A INFLUENCIA DAS POLITICAS NIONETARIA E FISCAL SOBRE A DEIVIANDA AGREGADA 775
lsso tambem enfrentara oposicao popular.
Em parte, justamente porque a boa politica
econOmica nem sempre é popular no curto
prazo, é importante que o Fed esteja prote-
gido de pressoes politicas de curt° prazo.
0 Fed e urn orgao independente que
deve manter o Congresso informado, mas
nao recebe ordens de ninguem. A politica
monetaria e as taxas de juros de curt° prazo
sao determinadas pelo Federal Open Market
Committee (FOMC), que consiste em sete
governadores do Fed e mais os 12 presiden-
tes dos Federal Reserve Banks regionais. Os
presidentes regionais votam de forma alter-
nada, mas todos participam das deliberacoes.
Uma das chaves para a independencia
dos atos do Fed esta na maneira como as
nomeacoes ocorrem dentro do prOprio siste-
ma. Embora os sete governadores do
Federal Reserve sejam nomeados pelo pre-
sidente e confirmados pelo senado, cada
urn dos 12 presidentes do Federal Reserve é
escolhido pelo conselho de administracao
do Federal Reserve Bank regional, nao sendo
escolhido por Washington. Esses presidentes
regionais muitas vezes servem por muitos
anos. S-8o, frequentemente, funcionarios de
carreira do sistema do Federal Reserve que
foram promovidos no decorrer de suas
vidas. E muitos sao economistas profissio-
nais especializados em economia monetaria.
Mas quaisquer que sejam suas formacbes,
nao sao nomeados politicamente nem sao
amigos de politicos eleitos. Sua lealdade e
para corn o objetivo de uma politica mone-
taria sOlida, incluindo o desempenho ma-
croeconomic° e a supervisao do sistema
bancario.
0 mais recente desafio a independencia
do Fed é a recusa em permitir a esses presi-
dentes do Federal Reserve o poder de voto
sobre a politica monetaria. Essa pessima
ideia, proposta explicitamente pelo senador
Paul Sarbanes, urn poderoso democrata da
Comissao de Assuntos Bancarios do Senado,
significaria retirar toda a autoridade dos sete
governadores. Como o mandato de pelo
menos urn deles chega ao fim a cada dois
anos, urn presidente que passe oito anos na
Casa Branca poderia nomear a maioria do
Conselho dos Direitos e, corn isso, controlar
a politica monetaria. Uma outra pessima
ideia, do deputado Henry Gonzalez, outro
importante democrata da Comissao de
Assuntos Bancarios da Camara, retiraria a
independencia do Fed, ao fazer corn que os
presidentes regionais do Fed fossem
nomeados pelo presidente e confirmados
pelo Senado.
Quaisquer das propostas significariam
inevitavelmente uma maior politizacao das
atividades do Federal Reserve. Em uma eco-
nomia que esta comecando a superaquecer,
a tentacao seria a de resistir ao aumento nas
taxas de juros e arriscar uma aceleracao da
inflacao. No longo prazo, isso implicaria taxas
de juros volateis e uma menor estabilidade
da economia em geral.
IrOnicamente, este movimento em dire-
cao a reducao daindependencia do Federal
Reserve vai no sentido contrario do que
ocorre em outros Raises. Experiencias em
todo o mundo confirmam que a indepen-
dencia dos bancos centrals, como o nosso
Fed, é a chave para uma politica monetaria
Aida. Seria urn grave erro para os Estados
Unidos ir na direcao oposta.
Fonte: The Boston Globe, 12 nov. 1996, p. D4.
Copyright 1996 Globe Newspaper Co. (MA).
Reproduzido corn permissao de Globe Newspaper Co.
(MA) no formato Livro-texto, via Copyright Clearance
Center.
776 PARTE 12 FLUTUAOES ECONC/MICAS NO CURTO PRAZO
tidos, mais pessoas solicitam os beneficios do iro-desemprego, da previdencia
social e outras formas de sustent o da renda. Esse aumento automkico das des-
pesas do governo estimula a demanda agregada exatamente no momento em que
ela é insuficiente para garantir o pleno emprego. De fato, quancio o sistema de
seguro-desemprego foi implantado, na decada.de 1930, os economistas que defen-
diam essa politica o fizeram, em parte, por causa de seu poder como estabilizador
automkico.
Os estabilizadores automkicos da economia norte-americana ri - o s" "o suficien-
temente poderosos para impedir totalmente as recesses.Todavia, sem esses estabi-
lizadores automkicos a produ o e o emprego provavelmente seriam mais volkeis
do que são. Por isso, muitos economistas s^k) contrkios a uma en-lenda constitucio-
nal que exigiria que o govemo n-iantivesse sen-ipre seu oNamento equilibrado.
Quando a economia entra em recess -a- o os impostos caem, as despesas do governo
aumentam e o oNamento do govemo caminha em direo ao déficit. Se o governo
estivesse sujeito a uma regra de rig,ido oNamento equilibrado, seria obrigado a
encontrar maneiras de aumentar os impostos ou cortar despesas durante uma
recessio. Em outras palavras, uma reg,ra de equilibrio oNamentkio rigido
ria os estabilizadores auton-ikicos inerentes ao atual sistema de impostos e despe-
sas do govemo.
Teste R4ido Suponha que uma onda de "espiritos animais" negativos atinja a economia e as pessoas
fiquem pessimistas em relacao ao futuro. 0 que aconteceria com a demanda agregada? Se o Fed quisesse
estabilizar a demanda agregada, como alteraria a oferta de moeda? Se o fizesse, o que aconteceria com a taxa
de juros? Por que o Fed poderia optar por nao reagir dessa maneira?
