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5 Práticas Educativas para o Século XXI Teorias que Funda- mentam a Educação Presencial e a Distância no Brasil: Processos de Ensinar e Aprender 123 O título desta unidade 5 é bastante curio- so porque instiga-nos a refletir sobre duas situa- ções diferentes em Educação, porém perfeitamen- te complementares: a) De um lado o ato de ensinar (proces- sos de ensinar), que pressupõe a transmissão de conhecimentos de uma pessoa para outra que ainda não o detenha ou, pelo menos, a prescrição e a diretividade de procedimentos que levem tal pessoa a adquirir aquele conhecimento; b) Do outro lado, os processos de apren- der, que implicam uma participação expressiva do estudante no seu procedimento de aquisição de conhecimentos, hábitos e valores, aumentan- do a sua responsabilidade no processo educa- cional até alcançar um estágio de autodidatismo, caracterizado por uma profunda consciência da importância da autonomia cognitiva. A maior ou menor ênfase em alguma dessas duas vertentes, ou o equilíbrio entre elas, imprimirá o perfil da concepção de Educação Quem ensina quem, na Educação a Distância? Qual o papel do professor e qual o papel do aluno, nesse processo? É o mesmo exercido na Educação Presencial? Há alguma “diferença” que o caracterize? Qual será? 124 que orientará o processo didático-metodológico do ato de educar. A unidade 5, portanto, será inteiramente dedicada à discussão sobre pressu- postos educacionais e conceitos de metodologia, para o que propõe a seguinte indagação: Os problemas educacionais que vivemos contemporaneamente, são problemas de ordem metodológica – que poderiam ser sanados pura e simplesmente com a adoção de “novas meto- dologias de ensino”? Ou as “crises educacionais” encontrariam a sua solução na consolidação de pressupostos epistemológicos explicitamente claros, provocando uma transformação de base filosófica para a aquisição de conhecimento? Dedicaremos nossa atenção, nesta uni- dade, à discussão dessa problemática, que está presente no cotidiano dos educadores, porém, ao que parece, ainda não obteve respostas satisfató- rias do contexto em que estamos inseridos, uma vez que os problemas de aprendizado, evasão e repetência ainda persistem apesar de tanta expe- riência desenvolvida – no país e fora dele – na história da nossa Educação. Para realizar esse propósito, a unidade 5 terá dois eixos didático-metodológicos na sua organização: a) No primeiro eixo, buscaremos identifi- car as teorias que orientam a Educação a Distân- 125 cia no Brasil, refletindo sobre a forma polissêmica de expressão do termo “Metodologia”, tentando compreender o que, de fato, se quer dizer ao usar- -se o termo “metodologias de ensino” (veremos que as concepções de metodologia não são unâni- mes, na oferta de produtos educacionais aos con- sumidores). b) No segundo eixo, faremos um estudo panorâmico das epistemologias desenvolvidas ao longo da trajetória humana, principalmente aque- las conhecidas como “Paradigmas do conheci- mento”, que estão subjacentes às nossas formas de representação do mundo, porém, paradoxalmente, continuam praticamente desconhecidas nos am- bientes educacionais, principalmente nas institui- ções da Educação Básica. Nossa unidade 5 provocará essa re- flexão. Portanto se, ao final desta aula você, ainda tiver dúvidas, é importante que se co- munique com o seu professor por meio das ferramentas disponíveis no curso. 126 1 - Metodolgia: O que Significa Realmente? Introdução “Esses espaços virtuais de aprendizagem ofere- cem condições para a interação (síncrona e assín- crona) permanente entre os seus usuários. A hi- pertextualidade facilita a propagação de atitudes de cooperação entre os seus participantes, para fins de aprendizagem. A conectividade garante o acesso rápido à informação e à comunicação interpessoal, em qualquer tempo e lugar, susten- tando o desenvolvimento de projetos em cola- boração e a coordenação das atividades. Essas três características - interatividade, hipertextuali- dade e conectividade - já garantem o diferencial dos ambientes virtuais para a aprendizagem indi- vidual e grupal.” (KENSKI, 2005, pág. 6) A frase introdutória de KENSKI (aci- ma) aponta para três importantes características dos ambientes virtuais de aprendizagem que os tornam “diferentes” dos tradicionais processos 127 de ensino e aprendizagem, tanto para a aprendi- zagem individual, como, principalmente, para a aprendizagem grupal, e devem compor as me- todologias que orientam as TICs no âmbito dos processos educacionais gerais. São elas: a) Interatividade; b) Hipertextualidade e c) Conectividade. Antes de discorrermos sobre as diversas concepções de “métodos” de ensino e de apren- dizagem, faremos uma breve análise de cada uma daquelas características, com o objetivo de sub- sidiar, a seguir, a importância de definir-se um “método” que fundamente nosso processo de educar e de aprender. Interatividade Tanto nos contextos tradicionais de Edu- cação, principalmente, na Educação Presencial, como no âmbito da Educação a Distância, existe sempre um processo de interação entre professor e aluno(s), entre professor e professor(es), e entre aluno e aluno(s). É nesta interatividade que ocor- rem os processos de avaliação e retroalimentação (feedback) do processo educacional, ou seja, é quando existe o contato direto entre os partici- pantes que a Educação efetiva-se e consolida-se a 128 aquisição de conhecimentos planejados para de- terminada fase. Essa afirmativa é tanto mais essencial quando se trata de Educação Presencial, uma vez que, nessa forma de Educação, o único momento de possibilidades de interação dá-se, exatamente, quando os seus participantes estão fisicamente próximos, o que vai permitir o debate em torno das atividades propostas, a aplicação de avalia- ções, a correção das produções e, como decor- rência, a continuidade dos estudos em um nível mais elevado (conceitualmente) de aprofunda- mento. Podemos afirmar tratar-se de uma inte- ração síncrona, que é aquela que acontece “em tempo real” entre os dois elementos básicos do processo educacional: professor e aluno. Em síntese: existe uma “lacuna” de inte- ratividade que é o tempo decorrente entre o úl- timo encontro professor/aluno(s) e o próximo, para a continuidade dos trabalhos. O problema daí decorrente é que o acompanhamento dos tra- balhos e a sua consequente avaliação dão-se “de- pois” que a atividade foi realizada: o professor avalia os resultados da produção finalizada. Nesse caso, “perde-se” um precioso tempo que consiste no próprio processo de pro- dução da atividade selecionada e, consequente- mente, um importante momento de elaboração 129 cognitiva do aluno, que se realiza em “fazer” a tarefa solicitada. Este é um momento rico de aprendizagem, que ocorre no desenvolvimento dos processos cognitivos do aprendiz, nas for- mas de estudo que ele realiza para resolver o pro- blema, nas fontes de informação utilizadas e no “método” filosófico que ele usa para “pensar” a problemática levantada. Como subproduto dessa situação, a ava- liação deixa de ser processual e passa a ser uma “avaliação de resultados”. Imagine, caro leitor, quantos mo- mentos importantes para o processo educa- cional são “perdidos”, como forma de sub- sidiar a apreciação de professores e alunos sobre o andamento da sua aprendizagem! Na Educação a Distância, em especial aquela que utiliza as Tecnologias da Informação e da Comunicação e Ambientes Virtuais de Aprendi- zagem, a interatividade prescinde da exclusiva pre- sença física dos participantes, posto que a relação entre os participantes do processo “continua”, por intermédio de uma plataforma tecnológica (AVA) que permite interações síncronas e assíncronas entre professor e aluno(s). Nesse caso, não existe uma “ruptura temporal” (lacuna) no processo de aprendiza- 130 gem, uma vez queo diálogo pode continuar, en- tre a definição da problemática a ser solucionada e a apresentação do resultado final, incorporan- do-se à relação à processualidade do ato de rea- lizar a tarefa, permitindo, portanto, ao professor, interferir no ato mesmo de construção do co- nhecimento por parte do aluno. Essa possibilidade, inegavelmente, torna- rá os processos de ensinar e de aprender, muito mais ricos, pois incorporarão ao processo momen- tos cognitivos essenciais, perdidos em uma condi- ção de ensino presencial. Esta é uma diferença crucial, entre o en- sino presencial e a modalidade EAD, que precisa ser assimilada pelos educadores. Evidentemente, exigirá de todos nós maior capacidade de interven- ção, sagacidade e senso de oportunidade, para a intervenção essencial, no momento indispensável. Hipertextualidades Esta tem sido uma das características marcantes das produções midiáticas modernas: jornais eletrônicos, revistas de circulação nacional, bem como