CONCLUSA0
Antes de fazer qualquer alteraio na politica, os formuladores de políticas precisam
considerar todos os efeitos de suas decises. Examinamos, em capitulos anteriores,
modelos ckissicos da economia que descrevem os efeitos de longo prazo das poli-
ticas monetkia e fiscal. Vimos como a politica fiscal afeta a poupana, o investimen-
to e o crescimento de longo prazo e como a politica monetkia influencia o nivel de
pre9os e a taxa de
Neste capitulo, examinarnos os efeitos de curto prazo das politicas monetkia e
fiscal. Vimos como esses instrumentos de politica podem mudar a demanda agre-
gada por bens e servi9os e, portanto, alterar a produ o e o emprego da economia
no curto prazo. Quando o Congresso reduz as despesas do govemo para equilibrar
o oNamento, precisa considerar tanto os efeitos de longo prazo sobre a poupaNa e
sobre o crescimento quanto os efeitos de curto prazo sobre a demanda ag,regada e
o emprego. Quando o Fed reduz a taxa de crescimento da oferta de moeda, precisa
levar em conta tanto o efeito de longo prazo sobre a inflg"&) quanto o efeito de
curto prazo sobre a produ o. No pr6ximo capitulo, discutiremos mais detalhada-
mente a transi o entre o curto prazo e o longo prazo e veremos que os formula-
dores de politicas freqentemente se deparam com um tradeoff entre os objetivos de
longo prazo e os de curto prazo.
CAPIITULO 34 A INFL NCIA DAS POUTICAS NIONETARIA E FISCAL SOBRE A DENIANDA AGREGADA 777
RESUMO
• Ao desenvolver uma teoria das flutugb- es econ6-
micas no curto prazo, Keynes prop6s a teoria da
preferencia pela liquidez para explicar os determi-
nantes da taxa de juros. De acordo com essa teoria,
a taxa de juros se ajusta para equilibrar a oferta e a
demanda por moeda.
• Um aumento no nivel cle preos aumenta a
demanda por moeda e aumenta a taxa de juros que
equilibra o mercado de moeda. Como a taxa de
juros representa o custo dos emprestimos, taxa
de juros niais elevadas reduzem o investimento e,
portanto, a quantidade demandada de bens e ser-
vios. A curva de demanda agregada, com
ção negativa, expressa essa relg"o negativa entre o
nivel de preos e a quantidade demandada.
• Os formuladores de politicas podem influenciar a
demanda agregada por meio da politica monetaria.
Um aumento na oferta de moeda reduz a taxa de
juros de equilibrio para qualquer nivel de preos
dado. Como uma taxa de juros menor estimula as
despesas de investimento, a curva de demanda
ag,regada desloca-se para a direita. Inversamente,
uma diminuic;.5o na oferta de moeda eleva a taxa de
juros de equilibrio para qualquer nivel de preos
dado e desloca a curva de demanda agregada para
a esquerda.
• Os formuladores de politicas tambem podem
influenciar a den-landa agregada por meio da poli-
tica fiscal. Um aumento nas compras do governo
ou uma reduc-,'"ao nos impostos deslocam a curva de
demanda agr, egada para a direita. Uma redu o
nas compras do governo ou um aumento nos
in-ipostos deslocam a curva de demanda agregada
para a esquerda.
• Quando o governo altera despesas ou impostos o
deslocamento da demanda ag,regada resultante
pode ser maior ou me.nor do que a altera o fiscal.
0 efeito multiplicador tende a amplificar os efeitos
da politica fiscal sobre a demanda ag,regada. 0
efeito deslocamento tende a amortecer os efeitos
da politica fiscal sobre a demanda agregada.
• Como as politicas monetaria e fiscal podem in-
fluenciar a demanda agregada, o governo por vezes
usa esses instrumentos de politica para tentar esta-
bilizar a economia. Os economistas divergem sobre
qu'ao ativo o governo deve ser nesse esforQp.
Segundo os defensores da politica de estabilizg'ao
ativa, as varig6es nas atitudes das familias e das
empresas deslocam a demanda agregada; se o
governo não reage, o resultado serR) flutug6es
inclesejaveis e desnecessarias na produ o e no
emprego. De acordo com os criticos da politica
ativa de estabiliza o, as politicas monetaria e fiscal
funcionam com tal atraso que tentativas de estabi-
lizar a economia muitas vezes acabam sendo
desestabilizadoras. 
teoria da preferencia pela efeito multiplicador, p. 765 I> estabilizadores automaticos, p. 775
liquidez, p. 756 efeito deslocamento, p. 768 ‘..-/
QUESTES PARA REVISA0
1. 0 que é a teoria cla preferencia pela liquidez?
Como ela ajuda a explicar a iiicliiiação negativa da
curva de demanda agr, egada?
2. Use a teoria da preferencia pela liquidez para
explicar como uma redu -ao na oferta de moeda
afeta a curva de den-landa agregada.
778 PARTE 12 FLUTUACOES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO
3. 0 govern° gasta $ 3 bill-16es para comprar carros
de policia. Explique por que a demanda ag,regada
pode aumentar em mais de $ 3 bilhoes. Explique
por que a demanda ag,regada pode aumentar em
menos de $ 3 bilhoes.
4. Suponha que pesquisas que medem a confianca
do consumidor indiquem que uma onda de pessi-
mism° esti varrendo o pais. Se os formuladores
politicas nada fizerem, o que acontecer6 corn a
demanda agregada? 0 que o Fed deveria fazer
para estabilizar a demanda agregada? Se o Fed
nada fizer, o que o Cong,resso poderia fazer para
estabilizar a demanda agregada?
5. De urn exemplo de politica govemamental que aja
como estabilizador automeitico. Explique por que
essa politica tern esse efeito.
PROBLEVIAS
1. Explique como cada urn dos seguintes aconteci-
mentos afetaria a oferta de moeda, a denim& por
moeda e a taxa de juros. Ilustre suas respostas corn
0-raficos.
a. Os negociadores de titulos do Fed compram
tftulos em operacoes de mercado aberto.
b. Urn aumento na disponibilidade de cart-6es de
credit° reduz a q-uantidade de moeda que as
pessoas retem consigo.
c. 0 Federal Reserve reduz as reservas exigidas dos
bancos.
d. As familias decidem reter mais moeda em mos
para suas comprasde fim de ano.
e. Uma onda de otimismo impulsiona o investi-
mento das empresas e expande a demanda
agregada.
f. Urn aumento nos precos do petroleo desloca a
curva de oferta agregada de curto prazo para a
esquerda.
9. Suponha que os bancos instalem caixas automai-
cos em todos os quarteirCies e que, tomando o
dinheiro mais facilmente disponivel, reduza a
quantidade de dinheiro que as pessoas desejam ter
em maos.
a. Suponha que o Fed nao altere a oferta
moeda. De acordo corn a teoria da preferencia
pela liquidez, o que acontece corn a taxa de
juros? E corn a demanda -egada?
b. Se o Fed deseja estabilizar a demanda ag,regada,
como deveria reagir?
3. Considere duas politicas — urn corte de impostos
que dure apenas urn ano e urn corte de im-
postos que, espera-se, seja permanente. Qual das
APUCAOES
duas estimulara mais as despesas de consumo?
Qual ter6 major impact() sobre a demanda agrega-
da? Explique.
4. A economia esta em recess5o, corn alto desempre-
go e baixa produc5o.
a. Use urn gnifico de demanda agr, egada e oferta
ag,regada para ilustrar a situac5o do moment°.
Lembre-se de incluir a curva de demanda agre-
gada, a curva de oferta agregada de curto prazo
e a curva de oferta agregada de longo prazo.
b. Identifique uma operac5o de mercado aberto
que possa trazer a economia de volta a sua taxa
natural.
c. Use urn grafico do mercado de moeda para ilus-
trar o efeito dessa operacdo de mercado aberto.
Mostre a mudanca resultante na taxa de juros.
d. Use urn grafico similar ao da parte (a) para mos-
trar o efeito da operacao de mercado aberto
sobre a producao e o nivel de precos. Explique
por escrito por que a politica tern o efeito que
voce indicou no g,rafico.
5. No inicio da decada de 1980, uma nova legislac5o
permitiu que os bancos pagassem antecipadamen-
te juros sobre depOsitos a vista, o que antes era
proibido.
a. Se definirmos moeda de maneira que inclua os
depOsitos a vista, que efeito essa leg,islac5o teve
sobre a demanda de moeda? Explique.
b. Se o Federal Reserve tivesse mantido uma ofer-
ta de moeda constante em face dessa mudanca,
o que teria acontecido corn a taxa de juros? 0
que teria acontecido corn a demanda agregada e
corn a produc5o agregada?
CAPh-ULO 34 A INFLUNCIA DAS POIATICAS MONETARIA E FISCAL SOBRE A DEMANDA AGREGADA 779
c. Se o Federal Reserve tivesse mantido uma taxa
de juros de mercado (a taxa de juros sobre ativos
rijo-monetkios) constante em face dessa
mudam;a, que n-ludana na oferta de moeda
teria sido necesskia? 0 que teria acontecido
com a demanda agregada e com a produc;"(-io
agregada?
6. Este capitulo explica que a politica monetkia
expansionista reduz a taxa de juros e, portanto,
estimula a demanda por bens de investimento.
Explique como tal politica estimula, tambem, a
demanda por exporta-Oes
7. Suponha que os economistas observem que um
aumento de $ 10 bi1hes nas despesas do govemo
eleva a demanda agregada total por bens e servi-
os em $ 30 bi1hes.
a. Se esses economistas ignorarem a possibilidade
do efeito deslocamento, qual seria a propenso
marginal a consumir (PMgC) que eles econtra-
riam?
b. Suponha agora que os economistas admitam o
efeito deslocamento. Sua nova estimativa da
PMgC seria maior ou menor do que a inicial?
8. Suponha que o govemo reduza os impostos em
$ 20 bilhes, que não haja efeito deslocamento e
que a propenso marginal a consumir seja de 314.
a. Qual o efeito inicial da reclu o nos impostos
sobre a demanda agregada?
b. Que efeitos adicionais seguen-i-se a esse efeito
inicial? Qual o efeito total do corte de impostos
sobre a demanda ag,regada?
c. Como se compara o efeito total desse corte de
impostos de $ 20 bi1hes com o efeito total de
um aumento de $ 20 bilhes nas compras do
governo? Por qus?
9. Suponha que as despesas do governo aumentem.
0 efeito sobre a demanda agregada seria maior se
o Federal Reserve não reagisse ou se o Fed estives-
se comprometido com a manuteno de uma taxa
de juros fixa? Explique.
10. Em qual das circunstincias a seguir uma politica
fiscal expansionista tem maior probabilidade de
levar a um aumento no investimento no curto
prazo? Explique.
a. Quando o acelerador do investimento é grande
ou pequeno?
b. Quando a sensibilidade do investin-iento em
rela o à taxa de juros é g,rande ou pequena?
11. Presuma que a economia esteja em uma recess-a-o.
Explique como cada uma das politicas a seg,uir afe-
taria o consumo e o investimento. Em cada caso,
indique, se houver, os efeitos diretos, os efeitos
resultantes de varia es na produ o total, os efei-
tos resultantes de altera es na taxa de juros e o
efeito geral. Indique ainda, se houver, os efeitos
conflitantes que tornem a resposta ambigua.
a. um aun-iento nas despesas do govemo
b. uma redução nos impostos
c. uma expansio na oferta de moeda
12. Por vkias raz6- es, a politica fiscal muda automati-
camente quando produo e emprego flutuan-i.
a. Explique por que a receita tributkia muda q-uan-
do a economia entra em recess-a"o.
b. Explique por que as despesas do governo
mudam quando a economia entra em recesso.
c. Se o governo estivesse operando sob regra
da de oNamento equilibrado, o que teria de
fazer em uma recess -a- o? 0 que aun-ientaria ou
diminuiria a severidade c-la recesso?