enciclopédias atualizadas, páginas de empresas e Blogs pessoais, utilizam fartamente a hipertextualidade para a leitura dos seus usuários. Pode-se afirmar tratar-se de um elemento de leitu- 131 ra e pesquisa que redefine as formas clássicas de apropriação do conhecimento aquelas que apren- demos nos bancos escolares: a leitura linear de textos, livros e revistas, ou seja, aprendemos a ler, primeiro, a página 1, depois a 2, a 3, até acabarmos o livro, sem sair do roteiro previamente traçado pelo autor do assunto. Sobre o assunto, recomendamos o aces- so ao Blog: http://eadhipertextualidade.blogspot. com/, do qual extraímos a seguinte conceituação: O termo hipertexto foi definido em primeira mão por Ted Nelson, no início dos anos 60, sig- nificando uma leitura não sequencial, não linear. Um texto com vários caminhos que permite aos leitores fazer escolhas, e que são melhor lidos numa tela interativa. Popularmente, são con- cebidos como uma série de pedaços de textos conectados por link que quer dizer “atalho”, “caminho” ou “ligação”. Através dos links, é possível produzir documentos não lineares in- terconectados com outros documentos ou ar- quivos a partir de palavras, imagens ou outros objetos. Também conhecidos em português por hiperligações, oferecem ao leitor diferentes trilhas. O ato de navegar ou surfar na Internet possibilita o acesso a uma sequência de links. Estes, agregam interatividade no documento. 132 Ao leitor torna-se possível localizar rapidamente conteúdo sobre assuntos específicos. O sistema de hipertexto mais conhecido, atualmente, é a World Wide Web, no entanto a Internet não é o único suporte onde este modelo de organização da informação e produção textual se manifesta. (Extraído de: http://eadhipertextualidade.blogspot.com/). O texto acima, incluindo o parágrafo que o antecede, foi transcrito na modalidade de hiper- textualidade. Se estiver lendo-o no computador, com a internet disponibilizada, você poderá aces- sar os links representados pelas palavras sublinha- das. Faça essa experiência, para reforçar a ideia! 133 Na página ao lado, de um jornal de grande circulação nacional e forte formador de opinião (www.folha.com.br), os títulos das matérias são “links” (conexões) que remetem ao texto respecti- vo. No texto, propriamente dito, você encontrará outros links que encaminham o leitor a assuntos elucidativos sobre o tema central do texto, seja um depoimento de um especialista, por voz ou ima- gem, seja um gráfico ilustrativo, ou um vídeo so- bre o assunto abordado. As imagens também são links que remetem à temática do título. Vejamos outro grande exemplo de hiper- textualidade no campo do jornalismo: 134 O Blog acima é de Luiz Carlos Azenha, que tem realizado um belo trabalho na área jorna- lística. Observe que a utilização de hipertextualida- de é a mesma do exemplo anterior. O que modifica é apenas a apresentação visual da página (o layout). Neste caso, há uma característica interessante: do lado direito da tela, existe um link (seta para a di- reita) para um filme relacionado a um tema apre- sentado pelo jornalista. Ao clicar sobre a imagem, um filme será apresentado e você poderá assisti-lo em tela cheia, como um filme tradicional que assis- timos nas telas de cinema. Para finalizar o tópico, a hipertextuali- dade pode ser considerada a grande estratégia contemporânea de leitura, à medida que promo- ve uma ampliação de conhecimentos, a partir do tema central da notícia ou do assunto abordado, permitindo o estabelecimento de “mapas concei- tuais” relativos ao tema abordado, sem os quais o assunto proposto continuará a ser estudado sob a perspectiva tradicional da leitura linear, limitada e pouco estimulante, em um mundo de conexões e representações gráficas do conhecimento. Conectividade Sob o ângulo estritamente tecnológico, a conectividade significa: 135 Sf. (conectivo+i+dade) Inform: Ca- pacidade de um dispositivo de conectar-se com outros dispositivos e transferir informa- ção. (Extraído de: http://www.dicio.com. br/conectividade/) Do ponto de vista pedagógico, a conecti- vidade significa a possibilidade de alunos e profes- sores manterem permanente interação, por meios eletrônicos, com professores, alunos e fontes pri- márias e secundárias de conhecimento, de forma que o processo educacional extrapola o âmbito restrito das salas de aula e penetra no “ciberespa- ço” (assunto da próxima aula), tornando o apren- dizado uma atividade continuada, prazerosa e rica em experiências cognitivas. Em síntese, as três características, vis- tas acima de forma breve, constituem o pano de fundo das novas metodologias adotadas para a Educação, que utiliza o potencial das Tecnolo- gias da Informação e da Comunicação no pro- cesso educacional. Resta-nos, porém, uma indagação pertinente: O que é metodologia? Em primeiro lugar, é importante reco- nhecer que o termo “Metodologia” possui uma variabilidade semântica que implica concepções diversas da palavra. 