13. Recentemente, alguns membros do Cong-resso
propuseram uma lei que tornaria a estabilidade de
preos o único objetivo da politica monetkia. Su-
ponha que fosse aprovada uma lei assim.
a. Como o Fed reagiria a um acontecimento que
contraisse a demanda ag,regada?
b. Como o Fed reag,iria a um acontecimento que
causasse um deslocamento adverso da curva de
oferta agregada de curto prazo?
780 PARTE 12 FLUTUAOES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO
Em cada caso, ha outra politica monetaria capaz de
levar a uma major estabilidade na producao?
14. Visite o site do Federal Reserve, http://www .
federalreserve.gov, para aprender mais sobre poli-
tica monetaria. Encontre urn relatorio, pronuncia-
mento ou testemunho recente do presidente do
Fed ou de alg,um dos seus diretores. 0 que é dito
sobre o estado da economia e sobre as decisoes de
politica monetaria recentes?
http://federalreserve.gov
0 E0 L *ADE
TiL-3D3Eiv1PREGO I
L')ois indicadores do desempenho econOmico acompanhados atentamente sk, a
inflação e o desemprego. Quando, a cada rnês, o Bureau of Labor Statistics divulga
dados sobre essas variveis, os formuladores de politicas apardam com ansiedade
por essas noticias. Alguns comentaristas somaram a taxa de inflação e a taxa de
desemprego para produzir um Indice de miséria que se propOe medir a sade da
economia.
Como essas duas medidas do desempenho econOmico est -a- o ligadas uma
outra? Discutimos, anteriormente, os determinantes do desemprego no longo
prazo e os determinantes da iiiflação no longo prazo. Vimos que a taxa natural de
desemprego depende de diversas caracteristicas do mercado de trabalho, como a
Iegislação do salário míiiimo, o i_->oder de mercado dos sindicatos, o papel dos sal.-
rios de eficiêiicia e a efiOEIcia da busca de empregos. Por outro lado, a taxa de
ção depende principalmente do crescimento na oferta de moeda, que é controlado
pelo banco central de cada iiação. No longo prazo, portanto, a inflga'io e o desem-
prego são problemas com pouca coisa em comum.
No curto prazo, se dá exatamente o contr2lrio. Um dos Dez Prindpios de Economia
discutidos no Capitulo 1 é o de que a sociedade se depara, no curto prazo, com um
tradcoff entre inflg -a- o e desemprego. Se os forn-luladores de polfticas monetthia e
fiscal expanden-1 a demanda agregada e movem a economia para cima ao longo da
782 PARTE 12 FLUTUACOES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO
curia de oferta agr, egada de curt° prazo, podem reduzir o desemprego por alg,um
tempo, mas apenas a custa de uma inflacdo mais elevada. Se os formuladores de
politicas contrairem a demanda agregada e moverem a economia para baixo ao
longo da curia de oferta agregacia de curt° prazo, podem reduzir a inflacdo, mas
apenas a custa de urn desemprego temporariamente mais elevado.
Neste capitulo examinaremos maisatentamente esse tradeoff A relacdo entre
inflacdo e desemprego é urn topico que atraiu a atencdo de alguns dos economis-
tas mais irnportantes dos ultimos 50 anos. A melhor maneira de entender essa rela-
cdo é ver como o pensamento a seu respeito evoluiu corn o passar do tempo. Como
veremos, a historia do pensamento relativo a inflacdo e desemprego desde os anos
50 esta fortemente ligada a historia da economia dos Estados Unidos. Essas duas
historias mostrardo por que o tradeoff entre inflacdo e desemprego se mantem no
curto prazo, mas ndo se sustenta no longo prazo, e quais sdo as questoes que ele
levanta para os formuladores de politicas econemicas.
A CURVA DE PHILLIPS
"Provavelmente a relacao macroeconomica mais importante seja a curia de
Phillips." Essas foram as palavras do economista George Akerlof durante o discur-
so que fez ao receber o Premio Nobel, em 2001. A CUM? de Phillips é a relacdo de
curto prazo entre inflacdo e desemprego. Comecamos nossa historia corn a desco-
berta da curia de Phillips e sua migracdo para a America.
curva de Phillips
a curva que mostra o tradeoff
entre inflaca-o e desemprego
no curt° prazo
Origens da Curva de Phillips
Em 1958, o economista A. W. Phillips publicou urn artigo no jomal britanico
Economica que o tomaria famoso. 0 artigo era intitulado "A Relacdo entre o
Desemprego e a Taxa de Variacdo dos Salarios no Reino Unido, 1861-1957". Nele,
Phillips mostrava a existencia de uma correlacdo negativa entre a taxa de desem-
prego e a taxa de inflacao. Ou seja, Phillips provou que anos corn baixo desempre-
go tenciem a apresentar inflacdo elevada e anos corn desemprego elevado tendem
a apresentar baixa inflacdo (Phillips examinou a inflacdo dos salarios nominais em
vez da inflacdo de precos, mas para os nossos objetivos essa distincdo ndo é impor-
tante. Essas duas medidas da inflacdo costumam se mover juntas). Phillips concluiu
que duas importantes variaveis macroeconomicas — inflacdo e desemprego — esta-
yarn ligadas de uma maneira que ainda ndo havia sido percebida anteriormente
pelos economistas.
Embora a descoberta de Phillips se baseasse em dados do Reino Unido, os pes-
quisadores logo estencieram sua descoberta a outros 'Daises. Dois anos depois de
Phillips ter publicado seu artigo, os economistas Paul Samuelson e Robert Solow
publicaram urn artigo na American Economic Rcviczy, intitulado "Analise da Politica
Antiinflacionaria", no qual mostravam uma correlacdo negativa semelhante entre
os dados de inflacdo e desemprego nos Estados Unidos. Eles raciocinaram que essa
correlacao surgia porque o baixo desemprego estava associado a uma alta deman-
da agregada que, por sua vez, pressionava para cima os salarios e os precos em toda
a economia. Samuelson e Solow chamaram a associacdo negativa entre inflacdo e
desemprego de curia de Phillips. A Figura 1 mostra urn exemplo de curia de
Phillips semelhante aquela observada por Samuelson e Solow.
Como sugere o titulo de seu artigo, Samuelson e Solow estavam interessados na
curia de Phillips porque acreditavam que ela poderia conter importantes licoes
para os formuladores de politicas. Mais especificamente, eles sugeriram quo a curia
CAPiTULO 35 0 TRADEOFF ENTRE INFL~ E DESEMPREGO NO CURTO PRAZO
FIGURA 1
A Curva de Phillips
A curva de Phillips ilustra a relacao negativa entre o toxa de inflacao e a taxa de desemprego. No ponto A, a
inflacao é baixa e o desemprego, alto. No ponto B, a inflacao é alta e o desemprego,
783
2 
Taxa de
lnflação
( % ao ano)
6
4 Taxa de Desemprego (%)
de Phillips oferecia aos formuladores de politicas uma gama de possiveis resulta-
dos econ6micos. Ao alterar as politicas monetria e fiscal para influenciar a deman-
da ag,regada, os formuladores de politicas poderiam escolher qualquer ponto da
curva. 0 ponto A oferece alto desemprego e baixa inflação. 0 ponto B oferece baixo
desemprego e alta inflação. Os formuladores de politicas poderiam preferir ter
tanto baixa infiação quanto baixo desemprego, mas os dados hist6ricos resumidos
na curva de Phillips indicam que essa con-lbinazio é impossivel. De acordo com
Samuelson e Solow, os formuladores de politicas se deparam com um tradeoff entre
inflação e desemprego, e a curva de Phillips ilustra esse tradeoff
Demanda Agregada, Oferta Agregada e a Curva de Phillips
0 modelo da demanda ag,regada e da oferta agregada oferece uma explica o sim-
ples para a gama de resultados possiveis descrita pela curva de Phillips. A curva de
Phillips simplesmente mostra as combinaOes de infla(ao e desemprego que surgem no
curto prazo à medida que deslocamentos na curva de demanda agregada movem a econo-
mia ao longo da cur7.)a de oferta agregada de curto pmzo. Como vimos no Capitulo 33,
um aumento na demanda agregada por bens e servios leva, no curto prazo, a uma
maior produio de bens e servios e a um nivel de prev)s mais elevado. Maior pro-
duo significa maior emprego e, portanto, uma taxa de desemprego menor. Alcm
disso, qualquer que seja o nivel de pre9ps do ano anterior, quanto mais elevado for
o nivel de pre9Ds do ano corrente, mais elevada a taxa de inflação. Portanto, deslo-
Oferta agregada
no curto prazo
Demanda
agregada alta
Demanda
agregada baixa
Taxa de
Inflacao
( % ao ano)
6
2
Nivel de
Precos
106
102
784 PARTE 12 FLUTUAcOES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO
camentos na demanda agregada pressionam a inflac5o e o desemprego em dire-
caes opostas no curto prazo — uma relacao clue é ilustrada pela curva de Phillips.
Para entender melhor como isso funciona, vamos considerar um exemplo. Para
simplificar, imagine que o nivel de precos (medido, 1.-)or exemplo, pelo indice de
precos ao consumidor) seja igual a 100 no ano 2000. A Figura 2 mostra dois possi-
veis resultados que podem ocorrer no ano 2001. 0 painel (a) mostra os dois resul-
tados usando o modelo da dcmanda ap-egada c da oferta agregada. 0 painel (b)
ilustra os mesmos dois resultados usando a curva de Phillips.
No painel (a) da figura, podemos ver as implicac5es para a producao e o nivel
de precos para o ano 2001. Se a demanda agregada por bens c servicos é relativa-
mente baixa, a economia registrars o resultado A. A producao é de 7.500 e o nivel
de precos é de 102. Por outro lado, se a demanda agegada é relativamente baixa, a
economia registrard o resultado B. A producao é de 8 mil e o nivel de precos é de
106. Portanto, uma demanda agregada mais elevada move a economia para um
equilibrio corn major producao e major nivel de precos.
No painel (b) da figura, podemos ver o que esses dois resultados possiveis sig-
nificam para o desemprego e a inflacao. Como as empresas precisam de mais tra-
balhadores quando produzem major quantidade de bens e servicos, o desemprego
é menor corn o resultado B do que corn o resultado A. Nesse exemplo, quando a
producao aumenta de 7.500 para 8 mil, o desemprego cai de 7% para 4%. Alem
disso, como o nivel de precos é mais elevado no resultado B do que no A, a taxa de
Como a Curva de Phillips se Relaciona corn o Modelo da Demanda Agregada e da Oferta Agregada
Esto figura parte de urn nivel de precos igual a 100 no ano 2000 e representa graficamente possiveis resultados para o ano 2001. 0 painel (a) mostra
o modelo do demanda agregada e do oferta ogregada. Se a demando ogre gada e boixo, a economic] esta no ponto A; a producao e baixa (Z500) e o
nivel de precos e boixo (102). Se a demanda agregada é alto, a economic estara no ponto 8; a producdo e alto (8 mil) e o nivel de precos é alto
(706). 0 painel (b) mostra as implicacOes para a curva de Phillips. 0 ponto A, que surge quando o demanda agregada é baixa, tern desemprego eleva-
do (7%) e inflacao babo (2%). 0 ponto 8, que surge quando a demanda agregada e elevada, tern baixo desemprego (4%) e inflocao alto (6%).