136 Veja o que diz o dicionário: http:// www.dicio.com.br, sobre “Semântica”: s.f.: faculdade que tem uma palavra de apresen- tar diferentes sentidos. O professor Gilberto Teixeira (FEA/ USP) faz interessante abordagem sobre o tema, a qual transcrevemos parcialmente, para melhor apreciação do assunto: Metodologia significa, etimologicamente, o estu- do dos caminhos,dos instrumentos usados para se fazer pesquisa científica, os quais respondem o como fazê-la de forma eficiente. A metodologia, é uma disciplina normativa de- finida como o estudo sistemático e lógico dos princípios que dirigem a pesquisa científica, des- de suposições básicas até técnicas de indagação. Não deve ser confundida com a teoria, pois só se interessa pela validade e não pelo conteúdo, nem pelos procedimentos (métodos e técnicas), à medida que o interesse e o valor destes estão na capacidade de fornecer certos conhecimentos. Nesse contexto teórico, há, de um lado, quadros teóricos de referência (o conhecimento acadê- mico) por sua validade e, de outro, embasamen- tos empíricos. Assim, a metodologia, mais do que uma des- crição formal de técnicas e métodos a serem 137 utilizados na pesquisa científicas, indica a op- ção que o pesquisador fez do quadro teórico para determinada situação prática do problema objeto de pesquisa. (Extraído de: http://www.serprofessoruniversitario.pro. br/) Em síntese, a Metodologia implica a op- ção de um “quadro teórico” que auxilie a análise do “objeto de pesquisa”, ou seja, qual é o referen- cial teórico que subsidiará a apreensão do tema es- tudado? Para complementar o raciocínio, o citado educador entende que o Método: “Traço característico da ciência, representa um procedimento racional e ordenado (forma de pensar), constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar, de forma adequada, a refle- xão e a experimentação, para proceder ao longo de um caminho, (significado etimológico de mé- todo) e alcançaros objetivos preestabelecidos no planejamento da pesquisa (projeto). Se fizermos uma rápida incursão pelas propostas educacionais expostas pela mídia, perce- 138 beremos que o termo “Metodologia”, bem como seu correlato “Método”, adquirem significados diferentes para o mesmo fenômeno. Ilustraremos esse fato com a exposição de algumas “metodo- logias” adotadas por instituições educacionais que oferecem formação continuada baseada na EAD. Estudos de caso sobre o tema “metodolgia” Veremos, a seguir, à guiza de estudos de caso, como algumas Instituições de Ensino Su- perior – IES – apresentam, para futuros usuários, suas propostas “metodológicas” de ensino. É im- portante observar que a leitura dos textos a seguir, não tem o propósito de criticá-los, do ponto de vista de suas concepções de metodologia. O inte- resse, aqui reside apenas em identificar as diversas – e homogêneas – concepções de “Metodologia” que informam os programas educacionais na mo- dernidade. A análise será feita a posteriori, após estudarmos o conceito de “Método” numa pers- pectiva filosófica. Na sequência, verificaremos alguns exem- plos – reais e atuais – de propostas educacionais baseadas em determinada concepção de metodo- logia. Leia com atenção os textos a seguir. Servirão de subsídio para as futuras discussões sobre “mé- todo” que empreenderemos na terceira seção. 139 Portal (AVA) da Universidade de Blumenau – SC o tema “metodolgia” (http://ensino.furb.br/ava/portal/index.php) O desenvolvimento tecnológico tem per- mitido criar estratégias diferenciadas de ensino e aprendizagem. Diante desse contexto, a FURB vem desenvolvendo atividades nos cursos presenciais e oferecendo cursos a distância. Desse modo, promo- ve-se uma inovação como modalidade de ensino e aprendizagem em que aluno e professor desenvol- vem atividades em lugares ou tempos diferentes. É por isso, que a FURB concebe a Edu- cação a Distância (EAD) como uma modalidade de ensino na qual a mediação didático-pedagógica pauta-se pelo uso das tecnologias da informação e comunicação, o que amplia os tempos e espa- ços de ensinar e aprender. Na FURB, a EAD tem como princípios a autonomia do sujeito, a cons- trução do conhecimento e a interação. A partir dessa concepção, a FURB pro- move o ensino superior direcionado à competên- cia de gerar conhecimento e preocupada com a contínua modernização do ensino. (Grifos nossos) 140 Portal da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID http://www.eadunicid.com.br/metodologia_ead A metodologia de ensino a distância foi desenvolvida pela Universidade Cidade de São Paulo para que diversas pessoas tenham acesso aos Cursos de Pós-Graduação, Extensão e Qualifica- ção na modalidade EAD. Nesse sistema, o aluno tem acesso ao material 100% pela internet, que é disponibilizado no portal AVA, através de video- aulas e livros em PDF. O sistema possibilita que o aluno compa- reça ao pólo somente nas avaliações, uma vez que todo o conteúdo está disponível em videoaulas e são complementadas pelos Livros em PDF dispo- níveis para download. Além disso, o Portal AVA possui fórum, chat, suporte acadêmico, mural de recados e orientadores para auxiliar na elaboração do trabalho de conclusão de curso. Os alunos ain- da podem complementar seus estudos com a aqui- sição das videoaulas em DVD e livros impressos. Para que o aprendizado seja realmente completo, também ocorre um encontro presen- cial para a troca de experiências e discussão dos conteúdos, possibilitando que os alunos tirem as suas dúvidas. 141 Portal Educaonline http://www.latec.ufrj.br É notável que o avanço tecnológico pos- sibilitou uma nova realidade educacional: o en- sino mediado por computador. A inserção do computador na Educação provoca uma mudança de comportamento dos participantes do proces- so ensino - aprendizagem. Um de seus efeitos é o aumento crescente da quantidade de informação disponível e acessível aos alunos e professores. Paralelamente, surge a possibilidade de contato remoto entre os participantes do processo atra- vés da comunicação pela Internet. Desta forma, a sala de aula perde gradativamente suas fronteiras de tempo e espaço. Esse novo ambiente de aprendizagem favorece também a reflexão e a reformulação das metodologias de ensino praticadas nas escolas e nas universidades. O ambiente virtual propicia o resgate de uma postura mais ativa e menos passiva dos alunos. O professor também é afetado por estas mudanças, deixando de ser o centro do proces- so - detentor de todo o conhecimento – para transformar-se em um mediador das ativida- des de aprendizagem. Nessa nova realidade, o ensino tende a tornar-se mais individualizado, 142 adaptando-se aos diferentes perfis psicológicos, formas de aprender e comportamentos dos di- ferentes alunos. O estudo adquire maior flexi- bilidade, podendo ser realizado de acordo com a disponibilidade de tempo do aluno e no local mais adequado. O professor também precisa adaptar-se à nova tecnologia e ao seu novo papel na sala de aula virtual. Como essa é uma mudança brusca nos paradigmas do ensino tradicional, a opção pela modalidade semipresencial atende às dificul- dades de difusão e absorção de novas tecnologias, além de permitir um custo mais acessível do que nos programas de ensino totalmente a distância. Esse formato de transição (semipresencial) não entra em choque com o modelo tradicional, ape- nas incorpora elementos novos ao modelo com que professores e alunos estão acostumados, faci- litando a introdução das novas tecnologias. O desenvolvimento de materiais didáti- cos para uso em Ambientes Virtuais de Aprendi- zagem exige conhecimentos de diversos campos, como informática, programação visual, psico- logia da aprendizagem e o conteúdo específico a ser ensinado, o que pressupõe a existência de uma equipe transdisciplinar. Esse novo formato de trabalho leva o professor a uma reformulação de suas práticas e métodos de ensino, de forma a 143 obter uma mudança de qualidade significativa no processo ensino-aprendizagem. É fundamental fornecer suporte na pre- paração do professor para exercer suas funções neste novo ambiente, aproveitando ao máximo os recursos oferecidos pela plataforma. É de vi- tal importância que o professor esteja prepara- do para relacionar-se com seus alunos através da interface computacional e para isso precisa do- minar as ferramentas