(a) Modelo da Demanda Agregada e da Oferta Agregada (b) Curva de Phillips
0 7.500 8.000 Quantidade 0 4 7 Taxa de
(desemprego (desemprego Produzida (a producao (a producao Desemprego
de 7%) de 4%) é de 8 mil) é de 7.500) ( %)
CAPiTULO 35 0 TRADEOFF ENTRE INFLACAO E DESEMPREGONO CURTO PRAZO 785
inflacao (varigao percentual no nivel de prey)s e.m relgao ao ano anterior)
bem é mais elevada. Mais especificamente, como o nivel de precos era de 100 no
ano 2000, o resultado A tem taxa de inflacao de 2% e o resultado B tem taxa de
inflgao de 6%. Portanto, podemos comparar os dois resultados possiveis para a
economia tanto em termos de produao e nivel de preos (usando o modelo da
clemanda ag,regada e da oferta agregada) quanto em termos de ciesernprego e infla-
cao (usando a curva de Phillips).
Como vimos no capitulo anterior, as politicas monetaria e fiscal podem deslo-
car a curva de demanda ag,regada. Portanto, as politicas monetaria e fiscal 1.-)oclem
mover a econon-lia ao longo da curva de Phillips. Aumentos na oferta de moeda,
aumentos nas despesas do governo ou cortes de impostos expandem a demanda
agregada e movem a economia para um ponto da curva de Phillips com menor
desemprego e maior inflgao. Reduc'6es na oferta de moeda, cortes nas despesas do
govemo ou aumentos nos impostos contraem a demanda agregada e movem a
econornia para um ponto da curva de Phillips com inflac;ao menor e clesemprego
maior. Nesse sentido, a curva de Phillips oferece aos formuladores de polfticas uma
gan-ia de combina es entre inflacao e desemprego.
Teste R4ido Represente graficamente a curva de Phillips. Use o modelo da demanda agregada e da
oferta agregada para mostrar como a politica pode mover a economia, ao longo da curva, de um ponto com
alta inflack para um ponto com baixa inflack.
DESLOCAMENTOS NA CURVA DE PHILLIPS: C PAPEL DAS
EXPECTATIVAS
A curva de Phillips parece oferecer aos formuladores de politicas uma gama de pos-
siveis resultados de inflac .ao-desemprego. Mas sera que essa gama se mantem
estavel ao longo do tempo? Sera a curva de Phillips uma relgao em que os formu-
ladores de politicas podem confiar? Os economistas enfrentaram essa questao no
fim da decada de 1960, pouco depois de Samuelson e Solow terem introduzido a
curva de Phillips no debate macroeconOmico.
A Curva de Phiiiips no Longo Prazo
En-i 1968, o economista Milton Friedman publicou, na Anierican EL-0110111iC Review, um
artigo baseado em um pronunciamento que proferira recentemente como presiden-
te da American Economic Association. 0 artigo, intitulaclo"0 Papel da Politica Mo-
netaria", continha se(5es sobre "O Que a Politica Monetaria Pode Fazer" e "O Que
a Politica Monetaria Nao Pode Fazer". Friedman argumentava que uma das coisas
que a politica monetaria nao podia fazer, a nao ser por um perfodo curto, era esco-
lher uma con-ibinKao de inflaao e desemprego na curva de Phillips. Mais ou menos
ao mesmo tempo, outro economista, Edmund Phelps, tambem publicou um artigo
neganclo a exist'encia, no longo prazo, de um tradeqf entre inflgao e desemprego.
Friedman e Phelps basearam suas conclus -6es nos principios de macroeconomia
classicos que discutimos nos capitulos 25 a 32. Lembre-se que a teoria classica
aponta para o crescimento na oferta de moeda con-io principal detern-iinante cla
inflgao. Mas a teoria classica tambem afirma que o crescirnento monetario nao
tem efeitos reais — limita-se a alterar os preos e as rendas nominais proporcional-
mente. Em particular, o crescimento monetario nao influencia os fatores que deter-
minam a taxa de desemprego da econon-iia, como o poder de rnercado dos sindi-
1. Quando o
Fed eleva a taxa
de crescimento
da oferta de
moeda, a taxa
de inflacao
aumenta...
A Curva de Phillips no Longo
Prazo Curva de Phillips
no longo prazo
2.... mas o desemprego
A permanece em sua taxa
natural no long° prazo.
Taxa natural de Taxa de
desemprego Desemprego
Taxa de
Inflacao
Inflacao
a lta
Inflacao
baixa
0
De acordo corn Friedman e Phelps,
nao ha tradeoff entre inflocao e
desemprego no longo plaza.
0 crescimento no oferta de moeda
determina a taxa de inflocao.
lndependentemente do taxa de
inflacdo, a taxa de desemprego
gra Vita em tomo de sua taxa natural.
Em consequencia, a curva de Phillips
no longo prazo é vertical.
786 PARTE 12 FLUTUACOES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO
catos, o papel dos salarios de eficiencia ou o process° de busca de empregos.
Friedman e Phelps concluiram que nao havia razao para pensar que a taxa de infla-
cao estivesse, no longo prazo, relacionada corn a taxa de desemprego.
Eis, em suas proprias palavras, a opinido de Friedman sobre o que o Fed pode
esperar realizar no longo prazo:
A autoridade monetaria controla quantidades nominais — diretamente, a
quantidade de suas obrigacoes [moeda mais reservas banc6rias]. Em princi-
pio, pode usar esse controle para fixar uma quantidade nominal — a taxa de
cambio, o nivel de precos, o nivel nominal de renda nacional, a quantidade de
dinheiro sob qualquer definicao — ou a variacao de uma quantidade nominal
— a taxa de inflacao ou deflacao, a taxa de crescimento ou declinio da renda
nacional nominal, a taxa de crescimento da quantidade de moeda. Nao pode
usar seu controle sobre as quantidades nominais para fixar uma quantida-
de real — a taxa de juros real, a taxa de desemprego, o nivel de renda nacional
real, a quantidade real de moeda, a taxa de crescimento da renda nacional real
ou a taxa de crescimento da quantidade real de moeda.
Essas opinioes trazem importantes implicacaes para a cui-va de Phillips. Mais
especificamente, implicam que os formuladores de pollticas monetarias se depa-
ram corn uma curva de Phillips vertical, como a da Figura 3. Se o Fed aumenta a
oferta de moeda lentamente, a taxa de inflacao é baixa e a economia se encontra no
ponto A. Se o Fed aumenta a oferta de moeda rapidamente, a taxa de inflacao é alta
e a economia se encontra no ponto B. Em qualquer caso, a taxa de desemprego
tende para seu nivel normal, denominado taxa natural de desemprego. A curva de
Phillips vertical no longo prazo ilustra a conclusao de que o desemprego nao
depende do crescimento da moeda e da inflacao no longo prazo.
A curva de Phillips vertical no longo prazo é, essencialmente, uma expressao da
ideia cl6ssica da neutralidade monetria. Como vimos, essa ideia foi apresentada no
Capitulo 33 corn uma curva de oferta agr, egada de longo prazo vertical. De fato,
como ilustra a Figura 4, a curva de Phillips vertical no longo prazo e a curva de ofer-
FIGURA 3
CAPIITULO 35 0 TRADEOFF ENTRE INFL~0 E DESEMPREGO NO CURTO PRAZO 787
FIGURA 4
Como a Curva de Phillips no Longo Prazo se Relaciona com o Modelo da Demanda Agregada e da Oferta Agregada
0 poinel (a) mostra o modelo do demando ogregada e da oferto agregada com uma curva de oferta agregada vertical. Quando umo politica mone-
tdrio exponsionisto desloca a curva de demanda agregada pora a direita, de DA I para DA2, o equilibrio se move do ponto A para o ponto B. 0 nivel
de precos aumenta de P i para P2 e a producd"o perrnanece a mesma. 0 painel (b) mostra a curva de Phillips no longo prazo, que é vertical d taxa
natural de desemprego. Uma politica monethria expansionista move a economia de uma infla(do baixa (ponto A) para uma inflac
-do alta (ponto B)
sem alterar a taxa de desemprego.
(a) Modelo da Demanda Agregada e da Oferta Agregada (b) Curva de Phillips
Nivel de
Preos
P
2
2.... eleva
o nivel de
pre9os...
Oferta agregada
de longo prazo
1. Um aumento na
oferta de moeda
aumenta a demanda
agregada...
Taxa de
Infla0o
Curva de Phillips
no longo prazo
3.... e aumenta
a taxa de
...................... •B
•A
 
Demanda
agregada, DAi
00 Taxa natural
de produ0o
Quantidade
Produzida
Taxa natural
de desemprego
Taxa de
Desemprego
4.... mas deixa a produ0o e o
desemprego em suas taxas naturais.
ta agregada de longo prazo vertical s". " o dois lados da mesma moeda. No painel (a)
dessa figura, um aumento na oferta de moeda desloca a curva de demanda agrega-
da para a direita, de DA, para DA,. Como resultado desse deslocamento, o equilibrio
de longo prazo move-se do ponto A para o ponto B. 0 nivel de pre9os aumenta de
P 1 para P2, mas como a curva de oferta agr, egada e vertical, a produ o permanece a
mesma. No painel (b), um crescimento mais r4ido naoferta de moeda eleva a taxa
de iiiflação, movendo a economia do ponto A para o ponto B. Mas como 
' a curva de
Phillips e vertical, a taxa de desemprego e a mesma nesses dois pontos. Portanto,
tanto a curva de oferta agregada de longo prazo vertical quanto a curva de Phillips
vertical no longo prazo implicam que a politica monetkia influencia as vari veis
nominais (nivel de pre9os e taxa de mas na
. o as reais (produ o e desem-
prego). Independentemente da politica monetkia adotacia pelo Fed, a produ o e o
desemprego permanecem, no longo prazo, em suas taxas naturais.
0 que hEi de to "natural" na taxa natural de desemprego? Friedman e Phelps
usaram esse adjetivo para descrever a taxa de desemprego em dire
-do à qual a eco-
nomia tende a gr, avitar no longo prazo. Todavia, a taxa natural de desemprego n
- ‘o
e necessariamente a taxa de desemprego socialn-tente desej-ivel. Nem e constante
ao longo do tempo. Por exemplo, suponha que um sindicato recem-formado use
seu poder de mercado para elevar os salkios reais de alg-uns trabalhadores para
cima do nivel de equilibrio. 0 resultado é um excesso de oferta de m' o-de-obra e,
portanto, uma taxa natural de desemprego mais elevada. Esse desemprego e"natu-
788 PARTE 12 FLUTUAcOES ECONOMICAS NO CURTO PRAZO
ral" nao porque seja born, mas porque esti alem da influencia da politica monetEi-
ria. Urn crescimento mais r6pido da moeda na'o reduziria o poder de mercado do
sindicato ou o nivel de desemprego; isso somente conduziria a mais inflacao.
Embora a politica monetaria nao possa influenciar a taxa natural de desempre-
go, outros tipos de politica podem faze-b. Para reduzir a taxa natural de desem-
prego, os formulaclores de politicas devem buscar politicas que melhorern o funcio-
namento do mercado de trabalho. Vimos, anteriormente, como diversas politicas
voltadas ao mercado de trabalho, como a legislacao do sal6rio minim°, a legislacao
relativa i negociacdo salarial, o seg,uro-desemprego e os progr, amas de treinamen-
to afetam a taxa natural de desemprego. Lima mudanca politica que recluzisse a
taxa natural de desemprego deslocaria a curva de Phillips no bongo prazo para a
esquerda. Alem disso, como urn menor desemprego sig,nifica que mais trabalhado-
res esta-o produzindo bens e servicos, a quantidade ofertada de bens e servicos seria
major para cada nivel de precos dado e a curva de oferta agr, egada de longo prazo
se deslocaria para a direita. A economia ent5o poderia desfrutar de urn menor
desemprego e major produca'o para qualquer taxa de crescimento da moeda e
inflacao dada.