disponíveis. Uma barreira a ser ultrapassada é a visão tradicional do profes- sor sobre o ensino. A aplicação da tecnologia na Educação, o que para muitos professores é vista como um risco, não substitui nenhum dos ele- mentos envolvidos com o ensino presencial tra- dicional. O ensino semipresencial mantém ainda as principais referências do ensino presencial. Desta forma, tanto alunos quanto professores, podem realizar uma transição suave para o novo contexto e os professores podem concentrar-se na adaptação e utilização das estratégias mais adequadas ao novo ambiente de ensino. Acreditamos que o uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem é mais uma alternati- va para dinamizar o ensino e tornar as aulas pre- senciais mais agradáveis e interessantes. Porém, sua adoção como suporte ao ensino presencial, depende fortemente da existência de uma infra- 144 estrutura adequada e de uma proposta pedagógi- ca eficiente, fatores primordiais na promoção de uma melhoria significativa do processo ensino- -aprendizagem. Professores e alunos precisam ser alfa- betizados em relação às possibilidades das novas tecnologias, de modo que os desníveis de conhe- cimento tornem-se cada vez menores. A curiosi- dade e o interesse, tanto dos alunos quanto dos professores, por novidades tecnológicas pode contribuir muito para o avanço da Educação apoiada pelas Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs). Antes de passarmos à próxima seção, faça- mos uma observação necessária para nosso estudo:Podemos verificar que, apesar de algu- mas nuances de ordem estrutural diferenciadas, as propostas das instituições acima possuem pontos em comum que caracterizam uma determinada concepção de Metodologia, inclusive para efeito de “vender” o seu produto educacional. Uma composição das propostas (transcri- ção literal) pode configurar os elementos a seguir: • Estratégias diferenciadas de ensino e aprendizagem. • Inovação como modalidade de ensino e aprendizagem em que aluno e professor desenvol- 145 vem atividades em lugares ou tempos diferentes. • A mediação didático-pedagógica pauta- -se pelo uso das tecnologias da informação e co- municação, o que amplia os tempos e espaços de ensinar e aprender. • Princípios: a autonomia do sujeito, a construção do conhecimento e a interação. • Ensino superior direcionado à compe- tência de gerar conhecimento e preocupada com a contínua modernização do ensino. • O aluno tem acesso ao material 100% pela internet, que é disponibilizado no portal AVA, através de videoaulas e livros em PDF. • O sistema possibilita que o aluno com- pareça ao polo somente nas avaliações, uma vez que todo o conteúdo está disponível em videoau- las e são complementadas pelos Livros em PDF disponíveis para download. • O Portal AVA possui fórum, chat, su- porte acadêmico, mural de recados e orientadores para auxiliar na elaboração do trabalho de con- clusão de curso. • Encontro presencial para a troca de ex- periências e discussão dos conteúdos, possibilitan- do que os alunos tirem as suas dúvidas. • Flexibilidade de horário para pessoas que não possuem disponibilidade para realizar cursos presenciais. 146 • Transmissões de teleaulas via satélite para Polos de Apoio Presencial, ao vivo, uma vez por semana, e pelo Ambiente Virtual de Apren- dizagem (AVA), que funciona via Internet. Observe, caro aluno, que o conceito de Metodologia subjacente a essas propostas asso- cia-se, fundamentalmente, à organização estru- tural dos cursos oferecidos, características de funcionalidade ou da forma como o curso será “operado” a distância. Questões como: flexibi- lidade de horário, disponibilidade de material, quantidade de aulas presenciais e a distância, fer- ramentas oferecidas para a interação professor/ aluno, autonomia do sujeito etc., compõem um conjunto de itens a que se denomina de “Me- todologia”. No entanto, na perspectiva teórica dessa disciplina, falta-nos identificar e explorar outra vertente de metodologia que nos parece relegada a plano secundário pela academia e que pode representar, significativamente, a consisten- te “Metodologia” que procuramos, para além dos aspectos meramente funcionalistas das propostas contemporâneas. Retomaremos essa questão essencial na Se- ção 3 – Metodologia: em busca do “Método” ideal. Passemos, então à Seção 2 e façamos uma incursão sobre processos de ensinar e aprender.
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