Expectativas e a Curva de Phillips no Curt° Prazo
A primeira vista, a negacao, por parte de Friedman e Phelps, da existencia de urn
tradeoff, no longo prazo, entre inflacao e desemprego pode no parecer convincen-
te. Seu argument° se baseava em urn recurs() a teoria. Por outro lado, a correlaca'o
negativa entre inflacao e desemprego documentada por Phillips, Samuelson e
Solow baseou-se ern dados. Por que alg,uem deveria acreditar que Os formuladores
de politicas se deparam corn uma curva de Phillips vertical quando o mundo real
parece lhes oferecer uma curva corn inclinaca-o negativa? As descobertas de
Phillips, Samuelson c Solow no deveriam nos levar a rejeitar a conclus5o
da neutralidade monet6ria?
Friedman e Phelps estavam cientes dcssas questOes e ofereceram uma maneira
de conciliar a teoria macroeconOmica classica corn a identifica0o de uma curva de
Phillips de inclinaczlo negativa, corn dados do Rein° Unido e dos Estados Unidos.
Eles afirmaram que uma relacao negativa entre inflac5o e desemprego se sustenta
no curto prazo, mas no pode ser usada pelos formuladores de politicas no long°
prazo. Em outras palavras, os formuladores de politicas podem adotar politicas
monetairias expansionistas para reduzir o desemprego por algum tempo, mas o
desemprego acaba por voltar para sua taxa natural, e a continuidade da politica
monetziria expansionista leva somente a major infla0o.
Friedman e Phelps raciocinaram como fizemos no Capitulo 33 ao explicar a dife-
renca entre as curvas de oferta agregada de curto prazo e de longo prazo (na verda-
de, a discussao apresentada naquele capitulo baseou-se muito nas ideias de
Friedman e Phelps). Como voce talvez se recorde, a curva de oferta ag,regada
curto prazo tern inclinaca'o positiva, indicando que urn aumento no nivel de precos
eleva a quantidade de bens e servicos que as empresas ofertam. Por outro lado, a
curva de oferta agregada de longo prazo é vertical, indicando que o nivel de precos
ndo influencia a quantidade ofertada no longo prazo. 0 Capitulo 33 apresentou tres
teorias para explicar a inclinac5o positiva da curva de oferta agr, egada de curto
prazo: salarios rigidos, precos rig,idos e percepcOes equivocadas sobre os precos rela-
tivos. Como os sal6rios, os precos e as percepOes se ajustam as mudancas nas con-
dicoes economicas ao longo do tempo, a relacao positiva entre o nivel de precos e a
quantidade ofertada aplica-se no curto prazo, mas nao no longo prazo. Friedman e
Phelps aplicaram a mesma logica a curva de Phillips. Da mesma maneira que a
CAPiTULO 35 0 TRADEOFF ENTRE INFLACAO E DESEMPREGO NO CURTO PRAZO 789
curva de oferta agregada só tem inclinação positiva no curto prazo, o tradeoff entre
inflação e desemprego só se sustenta no curto prazo. E da mesma maneira que a
curva de oferta agregada de longo prazo e vertical, a curva de Phillips no longo
prazo tambem é vertical.
Para ajudar a explicar a relação entre inflação e desemprego no curto e no longo
prazo, Friedman e Phelps introduziram uma nova vari vel na a infla(do
esperada. A inflação esperada mede o quanto as pessoas esperam que o nivel geral
de preos varie. Como vimos no Capitulo 33, o nivel de preos esperado afeta os
salkios e os preos que as pessoas estabelecem e a percep o que elas formam
quanto aos preos relativos. Em conseqencia, a inflação esperada é um dos fato-
res que determinam a posição da curva de oferta ag,regada de curto prazo. No
curto prazo, o Fed pode tomar a inflação esperada (e, portanto, a curva de oferta
agregada de curtol)razo) como dada. Quando a oferta de moeda muda, a curva de
demanda agregada se desloca e a economia se move ao longo de uma curva de
oferta agregada de curto prazo dada. No curto prazo, portanto, as alterg-cks
monetkias levam a flutug6- es inesperadas na 13rodu o, prec;os, desemprego e
Dessa forma, Friedman e Phelps explicaram a curva de Phillips que
Phillips, Samuelson e Solow haviam documentado.
Contudo, a capacidade do Fed para criar inflação inesperada por meio
aumento na oferta de moeda só existe no curto prazo. No longo prazo, as pessoas
passam a esperar qualquer taxa de inflgo que o Fed determine. Como salkios,
preos e percep0es acabar .k) por se ajustar à taxa de inflação, a curva de oferta
ag,regada de longo prazo é vertical. Nesse caso, varia -cies na demanda agregada,
como aquelas devidas a alterK5es na oferta de moeda, não afetam a produ o de
bens e servios da economia. Portanto, Friedman e Phelps concluiram que o
desemprego retorna à sua taxa natural no longo prazo.
A análise de Friedman e Phelps pode ser resumida na equalo a seguir (que e,
essencialmente, outra expressZio da equa o de oferta agregada que vimos no
Capitulo 33):
Taxa Taxa natural de Inf1K-a-o
desemprego de desemprego vigente esperada
Essa equac-io relaciona a taxa de desemprego à taxa natural de desemprego,
inflac;50 vigente e à infla o esperada. No curto prazo, a inflação esperada é dada.
Em conseqiiencia, uma infla o vigente maior esti associada a um desemprego
menor (o quanto o desemprego reage à intlação inesperada é determinado pela
magnitude de a, um nUmero que, por sua vez, depende da inclinação da curva de
oferta agregada de curto prazo). No longo prazo, contudo, as pessoas 1, -)assam a
esperar qualquer inflação que o Fed determine. Portanto, a inflação vigente ser
ig,ual à infiação esperada, e o desemprego estará em sua taxa natural.
Essa equa o implica n",;io haver curva de Phillips estEivel no curto prazo. Cada

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